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Turma B
(2007/2008)
I
(cotação: 2 vals. x 3 = 6 vals)
Responda a três das seguintes questões:
1) Em que medida a designada “questão dos Índios das Américas” é ainda hoje uma
temática com actualidade?
• A admissibilidade de imposição de uma determinada concepção política a
diferentes civilizações: a tolerância e o respeito mútuo entre diferentes povos – as
relações entre a Europa e os índios das Américas nos séculos XVI e XVII (cfr.
Instituições Políticas e Constitucionais, I, pp. 121 ss.) e hoje, nos séculos XX e
XXI, as relações entre o mundo Ocidental e o mundo islâmico ou a China.
• O problema da universalidade espacial dos direitos humanos (cfr.
Instituições…, I, pp. 568 ss.): há direitos que por todos devem ser respeitados?
• A Declaração Universal dos Direitos do Homem: uma visão Ocidental imposta a
todas as civilizações ou, pelo contrário, uma questão civilizacional de dimensão
universal?
• O respeito pela liberdade, pela propriedade e pela pessoa humana: uma identidade
temática que une os séculos XVI e XXI?
3) Será que existe uma dicotomia rígida entre funções jurídicas e funções não jurídicas
do Estado?
• Ao contrário dos postulados de Kelsen, nem todas as funções do Estado se
traduzem ou envolvem a prática de actos jurídicos: ao lado das funções jurídicas,
existem também funções não jurídicas.
• Identificação das respectivas funções.
• A presença das componentes política e técnica nas funções jurídicas:
exemplificação no âmbito legislativo, administrativo e judicial.
• A presença da componente jurídica nas funções técnicas e política: o pressuposto e
os possíveis efeitos jurídicos.
4) Quais os principais contributos da experiência constitucional norte-americana para a
ciência do Direito Constitucional ?
• Forma de Estado: federação
• A ideia de Constituição formal e a interpretação constitucional evolutiva
• Separação e interdependência de poderes
• Sistema de governo: presidencial
• A fiscalização judicial difusa da inconstitucionalidade
II
(cotação: 1,5 vals. x 5 = 7,5 vals)
Num máximo de dez linhas por resposta, estabeleça as seguintes diferenças:
5) Locke / Rousseau
• Confronto entre os principais traços do contributo de Locke (cfr. Instituições…, I, pp.
186 ss.) e Rousseau (cfr. Instituições…, I, pp. 198 ss. e 262 ss.).
• A questão ao nível dos direitos, da separação e limitação do poder.
III
(cotação: 6,5 vals.)
Comente uma das seguintes afirmações:
A) “O sistema de governo orleanista é ponto de chegada e, simultaneamente, ponto de
partida de outros sistemas de governo dos séculos XIX e XX”.
• O sistema orleanista: origem e caracterização.
• Ponto de chegada da monarquia limitada: o executivo não depende da vontade do
monarca.
• Ponto de partida: para o sistema parlamentar (o governo exclusivamente
dependente da confiança política do parlamento, sem intervenção da vontade
política autónoma do monarca) e para o sistema semipresidencial (dualidade do
executivo e dupla responsabilidade política do governo).
• Componente pessoal do comentário do aluno.
I
Responda sucintamente a apenas três das seguintes questões ( 3 valores por
questão):
a) Quais os limites ao exercício da competência legislativa comum das regiões autónomas
? b) Explique a incidência do princípio da especialidade no âmbito das relações entre
actos legislativos dos órgãos de soberania e leis regionais. c) Distinga
inconstitucionalidade formal de inconstitucionalidade orgânica. d) Qual o órgão
constitucional que dispõe da última palavra em sede da fiscalização preventiva de leis da
Assembleia da República e dos decretos-leis do Governo. e) Em que consistem as leis
reforçadas em razão da sua parametricidade material ?
Exemplifique.
II
Atente no seguinte caso prático:
1. No dia 10 de Janeiro de 2008 o Governo aprovou um Decreto-lei A que procedia à
alteração da lei de bases do ensino superior ( LB).
Este determinou no artº 12º-A aditado á LB , a necessidade de o “processo relativo à
criação dos novos órgãos de gestão das unidades orgânicas das universidades” dever
estar concluído até ao termo do ano de 2008, podendo o Ministro do Ensino Superior,
depois de ouvidos os estabelecimentos de ensino, fixar mediante Portaria a criação de
novos órgãos de gestão, no caso de não ser cumprido o referido prazo, e estabelecer a
sanção de suspensão de actividades aos estabelecimentos de ensino cujos docentes não se
disponibilizassem a integrar os mesmos órgãos de modo a assegurar o seu
funcionamento.
2. No dia 12 de Fevereiro de 2009, o Ministro do Ensino Superior aprovou a Portaria X,
a qual, no desenvolvimento do artº 12º da LB aprovou os novos órgãos de governação da
faculdade de Direito de Lisboa.
Pela circunstância de os docentes da Faculdade de Direito de Lisboa se terem recusado a
integrar os novos órgãos da Escola, em nome da garantia fundamental da autonomia
universitária, o Ministro do Ensino Superior aprovou, em 2 de Abril de 2009, um
Despacho Y por força do qual determinou a suspensão de actividades “sine die” do
estabelecimento, até que fosse cumprida a Portaria X.
3. A Faculdade de Direito de Lisboa formulou, no dia 14 de Abril uma queixa ao
Provedor de Justiça, que interpôs, 15 dias depois um pedido de fiscalização abstracta da
constitucionalidade do artº 12º -A da LB, bem como da Portaria X. O Ministro,
antevendo um desfecho processual desfavorável, revogou o Despacho Y e aprovou a
Portaria Z, dotada de eficácia externa, através da qual procurou interpretar o artº 12º da
LB, no sentido de que a criação de novos órgãos de gestão nas unidades orgânicas, no
caso de não ser cumprido o prazo fixado no mesmo artigo, tinha uma eficácia transitória
de 120 dias.
4. O Tribunal Constitucional, depois de o Provedor ter determinado o encurtamento do
prazo de decisão, declarou no dia 1 de Junho a inconstitucionalidade com força
obrigatória geral tanto das normas impugnadas, como a Portaria Z.
Responda às seguintes questões:
a) Aprecie a constitucionalidade : - do artº 12º da LB na redacção que lhe foi dada pelo
Decreto-Lei A; da Portaria X; do Despacho Y e da Portaria Z ( 5 valores).
b) Examine as condutas do Provedor de Justiça e do Tribunal Constitucional expressas
no nº 4 da hipótese ( 2,5 valores).
c) Quais os efeitos da sentença do Tribunal Constitucional ( 1,5 valores) ?
I
a) Carlos Blanco de Morais “Curso de Direito Constitucional-I- Coimbra-2008-p.488-
501.
b) Carlos Blanco de Morais “Curso de Direito Constitucional-I- Coimbra-2008-p. 213 -
216
c) Jorge Miranda “Manual de Direito Constitucional-VI-Coimbra-2008-p.40 e seg.
d) Carlos Blanco de Morais “Justiça Constitucional-II-Coimbra-2005-p. 94 a 103.
e) Carlos Blanco de Morais “Curso de Direito Constitucional-I- Coimbra-2008- p. 271 e
seg, p. 278 e 279 e p. 296
II
Tópicos
Lei R
i) A matéria de lei orgânica inscreve-se na reserva absoluta de competência da
Assembleia da República ( alínea l) do artº 164º e nº 2 do artº 166º da CRP), pelo que
não poderia ser conferida qualquer autorização legislativa incidente sobre a eleição de
titulares de órgãos autárquicos;
ii) A ser válida [que não era, pelas razões expressas em a)], a Lei de bases X não carecia
de autorização da lei R para ser concretizada, podendo o Governo e os órgãos
legislativos regionais proceder directamente ao desenvolvimento de bases gerais;
iii)Em qualquer caso, uma lei de autorização para ser válida deve definir, também, a
extensão e a duração da autorização ( nº2 do artº 165º da CRP);
Decreto-Lei Y
i) O diploma é organicamente inconstitucional por invadir a reserva absoluta do
Parlamento (alínea l) do artº 164º da CRP);
ii) O seu artº 8º viola, quer o artº 5º da Lei X ( ilegalidade) quer o nº 3 do artº 239º da
CRP ( inconstitucionalidade). Decreto legislativo regional Z
O diploma era organicamente inconstitucional por incidir sobre matéria da reserva dos
órgãos de soberania ( nº 4 do artº112º) não sendo possível descortinar no seu objecto,
âmbito regional.