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DIREITO CIVIL I

AULA 05/02
• Obrigação é um conjunto de normas que regulam uma relação jurídica
entre pessoas que possuam um bem de valor, sendo elas físicas ou
jurídicas
• Obrigação em relação ao mundo jurídico é celebrar um contrato, ou um
acordo que vai gerar direitos e deveres
• Fonte do direito é de onde o direito surge, de onde buscamos a solução
de um problema
MÁXIMA JURÍDICA

“O acessório sempre cede o principal”

Bem principal: aquele que existe por ele mesmo, que não depende de outros
para sua existência.
Bem acessório: aquele que melhora o uso da coisa
Para saber se uma coisa é principal ou acessório é necessário
relacionar os elementos.
EX: se um carro foi roubado o rádio vai junto

ELEMENTOS DE UMA RELAÇÃO OBRIGACIONAL

Elemento pessoal: Duas pessoas envolvidas (física ou jurídica). Duplo


sujeito (ativo e passivo)
Elemento material: Objeto da obrigação que leva as pessoas a chegarem
em um acordo
Elemento jurídico: Relação de disciplina entre as pessoas, vínculos,
obrigações de fazer ou não fazer
FONTE DAS OBRIGAÇÕES

• Fonte é a nascente de onde vem

- Legislação (nascente das regras, que vão reger as obrigações)

- Contrato celebrando o que se pactua

Se existe uma norma que regulamenta uma relação jurídica que trata
um objeto (de valor pecuniário) entre duas pessoas, existe uma
obrigação
ARTIGOS A SEREM USADOS 233-420

Obrigação de dar coisa certa


Obrigação de dar – entregar algo
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não
mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.

Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes
da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as
partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais
perdas e danos.

Um contrato de compra e venda ou em uma obrigação de dar coisa certa,


sempre acontece com a tradição. Antes da tradição é possível ter um pré-
contrato, mas a partir do momento que aconteceu a tradição (a partir do
momento que houve a entrega do bem) o contrato é considerado celebrado
Sem culpa: Antes da tradição e sem culpa do devedor, a obrigação será
resolvida (como se nada tivesse acontecido, volta-se ao status inicial)
Ex: Carro roubado, devedor não teve culpa, então a obrigação será
resolvida, o devedor não terá necessidade de entregar o que havia sido
prometido e o credor não precisara pagar, se acaso o pagamento já tiver
sido efetuado, o devedor deverá devolver o mesmo, para que volte ao status
inicial.
Com culpa: Carro vendido para o credor, antes da tradição o devedor
sumiu com o carro. O valor equivalente ao carro deve ser pago ao credor,
assim como se houver além do equivalente, a indenização de perdas e
danos
No caso da indenização por perdas e danos o caso precisa ser provado
Ex: O uso do carro era para o credor se locomover até o trabalho, no tempo
em que ele ficou sem o carro perdeu X reais, logo o devedor terá que pagar
o equivalente ao que foi perdido
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a
obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.

Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa
no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização
das perdas e danos.
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e
acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o
devedor resolver a obrigação.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.

Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder
antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus
direitos até o dia da perda.

Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais
perdas e danos.

Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal
qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto
no art. 239.

Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem
despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.

Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou


dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias
realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé.
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o
disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.

Obrigação de dar coisa incerta


Limitado pelo gênero e quantidade

Ex: Safra de milho, em que o milho é o gênero e 2 toneladas são a


quantidade. (Qual milho será entregue é incerto)
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.

Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence
ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a
coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.

Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente.

Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da
coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.

Obrigação de fazer
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a
prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível.

Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a
obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.

Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar
à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização
judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.

Obrigação de não fazer


Se obriga a não fazer algo, contratualmente ou através de um negócio

Ex: Estou vendendo um terreno, porém não quero que construam um


comércio
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe
torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.

Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir
dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e
danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer,
independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.

AULA 19/02
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se
estipulou.
§ 1º Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em
outra.
§ 2º Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser
exercida em cada período.
§ 3º No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá
o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.
§ 4º Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá
ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.

EX: Parágrafo 1º: Imagine que você emprestou dinheiro para um amigo e ele prometeu te
pagar de duas formas diferentes: ou com dinheiro ou com um celular novo. Neste caso, ele não
pode decidir entregar parte do dinheiro e parte do celular, a menos que isso tenha sido
acordado previamente.
Parágrafo 2º: Se você tem um contrato de aluguel de uma casa e o pagamento do aluguel é
mensal, você pode escolher como realizar cada pagamento separadamente. Por exemplo, um
mês pode optar por pagar em dinheiro e no próximo mês pode optar por transferência
bancária.
Parágrafo 3º: Se um imóvel é de propriedade compartilhada entre irmãos e eles não
conseguem concordar sobre como realizar a manutenção, o juiz decidirá após um prazo
determinado para a deliberação.
Parágrafo 4º: Se um testamento deixar a escolha de uma propriedade específica para um
amigo, mas esse amigo não quiser ou não puder fazer a escolha, o juiz decidirá no lugar dele, se
não houver acordo entre as partes.

Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não
competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último
se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.
EX: se um devedor prometeu entregar ou pagar uma determinada quantia em dinheiro ou uma
mercadoria específica, e por sua culpa ele não consegue cumprir nenhuma das opções, ele será
obrigado a pagar o valor da opção que se tornou impossível de cumprir por último. E além
disso, ele terá que pagar pelos danos causados ao credor devido a essa situação.

Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível
por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da
outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem
inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização
por perdas e danos.

EX: João emprestou seu carro para Maria por um mês, com a opção de Maria devolver o carro
ou pagar o valor do aluguel em dinheiro. Se, por negligência de Maria, o carro sofre um
acidente e fica danificado, impossibilitando a devolução, João pode exigir o pagamento do
aluguel em dinheiro, além de receber indenização pelos danos causados. Se Maria também não
puder pagar o aluguel devido ao mesmo acidente, João pode escolher entre exigir o pagamento
ou a devolução do carro, junto com a indenização pelos danos.

Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-
se-á a obrigação.

EX: Ana concordou em vender sua casa para João por um determinado valor. Antes da data de
fechamento do negócio, um incêndio de grande proporção ocorre na casa, destruindo
completamente o imóvel. Nesse caso, todas as formas de cumprir a obrigação de vender a casa
se tornaram impossíveis, mas sem culpa de Ana, já que o incêndio foi um evento imprevisível e
fora de seu controle. Portanto, de acordo com o Artigo 256, a obrigação de vender a casa será
extinta, pois não é mais possível de ser cumprida.

Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta
presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou
devedores.

EX: Ana, Bruno e Carla emprestaram dinheiro para João, cada um contribuindo com uma quantia
igual para um total de R$ 3.000,00. Neste caso, a obrigação de João é considerada divisível
entre os três credores, Ana, Bruno e Carla. Portanto, João deve R$ 1.000,00 para cada um deles
individualmente. Se João pagar R$ 1.000,00 para Ana, ele estará quitando sua parte da
obrigação com ela, mas ainda deverá R$ 2.000,00, sendo R$ 1.000,00 para Bruno e R$ 1.000,00
para Carla. Isso significa que a obrigação é dividida em três partes iguais e distintas, uma para
cada credor.

Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um
fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada
a razão determinante do negócio jurídico.

EX: se alguém se compromete a entregar um animal de estimação como pagamento, essa


obrigação é indivisível, pois não é possível dividir o animal em partes.

Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.
§ 1º Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores,
responderão todos por partes iguais.
§ 2º Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas
perdas e danos.
EX: Ana, Bruno e Carla alugaram um apartamento juntos, sendo todos co-devedores do
pagamento do aluguel. Porém, após alguns meses, Bruno decide sair do apartamento sem
pagar sua parte do aluguel devido a dificuldades financeiras. Como resultado, o senhorio entra
com uma ação judicial contra Ana, Bruno e Carla, solicitando perdas e danos pela falta de
pagamento. Se for determinado que a falta de pagamento foi culpa de todos os co-devedores,
Ana, Bruno e Carla serão responsáveis por pagar igualmente as perdas e danos ao senhorio. No
entanto, se for comprovado que apenas Bruno foi culpado pela falta de pagamento, Ana e Carla
estarão isentas da responsabilidade por perdas e danos, sendo apenas Bruno responsável por
pagar a compensação do senhorio.

Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou


mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.

EX: Ana e Bruno emprestaram dinheiro para João, cada um contribuindo com metade do valor
total do empréstimo. João concordou em devolver o dinheiro para ambos no prazo acordado.
Neste caso, há solidariedade entre Ana e Bruno como credores, pois ambos têm o direito de
exigir o pagamento total do empréstimo de João. Por sua vez, João é o devedor solidário, pois
está obrigado a pagar a dívida total para qualquer um dos credores, Ana ou Bruno. Assim, João
pode ser obrigado a pagar a dívida inteira para Ana ou para Bruno, e Ana ou Bruno podem
exigir o pagamento total da dívida de João.

Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.

EX: Ana, Bruno e Carla compraram um carro juntos, dividindo igualmente o custo. Se não houver
indicação de solidariedade no contrato, cada um será responsável apenas pela sua parte
proporcional do pagamento. No entanto, se a solidariedade for especificada, qualquer um dos
compradores poderá ser cobrado pelo valor total do carro por um credor, e cada comprador
será responsável pelo pagamento total, não apenas pela sua parte proporcional.

Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-
devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.

EX: Ana e Bruno emprestaram dinheiro para João, solidariamente. Ana optou por receber o
pagamento imediatamente, enquanto Bruno concordou em receber o pagamento somente
após seis meses. Neste caso, a obrigação é solidária entre Ana e Bruno como credores, mas eles
têm condições de pagamento diferentes. João pode escolher pagar a Ana imediatamente e a
Bruno após seis meses, ou vice-versa, pois a obrigação é solidária e as condições de pagamento
são estabelecidas de forma independente para cada co-credor.

Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento
da prestação por inteiro.

EX: Ana, Bruno e Carla emprestaram dinheiro para João, solidariamente. Se a dívida total fosse
de R$ 3.000,00, qualquer um dos três credores (Ana, Bruno ou Carla) teria o direito de exigir de
João o pagamento integral do valor total da dívida, ou seja, os R$ 3.000,00. Isso significa que, se
Ana decidir, ela pode cobrar de João o valor total da dívida sem precisar se preocupar com as
partes proporcionais dos outros credores. O mesmo se aplica a Bruno ou Carla; cada um deles
tem o direito individual de exigir o pagamento total da dívida de João.

Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor
comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.
EX: Ana, Bruno e Carla emprestaram dinheiro para João, solidariamente. Se a dívida total fosse
de R$ 3.000,00, e apenas Ana e Bruno decidissem demandar João para o pagamento, João
poderia efetuar o pagamento total da dívida para Ana ou Bruno, mesmo que Carla não tenha
feito qualquer demanda. Neste caso, mesmo sem a participação de Carla na demanda contra
João, ele ainda poderia pagar a dívida para Ana ou Bruno, conforme sua escolha. Essa
flexibilidade permite que João cumpra sua obrigação mesmo que todos os credores solidários
não estejam envolvidos na cobrança da dívida.

Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante
do que foi pago.

EX: Ana, Bruno e Carla emprestaram dinheiro para João, solidariamente, totalizando uma dívida
de R$ 3.000,00. Se João realizar um pagamento de R$ 1.000,00 para Ana, esse pagamento
extinguirá a dívida até o montante do valor pago, ou seja, R$ 1.000,00. Neste caso, a parte
correspondente da dívida em relação a Ana estará quitada, restando R$ 2.000,00 a serem pagos
para Bruno e Carla. Portanto, o pagamento realizado a um dos credores solidários reduz a dívida
global até o montante do valor pago.

Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só
terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão
hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.

EX: Ana e Bruno emprestaram dinheiro para João, solidariamente. Mais tarde, Ana faleceu,
deixando dois filhos como herdeiros. Se a dívida total fosse de R$ 3.000,00, cada um dos filhos
de Ana teria direito apenas à sua parcela da herança da mãe. Assim, se a herança de Ana foi
dividida igualmente entre os dois filhos, cada um deles teria direito a exigir e receber apenas
metade do crédito solidário, ou seja, R$ 1.500,00 cada. Isso ocorreria a menos que a obrigação
fosse considerada indivisível, caso em que os herdeiros poderiam exigir e receber a totalidade
do crédito.

AULA 26/02
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do
devedor.

EX: Ana possui uma dívida de R$ 5.000,00 com Bruno. Ana decide ceder essa dívida para Carla
por meio de uma cessão de crédito, onde Carla se torna a nova credora. No entanto, Ana não
garante a solvência de sua própria dívida. Mais tarde, descobre-se que o devedor, Bruno, está
enfrentando dificuldades financeiras e se tornou insolvente, sendo incapaz de pagar a dívida
para Carla. Nesse caso, Ana não é responsável por garantir o pagamento da dívida por parte de
Bruno a Carla, a menos que tenha sido estipulado o contrário no contrato de cessão de crédito.
Portanto, o cedente (Ana) não é obrigado a responder pela solvência do devedor (Bruno), salvo
se houver uma estipulação em contrário no contrato de cessão.

Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde
por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as
despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança.

EX: Ana cede um crédito de R$ 10.000,00 que possui contra Bruno para Carla, assumindo a
responsabilidade pela solvência de Bruno. Carla concorda em pagar R$ 9.000,00 por esse
crédito. Mais tarde, descobre-se que Bruno está insolvente e incapaz de pagar a dívida. Nesse
caso, Ana, como cedente, é responsável pela solvência de Bruno perante Carla, mas sua
responsabilidade é limitada ao valor que ela recebeu pela cessão, ou seja, R$ 9.000,00. Portanto,
Ana só é obrigada a pagar a Carla até o montante de R$ 9.000,00, acrescido dos respectivos
juros. Além disso, Ana também deve reembolsar Carla pelas despesas da cessão e quaisquer
despesas adicionais incorridas por Carla na tentativa de cobrar a dívida de Bruno.

Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver
conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica
exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.

EX: Ana possui uma dívida com Bruno e, como garantia, Bruno penhorou seu crédito com Carla.
Após a penhora, Bruno fica ciente da situação e não pode mais transferir esse crédito. Se Carla,
sem conhecimento da penhora, pagar o crédito a Bruno, ela estará livre da obrigação. No
entanto, o crédito continua existindo apenas contra Bruno, que agora deve os direitos de
terceiros. Esses direitos incluem o reembolso a Carla ou a possibilidade de reaver o valor da
penhora se Ana pagar sua dívida.

Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento


expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da
assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na
assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.

EX: Ana tem uma dívida de R$ 5.000,00 com Bruno. No entanto, Ana está com dificuldades
financeiras e não consegue pagar a dívida. João, um amigo de Ana, concorda em assumir a
dívida, desde que Bruno também concorde. Ana, Bruno e João concordam com a transferência
da dívida, com a condição de que João pague os R$ 5.000,00 a Bruno. Uma vez que Bruno
expressa seu consentimento para que João assuma a dívida, Ana fica liberada de sua obrigação.
No entanto, se Ana estivesse insolvente no momento em que João assumiu a dívida e Bruno
não estivesse ciente disso, Ana ainda seria responsável pela dívida perante Bruno.

Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a


partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao
credor.

EX: se um devedor deixa um carro como garantia para um empréstimo e, posteriormente, um


terceiro assume a dívida, o carro deixa de ser uma garantia para o pagamento da dívida, a
menos que o devedor original concorde em manter essa garantia. Essa disposição visa proteger
o terceiro que assume a dívida de obrigações adicionais e garantir que a assunção da dívida seja
uma transação transparente entre todas as partes envolvidas.

Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas
as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o
vício que inquinava a obrigação.

EX: Ana deve R$ 10.000,00 para Bruno e ofereceu seu carro como garantia para o pagamento da
dívida. Posteriormente, Ana transfere a dívida para João, que assume o compromisso de pagar a
Bruno. Se a transferência for anulada por algum motivo, como por exemplo, por falta de
consentimento válido de Bruno, a dívida original entre Ana e Bruno será restaurada, juntamente
com a garantia do carro. No entanto, se João não estava ciente de nenhum problema ou vício
na obrigação quando assumiu a dívida, ele não será obrigado a restaurar qualquer garantia que
tenha fornecido para a dívida de Ana, como, por exemplo, uma garantia pessoal.

Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam
ao devedor primitivo.
EX: Ana empresta R$ 1.000,00 para Bruno e, como garantia, Bruno oferece um cheque pré-
datado. Posteriormente, Bruno transfere essa dívida para João. Quando Ana tenta descontar o
cheque, descobre que ele foi sustado por Bruno. Ana então busca cobrar a dívida de João, mas
ele se recusa a pagar, alegando que Bruno prometeu que o cheque seria honrado. No entanto,
de acordo com o Artigo 302, João não pode opor a Ana as exceções pessoais que Bruno
poderia ter utilizado, como essa promessa de Bruno. Assim, João continua obrigado a pagar a
dívida a Ana, mesmo que Bruno tenha feito uma promessa a ele.

Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do
crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do
débito, entender-se-á dado o assentimento.

EX: Ana possui uma casa hipotecada com um banco, garantindo um empréstimo de R$
100.000,00. Ana decide vender a casa para João. Antes da conclusão da venda, Ana informa ao
banco sobre a transferência da propriedade e sua intenção de transferir a responsabilidade pelo
pagamento do empréstimo para João. O banco tem trinta dias para contestar essa transferência.
Se o banco não se opor dentro desse prazo, entender-se-á que ele concorda com a
transferência da dívida para João. Assim, João assume a responsabilidade pelo pagamento do
empréstimo hipotecário e torna-se o novo devedor perante o banco.

AULA 04/03

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