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CLASSIFICAÇÃO

DAS OBRIGAÇÕES
Classificação
básica das
obrigações • OBRIGAÇÃO POSITIVA –
CONSUBSTANCIADA EM UMA
• OBRIGAÇÃO NEGATIVA – TRATA-SE
DA OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER.
OBRIGAÇÃO DE DAR (COISA CERTA OU
INCERTA) E DE FAZER;
a) Fracionárias: pluralidade de devedores ou credores, cada um deles
responde apenas por parte da dívida.

Quanto ao b) Conjuntas: pluralidade de devedores ou credores, impondo-se a

elemento todos o pagamento conjunto de toda a dívida, não se autorizando aos


credores exigi-la individualmente.

subjetivo c) Disjuntivas: devedores se obrigam alternativamente ao pagamento

(os
da dívida. Se um cumpre a obrigação, os demais são exonerados.

sujeitos) d) Solidárias: existe solidariedade quando, na mesma obrigação,


concorre uma pluralidade de credores, cada um com direito à dívida
toda (solidariedade ativa), ou uma pluralidade de devedores, cada um
obrigado à dívida por inteiro (solidariedade passiva).
Quanto ao elemento acidental

Obrigação condicional: b) Obrigação a termo: c) Obrigação modal: possuem


condicionadas a evento futuro exigibilidade subordinada a um encargo (ônus) imposto a
e incerto. evento futuro e certo. uma das partes, que
experimentará benefício
maior.
Quanto ao conteúdo

b) Obrigações de
a) Obrigações de meio: o
resultado: o devedor se
devedor se obriga a
obriga não apenas a
empreender a atividade
empreender a atividade,
sem garantir o resultado
mas, principalmente, a
esperado.
produzir o resultado.
Obrigação de dar
É a obrigação que tem por objeto a prestação de coisa.

Dessa forma, o verbo “dar”, em direito civil tem, o sentido de “entregar” (transferir
a propriedade ou posse) ou de “restituir” (devolução da coisa ao proprietário).

• Obrigação de dar coisa certa: envolve uma coisa já qualificada; quantificada;


especificada; individualizada. Por exemplo, “te darei este iphone”.

• Obrigação de dar coisa incerta: é aquela cuja incerteza é temporária, pois logo
após, conseguirei discriminar a coisa. Por exemplo, “vou te dar um celular”.
Artigo 313 do CC/02: “o credor não é
obrigado a receber prestação diversa da
que lhe é devida, ainda que mais valiosa”.

Poderá consentir em receber prestação


diversa da devida.

Contudo, a entrega de coisa diversa


Obrigação de dar somente poderá ocorrer com o

coisa certa consentimento do credor, no caso, dação


em pagamento. Art. 321 c/c 346 do
CC/02.
Perecimento/deterior
ação da coisa
• Deve-se identificar se o dar é entregar ou restituir, e, após, deve-se definir
quem é o dono e quem é o devedor.

• O perecimento da coisa segue a regra do res perit domino, ou seja, a coisa


perece para o dono.

• O dono da coisa na modalidade de entregar é devedor. Na modalidade


restituir, o dono da coisa é o próprio credor.

• Dessa forma, se a coisa se perder COM culpa, haverá incidência de perdas


e danos. Mas se a coisa se perder SEM culpa, perecerá para o dono.
Perdas e danos
constituem somatório de indenização
que a parte pode pleitear em virtude
do não cumprimento de uma
obrigação. Por exemplo, dano moral,
lucro cessante, dano emergente,
honorários de advogado.
Obrigação de dar coisa incerta

Via de regra, quando estivermos


diante de coisa incerta, a escolha
A coisa incerta é indicada apenas Indeterminabilidade é temporária cabe ao devedor, contudo, é
pelo gênero e pela quantidade. – há momento certo para escolha. possível que as partes
convencionem de forma diversa. É
o dispõe o artigo 244, do CC/02.

No momento da escolha da
obrigação esta deve ser feita pela Via de regra, o gênero nunca não poderá o devedor alegar
média, não pode ser a pior e nem perece. A partir disso, dispõe o art. perda ou deterioração da coisa,
mesmo a melhor. É a chamada 246 do CC/02 que “antes da ainda que por força maior ou caso
virtude da prestação média, art. escolha, fortuito”.
244 parte final do CC/02.
É a obrigação que tem por objeto a
prestação de um fato, podendo ser
personalíssima (infungível) ou não
personalíssima (fungível).

Obrigação
de fazer
Não cumprimento da obrigação de fazer:
Fungível: terceiro poderá satisfazer a Infungível: são obrigações que
obrigação às custas do devedor OU somente o devedor pode cumprir,
converter em perdas e danos (art. caso em que o inadimplemento se
816, do CPC/15). converte em perdas e danos.
Obrigação de fazer

• Art. 247 do CC/02: “Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só
imposta, ou só por ele exequível.”

• Art. 248 do CC/02 : “Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se
por culpa dele, responderá por perdas e danos.”

• Art. 249 do CC/02. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do
devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar
executar o fato, sendo depois ressarcido.

• Art. 814 do CPC. Na execução de obrigação de fazer ou de não fazer fundada em título extrajudicial, ao despachar a
inicial, o juiz fixará multa por período de atraso no cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida.
Obrigação de não fazer

A obrigação de não fazer tem por objeto uma prestação negativa, um


comportamento omissivo do devedor, e está regulada nos artigos 250
e 251 do CC/02. É um dever de abstenção de um fato.

Permanente/contínua: terceiro poderá satisfazer a


obrigação às custas do devedor mais perdas e
Descumprimento da obrigação de danos. (admite desfazimento)
NÃO fazer: Instantânea: são obrigações que não admitem
serem desfeitas, em caso de inadimplemento,
converte-se em perdas e danos. (não admite)
Exercício

FGV - 2022 - Especialista em Saúde (SEMSA Manaus)/Advogado

Comprimidos & Soluções Médicas Ltda. (“Comprimidos”) obrigou-se a fornecer um lote de remédios para Farmácia Brasil Ltda. (“Farmácia).

Conforme os termos do negócio ajustado, Farmácia pagou o valor integral dos produtos, R$ 150.000,00, de maneira antecipada. Enquanto isso, Comprimidos
comprometeu-se à entrega da mercadoria em até 15 dias após a celebração da avença. No entanto, por falha operacional de Comprimidos, o lote de remédios
vendido não foi armazenado corretamente, tornando-se impróprio para uso.

Nesse contexto, de um lado, Comprimidos descartou os produtos que deveria entregar e, de outro, Farmácia precisou comprá-los de outro fornecedor, com
urgência, por valor mais alto (R$ 180.000,00).

A respeito da situação apresentada, é correto afirmar que Comprimidos deverá


A) restituir o valor já pago pelos produtos que seriam fornecidos, sem indenização da diferença de R$ 30.000,00, pois tal despesa é risco que se imputa ao credor.
B) restituir o valor já pago pelos produtos que seriam fornecidos, bem como pagar as perdas e danos, no valor de R$ 30.000,00.
C) restituir o valor já pago pelos produtos que seriam fornecidos, bem como pagar as perdas e danos, as quais têm o valor de R$ 180.000,00.
D) indenizar Farmácia no valor de R$ 30.000,00, sendo indevida a restituição do valor recebido, pois, desde a celebração do negócio, a perda da coisa é risco
imputado ao credor.
E) não deverá restituir nem indenizar valores, pois, desde a celebração do negócio, a perda da coisa é risco imputado ao credor.
Exercício

UNESC - 2021 - Procurador do Município de Criciúma


Francisca é uma famosa escultora e possui obras expostas em várias galerias do país, sempre atraindo interesse do
público, assim, a Galeria Boas e Belas Artes realiza contrato com Francisca, comprando da mesma a escultura em
mármore “Vênus em Êxtase”, que deveria ser entregue por Francisca na sede da Galeria Boas e Belas Artes. O preço
da aquisição da obra foi pago integralmente com antecedência de cinco dias da entrega. Ocorre que no dia da
entrega, ao se dirigir a Galeria, Francisca, por absoluto descuido, colide com seu veículo, ocasionando a destruição da
peça de arte “Vênus em Êxtase”. É de se dizer que a Galeria, antecipadamente, havia vendido ingressos para a
exposição, que foi cancelada em virtude da destruição da peça, ocasionando vários pedidos de devoluções de valores.
Assim, assinale a alternativa correta:
A) Francisca deverá entregar outra obra de seu acervo, a escolha da Galeria Boas e Belas Artes, em substituição
àquela obra destruída.
B) A Galeria Boas e Belas Artes poderá cobrar de Francisca o equivalente em dinheiro da escultura destruída, mais o
prejuízo sofrido com a devolução dos ingressos da exposição.
C) Por se tratar de obrigação de fazer infungível, a Galeria Boas e Belas Artes não poderá mandar executar a
prestação às expensas de Francisca, restando-lhe pleitear perdas e danos.
D) Com o pagamento do preço, transferiu-se a propriedade da escultura para a Galeria Boas e Belas Artes, razão pela
qual ela deve suportar o prejuízo pela perda do bem.
E) A Galeria Boas e Belas Artes não poderá ressarcimentos dos danos, uma vez que se trata de obra infungível e que
não pode ser substituída.
Obrigações alternativas são aquelas em que há uma
pluralidade de objetos.

O devedor se compromete a cumprir uma prestação


Obrigações em caráter alternativo, ele só irá se desobrigar
entregando um objeto ou outro.
Alternativas
Em regra, dá-se ao devedor a alternativa de
escolha. Contudo, nada impede que seja estipulado
de orma diversa, sendo pactuada que a escolha será
do credor; do terceiro; por sorteio etc. (art. 252 do
CC/02).
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se
estipulou.
§ 1 o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em
outra.
§ 2 o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser
exercida em cada período.
§ 3 o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles,
decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.
§ 4 o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la,

Obrigações caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.


Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada
inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.

Alternativas Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não
competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último
se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível
por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da
outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem
inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização
por perdas e danos.
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-
se-á a obrigação.
Exercício

CEBRASPE (CESPE) - 2023 - Analista Regulador (AGER MT)/Direito

Suponha que Álvaro tenha assumido o compromisso de cumprir uma obrigação alternativa e,
antes do prazo estipulado, tenha se tornado impossível o cumprimento da obrigação assumida,
sem que ele tenha concorrido para tal. Nessa situação hipotética,
A) extinguir-se-á a obrigação sem qualquer responsabilização civil por parte de Álvaro.
B) o beneficiário da obrigação poderá exigir indenização equivalente ao valor da obrigação de
maior valor, mas não poderá exigir dano moral.
C) o beneficiário da obrigação poderá exigir indenização equivalente ao valor da obrigação que
lhe aprouver mais dano moral.
D) o beneficiário da obrigação poderá exigir que terceiro cumpra de outro modo qualquer das
obrigações assumidas, às expensas de Álvaro.
E) é devida indenização ao beneficiário da obrigação, além de eventual dano moral, mas cabe a
Álvaro definir qual das obrigações será objeto de indenização.
OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E
INDIVISÍVEIS

BENS DIVISÍVEIS SÃO OS QUE BENS INDIVISÍVEIS SÃO


SE PODEM FRACIONAR SEM AQUELES QUE NÃO ADMITEM
ALTERAÇÃO DA SUA FRACIONAMENTO, POIS, CASO
SUBSTÂNCIA, DIMINUIÇÃO HAJA, PERDERÃO SUA
CONSIDERÁVEL DE VALOR OU QUALIDADE. TÊM-SE COMO
PREJUÍZO DO USO A QUE SE EXEMPLO DE BENS
DESTINAM. POR EXEMPLO O INDIVISÍVEIS OS ANIMAIS.
DINHEIRO, A SACA DE CAFÉ,
DENTRE OUTROS.
OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
Em uma obrigação divisível, por exemplo, em que três devedores devem três mil reais ao
credor, cada devedor está obrigado ao pagamento de mil reais – fracionam-se as
obrigações em quantos forem os sujeitos.

Se a prestação envolver uma obrigação indivisível, por exemplo, em que dois devedores
devem entregar ao credor um cavalo que custa dois mil reais, cada devedor estará
obrigado pela dívida toda.

No entanto, se a obrigação for cumprida por apenas um dos devedores, este se sub-roga
no direito do credor em relação ao outro devedor. A partir disso, aquele devedor que não
cumpriu a obrigação tornase devedor daquele que pagou, na quantia de mil reais – quota
parte na obrigação (art. 259, parágrafo único do CC/02).
Perda do objeto e fim da
indivisibilidade

• No momento em que o bem deixa de ser indivisível,


cessam as regras de indivisibilidade.

• Se a coisa vier a se perder por culpa dos devedores, cada


um responderá pelo valor equivalente mais a importância
referente às perdas e danos.

• Havendo culpa apenas de um dos devedores, o valor sobre


o equivalente continua sendo dos dois devedores, mas o
culpado na morte do cavalo deverá arcar com as perdas e
danos.
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
Obrigações solidárias são
aquelas em que concorrem
mais de um credor ou mais
de um devedor em uma
obrigação – pluralidade de
sujeitos.

Solidariedade ativa é Solidariedade passiva tem-


aquela em que há uma se uma pluralidade de
pluralidade de credores. devedores.
Atenção

• Se uma situação hipotética for cobrada em


prova envolvendo solidariedade, deve-se fazer a
seguinte indagação: essa situação enseja
solidariedade legal ou não? Se considerar que
NÃO, somente pode-se considerar que há
solidariedade se estiver presente na situação
hipotética que de fato há uma solidariedade,
haja vista que a solidariedade não se presume.
OBRIGAÇÕES

Nas obrigações solidárias Embora tenha pluralidade de


SOLIDÁRIAS

pouco importa se as sujeitos, afiguram-se várias


obrigações são divisíveis ou relações/vínculos de cada
indivisíveis, pois o credor (ou credor em face de cada
credores) terão direito ao todo, devedor. Sendo possível,
e o devedor (ou devedores) portanto, que em face de um
terão a obrigação pelo todo. dos devedores subsista uma
condição;
Da Solidariedade Ativa

1 2 3 4 5

Na hipótese de haver Enquanto nenhum dos Se apenas um credor Art. 270 do CC/02. Se Art. 272 do CC/02. O
quatro credores credores ingressa com ingressa com ação em um dos credores credor que tiver
solidários e um ação em face do face do devedor, este solidários falecer remitido a dívida ou
devedor, referente a devedor, este poderá deverá adimplir a deixando herdeiros, recebido o pagamento
um montante de pagar para qualquer obrigação em face cada um destes só terá responderá aos outros
quatro mil reais. Cada deles. daquele que ajuizou a direito a exigir e pela parte que lhes
cocredor tem direito de ação, por própria receber a quota do caiba.
receber e cobrar a disposição do artigo crédito que
totalidade da dívida 268 do CC/02. corresponder ao seu
em face do devedor. quinhão hereditário,
salvo se a obrigação
for indivisível.
Da Solidariedade Passiva
Solidariedade passiva é aquela que possui pluralidade de devedores, e o
credor, por sua vez, pode exigir de qualquer devedor o cumprimento da
obrigação por inteiro, seja o bem divisível ou indivisível .
• Art. 275 do CC/02. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores,
parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais
devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo
credor contra um ou alguns dos devedores.
• Art. 276 do CC/02. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes
será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a
obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em
relação aos demais devedores.
Da Solidariedade Art. 277 do CC/02. O pagamento parcial feito por um
dos devedores e a remissão por ele obtida não
Passiva aproveitam aos outros devedores, senão até à
concorrência da quantia paga ou relevada.
• Em uma relação processual em que há único credor e onze
devedores solidários na quantia de onze mil reais.
• Se um dos devedores solidários paga a quantia de mil reais,
continua existindo solidariedade em relação ao restante da
obrigação. Bem como, perdoando o credor um dos devedores,
continua existindo solidariedade em relação ao restante da
dívida, que seria de dez mil reais.

Art. 278 do CC/02. Qualquer cláusula, condição ou


obrigação adicional, estipulada entre um dos
devedores solidários e o credor, não poderá agravar
a posição dos outros sem consentimento destes.
• Havendo solidariedade passiva em relação aos onze mil reais, e,
realizado acordo entre credor e um dos devedores, impondo-o
outra obrigação, este acordo não vincula os demais devedores.
Da Solidariedade Passiva
Art. 279 do CC/02. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste
para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.
• Devedores devem entregar um cavalo que corresponde à quantia de onze mil reais. Se o animal vier a falecer por culpa de um dos
devedores, os demais devedores ficam obrigados pelo pagamento do equivalente (valor do animal). Aquele que agiu com culpa
responderá também pelas perdas e danos.

Art. 280 do CC/02. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido
proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida.
• Não havendo o cumprimento da obrigação até a data estipulada, todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a
ação tenha sido proposta somente contra um dos devedores. Todavia, aquele devedor que agiu com culpa e deu causa ao acréscimo,
estará obrigado ao pagamento desse acréscimo.

Art. 282 do CC/02. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou
de todos os devedores. (Dispositivo recorrente em provas).
• Renunciar à solidariedade não significa perdoar a dívida. Desse modo, se o credor renunciar solidariedade a um dos devedores, em
relação aos demais, a solidariedade permanece íntegro e o credor cobrará o restante da obrigação de qualquer deles (dez mil reais).
Da Solidariedade Passiva
Art. 283 do CC/02. O devedor que
satisfez a dívida por inteiro tem direito • Havendo algum devedor insolvente – aquele que não
a exigir de cada um dos co-devedores
tem bens para pagamento da dívida – a quota parte que
a sua quota, dividindo-se igualmente
por todos a do insolvente, se o houver, seria dele, devem ser partilhados entre os demais
presumindo-se iguais, no débito, as devedores solidários para cumprimento da obrigação.
partes de todos os co-devedores.

Art. 284 do CC/02. No caso de rateio


entre os co-devedores, contribuirão • Quando o credor libera da solidariedade qualquer um
também os exonerados da
solidariedade pelo credor, pela parte dos devedores, a quota do insolvente também integrará
que na obrigação incumbia ao a quota daquele que foi exonerado da solidariedade.
insolvente.
Exercício

FGV - 2023 - Nacional Unificado (OAB)/XXXVII Exame


Rodrigo e Juliana celebraram contrato de compra e venda com Márcia, visando à aquisição de 20 (vinte)
cavalos da raça manga-larga, de propriedade desta última. O contrato possui cláusula prevendo a
solidariedade ativa de Rodrigo e Juliana, e que a entrega será feita de uma única vez.
Dez dias antes da data pactuada para entrega dos animais, Márcia, culposamente, esqueceu aberta a porta do
curral os animais estavam, o que ocasionou a fuga dos equinos. No dia combinado, Márcia dispunha de
apenas cinco cavalos, os quais foram oferecidos a Rodrigo e Juliana como parte do pagamento.
Acerca do caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
A) Por se tratar de obrigação de entrega de coisa a dois credores, a previsão de solidariedade ativa contratual
é desnecessária, eis que decorrente de disposição expressa do Código Civil.
B) Rodrigo e Juliana poderão optar por receber os cinco cavalos, com abatimento do preço, ou considerar
resolvida a obrigação e, tanto num como noutro caso, exigir indenização das perdas e danos.
C) Caso Rodrigo e Juliana optem pela conversão da obrigação em perdas e danos, a solidariedade não
subsistirá.
D) Márcia poderá compelir Rodrigo e Juliana a receberem cinco cavalos, posto se tratar de obrigação divisível.
Exercício

Instituto CONSULPAM - 2023 - Analista (ICTIM)/Jurídico

Um empréstimo foi contraído por três pessoas, estabelecendo-se contratualmente a


responsabilidade solidária frente ao pagamento do débito, que não foi adimplido. A respeito da
responsabilidade solidária ou solidariedade passiva no âmbito do direito das obrigações, assinale
a alternativa CORRETA.
A) O credor poderá exigir de um ou mais devedores solidários, o pagamento parcial ou total da
dívida.
B) Importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns
devedores.
C) Somente o devedor, em face do qual foi ajuizada ação, responde pelos juros de mora,
continuando os demais devedores responsáveis apenas pela obrigação principal.
D) Se o credor renunciar à responsabilidade em favor de um, restarão exonerados todos os
demais devedores.
Exercício

FGV - 2023 - Juiz Leigo (TJ BA)


Guilherme, Rafael e David são devedores solidários de Alexandre. No dia do vencimento, Guilherme e Rafael
entregam suas cotas-partes para David que, em vez de imediatamente procurar Alexandre para o pagamento, resolve
apostar, em um sítio eletrônico, todos os valores, para multiplicá-los. Ocorre que, logo na primeira rodada, perde
tudo.
Nesse caso, é correto afirmar que:
A) a dívida e a solidariedade remanescem em face de Guilherme, Rafael e David, sendo certo que os dois primeiros só
têm direito indenizatório contra o último;
B) a dívida se extinguiu em relação a Guilherme e Rafael pela entrega de suas cotas-partes, considerando que,
impossibilitada a prestação por culpa de um dos devedores solidários, pelas perdas e danos, só responde o culpado;
C) a dívida subsiste, mas rompeu-se o vínculo da solidariedade, considerando que, impossibilitada a prestação por
culpa de um dos devedores solidários, pelas perdas e danos, só responde o culpado;
D) a dívida e a solidariedade extinguiram-se em relação a Guilherme, Rafael e David, porque não podem responder
pelo caso fortuito;
E) a dívida e a solidariedade remanescem em face de Guilherme, Rafael e David, sendo certo que os primeiros devem
arcar com os riscos de não terem feito o pagamento diretamente ao credor, de modo que nem direito indenizatório
terão em face de David.

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