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Esquema para auxiliar a resolução de casos práticos1

1ª Questão: há titulo executivo?


Não -» é necessário intentar uma ação (artigo 10º nº2 e 3º) para conseguir obter
uma sentença que valerá como título executivo.
Sim -» podemos dar início a uma ação executiva (artigo 10º nº4).

2ª Quais são os títulos executivos?


Os títulos executivos estão previstos no artigo 703º. podem ser -» exequibilidade
extrínseca.
a) Sentenças condenatórias (Divergência doutrinária: é importante analisar aqui
o tema das sentenças condenatórias implícitas)
NOTA: cabem aqui sentenças homologatórias. Por exemplo: vale como
título executivo se for uma sentença proveniente de um julgado de paz,
também vale como título o acordo homologado conseguido entre as partes
num julgado de paz.
b) documentos exarados ou autenticados (podem caber aqui testamentos se
estiverem verificados os requisitos)
NOTA: Atenção ao Acórdão que explica como se faz a aplicação da lei no
tempo para documentos que sejam anteriores à entrada em vigor do novo
CPC, ou seja, documentos anteriores a 2013).
c) Títulos de crédito (Divergência doutrinária: questão dos prazos e questão de
saber quando vale como mero quirógrafo e em que termos).
NOTA: Esta divergência é importante porque pode ser a diferença entre ter
ou não ter um título de crédito -» é a diferença entre exequente poder dar
início à ação executiva ou não.
d) Documentos que por disposição especial seja atribuída força executiva (por
exemplo, injunções que funcionam como um procedimento administrativo,
dá-se início a esse procedimento no Balcão Nacional de Injunções, cabe aqui
também as atas das reuniões dos condomínios e especialmente os contratos
celebrados com a Caixa Geral Depósitos.

2.1 Quando o nosso título de crédito é uma sentença:


É necessário analisar os requisitos do artigo 704º para ver se já pode ser executada a
decisão ou não.
Caso seja possível dar início à execução (se não for possivel a priori pode-se conseguir
dar inicio à execução mediante pagamento de caução), temos que ver que obrigações é
que foram reconhecidas na sentença que estamos a executar.
É aqui que entra a exequibilidade intrínseca:

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É um esquema, não está tudo super detalhado, é apenas umas linhas gerais. NÃO DISPENSA O ESTUDO
DO LIVRO DO REGENTE e recomenda-se os esquemas do livro de casos práticos.
A obrigação tem de ser CERTA, EXIGIVEL e LIQUIDA (713º).
Se a obrigação for alternativa (ou seja, não é ainda certa) -» aplica-se o 714º. (façam
remissão aqui para o 539º e 543º nº2 do CC e para o artigo 724º nº1 h) do CPC).
NOTA: A escolha da obrigação pode ser feita pelo credor nos termos do 714º nº3. Se a
obrigação era alternativa, mas a escolha já foi feita antes da Ação executiva, aplica-se o
715º nº 1 a 4 analogicamente.

Quanto a liquidez da obrigação – 716º.


Pode tratar-se de casos de mero cálculo aritmético ou não -» são duas situações
diferentes.
A conversão da obrigação ilíquida tem lugar em fase liminar do processo executivo,
quando não foi possível determinar um valor na ação declarativa.

3ªQuestão: analisar os pressupostos processuais (são os mesmos que em processo civil):


a) Competência do tribunal;
b) Personalidade e capacidade judiciária;
c) Legitimidade (aqui é onde há mais questões e problemas em matéria de
casos práticos)
- Pode haver legitimidade singular, pode haver alguém que seja subsidiariamente
responsável pela divida (fiador) ou pode haver responsabilidade solidária, pode também
haver garantias reais. --» todas estas questões têm impacto na resolução do caso prático.
- Pode haver legitimidade plural (é aqui que é necessário analisar a figura do
litisconsórcio), é importante saber quem é que consta do título de executivo como
devedor, pode haver necessidade de intentar a ação contra o cônjuge do devedor.
- Pode haver cumulação de pedidos contra o executado.

4º Quanto ao executado: como é que este se pode defender contra a ação executiva?
- Pode deduzir OPOSIÇÃO À EXECUÇÃO:
NOTA: não confundir oposição à execução com oposição à penhora, são duas figuras
distintas, com fundamentos também distintos. O momento em que são acionados é
também diferente. O prazo para deduzir cada uma destas oposições também não é igual.
O executado pode não deduzir oposição à execução e deduzir apenas oposição à
penhora, também nada obsta a que deduza ambas as oposições porque elas têm fins
diferentes e correm no processo de forma diferente.
Os fundamentos da oposição à execução estão previstos no 728º e ss - meio
processual através do qual o executado exerce o seu direito de defesa perante o pedido
do exequente. Neste momento aquilo que o executado pretende é que a ação executiva
se extinga. Para deduzir oposição têm de invocar um destes fundamentos.
Se o título executivo for uma sentença -» fundamentos do 729º
Se o título executivo foi outro que não uma sentença -» 731º.
NOTA: o facto de ser apresentado oposição à execução não suspende automaticamente
a ação executiva em curso, ela continua a correr a não ser que esteja previsto uma das
situações do 733º.
A execução extingue-se se o executado decidir pagar voluntariamente a quantia em
divida.

O executado pode deduzir oposição à penhora nos termos do 784º e ss.


Questões que têm de ser aqui analisadas:
- Saber quais são os bens suscetíveis de penhora -» 736º e ss
- Saber se há comunicabilidade da divida entres os cônjuges, saber se há
garantias reais a incidir sobre os bens a penhorar, ver se há um fiador.
- Ver se a penhora não viola os princípios gerais da proporcionalidade,
adequação. Por exemplo: se há uma casa e um carro suscetíveis de penhora, mas o valor
do carro é suficiente para pagar a divida -» o carro é que deve ser penhorado.
O exequente é que identifica os bens que quer ver penhorados. Mas há uma ordem pela
qual se penhora que tem de ser respeitada, 751º.
Para deduzir oposição à penhora invoca os fundamentos previstos no 784º. Trata-se de
um incidente declarativo da execução, o executado vai defender -se de um ato de
penhora.

É importante analisar a forma do processo em causa para perceber em que momento é


que o executado é citado (o executado pode ser citado já depois dos bens estarem a ser
penhorados) -» isto é uma garantira do exequente, permite que o executado não retire
bens do seu património de forma a não garantir o direito do exequente.

- Embargos de terceiro – meio de reação contra um ato, judicialmente


ordenado, de apreensão ou entrega de bens que se fundamentam numa posso ou num
direito incompatível do terceiro sobre o bem penhorado e visam impugnar a legalidade
da penhora e obter o seu levamento – artigo 342º e ss.
Se há um bem que foi penhorado, e esse bem não e propriedade do executado, este
terceiro pode defender-se desta forma --» têm que estar preenchidos os requisitos.
- Ação de reivindicação- o proprietário ou titular de qualquer direito real a
requer judicialmente de qualquer possuidor ou detentor da coisa o reconhecimento do
seu direito de propriedade e a consequente restituição do que lhe pertence.
Entre embargos e ação de reivindicação – nos embargos não se pede o reconhecimento
do direito real, ataca-se mais diretamente a penhora de forma a restituir o bem que não é
propriedade do executado --» são alternativos, os embargos levam à suspensacao da
execução contra o bem penhorado.

5ª Questão: Reclamação de créditos e concurso de credores.


O património é a garantia real de todas as obrigações. Quantos mais bens forem
vendidos mais possibilidades haverá de pagar a todos os credores do executado. Nem
todos os credores estarão na mesma posição entre eles.
O concurso de credores permite chamar todos aqueles que tenham um direito de crédito
sobre o executado.
Aqui é importante observar qual é a natureza do direito de crédito que cada credor tem e
analisar as garantias reais que possam estar subjacentes.
Depois de todos estes passos procede-se à graduação de créditos: vai-se estabelecer a
ordem pela qual se vai satisfazer os vários direitos de crédito que estão a concorrer
contra o mesmo executado – 791º.

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