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INTRODUÇÃO

Entende-se que o usufruto surgiu em Roma, no fim do século III, numa disputa entre
o jurista Bruto, de uma parte, e Maneio Manilio, de outra, sobre a expectativa acerca do
filho natural de uma escrava em usufruto, ou seja, se este deveria pertencer ao
usufrutuário ou ao nu-proprietário. Essa disputa pressupunha o reconhecimento do
usufruto sobre o escravo, o qual, por sua vez, segundo a opinião prevalente, foi anterior
ao reconhecimento da propriedade. Com a evolução da instituição familiar e do
matrimônio, durante os séculos II e III, a esposa começou a estar cada vez mais
submetida ao manus do marido e a permanecer, obviamente, privada de direitos
sucessórios. Desta forma, observa-se a razão socioeconômica do instituto, ou seja, a de
assegurar a subsistência de determinadas pessoas (como por exemplo, o ex-cônjuge),
sem que o patrimônio saísse da família. Assim, poderia o marido romano, caso
entendesse conveniente, por testamento (não privando os filhos de determinada cota do
patrimônio) instituir a mulher como usufrutuária de alguns dos seus bens ou de sua
totalidade, a título de gozo, até a sua morte, sendo esta uma forma embrionária do que
hoje conhecemos como usufruto.

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1. O USUFRUTO

O usufruto está regulado no nosso Novo Código Civil, entre os artigos 1390 e 1411,
porém este instituto não é novidade em nosso ordenamento, uma vez que estava
presente também no Código Civil de 1916. O artigo 713 deste último ordenamento
trazia a definição de usufruto, dizendo:

“Art. 713. Constitui usufruto o direito real de fruir as utilidades e frutos


de uma coisa, enquanto temporariamente destacado da propriedade”.

Cabe, entretanto, lembrar que essa definição não foi repetida pelo Código de 2002,
que entendeu ser esse mais um princípio da doutrina que uma regra de direito. O mestre
BEVILAQUA definia o instituto como sendo o direito real conferido a uma pessoa,
durante certo tempo, que autoriza a retirar da coisa alheia os frutos e utilidades que ela
produz. Observa-se, entretanto, que tanto uma quanto a outra definição parecem
incompletas, haja vista que nenhuma traz a idéia de preservação da substância, a qual é
elementar à noção de usufruto, desde o Código Civil francês, que dizia que o usufruto
era “o direito real de retirar da coisa alheia durante um certo período de tempo, mais ou
menos longo, as utilidades e proveitos que ela encerra, sem alterar-lhe a substância ou
mudar-lhe o destino”. O direito à substância, a prerrogativa de dispor dela e a
expectativa de consolidar a propriedade mais cedo ou mais tarde, por ser sempre
temporário, ficam nas mãos do proprietário do bem, conhecido aqui como nu-
proprietário, enquanto para as mãos do usufrutuário passam, temporariamente, os
direitos de uso e gozo, ficando claro, assim, o desmembramento do domínio. Desta
forma, temos que é formado o usufruto pelo usufrutuário e pelo nu-proprietario,
tratando-se o instituto de um direito real, pois se reveste de todos os elementos que
marcam os direitos dessa natureza, como veremos posteriormente.

Observa-se que esse instituto recai diretamente sobre a coisa e vem munido do
direito de seqüela, ou seja, da prerrogativa concedida ao usufrutuário de perseguir a
coisa nas mãos de quem quer que de forma injusta a detenha, uma vez que é ele
oponível erga omnes e sua defesa se faz através de ação real, ou seja, características
eminentemente de direitos reais. É o usufruto um direito real sobre a coisa alheia, que
pressupõe a convivência harmônica dos direitos do usufrutuário e do nu-proprietario,
pois, se fosse sobre a coisa própria, iria se confundir com o domínio. É, ainda,

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inalienável (art. 1393 do CC) e temporário, determinando, a Lei, sua extinção pela
morte ou renúncia do usufrutuário (art. 1410, I, do CC) ou findo o prazo de 30 anos, se
aquele for pessoa jurídica (art. 1410, II, do CC). O uso é a utilização pessoal da coisa,
pelo usufrutuário ou seus representantes; o gozo representa a prerrogativa de retirar e
fazer seus os frutos naturais e civis da coisa, podendo o usufrutuário consumir ou
vender os frutos, como também dar a coisa em locação, fazendo seus os alugueres.
Pode-se mesmo dizer que o usufruto é um direito real em benefício de um indivíduo, o
que explica o fato dos antigos o chamarem, juntamente com o uso e a habitação, de
servidões pessoais.

Como já foi dito anteriormente, o instituto em comento é um direito real, assim,


exige-se a transcrição imobiliária no registro, averbando-se junto a matrícula (salvo o
resultante de direito de família), quando se tratar de imóvel. O usufrutuário mantém a
posse direta do bem e o nu-proprietário passa a ser mero detentor da posse indireta,
podendo o primeiro defender-se pelos meios possessórios, inclusive contra o detentor da
substância, ou seja, o já citado nu-proprietário. Desta forma podemos afirmar que
poderá o possuidor direto fruir da coisa, auferir seus frutos naturais e civis, dar a coisa
em locação e comodato, ou qualquer outro negócio atípico para essa finalidade.

Quanto ao objeto, podemos ver que não há restrição, podendo ser constituído sobre
imóveis ou móveis. Ocorre que fica a dúvida sobre os bens consumíveis, ou seja, se
poderiam ser eles alvo do usufruto. A resposta, segundo boa parte da doutrina, é
positiva, sendo ele denominado pelos romanos de quase-usufruto e modernamente de
usufruto impróprio, podendo recair sobre títulos, ações, direitos incorpóreos de que
resultem frutos etc. Cabe ressaltar, que correção monetária não é renda. Sendo assim,
essa não contará como fruto de ações de sociedade anônima, por exemplo, não podendo
ser gozada pelo usufrutuário. As coisas fora de comércio não poderão ser alvo de
usufruto, uma vez que o bem, para os efeitos de ser objeto, necessita ser alienável e
gravável. Desse modo, aquelas, por não serem alienáveis, graváveis e aproveitáveis, não
serão usufrutuáveis.

O usufruto é constituído por contrato, entendendo-se a doação como tal, podendo ser
gerado através de negócio gratuito ou oneroso, ou por ato de última vontade. Pode
constituir-se, em tese, por usucapião, não necessitando de registro no Cartório de

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Registro de Imóveis, quando o usucapiente adquire a coisa de quem não seja
proprietário e também pode decorrer de lei.

O usufruto é divisível, podendo ser atribuído simultaneamente a mais de uma pessoa,


mais de um usufrutuário, estabelecendo-se o co-usufruto, não podendo ser dado a
vários titulares de forma sucessiva. Será facultado o uso e o gozo, antes já explorados, a
mais de um usufrutuário, sempre simultaneamente. O usufruto não estabelece completa
independência entre o nu-proprietário e o usufrutuário. Entre eles permanece o dever
recíproco de respeitar o âmbito do exercício jurídico alheio. A própria lei estabelece
limites de direitos recíprocos entre os titulares. Não havendo ressalva, o usufruto
estende-se aos acessórios da coisa e seus acrescidos (art. 1392 do CC). O usufruto é, em
regra, instituído sobre uma unidade materialmente considerada e estende-se também às
acessões verificadas nos bens usufruídos, bem como aos acessórios e pertenças que o
dono coloca na coisa antes de instituí-lo. O direito, também, envolve as servidões
ligadas ao prédio alvo do usufruto.

Após os esclarecimentos iniciais, cumpre agora demonstrar as diferenças entre o


usufruto e outros institutos de Direito Civil.

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2. DIFERENÇAS ENTRE USUFRUTO X USO X HABITAÇÃO

O uso é uma espécie de usufruto de abrangência mais restrita, pois insuscetível de


cessão e é limitado pelas necessidades do usuário e de sua família. O direito real de
habitação é ainda mais restrito que o uso e consiste na faculdade de residir num prédio,
com sua família. O prédio em causa não pode ser cedido (a título gratuito ou oneroso).
Ao uso e à habitação aplicam-se, naquilo que não contrariarem suas naturezas, as
disposições concernentes ao usufruto, principalmente no que tange às ações
reivindicatórias contra aqueles que estejam obstando o direito do usuário, habitador ou
usufrutuário.

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3. MODALIDADES DE USUFRUTO

 USUFRUTO DE TÍTULOS DE CRÉDITO

O art. 1395 do CC determina que, nessa modalidade de usufruto, o usufrutuário


utilize os títulos como se fossem seus, tendo o direito de perceber os frutos e cobrar as
dívidas. É uma hipótese de quase-usufruto, pois recai sobre bens consumíveis.

 USUFRUTO DE APÓLICES DA DÍVIDA PÚBLICA

O art. 720 do CC de 1916 reportava-se ao usufruto de apólices da dívida pública.


Esses títulos visavam propiciar ao usufrutuário uma renda, mas a propriedade dos
papéis continuava nas mãos do nu-proprietário. Para que houvesse alienação, tanto
usufrutuário, quanto nu-proprietário deveriam concordar. Não há correspondente desta
modalidade de usufruto no novo Código.

 USUFRUTO DE REBANHO

O usufruto de um rebanho está disposto no art. 1397 do CC/02. O usufrutuário pode


utilizar os frutos que o rebanho produza, tais como o leite e derivados, e as crias, que
ultrapassem o número original de cabeças. É uma universalidade de fato. Esse critério
não será utilizado se as partes, ao celebrarem o contrato, priorizarem a individualização
de cada membro do rebanho. Findo o usufruto, o beneficiário deverá devolver o mesmo
número de cabeças ao dono, podendo supri-las com as crias.

 USUFRUTO DE FLORESTAS E MINAS

Existem autores, como o ilustre Sílvio Venosa, que acham que essa modalidade de
usufruto não tem correspondente no novel CC. No entanto, o art. 1392, parágrafo 2º,
dispõe que: “Se há no prédio em que recai o usufruto florestas e os recursos
minerais...”. Entende-se, portanto, que esse instituto foi disciplinado pelo legislador de
2002. A lei determina, ainda, que a extensão e a maneira de exploração das florestas e
minas devem ser pré-fixadas pelas partes. É vedado ao beneficiário utilizar
abusivamente a coisa, pois assim estaria destruindo a sua substância, objeto do
usufruto.

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 USUFRUTO DE PESSOA JURÍDICA

Antes de caracterizar essa espécie de usufruto, vale ressaltar que o limite máximo do
usufruto é a vida do usufrutuário. No caso de pessoa jurídica, o prazo é de trinta anos, a
contar da data do início do direito, se outro não for estipulado pelas partes. Se há quem
ache esse prazo muito vasto, imagine o que pensaria a respeito dos cem anos previstos
no código antigo (absurdo!). O beneficiário pode utilizar a pessoa jurídica como se
dono fosse recebendo os proventos e frutos. Apesar de agir como se fosse o proprietário
da coisa, ao usufrutuário é vedado alterar o ramo ou a destinação da produção da
empresa, sem a autorização do dono. O patrimônio também deve ser mantido na sua
integralidade. Se antes do prazo legal supramencionado a pessoa jurídica for extinta, o
mesmo ocorrerá com o direito real. Se houver cisão entre empresas, cabe a elas decidir
quem ficará com o direito de usufruto.

 USUFRUTO DE PATRIMÔNIO

O Código Civil, em seu art. 1405, determina que: “Se o usufruto recair num
patrimônio, ou parte deste, será o usufrutuário obrigado aos juros da dívida que
onerar o patrimônio ou parte dele”. Este tipo de usufruto pode resultar de negócio
jurídico ou do direito de família, a exemplo das sucessões.

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4. INALIENABILIDADE

Segundo determina o art. 1393 do NCC, o direito do usufrutuário é intransmissível.


Essa regra é confirmada no art. 1410, I, da mesma norma, quando dispõe que o usufruto
se extingue com a morte do usufrutuário. Não obstante, cabe ressaltar que o exercício
do direito de usufruto pode ser concedido a título gratuito ou oneroso; somente o direito
de usar e gozar a coisa podem ser cedidos. O direito de usufruto só pode ser alienado ao
nu-proprietário, havendo com isso a consolidação da propriedade e a extinção do direito
real. É possível haver penhora do exercício do direito de usufruto, quando não restar
outra alternativa ao credor. A jurisprudência pátria tem entendido, também, que, se o
usufrutuário estiver auferindo rendimentos com o usufruto, o exercício do direito
poderá ser penhorado. A penhora só não vai ocorrer se o usufrutuário estiver no gozo
direto da coisa.

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5. DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO USUFRUTUÁRIO E DO NU-
PROPRIETÁRIO

O estudo dos direitos e obrigações do usufrutuário está compreendido no CC/02, em


seus artigos 1394 a 1409, os quais elencam todos os instrumentos de que esse dispõe
para usar e fruir normalmente da coisa, bem como as limitações que encontra quando
deste exercício.

Em relação ao usufrutuário, estabelece o art. 1394 que compete a esse a posse, o uso,
a administração e a percepção de frutos. A posse pode ser protegida inclusive pelos
interditos e demais ações possessórias, tais com a imissão de posse, bem como a ação
confessória, as quais podem ser utilizadas contra terceiros ou contra o proprietário.

Também poderá o usufrutuário usar pessoalmente a coisa ou ceder tal uso a terceiros
gratuita ou onerosamente, sem a mudança em sua destinação, consoante dicção do art.
1399. Ressalte-se que sequer poderá o ato constitutivo do usufruto proibir a dita cessão,
haja vista o princípio da tipicidade vigente para os direitos reais, diante do que, não
havendo norma legal que assim o preveja, resta prejudicada tal possibilidade.

O outro direito que possuiu o usufrutuário é o de administrar a coisa sem a


interferência do proprietário, o que pode não acontecer caso este não pague a caução
exigida pelo segundo, ou, ainda, nos casos em que, em virtude de sua administração,
vem a coisa a se deteriorar. O usufrutuário, por fim, tem o direito de fruir da coisa, o
que implica na possibilidade de retirar os frutos naturais e civis, desde que não haja
limitação no título constitutivo.

Grande discussão suscitada entre os doutrinadores consiste em saber se a locação


estabelecida com o proprietário se rescinde em virtude da extinção do usucapião. Há
quem diga que o referido contrato gera apenas direitos pessoais entre as partes, não
podendo ser oposto contra o proprietário, que não participou e, muitas vezes, sequer
tomou conhecimento da relação locatícia. Por outro lado, há quem sustente que as leis
do inquilinato possuem uma finalidade de ordem pública, só podendo, assim, permitir o
despejo do inquilino nas hipóteses nelas elencadas. Prevalece na Jurisprudência
brasileira a segunda tese.

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Antes de recebido o usufruto, deve o usufrutuário inventariar os bens recebidos,
descrevendo-os minuciosamente, a fim de se ter como aferir o estado de recebimento
das coisas em comento. Deverá dar a garantia real ou fidejussória, caso esta seja exigida
pelo nu-proprietário, sob pena de perder a administração direta dos bens. Ressalte-se,
por oportuno, que não é o usufrutuário obrigado a ressarcir os prejuízos oriundos dos
desgastes normais, conforme entendimento do art. 1402 do CC. Note-se, ainda, que não
está obrigado ao pagamento de caução o doador que se reservar o usufruto da coisa
doada, nem os pais usufrutuários dos bens dos filhos menores.

Consoante art. 1403 do CC, é dever do usufrutuário o pagamento das despesas


ordinárias com o bem, bem com os impostos reais sobre o uso da terra, municipais ou
estaduais; imposto de renda e demais encargos públicos tidos como ordinários, uma vez
que o que fundamenta a sujeição ao tributo é o domínio e não a posse.

Dentre outros deveres atribuídos ao usufrutuário têm-se os seguintes: dar ciência ao


proprietário de eventuais turbações ou lesão produzida contra a posse da coisa ou os
direitos deste; pagamento das contribuições com o seguro, se a coisa estiver segurada;
indenizar os danos de qualquer extensão e natureza que tiverem ocorrido por culpa sua
e, principalmente, restituir a coisa fruída ao fim do instituto, no estado em que a
recebeu, salvo as deteriorações esperadas, dentre outros.

Já em relação às obrigações do nu-proprietário, cumpre ressaltar que tais deveres,


não obstante não encontrarem respaldo de forma expressa na legislação, podem ser
facilmente inferidas dos citados direitos e deveres atribuídos ao usufrutuário. Em suma
consistem nas seguintes: entregar a coisa ao usufrutuário; direito de exercer seu domínio
limitado, podendo utilizar-se dos remédios jurídicos possessórios para a proteção do seu
direito; exigir caução; tomar medidas acautelatórias para a proteção do bem; receber os
frutos naturais e civis, consoante determinações do CC/02; pagar as despesas
extraordinárias; restabelecer o usufruto caso a indenização do seguro seja aplicada na
reconstrução do bem fruído, dentre outras. Pode, ainda, o proprietário, alienar e gravar a
nua-propriedade, desde que não altere o direito do usufrutuário.

Aspecto polêmico na jurisprudência brasileira consiste em saber se há o direito do


nu-proprietário em ser notificado pelo Poder Público acerca da desapropriação do bem,
para fins de reforma agrária, e, portanto, se há o dever deste para com o nu-proprietário

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ou se a notificação pode ser feita facultativamente na pessoa do usufrutuário. No
julgamento do Mandado de Segurança nº 23.012-5-Paraná, entendeu o STF que:

“MANDADO DE SEGURANÇA. Desapropriação para fins de reforma


agrária. Usufrutuários e Nus-proprietários. Notificação feita a um deles.
Insuficiência. Precedente. 1. Os atos desapropriatórios para fins de
reforma agrária devem ser precedidos de notificação prévia válida aos
proprietários do imóvel (Lei nº 8.629/93, § 2º do artigo 2º). 2. Se a área
objeto da desapropriação é integrada por um condomínio, a notificação
deve ser feita a cada um dos condôminos, sejam eles usufrutuários ou
nus-proprietários, de forma direta ou através de seus representantes
legalmente constituídos. Precedente. 3. Nula é a notificação feita apenas
a um dos usufrutuários, que não tem poderes para representar os
demais condôminos. O direito de administrar que o artigo 718 do
Código Civil lhe confere não inclui o de representar os proprietários. 4.
Não tendo o ato impugnado obedecido ao devido processo legal é de
anular-se o decreto que declara o imóvel suscetível de desapropriação.
5. Mandado de segurança deferido.”

Cumpre destacar, inclusive, a assertiva do Ministro Maurício Corrêa, em que


reafirma a necessidade de notificação do proprietário, para fins de reforma agrária, haja
vista a necessidade de que esteja o usufrutuário munido de poderes especiais para a
representação dos proprietários em nome destes, jamais em nome próprio. Nesse passo,
corroborando o referido entendimento, tem-se o voto do Ministro Marco Aurélio,
segundo o qual a desapropriação diz respeito à propriedade e não ao uso isoladamente
desta. Ocorre que, ainda em sede do mesmo acórdão, o Exmo. Ministro Ilmar Galvão,
então relator, fundamentou seu voto acerca da validade da notificação efetuada na
pessoa dos usufrutuários, a fim de acompanhar a vistoria necessária à comprovação da
improdutividade do bem, tendo em vista estarem estes investidos na posse direta e na
administração do imóvel, cabendo-lhes defender o bem de turbações, esbulhos e
reivindicações, o que é suficiente para os feitos da Lei nº 8629/93, art. 2º, §2º. Afirma,
também, que a situação do administrador do condomínio é análoga, pois o art. 12, IX,
CPC confere legitimidade, ativa ou passiva, para a representação em juízo. Para
corroborar sua tese, cita o Ilustre Ministro, o art. 738 do CC/16, segundo o qual no valor
recebido como indenização pela reforma agrária, sub-roga-se o usufrutuário. Proferiu
voto no mesmo sentido o Ministro Carlos Velloso, argumentando que a finalidade da

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notificação prévia é a análise da produtividade do bem, de modo que o usufrutuário, que
administra a coisa, é o único sujeito capaz de atestar a respeito.

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6. EXTINÇÃO DO USUFRUTO

As causas de extinção do usufruto estão elencadas no art. 1410 do CC, a exemplo: da


consolidação (o usufrutuário e o nu-proprietário se consolidam na mesma pessoa), da
renúncia ou morte do usufrutuário, do termo de sua duração, da cessação do motivo
originário, dentre outras. Verifica-se, portanto, que algumas dessas hipóteses dizem
respeito à pessoa do usufrutuário; outras, à coisa sobre a qual recai o usufruto; e,
finalmente, certas causas se referem à própria relação jurídica.

Já o dispositivo seguinte da mesma norma reporta-se à extinção parcial do usufruto


pela morte do co-usufrutuário. A regra básica referente ao usufruto de pessoas físicas
estabelece que o direito real se extingue com o falecimento do usufrutuário, não sendo
transferido a seus herdeiros, diferentemente da enfiteuse. O legislador justifica essa
hipótese no sentido de evitar usufrutos sucessivos, que retiram certos bens do comércio
indefinidamente. No entanto, a morte do nu-proprietário não altera a relação jurídica,
uma vez que seus sucessores se tornam proprietários. Se o usufrutuário for pessoa
jurídica, o direito real se extinguirá em trinta anos. Tal artigo diz que, caso o usufruto
seja estabelecido em favor de duas pessoas, se uma delas falecer, o direito deve se
extinguir quanto àquela parte, exceto se houver estipulação expressa dizendo que o
quinhão do morto cabe ao usufrutuário sobrevivente. Tal estipulação, no entanto,
encontra um óbice, em razão do dispositivo que assegura aos herdeiros necessários o
direito à parte legítima da herança do de cujus, já que tal quinhão não pode vir limitado
por nenhuma cláusula. Sendo assim, o direito de acrescer no usufruto em favor do co-
usufrutuário sobrevivente é ineficaz, até quando prejudique a reserva dos herdeiros
necessários. É o que entende o TJ de São Paulo, senão vejamos:

“A cláusula mediante a qual os doadores se reservarem o usufruto pleno


enquanto um deles tiver vida é ofensiva do direito sucessório da apelante e
seus irmãos, porque obsta que, na pessoa destes verificado, como se
verificou o falecimento de um dos doadores, se consolide a propriedade,
tornando-se pleno o seu domínio” (RT, 188/691).

Se o usufruto for estabelecido sob termo resolutivo, o decurso do prazo extingue-o.


Se houver uma condição fixada, o seu implemento faz cessar o direito real do
usufrutuário. Caso haja confusão entre as partes da relação jurídica, em razão do direito
sucessório ou se o usufruto for consolidado plenamente nas mãos de um só dos sujeitos,

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o instituto também será extinto. O perecimento ou a destruição da coisa também faz
com que o usufruto seja extinto, ressalvadas as hipóteses de existência de seguro (art.
1407), reconstrução do imóvel (art. 1408) e indenização ou reparação paga por terceiros
(ex: desapropriação – art. 1409), pois nessas pode ocorrer sub-rogação do usufruto sobre
o preço. Se a destruição/perecimento for apenas parcial, o direito real subsiste sobre o
remanescente. Caso o usufrutuário tenha concorrido com culpa, deverá indenizar o nu-
proprietário. Cumpre ressaltar, que se a coisa for fungível e consumível, logo passará a
ser do domínio do usufrutuário, não havendo que se falar, portanto, em perecimento.
Caso o usufruto seja extinto, o usufrutuário deverá devolver uma coisa proporcional
àquela que foi consumida, seja em relação ao gênero, à qualidade ou à quantidade ou
deverá pagar um valor equivalente.

O usufruto, como direito real em si, não prescreve. No entanto, caso o usufrutuário
deixe de usar (não-fruição ou não-uso) o bem imóvel por dez anos (art. 205 do CC), o
usufruto irá se extinguir. Alguns doutrinadores entendem que o prazo sustentável para
essas hipóteses é o da usucapião extraordinária e que a aquisição da propriedade se
constitui com o decurso do tempo, sendo que a sentença é meramente declaratória (art.
1238). No caso de bens móveis, o usufruto se extingue se o usufrutuário deixar de usar
ou fruir do bem por três anos. Para ocorrer a perda do usufruto por prescrição, o
usufrutuário não deverá ter praticado nenhum ato de gozo voluntariamente. A culpa do
usufrutuário (quando ele deixa de tomar cuidados mínimos de manutenção e
preservação da coisa ou quando vende o bem dolosamente, apesar de não ser
proprietário) também pode dar margem à extinção do usufruto, através de ação judicial,
exceto se ele apresentar caução que garanta a devolução. Essa hipótese de extinção não
atinge bens fungíveis e consumíveis e deve ser declarada com base na razoabilidade do
Juiz, uma vez que o magistrado pode evitar a extinção exigindo caução ou colocando o
bem sobre a administração do nu-proprietário ou de terceiro.

O usufruto também faz cessar os seus efeitos quando não houver mais causa que
conceda o direito real, a exemplo do usufruto do pai em relação aos bens do filho
menor, se, no caso, o filho atinge a maioridade ou se o pai decai do poder familiar.
Nessas hipóteses, o usufruto termina e a propriedade se consolida. Ademais, há de se
lembrar das causas ordinárias de extinção de direitos, tais como: o abandono, a
resolução da propriedade (desde que a causa determinante remonte à época anterior à

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instituição do usufruto), a desistência e a renúncia (observar que a renúncia não gera o
pagamento do imposto de transmissão inter vivos, uma vez que o nu-proprietário
adquire a propriedade plena da coisa, sem que haja transferência), sendo que as duas
últimas precisam ser expressas e, se o bem for imóvel, há a necessidade de escritura
pública.

O procedimento de extinção do usufruto está disposto nos art. 1103 e 1112, VI, do
CPC, já que é um procedimento de jurisdição voluntária. Quando decorre de morte do
usufrutuário, prescinde-se de decisão judicial, bem como quando resulta de acordo
consensual dos interessados, consolidação, renúncia, entre outros (art. 250, II e III, da
Lei de Registros Públicos), quando deve haver o requerimento de averbação junto ao
registro imobiliário, como já assentado pelo STF. Se o usufruto for legal, a sua extinção,
geralmente, não exige qualquer conduta ou procedimento especial, uma vez que o
instituto é típico de jurisdição voluntária e a sua consolidação prescindiu de qualquer
espécie de registro. É o que se percebe do acórdão abaixo transcrito:

“Usufruto – Extinção – Morte do usufrutuário – Cancelamento junto ao


registro imobiliário – Dispensabilidade. Nos termos do artigo 715 do código
civil, somente a constituição do usufruto sobre bens imóveis há que ser
transcrita no respectivo registro, porquanto uma restrição do direito de

propriedade, de molde a dar ciência a terceiros, não a sua extinção em


razão da morte do usufrutuário, posto condição resolutiva, nos termos do
artigo 739, inciso I, do código civil, de efeito automático, tornando-se o
proprietário parte legitima para ajuizar a ação de despejo.” (2º TACSP –
Ap. s/Tev. 615.854-00/0, 26-6-2001, 7ª Câmara – Rel. Paulo Ayrosa).

Se a extinção se der causa mortis ou por doação (art. 155, I, “a”, CF), o Juiz ordenará
a ouvida do MP e da Fazenda Estadual, para efeitos de se manifestar quanto aos
impostos; ou da Fazenda municipal, quando a transmissão for inter vivos por ato
oneroso (art.156, II, CF), embora seja indevido o tributo na extinção. Em se tratando de
apólices da dívida pública, o cancelamento será averbado na repartição fiscal
competente e se a ação for nominativa, o cancelamento será assinado no livro de
registro. Nas situações de cessação da causa originadora, destruição da coisa, prescrição
ou culpa do usufrutuário, a outra parte deverá optar pelo procedimento ordinário.

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7. AÇÕES DECORRENTES DO USUFRUTO, USO E HABITAÇÃO

Os meios processuais que resguardam tais direitos reais são semelhantes, uma vez
que podem os titulares valer-se da ação reivindicatória no exercício do direito de
seqüela contra o proprietário ou terceiro, que esteja obstando o seu direito.

Quando houver dúvida sobre a existência desses direitos, deve o titular se utilizar de
uma ação declaratória, afinal quem alega o usufruto, o uso ou a habitação deve prová-
los.

Já o proprietário da coisa pode mover uma ação contra o usufrutuário, usuário ou


habitador, nos casos de prejuízos ocasionados por dolo ou culpa. Pode, ainda, exigir
caução e requerer medidas cautelares para impedir a deterioração, perecimento ou perda
da coisa.

Os usufrutuários, usuários e habitadores podem, também, ingressar com uma ação


cominatória para obrigar a entrega da coisa, sob pena de pagamento de multa diária. Se
tal ação for movida contra o proprietário, terá cunho reivindicatório e petitório. Só
poderão utilizar as medidas possessórias se já obtiveram a posse.

Já a ação confessória serve para provar a existência do direito e possui efeito


mandamental, pois sua finalidade é a entrega da coisa ao autor ou seus acréscimos e
frutos. É cabível quando o proprietário nega o direito real ao interessado.

Por outro lado, a ação negatória é conferida ao titular do direito real limitado contra
aquele que o ofendeu/turbou, aduzindo que também possui direito sobre a coisa. Tal
ação pode, inclusive, se voltar contra o possuidor indireto (ex: locador de um imóvel),
caso seja este quem esteja obstando o direito real do usufrutuário, usuário ou habitador.

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8. CONCLUSÃO

Desse modo, percebe-se que, apesar do usufruto ser um instituto ultrapassado e


pouco utilizado atualmente, ainda gera grandes controvérsias e debates fervorosos
acerca da sua natureza jurídica, da sua forma de consolidação, extinção, necessidade de
registro etc, pelo que se torna imprescindível o seu estudo, seja de acordo com as
previsões de direito material do Código Civil de 1916 e de 2002, seja relacionado aos
pressupostos processuais estabelecidos no Código de Processo Civil.

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9. JURISPRUDÊNCIA

Acórdão: 0021549-03.2014.5.04.0402 (AP)


Redator: CLEUSA REGINA HALFEN
Órgão julgador: Seção Especializada em Execução
Data: 20/10/2020
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO
Identificação
PROCESSO nº 0021549-03.2014.5.04.0402 (AP)
AGRAVANTE: HILDA BARRIQUEL
AGRAVADO: NERIS COSTAMILAN BERGAMO - SUCESSÃO DE
RELATOR: CLEUSA REGINA HALFEN

EMENTA
PENHORA DE IMÓVEL OBJETO DE USUFRUTO. MORTE DO
USUFRUTUÁRIO. EXTINÇÃO DO USUFRUTO. O usufrutuário detém apenas a
posse, o uso, a administração e a percepção dos frutos do bem, nos termos do art. 1.394
do CC. Outrossim, de acordo com a norma do art. 1.410 do CC, a morte do usufrutuário
extingue o usufruto, com a consolidação da propriedade na pessoa do nu proprietário.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos.

ACORDAM os Magistrados integrantes da Seção Especializada em Execução do


Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região: por unanimidade, NEGAR
PROVIMENTO AO AGRAVO DE PETIÇÃO DA EXEQUENTE.
Intime-se.
Porto Alegre, 09 de outubro de 2020 (sexta-feira).
Cabeçalho do acórdão
Acórdão
RELATÓRIO
Inconformada com a decisão da lavra do Juiz do Trabalho Gustavo Friedrich
Trierweiler, que invoca a coisa julgada para não apreciar o pedido de penhora (Id
fedd092), recorre a exequente (Id f75cb4f). Com contraminuta da sucessão executada
(Id 49471ed), vêm conclusos os autos. Processo não submetido a parecer do Ministério
Público do Trabalho.
É o relatório.
FUNDAMENTAÇÃO
AGRAVO DE PETIÇÃO DA EXEQUENTE
I - PRELIMINARMENTE
1. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL
O agravo de petição é tempestivo (notificação no Id 1007f76 e agravo no Id f75cb4f) e a
representação, regular (procuração no Id dfe473f). É delimitada a matéria e não são
noticiados fatos impeditivos ao direito de agravar. Portanto, estão preenchidos os
pressupostos de admissibilidade do apelo. A contraminuta da parte executada (Id
49471ed) também é tempestiva (notificação no Id f4916cc) e conta com regular
representação nos autos (procuração no Id 06192d9).
II - MÉRITO

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1. PENHORA DO IMÓVEL DOADO PELA EXECUTADA NERIS COSTAMILAN
BERGAMO COM RESERVA DE USUFRUTO. MORTE DA DEVEDORA NO
CURSO DA EXECUÇÃO
A exequente pede que seja penhorado o imóvel da matrícula nº 107.827 do Registro de
Imóveis de Caxias do Sul, doado pela executada Neris Costamilan Bergamo às suas
filhas, quando ainda estava viva. Salienta que o imóvel foi doado pela então executada
como adiantamento de legítima, invocando as normas legais que regem a sucessão no
âmbito do Direito Civil, tendo em vista o falecimento da executada no decorrer da
presente execução trabalhista. Analisa-se.
A decisão recorrida está fundamentada nos termos abaixo reproduzidos, verbis (Id
fedd092):
[...]
Incabível a reabertura da discussão da matéria aventada na petição do id 97056d5, ante
a preclusão operada pela coisa julgada, certificado no id 0423e26.
Intime-se o exequente.
Decorrido o prazo legal, não havendo indicação de meios inéditos e aptos à satisfação
do débito pelo exequente, arquivar.
Decorrido o prazo legal, não havendo indicação de meios inéditos e aptos à satisfação
do débito pelo exequente, arquive-se com dívida.
Registra-se que o título executivo está consolidado contra Neris Costamilan Bergamo
(Id d761b3f), restando infrutíferas as diligências empreendidas com a finalidade de
quitar a dívida. Sobrevém aos autos cópia da matrícula de nº 107.827 do Registro de
Imóveis de Caxias do Sul (Id 8053ad9), em que consta a averbação da doação do imóvel
em questão, de propriedade da executada, a favor das suas filhas, datada de 2006. A
exequente postula, em diversas oportunidades, a penhora do referido bem, o que é
negado pelo Juiz da causa, em razão da cláusula averbada na matrícula, que reserva à
executada tão somente o usufruto vitalício do bem. No Id c2ff99b, a pretensão é
indeferida novamente, contra o que a exequente interpõe agravo de petição (Id
2b03333), que não é recebido, sendo interposto agravo de instrumento (Id f2e46b2). Na
contraminuta (Id 68557d4), é informado o falecimento da executada, seguindo-se a
decisão monocrática, da lavra da Desembargadora Rejane Souza Pedra, cujo excerto se
reproduz abaixo (Id d5a1355):
[...] A exequente, com o presente agravo de instrumento, busca o destrancamento do
agravo de petição interposto, cujo objeto é a penhora sobre direitos à posse, uso,
administração e percepção dos frutos do imóvel de matrícula 107.827 do RI de Caxias
do Sul com reserva de usufruto em favor da executada Neris Costamilan Bergano (fls.
254-5). Juntamente com a contraminuta foi juntada certidão de óbito, atestando o
falecimento da ré em 31-07-2017 (fl. 302).
Considerando a perda de objeto do recurso principal (agravo de petição das fls. 276-
286) em razão da morte da usufrutuária/executada, considero prejudicado o agravo de
instrumento, razão pela qual dele não conheço (art. 932, III, do CPC).
Na origem deve ser regularizada a representação processual da executada.
Ciência às partes. (Grifa-se.)
No Id 97056d5, a exequente pleiteia novamente a penhora do referido imóvel, com base
na legislação que rege a sucessão civil, diante do falecimento da executada (fato novo),
o que é indeferido pelo Magistrado da origem, ao fundamento de que o pedido encontra
óbice na coisa julgada certificada no Id 0423e26., o que dá causa à interposição do
presente agravo de petição. A decisão recorrida deve ser mantida, mas, por outro
fundamento. É incontroverso nos autos que a executada Neris Costamilan Bergamo, em
2006 (8 anos antes do ajuizamento da presente ação), doou o imóvel em questão às suas

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filhas, mantendo para si apenas o usufruto vitalício do bem, ou seja, passou a deter
apenas a posse, o uso, à administração e à percepção dos frutos do referido imóvel (jus
utendi e jus fruendi) (CC, art. 1.394), em razão da transferência do domínio (jus
disponiendi) operada pela dita doação. Contudo, essa circunstância se altera com o
falecimento da executada usufrutuária, pois, nos termos do inc. I do
inc. I do art. 1.410 do CC, o usufruto se extingue pela morte do usufrutuário, verbis:

Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de


Imóveis:
I - pela renúncia ou morte do usufrutuário;
Sendo assim, diante da morte da executada usufrutuária, consolidam-se em nome das
suas filhas todos os elementos constitutivos da propriedade (tanto o domínio como a
posse do imóvel e seus consectários), as quais não são devedoras na presente execução,
motivo pelo qual o imóvel não pode ser penhorado.
Pelo exposto, nega-se provimento ao agravo de petição da exequente.
III - PREQUESTIONAMENTO
Consideram-se prequestionados todos os dispositivos legais e entendimentos
jurisprudenciais invocados pelas partes, para todos os efeitos legais, conforme o
disposto na Súmula nº 297, I, do TST (Diz-se prequestionada a matéria ou questão
quando na decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito) e na OJ
nº 118, da SDI-I, também do TST (Havendo tese explícita sobre a matéria, na decisão
recorrida, desnecessário contenha nela referência expressa do dispositivo legal para ter-
se como prequestionado este).
CLEUSA REGINA HALFEN
Relator
VOTOS
DEMAIS MAGISTRADOS:
Acompanham o voto do (a) Relator (a).
PARTICIPARAM DO JULGAMENTO:
DESEMBARGADORA CLEUSA REGINA HALFEN (RELATORA)
DESEMBARGADOR JOÃO BATISTA DE MATOS DANDA (REVISOR)
DESEMBARGADOR JOÃO ALFREDO BORGES ANTUNES DE MIRANDA (NÃO
VOTA)
DESEMBARGADORA MARIA DA GRAÇA RIBEIRO CENTENO
DESEMBARGADOR MARCELO GONÇALVES DE OLIVEIRA
DESEMBARGADOR JANNEY CAMARGO BINA

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. VENOSA, Silvio de Salvo, Direito Civil, Direitos Reais, Vol. 5, São Paulo,
Atlas, 2004, 4ª edição;
2. GOMES, Orlando, Direitos Reais, Rio de Janeiro, Forense, 2004, 19ª edição;
3. RODRIGUES, Sílvio, Direito Civil, Direito das coisas, Vol. 5, São Paulo,
Saraiva, 2003, 28ª edição;
4. PEREIRA, Caio Mário da Silva, Instituições de Direito Civil, Direitos Reais,
vol. IV, Rio de Janeiro, Forense, 2004, 18ª edição;
5. RIZZARDO, Arnaldo, Direito das Coisas, Rio de Janeiro, Forense, 2004;
6. DINIZ, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro, Direito das Coisas,
4º V., São Paulo, Saraiva, 2001, 16ª edição;
7. MONTEIRO, Washington de Barros, Curso de Direito Civil, Direito das
Coisas, São Paulo, Saraiva, 2003, 37ª edição;
8. GIUSTI, Miriam Petri L. de Jesus e CELLINO, Rogério Ribeiro, Sumário
de Direito Civil, São Paulo, Rideel, 2004, 2ª edição;
9. ZAVASCKI, Teori Albino, Processo de Execução, Parte geral, São Paulo,
RT, 2004, 3ª edição;
10. VADEMECUM ACADÊMICO DE DIREITO, São Paulo, Saraiva, 2021, 31ª
edição.
11. Jurisprudência;
<https://trt-4.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1107688380/agravo-de-peticao-ap-
215490320145040402/inteiro-teor-1107688409>, visitado em 14/05/2022.

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