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SOLIDARIEDADE PASSIVA
 
SOLIDARIEDADE PASSIVA

– Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou
totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores
continuam obrigados solidariamente pelo resto.
– Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor
contra um ou alguns dos devedores.

• O principal efeito da obrigação solidária passiva é que o credor pode cobrar o


cumprimento da obrigação de qualquer um dos devedores como se todos fossem
um só devedor. Há a opção ao credor, portanto, de cobrar um, vários ou todos os
devedores, de acordo com sua vontade.
• Caso ocorra pagamento parcial da dívida, todos os devedores continuam
responsáveis pelo valor remanescente, inclusive o que pagou. Ocorrendo o
pagamento parcial de R$10.000,00 pelo devedor B ao credor A, até mesmo ele
poderá ser demandado pelo valor restante, R$20.000,00. A propositura de ação
contra apenas um dos devedores, ou o pagamento parcial, não importa a renúncia
da solidariedade.
– Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros,
nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao
seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos
reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos
demais devedores.
• Se a dívida for de R$30.000,00 e se D, um dos três devedores,
falecer, deixando dois herdeiros, E e F, cada um destes somente
poderá ser cobrado a sua quota parte, ou seja, R$5.000,00, pois
com a morte cessa a solidariedade em relação aos herdeiros
(refração de débito) E isso, ainda, até os limites da herança.
• Atenção: TODOS OS HERDEIROS REUNIDOS DEVEM SER
CONSIDERADOS COMO UM DEVEDOR SOLIDÁRIO EM RELAÇÃO
AOS DEMAIS CODEVEDORES. OU SEJA, NO CASO DE PAGAMENTO
FEITO POR UM DOS DEVEDORES, A AÇÃO DE REGRESSO PODERÁ
SER INTENTADA CONTRA APENAS UM DOS HERDEIROS
COBRANDO O LIMITE DA QUOTA DO DEVEDOR FALECIDO
(r$10.000,00)
– Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos
devedores e a remissão por ele obtida não
aproveitam aos outros devedores, senão até à
concorrência da quantia paga ou relevada.
• No exemplo abaixo, os demais devedores
poderão ser cobrados em R$20.000,00, caso
haja o pagamento parcial por um dos devedores
ou a remissão parcial da dívida por um dos
credores. Veremos os efeitos da remissão e
perdão mais a frente na matéria
– Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional,
estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não
poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes.

• Por regra, o que for pactuado entre credor e um dos


devedores solidários não poderá agravar a situação dos
demais, seja por clausula contratual, seja por condição
inserida na obrigação. Ex: um acordo celebrado entre
locatário e a concessionária de agua não pode atingir os
demais locatários solidários e o locador, se eles não
participaram do acordo entre as partes originais.
– Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários,
subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só
responde o culpado.
– Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação
tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela
obrigação acrescida.

• Caso um imóvel que seja locado a dois devedores tenha um débito de


aluguéis em aberto de R$10.000,00, o locador poderá cobrar de qualquer
um dos locatários, de acordo com sua vontade. Mas se um dos locatários
causou um incêndio no imóvel, gerando prejuízo de R$30.000,00, apenas
este responderá perante o credor, além do valor da dívida ( R$10.000,00 –
aluguel que pode ser cobrado de qualquer devedor - + R$30.000,00 – que
pode ser cobrado apenas do culpado)
• ATENÇÃO todos os devedores respondem por juros moratórios
decorrentes do inadimplemento, mesmo que a ação de cobrança tenha
sido proposta em face de somente um dos devedores. Porém, no caso de
juros decorrentes de ilícito, responde apenas aquele que agiu com culpa.
• Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as
exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos;
não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-
devedor.
• Sendo assim, qualquer dos devedores poderá alegar a
prescrição da dívida, o pagamento parcial ou total,
direto ou indireto, pois trata-se de exceção comum. Por
outra via, os vícios de consentimento somente podem
ser alegadas pelo devedor que sofreu, já que se trata de
exceção pessoal. Ou seja, se apenas o devedor D sofreu
a coação, apenas ele poderá alega-la.
– Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns
ou de todos os devedores.
– Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais
devedores, subsistirá a dos demais.
• Atenção: a renúncia à solidariedade se diferencia da remissão, em
que o devedor fica inteiramente liberado do vínculo obrigacional,
inclusive no que tange ao rateio da quota eventual, como veremos
no art.284. Já aqui, no caso de rateio em ter os devedores,
contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor,
pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. Vejamos: se A
é credor de uma dívida de R$30.000,00, havendo três devedores
solidários B C e D, e renuncia a solidariedade em relação a B, este
estará exonerado da solidariedade, mas continua sendo responsável
pelo pagamento da sua quota parte, ou seja, R$10.000,000. Quanto
aos demais devedores, estes continuam responsáveis por toda a
dívida, abatida do débito a parte correspondente ao beneficiado
pela renúncia. ( En. 349 CJF)
– Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a
exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se
igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se
iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.
– Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão
também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que
na obrigação incumbia ao insolvente.
– Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos
devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar.
• O CC/02 possibilita a ação de regresso por parte do devedor
solidário que paga a dívida dos demais, sendo que o devedor
que paga a dívida poderá cobrar somente a quota parte dos
demais devedores, se sub-roga no lugar do credor mas não
mantem a solidariedade deste. Se B paga integralmente a A,
poderá cobrar de C e D somente R$10.000,00 de cada um,
valor correspondente às sua quotas.

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