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OBRIGAÇÕES
PARTE III
1 - Conceito
O verbo dar deve ser entendido como ato de entregar. O devedor obriga-se a dar
coisa individualizada, que se distingue por características próprias, móvel ou imóvel.
Por essa razão, o credor de coisa certa não pode ser obrigado a, receber outra, ainda
que mais valiosa. Princípio pelo qual os contratos devem ser cumpridos tal qual foram
ajustados – pacta sunt servanda
CC. Art. 481 – Como já se afirmou, a obrigação de dar coisa certa confere ao
credor simples direito pessoal, e não real. Aperfeiçoado o contrato de compra e venda,
por exemplo, o vendedor não transfere desde logo o domínio: obriga-se apenas a
transmiti-lo. Não cumprida a obrigação, não pode o adquirente reivindicar a coisa, por
não ter-lhe o domínio. Terá de contentar-se com a ação de perdas e danos e com a
1
VENOZA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações e teoria
geral dos contratos. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2008. (Coleção direito civil; v.2)
p.58.
resolução da avença (CC. arts. 389 e 475).
CC. Art. 233 – "a obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela
embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias
do caso". O acessório segue o principal. Nada obsta a que se convencione o contrário.
No silêncio do contrato quanto a esse aspecto, a venda de um terreno com árvores
frutíferas inclui os frutos pendentes; a de um veículo abrange os acessórios colocados
pelo vendedor etc. Pode o contrário resultar não só de convenção como de
circunstâncias do caso. Por exemplo: locação de imóvel que necessariamente não
abrange também a cesso de linha telefônica, salvo se expressamente exposto no
contrato; embora o alienante responda pelos vícios redibitórios, certas circunstâncias
podem excluir tal responsabilidade, como o conhecimento do vício por parte do
adquirente.
“A obrigação de restituir, englobada pela lei dentro das obrigações de dar coisa
certa, é aquela que tem por objeto uma devolução de coisa certa, por parte do
devedor, coisa essa que, por qualquer título, encontra-se em poder do devedor, como
ocorre, por exemplo, no comodato (empréstimo de coisa infungível), na locação e no
depósito.” 2
CC. Art. 234 primeira parte e Art. 238 - Em caso de perecimento (perda total) da
coisa antes da tradição, é preciso, primeiramente, verificar se o fato decorreu de culpa
ou não do devedor. Não tendo havido culpa deste, ou pendente a condição
suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes, que voltam à primitiva
situação, tanto na obrigação de entregar como na de restituir (CC. arts. 234, 1 a parte,
e 238). Assim, se o vendedor já recebeu o preço da coisa, que veio a perecer sem
culpa sua (em razão do fortuito ou da força maior, p. ex.), deve devolvê-lo ao
adquirente, em virtude da resolução do contrato, não estando obrigado a pagar perdas
e danos. Ex.: se o devedor se obrigou a entregar um cavalo e este vem a falecer por
ter sido atingido por um raio, no pasto, desaparece a obrigação, sem ônus para as
partes, devendo ambas voltar ao estado anterior. Se o cavalo já fora pago pelo
comprador, evidentemente deve ser devolvido o preço, com atualização da moeda. Se
o perecimento ocorreu pendente condição suspensiva, não se terá adquirido o direito
a que o ato visa (CC, art. 125), e o devedor suportará o risco da coisa.
2
VENOZA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações e teoria geral
dos contratos. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2008. (Coleção direito civil; v.2) p.64/65.
LEMBRE-SE: O alienante é proprietário até a tradição.
CC. Art. 234 segunda parte e art. 239 – neste caso, havendo perecimento do
objeto, tem o credor direito a receber o seu equivalente em dinheiro, mais as perdas e
danos comprovadas, tanto na obrigação de entregar como na de restituir.
3
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro, volume 2: teoria geral das
obrigações. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 55.
B) Boa-fé ou má-fé.
Assim, por exemplo, se o objeto da obrigação for um animal, e este der cria, o
devedor não poderá ser constrangido a entregá-la. Pelo acréscimo, tem o direito de
exigir aumento do preço, se o animal não foi adquirido juntamente com a futura cria.
Também os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.
CC. Art. 243 - A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela
quantidade. É, portanto, indeterminada mas determinável. Falta apenas determinar
sua qualidade.
CC. Art. 245 - a determinação dá-se pela escolha. Feita esta, e cientificado o
credor, acaba a incerteza, e a coisa torna-se certa, vigorando, então, as normas das
obrigações de dar coisa certa.
Escolha:
Limites da escolha - não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a
melhor. Deve guardar o meio-termo entre os congêneres da melhor e da pior
qualidade.
BIBLIOGRAFIA