Teresinha Dias, nº 66444; PA6.

2º Ano, 2022/2023

FDL | Direito da União Europeia | 2022/2023 Subturmas 4, 6, 7 & 9

7. As instituições da UE e a sua evolução (continuação)

41. Atente nas hipóteses práticas apresentadas abaixo. Quais as questões jurídicas que as
mesmas lhe suscitam? Invoque sempre as bases jurídicas que sustentam a sua posição.

Hipótese 7.A
«As tribulações do assessor preguiçoso»

Antonijs Gutkovskis, jovem assessor parlamentar na Saeima (república da Letónia), andava há
semanas numa roda viva. Aproximava-se a data em que o parlamento iria nomear os seus
representantes para ocuparem os respetivos lugares no Parlamento Europeu e, depois de muitas
negociações, Antonijs estava quase certo de que os próximos seis anos seriam passados no
hemiciclo de Estrasburgo. Com alguma sorte, entre 805 deputados, o mais provável era vir a ter
uma vida bem descansada.

Apenas uma nuvem negra pairava sobre a cabeça do nosso assessor. Se as notícias saídas no
Irish Times estivessem correctas, era sabido que o Conselho Europeu iria nomear o actual
Taoiseach – , com quem Antonijs se havia desentendido numa reunião do Partido Popular
Europeu – para presidente do Parlamento Europeu. Kas par bēdu, pensava Antonijs.

 Art. 14/2 TUE: o número de deputados do Parlamento Europeu não pode ser superior
a 750 mais o presidente.
 As eleições para o parlamento europeu realizam-se de cinco em cinco anos- art
14/3 TUE
 Artº 14/4: não cabe ao Conselho Europeu nomear o Presidente do Parlamento
Europeu, visto que o Parlamento elege de entre os seus membros o seu
presidente e a sua Mesa.

Hipótese 7.B «Só, só, só mais um!»

Enquanto esperava por mais uma garrafa de Almdudler, Ralf Sabitzer não conseguia deixar de
pensar como o mundo é um lugar estranho. Só lhe faltava garantir mais um voto e a Comissão
teria que se demitir. Estava já assegurado que 360 deputados iriam votar a favor da moção de
censura, mais do que justificada depois de a Comissão não ter apresentado a proposta de
regulamento que o Parlamento lhe havia solicitado há mais de três meses.

Enquanto Ralf comentava esta situação com a sua amiga Panagiota Tzionis, a mesma lembrou-
lhe que tal proposta não havia sido apresentada apenas porque não havia sido possível obter o
voto favorável de dois terços dos Comissários Europeus. «Oooops!», ouviu-se na cabeça de
Ralf, que achou melhor pedir uns shots de Zivania.

 Art 17/8 TUE- responsabilidade política da Comissão perante o Parlamento (moção de

censura nos termos do art. 234º TFUE)
 Art. 234 TFUE: Se a moção de censura for adotada por maioria de 2/3 dos votos
expressos que representem a maioria dos membros que compõem o Parlamento
Europeu, os membros da comissão devem demitir-se coletivamente das suas funções.
Ora, 2/3 de 705 deputados é igual a 470. Sabe.-se que 470-360= 110 votos,logo,
faltavam 110 votos a favor e a Comissão teria que se demitir.
 Hipótese 7.C
«Uma mulher no lugar cimeiro!»

«Nunca, jamais, em tempo algum! Não abdico de apresentar a minha candidatura a Presidente
do Conselho Europeu! A democracia vive aqui em Liubliana e na Europa!» Foi com estas
palavras que a Speaker da Assembleia Nacional concluiu o seu discurso.

Afinal, é já tempo de uma mulher presidir ao Conselho Europeu. E o Parlamento Europeu
também assim há-de entender! É certo que o mandato da Speaker irá acabar (4 anos) antes dos
cinco anos do mandato da Presidência do Conselho, mas isso é apenas uma tecnicalidade,
conforme se costuma dizer em Bruxelas.

 Art. 15/5 TUE- mandado de 2 anos e meio (por maioria qualificada), renovável uma
vez.
 Mandato da Speaker é de 4 anos.
 O Conselho Europeu ele és o seu presidente por maioria qualificada (não é o
Parlamento que elege)- art. 15/5.

Hipótese 7.D
«Se o arrependimento matasse...»

Conselho da Europa, Conselho Europeu, Conselho, Conselho do Assuntos Gerais, Conselho dos
Negócios Estrangeiros, Conselho ECOFIN... Irra!, se ao menos tivesse seguido o conselho do
opa Klaus e estudado mais um pouco... Ou se tivesse aproveitado melhor aquele semestre em
Erasmus na FDL...

Zu spät! Agora é seguir em frente, pensava o Franz! A única hipótese é enviar um email a uma
ex-colega da Subturma 4679, talvez ela consiga explicar como se forma uma maioria no
Conselho. De todas as formas, who cares? O Conselho não legisla e nada pode ser aprovado
contra a vontade da Alemanha.

E se for despedido do COREPER (Comité de Representantes Permanentes dos Governos dos

Estados-Membros), o nosso Franz poderá sempre afogar as mágoas com mais um trago de
Jägermeister.

 Função legislativa do Conselho- art 16/1

 Art. 16/3- O conselho delibera por maioria qualificada
 Art 16º/4- maioria qualificada: pelo menos 55% dos membros do Conselho (num
mínimo de 15), devendo estes representar os Estados Membros que reúnam no mínimo
65% da população da união. Minoria de bloqueio- pelo menos 4 membros do Conselho
(caso contrário há maioria qualificada).
 Alemanha- 18, 59% da população europeia.
 Assim, votando apenas contra a Alemanha, a maioria continua a ser uma maioria
qualificada e há uma aprovação legislativa contra a vontade da Alemanha.

Hipótese 7.E
«Tudo em todo lado ao mesmo tempo»

Há instituições e instituições. Promover o interesse da União e velar pela aplicação dos Tratados
não é coisa pouca. Era o que faltava vir agora alguém dizer que a Comissão não pode apresentar
um plano para reduzir as importações oriundas da China. Esta é uma matéria de política externa
e está em causa a segurança comum dos Estados-Membros!

Foram estas as notas que foram deixadas na secretária da Presidente da Comissão Europeia, que
as leu sofregamente no regresso da sua viagem aos Estados Unidos. «Isto parece um filme,
pensou, tenho mesmo que fazer tudo em todo o lado ao mesmo tempo...» Se soubesse o que
sabe hoje, a

Presidente jamais teria aceitado que o Conselho Europeu a tivesse nomeado. Ainda por cima
nem tinha tido qualquer palavra a dizer na escolha dos demais 17 comissários europeus.

E agora vêm com a ideia de ter que ir prestar contas ao Parlamento Europeu. Pelo contrário, o
artigo 230.o do TFUE é bastante claro: a Comissão é que pode solicitar ao Parlamento para ser
ouvida.

 Funções da Comissão Europeia- Art 17/1 TUE- Promover o interesse da União e velar
pela aplicação dos Tratados não é coisa pouca.
 “Matéria de política externa e está em causa a segurança comum”- art. 17/1, não é

função da Comissão, questões relacionadas com a politica externa e de segurança

comum, são funções pertencentes ao Conselho (art. 26º/2 TUE).

 Nomeação do Presidente da Comissão-art 17/7

 27 comissários europeus- art 17/4 (um nacional de cada estado membros incluindo o

seu presidente e o Alto Representante da União para os negócios estrangeiros e a

Política de Segurança).

 “Prestar contas ao Parlamento Europeu”- Art 17/8- responsabilidade politica da

Comissão perante o Parlamento Europeu (ex: O Parlamento Europeu pode votar uma

moção de censura à Comissão em conformidade com o artigo 234º TFUE)

Hipótese 7.F
«O Comissário magiar»

Mais uns milhares de forints fazem sempre jeito, que isto da inflação afecta até um Comissário
Europeu. Foi apenas por estas razões que Ferenc Dzsudzsák aceitou um part-time numa
consultora internacional. Se a Comissão previsse a existência de um bónus salarial no seu
regulamento interno, então já não teria que se submeter à circunstância de ter dois empregos.

Mas não! Os seus colegas Comissários querem é que ele se demita. Era o que faltava: os
Comissários são independentes e, logo, inamovíveis!

Bonusaufgabe!
  Art. 245º- Os membros da Comissão não podem exercer mais do que uma atividade
profissional , remunerada ou não (comissário não podia aceitar o part-time na
consultora).
 Art. 17/6- prova que os comissários não são inamovíveis, já que qualquer membro
apresentará a sua demissão se o presidente da Comissão lha pedir.
 Para além disto, também o Art. 245º é relevante- As funções de um membro da
comissão sessão individualmente por demissão voluntária ou compulsiva, qualquer
membro que deixo de preencher os requisitos necessários ao exercício das suas funções
ou tenha cometido falta grave pode ser demitido.
 Assim, o comissário pode ser demitido por exercer outra atividade profissional.

Indique os Estados-Membros da União Europeia por ordem de data de adesão. Utilize o mapa
para indicar onde se localizam os mesmos.*

1. Áustria 10. Croácia 19. Dinamarca

2. França 11. Hungria 20. Letónia
3. Malta 12. Portugal 21. Eslováquia
4. Bélgica 13. Chipre 22. Estónia
5. Alemanha 14. Irlanda 23. Lituânia
6. Países Baixos 15. Roménia 24. Espanha
7. Bulgária 16. República Checa 25. Finlândia
8. Grécia 17. Itália 26. Luxemburgo
9. Polónia 18. Eslovénia 27. Suécia

* Com um pedido de desculpas aos colegas das ilhas.

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