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Importa agora encontrar elementos que nos permitem distinguir a existência de Obrigação
tratada à luz do D.O.e de outras obrigações não tratadas no D.O. ou elementos
identificadores.
A. Patrimonialidade
Com a entrada em vigor no Nº2 do art.º398 CC, a característica patrimonialidade
deixou de ser elemento distintivo e indispensável.
B. Autonomia
Pressupõe que só é autónoma a obrigação que liga pelo menos 2 sujeitos de modo
originário. Isto é, liga-os sem que entre eles exista qualquer outro vínculo jurídico ou
mesmo que exista é irrelevante para a obrigação em causa.
Ex.: Contrato de compra e venda, Venda entre 2 irmãos. O vínculo jurídico do foro
familiar entre ele existente não afeta o vinculo jurídico resultante do contrato compra
e venda.
Diz-se que a obrigação é não autónoma quando a sua criação depende diretamente
da existência de uma outra RJ (não obrigacional) que existe previamente em relação
ao vínculo agora ocorrido. Art.º2003
Art.1411, n11- A obrigação prevista nesta norma existe porque depende da
existência prévia entre os mesmos sujeitos ou de uma outra RJ não obrigacional já
existente.
C. Disponibilidade~
Quanto á disponibilidade deve dizer-se que é tipicamente própria das obrigações.
Porém, a existência de algumas exceções determina que a disponibilidade ao
contrário da autonomia não é elemento diferenciador das obrigações.
…esquema …
O credor é o sujeito ativo de uma R.J.O e o seu direito subjetivo é aqui tratado como
direito de credito. É, em regra, o único sujeito que pode exigir do devedor a realização da
prestação.
O devedor é o sujeito passivo da R.J.O e em regra, é o único a quem o credor pode
exigir a prestação. Há, porém situações várias das quais resulta que o credor possa
também exigir a realização da prestação num todo ou em parte a pessoa diversa do
devedor, por exemplo, a um fiador ou a um devedor.
Objeto da RJO
O objeto da RJO corresponde à prestação devida pelo devedor. Este é o sentido amplo da
RJO. É aquilo sobre que incidem os poderes do sujeito ativo da RJO (credor).
O objeto imediato consiste em abstrato na prestação devida, isto é, na atividade ou
conduta a que o devedor se acha adstrito com vista à satisfação do interesse do credor.
O objeto mediato incide na coisa ou no facto que deve ser prestado.
Tipos de prestação:
a) De dar: que existe quando o devedor entrega ao credor uma coisa que é do credor
ou passa a ser dele pela circunstância da própria entrega.
Ex.: A prestação a que está obrigado o vendedor no contrato de compra e venda.
(Art.405/408)
b) De prestar: verifica-se quando o devedor entrega ao credor uma coisa para que ele
a use e restitua em determinado momento.
Ex.: Contrato de arrendamento; contrato de aluguer; contrato de comodato
c) De restituir: verifica-se quando o devedor restitui ao credor a coisa que tinha tido
em seu poder em resultado de uma qualquer causa jurídica.
Ex.: O locatário restitui ao locador a coisa locada ou quando o comodatário restitui ao
comodante a coisa que se lhe havia sido emprestada.
Interessa saber qual o tipo de prestação para se apurar se está ou não sujeita a execução
forçada. Dito de outro modo, se o devedor não se dispuser a realizar voluntariamente a sua
prestação, pode em alguns casos, o credor, pedir num tribunal que a prestação seja
realizada por um terceiro à custa do devedor. Porém há casos em que a prestação não
pode ser realizada por um terceiro, porque não satisfaz o melhor interesse legítimo do
credor e portanto não é possível a execução forçada.
A medida de obrigação deste terceiro e até mesmo do próprio devedor é vista em pelo
menos duas acessões distintas:
a. Obrigação de meios ou de diligência
b. Obrigação de resultados
Na primeira (a) o devedor está vinculado a praticar certa diligência como também teria
praticado em qualquer homem médio minimamente diligente.
Na segunda (b) o devedor obriga-se não só a ser diligente, mas também a alcançar o
resultado pretendido pelo credor.
Para que a seja válida é necessário que o seu objeto cumpra determinados requisitos, tais
como:
a) Lícito- quando não violar nenhuma norma de carácter proibitivo ou quando não
violar direito de terceiros.
b) Possível- quando for suscetível de ser realizada humanamente a prestação em
causa.
c) Determinável- de acordo com o art. 400, o objeto da RJO tem de ser
determinável/determinado.
Ainda que não seja comum a toda a doutrina, podemos ainda falar das prestações
relativamente infungíveis. Para quem aceita esta subespécie, diremos que são
relativamente infungíveis as prestações que não podem ser realizadas por um
qualquer terceiro, mas já podem por um determinado conjunto de terceiros.
Garantia
A garantia na RJO, enquanto elemento da teoria geral da relação jurídica, não é
rigorosamente nada diferente de uma qualquer outra relação jurídica. Quer isto dizer que ao
credor o estado coloca à disposição o aparelho jurisdicional coercitivo com vista à efetiva
concretização do direito de crédito.
Se o devedor não cumprir a sua obrigação (realizar a prestação a que está adstrito) pode o
credor em especial recorrer a dois tipos de ações judiciais:
1) Ação judicial condenatória (ação declarativa)
2) Ação executiva
Na 1° o credor (autor/demandante) pede ao tribunal que condene o devedor
(réu/demandado) na realização da prestação devida. Uma vez obtido provimento nessa
ação, obtém-se sentença judicial. Se ainda assim o devedor não cumprir pode então o
credor socorrer se da ação executiva que é um processo através do qual o credor obtém a
apreensão jurídica e econômica dos bens do devedor ou do terceiro para que à sua custa
(dos bens) veja satisfeito o seu direito de crédito. O credor nesta ação é designado por
exequente e é proposto contra o devedor que aqui assume a designação de executado.
O direito de crédito é satisfeito em última análise com recurso à imobilização ou até à
alienação forçada dos bens do devedor suscetíveis de penhora. O artigo 601 orienta nos no
que respeita aos bens suscetíveis de penhora.
Há que destacar o seguinte:
a) Bens absolutamente impenhoráveis
b) Bens parcialmente impenhoráveis
c) Bens relativamente penhoráveis
Quanto à alínea a) destacamos os bens indispensáveis à vida do devedor como por
exemplo: roupa, imóveis, móveis essenciais, bens relativos ao culto da religião e os bens
de insignificante valor econômico.
São exemplos da b) os rendimentos do trabalho ou afins e quanto à c) os bens do estado
ou de outras pessoas coletivas públicas a não ser que se trate de ação judicial para
pagamento de quantia certa ou para pagamento de dívidas com garantia real.
A satisfação do direito de crédito do credor pode ser feita em última instância à custa do
património do devedor ou até de um terceiro. Sendo esse o conteúdo do site de crédito, isto
é, tendo um qualquer credor a expectativa legítima de no limite ver satisfeito o seu direito de
crédito à custa do património do devedor, o CC consagra determinados mecanismos
colocados ao dispor do credor conhecidos por meios de conservação da garantia
patrimonial do credor. São eles:
1) Declaração de nulidade (605)
2) Sub Rogação (606-609)
3) Impugnação pauliana/ ação pauliana (610 e ss.)
4) Arresto (619 e ss.)- providência cautelar especificada
Embora se pudesse retirar do 286 a legitimidade do credor para propor a ação judicial com
vista à declaração de nulidade de negócio jurídico celebrado pelo devedor o artigo 605
acaba por resolver eventuais dúvidas interpretativas do 286 e consagra o direito do credor
de propor a ação judicial pedindo ao tribunal que declare nulo determinado negócio jurídico
celebrado pelo devedor que esteja viciado de tal modo que a lei determine a sua nulidade.
Este mecanismo permite que o credor mantenha a sua garantia patrimonial ao ver
destruídos os efeitos jurídicos do negócio que o devedor tenha celebrado e portanto vê o
credor o património do devedor em condições de o poder usar mais tarde em caso de
incumprimento.
A lei permite ao credor no exercício dos direitos de crédito que o devedor (enquanto credor
noutra RJO) não esteja a exercer. Não esteja a exercer com o propósito de não ver
aumentado o seu património e com isso, prejudicar a garantia patrimonial do credor. Em
regra, só o credor e não um terceiro é que tem o direito de exigir do devedor a realização da
respetiva prestação. Ora com base nesse princípio e não fosse a sub rogação e o credor
(aqui terceiro) não poderia exigir que o devedor realizasse a prestação junto daquele que
figura como credor numa outra RJO. Porém mesmo que o credor, se substitua sub-
rogatoriamente a prestação é realizada na pessoa do "devedor" e não dá pessoa do
"credor".
Há no entanto alguns direitos que não podem ser exercidos sub rogatoriamente pelos
credores, exemplos: direito a alimentos, direito de aceitar uma herança e o direito de
resolver um negócio jurídico.
A generalidade dos direitos de cariz patrimonial pode ser exercida sub rogatóriamente, mas
só se o exercício sub rogatório for essencial à satisfação do direito do credor, isto é, for
essencial para a conservação da garantia patrimonial do credor.
Do 609 resulta ainda aspeto relevante. Se um credor exercer sub rogatoriamente um direito
e em consequência disso ingressar no património do devedor determinado bem, este bem
não fica privilegiadamente ao dispor do credor.
Os artigos 610 e seguintes consagram a impugnação/ação pauliana. Com ela pode o credor
impugnar certos atos do devedor que envolvam uma diminuição do seu património de tal
modo que por força desse ou desses atos possa o credor não conseguir ver satisfeito o seu
direito ou agravada a possibilidade de vir a ser.
Para que a impugnação pauliana proceda é necessário que:
a) O ato impugnável resulte na impossibilidade de satisfação do direito de crédito ou no
agravamento dessa impossibilidade
b) O direito de crédito seja anterior ao ato a impugnar, ainda que o direito de crédito
seja posterior ao ato de impugnar, o ato em si tenha sido praticado com má fé e com
vista à inviabilização do cumprimento da obrigação.
Do artigo 612, e a propósito da má fé há que ter em atenção o seguinte:
a) Se o ato a impugnar for gratuito há lugar à impugnação
b) Se o ato a impugnar for oneroso só há lugar à impugnação se houver má fé do
devedor e do terceiro
Do artigo 616, decorrem os efeitos jurídicos da impugnação quanto à pessoa do credor.
Assim, se a impugnação for procedente o ato impugnado é destruído e o património que
havia saído das esfera do devedor a ela regressa. Ao contrário da sub-rogação, o credor
tem privilégio em relação a outros credores do mesmo devedor em relação aos bens que
regressaram à esfera patrimonial do devedor por via da impugnação pauliana.
O arresto é também ele um meio de conservação da garantia patrimonial do credor mas
enquanto medida preventiva, isto é, pede se ao tribunal que decrete a imobilização jurídica
e económica do património do devedor como objetivo de evitar que o devedor pratique atos
ilícitos de diminuição patrimonial. É uma medida profilática. É necessário demonstrar em
juízo o justo receio que o credor tem na futura prática de atos lesivos dos interesses do
credor.
Os efeitos jurídicos do arresto estão previstos no artigo 622.
As obrigações naturais são relevantes para o direito das obrigações por causa da
irrepetibilidade da conclusão. Falamos delas logo a seguir a termos abordado a garantia
enquanto elemento de uma RJO, para chamar à atenção que esse elemento não se mostra
presente se em causa estiver uma obrigação natural.
Ainda que residual, o artigo 629, a propósito do mandato de crédito, encerra em si mesmo
uma garantia especial de natureza pessoal. [Havia outra garantia pessoal (655) mas foi
revogada em 2006.]
Hipoteca
De acordo com o NR.1 do art.686, a hipoteca, confere ao credor o direito de ser pago
pelo valor de certas coisas imóveis, ou equiparadas (móveis sujeitos a registo)
pertencentes ao devedor ou a terceiro com preferência sobre os demais credores que
não gozem de privilégio especial ou de prioridade de registo.
Se o bem hipotecado uma vez vendido "render" mais do que o valor da dívida ao
remanescente concorrem os demais credores em pé de igualdade (se os houver).
Dispõe o art.687 que a hipoteca deve (tem de) ser registada sob pena de não produzir
efeitos mesmo em relação às partes. Quer isto dizer que o registo da hipoteca tem uma
eficácia constitutiva e não meramente declarativa (dar a conhecer). O nosso sistema registal
de bens tem como princípio fundamental o de dar a conhecer a realidade jurídica dos bens,
embora quase sem exceções o registo não sirva para transmitir, constituir ou modificar
direitos sob esses bens.
O CC apresenta 3 espécies distintas de hipotecas:
a) Hipotecas voluntárias (712 e seguintes)
b) Hipotecas judiciais (710-11)
c) Hipotecas legais (704 e seguintes)
Para além do penhor e da hipoteca há outras garantias reais previstas no CC:
a) Consignação de rendimentos (656 e seguintes)
b) Privilégios creditórios (733 e seguintes)
c) Direito de retenção (754)
Na consignação de rendimentos não é um bem ou um conjunto de bens que fica
especialmente afetado ao cumprimento da obrigação, mas sim, o rendimento de certo bem
como é exemplo a renda de uma imóvel arrendado.
A consignação de rendimentos é voluntária ou judicial.
Quanto aos privilégios creditórios, a lei concede a certos credores um direito de serem
pagos preferencialmente em relação aos restantes credores e relativamente ao mesmo
devedor. Podem ser mobiliários ou imobiliários nos termos no art.735, pelo que
respetivamente responderam os bens móveis e os bens imóveis.
Dos artigos 736-38 encontramos quais os credores com privilégios creditórios gerais e os
credores abrangidos por privilégios creditórios especiais.
Quando o privilégio creditório recair sobre imóveis, nunca pode incidir sobre todos mas
apenas parte. É por isso que o privilégio creditório imobiliário não é nunca um privilégio
geral, mas sim especial.
O direito de retenção é visto como garantia real na medida em que confere ao credor o
direito de conservar no seu domínio determinado bem, não o devolvendo enquanto a
prestação devida não for realizada.
A lei é uma das principais fontes das obrigações, mesmo que em causa estejam obrigações
que não são tratadas no direito das obrigações por não terem a exigida autonomia. É
exemplo disso mesmo a obrigação de alimentos.
Um dos principais factos jurídicos voluntários e muito comum são os contratos. São pois
negócios jurídicos bilaterais que contém duas ou mais declarações de vontade, distintas
entre si. Mas convergentes para um objetivo comum. Qualquer contrato é produtor de
obrigações, mesmo nos casos raros de contratos unilaterais.
O nosso ordenamento jurídico e no tange ao direito civil apresenta duas distintas
estratégias, por um lado a previsão de contratos e do seu regime jurídico (contratos típicos)
e por outro lado a previsão de um princípio estruturante conhecido como liberdade
contratual (405). Deste princípio resulta três outras liberdades ou manifestações:
a) A liberdade de celebração
b) A liberdade de modelação (ou de estipulação)
c) A liberdade de criação de negócios não tipificados (atípicos)
Como qualquer outro princípio também este sofre limitações. Encontramos por um lado
limitações à liberdade de celebração, mas também, por outro à liberdade de estipulação. A
lei pode proibir ou impor a celebração de certos contratos. Assim esta limitação pode ser
respetivamente negativa ou positiva. É positiva quando impõe a celebração de certos
contratos como são exemplos os seguros de acidentes de trabalho e os seguros de
responsabilidade civil automóvel … ou proíbe a celebração de determinados contratos,
como é exemplo o que se prevê no artigo 877.
A liberdade de estipulação permite que se possam misturar ou juntar contratos tipificados e
ou com contratos não tipificados.
Contrato promessa
(art.410 e seguintes)
Caso prático:
António prometeu vender a Berto que por sua vez prometeu comprar um terreno destinado
à construção de um edifício.
a) Enuncie o princípio da equiparação e indique qual a forma deste contrato promessa.
b) Indique justificadamente se a esse contrato promessa se aplica o disposto no
art.410 NR.3. (não)
Do 410 NR.3 resulta ainda que é nulo o contrato promessa se não forem observadas as
formalidades nele exigidas. O regime da nulidade dos negócios jurídicos, mostrá-las
previsto no artigo 286. Dele resulta que qualquer interessado a pode invocar a todo o
tempo, assim como e também a todo o tempo deve o tribunal conhecê-la oficiosamente.
A circunstância de se permitir que o promitente transmitente que é evidentemente um
interessado, que invoque a nulidade tão só quando prove que foi incumprido o 410/3 por
causa/culpa do promitente adquirente, é em si mesma uma exceção ou especialidade face
ao regime regra do art.286. Se não pode invocar a nulidade a não ser que o promitente
transmitente prove a culpa do outro, também não devo o tribunal conhecer oficiosamente da
nulidade ao contrário do princípio enunciado no art.286. A ratio do art.410/3 ao exigir que
um dos interessados tenha de provar a culpa do outro, não pode ser subvertida ou "letra
morta" se se admitisse que o tribunal a pudesse conhecer oficiosamente. Pretendeu o
legislador limitar o promitente transmitente no direito de invocar a nulidade e o
conhecimento oficioso do tribunal não pode fazer desaparecer essa limitação. É por estas
duas circunstâncias que se pode afirmar que o art.410/3 contém tratamento especial de
nulidade.
O objetivo primordial neste caso é permitir que quaisquer terceiros possam conhecer que
alguém prometeu vender a outrém que prometeu comprar determinado bem imóvel ou
móvel sujeito a registo e que as partes pretenderam atribuir-lhe eficácia real.
A 2 parte do NR.2 do 442, contempla uma alternativa prevista no nr.1. Dito de outra maneira
pode o promitente não faltoso em vez de exigir o dobro do que prestou a título de sinal,
pode exigir que o faltoso lhe devolva o sinal em singelo acrescido da diferença entre o preço
fixado ao tempo da celebração do contrato promessa e o preço determinado ou
determinável ao tempo do incumprimento da promessa. No entanto esta alternativa
estabelece uma condição "sine qua non" qual seja a de ter havido para a pessoa do
promitente adquirente a tradição da coisa objeto do contrato.
A exigência do sinal em dobro ou a exigência para poder fazer seu o sinal entregue só é
possível quando a obrigação em falta se mostrar definitivamente incumprida. Esse
incumprimento definitivo pode resultar:
a) De uma impossibilidade superveniente culposa do cumprimento da obrigação
b) Se for advertido o faltoso e o incumprimento do prazo suplementar que lhe é
conferido implica que o não faltoso perde o interesse no negócio e com isso
transforma o incumprimento temporário em incumprimento definitivo.
Deste art. 798, não resulta nenhum prazo objetivamente determinado. Significa que
casuística mente e com recurso ao paradigma do homem médio ao incumpridor deve ser
conferido prazo passível de ser cumprido por qualquer outra pessoa minimamente diligente
que estivesse colocada na posição do incumpridor. A falta da consequência determina a
manutenção do incumprimento temporário.
Remissão: 442-798 contrato promessa- execução específica (escrever)
O art.830 tem por epígrafe contrato promessa. Facilmente se conclui que o regime do 830 é
exclusivamente aplicável aos contratos promessa. Interpretado que seja o NR.1 retira se
que a ação judicial em causa não se limita a formular um pedido condenatório
consubstanciado na realização do contrato prometido. O que se pretende com a execução
específica é que todos os efeitos decorrentes do contrato prometido que não está a ser
realizadado ocorram mesmo que para isso não concorda/interesse a vontade do promitente
faltoso. É esta característica de coercitividade próxima do elemento identificativo de uma
qualquer ação executiva que ganha sentido a expressão doutrinária e jurisprudencial de
execução específica.
Ao contrário do que acontece com a aplicação do NR.2 do 442, só é possível usar o
mecanismo do 830 se e só se ainda for possível a celebração do contrato prometido, isto é,
ainda for possível que as partes celebrem o contrato que se obrigaram a celebrar. Quer isto
dizer que em causa não pode estar o incumprimento definitivo nem a impossibilidade de
cumprimento.
Para que seja possível lançar mão do 830, é ainda importante verificar se houve ou não
sinal se as partes em relação ao 830 se pronunciaram ou se o contrato promessa em causa
se enquadra no 410/3.
Interpretados os NR.1/2/3 do 830, podemos concluir:
a) A existência de sinal num contrato promessa é em princípio suficiente para que não
haja lugar à execução específica.
b) A inexistência de sinal num contrato promessa é, em princípio, fator que permite a
aplicação do 830.
c) Se o contrato promessa disser respeito ao 410/3, a existência ou não sinal ou a
vontade das partes é irrelevante na medida em que se admite sempre a existência
do 803.
Não nos podemos esquecer que não se tratando de contratos promessa do 410/3 o que se
concluiu atrás mas alíneas a e b pode ser alterado por vontade expressa das partes.
Para além da circunstância de incumprimento temporário e desta questão do sinal é ainda
elemento afastador do regime da execução específica se a tal se o opuser a própria
natureza da obrigação em falta.
Para além dos contratos, também dos negócios jurídicos unilaterais podem resultar
obrigações para o interveniente. A sua criação em abstrato considerada resulta da
aplicação dos princípios da autonomia da vontade e da liberdade contratual. O mesmo se
passa com os contratos. Porem, há uma forte limitação quanto há criação de negócios
jurídicos unilaterais dos quais resultem obrigações para o interveniente.
Assim, e tão só quando nos negócios jurídicos unilaterais emergirem obrigações,
temos de aplicar enquanto restrição ao princípio do 405º o disposto no 457º. Dito de outro
modo, os negócios jurídicos unilaterais dos quais resultem obrigações para o interveniente
obedecem ao princípio da tipicidade, isto é, só se admitem os negócios jurídicos previstos
na lei.
Para o gestido:
a) Se a gestão tiver sido regular (foram cumpridas todas as obrigações do gestor),
O gestido fica constituído perante o gestor na obrigação de reembolsar todas as
despesas suportadas (nº1 do 468º)
b) Indemnizar o gestor pelos danos sofridos durante a gestão (parte final do nº1 do
468º)
c) Pode o gestido ter de remunerar o gestor, mas tal só acontece se os atos do
gestor forem atos resultantes do exercício de uma atividade profissional (470º)
Apesar de se falar do 468º nº1 em reembolso das despesas, não são reembolsáveis
todas as que foram suportadas pelo gestor. Só são reembolsáveis as que se mostrem
indispensáveis à gestão em concreto e mesmo dentro delas devem subordinar-se ao
paradigma do homem medio.
A aprovação da gestão
Corresponde à declaração negocial proferida pelo gestido relativa à concordância
genérica da atividade do gestor. Sendo aprovada a gestão pelo gestido, expressa ou
tacitamente, dispensa o gestor da prova da regularidade da gestão exercida e da prova dos
consequentes direitos que tem perante o gestido.
Mesmo que a gestão tenha sido irregular (não foram cumpridas todas as obrigações
do gestor) é ainda possível que o gestor tenha direitos face ao gestido. Porem, esses
direitos a existirem resultarão das regras do enriquecimento sem causa (468º, nº2).
Quando da atuação do gestor resultar a celebração com um terceiro de um negócio
jurídico, a produção de efeitos desse negócio jurídico está absolutamente dependente do
ato voluntario do gestido em ratificá-lo (confirmá-lo). Enquanto não for ratificado (não tem de
o ser), os efeitos jurídicos do negócio jurídico celebrado entre o gestor e o terceiro não se
produzem. A declaração negocial de ratificação deverá obedecer à forma que revestiu o
negócio jurídico a ratificar.
A ratificação do negócio jurídico implica tacitamente a aprovação da gestão, mas o
inverso não é verdade.
A aprovação da gestão e a ratificação do negócio jurídico são coisas diferentes e
com efeitos jurídicos diversos. Aprovar a gestão implica o reconhecimento da regularidade
da gestão e consequentemente faz nascer na pessoa jurídica do gestido o conjunto de
obrigações que a traz mencionámos, mas não determina em momento algum e muito
menos de forma automática que se ratifique o negócio jurídico em causa. Por sua vez, a
ratificação implica necessariamente e de modo tácito que o gestido aprove a gestão.
Faltei a 2 aulas
Dias 28/11 e 5/12
A dacio in solutum é…
Exigindo-se o acordo entre o devedor e credor de modo a que este aceite coisa diferente a
que corresponderia à prestação exigida, a dacio pro solvendo 840 difere da anterior, já que
nesta o devedor entrega ao credor determinado bem para que o venda e com o produto da
venda se faça pagar. É igualmente indispensável o acordo entre ambos.
O credor pode ficar como produto da venda se o valor for igual ao seu direito de crédito;
mantém o direito de crédito se o valor do bem vendido for inferior (modifica-se aqui o objeto
do seu direito de crédito) ou deve restituir ao devedor a diferença entre o preço obtido e o
valor da dívida no caso de aquele ser superior.
Consignação
A consignação em depósito é uma das consequências jurídicas da mora do credor. Embora
a lei confira ao devedor está prerrogativa só é aplicável se em causa estiverem prestações
de daré.
Se o cumprimento da obrigação em causa puder ser feito por um terceiro, também esse
terceiro poderá promover a consignação em depósito. Só assim não é se a prestação for o
infungível.
Em regra, consignar em depósito implica recurso a juízo, exceto no que toca às rendas
derivadas de contratos de arrendamento. Nos termos do 846, a obrigação extingue-se
quando o credor aceitar a consignação (tácita ou expressamente) ou o tribunal declare
válida essa consignação.
… Desde que os requisitos se mostrem preenchidos.
Compensação
Compensar é uma espécie de acerto de contas. Com a própria razão de ser e natureza, só
é possível quando em causa estejam coisas fungíveis, portanto de igual espécie e
qualidade.
A compensação pode ser total ou parcial e efetiva-se pela declaração de uma das partes à
outra.
O art.853 prevê a exclusão da compensação para os direitos de crédito aí mencionados.
Consideram se extintas as obrigações desde o momento em que os direitos de crédito se
tornaram compensáveis, ainda que a compensação tenha ocorrido posteriormente.
Novação (857 e seg)
Tal qual a dação em cumprimento também aqui é imprescindível o acordo entre o credor e o
devedor. Consiste a novação na contração de uma nova obrigação perante o mesmo credor
e assumida pelo mesmo devedor com o propósito de substituir a obrigação entre eles
anteriormente existente.
A vontade novativa da obrigação tem de ser manifestaram de modo expresso não se
admitindo pois que resulte tacitamente 859.
Confusão (868)
Diz-se que é uma forma extintiva das obrigações, difere do cumprimento porque a dado
momento (posterior ao surgimento da obrigação) reúne-se na titularidade do mesmo sujeito,
as posições de devedor e credor.