Você está na página 1de 17

REVISÃO - DIREITO CIVIL II – AV2 2022.

01
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
PROFESSOR RODRIGO FRÓES
EMAIL: RODPLURAL@GMAIL.COM

 CC, 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre


mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito,
ou obrigado, à dívida toda.

 Pluralidade Subjetiva: vários credores (solidariedade ativa) ou


vários devedores (solidariedade passiva, mais comum) – tutela
mais rigorosa do crédito!
SOLIDARIEDADE VERSUS INDIVISIBILIDADE
Solidariedade Indivisibilidade
Teor Subjetivo: CC, 265. A solidariedade não se Teor Objetivo: Resulta da natureza da prestação.
presume; resulta da lei ou da vontade das partes.
CC, 271. Convertendo-se a prestação em perdas e CC, 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação
danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. que se resolver em perdas e danos.

CC, 270. Se um dos credores solidários falecer Transmite-se aos herdeiros, dada a sua natureza
deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a objetiva.
exigir e receber a quota do crédito que corresponder
ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for
indivisível.
CC, 276. Se um dos devedores solidários falecer
deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a
pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão
hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas
todos reunidos serão considerados como um devedor
solidário em relação aos demais devedores.
Obrigações Divisíveis e Indivisíveis

 Conversão de obrigações indivisíveis em divisíveis:

Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em


perdas e danos.
§ 1º Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os
devedores, responderão todos por partes iguais.
§ 2º Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo
só esse pelas perdas e danos.
SOLIDARIEDADE PASSIVA: RENÚNCIA
 CC, 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de
um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o
credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá
a dos demais.
• CJF, IV Jornada, En. 348: o pagamento parcial não implica, por si só,
renúncia à solidariedade, a qual deve derivar dos termos expressos
na quitação ou, inequivocamente, das circunstâncias do recebimento
da prestação pelo credor.

• CJF, IV Jornada, En. 349: Com a renúncia da solidariedade quanto a


apenas um dos devedores solidários, o credor só poderá cobrar do
beneficiado a sua quota na dívida; permanecendo a solidariedade
quanto aos demais devedores, abatida do débito a parte
correspondente aos beneficiados pela renúncia [= evitar o
enriquecimento sem causa do credor].
Obrigação de fazer

Enquanto as obrigações de dar (coisa certa ou incerta) dizem respeito às


prestações de coisa, as obrigações de fazer ou não fazer dizem respeito às
prestações de fato – realizar (conduta comissiva) ou abster-se de realizar
(conduta omissiva) determinado fato ou serviço em favor do credor.

Obrigações de fazer Fungíveis (Impessoais): devedor pode ser substituído por


outra pessoa e o credor não terá seu interesse comprometido – o que tem mais
peso é o resultado da atividade, não as características pessoais do devedor. Ex.:
Conserto de eletrodoméstico, que deveria ser feito pela assistência técnica, pode
ser feito por outro profissional capacitado, mesmo que os responsáveis pela
assistência não prestada arquem com ela.

Obrigações de fazer Infungíveis (Personalíssimas, Intuitu Personae): o devedor


é obrigado a elas com base nas suas qualidades essenciais; logo, ele é
insubstituível. Ex.: Contratação de Zeca Pagodinho para se apresentar em uma
Festa de Ano Novo.
Obrigação de fazer:
tutela específica

 Obrigações Infungíveis – Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o


devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível.

 Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-
se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.

 Obrigações Fungíveis – Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao
credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo
da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização
judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
 INOVAÇÃO: Autorização legal para a autotutela, desde que comprovada a urgência!
Mas deve ser uma exceção: em regra, as prestações devem ser cumpridas, conforme o
princípio da conservação dos atos jurídicos – daí os atos processuais que obrigam ao
cumprimento (ex.: multa).
Obrigação de não fazer

 Exige-se, especificamente daquele


devedor, uma omissão – é uma
obrigação infungível (personalíssima)
– vide CC, 250 - e indivisível!

Ex.: CC, Art. 1.303. Na zona rural, não


será permitido levantar edificações a
menos de três metros do terreno vizinho.
– Aqui, a obrigação de não fazer
decorre da lei, mas também pode surgir
da vontade das partes (ex.: servidão de
vista – proprietário de imóvel fica
impedido de contruir a ponto de obstruir
a vista do proprietário de outro imóvel).
Obrigação de não fazer

 Descumprimento (CC, 390): no momento


em que se realiza a conduta que não
deveria – “Nas obrigações negativas o
devedor é havido por inadimplente
desde o dia em que executou o ato de
que se devia abster.”

 Tutela (CC, 251): Praticado pelo


devedor o ato, a cuja abstenção se
obrigara, o credor pode exigir dele que
o desfaça, sob pena de se desfazer à
sua custa, ressarcindo o culpado perdas
e danos.

Parágrafo único. Em caso de urgência,


poderá o credor desfazer ou mandar
desfazer, independentemente de
autorização judicial, sem prejuízo do
ressarcimento devido. – Autotutela!
Obrigações Alternativas

 Obrigações simples: uma única prestação, um só credor, um só


devedor;
 Obrigações compostas: pluralidade objetiva (de prestações) ou
subjetiva (de credores e/ou devedores).

 Obrigações cumulativas (conjuntivas): pluralidade de prestações,


com o devedor tendo de cumprir com todas elas – conectivo “e”;

 Obrigações alternativas (disjuntivas): pluralidade de prestações,


com o devedor tendo de cumprir somente uma delas – prestações
independentes e excludentes entre si: cumpriu uma, não deverá
cumprir com quaisquer das outras! Conectivo “ou”.
Obrigações Alternativas

 Concentração: escolha, dentre as prestações possíveis, daquela a ser


realizada – faz com que a obrigação deixe de ser composta e passe
a ser simples.
CC, Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se
outra coisa não se estipulou.
§ 1º Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma
prestação e parte em outra.

CPC/2015, Art. 800. Nas obrigações alternativas, quando a escolha


couber ao devedor, esse será citado para exercer a opção e realizar a
prestação dentro de 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi determinado
em lei ou em contrato.
§ 1º Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercer no
prazo determinado.
§ 2º A escolha será indicada na petição inicial da execução quando couber
ao credor exercê-la.
Obrigações Alternativas

 Responsabilidade pelo Risco das Prestações: definida conforme (A) a


quem cabe a concentração e (B) se houve ou não culpa na sua
inviabilidade.

1) CC, 253*. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação
ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra. – Se a escolha
couber ao devedor, os atos que evidenciariam culpa quanto a uma das
prestações podem ser interpretados como um ato de escolha pela outra, ou
seja, não responderá por perdas e danos!

*Também incide quando a escolha couber ao credor e a inviabilização se


der sem culpa do devedor.

2) CC 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das
prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a
pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que
o caso determinar. – Se ambas se tornarem inviáveis ao mesmo tempo, o
devedor escolherá (porque lhe cabia a concentração) o valor a pagar.
Obrigações Alternativas

 Responsabilidade pelo Risco das Prestações[Cont.]: definida


conforme (A) a quem cabe a concentração e (B) se houve ou não
culpa na sua inviabilidade.

3) CC, 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das


prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá
direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com
perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se
tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer
das duas, além da indenização por perdas e danos.

4) CC, 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa


do devedor, extinguir-se-á a obrigação.
Obrigação de Dar Coisa Incerta (CC, 243 a 246)

 CC, 243: coisa indeterminada (mas


determinável*), definida somente pelo
gênero e pela quantidade!
 A coisa indeterminada será determinável
pois, em um momento posterior, haverá a
escolha que a individualizará. Este
momento é chamado de concentração do
débito:
CC, 244. Nas coisas determinadas pelo
gênero e pela quantidade, a escolha
pertence ao devedor, se o contrário
não resultar do título da obrigação;
mas não poderá dar a coisa pior, nem
será obrigado a prestar a melhor. –
Princípio do Meio-Termo: a busca pela
razoabilidade, observando os padrões
de qualidade eventualmente firmados
entre as partes no caso concreto.
CC, 245. Cientificado da escolha o
credor, vigorará o disposto na Seção
antecedente = torna-se obrigação de
dar coisa certa!
Obrigação de Dar Coisa Incerta (CC, 243 a 246)

 Perda ou deterioração: CC, 246.


Antes da escolha, NÃO poderá
o devedor alegar perda ou
deterioração da coisa, ainda
que por força maior ou caso
fortuito.
 Princípios gerais: a coisa
perece para o dono e o
gênero não perece (genius
nunquam perit). Logo, o
devedor segue obrigado,
salvo particularidades do
caso concreto (ex.: gêneros
feitos em quantidade
limitada, como vinhos raros).
Obrigações Propter Rem
 “Propter Rem” = “própria da coisa” = a obrigação acompanha a coisa.

 Assim, o titular de um direito real será devedor da obrigação, deixando de sê-lo


somente se:

a) Renunciar ao direito real. Ex.: Eu possuo um imóvel (direito real de


propriedade) e decido vendê-lo;

b) Transmitir a obrigação mediante negócio jurídico. Ex.: Alugo o meu imóvel


e eu e o locatário deixamos expressamente previsto no contrato de locação
que ele passará a pagar o IPTU.

 Exemplos: IPTU, IPVA, taxa condominial (CC, 1345) – como acompanham a coisa,
o novo proprietário é devedor até mesmo de valores vencidos, anteriores à
aquisição da coisa!

 Atenção: STJ – Contas de luz e água não são obrigações propter rem, mas sim
propter personam, pois refletem o uso pessoal desses bens e serviços!
Obrigação: Elementos Constitutivos

3) Elemento Abstrato (Imaterial): é o


vínculo jurídico que permite ao
credor exigir do devedor o
cumprimento de uma prestação (=
conduta humana).

 Dois componentes:
 Débito/Obrigação (Shuld): é a
condição do devedor de estar
em dívida com o credor,
ligando-o (vinculando-o) a ele;
 Responsabilidade (Haftung):
possibilidade de o devedor
sofrer ação judicial para ser
obrigado a cumprir com a
obrigação caso não o faça
espontaneamente. Base:
princípio da responsabilidade
patrimonial (CC, 391).
Obrigação: Elementos Constitutivos

 Existe Obrigação sem Responsabilidade?


SIM: são as Obrigações Naturais – o suj. passivo deve ao suj. ativo, mas não pode ser
exigido em juízo. Ex.: Dívida de jogo ilegal (CC, 814) ou prescrita (CC, 191).

 Art. 814, caput. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se
pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou
se o perdente é menor ou interdito.

Se for paga, o será apenas em função de um dever de consciência: “Embora o dever


moral não constitua um vínculo jurídico, é evidente que os princípios da Moral, em grande
maioria, inspiram e instruem as normas jurídicas” (Sílvio Venosa).

Por isso, se paga, não pode ser repetida (devolvida) – Exceções: pagamento por incapaz
(CC, 814, caput, fine) ou em prejuízo de terceiro (fraude contra credores).

 Existe Responsabilidade sem Obrigação?


SIM: um exemplo é a fiança, onde o dever do fiador (que não tem dívida) surge do
descumprimento do dever do afiançado (que já era devedor)!

Você também pode gostar