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Aulas práticas de DIREITO PENAL- Rita Rosário

Casos e materiais de direito penal

Martha Nussbaum

Conteúdo
Exemplo 1- criminalização do furto- Kant e outros.........................................................................................................2
Exemplo 2- questão dos animais de companhia- Martha Nussbaum no capítulo “Beyond Compassion and humanity:
justice for nunhuman Animals” em “Frontiers of Justice”...............................................................................................2
Acórdão sobre a deserção na marinha mercante- nº 211 de 95.....................................................................................3
Acórdão sobre incesto do TEDH- Caso cskdmfwkedfwdsc vs Alemanha.........................................................................4
TEDH, 15 DE OUTUBRO DE 2015. PERINCEK C. SUÍÇA- genocídio arménio.....................................................................6
LENOCÍNIO- liberdade sexual das pessoas que se prostituem........................................................................................6
TEDH, 15 DE OUTUBRO DE 2015. PERINCEK C. SUÍÇA.....................................................................................................7
Acórdão sobre blasfémia.................................................................................................................................................8
Caso da professora..........................................................................................................................................................8
Acórdão Lenocínio...........................................................................................................................................................8
Interrupção voluntária da gravidez até 10 semanas.......................................................................................................9
Acórdão STJ relativo a condução de automóvel embriagado e homicídio por negligência...........................................10
Culpa............................................................................................................................................................................. 10
Caso 1............................................................................................................................................................................ 11
Caso 2............................................................................................................................................................................ 11
CASO 1:.......................................................................................................................................................................... 12
CASO 2:.......................................................................................................................................................................... 12
CASO 3:.......................................................................................................................................................................... 13
1.................................................................................................................................................................................... 13
2.................................................................................................................................................................................... 13
3.................................................................................................................................................................................... 13
4.................................................................................................................................................................................... 14
5.................................................................................................................................................................................... 15
6.................................................................................................................................................................................... 15
7.................................................................................................................................................................................... 15
8.................................................................................................................................................................................... 16
9.................................................................................................................................................................................... 16
10.................................................................................................................................................................................. 17
11.................................................................................................................................................................................. 17
12.................................................................................................................................................................................. 17
13.................................................................................................................................................................................. 18
14.................................................................................................................................................................................. 18
15.................................................................................................................................................................................. 18
15.1............................................................................................................................................................................... 18
15.2............................................................................................................................................................................... 18
15.3............................................................................................................................................................................... 19
16.................................................................................................................................................................................. 19
.1................................................................................................................................................................................... 19
2.................................................................................................................................................................................... 19
3.................................................................................................................................................................................... 20
4.................................................................................................................................................................................... 20

Exemplo 1- criminalização do furto- Kant e outros


Em causa o direito à propriedade

MAIS DO QUE PROTEGER O VALOR ÉTICO SOCIAL DA AÇÃO NÃO ROUBAR, VISA PROTEGER A PROPRIEDADE (bem
jurídico)

MOTIVO: função do direito penal não é proteger valores ético morais, não pretende tutelar a moral

Exemplo 2- questão dos animais de companhia- Martha Nussbaum no capítulo


“Beyond Compassion and humanity: justice for nunhuman Animals” em
“Frontiers of Justice”
Critica a conceção KANTIANA de que os animais não possuem dignidade devido à sua natureza irracional e
incapacidade para fazer escolhas morais

Em a “Fundamentação da metafísica dos costumes”

Considera que os seres que carecem de racionalidade estão fora da comunidade moral e política, bem como
os seres incapazes de compreender e participar ativamente na noção de contrato são incapazes de participarem na
comunidade moral

Como os animais não possuem razão e autoconsciência, são considerados meros meios para um fim (fim é o
ser humano)= SER INSTRUMENTAL

Considera que o único dever dos humanos em relação aos animais são deveres indiretos com a humanidade-
se indivíduo for habitualmente cruel com os animais, há grande chance de estender essa prática cruel com os seres
humanos

Ter em conta as suas capacidades, de forma a remover obstáculos que os impedem de se desenvolver e garantir
existência digna e sem humilhação à qual têm direito= TEORIA DAS CAPACIDADES de Amartya Sem

MOTIVO: estamos constantemente em relação com os membros de outras espécies, pelo que esse relacionamento
envolve manipulação direta da vida e das condições de bem estar dos animais.

Assim, estes animais sofrem dor e indignidade nas mãos humanas

EXISTÊNCIA DIGNA- oportunidades adequadas para nutrição e atividade física, liberdade da dor, miséria e crueldade,
liberdade para agir do modo que é característico dessa espécie (em vez de confinado), liberdade do medo e
oportunidade de interação gratificante com outras criaturas da mesma espécie, chance de desfrutar da luz e do ar
com tranquilidade
SEGUNDO RAWLS temos deveres face aos animais- compaixão e humanidade (exclui a justiça que apenas diz
respeito aos seres humanos)

Em “The basis of equality” na “A theory of Justice”

Necessitam de 2 propriedades para se tornarem humanos e merecedores de serem tratados de acordo com
princípios de justiça

Compaixão envolve não haver responsabilidade direta por esse sofimento

1. Ser pessoa moral


a. Capacidade de conceção de bem
b. Capacidade para senso de justiça
PROBLEMÁTICA: deixa de fora não só os animais mas também seres humanos afetados por graves
deficiências mentais (EX: peter singer e Tom regan)

Considera que não devemos apenas face aos animais com quem mantemos relações recíprocas, mas também face
aos animais selvagens

MOTIVO: também não temos reciprocidade com muitos humanos incapazes e isso não anula as obrigações
justiça que temos para com eles

ARGUMENTO CONTRA: animais não podem estar sujeitos aos princípios de justiça quando eles não estão entre
aqueles que são capazes de participarem na estruturação dos princípios de justiça

TEORIA DAS CAPACIDADES- devem ter chance de prosperar estando protegidos de interferências prejudiciais por
parte dos outros, pelo facto das capacidades serem essenciais para a existência de uma vida humana com dignidade
(EX: vida, saúde física, integridade física contra violência, sentidos, imaginação e pensamento, emoções, razão
prática como objetivos e projetos, outras espécies, atividades, controlo sobre o próprio ambiente como o habitat)

Quanto mais capacidades são satisfeitas mais digna e valiosa é a vida

Animais são seres vivos também ativos e dotados de vasta gama de capacidades para funcionamentos que
lhes são essenciais para vida próspera, valiosa e com dignidade

Princípio da necessidade da pena

Acórdão sobre a deserção na marinha mercante- nº 211 de 95


Inconstitucional com força obrigatória geral- retirado da ordem jurídica

Aplicar direito penal num crime disciplinar

Princípio da necessidade da pena- 18º nº2

Normas referidas são inconstitucionais

Estamos perante deserção na marinha mercante

Pessoa que não entrou era meramente um funcionário, mas não um capitão (crucial para a navegabilidade e
que tem leis necessárias para poder navegar, havendo outras formas de tutelar estes interesses como o direito do
trabalho, normas de segurança, normas internacionais)

Considera-se que não é suficientemente gravoso para carecer de tutela penal

É pouco censurável, tão censurável como qualquer trabalhador faltar ao trabalho

Importância do contexto histórico cultural- código era de uma altura em que a marinha mercante tinha papel no
contexto socio económico do país muito mais fundamental

Ou seja, tinha consequências para a estrutura financeira do país mais relevantes


Importância da coletividade- dignidade da pessoa humana era relativizada

IMPLICITAMENTE REVOGADO- não era compatível com o nosso sistema ter este tipo de incriminação

Princípio da igualdade- incumprimento do contrato de trabalho neste caso está a ter um tratamento diferente dos
outros trabalhos

DIGNIDADE PUNITIVA prévia da conduta- relativamente ao merecimento de tutela penal

Direito penal deve considerar um determinado assunto/tema

Comportamento a ser punido merece atenção do direito penal. EX: fraude académica não merece tutela
penal, porque não tem ressonância ética prévia (censurabilidade ética pela sociedade não existe com esta gravidade)

A maior parte das que merece tutela penal tem a haver com afetação de bens jurídicos essenciais
(censurabilidade social é mais forte se afetar um interesse jurídico) MAS DIGNIDADE PUNITIVA NÃO É IGUAL A BEM
JURÍDICO (ainda que muitas vezes seja preciso violar um bem jurídico)

COMPORTAMENTO A SER PUNIDO É SUFIECENTEMENTE GRAVOSO E CENSURÁVEL

CARÊNCIA DE TUTELA PENAL- comportamento gravoso (tem dignidade punitiva) pode não ter carência de tutela
penal, 18º nº2 CRP

Princípio da necessidade da pena

Proporcionalidade- adequação, exigibilidade, proporcionalidade em sentido estrito

Verificar se a alternativa é a mais adequada- EX: criminalizar o aborto não é a alternativa mais
adequada porque não impede as mulheres de recorrerem ao aborto, ainda que o aborto tenha dignidade punitiva
porque interessa ao direito penal

Ultima ratio- so pode intervir se for necessário, não havendo outra forma igualmente adequada de tutelar os
interesses e bens jurídicos de forma adequada, a intervenção do estado deve ter natureza subsidiária

Acórdão sobre incesto do TEDH- Caso cskdmfwkedfwdsc vs Alemanha


The Applicant’s Case

Patrick argued that the conviction breached his Article 8 rights by affecting his ability to raise his children and
interfering with his sexual life. There was no pressing social need to justify the conviction. Incestuous
relationships did not spread genetic diseases in society and, moreover, other people with a higher risk of
transferring genetic defects, such as older and disabled persons, were allowed to procreate. The criminal ban,
plagued by inconsistencies, did not protect the family unit. Why ban sexual intercourse between siblings but
permit other forms of sexual contact? Why exempt step-children or adoptive children from criminal liability?

In Patrick’s case, the siblings had not grown up together. The normal sexual inhibitions had not developed. The
sex was consensual. No one was harmed by the incest. In fact, the conviction destroyed a new family unit.
Unlike incest between mother and son, or father and daughter, there were no overlapping family roles. A
prospective child would have a clear mother and father. Finally, the protection of morals was not a sufficient
reason to justify the criminal conviction.

The Government’s Case

In response, the German government admitted that the conviction interfered with Patrick’s Article 8 rights, but
argued that, since the interference was necessary in a democratic society to prevent disorder and protect
morals, it was a restriction justified by Article 8(2). The European Court should grant member states a broad
‘margin of appreciation’ – a certain latitude in the observance of Convention rights – on this morally delicate
issue.

The ban, argued the German Government, served to protect the family structure and hence society as a whole.
As incestuous relationships often involve an imbalance of power between the parties (in the instant case, Patrick
was seven years older than his 16-year-old sister, who suffered from a personality disorder and learning
difficulties), the ban also protects the weaker partner. The risk of genetic damage to offspring adds another
justification for imposing criminal liability. Finally, the ban reflects societal convictions on the immorality of
incest. As for the penalties for incest, the German courts had a range of options available, including the
possibility of dispensing with prosecution altogether.

The European Court’s assessment

The Court agreed that the conviction interfered with Patrick’s private life. It also noted that, since the ban is
aimed at the protection of morals and the rights of others, it pursued a ‘legitimate aim’ within the meaning of
Article 8(2). The key question was whether the conviction satisfied another requirement of Article 8(2): the
interference must be necessary in a democratic society.

The Court laid out a number of principles about the margin of appreciation, reviewed the laws of other member
states on incest, and concluded that “the domestic authorities enjoy a wide margin of appreciation in determining
how to confront incestuous relationship between consenting adults, notwithstanding the fact that this decision
concerns an intimate aspect of an individual’s private life.” [61].

Reflecting on the deliberation and conclusions of the Federal Constitutional Court, the European Court held that
the Federal Court’s decision was reasonable. Patrick’s conviction corresponded to a pressing social need.
Germany’s domestic courts did not stray beyond the wide margin of appreciation, and there was no breach of
Article 8.

Argumento eugénico, proteção da saúde e proteção da família

SAUDE- igualdade violada, porque pena para relações sexuais onde possa resultar nascimento de vida com
malformações genéticas é mais amplo que apenas o incesto

Quais são os comportamentos graves a ser proibidos e punidos criminalmente e quais os socialmente
aceites pela sociedade

Problema de dignidade da pessoa humana- estado toma posição sobre vida que ainda não existe,
restringindo direito de pessoa crescida (autodeterminação sexual)

Percebe-se que algumas vidas, são pelo estado, impedidas de existir, considerando as indignas

Problema da proporcionalidade

AUTODETERMINAÇÃO SEXUAL- relações entre adultos e consentidas, é algo do foro intimo, pelo que o
estado não deveria intervir

Autodeterminação diz respeito ao desenvolvimento da maturidade sexual de forma livre, segura… de


forma a que nenhum ascendente superior interfira nesse processo

Não faz sentido que a incriminação apenas abranja o coito e não outras práticas sexuais de relevo

PROTEÇÃO DA FAMÍLIA- devemos analisar o papel da família na sociedade em concreto

Só o próprio estado consegue avaliar

Ideia de criação de desequilíbrio a ser criado com o incesto- crianças com dificuldades

Tal situação acontece noutras situações- monoparentais, adoção


Situações estão ultrapassadas e o estado não pode estar a entrar com certas conceções
de família que estão em constante mutação

Não é o direito penal que dita que estruturas familiares devem der defendidas

Princípio da igualdade- objetivo é tutelar estrutura familiar em termos sociais, esta incriminação protege
demais (irmãos que não são criados como irmãos) ou protege de menos (irmãos adotivos)

SUBSIDARIEDADE DE DIREITO PENAL- medidas alternativas como aconselhamento, acompanhamento de


menores, psicologia…

Avalia direito comparado e percebe que não existe consenso no Conselho Europeu, logo estamos dentro da livre
apreciação dos estados

Logo, compreende que houve violação do artigo 8º mas considera que o estado da Alemanha tem liberdade
para excecionar dentro dos limites como a necessidade para proteger um interesse válido

Dignidade punitiva

Carência de tutela penal

TEDH, 15 DE OUTUBRO DE 2015. PERINCEK C. SUÍÇA- genocídio arménio


MOTIVO: declarações do político turco, negando o genocídio arménio conduzindo à condenação pelo crime de
negacionismo

Genocídio 1915 pela Turquia

Considera que os arménios foram na realidade deslocados de um território para outro na Turquia

~LEGISLAÇÃO- 261º nº4 Código penal suíço

Finalidade de intervenção legítima

Consideram as intervenções pouco numerosas e sem natureza de perturbar a paz e tranquilidade pública

Contrariamente suíça considerou a intervenção judicia necessária para a proteção do interesse da


comunidade arménia

Consideram que liberdade de expressão abrange emissão de ideias que perturbam, chocam e preocupam, não
considerando o discurso do acusado como discurso de ódio, punível por incitar ao odio

PROBLEMÁTICA: carácter amplo da legislação Suíça

CONCLUSÃO- decisão não foi obtida por via de bom equilíbrio entre direito à liberdade de expressão (10º CEDH) e
direito À dignidade do povo arménio (8º, direito à vida privada)

Orador não exprimiu odio ou desprezo para com os arménios nem incitou a ódio perante eles, não
estigmatizou

VIOLAÇÃO DO 10º CEDH

LENOCÍNIO- liberdade sexual das pessoas que se prostituem


STUART MILL- impensável descriminalizar em função da repugnância face ao proxenetismo
A FAVOR: liberdade de empresa com atividades económicas desvinculadas do proibido por razões morais tidas como
tradicionais, separação entre direito e moral, dignidade e autonomia (liberdade e autonomia plena para a
sexualidade dos prostituídos)

CONTRA: perspetivas proibicionistas alimentadas por moralidade puritana e estrita, conduz a criminalidade como
tráfico de pessoas e abusos sexuais de crianças, coação ou preservação de situação de exploração sexual, não
separação do direito e moral devido à praticidade e vinculatividade do direito relativamente aos seus destinatários,
evitar comercialização de uma dimensão fundamental do ser humano

169º Código penal

DIGNIDADE PENAL- não pode ser confirmada quando estamos perante liberdades constitucionais como a liberdade
de consciência ou de expressão do pensamento

INEXISTÊNCIA DE BEM JURÍDICO DE RELEVÂNCIA CONSTITUCIONAL- inviabiliza a constitucionalidade de normas


incriminadoras

Não chega a mera dignidade da pessoa humana, não se considerando adequado ou suficiente para legitimar
a constitucionalidade de uma norma penal

PROTEÇÃO- consentimento ou opção da vítima, mais importante e produtivo dedicar-se ao facto de haver
aproveitamento económico da vida sexual profissionalizada de pessoas que se prostituem (dimensão do
aproveitamento sistemático e direcionado para a pessoa, o seu corpo e a sua sexualidade)

TEDH, 15 DE OUTUBRO DE 2015. PERINCEK C. SUÍÇA


Perincek considera que genocídio não é a palavra adequada, é criação do ocidente

Mas na realidade este foi reconhecido, quem não reconhece é por força da Turquia na comunidade
internacional

Trata-se de forma distinta o negacionismo do holocausto do negacionismo face ao genocídio arménio

TEDH considera que o critério é o mesmo mas as circunstâncias são diferentes

DIGNIDADE PUNITIVA- proteger paz publica e integridade física e moral do público alvo

Este comportamento não tem carácter de perigo para estes bens jurídicos que tem a negação do
holocausto

Negar o holocausto difunde uma perspetiva sobre comunidade judaica com potencial de criar
instabilidade na sociedade mais severo do que negar o genocídio arménio

Do ponto de vista destes bens jurídicos, o comportamento de Perincek é menos lesivo

CARÊNCIA DE TUTELA PENAL- falta proporcionalidade porque o comportamento não afeta de forma intensa
e a resposta penal é muito lesiva face ao comportamento

Argumentos TEDH: consenso histórico nazi é mais forte, distância temporal e geográfica, menos população arménia
na suiça

Motivo: menor necessidade de proteção dos sobreviventes porque foi há mais tempo, menos impacto…

MAS quando se fala de uma pessoa de uma comunidade afeta-se não só os sobreviventes mas sim
toda a comunidade.

Importa ver como a comunidade é afetada e não ver a quantidade de pessoas armenas que existem
no país
Num pais globalizado não importa a distância geográfica

Ou seja, há menos perigosidade e necessidade da pena

Problema da liberdade de expressão vs proteção da paz pública

DECISÃO É CORRETA MAS DEVIA SE TER EM CONSIDERAÇÃO A TUTELA PENAL E DIGNIDADE PUNITIVA, não os
argumentos sem nexo

Ver como o negacionismo pode afetar o ambiente de segurança de forma a ferir os bens jurídicos em
questão

Deve-se aferir a perigosidade, coisa que o TEDH deixou por esclarecer

Acórdão sobre blasfémia


Maomé considerado pedófilo no seu primeiro casamento- conceção de que todos os islâmicos, já que adoram esta
figura, estão a apoiar a pedofilia

Problemática da perigosidade de tais afirmações face a toda uma comunidade

Caso da professora
Teoria de Lombrosa

Direito penal determinista- menos preocupado com necessidade da pena e mais ligado à prevenção

Acórdão Lenocínio
Não punida nem a prostituição nem o consumo da mesma

Há conexão de perigo (motivo da incriminação) suficientemente fundamentado para incriminar?

TC considera que não

Dignidade da pessoa humana não é bem jurídico porque é princípio, logo é muito amplo e abstrato

Mas uma parte desta é sempre afetada pelo lenocínio independentemente de a pessoa ter
consentido ou não, o que está em causa é a vantagem económica da exploração da sexualidade alheia, é sempre
coisificação/objetivação da dignidade e sexualidade alheia

Liberdade de profissão não abarca direito de se aproveitar da sexualidade de outrem- olhada como
prestação de um serviço

2020 TC afirma que há problema de não haver bem jurídico suficientemente justificado

Liberdade sexual não é suficientemente tutelado pela incriminação- há consentimento formal,


incriminação abanca casos em que não há exploração

Antecipação da tutela penal- conexão de perigo não está devidamente estabelecida

Percebeu-se que isso não é verdade- conexão de perigo intensa= CONVERSÃO PARA CRIME
ABSTRATO

Não precisa verificar situação de vulnerabilidade, situação de carência económica… deixa de ser necessário
provar, esta conexão de perigo é implícita
Adequação, proporcionalidade, subsidiariedade- não afastam intervenção penal através da
incriminação do lenocínio

Estigmatização da atividade da prostituição já existe sem a incriminação do lenocínio

Pode ser usado para ascensão social e não apenas por motivos de sobrevivência (acompanhantes de luxo)

Ponderar vários tipos de casos associados à prostituição e perceber como a incriminação afeta cada um deles

Caso de Amesterdão- era suposto melhorar a situação, oferecendo mais proteção, mas tal não aconteceu porque
poucas se registaram por vergonha, poucas recorriam aos sindicatos, situações eram consideradas acidentes de
trabalho então deixavam desprotegidas

Não se viu migração da prostituição da ilegalidade/clandestinidade para a legalidade, há tendência para


redes de tráfico de seres humanos passar naquele país por haver menos controlo

=Agravamento das situações

Experiência de criminalização do ato de consumo de prostituição

Motivo: liberdade sexual permite prostituição, permite proteção e diminuir estigma

Interrupção voluntária da gravidez até 10 semanas


Crime de aborto praticado pela gestante ou terceiro com autorização da gestante ou contra a mesma- tipo de pena
distinta consoante o caso

Método das indicações não estava em causa

Perceber que despenalização de acordo com método dos prazos era inconstitucional? Não era perceber se legislador
penal pode intervir, mas sim perceber se ele ao não intervir está a demitir-se da proteção de um bem jurídico
(proibição de insuficiência)?

Há incriminações implícitas na Constituição? NÃO, NUM ESTADO DE DIREITO NÃO PODE HAVER POR CAUSA
DO PRINCÍPIO DA NECESSIDADE DA PENA

Não é por ser um direito fundamental que o direito penal tem de intervir porque este direito pode ser
devidamente tutelado por outro ramo do direito

SABER SE RESPOSTA NEGATIVA AO REFERENDO- não alteração seria inconstitucional, não alterar a lei

Problema das obrigações implícitas do estado- quadro legal antes da despenalização, protegia vida intra uterina, o
legislador em alguns casos considerava que o aborto podia ser despenalizado

SABER SE RESPOSTA POSITIVA AO REFERENDO É INCONSTITUCIONAL

CRP não protege vida intra uterina mas sim direito à vida- até nascimento temos crime de aborto, depois do trabalho
de parto temos crime de homicídio (não vale nascimento completo e com vida)

Vida até 10 semanas tem proteção? Até 10 semanas há sim proteção, mas a penalização da gestante não é a
melhor via para seguir tal

Com a despenalização não houve aumento do número de abortos porque faz mais sentido dar alternativas à
gestante do que penalizá-la
Despenalização do aborto coloca em risco a vida da gestante, não só a do bebe
Despenalização de acordo com método dos prazos- há modos alternativos de proteger o bem jurídico, necessidade
da pena

Moldura abstrata, moldura concreta, determinar medida da pena, escolha da pena

Acórdão STJ relativo a condução de automóvel embriagado e homicídio por


negligência

Arrependimento não vale por si só mas demonstra posição do arguido perante o seu comportamento e a ordem
jurídica no geral

PROBLEMÁTICA: arguidos que recusam a prática do crime

Arrependimento pode ser útil na questão da liberdade condicional

AGRAVANTE: ser polícia, seus deveres, conhecimento da lei…

FUNDAMNETAÇÃO TRIBUNAL- prevenção geral- estes crimes são muito comuns em Portugal logo a culpa deve ser
cumprida de forma efetiva e não suspensa para reafirmar a validade das normas e proteger os bens jurídicos em
causa, protegendo o sistema

MASSSSSSS NÃO SE VIOLA PRINCÍPIO DA CULPA

PROTEÇÃO ESPECIAL POSITIVA- polícia integrado profissionalmente e social, pelo que a pena não contribuía para
reintegrar o mesmo

Conduta negligente tem de estar prevista senão não é punida.

Culpa
CULPA É PRESSUPOSTO DA PENA

CULPA É LIMITE DA PENA- medida da pena não pode ultrapassar medida da culpa

Divergência face à culpa também ser fundamento da pena?

Sousa e Brito, REGENTE: Sim, tem de haver mínima gravidade (serve como teto mínimo)

Figueiredo Dias: Não

Num estado de direito não se aceita uma pena meramente retributiva (quando há culpa há pena)- necessidade da
pena , certo grau de censura pessoal, necessidade de prevenção

REGENTE ASSOCIA PENA A BEM JURÍDICO- 40º nº1 CP relativo a prevenção geral positiva
Caso 1
- A e B querem ir a um festival de Verão. Para tal, introduzem-se dentro de um veículo automóvel
pertencente a terceiro e utilizam-no para viajar até à Zambujeira do Mar. Chegam ao Festival e
abandonam o carro.
Pode-se considerar que cometeram o crime de dano (artigo 212.º do CP) por se entender que o
consumo da totalidade da gasolina que já estava no depósito do carro constitui uma “destruição de
coisa alheia”?
Crime de furto de veículo- utilização do veículo por alguém que não está autorizado a fazer, sem intenção de
posse
CRITÉRIO REGENTE- bem jurídico é proteção da coisa, estamos a extrapolar a norma porque não há
destruição efetiva
Destruir e danificar não se encontra dentro do sentido da palavra
MASSS usar a coisa até ficar sem combustível pode levar a inutilização da coisa
“DANIFICAÇÃO OU DESTRUIÇÃO” pode ser parcial, não está em causa apenas o uso da coisa mas sim a
situação das propriedades comuns dela (propriedades características delas)

--Perda de utilidade
SENTIDO POSSÍVEL DAS PALAVRAS- perda de utilidade, pessoa fica sem possibilidade de usar a coisa
como bem lhe couber, descaraterização da coisa
A situação do caso é apenas aproveitar utilidade da coisa e não a destruir
Comportamento dos agentes não integra o tipo incriminador
ESSENCIA DO PROIBIDO- não permite esta interpretação, Crime de dano é contra a propriedade e não
contra o proprietário, uso e domínio sobre determinada coisa pretende ser protegida, proteção da propriedade
Mera utilização de coisa alheia com carácter grave- furto de uso, situação autonomizada

Analogia proibida

IDENTIFICAR PROBLEMA
O QUE É PERMTIIDO E PROIBIDO EM DIREITO PENAL- interpretação extensiva com divergência
doutrinária
2 MODELOS ESSENCIAIS- castanheira neves e regente
COMO CADA UM RESOLVERIA O CASO CONCRETO

Caso 2
- Durante quase todos os dias do mês de Outubro, A envia sms perturbadoras a B, sua ex-namorada,
censurando-a por ter rompido a relação de ambos e ter iniciado outra com C.
a) Pratica A o crime previsto e punido no art. 190.º, n.º 2, do CP?
Bem jurídico protegido- vida privada, sossego

“Telefonar”- comunicar por telefone de forma ampla

SMS incluído

SENTIDO POSSÍVEL DA PALAVRA

ESSENCIA- proteger paz da pessoa

Interpretação atualista

b) E se, em vez de sms, A faz telefonemas anónimos e perturbadores, com o mesmo conteúdo, para o
quarto de hotel ocupado por B enquanto as obras em casa desta perduram?
Interpretação liberal – legislador demonstra preocupar-se onde a pessoa tem expectativa de privacidade,
basta ser um espaço fechado, a expectativa e ter os hábitos normais associados a uma habitação
(pernoitar, comer, guardar as coisas)…
Inclui hotel
Mesmo que seja temporariamente

CASO 1:
Durante a primeira semana de outubro de 2020, A testou positivo num exame à covid-19, pelo que lhe foi
indicado, pela autoridade de saúde competente, que devia ficar em casa. Ainda assim, A saiu à noite e
contactou com B, prostituta, com quem manteve relações sexuais. B ficou contaminada, com sintomas
ligeiros de covid-19.
Poderia A ser punido por crime de desobediência, previsto e punido pelo artigo 348.º do Código Penal?
Abarca apenas remissões para leis em sentido formal- 348º nº1 alínea A
Respeitar reserva de lei- “disposição legal” é lei em sentido formal
Na altura não havia lei em sentido formal- dever de isolamento era por decreto governamental
Não podia ser punido penalmente
ALÍNEA B- apesar de haver ordem de autoridade competente, sem cominação de pena
Norma penal em branco

CASO 2:
A, proprietário de um circo, apresentava como número nos espetáculos, desde o início de 2017, um cão e
um macaco domesticado por ele próprio.
Em 2019 entrou em vigor a Lei n.º 20/2019, de 22 de fevereiro, que proíbe a utilização de animais
selvagens nos espetáculos circenses. A suspendeu a utilização do macaco, mas manteve-o a viver no circo.
O artigo 2.º da Lei n.º 20/2019* remete a definição de “animais selvagens” para os anexos da Portaria n.º
86/2018, de 27 de março, que incluem os macacos no seu âmbito.
Numa digressão a um país da União Europeia, realizada durante os meses de novembro e dezembro de
2019, A voltou a apresentar o número com o cão e o macaco.
Antes da digressão, A treinou o macaco em Portugal, aplicando-lhe castigos corporais quando não obedecia
às suas ordens.
Durante a digressão, no dia 7 de dezembro de 2019, após uma atuação desastrada do macaco e do cão, A
agrediu-os violentamente à chicotada.

1 – Ao agredir o macaco após a entrada em vigor da Lei n.º 20/2019, A comete o crime de maus tratos a
animais de companhia, previsto no artigo 387.º do Código Penal?
Na resposta, considere que A não requereu a licença prevista no n.º 2 do artigo 8.º da citada Lei, que prevê,
mediante esse requerimento, a possibilidade de continuar a utilizar os animais selvagens no circo pelo
período transitório máximo de seis anos.
Se até 2019 o animal não era animal de companhia mas a partir dessa lei passa a ser animal de companhia ,
passando a ser considerado pelo 289º nº1 e não pelo nº2
Problema de saber se a lei de 2019 trata de problema autónomo e não afeta o 389º CP ou se tenta retirar
punição sobre os maus tratos desses animais
2 – A circunstância de ser a Portaria n.º 86/2018, de 27 de março, a definir “animais selvagens” (incluindo
os macacos) consubstancia a violação de algum princípio constitucional, considerando o disposto na Lei n.º
20/2019 e o próprio Código Penal?

*Artigo 2.º – Âmbito


Para efeitos da presente lei, as referências a animais selvagens reportam-se exclusivamente aos espécimes
das espécies incluídas nas listas constantes dos anexos i e ii da Portaria n.º 86/2018, de 27 de março.
CASO 3:
A, de 15 anos, teve relações sexuais consentidas com B, de 19 anos, durante uma semana, numa viagem
de curso a um outro país, nas férias de Natal. A tinha já tido relações sexuais anteriormente com o
padrasto de 40 anos, com quem vivia, durante um ano e regularmente, e que tinha sobre ela uma posição
de ascendência clara.
Pode o Tribunal legitimamente decidir que se verificou abuso da inexperiência de A por parte de B, nos
termos do artigo 173.º do Código Penal? Analise o problema de interpretação da lei penal que se poderia
colocar.

1. Por ódio a B, e sabendo que este come religiosamente um pudim ao pequeno-almoço, A oferece-lhe 5
pudins envenenados no dia 10.09.2021.
B come um pudim em cada um dos 5 dias seguintes, acabando por morrer no dia 16.09.2021.
Vem a comprovar-se que teriam bastado 4 pudins para matar B.
Imagine que uma lei – que altera o artigo 131.º fixando a pena máxima em 20 anos de prisão – entra em
vigor no dia 14.09.2021.
Qual é a pena aplicável?
Tempus delicti no dia 14 momento decisivo em que aplica a última dose independentemente do resultado
se dar dia 16
Homicídio- crime de resultado logo quando a vítima morre

2. No dia 08.09.2021, A e B entraram numa agência bancária por volta das 11:00. Já dentro da agência,
ameaçaram os funcionários bancários com uma arma de fogo e obrigaram-nos a entrar num gabinete, onde
ficaram trancados.
No momento em que B acedeu à caixa-forte, o alarme disparou. B ainda encheu um dos sacos com notas,
mas, quando ambos iam a sair da agência bancária, perceberam que já estavam cercados pela polícia.
Os dois comparsas ficaram, entretanto, barricados dentro da agência bancária, conjuntamente com os
funcionários bancários, entre esse mesmo dia 08.09.2021 e o início do dia 11.09.2021, sem estabelecer
qualquer contacto ou conversação com a polícia, subsistindo com os víveres que existiam na pequena
cozinha da agência bancária.
Logo na madrugada do dia 11.09.2021, pelas 01:30, a polícia invadiu o espaço, pôs fim ao sequestro,
libertou os funcionários bancários e acabou por matar A. B foi preso.
Admita que, no dia 10.09.2021, entrou em vigor uma nova lei que alterou o art. 158.º, n.º 1, do CP, no
sentido de punir o sequestro simples com pena de prisão até 5 anos e, ainda, o n.º 2, al. a), do mesmo
artigo, passando a punir com pena de prisão de 6 a 14 anos, o sequestro que durar mais de um dia.
De acordo com as regras da aplicação da lei penal no tempo, a lei nova é aplicável a B?
Ainda praticaram o facto depois da meia noite, logo aplica-se a lei que entrou em vigor

3. Com o consentimento de B, grávida de 3 meses, A ministra-lhe uma substância que lhe vem a provocar o
aborto.
a) Enquanto está a ser julgado, entra em vigor uma lei que despenaliza o seu comportamento.
Aplicar norma nova
c) Suponha que A já leva cumpridos 2 anos da pena de prisão a que foi condenado (2 anos e 6 meses
de prisão efectiva) quando entra em vigor uma lei que altera o artigo 140.º, n.º 2, fixando a pena
máxima em 2 anos de prisão.
2º nº4 2º parte- lei nova aplicável ao caso concreto, libertação do arguido porque não pode cumprir mais
pena
Já cumpriu mais que a nova lei
c) Aceitando o referido na alínea anterior, imagine agora que A somente leva cumpridos 6 meses.
29º nº4
371º-A permite reabertura da audiência para tribunal poder recalcular medida da pena com base no que foi
decidido na primeira audiência (NÃO HÁ NOVO JULGAMENTO)
Conta o período de pena cumprida e não o período de tempo a que ele foi condenado
2º nº4 parte final e 371º-A são alternativos

4. No dia 07.10.2017, A participou numa conferência, durante a qual explicou a sua tese de que não
ocorreu uma verdadeira rendição do povo alemão no final da 2.ª GG, defendendo historicamente a
subsistência do III Reich. Durante a conferência, no período de resposta a questões colocadas pela
audiência, A afirmou discordar da avaliação histórica do holocausto, entendendo que a real
vitimização dos judeus terá sido marginal e muitíssimo inferior aos dados avançados pela ideologia
dos aliados. No dia 10.10.2017, na mesma localidade, B e C, dois jovens de 16 anos de idade,
vandalizaram a sinagoga local, pintando insultos e cruzes suásticas numa das paredes.
Admita que, em 2019, o art. 240.º foi alterado, passando a alínea b) do n.º 2 a dispor o seguinte: «2.
Quem, em reunião pública, por escrito destinado a divulgação ou através de qualquer meio de
comunicação social ou sistema informático destinado à divulgação: (…) b) Difamar ou injuriar pessoa ou
grupo de pessoas por causa da sua raça, cor, origem étnica ou nacional, religião, sexo, orientação sexual
ou identidade de género, nomeadamente através da negação de crimes de guerra ou contra a paz e a
humanidade, de molde a incitar à prática de actos de violência contra as pessoas ou grupos de pessoas
referidos ou de vandalismo contra as instituições que as representam e desde que se verifique, ainda
que de forma tentada, algum acto de violência ou vandalismo posteriores; (…) é punido com pena de
prisão de dois a cinco anos».
A vem a ser julgado pelo crime de discriminação em 2021.
Independentemente da questão de constitucionalidade da norma, poderia o arguido ser condenado pelo
crime de discriminação?
Há situações em que o legislador em vez de alterar tipo incriminador altera ligeiramente elementos, na
generalidade dessas situações – distinguir leis especializadoras das especificadoras
Lei especial e lei geral- elemento diferente dos tipos incriminadores, se um sucede ao outro não há
sucessão de leis no tempo, mas sim eliminação de um crime e criação de um novo, não se pode aplicar
retroativamente
Lei em que especifica ideia (ex: valor elevado) ainda é o mesmo tipo incriminador logo há sucessão
de leis no tempo

Crime de perigo abstrato ou concreto foi convertido em crime de perigo concreto- conversão de crimes
temos de distinguir 2 casos:
Comportamento do agente apenas era crime à luz de 1 das leis- agente praticou crime de crime
abstrato e não criou perigo no caso concreto e dpeois o legislador transforma em crime concreto, era
crime mas deixa de ser porque o legislador pede perigo que não existiu, HOUVE DESPENALIZAÇÃO (2º nº2)
Comportamento do agente crime à luz das 2 leis- crime à luz da lei antiga e da nova
Minoritária- sucessão de leis no tempo
Taipa carvalho- distinção tipos especificadores e especializadores, temos de ver se o crime
vem densificar algo ou especializa
ESPECIALIZADOR: L2 introduz conceito que não estava implícito no conceito geral da
L1, acrescentando algo de novo ao tipo legal
Neste caso não há verdadeira sucessão de leis no tempo- não precisa ser
avaliada a lei mais favorável
ESPECIFICADOR: traduz um conceito que já estava necessária e logica, embora
implicitamente contido na L1, apenas específica âmbito de intervenção do conceito da L1 (EX: L2
especificar 3 dias se sequestro em vez de 2 dias pela L1)
REGENTE- legislador não pretendeu deixar de punir, restringe âmbito de aplicação, à luz do
princípio da necessidade da pena, legislador que continuar a punir, apenas especifique algo que já
constava enquanto motivo de incriminação e agora faz parte do tipo incriminador
5. A praticou, a 02.09.2021, o crime de importunação sexual, previsto e punido no art. 170.º do CP.
Suponha que no dia 20.09.2021 entrou em vigor uma lei que revogou o artigo 170.º do CP. A mesma lei
incluía um artigo com o seguinte teor: “Quem importunar outra pessoa, praticando perante ela actos de
carácter exibicionista, formulando propostas de teor sexual ou constrangendo-a a contacto de natureza
sexual, é punido com coima de €50 a €500.”
Imaginando que A era julgado no dia 30.09.2021, que decisão deveria ser tomada?
Lei em vigor na prática do facto tipificava como crime mas há despenalização pelo que deixa de ser possível
punir porque crime desapareceu- 2º nº2
Pode ser aplicada coima? Contraordenações? Também existe proibição de retroatividade, ao criar
contraordenação apenas se aplica a comportamentos na vigência desta lei (não podemos punir com coima
porque não havia contraordenação quando ele atuou)
SOLUÇÃO: criação de regime transitório senão não pode ser punido nem pagar coima
REGENTE: não concorda viola princípio da igualdade, quando se converte em contraordenação
estamos perante situação de expetativas, previsibilidade… não estão postos em causa porque a
expectativa dele quando atuou era ser punido com pena, quando praticou comportamento era crime, logo
pode se aplicar coima (conversão ainda diz respeito a situações em que do ponto de vista de necessidade
da pena não faz sentido aplicar direito penal mas direito sancionatório público continua a regular estas
condutas) CONSIDERA SUCESSÃO DE LEIS PENAIS EM SENTIDO AMPLO (sucessão de direito sancionatório
público)
2º nº4- contraordenação mais favoráveis que pena
Problemática: parte do pressuposto em que direito de ordenação social é mais benéfico mas em
termos de garantias, de multa vs coimas…

6. Em 10.01.2021, A praticou, contra B, o crime previsto e punido no art. 164.º, n.º 1, al. a), do CP. B
não apresentou queixa.
Imagine que entra em vigor, no dia 10.10.2021, uma lei que altera o art. 178.º, n.º 1, do CP, passando
este a ter a seguinte redacção: «O procedimento criminal pelos crimes previstos nos artigos 163.º, 165.º,
167.º, 168.º e 170.º depende de queixa, salvo se forem praticados contra menor ou deles resultar
suicídio ou morte da vítima.».
Tendo a notícia do crime, pode o Ministério Público abrir o processo criminal contra A?
10.01 tempus delicti
L1 previa queixa de quem não apresentou
L2 torna público o crime

7. Imagine que a 15.08.2019, entrou em vigor uma lei que estendeu a descriminalização do aborto até às
12 semanas.
B interrompe voluntariamente a gravidez às 12 semanas, no dia 01.01.2020.
A referida lei é declarada inconstitucional com força obrigatória geral, por violação do princípio da
proporcionalidade, no dia 15.01.2020.
Poderá B ser punida pelo crime de aborto?
Prática quando despenalizou comportamento
Antes do julgamento mas depois de comportamento- 282 nº2 em vez do 4º
Proibição da retroatividade da lei penal menos favorável
Lei despenalizadora já estava em vigor, declaração de inconstitucionalidade elimina lei de 2019 repondo
regime normal (crime) mas na realidade não há retroatividade (formalmente) mas na verdade no caso
concreto tem efeito de retroatividade porque surpreende o destinatário
Norma inconstitucional é mais favorável- 280 nº1 LACUNA
REGENTE- aplica lei despenalizadora mais favorável
8. Suponha a seguinte sucessão de eventos:
- Em 01.08.2021, entra em vigor a Lei 30/2021, que dispõe o seguinte: «Dada a situação de seca
verificada na generalidade do país, as condutas seguintes: a) Lavagem de automóveis; b) Rega de jardins
privados; c) Enchimento de piscinas particulares; (…) Serão punidas com pena de prisão até 3 anos.»
- Em 30.08.2021, A enche a piscina da sua vivenda.
- Em 15.09.2021, entra em vigor a Lei 50/2021, que dispõe: «Encontrando-se normalizado o
abastecimento de água, é revogada a Lei 30/2021.»
- Em 01.10.2021, A é acusado de prática do crime previsto na Lei 30/2021.
Quid iuris?
Critérios
Lei 30 é de emergência logo 2º nº3 não abrange retroatividade da lei penal mais favorável
Não há sucessão de leis no tempo
Ultra ativas- apesar de não estarem em vigor, os casos que ocorreram enquanto elas estavam em vigor são
julgados como tal

9. No dia 09.07.2014, por motivos profissionais, A encontrou-se com B, mulher de C, num restaurante
em Lisboa. De seguida, A e B dirigiram-se ao bar de um hotel da mesma localidade, onde teve lugar
uma reunião de trabalho.
Desde as 00.35 horas do dia 18.07.2014 até às 15.00 do dia 26.11.2015, C, a partir do seu telemóvel,
telefonou diversas vezes para o telemóvel de A, sem nunca chegar a falar com este; enviou-lhe mais de
3060 SMS, por vezes às dezenas por dia e pela noite adentro, algumas delas na véspera (41) e no dia de
Natal (30) e no dia de aniversário de A (110), data em que fez questão de lhe desejar um “infeliz dia de
aniversário”, apelidando-o ainda de “cobarde”.
Eis o teor de alguns dos SMS enviados por C para o telemóvel de A: “foi bom para ti teres beijado a
minha mulher? Gostastes?”; “já contaste a verdade à tua mulher ou continuas armado em cobardolas à
espera que eu desista e deixe de te chatear?”; “já explicaste à tua mulher qual a diferença entre uma
relação comercial e uma relação extraconjugal? Ou preferes explicar em tribunal e seres acusado de
perjúrio e de assédio sexual?”; “pelo facto de seres mentiroso e não assumires os erros que cometes
estás a obrigar-me a investigar as coisas!!! Vais ter de me explicar exactamente, a mim ou em tribunal, o
que aconteceu naquele quarto de hotel no dia 09.07.2014. Como vês vamos ter de falar em breve!!!”;
“sem grande esforço já tenho o novo número de telemóvel da tua mulher. Como vês não adianta muito
andares a tentar fugir e a esconder-te da verdade. Uma coisa te garanto, só vou parar quando
confessares a verdade”; “caro senhor, não se esqueça dos actos que cometeu com a minha mulher e dos
quais tenho perfeito conhecimento. Continuo pacientemente à espera da sua resposta”.
No dia 30.03.2016, C foi condenado pela prática do crime de perturbação da paz e do sossego, p. e p.
pelo art. 190º/2 CP, na pena de 200 dias de multa, à taxa diária de 20€.
Pode ser aplicada a C a Lei n.º 83/2015, de 5 de Agosto, que prevê o crime de perseguição (art. 154º-A
CP)?
Crime duradouro- comportamento permanente
Prática entre dias 18/7 e 26/11 do ano seguinte
Entra em vigor quando C ainda está a importunar A
Não há verdadeira sucessão de leis no tempo- regime para comportamento foi alterado ou é outro tipo
incriminador
É apenas um comportamento logo deve ser punido por 1 crime
154º A- juízo mais recente do legislador
10. Durante o mês de Agosto, A vendeu, no seu estabelecimento, cocktails com sumo de pêssego fora
de validade. B teve uma reacção adversa após consumir um daqueles cocktails, chegando a ser
internado no hospital.
Em Outubro, foi instaurado um procedimento criminal contra A, acusado de praticar o crime previsto no
art. 282.º, n.º 1, al. b), do CP. No entanto, não conseguiu produzir-se a prova sobre a relação entre o
consumo do cocktail e a indisposição de B.
Imagine que, ainda durante o processo penal, entra em vigor a Lei n.º x/2021, na qual se elimina a
expressão «e criar deste modo perigo para a vida ou para a integridade física de outrem» do n.º 1 do art.
282.º do CP, bem como o n.º 2.
Pode A ser condenado pela prática do crime de corrupção de substâncias alimentares?
Prova exigida no crime concreto- mais favorável ao agente
Âmbito de aplicação do tipo incriminador- verificar se comportamento é punido ou abrangido
Antes era punido concreto, houve perigo mas o perigo não é provado em tribunal, entra em vigor lei nova
com o mesmo crime mas na forma de crime abstrato- concreto passa a abstrato
Ver se comportamento era punível à luz das leis
Na realidade se não foi possível provar então não era punido pela lei anterior logo não pode ser
punido pela lei posterior porque entrou em vigor depois da prática do crime

11. Durante anos, A infligiu reiteradamente maus tratos físicos e psíquicos a B, com quem se fazia
acompanhar nas férias e nos eventos sociais e com a qual mantinha relações sexuais frequentes, que
retribuía monetariamente.
Se o crime de violência doméstica passasse de crime público a crime semipúblico na pendência do
processo-crime (instaurado pelo Ministério Público sem que B tivesse apresentado queixa), A poderia
ser punido?
Conversão de crime público em semi público- não pretende lesar expetativas do titular do direito da queixa
É lhe atribuído direito À queixa- 2º nº4 lei retroativamente mais favorável
Regras sobre processo penal- condições de legitimidade…

12. A, num voo entre Lisboa e Porto, entrou em discussão com uma hospedeira, começando aos
pontapés ao banco. O comandante ordenou a A que parasse, tendo este desobedecido, continuando a
pontapear o banco do avião.
A acaba por ser condenado por aqueles factos, por sentença transitada em julgado, no dia 21.08.2021,
pelo crime de desobediência em aeronave civil, previsto no artigo 4.º, n.º 3, do DL 254/2003*, numa
pena de 1 ano de prisão efectiva.
Quando já se encontra a cumprir pena há três meses, a referida disposição legal é alterada pela Lei
x/2017, de 05.09.2021, que passa a prever, para o crime em causa, uma medida abstracta de prisão de 1
ano. Acresce, no entanto, a previsão de uma sanção acessória de inibição até 1 ano de viajar em
aeronaves civis.
Quid juris?

*Art. 4.º, n.º 3, do DL 254/2003: “Quem, a bordo de aeronave civil em voo comercial, desobedecer a
ordem ou instrução legítima destinada a garantir a segurança, a boa ordem e a disciplina a bordo, dada
pelo comandante da aeronave ou qualquer membro da tripulação em seu nome, é punido com pena de
prisão até 2 anos ou pena de multa até 240 dias”.

Leituras recomendadas: Acs. do TC n.º 677/98 e n.º 164/08.

Crime concreto para crime de perigo abstrato


Era punível por ambas logo há sucessão de leis no tempo
13. Em Janeiro de 2021, A, médico, opera B contra a vontade deste, para lhe salvar o braço, que, sem
a operação, teria seguramente de ser amputado mais tarde. Em Fevereiro, entra em vigor uma lei que
altera o artigo 156.º, n.º 1, fixando a pena máxima em 2 anos de prisão. Em Março, essa lei é revogada
e substituída por outra que repõe em vigor o regime anterior. A é julgado em Abril. Quid juris?
Em janeiro L1 pena prisão até 3 anos ou pena de multa
Tempus delictis- A opera
Fevereiro L2 mais favorável
Março lei revogada e substituída por L1
A é julgado em abril, pelo que L1 diz respeito ao momento em que praticou o crime mas havendo sucessão
de leis no tempo L2 é lei intermediária pelo que se deve aplicar caso seja mais favorável (2ºnº4 1º parte CP
porque alterou o regime sem mudar o tipo incriminador, mantendo-se a estrutura e a proibição e ainda
não há trânsito em julgado e 29º CRP) porque não se pode aplicar retroativamente L1 que foi substituída
pela proibição de retroatividade da lei menos favorável (2º nº1 a contrario PC e 29º nº4 1º parte CRP)

14. A, proprietário de um circo, apresentava como número nos espectáculos, desde o início de 2017,
um macaco domesticado por ele próprio.
Com a entrada em vigor da Lei n.º 20/2019, de 22 de Fevereiro, que proíbe a utilização de animais
selvagens nos espectáculos circenses, A suspendeu a utilização do macaco, mas manteve-o a viver no
circo. O artigo 2.º da Lei n.º 20/2019 remete a definição de “animais selvagens” para os anexos da
Portaria n.º 86/2018, de 27 de Março, que incluem os macacos no seu âmbito.
Em Outubro de 2019, A voltou a apresentar e treinar o macaco, aplicando-lhe castigos corporais
quando não obedecia às suas ordens.
No dia 07.12.2019, após uma actuação desastrada do macaco, A agrediu-o violentamente à chicotada.
Se a Lei n.º 20/2019 vier a ser declarada inconstitucional, de que forma se altera a responsabilidade
penal de A? Conceba, na sua resposta, as hipóteses de a declaração de inconstitucionalidade ser
anterior e posterior ao trânsito em julgado da condenação.

L1 proíbe utilização
L2 lei remissiva para portaria por motivos técnicos
Outubro pratica facto- tempus delicti
Se L1 for considera inconstitucional
L1 é menos favorável logo

15. A sequestra B de 15 a 19 de Junho de 2021.


A notícia do crime é transmitida ao MP. A é julgado em Agosto de 2021.
Imagine que:

15.1. A 14.06.2021, entra em vigor uma lei que altera o artigo 158.º, aumentando em 1/3 os limites
máximos das molduras abstractas aí previstas.

15.2. Em Julho de 2021, entra em vigor uma lei que altera o artigo 158.º, n.º 2:
a) Acrescentando uma al. h) onde se lê: “For praticada em casa da vítima”. Na resposta a esta hipótese,
imagine que o sequestro não durou mais de dois dias;
b) Substituindo, por um lado, a actual redacção da al. a) por esta: “For praticada em casa da vítima”.
Diminuindo em 1/3, por outro lado, o limite máximo da moldura abstracta da pena;
c) Substituindo a expressão “dois dias”, constante da al. a), pela expressão “três dias”. Aumentando,
ademais, o limite máximo da moldura abstracta da pena em 1/3.
d) Acrescentando o seguinte trecho (depois da redacção das alíneas): “e desde que a privação da liberdade
seja realizada em casa da vítima”.

15.3. Em Julho, entra em vigor uma lei que aumenta para o dobro os prazos previstos no artigo 122.º, n.º 1.

16. A pede a B – residente na Serra Leoa e conhecido angariador de mão-de-obra miserável – que, neste
país, lhe arranje duas centenas de trabalhadores para os empregar em vários dos seus negócios.
Conforme explica a B, A pretende utilizar, intensivamente e a muito baixo custo, na colheita da azeitona
nas suas propriedades alentejanas, cento e cinquenta desses trabalhadores, que sejam homens e jovens
robustos. Os restantes 50 trabalhadores, incluindo jovens mulheres e crianças, A tenciona empregá-las/os
nos bares e clubes nocturnos de que é proprietário em Amesterdão.
B, mediante a promessa de bons empregos na Europa, de habitação e alimentação gratuitas, consegue
convencer 200 nacionais da Serra Leoa, vítimas da guerra, da fome e da seca, a embarcar rumo a Portugal
num barco de pesca com bandeira turca.
Quando se encontravam a escassos 15 Km da costa portuguesa, A avisa, por telemóvel e a partir de
Portugal, os tripulantes do barco (quatro cidadãos turcos) de que a polícia marítima portuguesa se prepara
para os abordar. De imediato, os tripulantes colocam o motor do barco na velocidade máxima, direcionam-
no à costa portuguesa e abandonam os 200 imigrantes à sua sorte, fugindo numa lancha, mas, pouco
depois, acabaram por ser detidos pela polícia marítima.
Os imigrantes, que viajavam em péssimas condições, à fome e à sede, só não morreram todos numa
eventual colisão com outro navio graças à pronta intervenção das autoridades portuguesas. Ainda assim,
duas crianças encontraram a morte durante a perigosa viagem.
Depois da prática do facto mas antes do julgamento, o Governo altera, mediante Decreto-Lei, o n.º 8 do
art. 160º do Código Penal, que passa a dispor: “O consentimento da vítima dos crimes previstos nos
números anteriores exclui a ilicitude do facto”. Aprecie a nova norma à luz do conceito material de crime,
dos princípios constitucionais do Direito Penal e das regras de aplicação da lei penal no tempo.

Seguem alguns casos de aplicação da lei no espaço:

.1 A e B, portugueses residentes em Portugal, passam as férias de Natal em Berlim. A caminho do


aeroporto, têm uma intensa discussão: B está muito irritado com A porque este se atrasou e podem
perder o avião de regresso a Portugal; A responde violentamente, esmurrando B.
Portugal tem competência para julgar A pelo crime de ofensa à integridade física simples?
7º CP- facto considera-se praticado tanto no lugar em que total ou parcialmente e sob qualquer forma de
comparticipação o agente ATUOU como naquele em que O RESULTADO TÍPICO ACONTECEU (neste caso,
Berlim)
Não se aplica 4º CP- não foi praticado em território PT nem a bordo de navios ou aeronaves PT
NÃO SE VERIFICAM preenchidos os pressupostos de aplicação de leis especiais
ANÁLISE 5º CP
Alínea B- agentes residem habitualmente em Portugal mas não sabemos se é aqui que eles se
encontram de momento- SE RESPOSTA FOR POSITICA APLICA-SE A LEI PENAL PT POR FORÇA DO 5º Nº1
ALÍNEA B CP
Alínea C e D- presumindo que são maiores de idade não se verificam os pressupostos
Alínea E- depende de verificação cumulativa dos requisitos enumerados

2. A, empresário brasileiro residente em Portugal, pede a B – residente na Serra Leoa e conhecido


angariador de mão-de-obra miserável – que, neste país, lhe arranje duas centenas de trabalhadores para
os empregar em vários dos seus negócios.
Conforme explica a B, A pretende utilizar, intensivamente e a muito baixo custo, na colheita da azeitona
nas suas propriedades alentejanas, cento e cinquenta desses trabalhadores, que sejam homens e jovens
robustos. Os restantes 50 trabalhadores, incluindo jovens mulheres e crianças, A tenciona
empregá-las/os nos bares e clubes nocturnos de que é proprietário em Amesterdão.
B, mediante a promessa de bons empregos na Europa, de habitação e alimentação gratuitas, consegue
convencer 200 nacionais da Serra Leoa, vítimas da guerra, da fome e da seca, a embarcar rumo a
Portugal num barco de pesca com bandeira turca. O barco é propriedade de C, cidadão indiano residente
no Panamá, que recebe em troca avultada quantia.
Quando se encontravam a escassos 15 Km da costa portuguesa, A avisa, por telemóvel e a partir de
Portugal, os tripulantes do barco (quatro cidadãos turcos) de que a polícia marítima portuguesa se
prepara para os abordar. De imediato, os tripulantes colocam o motor do barco na velocidade máxima,
direccionam-no à costa portuguesa e abandonam os 200 imigrantes à sua sorte, fugindo numa lancha,
mas, pouco depois, acabaram por ser detidos pela polícia marítima.
Os imigrantes, que viajavam em péssimas condições, à fome e à sede, só não morreram todos numa
eventual colisão com outro navio graças à pronta intervenção das autoridades portuguesas. Ainda assim,
duas crianças encontraram a morte durante a perigosa viagem.
A lei penal portuguesa pode ser-lhes aplicada? Com que fundamento?
Competência da lei penal PT- 4º CP
Verifica-se o 4º alínea A- tribunais PT têm competência para aplicar lei PT quando factos sejam praticados
em território PT seja qual for a nacionalidade do agente
6º lei 34/2006 dispõe limite exterior do mar terrotirial
TERRITORIALIDADE

3. A, cidadão norueguês, que trabalhava como técnico de informática no regime de prestação de


serviços, a recibos verdes, numa embaixada, em Lisboa, apesar de infectado com covid-19, não cumpriu
a exigência de isolamento imposta pela Direcção-Geral da Saúde e foi passar o Natal a um resort no sul
de Espanha.
Nessa estância turística, contactou com três pessoas, tendo B, uma delas, ficado infetada e morrido,
enquanto as outras duas, C e D, embora testando positivo, não desenvolveram sintomas.
No regresso, junto à fronteira, foi interceptado pela Guarda Nacional Republicana (GNR), por estar a
conduzir com excesso de velocidade, mas A não parou, fugindo. Quando foi finalmente detido pela GNR,
verificou-se também que tinha uma taxa de alcoolemia superior a 1,2 g/l.
A lei penal portuguesa aplica-se a A relativamente ao(s) crime(s) praticado(s) em Espanha?
283º nº1 alínea A- 7º CO espanha
Não há pedido de extradição- subsidiariedade da lei PT

4. A, de nacionalidade argentina, foi contratada em 2019 por B, português, para tratar dos animais
numa herdade de que este é proprietário.
No dia 8 de Novembro de 2021, A adquiriu nacionalidade portuguesa e viajou para a Argentina, para
passar férias junto da sua família. Durante a viagem, descobriu que estava grávida de 13 semanas, sendo
B o progenitor. No dia 11 de Novembro, dirigiu-se a uma clínica em Buenos Aires para praticar um
aborto. Na Argentina, no dia 30 de Novembro de 2021, o Senado aprovou uma lei que veio despenalizar
a interrupção voluntária da gravidez até às 14 semanas.
A regressou a Portugal em Dezembro.
Quando B descobriu que A praticou um aborto, apresentou uma denúncia ao Ministério Público. Pode
Portugal vir a julgá-la por esse crime em março de 2022?
7º argentina
Nacionalidade adquire-se com o nascimento então o feto não é PT

5. Durante anos, A, português, jogador de futebol, infligiu reiteradamente maus tratos físicos e psíquicos
a B, também portuguesa, sua namorada. A última situação aconteceu após uma deslocação de B ao
Dubai (Emirados Árabes Unidos), onde A passou a residir por motivos profissionais. Nessa ocasião, A
impediu B de sair do seu apartamento durante três dias, entre 11 e 13 de junho de 2018.
B, tendo ficado grávida de A durante essa estada no Dubai, em que foi objeto de violência física e
psíquica, decidiu abortar após onze semanas de gravidez. B realizou o aborto em França, onde a
interrupção voluntária da gravidez por motivo de angústia não é punida até à décima segunda semana.
Se a violência doméstica não fosse incriminada no Dubai, seria possível punir A em Portugal por esse
crime (pressupondo que o cometeu durante a estada de Beatriz)? E seria possível punir B pelo crime de
aborto praticado em França?
7º PRATICADO NO DUBAI

6. Isaak Depankadsen é um jovem pugilista de 21 anos com dupla nacionalidade (portuguesa e


norueguesa) que se encontra na Grécia para disputar um combate com Tirastemus Masvoltasapoulos,
pugilista grego.
Terminado o combate, Isaak, enraivecido pela derrota sofrida, cheio de dívidas de jogo e sabendo que
Tirastemus traz sempre no bolso valiosíssimos diamantes, decide furtar as pedras preciosas enquanto o
grego está embriagado a celebrar a vitória. É o que faz no dia 13 de Março de 2019. Na posse dos
diamantes, Isaak volta imediatamente para Portugal, onde vive há vários anos.
Desconfiado de Isaak, Tirastemus, com bastantes contactos em Portugal, não tem problemas em descobrir
o seu paradeiro. Desejoso de reaver os diamantes, viaja até este país no dia 16 de Março de 2019. Vem
acompanhado da namorada grega Grandesdramas, grávida de 4 meses e desde há muito tempo mulher
dada a depressões, pelo que Tirastemus não a quis deixar sozinha.
Muito alarmada com o furto dos diamantes e convencida de que “está tudo perdido”, pois “uma vida sem
diamantes não merece ser vivida”, Grandesdramas interrompe voluntariamente a gravidez no quarto de
um hotel lisboeta em 18 de Março de 2019.
Entretanto, ainda zangado com Tirastemus, Isaak resolve convocar uma conferência de imprensa para o
dia 25 de Março de 2019, na qual revela que em Janeiro de 2018, praticou actos sexuais de relevo com
Papilas Gustativas, jovem irmão de Tirastemus com dupla nacionalidade (grega e portuguesa) que em
Janeiro de 2018 tinha apenas 15 anos. Os actos terão tido lugar no quarto de dormir da casa de
Tirastemus, situada numa ilha grega. Na mesma conferência de imprensa, Isaak regozijou-se ainda por ter
abusado da inexperiência do jovem Papilas.
Em Abril de 2019, zangado com a informação de que o Ministério Público abriu inquérito contra ele pelo
crime de actos homossexuais com adolescentes, Isaak renuncia à nacionalidade portuguesa, solicitando, de
imediato, o registo da sua declaração, o que vem a ter lugar uma semana depois.
Em Setembro de 2019, o Estado norueguês requer a entrega de Isaak para efeitos de procedimento
criminal pelo crime de furto qualificado e pelo crime de actos homossexuais com adolescentes. Na mesma
altura, o Estado grego requer a entrega de Grandesdramas para efeitos de procedimento criminal quanto
ao crime de aborto.
Determine a competência espacial da lei penal portuguesa quanto aos crimes referidos.

7. António, cidadão português de origem catalã, casado com Beatriz, espanhola, funcionária da
embaixada do Peru em Portugal, colaborou juntamente com a mulher, em Barcelona, em actos de
incitamento à desobediência coletiva, no contexto da luta política contra o Estado espanhol, a favor da
independência da Catalunha.
Movido procedimento criminal contra eles pelas autoridades espanholas, refugiaram-se em Portugal,
onde tinham a sua residência habitual.
Suponha que, segundo a lei espanhola, António e Beatriz praticaram o crime de rebelião, cujo tipo legal
consiste, nos termos do artigo 472.º, 5.º, do Código Penal espanhol, em “se alzaren violenta e
públicamente para declarar la independencia de una parte del território nacional” (levantarem-se
violenta e publicamente para declarar a independência de uma parte do território nacional).
Praticaram, A e B, algum dos crimes previstos e punidos nos artigos 308.º e 330.º do Código Penal
português? A lei penal portuguesa é aplicável a A e a B?
308 não aplicado porque PT não se encontra no sentido das palavras
330º- “o estado de direito” também não se aplicava pq seria relativo a Espanha
4º náo se aplica pq foi fora de PT e critério pavilhão
Não se aplica lei avulsa
Não se aplica nenhuma das alíneas do 5
Tribunais portugueses não competentes logo não há aplicação da lei pt

272 e 274- crime de resultado, crime seja consumado

PRESCRIÇÃO
Maior prazo é menos favorável
Mais circunstâncias para suspensão e interrupção é menos favorável
A partir de que momento se faz contagem do prazo- não tem por referência o momento da prática do
facto
Momento da prática do facto para ter em consideração a lei aplicável apenas
Depende do tipo de prescrição- do procedimento criminal é o da consumação porque facto típico
foi realizado e as consequências se verificaram (119º) ; das penas temos decisão absolutória ou
condenatória a partir do trânsito em julgado (122º)

PROTEÇÃO ANIMAL

9º e 66º CRP- proteção dos animais como proteção do ambiente

Reconhecimneto de dever moral imposta ao humano, dignidade da pessoa humana

TC diz que dignidade da pessoa humana não é bem jurídico para efeitos de restrição da lei penal

Bem jurídico enquanto conceito material de crime- 18º nº2

Imunidades
Conceito de exercício de funções mais material

CASOS:

1. Abel, português residente em Vila Real de Santo António, decidiu ir a uma festa em Sevilha.
Ainda em Portugal, resolveu “aquecer a máquina”, consumindo duas garrafas de vinho ao jantar. De
seguida, furtou o carro de Bárbara, portuguesa residente na mesma cidade, e seguiu para Espanha.
Suponha que:

a) Em Aiamonte, Abel foi parado numa operação stop accionada pelas autoridades policiais espanholas e
detectado com um teor de alcoolémia de 1,3 g/l. Abel foi julgado pelo crime de condução sob efeito do
álcool em Espanha e cumpriu, nesse país, integralmente a pena.
Uma vez regressado a Portugal, após cumprimento da pena, poderia ser aberto inquérito penal contra A pelo
crime de furto do veículo?

b) Meses depois da festa, chegou, vindo de Espanha, um pedido de entrega de Abel, para ali cumprir
pena de prisão de 8 meses por crime de coacção sexual (também previsto e punido no artigo 163.º, n.º
1, do Código Penal português) praticado contra Cláudia, espanhola, durante a festa, e punível em
Espanha com pena de prisão de um a cinco anos.
Como deveria ser decidido o pedido de entrega?
A lei portuguesa seria aplicável a esta situação?

12º nº1 alínea G- nacionais quando mandato para efeitos de cumprimento de pena (já tinha sido julgado nos
tribunais espanhois)
Recusa facultativa- se recusasse tinha de se comprometer a impor cumprimento da pena
Em discoteca- presume-se vítima maior de idade
6º nº1- PT não poderia voltar a julgar, limitam-se a confirmar pena que A tinha por cumprir (princípio do
reconhecimento mútuo)

c) Em Aiamonte, Abel foi parado numa operação stop accionada pelas autoridades policiais
espanholas e detectado com um teor de alcoolémia de 1,3 g/l, tendo sido constituído arguido pelo
crime (equivalente, na lei espanhola) de condução perigosa. Foi notificado para comparecer, passados
3 dias, num tribunal espanhol para julgamento. Porém, deixou passar a data, tendo ficado em
Portugal.
Caso Espanha emitisse mandado de detenção europeu contra Abel, para ser julgado pelo crime de con
dução perigosa
(equivalente ao art. 291.º do CP), deveriam os tribunais portugueses cumprir o mandado?
2º 1º parte
Exige-se dupla incriminação que está presente
Não estão presentes opções de recusa facultativa ou obrigatória
13º alínea B- 33º nº3 e 5 CRP
13 alínea G também remete para 33º nº3 e 5 CRP
PT poderia entregar ou entregar apenas se ESP se compromete-se a devolver pessoa caso a pessoa seja
condenada para que o arguido cumpra a pena em Portugal= PRINCÍPIO do reconhecimento duplo mas
proteção dos cidadãos nacionais no cumprimento da pena

d) Abel chegou à festa, onde consumiu várias bebidas alcoólicas. No fim da festa, regressou a casa no
automóvel que tinha furtado a Bárbara. Junto à fronteira, foi interceptado pela GNR, por estar a
conduzir com excesso de velocidade, mas A não parou, fugindo. Quando foi finalmente detido pela
GNR, verificou-se também que tinha uma taxa de alcoolemia superior a 1,2 g/l.
Se Espanha emitisse um mandado de detenção europeu pelo crime de condução perigosa, deveria
Portugal entregar A, sabendo que em Espanha o excesso de velocidade superior ao legalmente
estabelecido em 60km/h em vias urbanas e em 80km/h em vias interurbanas é punido com pena de
prisão de 3 a 6 meses ou multa de 6 a 12 meses?
2º Nº1 primeira parte
2º nº2- previsão de homicídio da alínea O e previsão da pena não pode ter pena máxima superior a 3 anos
DISPENSA DE CONTROLO DE DUPLA INCRIMINAÇÃO
MOTIVOS DE RECUSA FACULTATIVA- é um nacional, 12º alínea H (princípio da territorialidade, resultado
ocorre em Portugal)
Várias infrações- princípio da especialidade, 7º

e) Abel vai à festa com a sua amiga Carla, também portuguesa. Quando iniciam a viagem de regresso a
Portugal, Abel tenta avançar sobre Carla, que rejeita as suas investidas. Irritado, Abel dispara sobre ela com
uma arma cuja detenção é proibida em face das leis portuguesa e espanhola. Chegados a V.R.S.A., Abel
estaciona o automóvel na garagem de casa e transporta Carla até ao seu quarto. Esta acaba por falecer, pelas
10h00 do dia seguinte. Chega, vindo de Espanha, um pedido de entrega de Abel, para ali ser julgado pelo
crime de homicídio de Carla.
Como deve ser decidido o pedido?
f) Seguindo os dados da alínea anterior e sem prejuízo da resposta àquela questão, admita que a entrega de
Abel a Espanha para ser julgado pelo crime de homicídio era realizada.
Será que Espanha poderia julgá-lo, também, pelo crime de detenção ilegal de arma?

g) À saída da festa, Abel convida Daniela e Eva, duas raparigas espanholas que conheceu na festa, para vir
passar uns dias com ele a V.R.S.A. Para tal, as raparigas subtraem um automóvel estacionado no parque da
discoteca e conduzem, seguindo Abel, em direcção a Portugal. De caminho, param numa estação de serviço
em Huelva e pedem quatro sandes de presunto e duas garrafas de água sem intenção de pagar. Abandonam o
carro e fogem no automóvel conduzido por Abel. Chega, vindo de Espanha, um pedido de entrega de
Daniela e Eva para serem julgadas pelos crimes de burla para obtenção de alimentos e bebidas (suponha que
a lei espanhola é idêntica ao art. 220.º) e furto de uso de veículo (art. 208.º, n.º 1 – suponha que a lei
espanhola pune este crime com pena de prisão até 15 meses).
Como deve o tribunal português decidir este pedido?

2. No dia 1 de Janeiro, Anabela, brasileira, agrediu violentamente Carlos, espanhol, durante um passeio
por Lisboa.
No dia 15 de Janeiro, Anabela adquiriu nacionalidade portuguesa.
Em Fevereiro, Portugal recebeu um pedido de entrega de Espanha para julgar Anabela pelo crime de
ofensa à integridade física.
Como deve Portugal decidir o pedido de entrega de Espanha?

3. António, português, constrangeu a sua recente namorada, Bela, luso-marroquina, a manter com ele
relações sexuais, enquanto esta se encontrava semi-inconsciente no sofá da casa de António,
aproveitando que esta tinha ingerido uma quantidade elevada de álcool. Nesse mesmo dia, tendo-se
apercebido do sucedido, Bela apresentou queixa-crime contra António.

a) Sabendo que Marrocos prevê, para o crime de violação de jovens mulheres não casadas, a pena
de prisão perpétua, caso este país viesse a pedir a extradição de António, qual seria, e com que
fundamentação, a resposta de Portugal?
Marrocos não faz parte EU
LEI 144/99- 6º com motivos de recusa conciliado com extradição passiva, 33º e seguintes (PT é estado
requerido)
PROBLEMAS para extraditar A

b) E se Marrocos previsse a pena de morte?

4. Bernardina decidiu colocar fim ao seu casamento de 15 anos com Aníbal. Este não aceitou a separação e
passa a contactar telefonicamente Bernardina, a horas diversas, perturbando quer o seu desempenho
profissional, quer o seu descanso. Após um longo período, Aníbal foi obrigado a passar dois meses no
Japão em trabalho, onde enviou cerca de 150 cartas para a residência de Bernardina. Regressado a
Portugal, Aníbal acabou por ser condenado como autor material de um crime de perseguição, p. e p. pelo
art.154.º-A, nº 1 do CP, na pena efectiva de 2 anos de prisão, tendo já iniciado o cumprimento da mesma.
Em razão do envio das cartas por Aníbal para Bernardina, Japão vem requerer a extradição de Aníbal para
que seja julgado pela prática do crime de perseguição, punido naquele país com pena até 1 ano.
Como deve Portugal decidir?

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