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As Garantias Pessoais
Date @July 11, 2022
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Fiança
A fiança apresenta-se como a garantia pessoal típica, sendo regulada nos arts. 627º a
655º do CC. É uma garantia pessoal das obrigações, através da qual um terceiro
assegura a realização de uma obrigação do devedor, responsabilizando-se
pessoalmente com o seu património por este cumprimento perante o credor.
A fiança tem como características principais a acessoriedade e a subsidiariedade. A
acessoriedade aparece referida no art. 627º/2, que nos diz que ‘’a obrigação do fiador é
acessória da que recai sobre o principal devedor’’ → A obrigação do fiador apresenta-
se na dependência estrutural e funcional da obrigação do devedor, sendo determinada
por essa obrigação em termos genéticos, funcionais e extintivos.
A subsidiariedade reconduz-se à possibilidade de o fiador invocar o benefício da
excussão, conforme resulta do art. 638º, impedindo o credor de executar o património
do fiador enquanto não tiver tentado sem sucesso a execução através do património do
devedor [745º CPC]. A subsidiariedade é excluida quando a fiança respeitar a
obrigação comercial [101º CCom.].
A lei afasta mesmo o benefício da excussão se a fiança disser respeito a obrigação
comercial, na medida em que o art. 101º CCom. estabelece que ‘’todo o fiador de
obrigação mercantil, ainda que não seja comerciante, será solidário com o respetivo
afiançado’’. Trata-se de um regime mais benéfico para o credor da obrigação comercial,
a qual estabelece uma solidariedade imprópria entre fiador e devedor principal.
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O mandato de crédito
Encontra-se previsto no 629º do CC, cujo nº 1 refere que ‘’aquele que encarrega
outrem de dar crédito a um terceiro, em nome e por conta do encarregado, responde
como fiador se o encargo for aceite’’.
A garantia autónoma
Por vezes designada garantia bancária autónoma, esta garantia ocorre quando
determinada entidade [geralmente uma instituição bancária ou financeira] vem garantir
pessoalmente a satisfação de uma obrigação assumida por terceiro,
independentemente da validade ou da eficácia desta obrigação e dos meios de defesa
que a ela possam ser opostos, assegurando assim que o credor obterá sempre o
resultado do recebimento dessa prestação. Não se encontrando prevista na lei, a sua
admissibilidade resulta do princípio da autonomia privada.
A garantia autónoma é, no essencial, um contrato celebrado entre o interessado – o
mandante – e o garante, a favor de um terceiro – o garantido ou beneficiário. Por vezes
, ele é configurada como um contrato celebrado entre o garante e o beneficiário ;
porém, é o mandante que o garante recebe a comissão.
A doutrina tem costumado distinguir, no âmbito da garantia autónoma, entre as
garantias relativas a uma oferta [bid bonds], as garantias de boa execução,
[performance bonds], e as garantias de reembolso [repayment bonds]. A garantia
autónoma é um negócio causal não acessório, cuja distinção da fiança reside
precisamente na ausência de acessoriedade.
Modalidades:
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Cartas de conforto:
A carta de conforto é uma missiva dirigida a uma instituição de crédito por uma
entidade que detém interesses dominantes ou significativos numa terceira entidade.
Consistem em situações em que alguém por alguma forma presta um conforto ao
credor em relação ao facto de outrem vir a cumprir uma obrigação que tem perante
aquele, o que se tem tornado frequente nos grupos de sociedades. Delas resulta um
compromisso assumido por uma parte e validamente aceite pela outra, o que
demonstra a sua juridicidade.
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