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Aula V – Obrigação de dar coisa certa

1. Obrigação de dar

- Dar: ato de entrega da coisa

- Dar X fazer: prevalência

- Dar: transferência da posse ou da propriedade

- Dar: como regra, a coisa pertence ao devedor antes da tradição.

- Restituir: a coisa pertence ao credor antes da tradição.

- Coisa certa X coisa incerta (obrigação de gênero)

2. Obrigações de dar coisa certa

- Coisa certa: coisa móvel ou imóvel, individualizada e identificada, com


características determinadas e inconfundíveis.

- Impossibilidade de entrega de coisa diversa pelo devedor.

Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que
mais valiosa.

- Em contrapartida, o credor não pode exigir outra coisa, ainda que menos valiosa.

- Também não se pode fracionar obrigação se não tiver sido convencionado.

3. Tradição

- Ato de entrega, quanto de restituição.

- Compra e venda: sistema romano-germânico x sistema francês.

Ver art. 481: “Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o
domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro”.

- A obrigação de dar coisa certa confere ao credor simples direito pessoal e não real.

- A transferência do domínio depende da tradição.

- Coisa Móvel – tradição / Coisa imóvel – registro (tradição solene)


Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos
entre vivos, só se adquirem com a tradição.

Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só
se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245
a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.

- Tradição:

a) real.

b) simbólica.

c) ficta.

4. Abrangência dos acessórios

- A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados,
salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.

- Princípio da gravitação jurídica.

- Não há óbice que se convencione o contrário.

Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados,
salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.

- Não se aplicam às pertenças (Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes
integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de
outro).

Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças,
salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.

5. Melhoramentos, acrescidos e frutos

- Enquanto não ocorrer a tradição, na obrigação de dar, a coisa continuará pertencendo


ao devedor, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir
aumento de preço.

- Se o credor não anuir com o aumento, poderá o devedor resolver a obrigação.

- Os frutos percebidos (depois de separados) são do devedor, cabendo ao credor os


pendentes (unidos à coisa).

Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos,
pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a
obrigação.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.

6. Perecimento e deterioração

- Teoria dos riscos

- Perecimento (perda CC): perda total

- Deterioração: perda parcial

- Princípio geral: res perit domino – a coisa perece para o dono.

- A tradição determina os riscos da perda e da deterioração

Obs.: Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e
os do preço por conta do comprador.

a) Perecimento (perda)

- sem culpa: fica resolvida a obrigação para ambas as partes.

- com culpa: responde pelo equivalente em dinheiro mais perdas e danos.

Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da
tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se
a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.

- Peculiaridade relativa aos contratos gratuitos

Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato
aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma
das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei.

b) Deterioração

- sem culpa: o credor pode resolver a obrigação (retorno ao status quo ante) ou aceitar a
coisa com abatimento no preço.

- com culpa: credor pode exigir o equivalente em dinheiro, ou aceitar a coisa no estado
em que se acha, mais indenização pelas perdas e danos.

Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a
obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.

Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no
estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas
e danos.

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