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03/03/2022 09:12 Aprendendo em 5 minutos: Direito das Obrigações

Aprendendo em 5 minutos: Direito das Obrigações

Modalidades das obrigações e classificação

Publicado por Endireitados há 6 anos 147,7K visualizações

A coluna desta semana é sobre um assunto recorrente no Exame de Ordem dos


Advogados do Brasil e nos concursos públicos na matéria de Direito Civil: Direito das
Obrigações.

A parte especial do Código Civil de 2002 é inaugurada pelo livro de Direito das
Obrigações, sendo reservado do artigo 233 ao 420 para o exaurimento da matéria.

As obrigações podem ser conceituadas como relações jurídicas estabelecidas de forma


transitória pelo sujeito ativo (credor) e pelo sujeito passivo (devedor), tendo como
objeto uma prestação econômica que pode ser positiva (obrigações de dar e de fazer) ou
negativa (obrigação de não fazer) e que se inadimplida terá como garantia o patrimônio
do devedor.

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A prestação econômica, denominada o elemento objetivo da obrigação, é o objeto da


obrigação e deve ser lícito, possível e economicamente apreciável e pode
constituir-se em: dar, fazer e não fazer.

A fonte da obrigação pode ser um contrato, um ato ilícito ou um ato unilateral de


vontade, que caracterizam o vínculo jurídico, ou seja, o liame legal que une os sujeitos
da obrigação.

O ponto crucial da matéria muito cobrado nos exames da Ordem e concursos públicos
são as modalidades de obrigações, levando em consideração a classificação e distinção
de cada uma delas. As obrigações dividem-se em: obrigação de dar coisa certa,
obrigação de dar coisa incerta, obrigações de fazer e não fazer, e seus desdobramentos:
obrigação divisível e indivisível e obrigações solidárias.

Passemos a analisar as principais características de cada uma das modalidades de


obrigações:

Obrigação de dar coisa certa:

Previsão legal: Artigo 233 a 242 do Código Civil.

A obrigação de dar coisa certa se caracteriza pela entrega de coisa certa, ou seja, o
devedor deverá entregar ao credor coisa individualizada. Dispondo expressamente
o CC que a obrigação abrange também os acessórios dela embora não mencionados,
salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso (artigo 233).

Cumpre destacar que para se desonerar o devedor deve entregar ao credor exatamente
a coisa determinada, o que significa dizer que o credor não será obrigado a receber
outro bem, ainda que mais valioso.

Outro ponto importante acerca da matéria é o relacionado ao pertencimento da coisa


até que seja efetuada a tradição. O artigo 237 é pontual ao estabelecer que a coisa,
juntamente com os seus melhoramentos e acréscimos, bem como os frutos percebidos

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são do devedor até a tradição desta, podendo o devedor inclusive exigir o aumento do
preço pelos melhoramentos e acréscimos e ante a recusa do credor, resolver a
obrigação.

Perda ou deterioração da coisa:

A regra equivale a res perit domino (a coisa perece para o dono). Deste modo, se a
coisa certa for perdida sem culpa do devedor antes da tradição, sofrerá o credor a perda
e a obrigação se resolverá.

Na hipótese de culpa do devedor pela perda da coisa, este responderá pelo equivalente
em dinheiro e perdas e danos experimentados pelo credor.

Se tratando da deterioração da coisa, sem culpa do devedor, o credor poderá resolver a


obrigação ou aceitar a coisa com o devido abatimento do preço, levando em
consideração o valor perdido em face de deterioração. Já na hipótese de deterioração
da coisa por culpa do devedor pode o credor exigir o equivalente em dinheiro, ou
aceitar a coisa no estado em que se acha, reservando a lei o direito do credor em ambos
os casos de requerer indenização das perdas e danos suportados.

Obrigação de dar coisa incerta:

Previsão legal: Artigos 243 a 246 do CC.

Nesta modalidade de obrigação, o objeto constitui algo indeterminado, sendo indicado


apenas pelo gênero e quantidade, ou seja, sendo indeterminada a qualidade da coisa.

Um dos pontos principais da matéria diz respeito à escolha do objeto, já que para o
cumprimento da obrigação a coisa deverá ser determinada, individualizada através da
escolha que competirá a quem foi determinado no contrato ou no caso de omissão ao
devedor. Importante frisar que no momento desta escolha é que se aperfeiçoa a
obrigação, transformando-se a obrigação de dar coisa incerta em obrigação de dar coisa
certa e uma vez cientificado o credor quanto a escolha, as regras atinentes a obrigação
de dar coisa certa são as que passam a reger a obrigação.

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Antes da escolha não pode o devedor ainda que por força maior ou caso fortuito alegar
a deterioração ou perda da coisa, tendo em vista a ausência da individualização e
consequente aperfeiçoamento da obrigação que consoante mencionado se dá com a
efetiva escolha da coisa, ou seja, determinação e individualização.

Por fim, o devedor não poderá dar coisa pior e nem tão pouco ser obrigado a dar coisa
melhor.

Obrigação de fazer:

Previsão legal: Artigo 247 a 249.

A obrigação de fazer constitui um ato ou serviço do devedor, envolvendo uma atividade


humana, tendo em vista que o devedor obriga-se a realização do ato ou serviço,
podendo ser realizada pessoalmente por este (obrigação de fazer infungível) ou
realizada por terceiro (obrigação de fazer fungível).

Quando do inadimplemento da obrigação for por impossibilidade sem culpa do


devedor a obrigação será considerada resolvida. Já na hipótese de recusa voluntária do
devedor, incorrerá este na obrigação de indenizar o credor em perdas e danos.

Importante destacar que se tratando de obrigação de fazer fungível, ou seja, quando


couber a execução por um terceiro, o credor poderá mandar executar a obrigação às
custas do devedor, sem prejuízo da indenização cabível. Agora, se a obrigação foi
infungível, isto é, quando não couber a execução por pessoa se não o devedor, o Código
de Processo Civil estipula medidas que podem ser adotadas pelo Juiz que afetam ao
patrimônio do credor na busca de incentivá-lo honrar com a obrigação, como as
chamadas astreintes (multas periódicas).

Obrigações de não fazer:

Previsão legal: Artigos 250 e 251 do CC.

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O objeto desta modalidade de obrigação constitui uma abstenção do devedor, isto é,


uma ausência de comportamento, a qual se comprometeu a não fazer, restando
inadimplente quando da execução do ato que se devia abster. O Código Civil prevê que
o credor poderá exigir do devedor que desfaça o ato, sob pena de se desfazer à sua
custa, sem prejuízo da indenização por perdas e danos, podendo o credor, por expressa
autorização da lei, em caso de urgência, desfazer ou mandar desfazer o ato,
independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.

Classificação das obrigações:

Obrigações alternativas:

As obrigações podem ser simples ou compostas. Sendo que a obrigação simples é


aquela em que há apenas um credor, um devedor e uma prestação, isto é, caracteriza-se
pela existência de apenas um de cada tipo de elemento da obrigação. No caso de haver
a faculdade de troca de uma prestação por outra, teremos uma obrigação facultativa.
Importante destacar que a prestação prevista desde o inicio é uma só, havendo apenas
a eventual possibilidade de troca.

Ao contrário, a obrigação composta é aquela em que pode haver não só a pluralidade de


objeto (prestações), como também de sujeitos (credores e devedores).

Quando há a pluralidade de objetos, ou seja, mais de uma prestação. A obrigação


poderá ser: cumulativa ou também chamada de conjuntiva, neste caso para o
adimplemento da obrigação deverá o credor cumprir as duas ou mais prestações
cumulativamente; ou, alternativa ou disjuntiva, em que o devedor para cumprir a
obrigação deverá adimplir com uma ou outra prestação prevista desde o início pelos
sujeitos da obrigação.

Vale para as obrigações alternativas as mesmas regras pertinentes à escolha da coisa se


tratando de obrigação de dar coisa incerta, ou seja, caberá a escolha dentre as
prestações devidas aquele a quem foi incumbido no contrato firmado entre as partes
e se esse for omisso, a escolha caberá ao devedor que não poderá obrigar o credor a
receber parte em uma prestação e parte em outra.

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Obrigações divisíveis e indivisíveis:

As prestações divisíveis são aquelas que pode haver o fracionamento da prestação ou


do próprio objeto da prestação, sendo que nesta hipótese havendo mais de um credor
ou mais de um devedor de uma obrigação divisível, esta será dividida em obrigações
iguais e distintas de acordo com o número de credores ou devedores.

Já as obrigações indivisíveis como o próprio nome aduz a prestação é única, não


podendo ser dividida entre seus credores e devedores, seja pela própria natureza do
bem, por motivo de ordem econômica ou dada a razão determinante do negócio
jurídico. Neste caso, quando da existência de dois ou mais devedores e ante a
impossibilidade de divisão da prestação, cada um dos devedores será obrigado pela
dívida inteira, sendo que sub-rogara-se no direito do credor aquele que pagar a divida
integralmente, ou seja, podendo exigi-la dos outros coobrigados.

Se a pluralidade for de credores a estes também caberá exigir a divida toda, hipótese
em que o devedor deverá pagar todos conjuntamente ou apenas um, exigindo deste que
dê caução de ratificação dos demais credores, desobrigando-se o devedor e em
contrapartida obrigando o credor que recebeu a prestação por inteiro a parte devida
aos demais credores.

No caso de um dos credores remitir a dívida, ou seja, perdoar, não há que se falar na
extinção de obrigação para os demais credores, que poderão exigir a prestação
mediante o desconto da quota pertencente ao credor remitente.

Obrigações solidárias:

Quando em uma obrigação concorrer mais de um devedor ou mais de um credor,


haverá a solidariedade, sendo que cada um destes estará obrigado ou com direito,
respectivamente, à dívida toda.

A lei é expressa ao determinar que a solidariedade não se presume, apenas resulta da


lei ou da vontade das partes.

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A solidariedade ativa é aquela em que há a pluralidade de credores, podendo estes


receberem o pagamento na integralidade. O código civil traz no bojo dos
artigos 267 a 274 algumas regras importantes nesse sentido:

a) Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da


prestação por inteiro (art. 267);

b) Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, o


devedor poderá pagar a qualquer um deles (art. 268);

c) O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do


que foi pago (art. 269);

d) Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá


direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão
hereditário (a não ser que a obrigação seja indivisível e não possa ser cindida) (art.
270);

e) Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a


solidariedade (art. 271);

f) O credor que tiver perdoado (remitido) a dívida ou recebido o pagamento responderá


aos outros pela parte que lhes caiba (art. 272);

g) O devedor não pode opor, a um dos credores solidários, as exceções pessoais


oponíveis aos outros (art. 273);

h) O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; já o


julgamento favorável lhes aproveita (a não ser que esteja fundado em exceção pessoal
ao credor que o obteve) (art. 274).

Necessária se faz também a análise das regras cabíveis quando da solidariedade


passiva, em que há a pluralidade de devedores, sendo que poderá o credor exigir, que
um devedor, individualmente, honre com a totalidade da dívida. Neste sentido, os
artigos 275 a 285 do Código Civil:
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a) O credor tem o direito de exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial


ou totalmente, a dívida comum (art. 275);

b) Se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados


solidariamente pelo resto (art. 275);

c) Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra


um ou alguns dos devedores (art. 275, parágrafo único);

d) Se um dos devedores solidários morrer deixando herdeiros, nenhum destes será


obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário (salvo se
a obrigação for indivisível); mas todos reunidos serão considerados como um devedor
solidário em relação aos demais devedores (art. 276);

e) O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não
aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada
(art. 277);

f) Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos


devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem
consentimento destes (art. 278);

g) Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste


para todos o encargo de pagar o equivalente – mas pelas perdas e danos só responde o
culpado (art. 279);

h) Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido
proposta somente contra um – mas o culpado responde aos outros pela obrigação
acrescida (art. 280);

i) O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as
comuns a todos, não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro codevedor (art.
281);

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j) O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os


devedores (art. 282);

k) Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos


demais (art. 282, parágrafo único);

l) O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos
codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o
houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores (art. 283);

m) No caso de rateio entre os codevedores, contribuirão também os exonerados da


solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente (art.
284);

n) Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este


por toda ela para com aquele que pagar (art. 285).

O tema é extenso, as regras são pontuais e a melhor forma de assimilar o conteúdo é,


sem dúvida, após o estudo do tema e a leitura da legislação atinente a matéria, praticar
a resolução de questões de provas anteriores, seja da prova da Ordem ou de concursos
públicos. Vejamos alguns exemplos de como o assunto é abordado em provas:

(OAB – 2010) Acerca das obrigações de dar, fazer e não fazer, assinale a opção correta.

a) No caso de entrega de coisa incerta, se houver, antes da escolha, perda ou


deterioração do bem, ainda que decorrente de caso fortuito ou força maior, a obrigação
ficará resolvida para ambas as partes.

b) Em caso de obrigação facultativa, o perecimento da coisa devida não implica a


liberação do devedor do vínculo obrigacional, podendo-se dele exigir a realização da
obrigação devida.

c) É divisível a obrigação de prestação de coisa indeterminada.

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d) Tratando-se de obrigação de entrega de coisa certa, a obrigação será


extinta caso a coisa se perca sem culpa do devedor, antes da tradição ou
mediante condição suspensiva. Parte inferior do formulário.

(OAB – 2009) No que se refere às modalidades de obrigações, assinale a opção correta.

a) O compromisso de compra e venda configura obrigação de dar quando o promitente


vendedor se obriga a emitir declaração de vontade para a celebração do contrato
definitivo, outorgando a escritura pública ao compromissário comprador, depois de
pagas todas as prestações.

b) Caracteriza obrigação de meio o ato de o advogado assumir defender os interesses


dos clientes, empregando seus conhecimentos para obtenção de determinado
resultado; nesse tipo de obrigação, o advogado não fará jus aos honorários advocatícios
quando não vencer a causa.

c) Nas obrigações solidárias passivas, se a prestação se perder, convertendo-se em


perdas e danos, o credor perderá o direito de exigir de um só devedor o pagamento da
totalidade das perdas e danos.

D) A obrigação de dar coisa certa confere ao credor simples direito


pessoal, e não real, havendo, contudo, no âmbito do direito, medidas
destinadas a persuadir o devedor a cumprir a obrigação.

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