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AULA 8

1. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

Objetos Cumulativas
Alternativas

Multiplicidade Divisíveis
Sujeitos Indivisíveis
Solidárias

 Quando a obrigação possui mais de um sujeito em qualquer um dos polos da relação


obrigacional, ou mesmo nos dois (ativo e passivo), ou se refere a mais de uma
prestação, diz-se que ela é complexa. Há, pois, complexidade subjetiva (dois ou mais
credores; dois ou mais devedores) ou objetiva (mais de uma prestação).

 Quanto à multiplicidade de objetos

 Obrigações cumulativas (ou conjuntivas): ex: contrato de locação: o locatário


se obriga a pagar o aluguel, conservar a coisa e transferir as contas das
concessionárias de serviços para o seu nome.

 Obrigações alternativas: ex: obrigação de entregar um dos filhotes que a


cadela prenha irá brevemente parir (a entrega de qualquer um dos
cachorrinhos configurará o cumprimento).

o Concentração: é a escolha ou determinação da prestação a ser


entregue ao credor. Tem lugar apenas nas obrigações de dar coisa
incerta e nas alternativas.

 Titular: devedor (v. art. 252, CC).

o Obs: Obrigações facultativas: Nosso ordenamento não regulou essa


categoria de obrigações. O Código Civil argentino, no entanto,
disciplina o fenômeno com detalhes: “obrigação facultativa é aquela
que não tendo por objeto senão que uma única prestação dá ao
devedor a faculdade de substituir essa prestação por outra”. Nessas
obrigações, há uma prestação principal, que constitui o verdadeiro
objeto da obrigação, e uma acessória ou subsidiária. Essa segunda
prestação constitui um meio de liberação que o contrato reconhece
ao devedor. Não se confunde, como à primeira vista poderia parecer
com a dação em pagamento. Nesta é imprescindível a concordância
do credor (art. 356), enquanto na facultativa a faculdade é do próprio
devedor e só dele. Ademais, na dação em pagamento, a substituição
do objeto do pagamento ocorre posteriormente ao nascimento da
obrigação, enquanto na facultativa a possibilidade de substituição
participa da raiz do contrato. Contudo, na verdade, a maior
semelhança aparente desta classe de obrigação é com as obrigações
alternativas. Na realidade, porém, as duas categorias não se

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confundem. Na obrigação facultativa há uma prestação principal e
outra acessória. É a prestação principal que determina a natureza do
contrato: “a natureza de obrigação facultativa se determina
unicamente pela prestação principal que forma seu objeto” (art. 644
do Código Civil argentino). Aí está uma diferença fundamental das
obrigações alternativas. Se a obrigação principal é nula, fica sem
efeito a obrigação acessória; mas a nulidade da prestação acessória
não tem qualquer influência sobre a principal. (Venosa)

 Quanto à multiplicidade de sujeitos

 Obrigações divisíveis (fracionárias): têm por objeto uma prestação suscetível


de divisão. Assim, na obrigação divisível, cada devedor só deve a sua cota-
parte e cada credor também só tem direito à sua fração.

o Presunção de divisão igualitária: cada credor não pode exigir mais do


que a parte que lhe corresponde e cada devedor não está obrigado
a pagar senão a fração que lhe cabe pagar.

o Unidade da causa e do título: uma relação jurídica que se desdobra


em várias obrigações autônomas.

o Certos efeitos: para efeitos de prescrição, juros, cláusula penal etc., as


obrigações são consideradas autônomas.

 Obrigações indivisíveis: a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não
suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou
dada a razão determinante do negócio jurídico

o Indivisibilidade material: refere-se a coisa certa fisicamente insuscetível


de repartição, ex: animal ou veículo.

o Indivisibilidade econômica: o fracionamento é possível, mas o bem


perde valor, ex: joias.

o Indivisibilidade jurídica: a lei impede a repartição, ex: lotes de terreno


com tamanho mínimo legal de 125 m2 (art. 4°, Lei n.° 6766/79).

o Indivisibilidade convencional: a prestação é fracionável, mas as


partes, de comum acordo, afastam a possibilidade de cumprimento
parcial, ex: dois devedores se obrigam a pagar juntos certa quantia
em dinheiro, o que vai favorecer o credor que poderá exigir tudo de
qualquer deles.
o Pluralidade de devedores: cada devedor é obrigado por toda a
dívida, e o que pagar sub-roga-se nos direitos do credor perante os
demais (art. 259, CC).

 Ex.:

Leandro
Maria
Leonardo

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o Pluralidade de credores: o pagamento a um deles apenas libera o
devedor ou devedores se o que recebeu der caução de ratificação
do ato pelos demais (quem paga mal, paga duas vezes).

 Ex.:
Leandro

Maria
Leonardo

 Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada


um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a
parte que lhe caiba no total (art. 261, CC)

o Extinção parcial: Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não


ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir,
descontada a quota do credor remitente (art. 262, CC).

o Resolução em perdas e danos: resolve-se a indivisibilidade.

 Obrigações solidárias: A solidariedade é definida pela lei: Há solidariedade,


quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um
devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda (art. 264, CC).

o Regra de ouro: A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da


vontade das partes (art. 265, CC).

 Exemplos de solidariedade legal: entre representante e


representado (art. 149, CC), adquirente e alienante de
estabelecimento empresarial (art 1.146, CC), entre fiadores (art.
829, CC – presunção relativa), autores da ofensa (art. 942, CC),
entre outros.

2. OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DAS OBRIGAÇÕES

 Obrigações reais e pessoais: As obrigações reais ou propter rem se constituem em


razão de um fato jurídico que é, em geral, a propriedade de um bem. O sujeito passivo
torna-se devedor desta em decorrência de sua condição de proprietário, ex: cota
condominial. A mudança na titularidade do direito real gerador da obrigação
importa alteração do sujeito passivo. Obrigações pessoais são as que surgem em
razão de negócio jurídico, ato ilícito ou fato jurídico diferente de titularidade de direito
real.

 Classificação quanto ao conteúdo: Esta classificação é importante no exame do


cumprimento das obrigações assumidas pelo prestador dos serviços, quando o
resultado não corresponde às expectativas nutridas pelo contratante.

 Obrigações de meio

 Obrigações de resultado

 Obrigações de garantia

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 Obrigações principais e acessórias: a obrigação pode ser principal ou acessória,
conforme tenha, ou não, existência independente em relação a outra.

 Obrigação natural: é uma obrigação imperfeita porque o titular do direito não tem
ação judicial contra o devedor, ex: dívida de jogo ou aposta, o empréstimo para o
jogo ou aposta, o pagamento de juros não convencionados ou de dívida prescrita.

 Características: ausência de coercibilidade, irrepetibilidade.

 Teoria dualista da obrigação: De um lado, está o dever de o sujeito passivo


cumprir a prestação (Schuld); de outro, a sua responsabilidade patrimonial no
caso de não a prestar (Haftung). A implicação de sua distinção é a
possibilidade de dívidas sem responsabilidade (como no caso da obrigação
natural) e de responsabilidade sem dívidas (fiança).

Tópicos geradores: Qual o prazo para exigir uma pessoa a cumprir sua obrigação? Obrigações e
responsabilidades para a pessoa que não cumpre o que se comprometeu.

Metas de compreensão: Estabelecer as espécies de obrigações; Avaliar a execução e


inexecução das obrigações e seus efeitos.

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