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DIREITOS REAIS

DIREITOS REAIS
DAS SERVIDÕES
MODALIDADES
ͫ Servidão continuada: ela é contínua e subsiste de forma ininterrupta independentemente
da atuação humana. Exemplo: servidão de ventilação.
ͫ Servidão descontinuada: para que a servidão ocorra, é necessária a atuação humana.
Exemplo: servidão de retirada de água.
ͫ Servidão positiva: o prédio dominante fica autorizado a praticar atos sobre o prédio
serviente. Exemplo: servidão de passagem.
ͫ Servidão negativa: o prédio serviente se submete ao não fazer, ou seja, renuncia um
direito. Exemplo: servidão de não construir acima de determinada altura.

MODOS DE CONSTITUIÇÃO DA SERVIDÃO


ͫ Por declaração expressa dos proprietários: modo simples de constituição, esta modal-
idade é realizada por meio de uma declaração (acordo) dos proprietários dos prédios
dominante e serviente acerca daquela servidão.
ͫ Por testamento: pelo teor do art. 1.378 do Código Civil, a servidão pode ser constituída
pelo testador sobre o prédio que deixa para um favorecido. Dessa forma, o favorecido já
receberá o seu prédio gravado a outro dono.
Art. 1.378. A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio
serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declaração expressa dos
proprietários, ou por testamento, e subseqüente registro no Cartório de Registro de Imóveis.
ͫ Via usucapião: modalidade de constituição prevista pelo teor do art. 1.379 do Código Civil.
Atente-se que a usucapião não se trata apenas de modo aquisitivo de uma propriedade,
mas também de outros direitos reais.
Art. 1.379. O exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por dez anos,
nos termos do art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no Registro de
Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião.
Parágrafo único. Se o possuidor não tiver título, o prazo da usucapião será de vinte anos.
Há uma crítica doutrinária quanto ao prazo estabelecido no parágrafo único (20 anos) do art.
1.379 para o possuidor que não tiver título (usucapião extraordinário), que vai de encontro ao
prazo estabelecido no art. 1.238 (15 anos), que traz o regime geral para a usucapião extraordinária.
Todavia, o prazo de prescrição máximo admitido e que deve ser adotado é o de 15 anos.
Nesse entendimento, foi aprovado o Enunciado nº 251 do Conselho de Justiça Federal.
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como
seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo
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requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro
no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor
houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços
de caráter produtivo.
Enunciado nº 251
O prazo máximo para o usucapião extraordinário de servidões deve ser de 15 anos, em
conformidade com o sistema geral de usucapião previsto no Código Civil.
Nas provas de delegado, devemos ficar atentos ao enunciado da questão. Se estiver
presente a cópia do art. 1.379 ipsis litteris e ele trouxer o prazo prescricional de 20 anos,
a assertiva estará correta, uma vez que, este dispositivo ainda está em vigor. Por outro
lado, a questão pode abordar a crítica doutrinária existente entre os prazos prescricionais
dos arts. 1.379 e 1.238 do Código Civil.
ͫ Por sentença em ação de divisão e demarcação de terras: vinculada à sentença judicial,
a servidão pode ser proveniente da ação de divisão e demarcação de terras.
ͫ Por declaração unilateral de vontade: para melhor compreensão, observe o exemplo a
seguir:
EXEMPLO: Maria possui dois terrenos “A” e “B” com um prédio em cada terreno. Por algum motivo, Maria esta-
belece uma serventia do imóvel B em benefício do A. Alguns anos depois, Maria vende o terreno “B” para o João.
Nesse contexto, essa serventia estabelecida por Maria anteriormente irá se tornar em uma servidão.

AÇÕES QUE SE REFEREM À SERVIDÃO


ͫ Ação confessória: o proprietário do prédio dominante objetiva que seja declarada a
existência de uma servidão.
ͫ Ação negatória: o proprietário do prédio serviente objetiva que seja declarada a inex-
istência de uma servidão.

SERVIDÃO DE PASSAGEM E PASSAGEM FORÇADA


ͫ Servidão de passagem: é antes de tudo um direito real; que gera efeitos de direito real
(oponibilidade erga omnes, direito de sequela, entre outros) e independe do encrava-
mento do imóvel. Além disso, pode ser onerosa ou gratuita.
ͫ Passagem forçada: trata-se de um direito de vizinhança previsto no art. 1.285 do Código
Civil e destina-se ao proprietário do prédio encravado (o prédio encravado é aquele que
não encontra saída para a via, para o porto, para a nascente, entre outros). Além disso,
a passagem forçada sempre gera direito à indenização, ou seja, é sempre onerosa.
Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode,
mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo
rumo será judicialmente fixado, se necessário.
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SERVIDÃO DE PASSAGEM PASSAGEM FORÇADA


Direito real Direito de vizinhança

Destina-se ao proprietário do prédio


Independente de encravamento
encravado

Pode ser onerosa ou gratuita Sempre gera direito à indenização

DO USUFRUTO
É um direito real de gozo ou fruição. O sujeito tem o direito de usar e fruir temporariamente de
uma coisa alheia. Além disso, o usufruto possui duas partes: (i) o usufrutuário e o (ii) nu-proprietário.

USUFRUTUÁRIA NU-PROPRIETÁRIO
Direito de usar e gozar da coisa alheia Disposição e reinvindicação da coisa

Posse DIRETA Posse INDIRETA

CARACTERÍSTICAS
ͫ Oponibilidade erga omnes: oponível contra qualquer pessoa.
ͫ Direito de sequela: direito do credor de perseguição àquele bem.
ͫ Não admite a possibilidade de alienação, todavia o seu exercício pode ser cedido a título
oneroso ou gratuito (art. 1.393, CC):
Art. 1.393. Não se pode transferir o usufruto por alienação; mas o seu exercício pode ceder-se
por título gratuito ou oneroso.
ͫ Caráter temporário: o usufruto vai perdurar por tempo determinado.
ATENÇÃO! Se o usufruto for constituído em benefício de uma pessoa jurídica, o prazo máximo, de acordo com
o Código Civil, é de 30 anos (art. 1410, III, CC).

Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de


Imóveis: (...)
III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela
perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer.

CONSTITUIÇÃO DO USUFRUTO
ͫ Negócio jurídico (contrato de doação ou um testamento): cumpre esclarecer que
o usufruto por contrato de doação pode acontecer por alienação (há a alienação do usu-
fruto e há a retenção da nua propriedade) ou retenção (retém-se o usufruto e aliena-se
a nua-propriedade). Observe que essas formas de contrato de doação são contrárias.
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USUFRUTO POR CONTRATO POR ALIENAÇÃO USUFRUTO POR CONTRATO POR RETENÇÃO
Alienação do usufruto Retém-se o usufruto

Retenção da nua-propriedade Alienação da nua-propriedade

ͫ Usucapião: aplicam-se as regras da usucapião ordinária – art. 1.242 (10 anos) – e extraor-
dinária – art. 1.238 (15 anos).
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestada-
mente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu
um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo
requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro
no Cartório de Registro de Imóveis.
ͫ Imposição legal: ocorre quando, por exemplo, os pais têm o usufruto dos bens dos filhos
(art. 1.689, I, do CC).
Art. 1.689. O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar:
I - são usufrutuários dos bens dos filhos;

Ao se falar sobre o usufruto, caberá registro?


Somente se o usufruto foi decorrente de negócio jurídico. Dessa forma, não caberá registro se o usufruto
for decorrente de imposição legal ou usucapião.

OBJETO
São objetos do usufruto os (i) bens móveis e (ii) imóveis. Os acessórios do bem, em regra,
também são objeto (princípio da Gravitação Jurídica).

USUFRUTO PRÓPRIO E IMPRÓPRIO


Por fim, existe a classificação de usufruto próprio e usufruto impróprio, que não raro aparece
em prova.
ͫ Usufruto próprio: tem por objeto os bens infungíveis e inconsumíveis.
ͫ Usufruto impróprio: tem por objeto os bens fungíveis e consumíveis (art. 1.392, §1º, CC).
De acordo com a lei, o usufruto impróprio é regido pelas regras do contrato de mútuo.
Art. 1.392. Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da coisa e
seus acrescidos.
§1º Se, entre os acessórios e os acrescidos, houver coisas consumíveis, terá o usufrutuário
o dever de restituir, findo o usufruto, as que ainda houver e, das outras, o equivalente em
gênero, qualidade e quantidade, ou, não sendo possível, o seu valor, estimado ao tempo
da restituição.

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