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APLICADA II
Martha Luciana
Scholze
Revisão técnica:
ISBN 978-85-9502-428-1
CDU 347
Introdução
O registro de imóveis é um ato de caráter público que visa dar publicidade
sobre a alteração da propriedade e a instituição de ônus reais sobre
imóveis. É a garantia real do direito do comprador sobre o bem adquirido
e a sua principal função, portanto, é ser o repositório fiel da propriedade
imóvel e dos negócios jurídicos a ela referentes. É no cartório de registro
de imóveis que a escritura se torna pública.
Neste capítulo, estudaremos sobre a importância do processo de
registro de imóveis, bem como conheceremos os seus princípios regentes
e efeitos jurídicos.
Portanto, podemos afirmar que os sistemas de registros servem para criar, mo-
dificar, declarar e extinguir direitos no plano da normalidade da vida em sociedade.
Registro de imóveis: princípios e efeitos do registro 339
ordem para pronta identificação e é por meio dela que identificamos todo o
rol de proprietários que o imóvel já possuiu. Portanto, os atos de averbação e
registros devem ser lançados na matrícula do imóvel.
A averbação é o ato que escritura alterações, acréscimos e extinções do
ato de registro referentes ao imóvel ou às pessoas que constam na matrícula do
imóvel. O ato de averbar ocorre na necessidade de fazer constar na matrícula
do imóvel ou registro a ocorrência de atos que modifiquem o imóvel. Essas
inclusões alteraram o registro e a própria matrícula. A averbação ainda pode
ser feita em casos como inclusão de habite-se, mudanças ou ajustes de nome,
modificações de estado civil decorrentes de casamento ou divórcio, alterações
viárias, dentre outras. Ela também informa situações formais sobre eventuais
cancelamentos de hipoteca, penhoras, arresto, etc.
O registro tem por finalidade escriturar os atos translativos ou declarató-
rios. Trata-se de um ato cartorial realizado na matrícula do imóvel que declara
quem é o proprietário formal e legal do imóvel e informa se a propriedade
desse bem está sendo transmitida de uma pessoa a outra.
Com base no art. 167, I, da Lei nº. 6.015/1973, além das matrículas dos
imóveis podem ser efetuados os seguintes registros no registro de imóveis:
convenções antenupciais;
cédulas de crédito rural e industrial;
contratos de penhor rural;
empréstimos por obrigações ao portador ou debêntures, inclusive as
conversíveis em ações;
incorporações, instituições e convenções de condomínio;
contratos de promessa de venda, cessão ou promessa de cessão de
unidades autônomas condominiais a que alude a Lei nº. 4.591, de 16 de
dezembro de 1964, quando a incorporação ou a instituição de condo-
mínio se formalizar na vigência desta Lei;
loteamentos urbanos e rurais;
contratos de promessa de compra e venda de terrenos loteados em
conformidade com o Decreto-lei nº. 58, de 10 de dezembro de 1937,
e respectiva cessão e promessa de cessão, quando o loteamento se
formalizar na vigência desta Lei;
citações de ações reais ou pessoais reipersecutórias relativas a imóveis;
sentenças de desquite e de nulidade ou anulação de casamento quando, nas
respectivas partilhas, existirem imóveis ou direitos reais sujeitos a registro;
julgados e atos jurídicos entre vivos que dividirem imóveis ou os de-
marcarem, inclusive nos casos de incorporação que resultarem em
constituição de condomínio e atribuírem uma ou mais unidades aos
incorporadores;
sentenças que nos inventários, arrolamentos e partilhas adjudicarem
bens de raiz em pagamento das dívidas da herança;
atos de entrega de legados de imóveis, dos formais de partilha e das
sentenças de adjudicação em inventário ou arrolamento quando não
houver partilha;
arrematação e adjudicação em hasta pública;
dote;
sentenças declaratórias de usucapião;
compra e venda pura e condicional;
permuta;
doação em pagamento;
transferência de imóvel a sociedade quando integrar quota social;
doação entre vivos;
desapropriação amigável e sentenças que, em processo de desapropria-
ção, fixarem o valor da indenização.
346 Registro de imóveis: princípios e efeitos do registro
Especialidade objetiva
a) descrição simplificada
b) descrição técnica
Especialidade subjetiva
(titulares do domínio)
Especialidade do fato
A partir daqui:
jurídico (títulos
registros e averbações
registráveis)
(a vida do imóvel)
Carlos vendeu um imóvel residencial a Pedro, que o pagou à vista, mas nunca procedeu
ao ato de registro da escritura pública de compra e venda junto ao cartório de registro
de imóveis competente. Quais são os riscos que Pedro está correndo?
Conforme o art. 1.245, § 1º, do Código Civil, enquanto o título não for registrado o alienante
(vendedor Carlos) continuará a ser considerado dono do imóvel. Assim, se não houver o
registro no nome do adquirente, a propriedade permanece no registro imobiliário no nome
do vendedor (Carlos), respondendo inclusive por dívidas dessa pessoa. Portanto, o imóvel
pode até mesmo ser penhorado ou arrematado judicialmente sem que o comprador saiba
da situação. Além disso, caso o vendedor Carlos use de má-fé sabendo que o comprador
Pedro ainda não registrou o imóvel no seu nome, ele pode, fraudulentamente, vender o
imóvel novamente a uma terceira pessoa (terceiro de boa-fé). Então, se o terceiro, com boa-fé,
registrar o título referente à compra e venda antes que Pedro, será legalmente considerado
o proprietário do imóvel, restando ao adquirente Pedro reclamar do transmitente trapaceiro
Carlos tão somente o direito de reaver perdas e danos.