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Ocupa-se o Direito das Obrigações das relações jurídicas sociais de natureza diversa.

No entanto, podemos salientar 2 áreas principais, a saber:


1. O Intercâmbio de bens e serviços;
2. Responsabilidade civil, uma vez que de um dano causado com culpa surge
responsabilidade.
Porém, há matérias que também são reguladas no D. das Obrigações e que são figuras não
obrigacionais como os D. Reais de Garantia, D. Reais de Gozo e D. R. de Aquisição.
Como qualquer outra relação jurídica, a RJO, tem os mesmos 4 elementos:
SUJEITO, OBJETO, FACTO e GARANTIA.

Art.º397- Noção de obrigação.

A. Obrigação vs Dever Jurídico


A obrigação enquanto espécie de dever jurídico tem na sua génese a existência de um
comportamento que tem de ser adotado no interesse geral ou no de um sujeito em
particular.
Na obrigação, ao contrário do dever jurídico, o comportamento visa sempre satisfazer o
interesse de um determinado ou determinável sujeito.

B. Obrigação vs Ónus jurídico


Aqui também há necessidade de adotar um comportamento. Porém, o comportamento
adotado resulta do próprio interesse de quem tem a correspondente necessidade.
Ex.: Eu tenho o ónus de assistir às aulas se quiser aumentar a probabilidade de sucesso. É
um ónus e não obrigação porque o “chumbo” não é a consequência direta e não inevitável
por não assistir às aulas.

C. Obrigação vs Estado de sujeição


Corresponde a uma situação passiva de tal ordem que a produção de efeitos jurídicos
pretendidos ocorre na esfera jurídica do sujeito ativo sem que para isso concorra a vontade
do sujeito passivo… Isto não se passa na RJO.

Importa agora encontrar elementos que nos permitem distinguir a existência de Obrigação
tratada à luz do D.O.e de outras obrigações não tratadas no D.O. ou elementos
identificadores.
A. Patrimonialidade
Com a entrada em vigor no Nº2 do art.º398 CC, a característica patrimonialidade
deixou de ser elemento distintivo e indispensável.

B. Autonomia
Pressupõe que só é autónoma a obrigação que liga pelo menos 2 sujeitos de modo
originário. Isto é, liga-os sem que entre eles exista qualquer outro vínculo jurídico ou
mesmo que exista é irrelevante para a obrigação em causa.
Ex.: Contrato de compra e venda, Venda entre 2 irmãos. O vínculo jurídico do foro
familiar entre ele existente não afeta o vinculo jurídico resultante do contrato compra
e venda.
Diz-se que a obrigação é não autónoma quando a sua criação depende diretamente
da existência de uma outra RJ (não obrigacional) que existe previamente em relação
ao vínculo agora ocorrido. Art.º2003
Art.1411, n11- A obrigação prevista nesta norma existe porque depende da
existência prévia entre os mesmos sujeitos ou de uma outra RJ não obrigacional já
existente.

C. Disponibilidade~
Quanto á disponibilidade deve dizer-se que é tipicamente própria das obrigações.
Porém, a existência de algumas exceções determina que a disponibilidade ao
contrário da autonomia não é elemento diferenciador das obrigações.

Facto jurídico natural:


 Nascimento
 Decurso do tempo - maior produtor de efeitos jurídicos

…esquema …

Uma R.J.O simples prossupõe a existência de um só credor e de um só devedor.


As R.J.O plurais pressupõe a existência de 2 ou mais credores e 1 devedor, 2 ou mais
devedores e 1 credor.

Se se tratar de uma R.J.O plural, a lei apresenta regime jurídico próprio.


Dele fazem parte:
A. Regime de conjunção
B. Regime da solidariedade

Aqui Estando em causa o regime da solidariedade e se pluralidade residir no lado


passivo, significa no essencial que o credor ou qualquer um dos vários credores pode
exigir de qualquer um dos devedores a realização da totalidade da prestação.
Se a pluralidade residir do lado ativo significa que qualquer um dos credores pode exigir
indistintamente do devedor a totalidade da prestação.
Se o regime aplicado da R.J.O for o de conjunção, um qualquer credor só pode exigir de
um qualquer devedor a realização da prestação da medida da respetiva quota parte.
Às obrigações civis quando plurais, aplica-se em regra o regime da conjunção. Só é
aplicável o regime da solidariedade quando a lei o preveja ou quando a lei permita que
as partes o possam convencionar. Tal conclusão retirasse do art.º513 CC. Numa
interpretação enunciativa à “contrario senso”.

O credor é o sujeito ativo de uma R.J.O e o seu direito subjetivo é aqui tratado como
direito de credito. É, em regra, o único sujeito que pode exigir do devedor a realização da
prestação.
O devedor é o sujeito passivo da R.J.O e em regra, é o único a quem o credor pode
exigir a prestação. Há, porém situações várias das quais resulta que o credor possa
também exigir a realização da prestação num todo ou em parte a pessoa diversa do
devedor, por exemplo, a um fiador ou a um devedor.

Objeto da RJO
O objeto da RJO corresponde à prestação devida pelo devedor. Este é o sentido amplo da
RJO. É aquilo sobre que incidem os poderes do sujeito ativo da RJO (credor).
O objeto imediato consiste em abstrato na prestação devida, isto é, na atividade ou
conduta a que o devedor se acha adstrito com vista à satisfação do interesse do credor.
O objeto mediato incide na coisa ou no facto que deve ser prestado.

Tipos de prestação:

1. Prestação de coisa: traduz-se na entrega de uma coisa.


Este tipo de prestação divide-se em:

a) De dar: que existe quando o devedor entrega ao credor uma coisa que é do credor
ou passa a ser dele pela circunstância da própria entrega.
Ex.: A prestação a que está obrigado o vendedor no contrato de compra e venda.
(Art.405/408)

Na compra e venda verificam-se, em regra, dois efeitos:


● Efeito real
● Efeito obrigacional

De acordo com o art.879, o contrato de compra e venda determina que se transmita ao


comprador o direito de propriedade sobre a coisa vendida ao comprador.
De acordo com o art.478 NR.1, esse efeito real transmissivo verifica-se aquando da
celebração do contrato e não com a entrega da coisa. Desse 478 resulta pois que impera no
nosso ordenamento jurídico o princípio segundo o qual a transmissão, a constituição e a
modificação de direitos reais ocorre pela celebração do contrato desde que este produza
efeitos reais.
A compra e venda produz em qualquer outro também efeitos de natureza obrigacional na
medida em que é gerador de várias obrigações para cada um dos contraentes.

b) De prestar: verifica-se quando o devedor entrega ao credor uma coisa para que ele
a use e restitua em determinado momento.
Ex.: Contrato de arrendamento; contrato de aluguer; contrato de comodato

c) De restituir: verifica-se quando o devedor restitui ao credor a coisa que tinha tido
em seu poder em resultado de uma qualquer causa jurídica.
Ex.: O locatário restitui ao locador a coisa locada ou quando o comodatário restitui ao
comodante a coisa que se lhe havia sido emprestada.

2. Prestação de facto: corresponde à "tarefa" que deve realizar o devedor (que


não seja a entrega de uma coisa).
Esta prestação por sua vez, pode ser positiva ou negativa.
É positiva quando a tarefa do devedor é respeitante de uma ação.
É negativa quando disser respeito a uma omissão comportamental.

Interessa saber qual o tipo de prestação para se apurar se está ou não sujeita a execução
forçada. Dito de outro modo, se o devedor não se dispuser a realizar voluntariamente a sua
prestação, pode em alguns casos, o credor, pedir num tribunal que a prestação seja
realizada por um terceiro à custa do devedor. Porém há casos em que a prestação não
pode ser realizada por um terceiro, porque não satisfaz o melhor interesse legítimo do
credor e portanto não é possível a execução forçada.

3. Prestação de facto própria do devedor ou de terceiro (deriva da


prestação de facto positiva):
Sendo possível que a prestação seja realizada por um terceiro corresponde à prestação de
facto que tinha o próprio devedor.
Ex.: Alguém que se compromete a encontrar outrém para dar explicações.

A medida de obrigação deste terceiro e até mesmo do próprio devedor é vista em pelo
menos duas acessões distintas:
a. Obrigação de meios ou de diligência
b. Obrigação de resultados
Na primeira (a) o devedor está vinculado a praticar certa diligência como também teria
praticado em qualquer homem médio minimamente diligente.
Na segunda (b) o devedor obriga-se não só a ser diligente, mas também a alcançar o
resultado pretendido pelo credor.
Para que a seja válida é necessário que o seu objeto cumpra determinados requisitos, tais
como:
a) Lícito- quando não violar nenhuma norma de carácter proibitivo ou quando não
violar direito de terceiros.
b) Possível- quando for suscetível de ser realizada humanamente a prestação em
causa.
c) Determinável- de acordo com o art. 400, o objeto da RJO tem de ser
determinável/determinado.

A impossibilidade ou possibilidade do objeto são aferidas no momento em que a obrigação


se constitui, não antes nem depois.
A presunção da coisa pode ter um objeto mediato, uma coisa presente ou futura (art.399).
As coisas futuras podem ser:
a) Absolutamente futuras- as que não exigem no mundo jurídico ou se existem não
têm autonomia para serem objeto de uma relação jurídica
b) Relativamente futuras- quando já existe no mundo jurídico e é autónoma, mas não
está na titularidade de quem dela quer dispor (art.892).
De acordo com o art.399, em regra, admite-se que os negócios jurídicos tenham por objeto
coisas futuras.
Ex.: Não é admissível no contrato de doação, conforme resulta do art.942. Ate aqui

4. Classificação das prestações:


a) Prestações instantâneas- as que podem ser realizadas num único momento e esse
momento corresponde à melhor satisfação do interesse do credor.
Ex.:A entrega da coisa e o pagamento do preço; (compra e venda a prestações- não
perdem a natureza de prestações instantâneas se o vendedor e comprador convencionarem
o pagamento fracionado do preço).
b) Prestações duradouras- as prestações quando a sua realização se prolonga no
tempo e, esse tempo tem influência no conteúdo da prestação, e ainda porque, esse
prolongamento é a melhor forma de satisfazer o interesse do credor.
Ex.:Contrato de arrendamento.
As prestações duradouras podem ser:
a) Continuadas
b) Periódicas
No exemplo do arrendamento, a prestação do senhorio é duradoura continuada e a do
inquilino é duradoura periódica (pagamento de renda mensal).

Em alguns aspetos, o regime da prestação instantânea fracionada é diferente da


prestação duradoura periódica:
a. O art.781 só é aplicável às prestações instantâneas fracionadas, quer isto dizer, e
em regra, que se o devedor não realizar uma das prestações fracionadas pode o
credor dele exigir a realização de todas as prestações em falta. Isto não é possível
quando estejam em causa prestações duradouras periódicas. É evidente que do
incumprimento do devedor nas prestações duradouras periódicas haja
consequências, mas não o que se mostra no art.781.
No art.934 prevê-se o regime especial para a compra e venda a prestações (prestação
instantânea fracionada).
b. Quanto aos efeitos da resolução contratual, a resolução corresponde à decisão
unilateral de uma das partes com motivo legal ou contratualmente previsto com o
objetivo de pôr termo ao contrato. Em regra, a resolução tem eficácia retroativa.
Porém, tem apenas eficácia prospectiva se do contrato resultarem prestações
duradouras.
c. Quanto à denúncia dos contratos, a denúncia é uma forma extintiva dos
contratos, mas privativa dos contratos, com prestações duradouras. Também é
resultado duma manifestação unilateral de vontade, mas é imutável (ao contrário
do que acontece na resolução).
d. Quanto à boa fé, a boa fé contratual e de acordo com o art.762 NR.2, tem maior
relevância/impacto nos contratos com prestações duradouras, uma vez que, os
efeitos das prestações instantâneas esgotam-se num só momento.
e. Mesmo findo o contrato, é possível que subsistam obrigações que devem ser
cumpridas após a cessação do contrato. Isto só ocorre nos contratos com
prestações duradouras (o senhorio tem a obrigação de diligenciar pelo envio da
correspondência do inquilino após a cessação do contrato de arrendamento).
c) Prestações fungíveis- quando a sua realização pode ser feita pelo devedor ou
por um qualquer terceiro.

d) Prestações infungíveis- aquelas que só podem ser realizadas pelo devedor.

Se nada estiver convencionado, ou se tal não importar a perda do interesse legítimo do


credor, a regra é a da fungibilidade.
A infungibilidade pode ser:
a. Convencional- quando o devedor não se pode fazer substituir por um qualquer
terceiro, por ter sido esse o acordo.
b. Natural- quando a própria natureza material da prestação determinar que só o
devedor pelas suas características técnicas, científicas, artísticas … puder realizar
satisfatoriamente a prestação.

Ainda que não seja comum a toda a doutrina, podemos ainda falar das prestações
relativamente infungíveis. Para quem aceita esta subespécie, diremos que são
relativamente infungíveis as prestações que não podem ser realizadas por um
qualquer terceiro, mas já podem por um determinado conjunto de terceiros.

A distinção entre a fungibilidade e a infungibilidade das obrigações, é importante


porque é diferente o regime no que toca à legitimidade do cumprimento da obrigação e
também no que diz respeito ao regime da execução específica (828+830). Quanto a este
último aspeto só é aplicável o regime da execução específica às prestações que tenham
natureza fungível. A distinção também é relevante quanto à impossibilidade originária do
cumprimento. Aliás se a obrigação for de natureza infungível a obrigação extingue se desde
que a impossibilidade superveniente não seja culposa (790 nr.2+791).
Nas prestações infungíveis o devedor não se pode substituir mas pode recorrer à
colaboração de terceiros (auxiliares) . Se assim for o devedor tem:
a) A obrigação de escolher os auxiliares adequados ao efeito
b) Tem um dever de vigilância em relação ao comportamento dos auxiliares
c) Um dever de dar instruções ou indicações necessárias e adequadas aos auxiliares.
Quando o devedor não cumpre culposamente qualquer daquelas obrigações
respetivamente:
-incorre em responsabilidade pela má escolha, pela falta de má escolha, pela falta ou
deficiente vigilância ou pela falta ou insuficientes instruções.

Facto jurídico/vínculo jurídico da RJO


O vínculo é composto por um direito de crédito e uma obrigação. Correspondem
respetivamente ao poder que o credor tem de exigir a prestação e o dever que o devedor
tem em realizar uma prestação.
Tal qual acontece com qualquer outra relação jurídica no direito civil, o facto jurídico na RJO
é também a fonte ou origem da própria RJO.
Na RJO simples encontramos um direito de crédito e uma prestação ao passo que nas RJO
complexas (as mais comuns) podemos encontrar prestações variadas que, embora de
natureza secundária são igualmente relevantes. Por exemplo: na compra e venda, o
vendedor tem por principal prestação a entrega da coisa vendida no estado em que se
encontrava ao tempo da conclusão do contrato (882 NR.1). Acessória ou secundariamente
tem o vendedor ainda a obrigação de conservar a coisa vendida no estado em que se
encontrava, até à entrega da coisa.

Garantia
A garantia na RJO, enquanto elemento da teoria geral da relação jurídica, não é
rigorosamente nada diferente de uma qualquer outra relação jurídica. Quer isto dizer que ao
credor o estado coloca à disposição o aparelho jurisdicional coercitivo com vista à efetiva
concretização do direito de crédito.
Se o devedor não cumprir a sua obrigação (realizar a prestação a que está adstrito) pode o
credor em especial recorrer a dois tipos de ações judiciais:
1) Ação judicial condenatória (ação declarativa)
2) Ação executiva
Na 1° o credor (autor/demandante) pede ao tribunal que condene o devedor
(réu/demandado) na realização da prestação devida. Uma vez obtido provimento nessa
ação, obtém-se sentença judicial. Se ainda assim o devedor não cumprir pode então o
credor socorrer se da ação executiva que é um processo através do qual o credor obtém a
apreensão jurídica e econômica dos bens do devedor ou do terceiro para que à sua custa
(dos bens) veja satisfeito o seu direito de crédito. O credor nesta ação é designado por
exequente e é proposto contra o devedor que aqui assume a designação de executado.
O direito de crédito é satisfeito em última análise com recurso à imobilização ou até à
alienação forçada dos bens do devedor suscetíveis de penhora. O artigo 601 orienta nos no
que respeita aos bens suscetíveis de penhora.
Há que destacar o seguinte:
a) Bens absolutamente impenhoráveis
b) Bens parcialmente impenhoráveis
c) Bens relativamente penhoráveis
Quanto à alínea a) destacamos os bens indispensáveis à vida do devedor como por
exemplo: roupa, imóveis, móveis essenciais, bens relativos ao culto da religião e os bens
de insignificante valor econômico.
São exemplos da b) os rendimentos do trabalho ou afins e quanto à c) os bens do estado
ou de outras pessoas coletivas públicas a não ser que se trate de ação judicial para
pagamento de quantia certa ou para pagamento de dívidas com garantia real.

A satisfação do direito de crédito do credor pode ser feita em última instância à custa do
património do devedor ou até de um terceiro. Sendo esse o conteúdo do site de crédito, isto
é, tendo um qualquer credor a expectativa legítima de no limite ver satisfeito o seu direito de
crédito à custa do património do devedor, o CC consagra determinados mecanismos
colocados ao dispor do credor conhecidos por meios de conservação da garantia
patrimonial do credor. São eles:
1) Declaração de nulidade (605)
2) Sub Rogação (606-609)
3) Impugnação pauliana/ ação pauliana (610 e ss.)
4) Arresto (619 e ss.)- providência cautelar especificada
Embora se pudesse retirar do 286 a legitimidade do credor para propor a ação judicial com
vista à declaração de nulidade de negócio jurídico celebrado pelo devedor o artigo 605
acaba por resolver eventuais dúvidas interpretativas do 286 e consagra o direito do credor
de propor a ação judicial pedindo ao tribunal que declare nulo determinado negócio jurídico
celebrado pelo devedor que esteja viciado de tal modo que a lei determine a sua nulidade.
Este mecanismo permite que o credor mantenha a sua garantia patrimonial ao ver
destruídos os efeitos jurídicos do negócio que o devedor tenha celebrado e portanto vê o
credor o património do devedor em condições de o poder usar mais tarde em caso de
incumprimento.

A lei permite ao credor no exercício dos direitos de crédito que o devedor (enquanto credor
noutra RJO) não esteja a exercer. Não esteja a exercer com o propósito de não ver
aumentado o seu património e com isso, prejudicar a garantia patrimonial do credor. Em
regra, só o credor e não um terceiro é que tem o direito de exigir do devedor a realização da
respetiva prestação. Ora com base nesse princípio e não fosse a sub rogação e o credor
(aqui terceiro) não poderia exigir que o devedor realizasse a prestação junto daquele que
figura como credor numa outra RJO. Porém mesmo que o credor, se substitua sub-
rogatoriamente a prestação é realizada na pessoa do "devedor" e não dá pessoa do
"credor".
Há no entanto alguns direitos que não podem ser exercidos sub rogatoriamente pelos
credores, exemplos: direito a alimentos, direito de aceitar uma herança e o direito de
resolver um negócio jurídico.
A generalidade dos direitos de cariz patrimonial pode ser exercida sub rogatóriamente, mas
só se o exercício sub rogatório for essencial à satisfação do direito do credor, isto é, for
essencial para a conservação da garantia patrimonial do credor.
Do 609 resulta ainda aspeto relevante. Se um credor exercer sub rogatoriamente um direito
e em consequência disso ingressar no património do devedor determinado bem, este bem
não fica privilegiadamente ao dispor do credor.
Os artigos 610 e seguintes consagram a impugnação/ação pauliana. Com ela pode o credor
impugnar certos atos do devedor que envolvam uma diminuição do seu património de tal
modo que por força desse ou desses atos possa o credor não conseguir ver satisfeito o seu
direito ou agravada a possibilidade de vir a ser.
Para que a impugnação pauliana proceda é necessário que:
a) O ato impugnável resulte na impossibilidade de satisfação do direito de crédito ou no
agravamento dessa impossibilidade
b) O direito de crédito seja anterior ao ato a impugnar, ainda que o direito de crédito
seja posterior ao ato de impugnar, o ato em si tenha sido praticado com má fé e com
vista à inviabilização do cumprimento da obrigação.
Do artigo 612, e a propósito da má fé há que ter em atenção o seguinte:
a) Se o ato a impugnar for gratuito há lugar à impugnação
b) Se o ato a impugnar for oneroso só há lugar à impugnação se houver má fé do
devedor e do terceiro
Do artigo 616, decorrem os efeitos jurídicos da impugnação quanto à pessoa do credor.
Assim, se a impugnação for procedente o ato impugnado é destruído e o património que
havia saído das esfera do devedor a ela regressa. Ao contrário da sub-rogação, o credor
tem privilégio em relação a outros credores do mesmo devedor em relação aos bens que
regressaram à esfera patrimonial do devedor por via da impugnação pauliana.
O arresto é também ele um meio de conservação da garantia patrimonial do credor mas
enquanto medida preventiva, isto é, pede se ao tribunal que decrete a imobilização jurídica
e económica do património do devedor como objetivo de evitar que o devedor pratique atos
ilícitos de diminuição patrimonial. É uma medida profilática. É necessário demonstrar em
juízo o justo receio que o credor tem na futura prática de atos lesivos dos interesses do
credor.
Os efeitos jurídicos do arresto estão previstos no artigo 622.

Obrigações civis e obrigações naturais:


A obrigação diz se natural quando já não é possível a sua exigência coercitiva, isto
quer dizer que se a obrigação for natural não pode exigir judicialmente a realização da
prestação. O CC ainda que de uma forma vaga caracteriza a obrigação natural no artigo
402. Não sendo possível a exigência do cumprimento deve perguntar se o que é que faz
com que uma obrigação natural seja ainda assim qualificada como obrigação jurídica. É a
irrepetibilidade da prestação realizada, ou seja, é a impossibilidade de pedir a restituição da
prestação realizada que caracteriza a obrigação natural enquanto obrigação jurídica (403).
Para que seja irrepetível é necessário que a prestação tenha sido realizada de modo
voluntário e por o, ou um devedor que a pudesse realizar.
O regime jurídico das obrigações naturais é em tudo igual ao das obrigações civis exceto
quanto à garantia enquanto mecanismo coercitivo do Estado (404).
Encontramos na lei certas obrigações civis que se transformam em obrigações
naturais:
1. Obrigação prescrita. O credor tem o ónus de exigir do devedor a realização da
prestação dentro de um determinado lapso temporal, findo o qual deixa de poder
exigir o cumprimento da obrigação. Se em causa estiver a prescrição e em regra
está quando em causa estejam direitos de crédito deixa o credor de poder exigir até
mesmo judicialmente a realização da prestação mas se a prestação for
voluntariamente realizada pelo devedor ou por quem a pudesse realizar não pode o
devedor exigir a restituição da prestação mesmo que a obrigação esteja prescrita. A
este propósito deve atender se ao previsto no 298 NR.2.
De acordo com o NR.2 do 304 quando a obrigação prescreve dá se a extinção enquanto
obrigação civil mas não enquanto obrigação natural.
2. Obrigações provenientes de contratos de jogo e de apostas. A este propósito há que
atender ao disposto no artigo 1245 na medida em que se se tratarem de jogos de
azar e lícitos são geradores de obrigações naturais.
3. Para quem assim entenda a obrigação de elementos nalguns casos pode ser
qualificada como obrigação natural por exemplo alguém que proporciona o sustento
de uma antiga empregada doméstica incapacitada.

As obrigações naturais são relevantes para o direito das obrigações por causa da
irrepetibilidade da conclusão. Falamos delas logo a seguir a termos abordado a garantia
enquanto elemento de uma RJO, para chamar à atenção que esse elemento não se mostra
presente se em causa estiver uma obrigação natural.

Garantias especiais das obrigações


As garantias especiais das obrigações são de dupla natureza, podem ser:
1. pessoais
2. reais
Na garantia especial pessoal alguém (terceiro) garante o cumprimento da obrigação ficando
o seu património (todo) corresponsável pelo cumprimento da obrigação.
A fiança é a principal garantia especial de natureza/cariz pessoal. Essa natureza especial tal
qual irá ocorrer nas garantias reais tem um carácter acessório da obrigação principal.
Esse caráter acessório tem várias consequências:
a) A forma da fiança tem que ser a mesma da forma usada para a obrigação principal
(628 nr 1). Fazer remissão para 219.
b) O âmbito da obrigação principal é o mesmo da fiança . Porém a garantia pode ser
menos extensa que a obrigação principal (631).
c) O conteúdo da obrigação do fiador é tendencialmente igual ao da obrigação principal
(634).
d) A obrigação decorrente da fiança só é inválida se for inválida a obrigação principal
(632).
e) Se a obrigação principal for anulada com fundamento em incapacidade de exercício
falta ou vício de vontade, a fiança não é automaticamente anulada se o fiador
conhecesse a causa da anulabilidade e ainda assim se tenha constituído fiador (632
nr2).
f) A qualificação da fiança depende da qualificação da dívida principal. Por ex: se a
obrigação principal for civil ou comercial, a fiança será respetivamente civil ou
comercial.
g) A extinção da obrigação principal faz extinguir a fiança (651).

Um dos elementos caracterizadores da fiança é o que se mostra previsto no artigo 638.


Quer isto dizer que este elemento tem a designação de princípio ou benefício da
excussão prévia. Dito de outro modo, o fiador pode opor se à exigência feita pelo credor
para o cumprimento da obrigação (no limite através do seu património), enquanto não for
demonstrado que se mostra esgotado (excutido) todos os bens do devedor.
Nada impede porém que o credor possa propor a ação declarativa contra devedor e fiador
mas o que não pode fazer é executar o património do fiador antes de se esgotar o do
devedor (641).
Este princípio ou benefício da excussão prévia não existe se o fiador a ele renunciar (640).
Quando o fiador cumpre a obrigação fica subrogado nos direitos que até então tinha o
credor na mesma RJO (644).

Ainda que residual, o artigo 629, a propósito do mandato de crédito, encerra em si mesmo
uma garantia especial de natureza pessoal. [Havia outra garantia pessoal (655) mas foi
revogada em 2006.]

As garantias especiais reais constituem também elemento acessório à obrigação


principal, mas distinguem-se das garantias pessoais, na medida em que, não é o
património todo de alguém que se mostra corresponsável pelo cumprimento da obrigação,
mas sim certo bem ou rendimento dele (do devedor ou de terceiro).
O penhor tem a sua noção no CC (art.666 NR.1), desta norma resulta que o penhor confere
ao credor o direito à satisfação do seu credor bem como dos juros, se os houver, com
preferência sobre os demais credores, se os houver, pelo valor de certa coisa móvel ou pelo
valor de outros direitos de crédito não suscetíveis de hipoteca pertencentes ao devedor ou a
terceiro.
Numa RJO na qual acessoriamente existe penhor, o credor tem a designação de credor
pignoratício.
Nos termos do artigo 675 e a propósito da execução do penhor é vulgar que os credores
pignoratícios se apropriem dos bens dados em penhor e são eles próprios que promovem a
sua venda restituindo aos proprietários dos bens a diferença entre o valor da venda e o da
dívida.

Hipoteca
De acordo com o NR.1 do art.686, a hipoteca, confere ao credor o direito de ser pago
pelo valor de certas coisas imóveis, ou equiparadas (móveis sujeitos a registo)
pertencentes ao devedor ou a terceiro com preferência sobre os demais credores que
não gozem de privilégio especial ou de prioridade de registo.
Se o bem hipotecado uma vez vendido "render" mais do que o valor da dívida ao
remanescente concorrem os demais credores em pé de igualdade (se os houver).
Dispõe o art.687 que a hipoteca deve (tem de) ser registada sob pena de não produzir
efeitos mesmo em relação às partes. Quer isto dizer que o registo da hipoteca tem uma
eficácia constitutiva e não meramente declarativa (dar a conhecer). O nosso sistema registal
de bens tem como princípio fundamental o de dar a conhecer a realidade jurídica dos bens,
embora quase sem exceções o registo não sirva para transmitir, constituir ou modificar
direitos sob esses bens.
O CC apresenta 3 espécies distintas de hipotecas:
a) Hipotecas voluntárias (712 e seguintes)
b) Hipotecas judiciais (710-11)
c) Hipotecas legais (704 e seguintes)
Para além do penhor e da hipoteca há outras garantias reais previstas no CC:
a) Consignação de rendimentos (656 e seguintes)
b) Privilégios creditórios (733 e seguintes)
c) Direito de retenção (754)
Na consignação de rendimentos não é um bem ou um conjunto de bens que fica
especialmente afetado ao cumprimento da obrigação, mas sim, o rendimento de certo bem
como é exemplo a renda de uma imóvel arrendado.
A consignação de rendimentos é voluntária ou judicial.
Quanto aos privilégios creditórios, a lei concede a certos credores um direito de serem
pagos preferencialmente em relação aos restantes credores e relativamente ao mesmo
devedor. Podem ser mobiliários ou imobiliários nos termos no art.735, pelo que
respetivamente responderam os bens móveis e os bens imóveis.
Dos artigos 736-38 encontramos quais os credores com privilégios creditórios gerais e os
credores abrangidos por privilégios creditórios especiais.
Quando o privilégio creditório recair sobre imóveis, nunca pode incidir sobre todos mas
apenas parte. É por isso que o privilégio creditório imobiliário não é nunca um privilégio
geral, mas sim especial.
O direito de retenção é visto como garantia real na medida em que confere ao credor o
direito de conservar no seu domínio determinado bem, não o devolvendo enquanto a
prestação devida não for realizada.

Fontes das obrigações


As fontes das obrigações correspondem à existência de factos jurídicos que
produzem ou dele resultam obrigações. São elas:
1. A lei (em sentido lato)
2. Contratos
3. NJU (negócios jurídicos unilaterais)
4. Gestão de negócios
5. Enriquecimento sem causa
6. Responsabilidade civil

A lei é uma das principais fontes das obrigações, mesmo que em causa estejam obrigações
que não são tratadas no direito das obrigações por não terem a exigida autonomia. É
exemplo disso mesmo a obrigação de alimentos.
Um dos principais factos jurídicos voluntários e muito comum são os contratos. São pois
negócios jurídicos bilaterais que contém duas ou mais declarações de vontade, distintas
entre si. Mas convergentes para um objetivo comum. Qualquer contrato é produtor de
obrigações, mesmo nos casos raros de contratos unilaterais.
O nosso ordenamento jurídico e no tange ao direito civil apresenta duas distintas
estratégias, por um lado a previsão de contratos e do seu regime jurídico (contratos típicos)
e por outro lado a previsão de um princípio estruturante conhecido como liberdade
contratual (405). Deste princípio resulta três outras liberdades ou manifestações:
a) A liberdade de celebração
b) A liberdade de modelação (ou de estipulação)
c) A liberdade de criação de negócios não tipificados (atípicos)
Como qualquer outro princípio também este sofre limitações. Encontramos por um lado
limitações à liberdade de celebração, mas também, por outro à liberdade de estipulação. A
lei pode proibir ou impor a celebração de certos contratos. Assim esta limitação pode ser
respetivamente negativa ou positiva. É positiva quando impõe a celebração de certos
contratos como são exemplos os seguros de acidentes de trabalho e os seguros de
responsabilidade civil automóvel … ou proíbe a celebração de determinados contratos,
como é exemplo o que se prevê no artigo 877.
A liberdade de estipulação permite que se possam misturar ou juntar contratos tipificados e
ou com contratos não tipificados.

Aula que faltei


A revogação é o modo mais pacífico da extinção dos contratos, tendo em conta que
pressupõe um acordo de vontades não para o criar, mas sim para o fazer cessar. A
revogação tem, em princípio, apenas efeitos para o futuro (prospectiva exnunc) quer isto
dizer que a revogação não afetará, em regra, os efeitos jurídicos que até então o contrato
havia produzido.
No entanto, a lei admite que igualmente por acordo as partes possam atribuir eficácia
retroativa (para o passado extunc) embora em nenhuma circunstância essa retroativadade
possa afetar direitos ou interesses legítimos de quaisquer terceiros.
Falamos em caducidade quando o contrato tem um prazo de duração. Esse prazo de
duração tanto pode resultar do acordo das partes prevendo-o no contrato, como pode surgir
por determinação legal. O prazo de duração pode corresponder a um facto certo ou incerto.
Verificado que seja esse facto certo ou incerto que as partes previram ou que a lei
determina, dessa o contrato por via da caducidade.
A denúncia é uma forma de extinção dos contratos típica dos contratos de execução
duradoura em regra sem duração definida. Neste tipo de contratos e embora a lei não o
diga, é comum aceitar-se que qualquer das partes pode por sua iniciativa e com vontade
discricionária pôr termo ao contrato denunciando-o. Para que tal denúncia produza efeitos é
indispensável que essa intenção seja dada a conhecer à outra parte.
O princípio que subjaz (origem) ao direito de poder denunciar os contratos, reside no facto
de não se dever permitir que as partes estejam ligadas ao contrato "eternamente" e contra a
sua vontade.
Fazendo alusão ao princípio da boa-fé e para acautelar interesses legítimos da outra parte,
a comunicação contendo a intenção de denunciar o contrato tem de ser feita com uma
determinada antecedência ou pré-aviso. Este período de pré-aviso não está fixado para a
generalidade dos contratos, mas casos há em que a lei impõe determinado período de
antecedência, são exemplos alguns contratos de arrendamento e alguns contratos de
trabalho.
Embora não se trate de denúncia, tecnicamente devemos falar de uma outra figura
conhecida como oposição à renovação do contrato. Em causa está apenas a manifestação
de vontade em não permitir que o contrato se "reinicie" como que operando a sua
caducidade por ter chegado ao fim do prazo. A denúncia pressupõe apenas a manifestação
unilateral de vontade em pôr termo ao contrato sem necessidade de invocar qualquer causa
ou fundamento.
A resolução a par da denúncia pressupõe igualmente a manifestação de vontade unilateral
em fazer cessar o contrato. No entanto e ao contrário do que acontece com a denúncia, na
resolução não basta mostrar vontade em extinguir o contrato, uma vez que é indispensável
que se invoque motivo, causa ou fundamento que a lei preveja ou que as partes tenham
incluído no contrato como causa/ motivo de resolução. Quer isto dizer que ao contrário da
denúncia na qual a vontade é discricionária, na resolução a vontade é vinculada.
A resolução tem, em regra, eficácia retroativa. Tudo se passa como se tivesse sido o
contrato declarado nulo ou anulado.
Podemos retirar a eficácia retroativa da resolução dos arts.433 e 434 NR.1. analisado que
seja o art.433, torna-se necessário interpretá-lo ajustando a letra da lei no que à expressão
"... anulabilidade…" diz respeito. Em rigor, onde se lê "... anulabilidade…" deve ter-se
"anulação", na medida em que a anulabilidade é tão só a suscetibilidade vir a ser o contrato
anulado enquanto que a anulação corresponde à decisão judicial que põe fim ao contrato.
A retroativa da resolução é uma regra, mas a lei contempla algumas exceções. A esse
respeito devemos atender aos arts.434 NR.1 e 435.
A manifestação de vontade em resolver um contrato não tem, em regra, de ser exercida
judicialmente. Aliás, resulta do art.436 que o princípio geral relativo à resolução é o do
exercício extrajudicial do direito de resolver. Tal qual como a denúncia a intenção de
resolver deve ser comunicada à outra parte contendo a intenção de resolver. A
comunicação contendo a intenção de resolver é do tipo recepticía (art.224). Quer isto dizer
que o cinse mostra resolvido quando o declaratório da resolução a tiver resolvido ou com o
conhecimento por parte dele for anterior à receção. Porém há que atender sempre ao
disposto no art.224 NR.3, na medida em que a declaração de resolução não é tida por
recebida e consequentemente não produz efeitos, se o destinatário dela sem culpa sua não
estiver em condições de a receber.
Nalguns contratos de arrendamento e no contrato de casamento a propósito do divórcio
sem consentimento do outro cônjuge encontramos a exigência legal de a resolução ser feita
judicialmente e não através da comunicação à outra parte.

Contrato promessa
(art.410 e seguintes)

O contrato promessa é um contrato pelo qual as partes se obrigam a, no futuro, celebrar um


outro contrato. Também é enquadrável na noção de contrato de promessa a convenção
pela qual as partes se obrigam a no futuro celebrar um negócio jurídico unilateral. Neste
caso só um dos promitentes se vincula/obriga.
Como qualquer outro contrato também o contrato de promessa tem regime jurídico próprio,
desde logo porque é um contrato tipificado na lei. Por serem "N" as possibilidades de
contrato promessa e em vez de se prever um regime jurídico para cada uma das
possibilidades de contrato promessa (o único que está previsto é o contrato de promessa de
casamento) o legislador utilizou o princípio a que alude o art.410 NR.1. Este princípio tem a
designação doutrinária de princípio da equiparação. Deste princípio resulta que ao contrário
da promessa sejam aplicáveis as regras que compõem o regime jurídico do contrato
prometido, para além das próprias regras (ainda que poucas) do contrato promessa.
Porém, como acontece com quase todos os princípios, também este tem exceções. Ambas
estão previstas no art.410 NR.1 e correspondem ao seguinte:
1. Não são aplicáveis ao contrato promessa, as regras relativas ao contrato prometido
(se for exigida forma especial)
2. Não são aplicáveis ao contrato promessa as regras do contrato prometido que pela
sua "ratio" não devam considerar-se extensíveis ao contrato promessa.
Em função desta "ratio" há que verificar caso a caso quais são as regras do contrato
prometido que pela sua razão de ser ou natureza, não devam ser aplicadas ao contrato
promessa.
Exemplo: um dos contratos promessa mais frequentes é o contrato de promessa de
compra e venda. Como já sabemos, o contrato de promessa é meramente obrigacional.
Significa isto que não é apto a produzir efeitos reais. No entanto, o contrato prometido em
causa "compra e venda" é por excelência um contrato apto para produzir efeitos reais. A
razão de ser da promessa impede pois que essas regras relativas à eficácia real da compra
e venda não sejam extensíveis ao contrato promessa de compra e venda. Em síntese, não
se aplica ao contrato promessa de compra e venda, o disposto no art.879,a).

Caso prático:
António prometeu vender a Berto que por sua vez prometeu comprar um terreno destinado
à construção de um edifício.
a) Enuncie o princípio da equiparação e indique qual a forma deste contrato promessa.
b) Indique justificadamente se a esse contrato promessa se aplica o disposto no
art.410 NR.3. (não)

Do 410 NR.3 resulta ainda que é nulo o contrato promessa se não forem observadas as
formalidades nele exigidas. O regime da nulidade dos negócios jurídicos, mostrá-las
previsto no artigo 286. Dele resulta que qualquer interessado a pode invocar a todo o
tempo, assim como e também a todo o tempo deve o tribunal conhecê-la oficiosamente.
A circunstância de se permitir que o promitente transmitente que é evidentemente um
interessado, que invoque a nulidade tão só quando prove que foi incumprido o 410/3 por
causa/culpa do promitente adquirente, é em si mesma uma exceção ou especialidade face
ao regime regra do art.286. Se não pode invocar a nulidade a não ser que o promitente
transmitente prove a culpa do outro, também não devo o tribunal conhecer oficiosamente da
nulidade ao contrário do princípio enunciado no art.286. A ratio do art.410/3 ao exigir que
um dos interessados tenha de provar a culpa do outro, não pode ser subvertida ou "letra
morta" se se admitisse que o tribunal a pudesse conhecer oficiosamente. Pretendeu o
legislador limitar o promitente transmitente no direito de invocar a nulidade e o
conhecimento oficioso do tribunal não pode fazer desaparecer essa limitação. É por estas
duas circunstâncias que se pode afirmar que o art.410/3 contém tratamento especial de
nulidade.

Eficácia real da promessa


(Art.413)

Tradicionalmente e de acordo com o art.410, o contrato promessa é um contrato de eficácia


inter partes, isto é, os efeitos decorrentes dele (direitos e obrigações) não extravasam o
círculo que envolve as partes do negócio. Em regra do contrato promessa nascem direitos
de crédito e por isso se diz que em regra o contrato promessa é meramente obrigacional.
A expressão eficácia real dos contratos significa que um contrato é apto ou idónio a
transmitir, modificar, constituir ou extinguir direitos reais. Esse é o sentido tradicional da
expressão.
A epígrafe do art.413 é eficácia real da promessa. Numa leitura menos atenta, poder-se-ia
pensar que a norma permitia que um contrato promessa pudesse produzir efeitos reais.
Erradamente poder-se-ia pensar que o objetivo do art.413 seria antecipar os efeitos reais do
contrato prometido. Em causa não está nunca esse efeito. A ser assim que sentido terá a
expressão "eficácia real da promessa"? O que se pretende então é admitir que o promitente
adquirente, titular que é de um direito de crédito possa comportar-se como se titular do
direito real já fosse e como tal possa opor o direito que tem a quaisquer terceiros que se
arroguem na titulares direitos incompatíveis com o seu.
Ainda assim há quem defenda que realmente o contrato promessa com eficácia real possa
produzir efeitos reais (confere o direito real de aquisição). Mesmo que assim seja o efeito
real nunca é o do contrato prometido.
Para que seja possível a aplicação do art.413, é necessário que se preencham vários
requisitos comutativoa e de natureza distinta:
1. Requisitos substanciais: a natureza jurídica do contrato prometido tem de permitir
que produza efeitos reais; o objeto do negócio tem de ser coisa imóvel ou móvel
sujeito a registo; tem de resultar de declaração expressa (não é admitida a
declaração tácita).
2. Requisitos formais: exige-se a escritura pública ou DPA (imóveis e doc. particular
com conhecimento de assinaturas no caso dos móveis sujeitos a registo).

O objetivo primordial neste caso é permitir que quaisquer terceiros possam conhecer que
alguém prometeu vender a outrém que prometeu comprar determinado bem imóvel ou
móvel sujeito a registo e que as partes pretenderam atribuir-lhe eficácia real.

Regime do incumprimento do contrato promessa


Em regra o incumprimento de uma obrigação é gerador de responsabilidade civil contratual.
Violado que seja o direito de crédito tem o lesado o direito de exigir uma indemnização.
O regime do sinal está previsto no art.442 e não é privativo do contrato promessa, mas é
muito vulgar pela sua própria natureza está associado aos contratos promessa.
O sinal corresponde à entrega por um dos contraentes ao outro de determinada coisa, em
princípio, fungível para que sirva, normalmente, como antecipação total ou parcial da
prestação que deve realizar um dos contraentes aquando da celebração do contrato
prometido.
Havendo sinal e se a sua natureza consubstanciar uma antecipação da prestação, então a
coisa entregue a título de sinal deve ser imputada na prestação devida (443 NR 1- 1°parte).
Não sendo possível a imputação, a coisa entregue a título de sinal, deve ser restituída.
A primeira parte do NR.2 do 442, determina duas coisas:
a) Se o incumprimento do contrato se ficar a dever aquele que prestou o sinal, tem a
outra parte a faculdade de fazer sua a coisa entregue e assim passa a ter causa
jurídica para esse enriquecimento patrimonial. É por isso que não se lhe pode aplicar
o regime jurídico do enriquecimento sem causa.
b) Se ao invés o incumprimento do contrato se tiver ficado a dever a quem recebeu o
sinal tem o outro contraentes a faculdade de exigir o dobro do que prestou.

A 2 parte do NR.2 do 442, contempla uma alternativa prevista no nr.1. Dito de outra maneira
pode o promitente não faltoso em vez de exigir o dobro do que prestou a título de sinal,
pode exigir que o faltoso lhe devolva o sinal em singelo acrescido da diferença entre o preço
fixado ao tempo da celebração do contrato promessa e o preço determinado ou
determinável ao tempo do incumprimento da promessa. No entanto esta alternativa
estabelece uma condição "sine qua non" qual seja a de ter havido para a pessoa do
promitente adquirente a tradição da coisa objeto do contrato.
A exigência do sinal em dobro ou a exigência para poder fazer seu o sinal entregue só é
possível quando a obrigação em falta se mostrar definitivamente incumprida. Esse
incumprimento definitivo pode resultar:
a) De uma impossibilidade superveniente culposa do cumprimento da obrigação
b) Se for advertido o faltoso e o incumprimento do prazo suplementar que lhe é
conferido implica que o não faltoso perde o interesse no negócio e com isso
transforma o incumprimento temporário em incumprimento definitivo.
Deste art. 798, não resulta nenhum prazo objetivamente determinado. Significa que
casuística mente e com recurso ao paradigma do homem médio ao incumpridor deve ser
conferido prazo passível de ser cumprido por qualquer outra pessoa minimamente diligente
que estivesse colocada na posição do incumpridor. A falta da consequência determina a
manutenção do incumprimento temporário.
Remissão: 442-798 contrato promessa- execução específica (escrever)

O art.830 tem por epígrafe contrato promessa. Facilmente se conclui que o regime do 830 é
exclusivamente aplicável aos contratos promessa. Interpretado que seja o NR.1 retira se
que a ação judicial em causa não se limita a formular um pedido condenatório
consubstanciado na realização do contrato prometido. O que se pretende com a execução
específica é que todos os efeitos decorrentes do contrato prometido que não está a ser
realizadado ocorram mesmo que para isso não concorda/interesse a vontade do promitente
faltoso. É esta característica de coercitividade próxima do elemento identificativo de uma
qualquer ação executiva que ganha sentido a expressão doutrinária e jurisprudencial de
execução específica.
Ao contrário do que acontece com a aplicação do NR.2 do 442, só é possível usar o
mecanismo do 830 se e só se ainda for possível a celebração do contrato prometido, isto é,
ainda for possível que as partes celebrem o contrato que se obrigaram a celebrar. Quer isto
dizer que em causa não pode estar o incumprimento definitivo nem a impossibilidade de
cumprimento.
Para que seja possível lançar mão do 830, é ainda importante verificar se houve ou não
sinal se as partes em relação ao 830 se pronunciaram ou se o contrato promessa em causa
se enquadra no 410/3.
Interpretados os NR.1/2/3 do 830, podemos concluir:
a) A existência de sinal num contrato promessa é em princípio suficiente para que não
haja lugar à execução específica.
b) A inexistência de sinal num contrato promessa é, em princípio, fator que permite a
aplicação do 830.
c) Se o contrato promessa disser respeito ao 410/3, a existência ou não sinal ou a
vontade das partes é irrelevante na medida em que se admite sempre a existência
do 803.
Não nos podemos esquecer que não se tratando de contratos promessa do 410/3 o que se
concluiu atrás mas alíneas a e b pode ser alterado por vontade expressa das partes.
Para além da circunstância de incumprimento temporário e desta questão do sinal é ainda
elemento afastador do regime da execução específica se a tal se o opuser a própria
natureza da obrigação em falta.

Pacto de preferência/ Contrato de preferência/


Preferência convencional
(414 e seguintes)
O art.414 contém a noção de pacto ou contrato de preferência, assim o pacto é um contrato
pelo qual alguém se obriga a dar preferência a uma pessoa se o obrigado decidir celebrar o
contrato que é objeto do pacto.
Do 414 resulta apenas a compra e venda, mas o seu regime é aplicável ou extensível a
outros negócios jurídicos que tenham os mesmos efeitos da compra e venda. Aliás, é isso
que resulta do disposto no 423. Porém a expressão última deste 423 "contratos com ele
compatíveis" determina que em causa não possam estar quaisquer outros negócios que
não sejam onerosos. Tem se entendido que compatíveis com a obrigação de dar
preferência são apenas os contratos onerosos já que nos gratuitos não há contrapartida à
liberalidade (por exemplo animus donandi).
No que toca à forma do pacto de preferência, o regime é em tudo semelhante ao que se
prevê no NR.2 do 410. Dito de outro modo, o pacto de preferência, deve ser reduzido a
escrito para o contrato que é objeto da preferência a lei exigir forma especial.
O exercicio de direito de preferência positiva ou negativamente está sempre dependente da
comunicação do projeto de venda e das cláusulas contratuais que o obrigado à preferência
deve fazer nos termos do art.416/1. Essa comunicação enquadra se nas declarações
unilaterais e receticias a que se refere o art.224.
Recebida a comunicação o preferente tem o ónus de responder:
a) se não responder caduca o seu direito de preferência nas condições expostas e
dentro do prazo que a lei prevê que é de 8 dias. Porém se o obrigado à preferência
celebrar com um terceiro contrato em condições distintas mais ou menos vantajosas
quando comparadas com as condições contidas na comunicação mantém se o
direito de preferência.
b) se disser que não está interessado extingue se o seu direito de preferência porque
foi exercido. No entanto já não se extingue caso o obrigado à preferência tenha
procedido nos mesmos termos referidos na alínea anterior.
Se o preferente disser que sim:
a) se o contrato objeto não carecer de forma especial para ser celebrado é suficiente
para a sua conclusão a comunicação enviada ao preferente e a respetiva resposta
positiva
b) Se a forma do contrato objeto do pacto de preferência for especial então é
necessário transcrever para documento (particular,DPA ou escritura pública) as
declarações negociais exigíveis para a correta formação do contrato objeto de pacto
de preferência.
A comunicação a que se refere o 416/1 deve conter a intenção de vender (projeto de venda)
e as cláusulas do respetivo contrato. De uma expressão ou de outra não resulta
necessariamente que deva ser indicada ao preferento a identificação do terceiro com quem
o obrigado à preferência poderá vir a celebrar negócio caso o preferente não queira.
No entanto é comum aceitar se a ideia da exigência de identificação desse terceiro mas tão
só nos casos em que a correta formação da vontade de preferir ou não preferir (vontade
livre esclarecida e ponderada) é elemento indispensável. Não as pode dizer que a
identificação do terceiro deva acompanhar sempre o que se mostra previsto no art.416/1.

Pacto de preferência com eficácia real


Tal como acontece no contrato promessa, também o pacto de preferência as partes podem
atribuir eficácia real - 421. À semelhança do que acontece com o 413, também aqui só é
possível se em causa estiverem bens imóveis ou móveis sujeitos a registo.

Requisitos de substância para a eficácia real do pacto de preferência:


a) O contrato objeto da preferência tem de ser oneroso
b) Tem de incidir sobre coisa imóvel ou móvel sujeito a registo
c) Deve resultar de declaração expressa (há quem assim não entenda)
d) Inscrição no respeito registo
Quanto à forma do pacto de preferência com eficiência real há de ser escritura pública ou
DPA no caso dos imóveis ou documento particular com reconhecimento de assinaturas no
caso dos bens móveis sujeitos a registo.
O direito de preferência pode pois resultar de uma de duas fontes:
a) Pacto/contrato de preferência com ou sem eficácia real (direito de preferência
convencional)
b) Direito de preferência legal (tem sempre eficácia real)
Quando relativamente ao mesmo contrato e ao mesmo objeto existirem vários direitos de
preferência há que apurar da existência da hierarquia entre eles nos termos do 422. Deste
modo, o primeiro direito de preferência a ceder é o de natureza convencional sem eficácia
real (meramente obrigacional). Entre o direito de preferência convencional mas com eficácia
real e o direito de preferência legal prevalece sempre o da preferência legal.
Se o pacto de preferência tiver natureza meramente obrigacional e for incumprida a
obrigação de dar preferência ao preferente só assiste o direito de ser indemnizado pelos
danos que haja sofrido e desde que se verifiquem os pressupostos da responsabilidade civil
contratual (728 e seg.).
Porém se o direito de preferência for convencional, mas com eficácia real ou for direito de
preferência legal, em caso de incumprimento da obrigação de dar preferência o preferente
para além do direito de ser indemnizado tem a possibilidade de propor a ação judicial de
preferência a que se refere o art.1410.

Negócios jurídicos unilaterais enquanto fonte de obrigações

Para além dos contratos, também dos negócios jurídicos unilaterais podem resultar
obrigações para o interveniente. A sua criação em abstrato considerada resulta da
aplicação dos princípios da autonomia da vontade e da liberdade contratual. O mesmo se
passa com os contratos. Porem, há uma forte limitação quanto há criação de negócios
jurídicos unilaterais dos quais resultem obrigações para o interveniente.
Assim, e tão só quando nos negócios jurídicos unilaterais emergirem obrigações,
temos de aplicar enquanto restrição ao princípio do 405º o disposto no 457º. Dito de outro
modo, os negócios jurídicos unilaterais dos quais resultem obrigações para o interveniente
obedecem ao princípio da tipicidade, isto é, só se admitem os negócios jurídicos previstos
na lei.

Gestão de negócios 464º e ss.


A gestão de negócios enquanto fonte de obrigações mostra-se prevista nos artigos
464º e ss.
Para que haja gestão de negócios, é necessário que se preencham vários requisitos
cumulativos:
a) Alguém assume a direção de um assunto alheio;
b) Quem o assume (gestor), deve fazê-lo por conta do respetivo dono do negócio
também conhecido como gestido ou interessado. Atuar por conta significa atuar
com intenção de fazer projetar na esfera jurídica e patrimonial do gestido os
efeitos jurídicos dos atos praticados pelo gestor.
c) O gestor tem de atuar no interesse dos gestido e não no seu próprio interesse.
Tem de atuar de acordo com interesse objetivo do dono do negócio.
d) (requisito negativo) É indispensável que o gestor não esteja autorizado a praticar
os atos de gestão.
Da gestão de negócios emergem obrigações para ambos (gestor e gestido).
Para o gestor:
a) Tem de conformar com o interesse e a vontade real ou presumível do dono do
negócio (465º, a)).
b) Avisar o gestido logo que seja possível de que assumiu a gestão (465º, b))
c) Prestar contas findo o negócio interrompida a gestão ou quando o dono do
negocio o exigir (465º, c))
d) Prestar ao gestido todas as informações da gestão (465º, d))
e) Entregar ao gestido tudo o que tenha recebido de terceiros no exercício da
gestão (465º, e))
f) Numa interpretação enunciativa à contrário senso do nº1 do 466º, o gestor
responde perante o dono do negócio tanto pelos danos a que der causa por
culpa sua no exercício de gestão como por aqueles que tiver causado com a
injustificada interrupção da gestão.

Para o gestido:
a) Se a gestão tiver sido regular (foram cumpridas todas as obrigações do gestor),
O gestido fica constituído perante o gestor na obrigação de reembolsar todas as
despesas suportadas (nº1 do 468º)
b) Indemnizar o gestor pelos danos sofridos durante a gestão (parte final do nº1 do
468º)
c) Pode o gestido ter de remunerar o gestor, mas tal só acontece se os atos do
gestor forem atos resultantes do exercício de uma atividade profissional (470º)
Apesar de se falar do 468º nº1 em reembolso das despesas, não são reembolsáveis
todas as que foram suportadas pelo gestor. Só são reembolsáveis as que se mostrem
indispensáveis à gestão em concreto e mesmo dentro delas devem subordinar-se ao
paradigma do homem medio.

A aprovação da gestão
Corresponde à declaração negocial proferida pelo gestido relativa à concordância
genérica da atividade do gestor. Sendo aprovada a gestão pelo gestido, expressa ou
tacitamente, dispensa o gestor da prova da regularidade da gestão exercida e da prova dos
consequentes direitos que tem perante o gestido.
Mesmo que a gestão tenha sido irregular (não foram cumpridas todas as obrigações
do gestor) é ainda possível que o gestor tenha direitos face ao gestido. Porem, esses
direitos a existirem resultarão das regras do enriquecimento sem causa (468º, nº2).
Quando da atuação do gestor resultar a celebração com um terceiro de um negócio
jurídico, a produção de efeitos desse negócio jurídico está absolutamente dependente do
ato voluntario do gestido em ratificá-lo (confirmá-lo). Enquanto não for ratificado (não tem de
o ser), os efeitos jurídicos do negócio jurídico celebrado entre o gestor e o terceiro não se
produzem. A declaração negocial de ratificação deverá obedecer à forma que revestiu o
negócio jurídico a ratificar.
A ratificação do negócio jurídico implica tacitamente a aprovação da gestão, mas o
inverso não é verdade.
A aprovação da gestão e a ratificação do negócio jurídico são coisas diferentes e
com efeitos jurídicos diversos. Aprovar a gestão implica o reconhecimento da regularidade
da gestão e consequentemente faz nascer na pessoa jurídica do gestido o conjunto de
obrigações que a traz mencionámos, mas não determina em momento algum e muito
menos de forma automática que se ratifique o negócio jurídico em causa. Por sua vez, a
ratificação implica necessariamente e de modo tácito que o gestido aprove a gestão.

1178º- remissão para 262º e ss.

Enriquecimento sem causa 473º e ss.


O instituto ou regime jurídico do enriquecimento sem causa destina-se a desfazer
uma deslocação patrimonial entre os patrimónios de dois sujeitos jurídicos distintos nos
casos em que essa deslocação patrimonial não teve causa ou fundamento jurídico.
Não se trata de penalizar ou sancionar, mas sim fazer regressar o património
deslocado a quem de direito.
Para que haja enriquecimento sem causa tem de se verificar alguns pressupostos: 1) Tenha
havido deslocação patrimonial entre os patrimónios de dois sujeitos, ou melhor um deles
tenha enriquecido à custa do outro. Este enriquecimento pode resultar num aumento do
ativo, na diminuição do passivo ou na poupança de uma despesa. 2) Tem de haver um
empobrecimento respetivo. 3) Tem de existir um nexo de ligação entre o enriquecimento de
um e o empobrecimento do outro. Esse nexo tem de permitir que se diga que o
enriquecimento de um foi obtido à custa do empobrecimento do outro. 4) (requisito negativo)
Tem de faltar causa ou fundamento jurídico para que o enriquecimento e o empobrecimento
tenham ocorrido.
Se se aplicar o regime do enriquecimento sem causa, é libertada uma única
obrigação qual seja a de restituir ao património do empobrecido o que dele
injustificadamente saiu.
Embora que da epigrafe do 480º resulte algo relativamente diferente, a verdade é
que o momento em que se constitui a obrigação de restituir corresponde a uma de duas
situações: a) Ter sido o enriquecido citado judicialmente para a restituição 480º, a).
b) Ter ele conhecimento da falta de causa do seu enriquecimento 480º, b)
A partir de qualquer uma daquelas situações, a obrigação de restituição vence-se
pelo que passa o enriquecido a responder também pelos factos previstos na primeira parte
do 480º.
O artigo 476º cuja epigrafe é “repetição do indevido” constituiu um caso especial de
enriquecimento sem causa.
De acordo com 482º, a lei fixa um prazo especial de prescrição da obrigação de
restituir, prazo esse que é de 3 anos contado da data em que o empobrecido teve
conhecimento do direito que lhe assiste e da identidade do enriquecido. Não se aplica aqui
o prazo geral de prescrição. (20 anos).
Lugar e momento do cumprimento das obrigações
Se tiver havido convenção nesse sentido ou disposição legal a esse respeito, há de
ser esse o lugar e não outro no cumprimento da obrigação. Se assim não for, isto é, se não
houver convenção ou norma jurídica especial, aplica-se o regime supletivo previsto no artigo
772º.
Quando a prestação for de “daré” de coisa move, o lugar do cumprimento da
obrigação é aquele onde foi celebrado o negocio jurídico 773º.
Se a obrigação for de natureza pecuniária, o lugar do cumprimento da obrigação é o
domicílio do credor ao tempo do cumprimento da obrigação 774º.
Quanto ao prazo do cumprimento da obrigação, é usual usar-se a expressão
vencimento para significar o momento em que a prestação deve ser realizada e que não se
confunde com o momento do nascimento da obrigação.
No que ao prazo diz respeito, 2 são as hipóteses:
a) Ou a obrigação tem prazo ou termo certo 777º;
b) Ou é oura (sem prazo) e o momento do vencimento ocorre apenas com a
interpelação feita pelo credor ao devedor judicial ou extrajudicialmente 805º, nº1.
Sabemos nós que as obrigações podem ser puras ou ter prazo. Quando tiverem
prazo (a esmagadora maioria delas), esse prazo implica em regra a atribuição de uma
vantagem tipicamente a favor do devedor. Alias, do artigo 779º, resulta a presunção de que
se existir prazo, este beneficia o devedor.
Esta presunção, como quase todas as outras, é ilidível tal qual como resulta do
próprio 779º. Quer isto dizer que a lei ou o contrato podem estabelecer que o prazo
beneficie apenas o credor ou ambos.
É relevante saber quem é o destinatário do benefício do prazo para se puder apurar
da exigência ou da imposição do cumprimento antecipado da obrigação. Se o prazo
beneficiar o devedor, pode este unilateralmente cumprir a obrigação em momento anterior
tendo o credor o ónus de a aceitar. Noutra perspetiva, mas ainda se o prazo beneficiar o
devedor, não pode o credor exigir o cumprimento antecipado da obrigação.
Se o prazo beneficiar apenas o credor, o devedor não pode impor o cumprimento
antecipado da obrigação, mas o credo já o pode exigir.
Se beneficiar ambos depende do acordo das partes, exceto quando a lei disser o
contrário.
O artigo 780º, estabelece a perda do benefício do prazo. Quando o prazo do
cumprimento da obrigação beneficiar o devedor, este pode perdê-lo. Perde-o se se verificar
uma das seguintes circunstâncias:
a) O devedor ter sido declarado insolvente;
b) Tenha havido por culpa do devedor, uma diminuição das eventuais garantias
especiais para cumprimento das suas obrigações;
c) Não tiver o devedor cumprido a promessa de apresentar garantias especiais por
culpa sua.
Se o benefício do prazo for perdido, sigmjnifica que o credor pode considerar
vencida a obrigação e consequentemente, pode exigir antecipadamente a realização da
prestação.
Alias, o artigo 781º vem estabelecer uma regra geral (934º é norma especial) na
sequência da qual a falta de uma das prestações implica o vencimento das outras.

Regime do incumprimento das obrigações 790º e ss.


Existem várias modalidades de não cumprimento. Desde logo, o incumprimento
pode ser ou não culposo. E dentro de cada uma dessas modalidades encontramos o
incumprimento temporário e definitivo. Estes últimos por sua vez subdividem-se em
incumprimento parcial e incumprimento total.
Quando estamos perante o incumprimento definitivo culposo ou não culposo, há que
atender a duas subespécies:
a) O incumprimento em sentido estrito;
b) O incumprimento qualificado legalmente como impossibilidade.
Faz-se esta distinção porque corresponde ou pode corresponder a circunstâncias
distintas embora o regime jurídico que as trata seja exatamente o mesmo.

Incumprimento não culposo


A nossa lei trata-o sobre a designação de impossibilidade de cumprimento não
imputável ao devedor. Refere-se tanto às situações em que o cumprimento se impossibilitou
porque objetivamente assim ocorreu como às situações em que o credor perde o interesse
no cumprimento.
A impossibilidade de cumprimento que aqui se aborda é em tudo diferente da
impossibilidade originaria. A que aqui tratamos é qualificada como superveniente. Alias, e
atendo no disposto no nº1 do artigo 790º, a impossibilidade superveniente tem como
consequência a extinção da obrigação sempre que a prestação se tornar impossível por
causa imputável ao devedor. Se a impossibilidade for contemporânea do nascimento da
obrigação, o negócio jurídico subjacente é nulo.
É precisamente a propósito da dicotomia entre a impossibilidade originaria, versus a
superveniente que o legislador sentiu necessidade de esclarecer a problemática resultante
das obrigações sobre condição. Antes de se verificar a condição (se existir) a obrigação não
se constituiu. Assim, se a impossibilidade do cumprimento tiver ocorrido antes da condição
poder-se-ia pensar que se tratava de impossibilidade originaria e por isso nulo o negócio
jurídico. É por causa disso que o nº2 do 790º nos indica que a impossibilidade verificada
antes da condição, mas depois do nascimento da obrigação será sempre tida por
superveniente de modo a não pôr em causa a validade do respetivo negócio jurídico.

Incumprimento temporário- não culposo


O incumprimento temporário das obrigações esta mais diretamente associado ao
comportamento culposo do devedor. No entanto, pode dar-se o caso de sem culpa do
devedor, não ter sido atempadamente realizada a prestação embora seja possível a sua
realização e nela tem ainda interesse o credor.
Do incumprimento temporário, culposo e não culposo, resulta apenas mora.
Também aqui é mais usual associar-se ao incumprimento temporário culposo. A grande
diferença entre um e outro regime é que no incumprimento temporário não culposo, o
devedor não responde pela mora.
Impossibilidade parcial (não culposo) 793º
O incumprimento diz-se parcial ou temporal em função da sua aptidão em satisfazer
o interesse do credor.
Embora também aplicável ao incumprimento parcial culposo, o artigo 794º prevê que
extinta a obrigação e se por causa do facto que a impossibilitou, o devedor tiver adquirido o
direito, pode o credor exigir a prestação dessa coisa ou substituir-se ao devedor na
titularidade do direito que ele tiver adquirido contra terceiro (794º).
O artigo 795º encerra o regime relativo ao risco da prestação nos contratos
bilaterais. De acordo com este regime, quando uma das obrigações se tornou impossível
sem culpa do devedor, a outra obrigação correspondente também e extingue.
O artigo 796º apresenta no entanto um regime especial para os casos em que dos
contratos em causa se transmitam direitos reais e por tal circunstancia se tenha de concluir
que o risco pela perda ou detioração da coisa corre por conta do titular do direito.

Incumprimento imputável ao devedor ou incumprimento culposo


Se for imputável ao devedor, o efeito do incumprimento, seja ele qual for, é tornar-se
responsável pelo prejuízo que tiver causado (798º). Para que tal ocorra, isto é, para que o
devedor se constitua responsável pelo prejuízo causado é necessário que esteja verificado
os respetivos requisitos, ou seja, é indispensável que estejam reunidos os vários
pressupostos da responsabilidade civil obrigacional ou contratual. Assim, é necessário que
exista o comportamento do agente (facto voluntario), a culpa (dolo e negligencia), a ilicitude,
o dano e o nexo causal. Quer isto dizer que os pressupostos da responsabilidade civil
obrigacional são os mesmos da responsabilidade civil extra obrigacional.
Há, no entanto, algumas diferenças entre os dois regimes:
a) A culpa, na responsabilidade civil contratual ou obrigacional é presumida em relação
ao devedor ao contrário do que acontece na responsabilidade civil extra
obrigacional.
b) Quando à ilicitude, deve dizer-se que as causas do seu afastamento são as mesmas
que a lei prevê para a responsabilidade civil extra obrigacional. No entanto, duas
outras causas são de assinalar, mas privativas da responsabilidade civil
obrigacional, são elas: a exceção do não cumprimento e o direito de retenção.
c) Se a obrigação de indemnizar, por incumprimento da obrigação incidir sobre vários
codevedores, o regime desta obrigação plural é a conjunção ao passo que já é o da
solidariedade se essa obrigação plural resultar da aplicação das regras da
responsabilidade civil extra obrigacional.
d) A obrigação de indemnizar fundada na responsabilidade civil obrigacional não tem
prazo prescricional especial. É o prazo ordinário de 20 anos, exceto quando a
obrigação incumprida tenha ela própria um prazo especial para cumprimento.

Mora do devedor (incumprimento temporário culposo)


Para que haja mora, é necessário que:
a) O devedor não cumpra a obrigação no momento dos eu vencimento;
b) Que o incumprimento seja culposo;
c) Que o não cumprimento diga respeito a um mero atraso no cumprimento da
obrigação. Para que seja um mero atraso, é indispensável que em causa seja ainda
possível o cumprimento da obrigação e nele o credor mantenha interesse.
São os seguintes, os efeitos da mora:
1) Reparar os danos que a mora tiver causado (804º)
2) Se a obrigação incumprida for de natureza pecuniária do atraso poderá resultar a
aplicação de juros (juros moratórios) (806º);
3) É qualificado pela doutrina como a inversão do risco se houver mora culposa. Por
outras palavras, e se estiver o devedor em mora, responde perante o credor pela
perda ou deterioração da coisa, mesmo que essa perda ou deterioração não lhe
sejam imputáveis (807º).
4) Transformação da mora em incumprimento definitivo. Já se sabe que o devedor
entra em mora quando não realizou a prestação devida quando se venceu a
obrigação, mas é ainda possível a sua realização e nela o credor tem ainda
interesse. Será naturalmente razoável admitir que o credor deixe de ter interesse na
prestação por causa do atraso na sua realização. Por se mostrar de difícil prova
(processo mental), o legislador apresenta um modo objetivo ao dispor do credor para
demonstrar junto do devedor que perdeu o interesse na prestação. Para o fazer, isto
é, para permitir afirmar que perdeu o interesse na prestação e daí retirar as
inerentes consequências tem de comunicar ao devedor a concessão de um prazo
suplementar e razoável, mas sob a cominação de perder o interesse na prestação
caso esta não se realize até ao fim desse prazo suplementar. O aviso da cominação
e absolutamente indispensável. Só assim, a mora pode ser transformada em
incumprimento definitivo. Aquele prazo suplementar é pois de natureza admonitória.

Incumprimento definitivo (culposo) 801º e ss.


Nos termos do artigo 801º, nº1 cuja epigrafe é “impossibilidade culposa”. Desse nº1
decorre que tornando-se impossível a prestação por causa imputável ao devedor, é este
responsável nos mesmos termos em que o é quando incumprir culposamente a obrigação.
O segundo efeito, derivado do incumprimento definitivo e culposo que resulta da
análise do nº2 no 801º (remissão para o 433º). Da interpretação daquele nº2 resulta da
natureza especial dessa norma quando comparada com a regra geral prevista no 433º.
Quer isto dizer que, desse incumprimento definitivo culposo, pode assistir ao credor o direito
de resolver o contrato. Não fosse este nº2 do 801º e porque da resolução resulta a
destruição retroativa dos efeitos do contrato e, por tal motivo, não seria fácil admitir que do
“nada” pudesse resultar a obrigação de indemnizar. Esta é a única razão da existência do
nº2 do 801º.
O terceiro efeito do incumprimento definitivo culposo mostra-se previsto no artigo
803º que nos manda aplicar adaptada mente o regime atras tratado e previsto no 794º.

Incumprimento definitivo parcial


Esse regime está previsto no artigo 802º e é norma semelhante ao 793º em certa
medida. Em ambos os casos, dá-se ao credor o direito de resolver o contrato caso este seja
bilateral. Do 802º resultam duas alternativas relativas ao comportamento do credor quando
exista incumprimento definitivo parcial.
a) Ou no cumprimento que foi feito parcialmente (abrange os sentidos qualitativo e
quantitativo) interessa ao credor e pode este optar por reduzir proporcionalmente a
sua contraprestação;
b) Ou o cumprimento parcial não interessa ao credor podendo optar pela resolução do
contrato devolvendo claro esta, a prestação parcial já feita.
A qualquer umas das alternativas, acresce ao credor o direito de ser indemnizado pelo
incumprimento da obrigação.

“Incumprimento” pelo credor (813º e ss) ´


Em causa está o comportamento que o credor pode ter consubstanciado na recusa
do recebimento da prestação oferecida pelo devedor ou por não ter praticado as diligências
necessárias que permitissem a realização completa e atempada da prestação.
Tecnicamente o credor não tem a obrigação de aceitar a prestação, tem antes o ónus
de o fazer.
Em face de qualquer uma daquelas situações, falamos em mora do credor. Para que
haja mora do credor:
a) Ou o credor recusa o recebimento da prestação pontual oferecida pelo devedor;
b) Ou o credor não praticou determinados atos tendo o ónus de o fazer impedindo com
isso que o devedor pudesse realizar a sua prestação.
Para que haja mora do credor por recusa deste, é indispensável que a prestação
oferecida pelo devedor corresponda aquela que de facto deveria prestar e no momento do
vencimento da obrigação.
Os efeitos da mora do credor estão previstos nos artigos 814º, 815º e 816º.
1) Atenuação da responsabilidade civil do devedor. A partir do momento em que o
credor se constituiu em mora, o devedor só é responsável civilmente se tiver atuado
com dolo. Esta circunstância constitui uma diferença notória entre os dois regimes
da responsabilidade civil obrigacional e não obrigacional, já que deixa aqui de
funcionar a presunção da culpa do devedor a partir do momento em que o credor
entre em mora.
2) O segundo efeito mostra-se previsto particularmente no nº2 do 815º estabelecendo
que nos contratos bilaterais estando o credor em mora, não fica o credor
desonerado da sua contraprestação se por culpa sua se perder a prestação a que
tinha direito.
3) O terceiro efeito consta no artigo 816º e dessa norma resulta que o credor de
constitui responsável civilmente embora que de mora limitado, se tiver em mora.
O credor em mora, só responde pelos danos decorrentes das despesas que o
devedor tenha tido na tentativa do cumprimento da sua obrigação. Responda ainda,
pelos lucros cessantes do devedor e pelos prejuízos, que tenha o devedor tido com a
guarda e/ou conservação da prestação efetuada.

Causas da extinção das obrigações para alem do cumprimento (837º e ss)


Em primeiro lugar, estas causas da extinção das obrigações em nada se confundem
com as causas ou modos de extinção dos contratos.
Daqueles artigos resultam as seguintes causas distintas do cumprimento:
a) Dação em cumprimento;
a1) Tacio pro solvendo
a2) Dacio in solutum
b) Consignação em deposito;
c) Compensação;
d) Novação;
e) Remissão (ato de perdão da divida);
f) Confusão.

Faltei a 2 aulas
Dias 28/11 e 5/12

A dacio in solutum é…
Exigindo-se o acordo entre o devedor e credor de modo a que este aceite coisa diferente a
que corresponderia à prestação exigida, a dacio pro solvendo 840 difere da anterior, já que
nesta o devedor entrega ao credor determinado bem para que o venda e com o produto da
venda se faça pagar. É igualmente indispensável o acordo entre ambos.
O credor pode ficar como produto da venda se o valor for igual ao seu direito de crédito;
mantém o direito de crédito se o valor do bem vendido for inferior (modifica-se aqui o objeto
do seu direito de crédito) ou deve restituir ao devedor a diferença entre o preço obtido e o
valor da dívida no caso de aquele ser superior.

Consignação
A consignação em depósito é uma das consequências jurídicas da mora do credor. Embora
a lei confira ao devedor está prerrogativa só é aplicável se em causa estiverem prestações
de daré.
Se o cumprimento da obrigação em causa puder ser feito por um terceiro, também esse
terceiro poderá promover a consignação em depósito. Só assim não é se a prestação for o
infungível.
Em regra, consignar em depósito implica recurso a juízo, exceto no que toca às rendas
derivadas de contratos de arrendamento. Nos termos do 846, a obrigação extingue-se
quando o credor aceitar a consignação (tácita ou expressamente) ou o tribunal declare
válida essa consignação.
… Desde que os requisitos se mostrem preenchidos.

Compensação
Compensar é uma espécie de acerto de contas. Com a própria razão de ser e natureza, só
é possível quando em causa estejam coisas fungíveis, portanto de igual espécie e
qualidade.
A compensação pode ser total ou parcial e efetiva-se pela declaração de uma das partes à
outra.
O art.853 prevê a exclusão da compensação para os direitos de crédito aí mencionados.
Consideram se extintas as obrigações desde o momento em que os direitos de crédito se
tornaram compensáveis, ainda que a compensação tenha ocorrido posteriormente.
Novação (857 e seg)
Tal qual a dação em cumprimento também aqui é imprescindível o acordo entre o credor e o
devedor. Consiste a novação na contração de uma nova obrigação perante o mesmo credor
e assumida pelo mesmo devedor com o propósito de substituir a obrigação entre eles
anteriormente existente.
A vontade novativa da obrigação tem de ser manifestaram de modo expresso não se
admitindo pois que resulte tacitamente 859.

Remissão (863 e seg)


A remissão é um perdão de dúvida, mas é um perdão que exige o acordo das partes.
A remissão é tipicamente um ato de natureza gratuita, pelo que quando assumir igualmente
carácter de liberalidade (animus donandi), a remissão é tratada segundo o regime da
doação (940 e seg).

Confusão (868)
Diz-se que é uma forma extintiva das obrigações, difere do cumprimento porque a dado
momento (posterior ao surgimento da obrigação) reúne-se na titularidade do mesmo sujeito,
as posições de devedor e credor.

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