Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
5) CONCEITO de Matrícula
• MATRÍCULA é o assento pelo qual se individualiza o imóvel, servindo de base para as
inscrições de todas as mutações jurídico-reais relativas ao bem matriculado. Portanto, a
matrícula é o polo aglutinador de todos os registros e averbações referentes ao imóvel
• REGISTRO é o assento pelo qual se opera a transmissão do imóvel (ou declara a nova
titularidade, quando a transmissão se dá por usucapião ou sucessão), ou se constitui direito
real, entre outras hipóteses (penhora, citação em ação reipersecutória, etc.).
• AVERBAÇÃO, por sua vez, é o assento acessório que modifica o teor do registro.
6) ELEMENTOS da Matrícula
• Devem constar da MATRÍCULA: 1) a data da abertura; 2) a descrição pormenorizada e
localização do imóvel; 3) o nome e qualificação do proprietário e; 4) a referência ao registro
anterior daquele bem.
• Apenas a pessoa FÍSICA ou JURÍDICA pode constar da MATRÍCULA e respectivos registros
como titulares da propriedade e de outros DIREITOS REAIS. Entes despersonalisados como o
ESPÓLIO, a MASSA FALIDA não são sujeitos e direito e, portanto, NÃO podem figurar na
matrícula ou registros como titulares de direitos reais.
7) UNICIDADE da Matrícula
• Para cada imóvel deve ser aberta uma ÚNICA matrícula. Toda alteração jurídico-real que se
observar no IMÓVEL será registrada na matrícula correspondente, de forma que toda a vida
jurídica deste bem poderá ser conhecida por qualquer interessado - exemplo: cadeia dos
donos anteriores). Desse modo, a matrícula ou "fólio real" é o eixo central do sistema brasileiro
de registro de imóveis.
• O imóvel constitui uma unidade física e, deixando de ser contínua a área de terra, por ter sido
atravessada por uma estrada ou via pública, deixa de existir imóvel único. Surgirão dois novos
imóveis, devendo ser desdobrada a matrícula.
• Existindo DUAS matrículas para o mesmo imóvel, uma delas necessariamente será NULA. Em
regra prevalece a MATRÍCULA MAIS ANTIGA, por força do princípio da PRIORIDADE. Veja a
jurisprudência sobre isso:
• REGISTRO DE IMÓVEIS - AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE MATRÍCULA - VENDA
E REGISTRO REALIZADOS EM DUPLICIDADE. No caso temos de um lado o autor, na
condição de proprietário do bem, tendo adquirido o terreno mediante escritura pública de
compra e venda, devidamente registrada; e de outro, o demandado, na condição de
compromissário comprador, com o contrato devidamente averbado à margem do registro de
imóvel competente. Prevalência da prenotação dos respectivos títulos no registro de imóveis -
Precedência fundada na ORDEM CRONOLÓGICA. No caso concreto, deve prevalecer o
direito do autor, haja vista que a sua ESCRITURA PÚBLICA de COMPRA E VENDA foi
devidamente REGISTRADA no ofício imobiliário em DATA ANTERIOR ao contrato de
promessa de compra e venda celebrado entre o réu e a empresa. A aquisição do imóvel, no
direito brasileiro, só se perfaz mediante a transcrição do título de transferência da propriedade
no registro de imóvel, e, no confronto entre as transcrições sobre o mesmo imóvel, prevalece a
mais antiga. Ordem cronológica que deve ser respeitada, resguardando direito daquele que
primeiro leva o imóvel a registro imobiliário, a fim de ser garantida a autenticidade, segurança
e eficácia dos assentos de atos jurídicios inter vivos ou mortis causa, constitutivos,
declaratórios, translativos e extintivos de direitos reais sobre imóveis. De tudo, temos a falta de
seriedade da empresa que vendeu um imóvel para duas pessoas diferentes, e o erro do
Registro de Imóveis em cadastrar em duplicidade um mesmo terreno, ameaçando a segurança
jurídica e a própria finalidade do registro público." (TJRS, ACI 70015842909 - Tramandaí - 20ª
Câmara Cível, DJ 17/09/2007).
8) A atividade REGISTRAL ocorre por PROVOCAÇÃO
• A atividade registral depende de provocação: os atos do registro somente serão praticados por
ORDEM JUDICIAL, a requerimento do MINISTÉRIO PÚBLICO (quando a lei autorizar) e a
requerimento VERBAL ou ESCRITO do interessado. Não pode o REGISTRADOR atuar sem
requerimento do interessado
• De regra, o requerimento é verbal, acompanhado do título que se pretende registrar, nos casos
de AVERBAÇÃO e CANCELAMENTO exige-se requerimento POR ESCRITO, com firma
reconhecida (Artigo 246, §1º, da Lei 6.015/73).
• Em nenhuma hipótese poderá o registrador recusar o recebimento e protocolo do título, ainda
que constate exigência de natureza FISCAL ou existência de vícios visíveis a um primeiro
exame. Mesmo na hipótese de título com vício intrínseco (exemplo falta de outorga uxória para
a alienação do imóvel), deve o REGISTRADOR proceder ao protocolo para, posteriormente,
fazer as EXIGÊNCIAS cabíveis para que ele tenha acesso ao REGISTRO (Art. 12 da Lei
6.015/73).
• Todos os títulos, ao serem protocolados, deverão receber um número que observará a ordem
de apresentação. É este número que determina a prioridade do título na obtenção do registro:
o título protocolado previamente terá acesso ao registro precedentemente aos demais.
• Assim, se o mesmo imóvel tiver sido alienado a duas ou mais pessoas, sucessivamente, o
adquirente que primeiro apresentar seu título no Registro de Imóveis adquirirá a propriedade,
ainda que sua escritura tenha sido lavrada em data posterior à do outro comprador. Na difícil
hipótese de as duas escrituras públicas terem sido lavradas na mesma data, apresentadas no
mesmo dia no Registro de Imóveis e nas quais conste a hora da lavratura, prevalecerá, para
efeito de prioridade, a que foi lavrada em primeiro lugar. Faltando um desses requisitos, será
registrada a escritura pública protocolada em primeiro lugar.
• O protocolo produz efeitos por 30 DIAS. Este é o prazo para que sejam cumpridas pelo
apresentante do título eventuais exigências do registrador e realizado o registro. Caso não
sejam cumpridas as exigências dentro dos 30 dias, cessam automaticamente os efeitos do
protocolo e outro título pode ser protocolado e revestir-se dos direitos de prioridade.
9) PRIORIDADE
• O direito de PREFERÊNCIA ou PRIORIDADE se materializa por intermédio do ACESSO AO
REGISTRO do documento que contém um direito real imobiliário: o título que é prenotado em
primeiro lugar tem prioridade no registro em relação aos títulos que materializam direitos reais
contraditórios sobre o mesmo imóvel, protocolados posteriormente.
• Conforme determina o Art. 182 da Lei 6.015/1973, por ocasião do protocolo, TODOS os títulos
recebem um número de ordem, de acordo com a sequência rigorosa de sua apresentação.
Esse número de ordem determinará a prioridade do título e esta a preferência dos direitos
reais, ainda que vários títulos sejam apresentados simultaneamente pela mesma pessoa (Art.
186). Da mesma forma, estabele o Artigo 1.493, parágrafo único, do Código Civil que o
número de ordem determina o prioridade, e esta, a preferência entre as hipotecas.
• Assim, o TÍTULO apresentado em primeiro lugar no REGISTRO assegura a PREFERÊNCIA
na aquisição do DIREITO REAL respectivo. Havendo, pois, concurso de direitos reais sobre o
mesmo imóvel, prevalece aquele cujo título foi anteriormente protocolado no Serviço de
Registro de Imóveis.
10) ESPECIALIDADE
• De acordo com este PRINCÍPIO, TODO IMÓVEL que seja objeto de registro deve estar
PERFEITAMENTE INDIVIDUALIZADO. Tratando-se de inscrição de DIREITO REAL de
garantia (alienação fiduciária, hipoteca, anticrese e penhor), não somente o imóvel, mas
também a dívida garantida especificada, com indicação do valor total em moeda nacional,
montante das prestações, se for o caso, e taxa de juros, se houver.
• A identificação do imóvel é feita mediante a indicação de suas características e confrontações,
localização, área e denominação, código e dados constantes do CCIR (certificado de cadastro
de imóvel rural), se rural; ou logradouro e número, se urbano, e sua designação cadastral, se
houver (Art. 176, §1º, II, letras "a" e "b", da Lei 6.015/1973).
• A descrição geométrica do imóvel não é suficiente para a observância do princípio da
especialidade. Deve haver uma amarração GEOGRÁFICA, que marque a posição do imóvel
no espaço, e essa amarração são os nomes dos CONFRONTANTES, enquanto não instituído
um cadastro em que todos os imóveis se enquadrem dentro de meridianos e paralelos.
• As confrontações - que abrangem os limites e os nomes dos confrontantes - são os elementos
que melhor identificam o imóvel. As linhas confinantes de um imóvel, com o seu cumprimento
no terreno, são fixas, mas os confrontantes podem mudar, são variáveis. O NOTÁRIO e o
REGISTRADOR devem mencionar o nome dos confrontantes, ao indicarem a amarração
GEOGRÁFICA do imóvel em tela.
• Tratando-se de alienação de imóvel RURAL, a ESCRITURA deverá trazer as coordenadas dos
vértices definidores dos limites, GEORREFERENCIADAS AO SISTEMA GEODÉSIO
BRASILEIRO e com precisão posicional fixada pelo INCRA (Art. 176, § 4º, da Lei 6.015/1973).
Em outras palavras, a perfeita identificação do imóvel nos termos acima referidos é obrigatória
no caso de escritura de transferência de imóvel RURAL, ainda que no registro NÃO conste tal
descrição.
• Tanto na ESCRITURA PÚBLICA quanto no INSTRUMENTO PARTICULAR e nos TÍTULOS
JUDICIAIS, devem ser indicados, com precisão, os característicos, as confrontações e as
localizações dos imóveis, mencionando os nomes dos confrontantes. Quando se tratar só de
terreno, deve ser indicado se fica do lado par ou do lado impar do logradouro, e em que
quadra e a que distância métrica da edificação ou da esquina mais próxima se encontra (Art.
225 da Lei 6.015/1973).
• Tratando-se de imóvel RURAL, a localização, limites e confrontações devem ser obtidos a
partir de MEMORIAL DESCRITIVO assinado por profissional habilitado e com a devida
anotação de responsabilidade técnica (ART), contendo as coordenadas dos vértices
definidores dos limites dos imóveis rurais, georreferenciadas ao Sistema Geodésio Brasileiro e
com precisão posicional fixada pelo INCRA (Art. 225, §3º, da Lei 6.015/1973). Nota-se a
preocupação do legislador em acabar com as superposições de imóveis ruraus
proporcionadas pelas antigas descrições imprecisas e vagas.
• A caracterização do imóvel constante do título deve coincidir com aquela que consta do
registro anterior, sob pena de não ser aceito o seu ingresso no cadastro imobiliário.
• SINTETIZANDO: a especialização significa a descrição do imóvel como um corpo certo, que o
torna inconfundível e distinto de qualquer outro. Eventuais erros nos limites artificias ou
naturais do imóvel podem ser retificados administrativa ou judicialmente, quando descobertos.
• No caso de DIVISÃO ou DESMEMBRAMENTO de imóvel (conforme estudaremos no módulo
2), deve ser especializada não só a parte desmembrada, como também a parte remanescente.
No caso de FUSÃO de matrículas, cancelam-se as matrículas anteriores, indicando a nova
matrícula, que conterá a descrição perfeita do imóvel unificado, com a área e perímetro, que
devem resultar dos perímetros e áreas primitivos. Havendo dúvida, o Oficial pode exigir a
juntada de planta topográfica.
11) CONTINUIDADE REGISTRAL
• Segundo o princípio da CONTINUIDADE, os registros devem ser perfeitamente encadeados,
de forma que não haja vazios ou interrupções na corrente registrária.
• Em outras palavras, nenhum registro pode ser feito sem que se tenha previamente registrado
o título anterior, do qual dependa (Art. 237 da Lei 6.015/1973).
• Da mesma forma, dispõe o Artigo 195 da LRP que, "se o imóvel não estiver matriculado ou
registrado em nome do outorgante, o oficial exigirá a prévia matrícula e o registro do título
anterior, qualquer que seja a sua natureza, para manter a continuidade do registro".
• Qual a razão disso? O trato sucessivo é um mecanismo técnico que tem por objetivo manter o
enlace ou a conexão dos registros, mediante a ordem regular dos sucessivos titulares
registrais de modo a garantir uma continuidade perfeita dos assentos em relação ao tempo,
sem nenhum salto. Dessa forma, procura-se garantir que todos os atos aquisitivos,
modificativos ou extintivos de direitos reais relativos a um determinado imóvel constem de sua
matrícula, com a finalidade de refletir o histórico jurídico de cada imóvel matriculado.
• SINTETIZANDO: por exemplo, consta da matrícula do imóvel que "A" é seu proprietário. Este
vem a falecer e, por sucessão, o imóvel é transmitido a "B". O herdeiro, por sua vez, vendo o
bem a "C". O comprador "C" NÃO poderá registrar seu título caso não tenha sido registrado o
formal de partilha (ou escritura de inventário e partilha) pelo qual o imóvel tenha sido atribuído
ao herdeiro "B". Para que seja preservada a continuidade do registro, deve antes ser
registrado o título para que "B" passe a figurar na matrícula como novo proprietário, para,
então, ser registrado o título pelo qual este transfere o domínio do imóvel a "C".
• OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: não só o nome do titular, com sua qualificação, deve ser
coincidente no registro e no título. Assim, se consta no registro que o proprietário do imóvel é
casado e na ESCRITURA DE COMPRA E VENDA em que figura como vendedor constar seu
estado civil como divorciado, deve ser providenciada a averbação do divórcio, bem como do
esclarecimento da realização de eventual partilha, antes do registro deste título. Da mesma
forma, constando da escritura que o proprietário é casado, deve ser providenciada a
averbação do nome do cônjuge e do regime de bens do casamento, em homenagem ao
princípio da continuidade. Não basta a informação do estado civil . É pacífico o entendimento
de que a prévia averbação do casamento ou da extinção da sociedade conjugal é
indispensável ao registro da transmissão do imóvel por quem consta no título como "casado",
porquanto tais fatos apresentam evidentes reflexos patrimoniais, cuja publicidade deve ser
assegurada.
• Nenhum título antecedente, sejam quais forem a sua natureza e espécie, inclusive o TÍTULO
JUDICIAL, foge ao alcance do PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE. Assim, por exemplo, não
poderá ser registrada uma carta de arrematação em ação de execução, se o imóvel
arrematado não estiver registrado em nome do executado, salvo se houve reconhecimento,
em decisão judicial, de fraude à execução.
• O princípio da CONTINUIDADE não comporta exceção.