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O termo obrigação é utilizado tanto na linguagem corrente, como pelo direito, em sentidos
diversos:
Dever jurídico – imposição pela ordem jurídica a uma pessoa de observar determinado
comportamento (ex. comprador pagar o preço).
Quando a ordem jurídica confere às pessoas o interesse e o poder de disporem de
meios coercivos que o protegem, diz-se que ao dever corresponde um direito
subjectivo.
Estado de sujeição – consiste na sujeição inelutável de uma pessoa ter de suportar na sua
esfera jurídica a modificação operada com o poder conferido a uma outra pessoa –
direitos potestativos (ex. direito a requerer o divórcio).
Ónus jurídico – consiste na necessidade de observância de certo comportamento ou de
manutenção de uma vantagem para o próprio onerado (ex. denúncia dos defeitos sob
pena de caducidade).
Nos termos do disposto no art.º 397º CC “obrigação é o vínculo jurídico por virtude do qual
uma pessoa fica adstrita para com outra à realização de uma prestação”.
CARACTERÍSTICAS DA “OBRIGAÇÃO”
SUJEITOS
OBJECTO
Objecto é tudo aquilo sobre que incidem os poderes do seu titular activo.
Importa salientar que o credor não tem um direito sobre a coisa devida, mas apenas um
direito à respectiva prestação.
As prestações podem ser de factos ou de coisas; as prestações de facto podem ser negativas
(consistindo numa omissão ou abstenção) ou positivas (acção).
FACTO JURÍDICO
Para que uma relação jurídica obrigacional se transforme de abstracta em concreta é sempre
indispensável a existência de um facto jurídico que lhe dê origem.
Regra geral trata-se de factos jurídicos voluntários, que podem ser lícitos ou ilícitos.
GARANTIA
A execução tem por base a apreensão de bens do devedor: em primeiro lugar da própria coisa
devida; mas apreender-se-ão outros valores se aquela não for encontrada ou se não for
suficiente para liquidar a dívida (porque foi pedida indemnização, porque sofreu uma
desvalorização, etc…).
Reais: consignação de rendimentos (656ºcc), penhor (666º cc) hipoteca (686º cc),
privilégios creditórios (733º e 736º cc) e direito de retenção (754º cc).
OBRIGAÇÕES NATURAIS
As obrigações naturais são aquelas que se fundam num mero dever de ordem moral ou social,
cujo cumprimento não é judicialmente exigível, mas corresponde a um dever de justiça –
artº402º cc.
Também são designadas de obrigações imperfeitas (para as distinguir das obrigações civis).
As obrigações naturais constituem, assim, casos intermédios entre os puros deveres de ordem
moral ou social e os deveres jurídicos.
São exemplos de obrigações naturais previstas pelo legislador: as dívidas prescritas, dívidas de
alimentos que não constituam obrigações civis, dívidas provenientes de certos contratos de
jogo ou aposta não feridos de ilicitude (artº 1245º cc).
O jogo e a aposta não são contratos válidos nem constituem fonte de obrigações civis; porém,
quando lícitos, são fonte de obrigações naturais, excepto se neles concorrer qualquer outro
motivo de nulidade ou anulabilidade, nos termos gerais de direito, ou se houver fraude do
credor na sua execução.
Ao contrário da obrigação civil, a obrigação natural não detém a chamada garantia jurídica,
através da qual o credor pode exigir o cumprimento da prestação, responsabilizando
judicialmente, em caso de inadimplemento, o património do devedor.
Assim sendo, na obrigação natural existe o “debitum”, mas não existe a “obligation”, uma vez
que não há a chamada protecção jurídica.
Uma das características das obrigações naturais é a não repetição do indevido, isto é, se o
devedor efectuar de livre vontade o pagamento, não goza do direito de repetição, ou seja, dito
por outras palavras, não pode exigir a devolução do que pagou.
A lei manda aplicar às obrigações naturais o regime das obrigações civis em tudo o que não se
relacione com a realização coactiva da prestação, salvas as excepções previstas na lei – artº
404º.
Várias são as modalidades que as obrigações podem revestir. Dentro delas, importa distinguir
entre obrigações singulares e plurais.
Dentro das obrigações plurais devemos distinguir entre obrigações conjuntas ou solidárias.
Fungíveis - aquelas em que as prestações podem ser realizadas por outrem que não o
devedor, podendo assim este fazer se substituir; (O devedor pode-se fazer substituir
art.º 207 CC)
Infungíveis - aquelas em que só o devedor pode realizar a prestação (prestação de
trabalho).
Prestações instantâneas - aquelas cuja execução ocorre num único momento (entrega
da coisa na compra e venda);
Prestações duradouras - aquelas cuja execução se prolonga no tempo (pagamento das
rendas no contrato de locação).
Resulta do disposto nos artºs 280º e 400º que a prestação não necessita de se encontrar
determinada no momento da conclusão do negócio.
São fontes das obrigações os factos jurídicos que lhes podem dar origem, de onde elas
derivam.
CONTRATOS
Diz-se contrato o acordo vinculativo (quem se obrigou tem que cumprir) assente sobre duas ou
mais declarações de vontade (oferta ou proposta, de um lado; aceitação, do outro),
contrapostas mas perfeitamente harmonizáveis entre si, que visam estabelecer uma
composição unitária de interesses.
Aceitar
A proposta tem 3 opções: Não Aceitar
Contraproposta (Se fizer, anulo automaticamente a anterior proposta)
O Código Civil português vigente não define expressamente a figura do contrato. Além de
admitir a constituição de obrigações com prestação de carácter não patrimonial (art. 398º/2
CC), considera expressamente como contratos o casamento (art. 1577º CC), do qual brotam
relações essencialmente pessoais, bem como o pacto sucessório (art.s1701º, 2026º, 2028º CC),
que é fonte de relações mortis causa.
O contrato pode ser hoje, por conseguinte, não só fonte de obrigações (da sua constituição,
transferência, modificação ou extinção), mas de direitos reais, familiares e sucessórios.
Os contratos podem ser:
Quanto aos efeitos: (art.º 879º CC) – Contratos Reais ou Obrigacionais - consoante a
situação jurídica se reconduza a um direito real sobre uma coisa ou apenas dê origem a
direitos de crédito ou obrigações.
Típicos ou atípicos: consoante tenha um regime que se encontra previsto na lei, sendo
atípico quando tal não acontece (a franquia, por exemplo).
Típicos – Regime jurídico previsto na lei.
Atípicos – Não têm regulamentação jurídica própria.
Contratos mistos: aquele que reúne em si regras de dois contratos total ou parcialmente
típicos, assumindo-se dessa forma como um contrato atípico, por não corresponder
integralmente a nenhum tipo contratual regulado por lei.
A propósito dos contratos, devemos ter em conta o princípio da liberdade contratual
(autonomia da vontade):
São aqueles em que há, somente, a manifestação de uma vontade, ou havendo várias
declarações de vontade, todas elas têm o mesmo conteúdo.
Também não se confundem com o contrato unilateral (aquele que sendo um negócio bilateral
apenas contem obrigações para uma das partes – p.e. a doação)
Nos negócios jurídicos unilaterais não vigora o princípio equivalente aos contratos liberdade
negocial; vigora o princípio do numerus clausus – art.º 457º.
- Ou tipicidade (tipo de negocio fechado “são aqueles”).
O testamento;
O contrato a favor de terceiro;
A promessa pública;
Os concursos públicos;
O pacto de preferência (apenas em determinadas situações).
Testamento
É o negócio jurídico unilateral em que alguém, para depois da sua morte, dispõe,
livremente, de parte ou da totalidade do seu património.
Testamento Herdeiros
legitimários
(Art.º 2157)
Não obstante o artº 2179º referir que o “testamento é o acto unilateral e revogável …”, a
sua natureza jurídica é de um negócio jurídico unilateral.
Havendo herdeiros legais, apenas se pode dispor livremente da quota disponível.
É um negócio mortis causa, só produz efeitos quando o testador morre.
O regime jurídico do testamento encontra-se regulado nos artºs 2179º e ss
É o negócio em que uma das partes assume perante outra a obrigação de efectuar uma
prestação a favor de terceiro estranho ao negócio – artº 443º.
É um negócio bilateral, mas perante o terceiro beneficiário apresenta-se como um
negócio unilateral.
São exemplos os contratos de seguros de acidentes pessoais ou de vida.
Estranho ao negócio
(não tem intervenção)
Se A morrer, B
indemniza C