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Entende-se que o usufruto surgiu em Roma, no fim do século III, numa disputa entre
o jurista Bruto, de uma parte, e Maneio Manilio, de outra, sobre a expectativa acerca do
filho natural de uma escrava em usufruto, ou seja, se este deveria pertencer ao
usufrutuário ou ao nu-proprietário. Essa disputa pressupunha o reconhecimento do
usufruto sobre o escravo, o qual, por sua vez, segundo a opinião prevalente, foi anterior
ao reconhecimento da propriedade. Com a evolução da instituição familiar e do
matrimônio, durante os séculos II e III, a esposa começou a estar cada vez mais
submetida ao manus do marido e a permanecer, obviamente, privada de direitos
sucessórios. Desta forma, observa-se a razão socioeconômica do instituto, ou seja, a de
assegurar a subsistência de determinadas pessoas (como por exemplo, o ex-cônjuge),
sem que o patrimônio saísse da família. Assim, poderia o marido romano, caso
entendesse conveniente, por testamento (não privando os filhos de determinada cota do
patrimônio) instituir a mulher como usufrutuária de alguns dos seus bens ou de sua
totalidade, a título de gozo, até a sua morte, sendo esta uma forma embrionária do que
hoje conhecemos como usufruto.
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1. O USUFRUTO
O usufruto está regulado no nosso Novo Código Civil, entre os artigos 1390 e 1411,
porém este instituto não é novidade em nosso ordenamento, uma vez que estava
presente também no Código Civil de 1916. O artigo 713 deste último ordenamento
trazia a definição de usufruto, dizendo:
Cabe, entretanto, lembrar que essa definição não foi repetida pelo Código de 2002,
que entendeu ser esse mais um princípio da doutrina que uma regra de direito. O mestre
BEVILAQUA definia o instituto como sendo o direito real conferido a uma pessoa,
durante certo tempo, que autoriza a retirar da coisa alheia os frutos e utilidades que ela
produz. Observa-se, entretanto, que tanto uma quanto a outra definição parecem
incompletas, haja vista que nenhuma traz a idéia de preservação da substância, a qual é
elementar à noção de usufruto, desde o Código Civil francês, que dizia que o usufruto
era “o direito real de retirar da coisa alheia durante um certo período de tempo, mais ou
menos longo, as utilidades e proveitos que ela encerra, sem alterar-lhe a substância ou
mudar-lhe o destino”. O direito à substância, a prerrogativa de dispor dela e a
expectativa de consolidar a propriedade mais cedo ou mais tarde, por ser sempre
temporário, ficam nas mãos do proprietário do bem, conhecido aqui como nu-
proprietário, enquanto para as mãos do usufrutuário passam, temporariamente, os
direitos de uso e gozo, ficando claro, assim, o desmembramento do domínio. Desta
forma, temos que é formado o usufruto pelo usufrutuário e pelo nu-proprietario,
tratando-se o instituto de um direito real, pois se reveste de todos os elementos que
marcam os direitos dessa natureza, como veremos posteriormente.
Observa-se que esse instituto recai diretamente sobre a coisa e vem munido do
direito de seqüela, ou seja, da prerrogativa concedida ao usufrutuário de perseguir a
coisa nas mãos de quem quer que de forma injusta a detenha, uma vez que é ele
oponível erga omnes e sua defesa se faz através de ação real, ou seja, características
eminentemente de direitos reais. É o usufruto um direito real sobre a coisa alheia, que
pressupõe a convivência harmônica dos direitos do usufrutuário e do nu-proprietario,
pois, se fosse sobre a coisa própria, iria se confundir com o domínio. É, ainda,
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inalienável (art. 1393 do CC) e temporário, determinando, a Lei, sua extinção pela
morte ou renúncia do usufrutuário (art. 1410, I, do CC) ou findo o prazo de 30 anos, se
aquele for pessoa jurídica (art. 1410, II, do CC). O uso é a utilização pessoal da coisa,
pelo usufrutuário ou seus representantes; o gozo representa a prerrogativa de retirar e
fazer seus os frutos naturais e civis da coisa, podendo o usufrutuário consumir ou
vender os frutos, como também dar a coisa em locação, fazendo seus os alugueres.
Pode-se mesmo dizer que o usufruto é um direito real em benefício de um indivíduo, o
que explica o fato dos antigos o chamarem, juntamente com o uso e a habitação, de
servidões pessoais.
Quanto ao objeto, podemos ver que não há restrição, podendo ser constituído sobre
imóveis ou móveis. Ocorre que fica a dúvida sobre os bens consumíveis, ou seja, se
poderiam ser eles alvo do usufruto. A resposta, segundo boa parte da doutrina, é
positiva, sendo ele denominado pelos romanos de quase-usufruto e modernamente de
usufruto impróprio, podendo recair sobre títulos, ações, direitos incorpóreos de que
resultem frutos etc. Cabe ressaltar, que correção monetária não é renda. Sendo assim,
essa não contará como fruto de ações de sociedade anônima, por exemplo, não podendo
ser gozada pelo usufrutuário. As coisas fora de comércio não poderão ser alvo de
usufruto, uma vez que o bem, para os efeitos de ser objeto, necessita ser alienável e
gravável. Desse modo, aquelas, por não serem alienáveis, graváveis e aproveitáveis, não
serão usufrutuáveis.
O usufruto é constituído por contrato, entendendo-se a doação como tal, podendo ser
gerado através de negócio gratuito ou oneroso, ou por ato de última vontade. Pode
constituir-se, em tese, por usucapião, não necessitando de registro no Cartório de
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Registro de Imóveis, quando o usucapiente adquire a coisa de quem não seja
proprietário e também pode decorrer de lei.
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2. DIFERENÇAS ENTRE USUFRUTO X USO X HABITAÇÃO
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3. MODALIDADES DE USUFRUTO
USUFRUTO DE REBANHO
Existem autores, como o ilustre Sílvio Venosa, que acham que essa modalidade de
usufruto não tem correspondente no novel CC. No entanto, o art. 1392, parágrafo 2º,
dispõe que: “Se há no prédio em que recai o usufruto florestas e os recursos
minerais...”. Entende-se, portanto, que esse instituto foi disciplinado pelo legislador de
2002. A lei determina, ainda, que a extensão e a maneira de exploração das florestas e
minas devem ser pré-fixadas pelas partes. É vedado ao beneficiário utilizar
abusivamente a coisa, pois assim estaria destruindo a sua substância, objeto do
usufruto.
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USUFRUTO DE PESSOA JURÍDICA
Antes de caracterizar essa espécie de usufruto, vale ressaltar que o limite máximo do
usufruto é a vida do usufrutuário. No caso de pessoa jurídica, o prazo é de trinta anos, a
contar da data do início do direito, se outro não for estipulado pelas partes. Se há quem
ache esse prazo muito vasto, imagine o que pensaria a respeito dos cem anos previstos
no código antigo (absurdo!). O beneficiário pode utilizar a pessoa jurídica como se
dono fosse recebendo os proventos e frutos. Apesar de agir como se fosse o proprietário
da coisa, ao usufrutuário é vedado alterar o ramo ou a destinação da produção da
empresa, sem a autorização do dono. O patrimônio também deve ser mantido na sua
integralidade. Se antes do prazo legal supramencionado a pessoa jurídica for extinta, o
mesmo ocorrerá com o direito real. Se houver cisão entre empresas, cabe a elas decidir
quem ficará com o direito de usufruto.
USUFRUTO DE PATRIMÔNIO
O Código Civil, em seu art. 1405, determina que: “Se o usufruto recair num
patrimônio, ou parte deste, será o usufrutuário obrigado aos juros da dívida que
onerar o patrimônio ou parte dele”. Este tipo de usufruto pode resultar de negócio
jurídico ou do direito de família, a exemplo das sucessões.
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4. INALIENABILIDADE
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5. DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO USUFRUTUÁRIO E DO NU-
PROPRIETÁRIO
Em relação ao usufrutuário, estabelece o art. 1394 que compete a esse a posse, o uso,
a administração e a percepção de frutos. A posse pode ser protegida inclusive pelos
interditos e demais ações possessórias, tais com a imissão de posse, bem como a ação
confessória, as quais podem ser utilizadas contra terceiros ou contra o proprietário.
Também poderá o usufrutuário usar pessoalmente a coisa ou ceder tal uso a terceiros
gratuita ou onerosamente, sem a mudança em sua destinação, consoante dicção do art.
1399. Ressalte-se que sequer poderá o ato constitutivo do usufruto proibir a dita cessão,
haja vista o princípio da tipicidade vigente para os direitos reais, diante do que, não
havendo norma legal que assim o preveja, resta prejudicada tal possibilidade.
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Antes de recebido o usufruto, deve o usufrutuário inventariar os bens recebidos,
descrevendo-os minuciosamente, a fim de se ter como aferir o estado de recebimento
das coisas em comento. Deverá dar a garantia real ou fidejussória, caso esta seja exigida
pelo nu-proprietário, sob pena de perder a administração direta dos bens. Ressalte-se,
por oportuno, que não é o usufrutuário obrigado a ressarcir os prejuízos oriundos dos
desgastes normais, conforme entendimento do art. 1402 do CC. Note-se, ainda, que não
está obrigado ao pagamento de caução o doador que se reservar o usufruto da coisa
doada, nem os pais usufrutuários dos bens dos filhos menores.
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ou se a notificação pode ser feita facultativamente na pessoa do usufrutuário. No
julgamento do Mandado de Segurança nº 23.012-5-Paraná, entendeu o STF que:
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notificação prévia é a análise da produtividade do bem, de modo que o usufrutuário, que
administra a coisa, é o único sujeito capaz de atestar a respeito.
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6. EXTINÇÃO DO USUFRUTO
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o instituto também será extinto. O perecimento ou a destruição da coisa também faz
com que o usufruto seja extinto, ressalvadas as hipóteses de existência de seguro (art.
1407), reconstrução do imóvel (art. 1408) e indenização ou reparação paga por terceiros
(ex: desapropriação – art. 1409), pois nessas pode ocorrer sub-rogação do usufruto sobre
o preço. Se a destruição/perecimento for apenas parcial, o direito real subsiste sobre o
remanescente. Caso o usufrutuário tenha concorrido com culpa, deverá indenizar o nu-
proprietário. Cumpre ressaltar, que se a coisa for fungível e consumível, logo passará a
ser do domínio do usufrutuário, não havendo que se falar, portanto, em perecimento.
Caso o usufruto seja extinto, o usufrutuário deverá devolver uma coisa proporcional
àquela que foi consumida, seja em relação ao gênero, à qualidade ou à quantidade ou
deverá pagar um valor equivalente.
O usufruto, como direito real em si, não prescreve. No entanto, caso o usufrutuário
deixe de usar (não-fruição ou não-uso) o bem imóvel por dez anos (art. 205 do CC), o
usufruto irá se extinguir. Alguns doutrinadores entendem que o prazo sustentável para
essas hipóteses é o da usucapião extraordinária e que a aquisição da propriedade se
constitui com o decurso do tempo, sendo que a sentença é meramente declaratória (art.
1238). No caso de bens móveis, o usufruto se extingue se o usufrutuário deixar de usar
ou fruir do bem por três anos. Para ocorrer a perda do usufruto por prescrição, o
usufrutuário não deverá ter praticado nenhum ato de gozo voluntariamente. A culpa do
usufrutuário (quando ele deixa de tomar cuidados mínimos de manutenção e
preservação da coisa ou quando vende o bem dolosamente, apesar de não ser
proprietário) também pode dar margem à extinção do usufruto, através de ação judicial,
exceto se ele apresentar caução que garanta a devolução. Essa hipótese de extinção não
atinge bens fungíveis e consumíveis e deve ser declarada com base na razoabilidade do
Juiz, uma vez que o magistrado pode evitar a extinção exigindo caução ou colocando o
bem sobre a administração do nu-proprietário ou de terceiro.
O usufruto também faz cessar os seus efeitos quando não houver mais causa que
conceda o direito real, a exemplo do usufruto do pai em relação aos bens do filho
menor, se, no caso, o filho atinge a maioridade ou se o pai decai do poder familiar.
Nessas hipóteses, o usufruto termina e a propriedade se consolida. Ademais, há de se
lembrar das causas ordinárias de extinção de direitos, tais como: o abandono, a
resolução da propriedade (desde que a causa determinante remonte à época anterior à
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instituição do usufruto), a desistência e a renúncia (observar que a renúncia não gera o
pagamento do imposto de transmissão inter vivos, uma vez que o nu-proprietário
adquire a propriedade plena da coisa, sem que haja transferência), sendo que as duas
últimas precisam ser expressas e, se o bem for imóvel, há a necessidade de escritura
pública.
O procedimento de extinção do usufruto está disposto nos art. 1103 e 1112, VI, do
CPC, já que é um procedimento de jurisdição voluntária. Quando decorre de morte do
usufrutuário, prescinde-se de decisão judicial, bem como quando resulta de acordo
consensual dos interessados, consolidação, renúncia, entre outros (art. 250, II e III, da
Lei de Registros Públicos), quando deve haver o requerimento de averbação junto ao
registro imobiliário, como já assentado pelo STF. Se o usufruto for legal, a sua extinção,
geralmente, não exige qualquer conduta ou procedimento especial, uma vez que o
instituto é típico de jurisdição voluntária e a sua consolidação prescindiu de qualquer
espécie de registro. É o que se percebe do acórdão abaixo transcrito:
Se a extinção se der causa mortis ou por doação (art. 155, I, “a”, CF), o Juiz ordenará
a ouvida do MP e da Fazenda Estadual, para efeitos de se manifestar quanto aos
impostos; ou da Fazenda municipal, quando a transmissão for inter vivos por ato
oneroso (art.156, II, CF), embora seja indevido o tributo na extinção. Em se tratando de
apólices da dívida pública, o cancelamento será averbado na repartição fiscal
competente e se a ação for nominativa, o cancelamento será assinado no livro de
registro. Nas situações de cessação da causa originadora, destruição da coisa, prescrição
ou culpa do usufrutuário, a outra parte deverá optar pelo procedimento ordinário.
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7. AÇÕES DECORRENTES DO USUFRUTO, USO E HABITAÇÃO
Os meios processuais que resguardam tais direitos reais são semelhantes, uma vez
que podem os titulares valer-se da ação reivindicatória no exercício do direito de
seqüela contra o proprietário ou terceiro, que esteja obstando o seu direito.
Quando houver dúvida sobre a existência desses direitos, deve o titular se utilizar de
uma ação declaratória, afinal quem alega o usufruto, o uso ou a habitação deve prová-
los.
Por outro lado, a ação negatória é conferida ao titular do direito real limitado contra
aquele que o ofendeu/turbou, aduzindo que também possui direito sobre a coisa. Tal
ação pode, inclusive, se voltar contra o possuidor indireto (ex: locador de um imóvel),
caso seja este quem esteja obstando o direito real do usufrutuário, usuário ou habitador.
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8. CONCLUSÃO
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9. JURISPRUDÊNCIA
EMENTA
PENHORA DE IMÓVEL OBJETO DE USUFRUTO. MORTE DO
USUFRUTUÁRIO. EXTINÇÃO DO USUFRUTO. O usufrutuário detém apenas a
posse, o uso, a administração e a percepção dos frutos do bem, nos termos do art. 1.394
do CC. Outrossim, de acordo com a norma do art. 1.410 do CC, a morte do usufrutuário
extingue o usufruto, com a consolidação da propriedade na pessoa do nu proprietário.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos.
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1. PENHORA DO IMÓVEL DOADO PELA EXECUTADA NERIS COSTAMILAN
BERGAMO COM RESERVA DE USUFRUTO. MORTE DA DEVEDORA NO
CURSO DA EXECUÇÃO
A exequente pede que seja penhorado o imóvel da matrícula nº 107.827 do Registro de
Imóveis de Caxias do Sul, doado pela executada Neris Costamilan Bergamo às suas
filhas, quando ainda estava viva. Salienta que o imóvel foi doado pela então executada
como adiantamento de legítima, invocando as normas legais que regem a sucessão no
âmbito do Direito Civil, tendo em vista o falecimento da executada no decorrer da
presente execução trabalhista. Analisa-se.
A decisão recorrida está fundamentada nos termos abaixo reproduzidos, verbis (Id
fedd092):
[...]
Incabível a reabertura da discussão da matéria aventada na petição do id 97056d5, ante
a preclusão operada pela coisa julgada, certificado no id 0423e26.
Intime-se o exequente.
Decorrido o prazo legal, não havendo indicação de meios inéditos e aptos à satisfação
do débito pelo exequente, arquivar.
Decorrido o prazo legal, não havendo indicação de meios inéditos e aptos à satisfação
do débito pelo exequente, arquive-se com dívida.
Registra-se que o título executivo está consolidado contra Neris Costamilan Bergamo
(Id d761b3f), restando infrutíferas as diligências empreendidas com a finalidade de
quitar a dívida. Sobrevém aos autos cópia da matrícula de nº 107.827 do Registro de
Imóveis de Caxias do Sul (Id 8053ad9), em que consta a averbação da doação do imóvel
em questão, de propriedade da executada, a favor das suas filhas, datada de 2006. A
exequente postula, em diversas oportunidades, a penhora do referido bem, o que é
negado pelo Juiz da causa, em razão da cláusula averbada na matrícula, que reserva à
executada tão somente o usufruto vitalício do bem. No Id c2ff99b, a pretensão é
indeferida novamente, contra o que a exequente interpõe agravo de petição (Id
2b03333), que não é recebido, sendo interposto agravo de instrumento (Id f2e46b2). Na
contraminuta (Id 68557d4), é informado o falecimento da executada, seguindo-se a
decisão monocrática, da lavra da Desembargadora Rejane Souza Pedra, cujo excerto se
reproduz abaixo (Id d5a1355):
[...] A exequente, com o presente agravo de instrumento, busca o destrancamento do
agravo de petição interposto, cujo objeto é a penhora sobre direitos à posse, uso,
administração e percepção dos frutos do imóvel de matrícula 107.827 do RI de Caxias
do Sul com reserva de usufruto em favor da executada Neris Costamilan Bergano (fls.
254-5). Juntamente com a contraminuta foi juntada certidão de óbito, atestando o
falecimento da ré em 31-07-2017 (fl. 302).
Considerando a perda de objeto do recurso principal (agravo de petição das fls. 276-
286) em razão da morte da usufrutuária/executada, considero prejudicado o agravo de
instrumento, razão pela qual dele não conheço (art. 932, III, do CPC).
Na origem deve ser regularizada a representação processual da executada.
Ciência às partes. (Grifa-se.)
No Id 97056d5, a exequente pleiteia novamente a penhora do referido imóvel, com base
na legislação que rege a sucessão civil, diante do falecimento da executada (fato novo),
o que é indeferido pelo Magistrado da origem, ao fundamento de que o pedido encontra
óbice na coisa julgada certificada no Id 0423e26., o que dá causa à interposição do
presente agravo de petição. A decisão recorrida deve ser mantida, mas, por outro
fundamento. É incontroverso nos autos que a executada Neris Costamilan Bergamo, em
2006 (8 anos antes do ajuizamento da presente ação), doou o imóvel em questão às suas
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filhas, mantendo para si apenas o usufruto vitalício do bem, ou seja, passou a deter
apenas a posse, o uso, à administração e à percepção dos frutos do referido imóvel (jus
utendi e jus fruendi) (CC, art. 1.394), em razão da transferência do domínio (jus
disponiendi) operada pela dita doação. Contudo, essa circunstância se altera com o
falecimento da executada usufrutuária, pois, nos termos do inc. I do
inc. I do art. 1.410 do CC, o usufruto se extingue pela morte do usufrutuário, verbis:
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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