Você está na página 1de 5

1.

PRIMEIRO VAMOS ENTENDER QUAL É A CLASSIFICAÇÃO DA


OBRIGAÇÃO

As obrigações podem ser classificadas como simples e compostas:

 As obrigações simples são aquelas que apresentam somente uma


prestação e também quando existe somente uma pessoa que presta a
obrigação e que recebe.
 As obrigações compostas são aquelas que são mais complexas e têm
mais pessoas envolvidas no polo ativo ou passivo, ou em ambos, ou
simplesmente, possui mais de uma obrigação a ser cumprida.

Obrigações Compostas Objetiva Alternativas ou


Disjuntivas
Obrigações Alternativas ou Disjuntivas estão entre os artigos 252 a 256 do
Código Civil. As obrigações Alternativas são, portanto, obrigações compostas.

Segundo Pablo Stolze são aquelas que têm por objeto duas ou mais
prestações, sendo que o devedor se exonera cumprindo apenas uma delas.
Mediante escolha do Credor ou Devedor.

As obrigações Alternativas têm objeto múltiplo (prestações excludentes entre


si). A QUEM CABE A ESCOLHA DA PRESTAÇÃO? AO CREDOR OU AO
DEVEDOR?

Como regra geral, o direito de escolha cabe ao devedor, se ao contrário não


houver sido estipulado no título da obrigação. Conforme o art. 252, caput, do
CC/2002.

“Art.252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra


coisa não se estipulou”.

Ex: se o devedor se obriga a pagar R$ 10.000,00 ao credor, a escolha caberá


ao devedor, se o contrário não estiver estipulado no contrato.

Entretanto essa regra geral sofre algumas mudanças de acordo com os


parágrafos do art. 252:
1º não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e
parte em outra.

2º quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção


poderá ser exercida em cada período.

3º no caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre


eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.

4º se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-
la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.

Cabe ressaltar que o código civil, seguindo as diretrizes do código anterior, não
cuidou em estabelecer prazo para o exercício do direito de escolha. Isso não
significa que o optante possa exerce-lo a qualquer tempo.

Por isso, de acordo com o Código de Processo Civil de 2015, em seu art. 800,
diz que:

“ Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, esse será


citado para exercer a opção e realizar a prestação dentro de 10 dias, se outro
prazo não lhe foi determinado em lei ou em contrato”.

Outra questão importante a ser abordada, diz respeito a impossibilidade de


cumprimento das obrigações alternativas.

Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor,


extinguir-se-á a obrigação. Exemplo: uma enchente destruiu o carro e matou o
touro reprodutor, de acordo com o art. 256 do CC/2002.

Entretanto, se a impossibilidade de todas as prestações alternativas decorrer


por culpa do devedor, não competindo a escolha ao credor, ficará o
devedor obrigado a pagar o valor da prestação que por último se impossibilitou,
mais as perdas e danos, conforme o art. 254 do CC/2002. Exemplo: o devedor
se obriga a entregar ao credor um computador ou uma impressora a laser, a
sua escolha (do devedor). Por negligencia o devedor danifica o computador e,
em seguida destrói a impressora. Neste caso, o devedor deverá pagar ao
credor o valor da impressora a laser (objeto que por último se danificou), mais
as perdas e danos.
Se a impossibilidade de todas as prestações alternativas decorrer por culpa
do devedor, mas a escolha couber ao credor, poderá o credor reclamar o
valor de qualquer uma das prestações, mais as perdas e danos, conforme o
art. 255, segunda parte, do CC/2002.

E SE A IMPOSSIBILIDADE NÃO FOR TOTAL, OU SEJA, ATINGIR APENAS


UMA DAS PRESTAÇÕES?

Nesse caso, se não houver culpa do devedor, a obrigação, concentra-se na


prestação remanescente, conforme o art. 253 do CC/2002. Da mesma forma
ocorre se a prestação se impossibilitar por culpa do devedor, e a escolha
não couber a ao credor, poderá o debito ser concentrado na prestação
remanescente, conforme o art. 253 do CC/2002.

Entretanto se a prestação se impossibilitar por culpa do devedor, e a escolha


for do credor, este terá direito a exigir a prestação subsistente ou o valor da
que se impossibilitou, mais perdas e danos, conforme o art. 255, primeira parte,
do CC/2002.

1- IMPOSSIBILIDADE TOTAL (TODAS AS PRESTAÇÕES


ALTERNATIVAS):
a) Sem culpa do devedor – extingue-se a obrigação (art.256 do CC/2002);
b) Com culpa do devedor – se a escolha cabe ao próprio devedor: deverá
pagar o valor da prestação que se impossibilitou por último, mais as
perdas e danos (art.254 do CC/2002); - se a escolha cabe ao credor:
poderá exigir o valor de qualquer das prestações, mais perdas e danos
(art.255 do CC/2002).
2- IMPOSSIBILIDADE PARCIAL (DE UMA DAS PRESTAÇÕES
ALTERNATIVAS):
a) Sem culpa do devedor – concentração do débito na prestação
subsistente (art.253 do CC/2002);
b) Com culpa do devedor – se a escolha cabe ao próprio devedor:
concentração do debito na prestação subsistente (art.253 do CC /2002);
- se a escolha cabe ao próprio credor: poderá exigir a prestação
remanescente ou valor da que se impossibilitou, mais perdas e danos
(art. 255, primeira parte, do CC/2002).
Desnecessário notar que, se a prestação se impossibilita totalmente por culpa
do credor (situação menos provável), considere-se cumprida a obrigação,
exonerando – se o devedor.

Em caso de impossibilidade apenas parcial, poderá o devedor realizar a parte


possível ou restante da prestação, sem embargo de ser indenizado pelos
danos que porventura sofreu.

OQUE ACONTECE SE O DEVEDOR, IGNORANDO QUE A OBRIGAÇÃO


ERA ALTERNATIVA, ISTO É, QUE TINHA ESCOLHA, EFETUA O
PAGAMENTO? PODERÁ SE RETRATAR?

Havendo prova que o devedor incorreu em erro substancial, poderá buscar o


reconhecimento judicial da invalidade do pagamento, efetuando, assim, a
posição diversa. Mas ressalta-se: tal só é possível se houver priva do vício de
consentimento (dolo, coação etc.) ou outra hipótese ensejadora livremente, o
devedor não poderá retratar-se.

Obrigação Facultativa
O código civil de 2002, assim como o de 1916, não cuidou dessa espécie
obrigacional, também chamada de obrigação com faculdade alternativa ou
obrigação com faculdade de substituição.

Os doutrinadores mencionam uma espécie sui generis de obrigação alternativa,


a que denominam facultativa ou com faculdade alternativa. Trata-se de
obrigação simples, em que é devida uma única prestação, ficando, porém,
facultado ao devedor, e só a ele, exonerar-se mediante o cumprimento de
prestação diversa e predeterminada. É obrigação com faculdade de
substituição. O credor só pode exigir a prestação obrigatória, que se encontra
in obligatione (una res in obligatione, plures autem in facultate solutionis).
A obrigação é considerada facultativa quando, tendo um único objeto, o
devedor tem a faculdade de substituir a prestação devida por outra de natureza
diversa, prevista subsidiariamente.
Exemplo: o devedor obriga-se a pagar a quantia de R$ 10.000,00, facultando-
se lhe, a possibilidade de substituir a prestação principal pela entrega de um
carro usado.

Trata-se de uma obrigação com objeto único, não obstante se reconheça ao


devedor o poder de substituição da prestação. Por isso se a prestação
inicialmente prevista se impossibilitar sem culpa do devedor, a obrigação
extingue-se, não tendo o credor o direito de exigir a prestação subsidiária.

Não se deve confundir a obrigação facultativa com a obrigação alternativa.


Nestas, a obrigação tem por objeto duas ou mais prestações que se excluem
alternativamente. Trata-se, portanto de obrigações com objeto múltiplo.

Segundo Orlando Gomes, a obrigação facultativa tinha os seguintes efeitos:

1- O credor não pode exigir o cumprimento da prestação facultativa;


2- A impossibilidade de cumprimento da prestação devida extingue a
obrigação;
3- Somente a existência de defeito na prestação devida pode invalidar a
obrigação.

Você também pode gostar