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FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DO PORTO

O Direito do Urbanismo em Portugal no


séc. XIX

Realizado por: Andreia Maria Rocha Leite (202004937) | Direito do Urbanismo e


Ambiente
3º ano da Licenciatura em Direito | Docente: Doutor António Sousa | 10 –04- 2023
Sumário

Parte I
Nota Prévia
Introdução

Parte II
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III

Parte III
Lista bibliográfica e demais fontes

O DIREITO DO URBANISMO EM PORTUGAL NO SÉC. XIX | 1


PARTE I

.............................................................................................................................

O DIREITO DO URBANISMO EM PORTUGAL NO SÉC. XIX | 2


Nota Prévia

O presente trabalho versar-se-á no Direito do Urbanismo, nomeadamente


nas medidas e atuação do Estado versadas na política urbanística de pleno
século XIX.

A escolha do tema decorrera da paixão existente por parte da aluna


relativamente a História, disciplina que a acompanha desde tenra idade, e há
vontade de aprender mais sobre aqueles que foram os primeiros regulamentos
relativos à urbanização e às demais áreas correlacionadas em Portugal, tal como
as conhecemos hoje.

Este trabalho em grosso modo encontra-se dividido em 3 partes. A primeira parte


engloba a presente nota prévia e introdução nos quais será delimitado o tema do
presente relatório, as principais motivações para a escolha do tema e os
principais objetivos que visam ser atingidos com a investigação realizada. A
segunda parte pauta-se pela apresentação do tema alvo de investigação, a sua
análise geral e discussão, promovendo-se uma apreciação crítica, culminando
com a apresentação das conclusões retiradas.

A última parte, não menos importante, todavia sem substância encontram-


se as referências bibliográficas e documentação do material utilizado para a
realização do trabalho.

Com este trabalho visa-se aferir o impacto das políticas urbanísticas


promovidas, as principais medidas e suas finalidades.

O DIREITO DO URBANISMO EM PORTUGAL NO SÉC. XIX | 3


Introdução

O Direito do Urbanismo, necessita de uma apresentação da sua noção,


nessa medida explanar-se-á a pluralidade de sentidos da expressão “urbanismo”.

De acordo com Fernando Alves Correia, na obra Manual de Direito do Urbanismo,


podemos considerar urbanismo enquanto facto social – nesta aceção estamos
perante o fenómeno do crescimento da urbe “o aumento contínuo da população
que se concentra nos aglomerados urbanos”1; como técnica – desenvolvimento
e reforma das cidades (as técnicas urbanísticas sofreram mutuações no decurso
do tempo como será explanado no capítulo supra), ciência e política.

Os primórdios deste ramo do Direito encontram-se no Direito Romano,


pautando-se por 4 principais conjuntos de regras jurídicas: normas de garantia
de segurança; de tutela das construções; de salubridade e “disposições com um
objetivo mais amplo [...] ordenamento do conjunto urbano”2. Estas últimas
integravam normas relativas à limitatio e largura das ruas.

Apesar da ausência de um escopo unitário de normas jurídicas no período


romano, deve assinalar-se a relevância que a teleologia, o espírito romano
originou nos institutos das demais época, incluindo a hodierna.

Com a queda do Império Romano, segue-se a Idade Média, a qual


caraterizava-se por um eclipse da vida urbana, através da sua expansão. A cidade
medieval definia-se como “uma comuna comercial e industrial cercado por um
recinto fortificado , que gozava de uma lei, de uma administração e de uma
jurisdição excepcionais”3, neste período a nota mais relevante do ordenamento

1
(Alves Correia, 2004, p. 20)
O DIREITO DO URBANISMO EM PORTUGAL NO SÉC. XIX |
2
(Alves Correia, 2004, p. 161)
3
(Alves Correia, 2004, p. 164 – Cfr. H.PIRRENE, Medieval Cites.Their Origin and the Revival of
Trade,Princeton University Press, 1925, p.25,apud F.CHUECA GOITIA, ob.cit, p.88)

4
jurídico urbanístico era a natureza eminentemente municipal das normas
jurídicas, para além disso instrumentos como a licença de construção e a
expropriação de imóveis por utilidade pública eram utilizados.

Por sua vez, o Renascimento no campo do urbanismo não contribuiu para


a projeção de medidas na realidade, uma vez que o mesmo fora acima de tudo
um movimento intelectual.

Na época do Estado de Polícia verificou-se uma proliferação das normas


urbanísticas. A principal razão para tal deveu-se ao desejo de desenvolver o
prestígio e progresso de um povo – este período considera-se aos olhos de
Catarina da Cunha Pinto, na sua dissertação de mestrado como “um
monumentalismo urbanístico”4, já estética do monarca para Fernando Alves
Correia. Emerge uma tendência de planificação através da adoção de planos de
alinhamento.

O Estado de Direito Liberal deixou profundas marcas no ordenamento


jurídico-urbanístico, as quais, em termos gerais apresentaremos posteriormente.
O período do laissez faire, laissez passer retrata uma Administração sem atitude
intervencionista relativa ao ius aedificandi, vigorando nessa medida um princípio
de liberdade de edificação, o qual era controlado por regulamentos de polícia, os
quais tinham como objetivo garantir o respeito pelas regras da salubridade e
segurança.

4
(Cunha Pinto, 2021, p. 6)
O DIREITO DO URBANISMO EM PORTUGAL NO SÉC. XIX |

5
Parte II

O DIREITO DO URBANISMO EM PORTUGAL NO SÉC. XIX | 6


Capítulo I

1. Urbanismo no século XVIII e XIX – traços gerais

A época liberal demarca-se com uma nota de elevada relevância: o direito


de propriedade é considerado um direito absoluto, sagrado e inviolável ( cfr. o
artigo 17º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 26 de Agosto
de 1789, Constituição Portuguesa de 1822).

Neste período, e como referido infra, verifica-se uma débil intervenção da


Administração Pública graças ao princípio da liberdade de construção existindo
apenas como meio de controlo os regulamentos de polícia – o seu conteúdo era
restringido à ordem pública, salubridade, tranquilidade e segurança. Este tipo de
normativos previam disposições de caráter preventivo e sancionador.
Verifica-se um reforço das competências municipais em matéria urbanística, a
municípios ao quais este tipo de atribuições não lhes competia, bem como o
prosseguimento da planificação urbana.

No Estado Liberal, verifica-se o surgimento de legislação destinada a colmatar as


insuficiências resultantes da Revolução Industrial. No século XIX surge legislação
relativa a condições de higiene e salubridade – esgotos escorriam nas ruas a céu
aberto, amontava-se lixo nas ruas, local onde inúmeras crianças brincavam,
carros circulavam. Em regra, os bairros operários sediavam-se junto às fábricas
sem qualquer tipo de planeamento de construção, resultando em péssimas
condições higiénica e o surgimento de epidemias tais como a cólera.

Neste mesmo século surgem novas técnicas urbanísticas que visam


melhorar a configuração das cidades.

O DIREITO DO URBANISMO EM PORTUGAL NO SÉC. XIX | 7


Em Portugal as matérias relativas à construção eram competências dos
municípios através de regulamentos de polícia, mais escassos pelas mesmas
razões referidas supra e de acordo com a máxima “ejus est era cujus est solum”5.
Apenas na sequência do terramoto de 1755, através da legislação de Marquês
de Pombal – Alvará com força de lei, de 12 de maio de 1758 – é que o Estado
legisla em matéria urbanística definido um plano pautado pelo alinhamento das
ruas e regras precisas quanto à construção (sistema antissísmico), porém as
disposições legais somente foram aplicadas em Lisboa.

No século XIX verifica-se uma proliferação de Códigos Administrativos, os


quais reconhecem aos municípios a competência para a elaboração de posturas
relativas ao alinhamento , emissão de licenças, deliberar sobre o saneamento,
demolir habitações insalubres, todavia limitados pelas “diferentes modalidades
de intervenção tutelar por parte do Governo ou de órgãos dele dependentes”6.

A nível de planificação a técnica mais utilizada neste período foram os


planos de alinhamento. Nas cidades do Porto e Lisboa, por sua vez, foram
elaborados planos gerais de alinhamento em 1864 instituídos pelo Decreto de 31
de dezembro – “ No domínio da planificação urbanística, convém destacar que
os instrumentos dominantes, durante o século XIX, foram os planos de
alinhamento. Importa mencionar, ainda, os planos gerais de melhoramentos das
cidades de Lisboa e do Porto, bem como de outras cidades, vilas e povoações,
desde que as respectivas câmaras municipais reclamassem a sua elaboração ao
Governo”7. Estes planos tencionavam reprogramar a construção instituindo
abertura de praças, arruamentos, jardins com intenção de perspetivar uma
melhoria das conduções de higiene, comodidade e circulação.

5
(Alves Correia, 2004, p. 182)
O DIREITO DO URBANISMO EM PORTUGAL NO SÉC. XIX |
6
(Alves Correia, 2004, p. 183)
7
CORREIA, Fernando Alves. Estudos de direito do urbanismo. Coimbra: Almedina, 1997, pág.
104.

8
Contudo é necessário averiguar o período anterior aos planos gerais.

2. Em Lisboa

O primeiro programa de requalificação urbana de Lisboa surge na década de 50


do século XIX no seguimento da crise sanitária de 1856-1858 (epidemia de cólera
e difteria). A Câmara dos Deputados acredita que os surtos advieram da
precariedade dos equipamentos sanitários e das débeis condições de
habitabilidade dos edifícios da cidade – no seguimento do referido é importante
ressalvar que na época descrita os próprios relatórios da Sociedade Médica
apelavam à defesa e necessidade de incrementar melhorias nas condições de
higiene e circulação.

A resposta dada pelos poderes públicos (municipais) “incidiu em três


áreas que se consideram como intervenção imediata: o aumento do volume de
água, retomando-se por parte do Ministério das Obras Públicas o propósito de
promover o concurso público para o abastecimento domiciliário de água por
parte de uma companhia privada; a ampliação e melhoria da velha rede de
esgotos, herdada da reconstrução pombalina; a intervenção urbanística”8. Face
à escassez de recursos económicos a atuação do município foi parca.

Todavia o Decreto de 1864, referido anteriormente, surge no intuito de


promover a capital, tal como fora enunciado numa Sessão Camarária - “Lisboa,
além de ter o melhor porto do mundo, vai ser pellas novas e rapidas
communicações a cidade mais frequentada, não só de nacionaes, mas de
extrangeiros; o seu commercio será levado ao maior gráu de prosperidade uma
vez que as suas condicções de hygiene e embellezamento se elevem, como
devem, para obter as comodidades que se encontram nas capitaes dos reynos
mais civilizados”9, bem como o embelezamento da capital – renovação e

8
(Ferreira da Silva & Cardoso de Matos, 2000, p.5)
9 O DIREITO
Sessão camarária de 28 de dezembro deDO URBANISMO
1863, EM PORTUGAL
Archivo Municipal, NO SÉC. XIX |
1863, p.1677

9
requalificação urbana com objetivos não apenas funcionais, mas também
apelativos esteticamente.

No seguimento do Decreto e sinónimo deste ideal de “embellezamento” e


modernidade dá-se a requalificação e abertura da Avenida da Liberdade
(considerada a nova boulevard) – Francisco Margiochi, vereador municipal da
época enunciava que a Avenida desempenhava um triplo papel nos domínios do
saneamento, comunicações e estética.

3. No Porto

Por sua vez, a Norte a primeira metade do século XIX trouxe consigo
razoáveis transformações. A bonança económica e demográfica do final de
século XVIII refletia no urbanismo portuense* – “urgia ordenar, regular, alinhar,
embelezar, alargar vias, criar outras. enfim, urbanizar com o racionalismo e a
beleza possíveis” . Porém com o Cerco do Porto e as epidemias de cólera,
10

problemas de salubridade também foram verificados.

Na década de 60 verifica-se uma preocupação urbanística através da


destruição de zonas insalubres e criando urbanizações – surgimento de praças
em formato arredondado e retangular, no entanto esta preocupação não
eliminara os problemas demográficos e urbanos existentes e a proliferação de
“casas da malta”, “ilhas”.

É possível inferir que os programas gerais não possuíram influência no urbanismo


portuense.

*nos anos 20 foram abertas algumas ruas tais como a Rua dos Bragas
O DIREITO DO URBANISMO EM PORTUGAL NO SÉC. XIX |
10
(Carvalho Fernandes, 1996, p. 233)

10
Capítulo II

1. Comparação das técnicas urbanísticas do século XIX

Neste período surgem / são utilizadas algumas técnicas urbanísticas, às quais


serão dedicadas as linhas subsequentes.

O alinhamento (Fluchtlinie) consiste na fixação de uma linha que limita as


zonas passíveis de edificação das não passíveis. Esta técnica podia ser aplicável
para um determinado terreno ou para um conjunto.
No século XIX esta técnica era uma medida de intervenção da Administração
Pública relativamente à construção individual, fora considerada uma limitação da
liberdade de aproveitamento de solo.

A expansão e a renovação urbanas surgiram no século XIX. A expansão é


uma técnica relacionada com a adição de novos bairros, a progressão além
muralha; enquanto a renovação pautava-se pela demolição de bairros antigos e
a construção de edifícios salubres – esta técnica foi utilizada com acentuada
projeção em Espanha, Plano Cerdá de Barcelona 1859.

A cidade-jardim, conceção de Ebenezer Howard, nascida em 1898 visava


harmonizar o ambiente da urbe com o do campo através da existência de jardins
nas casas localizadas em núcleos urbanos mais afastados das grandes cidades.

A cidade linear, concebida por Sorya y Mata, na qual a estrutura urbana


seria ligada a uma via rápida de comunicação – inicialmente o caminho e ferro,
de seguida com as estradas.

O regionalismo urbanístico, técnica escocesa que assenta na necessidade


de o urbanismo englobar o território urbano e rural em três dimensões: municipal,
regional e nacional.

O DIREITO DO URBANISMO EM PORTUGAL NO SÉC. XIX | 11


E por fim, o plano urbanístico, técnica utilizada em Portugal. Este plano
alberga todas as técnicas urbanísticas e coloca-as à disposição das necessidades
do espaço. A utilização do plano aconteceu no século XVIII devido ao Terramoto
de Lisboa, e depois mais tarde no século XIX com as operações de reforma das
cidades.

2. Regulação das fachadas

Ao longo da investigação realizada um dos temas que considerei


interessante fora a regulação das fachadas, nesse sentido dedicarei as linhas
subsequentes ao tema.

No período liberal a consagração da regulação jurídica das fachadas foi


promovida ao mesmo tempo que se consagravam os direitos individuais e o
próprio direito de propriedade – verificara-se um paradoxo aos princípios através
das limitações verificadas a nível da liberdade de edificação por parte dos
privados.

As limitações encontravam-se inseridas não somente nas posturas


municipais, leis gerais, mas também no próprio Codigo Civil Portuguêz de 1867.
No código referido o direito de propriedade definia-se como “a faculdade, que o
homem tem, de applicar á conservação da sua existência, e ao melhoramento da
sua condição, tudo quanto para esse fim legitimamente adquiriu, e de que,
portanto, póde dispor livremente”11, para em seguida acrescentar que esse
direito e os direitos por ele abrangidos “não têem outros limites senão aqueles
que lhes forem assignados pela natureza das cousas, por vontade do
proprietário, ou por disposição expressa da lei”12, estes limites fundamentavam-
se no interesse público.

11
Codigo Civil Portuguez (Lisboa, 1867), p. 356 (art. 2167 e 2170)
O DIREITO DO URBANISMO EM PORTUGAL NO SÉC. XIX |
12
Codigo Civil Portuguez (Lisboa, 1867), p. 356 (art. 2167 e 2170)

12
A regulação jurídica das fachadas neste período também implicou a
definição compositiva e estética da parede exterior.

O decreto com força de lei de 31 de dezembro de 1864, para além dos


principais objetivos referidos no presente capítulo, também possuíam
disposições relativas à marcação do alinhamento dos edifícios urbanos: a nível
de nivelamento estabelecendo a altura das soleiras de entrada em relação ao
piso da rua; fixando também a relação de dependência da altura dos edifícios –
“definidos quatro tipos de ruas: com largura menor de 7 metros, de 7 a 10 metros,
de 10 a 18 metros e maior de 18 metros; ao qual correspondiam edifícios com
altura até, respetivamente, 8, 12, 18 e 19 metros. Se os edifícios não
confrontassem com a rua só podiam elevar-se até aos 15 metros. Registe-se,
ainda, que foi com este diploma que se começou a introduzir na documentação
jurídica a palavra fachada para designar a parede exterior dos edifícios, surgindo
depois nas posturas municipais.” 13
, todavia devido às reclamações dos
proprietários, arquitetos e demais mestres da área da construção o governo
alterara as normas do diploma, sempre com atenção a assegurar as condições
de salubridade públicas.

Como referido anteriormente, este diploma teve maior aplicação em


cidades como Lisboa e Porto. Os municípios de Guimarães e Viana do Castelo
aplicaram as mesmas disposições nos seus Códigos de Posturas de 1880.

Podemos assim concluir que a regulação jurídica das fachadas dos


edifícios privados em Portugal entre o século XIV e o final do século XIX foi um
processo que gradual e cumulativamente evoluiu como forma de restringir a

13
Ibíd., ano 1867, p. 1047 (art. 35, n.º 7). Entre outros: Codigo de Posturas Municipaes do
O DIREITO DO URBANISMO EM PORTUGAL NO SÉC. XIX |
Concelho d'Aveiro Approvado por acordam do Conselho de Districto de 17 de Março de 1870
(Aveiro, 1894), p. 3 (art. 1); Codigo das Posturas Municipaes do Concelho de Coimbra (Coimbra,
1875) p. 42 (art. 95); Regulamento de Polícia Municipal do Concelho de Cantanhede, cit. (n. 108),
p. 5 (art. 6)

13
liberdade de edificar dos proprietários privados tendo em vista a defesa da
circulação, segurança e salubridades públicas nas vias urbanas, na qual se incluía
os aspetos estéticos do ambiente urbano. Aos poderes locais coube
fundamentalmente o controlo e a organização da regulação, ainda que este
necessitasse de obter autorização superior.

O DIREITO DO URBANISMO EM PORTUGAL NO SÉC. XIX | 14


Capítulo III

1. Conclusões

Neste trabalho de investigação as principais conclusões retiradas


(perdoem-me o pleonasmo) pautam-se pelas debilidades e verificável atraso
português face às demais nações europeias.

Podemos dizer que a evolução do Direito do Urbanismo português no


século XIX teve uma influência parca no fator sanitário, em relação a países como
a Inglaterra e França.

Verificara-se um conjunto de regulamentos de índole sanitária que definiam um


mínimo de salubridade e higiene, ventilação das habitações, abastecimento de
água de forma a evitar as epidemias do século, porém os mesmos não foram
suficientes – tal se comprova com “ A ausência de um plano organizado de
esgotos e a evacuação dos detritos em fossas fixas ou condutas, tinham
transformado a rede hidrográfica portuense num depósito de excrementos” 14 e
com a constituição do Regulamento de Salubridade das Edificações Urbanas no
século seguinte, mais concretamente em 14 de fevereiro de 1903.

A falta de apoio económico aos municípios fora o maior entrave para o


desenvolvimento de políticas urbanísticas, nessa medida o século XX demarca-
se do anterior a nível da concretização de projetos e legislação.

Pela análise realizada é possível aferir que a técnica urbanística por


excelência em pleno século XIX eram os planos, os quais se executados
aplicariam técnicas como o alinhamento, expansão e renovação.

14
(Carvalho Fernandes, 1996, p. 234)
O DIREITO DO URBANISMO EM PORTUGAL NO SÉC. XIX |

15
Em suma, considero o século XIX um período infeliz do Direito do
Urbanismo em Portugal, apesar dos valiosos contributos para o futuro através da
regulação jurídica das fachadas.

Esta investigação fora um desafio visto que a oferta de fontes era escassa, todavia
através do mesmo foi possível aperfeiçoar competências de seleção, planificação
e tradução de informação.

O DIREITO DO URBANISMO EM PORTUGAL NO SÉC. XIX | 16


PARTE III

O DIREITO DO URBANISMO EM PORTUGAL NO SÉC. XIX | 17


Lista bibliográfica e demais fontes

à Alves Correia, F. (2004). Manual de Direito do Urbanismo. pp 19 a 184.


2a ed., Vol. 2. Almedina.
à Silva, C. S. G. (2021). História do urbanismo em Portugal e a tarefa
fundamental de ordenar o território e o espaço urbano. Jus Navigandi,
(6519). [Consultado em 01 de abril de 2023] Disponível
em https://jus.com.br/artigos/90355
à Cunha Pinto, C. P. (2021). Reabilitação urbana low cost, eficiente e
simplificada: o mote para o desenvolvimento sustentável 2020
(?) [Dissertação de Mestrado em Administrativo]. Universidade do Minho.
à Pinto, S. M. (2016). A regulação jurídica das fachadas em Portugal (século
XIV - XIX). Revista de estudos histórico-jurídicos, (38), pp 149 a 177.
[Consultado em 31 de março de 2023] Disponível
em https://doi.org/10.4067/50716-54552016000100006
à Ferreira da Silva, Á., & Cardoso de Matos, A. (2000). URBANISMO E
MODERNIZAÇÃO DAS CIDADES: O "EMBELLAZAMENTO" COMO
IDEAL, LISBOA, 1858-1891. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias
Sociales, (69) [Consultado em 03 de abril de 2023] Disponível
em https://www.ub.edu/geocrit/sn-69-30.htm
à Carvalho Fernandes, P. G. d. (1996). A cidade do Porto na 1.ª metade do
século XIX: população e urbanismo. População e Sociedade, (2), 17.L
[Consultado em 05 de abril de 2023] Disponível
em https://www.cepese.pt/portal/pt/populacao-e-
sociedade/edicoes/revista-populacao-e-sociedade-no-2/a-cidade-do-
porto-na-1-a-metade-do-seculo-xix-populacao-e-urbanismo

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