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Aula 17
TEORIA DO ADIMPLEMENTO
1. Compensação.
1.1. Conceito.
A compensação é forma de extinção da obrigação quando duas pessoas forem ao mesmo tempo
credora e devedora uma da outra. Para ocorre a compensação, é imprescindível que haja uma reciprocidade
de créditos.
1.2. Requisitos.
A reciprocidade dos créditos deve ser quanto à obrigação principal. Esse requisito pressupõe a
existência de duas obrigações entre as mesmas partes.
Com a combinação entre os arts. 294 e 277 é possível concluir que, havendo cessão de crédito, o
devedor cedido deve opor a compensação no momento em que for notificado, em que toma ciência da cessão.
Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no
momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos
outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada.
Isso porque a compensação é um exemplo de exceção pessoal. Exceção pessoal é qualquer direito de
natureza personalíssima que o devedor opõe em face do credor. Assim, quando o credor ajuíza uma ação
cobrando uma dívida, o devedor, em sua defesa, pode alegar a compensação.
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Na cessão de crédito há uma alteração no polo ativo da relação obrigacional, o credor cede o seu crédito
para terceiro. O terceiro assume o lugar do credor. Se o devedor tem uma exceção pessoal (como é exemplo
As prestações devem ser fungíveis entre si, ou seja, devem ser de mesmo gênero e espécie/qualidade.
Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis.
Art. 370. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas prestações, não se
compensarão, verificando-se que diferem na qualidade, quando especificada no contrato.
Não é somente o dinheiro que pode ser compensado, mas também outras coisas em geral, que sejam
fungíveis entre si. Prestações heterogêneas não podem ser compensadas; mas se há fungibilidade entre as
prestações, independentemente de ser dinheiro ou não, é possível a compensação (exemplo: dinheiro com
dinheiro, sacas de café com sacas de café etc). A homogeneidade entre as prestações é fundamental.
Ademais, em razão da autonomia da vontade, nada impede que uma obrigação originariamente
infungível que seja alterada para fungível possa, a partir do momento dessa alteração, ser regularmente
compensada.
Exemplo: obrigação de dar coisa certa que se converte em uma obrigação pecuniária (obrigação de
pagar). Se uma pessoa tinha que entregar um carro para outra, e esta deveria pagar 40 mil reais àquela, há
uma reciprocidade de créditos de naturezas distintas. Porém, caso o carro vem a se perder, a obrigação que
antes era infungível torna-se fungível. Portanto, neste caso poderá haver compensação.
Obrigação de fazer não comporta compensação. De acordo com o CC/02, a compensação só poder ser
feita entre coisas, não atividades.
A expressão “vencidas” significa que as dívidas devem ser exigíveis entre si. Logo, não é possível
compensar obrigação natural, pois as obrigações naturais não são exigíveis.
Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:
Obrigações decorrentes de esbulho, furto ou roubo não podem ser compensadas, uma vez que ninguém
pode se beneficiar da própria conduta antijurídica.
Quanto ao inciso II, a compensação só é admitida se as dívidas têm a mesma natureza, a mesma causa.
Exemplo: não é possível compensar uma dívida decorrente de um mútuo com uma decorrente de alimentos.
Se ambas forem de alimentos, não há óbice para a compensação.
Quanto ao inciso III, pelo fato de o salário ser impenhorável, não pode ser compensado.
2. Confusão.
A confusão ocorre quando, por força de um fato jurídico estanho à relação obrigacional, as figuras do
devedor e do credor se reúnem na mesma pessoa. Os sujeitos credor e devedor estão presentes na mesma
pessoa.
Exemplo: pessoa que contraí um empréstimo com o pai e este vem a falecer. O devedor, que é o único
herdeiro, irá suceder o pai, e se tornará ao mesmo tempo credor e devedor. Portanto, a obrigação está extinta
pela confusão.
Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e
devedor.
Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela.
Exemplo: condomínio que adquire uma unidade imobiliária que foi a leilão por dívida de cota
condominial. Quando o condomínio faz a adjudicação, determinadas obrigações são extintas pela confusão,
pois o condomínio se tornou credor e devedor das cotas.
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Se ocorre a confusão entre um credor e um devedor solidário, só há extinção da obrigação no que diz
respeito ao seu quinhão, ao percentual da dívida.
Art. 383. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a
concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade.
Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus acessórios, a obrigação anterior.
3. Remissão.
A remissão é a forma de extinção das obrigações pelo perdão do credor. O credor perdoa o devedor.
A remissão é a liberação graciosa do devedor emanada pelo credor. O credor dispensa o devedor de
pagar a dívida por um ato de vontade. É uma liberação direta do pagamento, é uma espécie de renúncia dos
direitos decorrentes da obrigação.
Não há uma forma de se fazer a remissão, que dependerá sempre da natureza da obrigação envolvida.
Há duas modalidades de remissão: a remissão expressa e a remissão tácita, que decorre de uma atitude
do credor incompatível com a conservação da sua qualidade creditória. É o que acontece quando o credor
entrega ao devedor o título da obrigação (art. 386).
Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração
do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir.
A partir do momento em que o credor entrega uma nota promissória ao devedor, por exemplo, significa
que está realizando uma remissão tácita. Trata-se de um perdão tácito.
A remissão é vista pela doutrina como um ato abdicativo unilateral. Com isso, parte da doutrina sustenta
que, por ser ato unilateral, não é necessária a aceitação do devedor.
Contudo, de acordo com o art. 385, a remissão tem natureza de contrato, de negócio jurídico bilateral.
Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro.
Este é um exemplo do fenômeno da despatrimonialização do direito civil. Por mais que o devedor, com
a remissão, tenha um benefício patrimonial, deve-se admitir também a tutela das situações jurídicas
existenciais. Exemplo: o devedor pode, por questão de honra, querer pagar a dívida. Portanto, deve haver a
anuência do devedor para que a remissão produza os seus efeitos e libere o devedor.
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A doutrina costuma elencar como formas de extinção das obrigações sem pagamento a transação e o
compromisso. Contudo, estas têm natureza de contratos em espécie, previstos entre os arts. 840 e 853. Logo,
não serão objeto de estudo neste momento.
Obs.: alguns doutrinadores denominam as “formas de extinção das obrigações sem pagamento” como
“formas especiais de pagamento”.
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