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14.09.

2022

TEMA 4

1) OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS

Regra: Nas obrigações divisíveis as relações são estanques, ou seja, cada um só responde por
sua parcela da obrigação.

2) OBRIGAÇÕES INDIVISÍVEIS

A obrigação poderá ser indivisível levando-se em conta o objeto da obrigação. (Art. 258)

2.1) Pela natureza: São casos que, pela própria natureza, se o objeto for fracionado perde-se a
finalidade, o valor econômico.

2.2) Por motivo de ordem econômica: São os casos dos objetos que só ganham valor
econômico se alienados em conjunto, ou seja, não há interesse nestes vistos individualmente.
Ex: Café solúvel; Clips.

2.3) Pela razão do negócio jurídico: O objeto que integra o negócio jurídico possibilita às partes
pactuar a indivisibilidade, ainda que em princípio seja divisível o objeto. Ex: Pizza em delivery

● Regras para desoneração:

Se a pluralidade for de credores, o devedor pode se desonerar se entregar a todos em


conjunto ou a um deles, desde que autorizado pelos demais, conforme art. 260.

Na pluralidade de credores, se um destes dentro da liberdade que lhe assiste, remitir a dívida
do devedor, o perdão ficará restrito à parcela que lhe cabe, não repercutindo na esfera dos
demais credores, nos moldes do art. 262.

Ex: C1 + C2 + C3 são credores de um jacaré com valor de R$90,00, que será entregue por D1.
Se C1 perdoar D1, este perdão será do valor de R$ 30,00. Se C2 for ficar com o jacaré, quando
for transferir à C1 e C3 a parte que lhes cabe (30 reais para cada) a parte de C1 voltará para D1
em virtude da remissão.

Na forma do art. 263, a indivisibilidade refere-se ao objeto, de modo que a obrigação


convertida em perdas e danos perde o caráter indivisível, passando a adotar-se as regras da
obrigação divisível.

Se houver perda do objeto por culpa de todos os devedores, responderão todos em partes
iguais, conforme $1º do supramencionado dispositivo.

Se, a perda for por culpa de apenas um dos devedores, responderá apenas este pelas perdas e
danos e pelo equivalente, conforme $2º. (Remissão ao art.234)

Obs: Ressalte-se que, majoritariamente, se entende que apenas se falará no equivalente se o


credor já pagou pelo objeto que lhe seria entregue.
Nesse sentido é importante citar o enunciado 540 do CJF que não é adotado por alguns
autores, por considerarem o equivalente sinônimo de adiantamento.

Enunciado 540 do CJF

Havendo perecimento do objeto da prestação indivisível por culpa de apenas um dos


devedores, todos respondem, de maneira divisível, pelo equivalente e só o culpado, pelas
perdas e danos.

3) OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS

A solidariedade é o instituto jurídico no qual há uma pluralidade de credores, devedores, ou


ambos, através do qual, em virtude de manifestação de vontade ou de imposição legal, podem
ser legitimados/obrigados a exigir /cumprir o todo respectivamente.

É importante ter em mente que essa ideia de solidariedade transita entre as palavras
“facilitação e garantia”.

Nesse sentido, quando se estiver diante de uma solidariedade passiva é notória uma garantia
ao credor, que pode cobrar de qualquer dos devedores.

Por outro lado, se diante de uma solidariedade ativa, trata-se de uma facilitação ao devedor,
que pode se desobrigar pagando a qualquer dos credores.

3.1) TRÊS POSTULADOS DA SOLIDARIEDADE

I. A solidariedade se dá no plano externo da relação (entre credores e devedores).


Internamente vige a regra, ou seja, a divisibilidade.

II. Quitação integral – é a vertente da solidariedade ativa, ou seja, o devedor se libera


da obrigação quitando o total à qualquer credor.

III. A solidariedade não se presume, decorre da lei ou da vontade das partes. – Isso se
justifica por estar se ampliando a responsabilidade ou direitos de crédito
individual, de modo que deve ser interpretado restritivamente.

● Questão controvertida

Resp. 1.734930 (1ª turma ) X Resp. 1.510310 (3ª turma)

3.2) SOLIDARIEDADE ATIVA

Trata-se da pluralidade de credores.


A regra é que qualquer um dos credores pode exigir o todo do devedor. Ocorre que trata-se de
uma faculdade, podendo o credor exigir apenas sua parcela, o que não gera renúncia à
solidariedade, a qual permanece quanto aos demais. (Art. 267 ao 269)

Existe uma interpretação de que, considerando que qualquer credor pode cobrar o todo,
poderia também perdoar o todo. Ressalte-se que tal situação não deve repercutir no direito
dos demais credores, que receberão sua parte daquele que perdoou.

Ocorre que, se este perdão levar a uma situação de insolvência, é possível anular este perdão
através de uma ação pauliana. (Remissão do art. 272 na palavra “remetido” ao art. 158)

A um dos credores solidários não pode o devedor opor exceções pessoais aos outros,
conforme art.273. Ex: Compensação

3.3) SOLIDARIEDADE PASSIVA

Trata-se da pluralidade de devedores.

O credor tem a faculdade de cobrar de um ou de todos os devedores. Se a cobrança for


parcial, os demais devedores continuam obrigados pelo remanescente, na forma do art. 275.

Se o credor perdoar a dívida de um dos devedores, permanece o restante da dívida em


solidariedade, na forma do art. 277.

O credor pode abrir mão da solidariedade em relação a um ou mais devedores, mas estes
continuam obrigados pela parcela que lhes cabe, conforme art. 282.

Caso o credor cobre de um dos devedores, este por sua vez poderá cobrar dos demais a parte
que lhes cabia. Ocorre que se um destes for insolvente (não conseguir restituir a sua parcela
àquele que quitou a dívida), poderá ser rateada a sua quota (do insolvente) entre os demais
(entre o que quitou e os demais não insolventes), nos moldes do art.283.

Ressalte-se que essa possibilidade se vislumbra ainda que um dos credores não seja mais
solidário. (art.284) Por outro lado, quando o outro devedor ao invés de estar desobrigado da
solidariedade, tiver sido perdoado, o rateio da quota do insolvente se dará entre o devedor
que está pagando e o próprio credor (que deu azo à impossibilidade de cobrança de um dos
devedores).

O art. 285, trata do fiador apesar de falar em “devedor”, prevendo que se a dívida solidária
interessar a apenas um devedor (afiançado), responderá aquele por toda a ela perante aquele
que pagou (fiador). Fazer remissão ao Art.828, II (fiança) e vice versa

Importante saber que no Art. 828, II, a expressão devedor solidário não condiz com a
realidade, pois o fiador não é devedor, sendo em verdade garantidor solidário ao devedor
principal.

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