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DIREITO OBRIGACIONAL

INTRODUÇÃO À PARTE GERAL


FONTES DAS OBRIGAÇÕES
1. LEI -> possui força de fonte primária.
2. NEGÓCIO JURÍDICO -> como os contratos.
3. ATOS ILÍCITOS (art. 186, CC) E ABUSO DE DIREITO (art. 187, CC);
4. TÍTULOS DE CRÉDITO -> como os cheques e notas promissórias.
5. ATOS UNILATERAIS Pagamento indevido
Gestão de negócios
Promessa de recompensa
Enriquecimento sem causa
OBRIGAÇÕES
Schuld Haftung

D R OBRIGAÇÕES CIVIS OU PERFEITAS. EX: OBRIGAÇÃO JUDICIALMENTE EXIGÍVEL.

Schuld Haftung

D R
Schuld Haftung
OBRIGAÇÕES NATURAIS OU IMPERFEITAS. Ex: dívidas
prescritas e dívidas de jogos não legalizados.

D R OBRIGAÇÕES DE GARANTIA. Ex: fiança e aval.


DISTINÇÃO
Dever jurídico -> a pessoa deve se portar conforme o ordenamento jurídico. Contrapõe-
se a um direito subjetivo.
Obrigação-> é o vínculo jurídico, de caráter transitório, a partir do qual o devedor se
obriga a prestar algo em favor do credor.
Ônus-> é o encargo que recai sobre a própria parte interessada, sob pena de não alcançar
um benefício, ou eventualmente suportar uma desvantagem.
Sujeição-> a parte deve se sujeitar à determinada situação. Contrapõe-se a um direito
potestativo.
OBRIGAÇÕES HÍBRIDAS
Obrigação propter rem, ob rem ou ambulatória (em razão da coisa)-> surge em razão de
o indivíduo ser titular da coisa. Ex: IPTU, IPVA e dano ambiental (conforme posição
jurisprudencial definida no REsp logo abaixo).
Obrigação de ônus real (sobre a coisa) -> é uma obrigação na qual a coisa é onerada. Ex:
Hipoteca, penhor.
Obrigação de eficácia real -> uma obrigação qualquer que passou a ter eficácia de direito
real. Ex: Contrato de aluguel.
OBSERVAÇÃO: (REsp 1.090.968/SP, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 3.8.2010)
OBRIGAÇÃO DE FAZER
Personalíssima (infungível)-> é aquela obrigação em que somente o devedor pode
realizar. Ex: um show de um músico famoso.
Impessoal (fungível) -> é aquela em que pode ser feita por uma terceira pessoa. Ex: A
contrata B para desentupir o cano; se B não for, C pode ir.
Emitir declaração de vontade -> é aquela em que o devedor, por meio de contrato prévio,
obriga-se a declarar a vontade. Ex: A obriga-se perante B a transferir o imóvel por
escritura pública.
CONSEQUÊNCIAS

Personalíssima (infungível) -> sem culpa do devedor = resolve-se a obrigação; com culpa do
devedor, perdas e danos.

Impessoal (fugínvel) -> se não houver urgência, o credor poderá executar à custa do devedor;
havendo urgência, o credor executa e, posteriormente, pede ressarcimento.
OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER
Obrigação negativa -> o devedor tem a obrigação de se abster de algo.

CONSEQUÊNCIAS
Transeunte (instantâneas) -> são irreversíveis; consequência = perdas e danos.
Permanente -> podem ser desfeitas; consequência = o credor pode exigir o desfazimento do ato +
perdas e danos.
Singularidade de elementos das obrigações -> existe

SIMPLES apenas um credor, um devedor e uma prestação.

OBSERVAÇÃO: a obrigação facultativa é SIMPLES.

Cumulativas ou
Pela multiplicidade de conjuntivas
objetos
COMPOST Alternativas ou disjuntivas

AS Pela multiplicidade de
Obrigações solidárias:
1 – solidariedade ativa
sujeitos 2 – solidariedade passiva
3 – solidariedade mista
OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS OU DISJUNTIVAS
• É uma obrigação composta objetiva (mais de um objeto), sendo identificada pela conjunção “ou”, visto
que o devedor se desobriga ao adimplir apenas uma das prestações.

• Em regra, a escolha caberá ao devedor, porém cabe estipulação em contrário.

• O credor não pode ser obrigado a receber partes de cada obrigação.

• Se a obrigação for de prestações periódicas, a concentração poderá ser exercida em cada período,
sem que exista necessária vinculação.

• Não havendo acordo quanto à concentração, nos casos de pluralidade de optantes ou de escolha por
terceiro, a escolha caberá ao juiz (princípio da operabilidade).

• Se uma das duas prestações não puder ser objeto da obrigação ou se tornar inexequível, a prestação
subsistente deverá ser adimplida e a obrigação passa a ser simples.
CONSEQUÊNCIAS
1. Não competindo ao credor a escolha + nenhuma das obrigações poderá ser
cumprida por culpa do devedor = o devedor deve pagar o valor da última que se
impossibilitou + perdas e danos.

2. Competindo ao credor a escolha + uma das prestações se tornou impossível por


culpa do devedor = o credor poderá exigir a prestação subsistente ou o valor da
outra + perdas e danos.

3. Competindo ao credor a escolha + nenhuma das obrigações poderá ser cumprida


por culpa do devedor = o credor poderá exigir o valor de qualquer das duas + perdas
e danos.

4. Se ambas as prestações se tornarem inexequíveis sem culpa do devedor = extinguir-


se-á a obrigação.
OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS OU OBRIGAÇÕES COM
FACULDADE ALTERNATIVA DE CUMPRIMENTO
• Materializa-se na possibilidade conferida ao devedor de substituir o objeto inicialmente prestado por
outro, MAS especificado anteriormente na relação obrigacional.

• Não existe concentração, diversamente do que ocorre com as obrigações alternativas.

• Se, por ventura, existir dúvida se a obrigação é alternativa ou facultativa, a interpretação será no
sentido de defini-la como alternativa.

• O credor deve submeter-se à prestação realizada pelo devedor; caso não aceite, incorrerá em mora.
CONSEQUÊNCIAS
1. Se ocorrer a perda do objeto subsidiário + com ou sem culpa do devedor = perda do
direito potestativo para o devedor, continuando obrigado pela prestação principal.

2. Se a perda for do objeto principal + sem culpa do devedor = a obrigação será extinta,
embora ainda exista a obrigação supletiva.

3. Se a perda for do objeto principal + com culpa do devedor = o devedor poderá optar
entre pagar o equivalente mais perdas e danos ou a obrigação subsidiária.

4. Se a prestação principal possuir impossibilidade originária = inválida será toda a


obrigação (diferentemente do que ocorre com a obrigação alternativa).
OBRIGAÇÕES CUMULATIVAS OU CONJUNTIVAS

• Este tipo de obrigação é caracterizada pela necessidade de cumprimentos das duas ou mais
prestações cumulativamente, em razão de um único título e um único fato na origem.

• Geralmente, adota-se a conjunção aditiva “e”.

• O adimplemento somente estará configurado quando todas as prestações forem cumpridas.

• Desse modo, o inadimplemento de uma das prestações significa o inadimplemento total.

• Pode se estipular que o pagamento seja simultâneo ou sucessivo.

• Apenas haverá obrigação cumulativa quando as vontades de ambos os contraentes sejam


convergentes para tal finalidade.
CONSEQUÊNCIAS

1. Se ambas as prestações não forem adimplidas = inadimplemento parcial, que gera o


descumprimento total.

2. Se uma se tornar impossível + com culpa do devedor = perdas e danos.

3. De acordo com Cristiano Chaves, o intérprete deve buscar a sua inserção no regime
aplicável às obrigações de dar.
OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA PASSIVA
Característica fundamental -> refere-se à possibilidade de o credor exigir e receber de um ou de alguns
devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum.

Maria Helena Diniz “a obrigação solidária passiva


é a relação obrigacional, oriunda da lei ou da
vontade das partes, com multiplicidade de
devedores, sendo que cada um responde in totum
et totaliter pelo cumprimento da prestação, como
se fosse o único devedor.”
PAGAMENTO PARCIAL
Regra: o pagamento parcial faz com que todos
continuem obrigados pelo restante da dívida, incluindo
aquele que pagou determinada parte.

Enunciado 348, IV Jornada de Direito Civil, CJF: o


pagamento parcial não implica, por si só, renúncia à
solidariedade, a qual deve derivar dos termos
expressos da quitação ou, inequivocamente, das
circunstâncias do recebimento da prestação pelo
credor.
FALECIMENTO DO DEVEDOR
Regra: os herdeiros serão obrigados a pagar
apenas a quota que corresponder ao seu quinhão
hereditário, dentro das forças da herança.

Exceções: salvo se a obrigação for indivisível ou


ambos os herdeiros sejam reunidos.

Caio Mário da Silva Pereira “extingue-se a


solidariedade relativamente aos seus herdeiros..[ ]..
mas, no seu conjunto, serão considerados como um
devedor solidário, em relação ao credor e aos
demais devedores”.
RELAÇÕES INTERNAS E EXTERNAS
(Magistratura de São Paulo – Exame Oral 2004) É possível afirmar que na obrigação solidária existe um
único vínculo ou uma multiplicidade de vínculos? Qual consequência?

Relação externa -> tem-se uma unidade de


vínculo entre os devedores, razão pela qual é
possível exigir a dívida toda de apenas um.

Relação interna -> existe uma pluralidade de


devedores, uns responsáveis perante todos os
outros.
CONSEQUÊNCIA DO PAGAMENTO PARCIAL E DA REMISSÃO

Tanto o pagamento parcial realizado por um dos


devedores, assim como o perdão da dívida por ele
obtida, NÃO têm efeito perante os demais
devedores, senão até a concorrência da quantia
paga ou relevada (benefícios reflexos).
PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS CONTRATUAIS
Art. 278, CC. Qualquer cláusula, condição ou
obrigação adicional, estipulada entre um dos
devedores solidários e o credor, não poderá agravar a
posição dos outros sem consentimento destes.

Funda-se tal princípio na ideia de que os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes,
àqueles que manifestaram a sua vontade, vinculando-os ao seu conteúdo, não afetando terceiros nem
seu patrimônio.

Efeitos inter partes


IMPOSSIBILIDADE DE PRESTAÇÃO POR CULPA DO DEVEDOR

Art. 279, CC. Impossibilitando-se a prestação por


culpa de um dos devedores solidários, subsiste
para todos o encargo de pagar o equivalente; mas
pelas perdas e danos só responde o culpado.

Art. 280, CC. Todos os devedores respondem pelos


juros da mora, ainda que a ação tenha sido
proposta somente contra um; mas o culpado
responde aos outros pela obrigação acrescida.
OPOSIÇÃO DE EXCEÇÃO
Art. 281, CC. O devedor demandado pode opor ao
credor as exceções que lhe forem pessoais e as
comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções
pessoais a outro codevedor.

Exceção pessoal: refere-se Exceção comum: refere-se ao


ao próprio devedor; são desenvolvimento da obrigação;
personalíssimas. não são personalíssimas.

Exemplos: vícios da vontade Exemplos: pagamento parcial e


e incapacidades. prescrição.
RENÚNCIA À SOLIDARIEDADE
Art. 282, CC. O credor pode renunciar à Enunciado 349, IV Jornada de Direito Civil, CJF: com
solidariedade em favor de um, de alguns ou a renúncia à solidariedade quanto a apenas um dos
de todos os devedores. devedores solidários, o credor só poderá cobrar do
Parágrafo único. Se o credor exonerar da beneficiado a sua quota na dívida, permanecendo a
solidariedade um ou mais devedores, solidariedade quanto aos demais devedores, abatida
subsistirá a dos demais. do débito a parte correspondente aos beneficiados
pela renúncia.
Art. 114, CC. Os negócios jurídicos benéficos
e a renúncia interpretam-se estritamente. Enunciado 350, IV Jornada de Direito Civil, CJF: a
renúncia à solidariedade diferencia-se da remissão,
em que o devedor fica inteiramente liberado do
Art. 130, CPC. É admissível o chamamento ao vínculo obrigacional, inclusive no que tange ao rateio
processo, requerido pelo réu: da quota do eventual codevedor insolvente, nos
I - do afiançado, na ação em que o fiador for termos do art. 284.
réu;
II - dos demais fiadores, na ação proposta Enunciado 351, IV Jornada de Direito Civil, CJF: a
contra um ou alguns deles; renúncia à solidariedade em favor de determinado
III - dos demais devedores solidários, quando devedor afasta a hipótese de seu chamamento ao
o credor exigir de um ou de alguns o processo.
pagamento da dívida comum.
DEVEDOR QUE PAGA E O INSOLVENTE

Art. 283, CC. O devedor que satisfez a


dívida por inteiro tem direito a exigir de
cada um dos codevedores a sua quota, Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em
dividindo-se igualmente por todos a do favor:
insolvente, se o houver, presumindo-se I - do credor que paga a dívida do devedor comum;
iguais, no débito, as partes de todos os II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a
codevedores. credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva
o pagamento para não ser privado de direito sobre
Art. 284, CC. No caso de rateio entre os imóvel;
codevedores, contribuirão também os III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela
exonerados da solidariedade pelo credor, qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
pela parte que na obrigação incumbia ao
insolvente.
Credor Devedores solidários

B
A R$ 20 mil.
C R$ 20 mil.

D
Prestação = R$ 60 mil.
Credor Devedores solidários

B
R$ 30 mil.

A C
D Tornou-se insolvente.

Insolvente -> é um estado em que


o devedor tem prestações a cumprir
superiores aos rendimentos que recebe. Prestação = R$ 60 mil.
Portanto um insolvente não consegue
cumprir as suas obrigações (pagamentos).
DÍVIDA SOLIDÁRIA DE INTERESSE EXCLUSIVO
Art. 285. Se a dívida solidária
interessar exclusivamente a um
dos devedores, responderá este
por toda ela para com aquele que
B
pagar. R$ 10 mil.

Art. 831. O fiador que pagar


integralmente a dívida fica sub- A
Pagou R$ 10 mil.
C
rogado nos direitos do credor;
mas só poderá demandar a cada
um dos outros fiadores pela Prestação = R$ 10 mil.
respectiva quota.

Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção
operada contra o codevedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.
§ 1º A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada
contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros.
§ 2º A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros
ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis.
§ 3º o A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.
OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA MISTA OU RECÍPROCA
Credores solidários Devedores solidários

A C
Obrigação solidária complexa

B D
Conceito: consiste em direitos e deveres recíprocos. Nesse caso, aplicam-se as regras da
solidariedade ativa e da solidariedade passiva

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