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com
DIREITO
CIVIL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
demolir).
Adquire
a
propriedade
+
indenização:
Adquire
a
propriedade
e
indeniza:
Obrigado
a
demolir
+
Adquire
a
propriedade
+
indeniza
em
a)
valor
que
a
invasão
a)
valor
da
área
perdida
acrescer
à
c onstrução;
perdas
e
danos
em
décuplo
dobro.
b)
desvalorização
b)
valor
da
área
perdida;
c)
desvalorização
3.4.2.
Usucapião
3.4.2.
Usucapião
Conceito:
A
usucapião
é
modo
originário
de
adquirir
propriedade
mobiliária
ou
imobiliária
(ou
outros
direitos
reais,
como
usufruto
ou
servidão),
mediante
o
exercício
da
posse
mansa,
contínua,
com
animus
domini
e
segundo
o
período
de
tempo
estipulado
pela
lei.
Art.
1.241.
Poderá
o
possuidor
requerer
ao
juiz
seja
declarada
adquirida,
mediante
usucapião,
a
propriedade
imóvel.
Parágrafo
único.
A
declaração
obtida
na
forma
deste
artigo
constituirá
título
hábil
para
o
registro
no
Cartório
de
Registro
de
Imóveis.
O
tempo
é
o
fundamento
deste
instituto,
razão
pela
qual
também
é
conhecido
como
uma
forma
de
prescrição
aquisitiva
de
direitos
reais.
Inclusive,
a
teor
do
art.
1.244,
as
causas
impeditivas,
suspensivas
e
interruptivas
do
prazo
prescricional
são-‐lhe
aplicadas.
Ou
seja,
devem
ser
aplicadas
as
normas
dispostas
nos
arts.
197
a
202
do
CC
(muito
cobrados!!!).
Art.
1.244.
Estende-‐se
ao
possuidor
o
disposto
quanto
ao
devedor
acerca
das
causas
que
obstam,
suspendem
ou
interrompem
a
prescrição,
as
quais
também
se
aplicam
à
usucapião.
Obs.:
A
pessoa
que
usucape,
que
adquire
propriedade
por
usucapião,
é
chamado
de
PRECRIBENTE
da
área.
13
Referência:
“A
Usucapião
e
o
Crime”,
de
Raul
Chaves.
23
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DIREITO
CIVIL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
A
jurisprudência
aceita
também
a
tese,
como
o
e.
TJ/RS,
no
julgado
190012799,
admitindo
usucapião
de
automóvel
furtado.
O
STJ
chega
à
mesma
conclusão
no
REsp
247345/MG:
“não
se
admite
a
usucapião
ordinária
de
automóvel
furtado”.
Não
há
suspensão
do
curso
do
prazo
prescricional
nestes
casos.
b) Decurso
do
tempo
"
Varia
de
acordo
com
as
espécies
de
usucapião.
Vale
lembrar
que
o
art.
1.243
admite
a
soma
de
posses
para
efeito
de
usucapião
(acessio
possessiones).
Art.
1.243.
O
possuidor
pode,
para
o
fim
de
contar
o
tempo
exigido
pelos
artigos
antecedentes,
acrescentar
à
sua
posse
a
dos
seus
antecessores
(art.
1.207),
contanto
que
todas
sejam
contínuas,
pacíficas
e,
nos
casos
do
art.
1.242,
com
justo
título
e
de
boa-‐fé.
c) Posse
mansa,
pacífica,
contínua
e
com
animus
domini
"
A
posse
não
pode,
assim,
estar
sendo
contestada
em
juízo
e
o
prescribente
deve
ter
a
intenção
de
se
assenhorar
da
coisa.
d) Posse
de
boa-‐fé,
para
a
usucapião
ordinária
"
Para
as
demais
formas
de
usucapião,
a
boa-‐fé
é
dispensada,
pois
há
presunção
juris
et
de
juris
de
sua
presença.
24
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DIREITO
CIVIL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
desde
que
os
possuidores
nele
tiverem
estabelecido
a
sua
moradia,
ou
realizado
investimentos
de
interesse
social
e
econômico.
Uma
promessa
de
compra
e
venda
vale
como
justo
título
para
a
usucapião
ordinária?
A
doutrina
tem
flexibilizado
a
noção
de
justo
título
para
a
de
justo
motivo,
admitindo
que
a
promessa
de
compra
e
venda
valha
como
justo
título
para
a
usucapião
ordinária,
inclusive
fazendo
paralelo
com
a
súmula
84
do
STJ14:
se
o
compromisso,
registrado
ou
não,
possibilita
a
oposição
de
embargos
de
terceiro,
também
caracteriza
justo
título
para
os
fins
de
aquisição
da
propriedade
pela
posse
prolongada.
O
art.
3º
da
lei
6.969/81
proíbe
a
usucapião
especial
rural
sobre
as
seguintes
áreas:
(i)
áreas
indispensáveis
à
segurança
nacional;
(ii)
terras
habitadas
por
silvícolas;
(iii)
áreas
de
interesse
ecológico15.
Não
é
necessário
justo
título
nem
boa-‐fé
por
presunção
absoluta
de
sua
presença,
pela
destinação
que
foi
dada
ao
imóvel,
atendendo
à
sua
função
social.
Muita
atenção:
a
doutrina
civilista
vem
entendendo,
a
despeito
da
polêmica,
que
se
a
ÁREA
FOR
SUPERIOR
AO
LIMITE
LEGAL,
o
pedido
deve
ser
INDEFERIDO
(enunciado
313
da
IV
Jornada,
aplicado
às
duas
modalidade
de
usucapião
constitucional).
Não
pode
o
magistrado
julgar
o
pedido
parcialmente
procedente16.
Enunciado
313
do
CJF/STJ
–
Arts.
1.239
e
1.240.
Quando
a
posse
ocorre
sobre
área
superior
aos
limites
legais,
não
é
possível
a
aquisição
pela
via
da
usucapião
especial,
ainda
que
o
pedido
restrinja
a
dimensão
do
que
se
quer
usucapir.
Justifica-‐se
porque
seria
um
venire
contra
fractum
proprium,
pois
o
proprietário
poderia
estar
considerando
ter
maior
prazo
para
a
ação
reivindicatória,
já
que
sua
propriedade
excede
50h
ou
250
m².
14
Súmula
84
do
STJ.
É
admissível
a
oposição
de
embargos
de
terceiro
fundados
em
alegação
de
posse
advinda
do
compromisso
de
compra
e
venda
de
imóvel,
ainda
que
desprovido
do
registro.
15
Reservas
biológicas
ou
florestais
e
os
parques
nacionais,
estaduais
ou
municipais,
assim
declarados
pelo
Poder
Executviso,
assegurada
aos
ocupantes
a
preferência
para
assentamento
em
outras
regiões,
pelo
órgão
competente.
16
Flávio
Tartuce
discorda
desse
posicionamento
e
do
enunciado,
por
considerar
que
ele
estaria
apego
a
um
excesso
rigor
formal,
privilegiando
a
boa-‐fé
objetiva
em
detrimento
da
proteção
da
moradia
e
do
atendimento
da
função
social
da
posse.
25
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DIREITO
CIVIL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
Art.
1.240
do
CC.
Aquele
que
possuir,
como
sua,
área
urbana
de
até
duzentos
e
cinqüenta
metros
quadrados,
por
cinco
anos
ininterruptamente
e
sem
oposição,
utilizando-‐a
para
sua
moradia
ou
de
sua
família,
adquirir-‐lhe-‐á
o
domínio,
desde
que
não
seja
proprietário
de
outro
imóvel
urbano
ou
rural.
Art.
183
da
CF.
Aquele
que
possuir
como
sua
área
urbana
de
até
duzentos
e
cinqüenta
metros
quadrados,
por
cinco
anos,
ininterruptamente
e
sem
oposição,
utilizando-‐a
para
sua
moradia
ou
de
sua
família,
adquirir-‐lhe-‐á
o
domínio,
desde
que
não
seja
proprietário
de
outro
imóvel
urbano
ou
rural.
§
1º
-‐
O
título
de
domínio
e
a
concessão
de
uso
serão
conferidos
ao
homem
ou
à
mulher,
ou
a
ambos,
independentemente
do
estado
civil.
§
2º
-‐
Esse
direito
não
será
reconhecido
ao
mesmo
possuidor
mais
de
uma
vez.
§
3º
-‐
Os
imóveis
públicos
não
serão
adquiridos
por
usucapião.
Essa
usucapião
está
disciplinada
no
Estatuto
da
Cidade,
que
estabelece,
entre
outras
regras,
que
é
possível
a
accessio
possessionis
(soma
das
posses)
mortis
causa
(desde
que
o
herdeiro
legítimo
já
resida
no
imóvel
por
ocasião
da
abertura
da
sucessão),
mas
não
inter
vivos.
Não
é
necessário
justo
título
nem
boa-‐fé
por
presunção
absoluta
de
sua
presença.
Obs.:
no
RE
305416/RS,
rel.
Min
Marco
Aurélio,
apontou
a
possibilidade
de
se
aplicar
a
regra
da
usucapião
urbana
para
apartamento.
No
mesmo
sentido,
o
enunciado
do
CJF/STJ:
Enunciado
85
do
CJF/STJ.
Para
efeitos
do
art.1.240,
caput,
do
novo
Código
Civil,
entende-‐se
por
“área
urbana”
o
imóvel
edificado
ou
não,
inclusive
unidades
autônomas
vinculadas
a
condomínios
edilícios.
Enunciado
314
do
CJF/STJ.
Para
efeitos
do
art.
1.240,
não
se
deve
comuptar,
para
fins
de
limite
de
metragem
máxima
[de
250
m²],
a
extensão
compreendida
pela
fração
ideal
correspondente
à
área
comum.
Os
ocupantes
devem
ser
de
baixa
renda.
A
área
urbana
deve
ter,
no
mínimo,
250
m².
Somente
se
aplica
a
imóveis
urbanos.
Não
há
direito
à
indenização
e
não
se
exige
a
boa-‐fé.
O
§1º
do
art.
10
possibilita
a
accessio
possessionis
(soma
das
posses),
contanto
que
ambas
as
posses
sejam
contínuas.
O
TJ/SP
já
decidiu
no
sentido
de
que
é
possível
a
soma
das
posses
quanto
ao
espaço
para
a
configuração
do
instituto
da
usucapião
coletiva.
Ele
também
já
decidiu
não
ser
possível
a
usucapião
especial
urbana
(individual)
em
caso
envolvendo
um
cômodo
em
habitação
coletiva
(o
popular
cortiço).
Deveria
haver
usucapião
coletiva.
26
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DIREITO
CIVIL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
Usucapião
extraordinária
Usucapião
ordinária
Usucapião
especial
rural
Usucapião
especial
urbana
15
anos
(10,
no
caso
de
10
anos
(5,
no
caso
5
anos
5
anos
posse
trabalho:
morada
da
posse
trabalho)
habitual
+
obras/serviços
produtivos)
Independe
de
justo
título
Justo
título
e
boa-‐fé
50hec
250m²
e
boa-‐fé
Sua
moradia
ou
de
sua
família
Sua
moradia
ou
de
sua
família
Não
pode
ser
proprietário
de
Não
pode
ser
proprietário
de
outro
imóvel
urbano
ou
rural
outro
imóvel
urbano
ou
rural
Tornando-‐a
produtiva
por
seu
trabalho
ou
de
sua
família
VII.
Normas
de
direito
intertemporal
Art.
2.028.
Serão
os
da
lei
anterior
os
prazos,
quando
reduzidos
por
este
Código,
e
se,
na
data
de
sua
entrada
em
vigor,
já
houver
transcorrido
mais
da
metade
do
tempo
estabelecido
na
lei
revogada.
Art.
2.029.
Até
dois
anos
após
a
entrada
em
vigor
deste
Código,
os
prazos
estabelecidos
no
parágrafo
único
do
art.
1.238
e
no
parágrafo
único
do
art.
1.242
serão
acrescidos
de
dois
anos,
qualquer
que
seja
o
tempo
transcorrido
na
vigência
do
anterior.
o
Art.
2.030.
O
acréscimo
de
que
trata
o
artigo
antecedente,
será
feito
nos
casos
a
que
se
refere
o
§
4
do
art.
1.228
[desapropriação
judicial].
Esclarece
a
doutrina
que
o
art.
2.029
do
CC
será
aplicado
somente
às
duas
formas
especiais
de
usucapião
extraordinária
e
ordinária,
ou
seja,
nos
casos
em
que
houver
posse-‐trabalho.
Para
os
demais
casos
de
usucapião
extraordinária
e
ordinária,
em
que
houve
redução
de
prazos,
terá
incidência
o
art.
2.028
do
CC.
Ademais,
aplica-‐se
o
entendimento
majoritário
e
notório
(inclusive
no
STJ)
de
que,
no
caso
de
redução
de
prazos
de
prescrição,
transcorrido
metade
ou
menos
da
metade
do
prazo
anterior,
o
prazo
novo
deve
ser
contado
a
partir
da
entrada
em
vigor
do
novo
Código
Civil.
Ex:
No
caso
da
usucapião
extraordinária,
se
em
11
de
janeiro
de
2003
já
havia
transcorrido
mais
da
metade
do
prazo
velho
(por
exemplo,
11
anos),
os
possuidores
ainda
terão
que
aguardar
9
anos
para
usucapir.
Se
só
houvesse
transcorrido
2
anos
quando
da
entrada
em
vigor
do
novo
Código,
aplicar-‐se-‐ia
o
prazo
reduzido,
porém
contado
da
entrada
em
vigor
do
Código,
o
que
equivale
dizer
que
os
possuidores
teriam
que
esperar
ainda
15
anos
para
adquirir
a
propriedade.
27
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DIREITO
CIVIL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
3.4.3.
Registro
O
registro
é
uma
forma
derivada
de
aquisição
da
propriedade.
O
direito
brasileiro
adota,
consoante
se
extrai
da
leitura
do
art.
1.245
do
CC
e
correspondes
artigos
da
LRP,
o
Sistema
Romano,
segundo
o
qual
a
aquisição
da
propriedade
imobiliária,
além
do
título,
exige
a
solenidade
do
registro.
Art.
1.245.
Transfere-‐se
entre
vivos
a
propriedade
mediante
o
registro
do
título
translativo
no
Registro
de
Imóveis.
§
1º
Enquanto
não
se
registrar
o
título
translativo,
o
alienante
continua
a
ser
havido
como
dono
do
imóvel.
§
2º
Enquanto
não
se
promover,
por
meio
de
ação
própria,
a
decretação
de
invalidade
do
registro,
e
o
respectivo
cancelamento,
o
adquirente
continua
a
ser
havido
como
dono
do
imóvel.
Obs:
A
mesma
idéia
aqui
aplicada
pode
ser
verificada
no
caso
de
bens
móveis
–
não
basta
o
contrato
para
se
tornar
dono,
sendo
necessária
a
tradição.
Cuidado
para
não
confundir:
o
que
gera
a
aquisição
da
propriedade
é
o
registro
imobiliário
(condição
de
EFICÁCIA
que
só
poderá
ser
atendida
no
Cartório
do
local
da
situação
da
coisa)
e
não
a
escritura
pública
(condição
de
VALIDADE
para
contratos
sobre
imóvel
de
valor
superior
a
30
salários
mínimos,
que
pode
ser
atendida
em
qualquer
Tabelionato
de
Notas
do
país,
independentemente
da
localização
do
imóvel).
No
Brasil,
a
presunção
de
propriedade
que
advém
do
registro
é
relativa,
sendo
possível
ação
de
anulação,
cancelamento
ou
retificação
desse
registro17
(§
2º
do
art.
1.245).
Exceção:
REGISTRO
TORRENS,
registro
imobiliário
restrito
a
imóveis
rurais
que,
desde
que
constituído
de
forma
regular,
firma
presunção
absoluta
de
propriedade,
podendo-‐se
apenas
alegar
vício
no
registro.
Está
previsto
nos
arts.
277
a
288
da
LRP.
!
LER!
O
art.
1.246
informa
que
o
registro
é
eficaz
desde
o
seu
protocolo,
consagrando
o
princípio
da
prioridade,
pelo
qual
terá
titularidade
sobre
o
domínio
do
bem
aquele
que
primeiro
o
registrar:
Art.
1.246.
O
registro
é
eficaz
desde
o
momento
em
que
se
apresentar
o
título
ao
oficial
do
registro,
e
este
o
prenotar
no
PROTOCOLO.
[princípio
da
prioridade]
17
Na
Alemanha,
o
registro
gera
presunção
absoluta
de
veracidade.
28