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CASOS PRÁTICOS

CASO PRÁTICO N.º 1:

1. Ao longo de décadas, na Europa Ocidental, generalizaram-se declarações internacionais e aprovações de leis internas,
bem como condenações internacionais, de quaisquer agressões físicas ou psicológicas sobre detidos com vista a obter
informações, considerando-as abrangidas pelo conceito internacional de tortura e, logo, proibidas. No entanto, na maioria
destes Estados, estes atos têm-se continuado a verificar, embora de forma oculta.
2. Em 16 de janeiro de 1996, Portugal, Espanha e Israel assinaram uma convenção internacional sobre cooperação policial e
repressão penal do terrorismo, que estabelecia a licitude de utilização de formas de coação psicológica como meio de
obter informações de terroristas, mesmo que estes fossem cidadãos de outro Estado parte. 
3. Em 25 de fevereiro de 1997, um terrorista palestiniano de cidadania israelita foi capturado no Algarve, sendo objeto de
um interrogatório sem interrupção de 48 horas e vítima de constantes ameaças. 
4. Em resultado, o advogado do palestiniano interpôs uma ação por responsabilidade civil contra o Estado português,
alegando que a Convenção era nula por violação do Costume Internacional. 
5. O Ministério Público veio alegar que não se formara qualquer norma costumeira sobre a matéria; que a ter-se formado
uma norma costumeira esta seria meramente regional, não sendo invocável por cidadãos israelitas pois Israel não fazia
parte da região europeia e que, de resto, Israel sempre protestara contra esta norma. Acrescia que a ser nula a Convenção,
esta fora confirmada por Portugal. Finalmente, que a Constituição somente recebia na Ordem Jurídica portuguesa o
Costume Geral e não igualmente o Regional. 

RESOLUÇÃO:

Para a teoria do comportamento habitual há uma sobrevalorização do elemento material na formação das normas consuetudinárias
internacionais. Para a teoria do acordo tácito há uma sobrevalorização do elemento psicológico. Para existir uma prática reiterada,
a doutrina entende que essa prática reiterada tem de ser publica. Logo, se estamos perante uma prática oculta, não existe sequer
prática reiterada. Diferentemente, a prática existe sim em relação a sua condenação e ao dever de abstenção de praticar atos de
tortura. Não havendo falta de consistência, não há duas práticas contrárias porque a prática vai num só sentido. Relativamente à
convicção de obrigatoriedade, esta existe e tal resulta do facto dos estados ocultarem os atos ilícitos da tortura que praticam.
Sabem que estão a violar o direito costumeiro admitindo, assim, a sua vigência e a sua vinculatividade. A dissimulação sugere que
o seu próprio autor os considere e assuma como ilícitos não querendo alterar o direito através da criação de normas costumeiras.

Existem normas costumeiras não universais: são normas que não obtiveram apoio numa prática generalizada reiterada e
consistente a nível universal. Todavia, a nível regional, verificam-se os requisitos do costume. Podemos sempre ter estas normas?
Não, apenas podemos ter estas normas se o objetivo/fim da norma a isso não se opuser.

Exemplo de normas que têm de ser normas costumeiras universais: relativamente a proteção da natureza e a recursos naturais.

Como é que sabemos o que é região para criação de normais costumeiras regionais?

 Se partilhar a mesma cultura jurídica, deve considerar-se abrangido por tal costume regional.

Israel pode ser incluído?

 Segundo Eduardo Correia Batista, deve considerar-se integrado. Porque em determinados aspetos Israel tem mais
aproximações à cultura europeia do que à cultura do médio oriente. Até a Austrália e a Nova Zelândia poderão estar
integrados em costumes regionais europeus.

E relativamente à Rússia e à Turquia?

 A doutrina maioritária entende que estes Estados não partilham da cultura jurídica europeia, logo não podiam ficar
vinculadas a costumes regionais europeus.

TEORIA DO OBJETOR PERSISTENTE: Para que o estado possa impedir a sua vinculação a um costume internacional;
contudo, esta teoria não impede a formação do costume, apenas impede que o Estado se vincule a esse mesmo costume. A objeção
tem de ser reiterada e formulada antes da formação do costume. Mas porquê antes? Porque depois da formação do costume, já o
Estado está vinculado a esse costume, logo a objeção vai corresponder a uma violação dessa norma costumeira.

IUS CONGENS REGIONAL:


- Eduardo Correia Batista, André Gonçalves Pereira e Fausto de Quadros: admitem a formação de normas ius congens regionais,
oriundas de costumes regionais que tutelam valores que recebem ampla e indiscutível aceitação numa determinada região. Para
aqueles estados daquela região, estas normas funcionam como limites vermelhos a soberania desses estados.

Jorge Miranda: a ideia de ius congens como norma universalmente aceite, seria incompatível com uma formação de ius congens
regional

Consequências: o art. 53.º apenas faz referências a normas ius congens gerais e, portanto, neste artigo n existe referencia as
normas ius congens regionais, apenas gerais.

Se entendermos que existem normas ius congens regionais, como é que solucionamos? Aplicando o art. 53.º por analogia;

- Neste caso, a convenção seria nula e a sua nulidade não era suscetível de ser sanada por confirmação (Art. 45.º da C.V)

Pelo contrário, se entendermos que existem normas ius congens gerais, aplicamos o art. 53.º diretamente e não por analogia.

Art. 8.º/1 CRP – De uma interpretação literal, parece que apenas recebe costume geral ou universal. No entanto, a doutrina tem
dito que é necessário fazer uma interpretação teleológica extensiva de modo a receber as normas costumeiras regionais. Só se
pode concluir que o legislador disse menos do que o que queria dizer.

CASO PRÁTICO N.º 2:

1. Após um longo processo de negociações entre o Diretor-Geral das Pescas italiano, o Ministro da Agricultura do Governo
marroquino e o embaixador português em Marrocos foi adotado o «Tratado Italo-Marroquino-Português sobre o
Exercício da Pesca» (TIMPEP), que tem por objetivo assegurar uma pesca racional e sustentável entre estes países.
2. O TIMPEP veio a ser rubricado pelo Presidente da República italiana e assinado pelo Rei de Marrocos e pelo embaixador
português em Marrocos, em Marraquexe, na semana passada.
3. De entre outras, constavam do TIMPEP duas cláusulas: (i) uma nos termos da qual todos os Estados se vinculam pelo
mero efeito da assinatura; e outra (ii) que estipulava que o Tratado só entra em vigor “um ano após a sua assinatura”.
4. O TIMPEP ainda não foi registado na ONU.
5. Ontem, o Presidente da República de Itália afirmou, através de comunicado, que irá pedir a fiscalização da
constitucionalidade do TIMPEP por considerar que este viola o direito fundamental à livre iniciativa económica dos
pescadores italianos.
6. Já Portugal referiu que, afinal, não tinha sido o embaixador de Portugal em Marrocos a assinar o TIMPEP, mas sim o
cantor Rui Reininho, que se fez passar por embaixador, pelo que considerava “tudo sem efeito”.
7. A imprensa marroquina, por seu lado, noticiou que a Administração Pública italiana tem vindo a violar sistematicamente
o TIMPEP desde a sua assinatura, permitindo pescas em quantidades superiores às que até então eram permitidas. Mais
afirmou que Marrocos só assinara o TIMPEP porque a Itália, paralelamente ao TIMPEP, prometera conceder,
secretamente, um empréstimo financeiro de largos milhões de Euros a Marrocos, indispensável para salvar o país da
situação de bancarrota eminente e inevitável em que se encontrava.
8. A Itália afirma que o Tratado ainda não está em vigor e que, por isso, ainda não tem de o cumprir.

RESOLUÇÃO:

1.

 Longo processo de negociação


 Quem pode negociar? Os plenipotenciários (se está no 7/nº2)
 Os plenipotenciários
 Art.7/n2 estabelece uma presunção de plenos poderes
 Embaixador português: está elencado no art.7/n2/b); duas rasteiras: só se considera a presunção para a adoção do texto;
só se aplica a tratados bilaterais… descartar a aplicação deste artigo.
 Conclusão: todas as figuras tinham de apresentar carta de plenos poderes à luz do art.7/n.º 1/a)

2.

 Fase de autenticação
 RÚBRICA: posição das iniciais ou outra forma de assinatura informal no tratado; mero efeito de autenticação do texto do
tratado sujeito a confirmação posterior. Arts. 10.º/b) e 12.º n2 a) a contrario
 ASSINATURA AD REFERENDUM: Posição da assinatura seguida da menção expressa de que carece de confirmação;
mero efeito de autenticação do texto do tratado sujeito a confirmação posterior
o Estas figuras não têm os demais efeitos associados à assinatura que, para além do efeito autenticador, convoca a
produção de outros efeitos, nomeadamente os do art.18/a)

3.

 Cláusula (i): tratado em forma ultrasimplificado (Marilu) = tratado simplificado (Eduardo Correia Batista): a assinatura
tem, neste caso, o efeito extraordinário de vincular imediatamente os estados; art. 12.º n.º 1 a); se nada se disser, nunca se
pode presumir que é um tratado ultrasimplificado porque só é aceite pela CV quando for expressamente previsto.
o PLANO INTERNO: A CRP NÃO ADMITE ESTA FORMA DE VINCULAÇÃO; art. 8.º n-º 2
 Cláusula (ii): art. 24.º CV conjugado com o art. 18.º

4.

 O registo destes tratados é obrigatório na ONU por força do art. 80.º/n.º 1 CV e art. 102.º da Carta das Nações Unidas
(para impedir os tratados secretos);
 Consequência do não registo: art. 102.º n.º 2 Carta das Nações Unidas – não pode ser invocado perante um órgão da
ONU nem como fundamento para as decisões do TIJ
 Mas pode ser invocado entre as partes – este registo não é condição de eficácia e validade (se fosse, n podia ser invocado
entre as partes
 A ONU permite o registo tardio com o único efeito de invocação do tratado no TIJ – esta possibilidade de registo tardio
tira grande parte da utilidade da consequência do não registo

5.

 É possível um Estado invocar um direito interno para se desvincular de um tratado? Não, por força do art. 27.º da CV –
este art. remete para o art. 46.º.
o Tem de ser uma norma de direito interno relativa à competência
o Essa violação tem de ter sido manifesta – art. 46.º n.º 2
o Tem de ser uma norma de substância fundamental
 Não cumprindo estes requisitos, e adotando uma interpretação literal do art. 46.º, o Estado italiano ficava vinculado
internacionalmente, mas o tratado n se aplica na sua ordem interna por inconstitucionalidade pode originar
responsabilidade internacional por incumprimento do tratado; não podendo usar o art. 46.º, a solução seria o estado
italiano deveria tentar desvincular-se o mais rapidamente possível do tratado no plano internacional, tal só é possível no
estrito caso do art. 56.º.
 Interpretação lata do art. 46.º – tentar ver se há uma violação de um direito fundamental

6.

 Aplicação do art. 8.º da CV – pode efetivamente afirmar-se que não se produz efeitos jurídicos desde que não tenha
confirmado o ato; esta confirmação pode ser tácita (especial relevo para Portugal) ou expressa; se o Estado português não
tivesse confirmado a atuação de Rui Reininho, de facto podia afirmar que a sua atuação não produzia efeitos.

7.

 Violação da norma de ius congens e norma costumeira… art. 18.º/b)


 Empréstimo secreto – trata-se de um tratado secreto que se consubstancia num mutuo internacional; proibição de tratados
secretos e obrigatoriedade de registo dos tratados
 Coação

CAUSAS DE INVALIDADE:

 Art. 42.º estabelece o principio da tipicidade

NULIDADE DOS TRATADOS – art. 46.º ao art. 53.º


 Relativas
o Art. 46.º até ao 50.º - efeitos no que diz respeito a quem é que pode invocar essas nulidades; como é que podem
ser invocadas; estes artigos protegem os interesses das partes
 Absolutas
o Art. 51.º até ao 53.º - salvaguarda do próprio interesse da comunidade internacional; podem ser invocadas a todo
o tempo, a legitimidade vai além das partes;

CORRUPÇÃO: Existe um beneficio que é concedido à lei

COAÇÃO: Ameaça;

- art. 51.º: é o próprio representante que é ameaçado

- art. 52.º: é o próprio Estado que é ameaçado

Elemento literal: faz referência à ameaça ou emprego da força;

Elemento histórico:

Eduardo Correia Batista: o art. 52.º não é aplicável a situações de coação económica.

Marilu: distinção conforme a legalidade do fim a prosseguir com a pressão económica; existe coação para obter um resultado
ilícito, contrário ao DIP

CASO PRÁTICO N.º 3:

1. Em 22 de janeiro de 2020, o Estado A celebrou, com mais 3 Estados, uma convenção internacional, tendo em vista o
combate ao terrorismo, na qual se previa, entre outras disposições, o acesso a dados pessoais dos respetivos cidadãos
pelos serviços de informações e órgãos de polícia criminal dos Estados outorgantes, bem como a agilização do processo
de extradição de suspeitos da prática dos crimes previstos no acordo.
2. No momento da assinatura, o representante do Estado B comunicou, por escrito, que o Estado B interpretava a cláusula
4.º no sentido de os seus cidadãos não poderem ser extraditados para qualquer Estado que aplicasse aos crimes em causa
uma moldura penal superior à prevista na sua própria legislação.
3. No mesmo momento, o Estado C comunicou, pessoalmente, ao seu homólogo do Estado B, a rejeição daquela declaração
interpretativa, por entender que a mesma comprometia o fim da convenção.

RESOLUÇÃO:

RESERVA: art. 2.º n.º 1 al. b) CV – o estado visa excluir/limitar efeitos decorrentes de normas de tratados;

Figuras afins da reserva:

 Declarações interpretativas – o estado visa precisar clarificar o sentido/alcance que esse estado atribui ao tratado ou
algumas das suas disposições.
 Declarações interpretativas condicionais – o estado faz depender o seu consentimento da aceitação de uma interpretação
específica do tratado ou das suas disposições.
 Se prevalecer uma interpretação diferente vai corresponder a uma reserva disfarçada/imperfeita.

LIMITES DAS RESERVAS:

 Formais: art. 23.º da CV (cumprido)


 Temporais: proémio do art. 19.º (cumprido)
 Materiais:
o Expressos: art. 19.º al. a) e b) – o tratado não proíbe a reserva (cumprido)
o Implícitos: art. 19.º al. c) – a reserva não pode ser incompatível com o objeto ou com o fim do tratado. (a reserva
parece ser contrária ao fim do tratado; porem tem se entendido que uma eventual sanção pelo incumprimento
desta al. foi revogada por uma norma costumeira em sentido contrário, pelo que esta al. acaba por ser irrelevante

Tratado multilateral restrito: menos do que 5 Estados; podíamos presumir o seu carater fechado; art. 20.º n.º 2 CV;

As reservas carecem de ser aceites, por apenas um dos estados e esta pode ser tácita (art. 20.º n.º 5 CV):

 Aceite: o tratado entra em vigor, com aquela reserva, em relação ao Estado que a formulou – art. 20.º n.º 4 al. a) CV
 Objeção simples: não havendo um número restrito (ECB – 5 Estados) a objeção não impede a entrada em vigor do
tratado – art. 20.º n.º 4 al. b) 1ª parte CV
 Objeção qualificada/agravada: impede a entrada em vigor do tratado entre a parte que formulou a reserva e a parte que
objetou – art. 20.º n.º 4 al. b) 2ª parte CV

CASO PRÁTICO N.º 4:

1. A 18 de fevereiro, o Governo português aprovou uma convenção internacional, celebrada com a República de Cabo
Verde, sob a forma de acordo. A assinatura da Convenção teve lugar em Lisboa, a 19 de janeiro.
2. A Convenção estabelece, entre outros aspetos, que os nacionais de cada um dos Estados podem ingressar na função
pública do outro, na qual, contudo, exercerão funções, não como funcionários públicos, mas como trabalhadores em
regime de contrato individual de trabalho.
3. Recebida a Convenção na Presidência da República a 3 de março, o Presidente da República requereu, a 6 de março, a
apreciação da constitucionalidade das normas da Convenção, invocando, entre outros fundamentos, que a Convenção
celebrada deveria ter revestido a forma de tratado e, em consequência, ser aprovada pela Assembleia da República, pelo
que o Governo ao aprovar tal Convenção violou a Constituição.
4. O Tribunal não se pronunciou pela inconstitucionalidade das normas da Convenção. Como tal, o Presidente da República
promulgou a referida Convenção.
5. A 19 de julho, foi publicada uma lei, dispondo que, em matéria de função pública, a cooperação entre a República
Portuguesa e os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa se opera apenas na realização de ações de
formação, ministradas por funcionários públicos portugueses nos serviços públicos daqueles e pela realização de estágios
dos seus funcionários em serviços públicos portugueses.
6. A 3 de setembro, João Mané, cabo-verdiano, tendo sido excluído de um concurso público para o preenchimento de seis
lugares de agenda da Polícia Judiciária, interpôs uma ação administrativa no tribunal administrativo competente. Foi
negado provimento à ação por nos termos da lei de 19 de julho, não ser possível o seu ingresso na função pública
portuguesa.
7. Entretanto, trinta Deputados à Assembleia da República requereram ao Tribunal Constitucional a declaração da
inconstitucionalidade com força obrigatória geral da Convenção, aduzindo na sua argumentação não caber no caso a
aplicação do artigo 277.º, n.º 2, da Constituição da República Portuguesa.
8. Tendo o Tribunal decidido no sentido da pretensão dos Deputados, o Estado português denunciou a respetiva Convenção.

RESOLUÇÃO:

Competência: art. 7.º n.º 2 CV – presunção de plenos poderes.

O representante português tem de ser portador de uma carta assinada pelo PR e pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros.

A negociação cabe ao governo, nos termos do art. 197.º n.º 1 al. b) da CRP.

Dever de informação ao PR (art. 201.º n.º 1), aos grupos parlamentares (art. 180.º n.º 2 al. j), aos partidos políticos representados
na assembleia (art. 114.º n.º 3).

No âmbito do art. 227.º n.º 1 al. t), têm de salvaguardar a efetiva participação das RA’s quando os tratados lhes digam respeito.

Têm também de salvaguardar as organizações de trabalhadores (art. 54.º n.º 5 al. d) e 56.º nº2 al. a)).

É ao governo que cabe a decisão sobre a abertura das negociações, a condução das mesmas e a decisão final que …

De acordo com a resolução de Conselho de Ministros 17/88 estas competências cabem ao Ministro dos Negócios Estrangeiros ou
pelo menos sobre a sua direção.

Esta resolução reserva para a instância colegial do CM a decisão sobre a rúbrica ou a assinatura de acordos internacionais seja
qual for a sua designação.

No âmbito do art. 10.º - autenticação do texto como definitivo: se o ministro, de forma unilateral, decide o modo de autenticação
de texto, incorre numa violação da resolução e

Art. 11.º

Quando é que cabe à Assembleia? E ao Governo?


- A assembleia aprova tratados, ou seja, todas as convenções internacionais que ostentam a designação de tratados, e ainda aquelas
que, independentemente da designação versem sobre as matérias identificadas pela CRP no art. 161 al. i) e acordos internacionais
(incidam sobre as matérias reguladas pelos art. 164.º e 165.º da CRP

- Através de resolução: art. 166.º n.º 5

- Diferentemente, o Governo apenas aprova acordos internacionais, sobre matérias que estão reguladas no art. 197.º n.º 2, através
de decreto;

Conclui-se, portanto que tinha de ser a AR a aprovar. Consequência: inconstitucionalidade orgânica

Norma fundamental: art. 161.º al. i) – só estas estão sujeitas à forma de tratado

BLANCO, EDUARDO CORREIA BATISTA E MARILU: não existe reserva material de tratado

Fiscalização preventiva

 Competência do PR – arts. 134.º al. g) e 278.º n.º 1 CRP


 Prazo para fiscalizar – art. 278.º n.º 3 CRP

Embora o art. 278.º n.º 1 apenas pareça restringir esta possibilidade à forma de decreto também dever-se-á aplicar por analogia às
resoluções da AR.

4.

 A promulgação é apenas aplicável a atos legislativos e decreto regulamentares – art. 134.º al. b) da CRP
 Passo seguinte à aprovação depende se estamos perante:
o Um acordo – assinatura da aprovação (art. 134.º al. b)); esta assinatura incide sobre a aprovação e não sobre o
acordo em si, dai que o art. 8.º n.º 2 da CRP se refira à aprovação e não ao acordo.
o Um tratado – retificação (art. 135.º al. b)); a retificação é um ato autónomo, é uma carta de retificação que incide
sobre o tratado
 Anteriormente, os professores Fausto de Quadros e André Pereira Gonçalves consideravam que a assinatura era um ato
vinculado; sobre a retificação sempre se entendeu que era um ato livre;
 Atualmente, a doutrina maioritária defende que não existe obrigatoriedade do PR assinar ou retificar um tratado, estamos
sempre perante um ato livre do PR;

5. e 6.

 Problemática da hierarquia no DIP


o CRP – sobrepõe-se ao DIP pois tem um mecanismo de fiscalização da constitucionalidade de tratados e acordos;
tudo o que seja abaixo desta tem de ser conformes a mesma.
o Convenções internacionais
o Restante legislação ordinária – o art. 8.º n.º 2 da CRP não faz depender a vigência de convenções internacionais
da inexistência de normas legais contrárias, se não ter-se-ia que explicitar que para além disso não podia ser
contrário às normas que já existiam;
 Se tivermos uma convenção que seja contrária as leis, as leis não se tornam inválidas, apenas se tornam ineficazes; mas
se a convenção deixar de vigorar, as leis que regulavam as matérias anteriormente contrariadas pela convenção que
deixou de vigorar voltam a ser aplicadas.

7.

 Fiscalização sucessiva – legitimidade dos deputados decorre do art. 281.º n.º 2 al. f) da CRP.
 Aplicação do art. 277.º n.º 2 da CRP – analogia/interpretação extensiva de “tratados internacionais” para que passe a
abranger também acordos internacionais
 Existe a violação de uma norma fundamental quando seja o Governo a aprovar o acordo numa das matérias do art. 161.º
al. i) – aplica-se a convenção internacional desconsiderando a inconstitucionalidade; faz-se isto para evitar que Portugal
por vícios orgânicos ou formais se veja na contingência de incumprir requisitos aos quais se vinculou.
 Art. 27.º da CV; exceções: art. 46.º da CV
 As inconstitucionalidades materiais nunca são salvas, à luz do art. 277.º n.º 2
 Este artigo apenas exceciona as inconstitucionalidades formais e orgânicas;
 O art. 277.º n.º 2 aplica-se só em sede de fiscalização sucessiva ou também preventiva? Apenas sucessiva, pois como o
Estado ainda não se vinculou, não poderia existir uma fiscalização preventiva.

8.
Denúncia: art. 56.º CV (perante um tratado bilateral devemos referir denuncia, se se tratar de um tratado multilateral devemos
referir retirada ou recesso;

 Requisitos da denúncia:
o N.º 1 al. a) do art. 56.º CV
o N.º 1 al. b) do art. 56.º CV
o N.º 2 do art. 56.º CV

CASO PRÁTICO N.º 5

1. O não reconhecimento dos resultados eleitorais por parte de um dos principais partidos no Estado A levou à insurreição
de vários grupos beligerantes, apoiados pelo Estado vizinho (Estado B).
2. O Conselho de Segurança da ONU reuniu de emergência e, com a abstenção do Reino Unido, o voto contra de 5
membros não permanentes e os restantes votos favoráveis, deliberou que se verificava uma situação de iminente rutura da
paz internacional.
3. Nessa sequência, instou de imediato todos os Estados que fazem fronteira com o Estado B a interromperem as relações
económicas com o mesmo, incluindo a proibição de qualquer troca comercial. Adicionalmente, requisitou a Portugal,
Espanha e França que organizassem um contingente militar que deveria ser de imediato enviado para a região, mais
advertindo o Estado A que deveria atribuir direito de passagem às tropas em causa.
4. O Estado B, confrontado com o contingente enviado pela ONU no seu território, decidiu atacá-lo abertamente, invocando
que a sua integridade territorial estava posta em causa e que, como tal, tinha o direito de agir em legítima defesa.

RESOLUÇÃO:

1.

Princípio geral da proibição do uso da força e o principio da não ingerência nos assuntos internos de outros Estados;

 arts. 2.º n.ºs 3 e 4 da CNU


 art. 2.º n.º 7 da CNU – incongruente pois na 1.ª parte limita, mas na 2.ª já se conferem poderes para se poder intervir;
consagra o principio da não ingerência nos assuntos internos – assuntos que integram o conceito de domínio reservado do
estado, são matérias q estão sujeitas a jurisdição interna com o objetivo de salvaguardar

2.

 Composição do conselho de segurança – art. 23.º n.º 1


 Votação – art. 27.º n.º 1, 2 e 3;
o o n.º 3 deste artigo foi derrogado por uma norma costumeira que dispõe que a abstenção não corresponde a veto;
 Sistema de duplo-veto – questões procedimentais (estas estão sujeitas a aprovação por maioria dos seus membros) e
questões não procedimentais/substantivas (exigem a não oposição dos membros permanentes);
o Temos uma 1.ª decisão sobre a natureza da questão é tomada por deliberação qualificada com direito a veto
o Se se tratar de uma questão substantiva é tomada igualmente por deliberação qualificada c/ direito a veto;
o O direito a veto pode ser exercido em 2 momentos;
 Art. 39.º da CNU – condição essencial para que o CS possa fazer uso da força;

3.

 Enquadrar as medidas nos arts. 39.º e ss do Conselho de Segurança, nomeadamente nos arts. 41.º, 42.º e 43.º n.º 1

4.

LEGÍTIMA DEFESA – exceção à proibição do uso da força

Art. 51.º CNU – dá a entender que a legitima defesa é uma causa de justificação passível de remover a ilicitude do uso da força
pelos Estados.

Tem de existir a verificação dos requisitos:

 Ocorrência de um ataque armado (pode ou não ter uma declaração de guerra contra a independência ou integridade
territorial de um Estado)
 Embora o TIJ invoque que a ação armada deve situar-se numa escala significativa q ainda assim não exigiria um ataque
de grande dimensão ou gravidade, uma boa parte da doutrina considera que qualquer tipo de ataque pode justificar o uso
da legitima defesa
 O ataque deve ser atual, de forma que haja um nexo de adequação temporal – contemporaneidade relativa – entre o
momento da agressão e o uso da força defensivo, pelo q não seria admissível um significativo e ato temporal entre a
agressão e a resposta já q estaria quebrada a conexão exigida e isso verificaria a possibilidade de uma intervenção
atempada do conselho de segurança para sancionar o agressor
 Impossibilidade de recurso atempada e eficaz às nações unidos para que o ataque seja sustido

A doutrina e a jurisprudência do TIJ entende que, independentemente dos requisitos:

 Principio da proporcionalidade: exigência axiológica de proibição de excesso inerente ao uso licito da força, o qual
impõe que a reação seja necessária e adequada ao ataque envolvido
 Necessidade de cessar o uso da força em legitima defesa quando o conselho de segurança tome as medidas necessárias à
manutenção da paz - se continuar a existir, essa atuação já não será justificada.

Legítima defesa reativa – a agressão já existe

Legítima defesa preventiva – a agressão não existe, a agressão é iminente

Legítima defesa preemptiva – existe uma hipótese de agressão se verificar no futuro, mas não se sabe nem onde nem quando pode
acontecer

O art. 51.º da CNU apenas se refere à legitima defesa reativa

Uma parte da doutrina entende q a legítima defesa preventiva integra o direito internacional costumeiro em matéria de legítima
defesa; diferentemente, outra parte da doutrina entende que a letra do art. 51.º da CNU não admite a legítima defesa preventiva
uma vez que não se verifica o pressuposto da ocorrência efetiva de um ataque armado como condição de um ato defensivo.
Podendo o seu uso e abuso criar anarquia nas relações internacionais e na logica do sistema de preservação da paz q vigora desde
a II Guerra Mundial.

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