Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DIREITO
EDUARDO COSTA
ELISAMA MARQUES
Usufruto
Conceito, Objeto, Natureza Jurídica e Características do Usufruto
Governador Valadares/MG
2022
ANA CAROLINA BORGES NASCIMENTO
EDUARDO COSTA
ELISAMA MARQUES
NAYM MIGUEL LOURENÇO OLIVEIRA
Usufruto
Conceito, Objeto, Natureza Jurídica e Características do Usufruto.
Governador Valadares/MG
2022
2
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ART. ARTIGO
CC CÓDIGO CIVIL
CF CONSTITUIÇÃO FEDERAL
TJ TRIBUNAL DE JUSTIÇA
3
LISTA DE SÍMBOLOS
§ PARÁGRAFO
4
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6
1 O USUFRUTO ......................................................................................................... 8
2 DIFERENÇA ENTRE USUFRUTO X USO X HABITAÇÃO................................... 10
3 MODALIDADE DE USUFRUTO ............................................................................ 11
4 INALIENABILIDADE ............................................................................................. 13
5 DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO USUFRUTUÁRIO E DO NU-PROPRIETÁIO ... 14
6 EXTINÇÃO DO USUFRUTO.................................................................................. 17
7 AÇÕES DECORRENTES DO USUFRUTO, USO E HABITAÇÃO ....................... 20
8 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 21
9 JURISPREDÊNCIA ................................................................................................ 22
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 25
5
INTRODUÇÃO
Entende-se que o usufruto surgiu em Roma, no fim do século III, numa disputa
entre o jurista Bruto, de uma parte, e Maneio Manilio, de outra, sobre a expectativa
acerca do filho natural de uma escrava em usufruto, ou seja, se este deveria pertencer
ao usufrutuário ou ao nu-proprietário. Essa disputa pressupunha o reconhecimento do
usufruto sobre o escravo, o qual, por sua vez, segundo a opinião prevalente, foi
anterior ao reconhecimento da propriedade. Com a evolução da instituição familiar e
do matrimônio, durante os séculos II e III, a esposa começou a estar cada vez mais
submetida ao manus do marido e a permanecer, obviamente, privada de direitos
sucessórios. Desta forma, observa-se a razão socioeconômica do instituto, ou seja, a
de assegurar a subsistência de determinadas pessoas (como por exemplo, o ex-
cônjuge), sem que o patrimônio saísse da família. Assim, poderia o marido romano,
caso entendesse conveniente, por testamento (não privando os filhos de determinada
cota do patrimônio) instituir a mulher como usufrutuária de alguns dos seus bens ou
de sua totalidade, a título de gozo, até a sua morte, sendo está uma forma embrionária
do que hoje conhecemos como usufruto.
6
1. O USUFRUTO
O usufruto está regulado no nosso Novo Código Civil, entre os artigos 1390 e 1411,
porém este instituto não é novidade em nosso ordenamento, uma vez que estava
presente também no Código Civil de 1916. O artigo 713 deste último ordenamento
trazia a definição de usufruto, dizendo:
“Art. 713. Constitui usufruto o direito real de fruir as utilidades e frutos de uma coisa, enquanto
temporariamente destacado da propriedade”.
Cabe, entretanto, lembrar que essa definição não foi repetida pelo Código de 2002,
que entendeu ser esse mais um princípio da doutrina que uma regra de direito. O
mestre BEVILAQUA definia o instituto como sendo o direito real conferido a uma
pessoa, durante certo tempo, que autoriza a retirar da coisa alheia os frutos e
utilidades que ela produz. Observa-se, entretanto, que tanto uma quanto a outra
definição parecem incompletas, haja vista que nenhuma traz a idéia de preservação
da substância, a qual é elementar à noção de usufruto, desde o Código Civil francês,
que dizia que o usufruto era “o direito real de retirar da coisa alheia durante um certo
período de tempo, mais ou menos longo, as utilidades e proveitos que ela encerra,
sem alterar-lhe a substância ou mudar-lhe o destino”. O direito à substância, a
prerrogativa de dispor dela e a expectativa de consolidar a propriedade mais cedo ou
mais tarde, por ser sempre temporário, ficam nas mãos do proprietário do bem,
conhecido aqui como nu-proprietário, enquanto para as mãos do usufrutuário passam,
temporariamente, os direitos de uso e gozo, ficando claro, assim, o desmembramento
do domínio. Desta forma, temos que é formado o usufruto pelo usufrutuário e pelo nu-
proprietário, tratando-se o instituto de um direito real, pois se reveste de todos os
elementos que marcam os direitos dessa natureza, como veremos posteriormente.
Observa-se que esse instituto recai diretamente sobre a coisa e vem munido do
direito de sequela, ou seja, da prerrogativa concedida ao usufrutuário de perseguir a
coisa nas mãos de quem quer que de forma injusta a detenha, uma vez que é ele
oponível erga omnes e sua defesa se faz através de ação real, ou seja, características
eminentemente de direitos reais. É o usufruto um direito real sobre a coisa alheia, que
pressupõe a convivência harmônica dos direitos do usufrutuário e do nu-proprietário,
pois, se fosse sobre a coisa própria, iria se confundir com o domínio. É, ainda,
7
inalienável (art. 1393 do CC) e temporário, determinando, a Lei, sua extinção pela
morte ou renúncia do usufrutuário (art. 1410, I, do CC) ou findo o prazo de 30 anos,
se aquele for pessoa jurídica (art. 1410, II, do CC). O uso é a utilização pessoal da
coisa, pelo usufrutuário ou seus representantes; o gozo representa a prerrogativa de
retirar e fazer seus os frutos naturais e civis da coisa, podendo o usufrutuário consumir
ou vender os frutos, como também dar a coisa em locação, fazendo seus os
alugueres. Pode-se mesmo dizer que o usufruto é um direito real em benefício de um
indivíduo, o que explica o fato dos antigos o chamarem, juntamente com o uso e a
habitação, de servidões pessoais.
Quanto ao objeto, podemos ver que não há restrição, podendo ser constituído
sobre imóveis ou móveis. Ocorre que fica a dúvida sobre os bens consumíveis, ou
seja, se poderiam ser eles alvo do usufruto. A resposta, segundo boa parte da
doutrina, é positiva, sendo ele denominado pelos romanos de quase-usufruto e
modernamente de usufruto impróprio, podendo recair sobre títulos, ações, direitos
incorpóreos de que resultem frutos etc. Cabe ressaltar, que correção monetária não é
renda. Sendo assim, essa não contará como fruto de ações de sociedade anônima,
por exemplo, não podendo ser gozada pelo usufrutuário. As coisas fora de comércio
não poderão ser alvo de usufruto, uma vez que o bem, para os efeitos de ser objeto,
necessita ser alienável e gravável. Desse modo, aquelas, por não serem alienáveis,
graváveis e aproveitáveis, não serão usufrutuáveis.
8
Registro de Imóveis, quando o usucapiente adquire a coisa de quem não seja
proprietário e também pode decorrer de lei.
9
2. DIFERENÇAS ENTRE USUFRUTO X USO X HABITAÇÃO
10
3. MODALIDADES DE USUFRUTO
• USUFRUTO DE REBANHO
Existem autores, como o ilustre Sílvio Venosa, que acham que essa modalidade
de usufruto não tem correspondente no novel CC. No entanto, o art. 1392, parágrafo
2º, dispõe que: “Se há no prédio em que recai o usufruto florestas e os recursos
minerais...”. Entende-se, portanto, que esse instituto foi disciplinado pelo legislador
de 2002. A lei determina, ainda, que a extensão e a maneira de exploração das
florestas e minas devem ser pré-fixadas pelas partes. É vedado ao beneficiário utilizar
abusivamente a coisa, pois assim estaria destruindo a sua substância, objeto do
usufruto.
11
• USUFRUTO DE PESSOA JURÍDICA
Antes de caracterizar essa espécie de usufruto, vale ressaltar que o limite
máximo do usufruto é a vida do usufrutuário. No caso de pessoa jurídica, o prazo é
de trinta anos, a contar da data do início do direito, se outro não for estipulado pelas
partes. Se há quem ache esse prazo muito vasto, imagine o que pensaria a respeito
dos cem anos previstos no código antigo (absurdo!). O beneficiário pode utilizar a
pessoa jurídica como se dono fosse recebendo os proventos e frutos. Apesar de
agir como se fosse o proprietário da coisa, ao usufrutuário é vedado alterar o ramo
ou a destinação da produção da empresa, sem a autorização do dono. O patrimônio
também deve ser mantido na sua integralidade. Se antes do prazo legal
supramencionado a pessoa jurídica for extinta, o mesmo ocorrerá com o direito real.
Se houver cisão entre empresas, cabe a elas decidir quem ficará com o direito de
usufruto.
• USUFRUTO DE PATRIMÔNIO
O Código Civil, em seu art. 1405, determina que: “Se o usufruto recair num
patrimônio, ou parte deste, será o usufrutuário obrigado aos juros da dívida que onerar
o patrimônio ou parte dele”. Este tipo de usufruto pode resultar de negócio jurídico ou
do direito de família, a exemplo das sucessões.
12
4. INALIENABILIDADE
13
5. DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO USUFRUTUÁRIO E DO NU-PROPRIETÁRIO
16
6. EXTINÇÃO DO USUFRUTO
O usufruto, como direito real em si, não prescreve. No entanto, caso o usufrutuário
deixe de usar (não-fruição ou não-uso) o bem imóvel por dez anos (art. 205 do CC), o
usufruto irá se extinguir. Alguns doutrinadores entendem que o prazo sustentável para
essas hipóteses é o da usucapião extraordinária e que a aquisição da propriedade se
constitui com o decurso do tempo, sendo que a sentença é meramente declaratória
(art. 1238). No caso de bens móveis, o usufruto se extingue se o usufrutuário deixar
de usar ou fruir do bem por três anos. Para ocorrer a perda do usufruto por prescrição,
o usufrutuário não deverá ter praticado nenhum ato de gozo voluntariamente. A culpa
do usufrutuário (quando ele deixa de tomar cuidados mínimos de manutenção e
preservação da coisa ou quando vende o bem dolosamente, apesar de não ser
proprietário) também pode dar margem à extinção do usufruto, através de ação
judicial, exceto se ele apresentar caução que garanta a devolução. Essa hipótese de
extinção não atinge bens fungíveis e consumíveis e deve ser declarada com base na
razoabilidade do Juiz, uma vez que o magistrado pode evitar a extinção exigindo
caução ou colocando o bem sobre a administração do nu-proprietário ou de terceiros.
O usufruto também faz cessar os seus efeitos quando não houver mais causa que
conceda o direito real, a exemplo do usufruto do pai em relação aos bens do filho
menor, se, no caso, o filho atinge a maioridade ou se o pai decai do poder familiar.
Nessas hipóteses, o usufruto termina e a propriedade se consolida. Ademais, há de
se lembrar das causas ordinárias de extinção de direitos, tais como: o abandono, a
resolução da propriedade (desde que a causa determinante remonte à época anterior
à instituição do usufruto), a desistência e a renúncia (observar que a renúncia não
18
gera o pagamento do imposto de transmissão inter vivos, uma vez que o nu-
proprietário adquire a propriedade plena da coisa, sem que haja transferência), sendo
que as duas últimas precisam ser expressas e, se o bem for imóvel, há a necessidade
de escritura pública.
O procedimento de extinção do usufruto está disposto nos art. 1103 e 1112, VI, do
CPC, já que é um procedimento de jurisdição voluntária. Quando decorre de morte do
usufrutuário, prescinde-se de decisão judicial, bem como quando resulta de acordo
consensual dos interessados, consolidação, renúncia, entre outros (art. 250, II e III,
da Lei de Registros Públicos), quando deve haver o requerimento de averbação junto
ao registro imobiliário, como já assentado pelo STF. Se o usufruto for legal, a sua
extinção, geralmente, não exige qualquer conduta ou procedimento especial, uma vez
que o instituto é típico de jurisdição voluntária e a sua consolidação prescindiu de
qualquer espécie de registro. É o que se percebe do acórdão abaixo transcrito:
Se a extinção se der causa mortis ou por doação (art. 155, I, “a”, CF), o Juiz
ordenará a ouvida do MP e da Fazenda Estadual, para efeitos de se manifestar
quanto aos impostos; ou da Fazenda municipal, quando a transmissão for inter
vivos por ato oneroso (art.156, II, CF), embora seja indevido o tributo na extinção.
Em se tratando de apólices da dívida pública, o cancelamento será averbado na
repartição fiscal competente e se a ação for nominativa, o cancelamento será
assinado no livro de registro. Nas situações de cessação da causa originadora,
destruição da coisa, prescrição ou culpa do usufrutuário, a outra parte deverá optar
pelo procedimento ordinário.
19
7. AÇÕES DECORRENTES DO USUFRUTO, USO E HABITAÇÃO
Os meios processuais que resguardam tais direitos reais são semelhantes, uma
vez que podem os titulares valer-se da ação reivindicatória no exercício do direito
de sequela contra o proprietário ou terceiro, que esteja obstando o seu direito.
Por outro lado, a ação negatória é conferida ao titular do direito real limitado
contra aquele que o ofendeu/turbou, aduzindo que também possui direito sobre a
coisa. Tal ação pode, inclusive, se voltar contra o possuidor indireto (ex: locador de
um imóvel), caso seja este quem esteja obstando o direito real do usufrutuário,
usuário ou habitador.
20
8. CONCLUSÃO
21
9. JURISPRUDÊNCIA
Acórdão: 0021549-03.2014.5.04.0402 (AP)
Redator: CLEUSA REGINA HALFEN
Órgão julgador: Seção Especializada em Execução
Data: 20/10/2020
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO
Identificação
PROCESSO nº 0021549-03.2014.5.04.0402 (AP)
AGRAVANTE: HILDA BARRIQUEL
AGRAVADO: NERIS COSTAMILAN BERGAMO - SUCESSÃO DE
RELATOR: CLEUSA REGINA HALFEN
EMENTA
PENHORA DE IMÓVEL OBJETO DE USUFRUTO. MORTE DO USUFRUTUÁRIO.
EXTINÇÃO DO USUFRUTO. O usufrutuário detém apenas a posse, o uso, a
administração e a percepção dos frutos do bem, nos termos do art. 1.394 do CC.
Outrossim, de acordo com a norma do art. 1.410 do CC, a morte do usufrutuário
extingue o usufruto, com a consolidação da propriedade na pessoa do nu proprietário.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos.
22
(Id 49471ed), vêm conclusos os autos. Processo não submetido a parecer do
Ministério Público do Trabalho.
É o relatório.
FUNDAMENTAÇÃO
AGRAVO DE PETIÇÃO DA EXEQUENTE
I - PRELIMINARMENTE
1. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL
O agravo de petição é tempestivo (notificação no Id 1007f76 e agravo no Id f75cb4f)
e a representação, regular (procuração no Id dfe473f). É delimitada a matéria e não
são noticiados fatos impeditivos ao direito de agravar. Portanto, estão preenchidos os
pressupostos de admissibilidade do apelo. A contraminuta da parte executada (Id
49471ed) também é tempestiva (notificação no Id f4916cc) e conta com regular
representação nos autos (procuração no Id 06192d9).
II - MÉRITO
1. PENHORA DO IMÓVEL DOADO PELA EXECUTADA NERIS COSTAMILAN
BERGAMO COM RESERVA DE USUFRUTO. MORTE DA DEVEDORA NO CURSO
DA EXECUÇÃO
A exequente pede que seja penhorado o imóvel da matrícula nº 107.827 do Registro
de Imóveis de Caxias do Sul, doado pela executada Neris Costamilan Bergamo às
suas filhas, quando ainda estava viva. Salienta que o imóvel foi doado pela então
executada como adiantamento de legítima, invocando as normas legais que regem a
sucessão no âmbito do Direito Civil, tendo em vista o falecimento da executada no
decorrer da presente execução trabalhista. Analisa-se.
A decisão recorrida está fundamentada nos termos abaixo reproduzidos, verbis (Id
fedd092):
[...]
Incabível a reabertura da discussão da matéria aventada na petição do id 97056d5,
ante a preclusão operada pela coisa julgada, certificado no id 0423e26.
Intime-se o exequente.
Decorrido o prazo legal, não havendo indicação de meios inéditos e aptos à satisfação
do débito pelo exequente, arquivar.
Decorrido o prazo legal, não havendo indicação de meios inéditos e aptos à satisfação
do débito pelo exequente, arquive-se com dívida.
Registra-se que o título executivo está consolidado contra Neris Costamilan Bergamo
(Id d761b3f), restando infrutíferas as diligências empreendidas com a finalidade de
quitar a dívida. Sobrevém aos autos cópia da matrícula de nº 107.827 do Registro de
Imóveis de Caxias do Sul (Id 8053ad9), em que consta a averbação da doação do
imóvel em questão, de propriedade da executada, a favor das suas filhas, datada de
2006. A exequente postula, em diversas oportunidades, a penhora do referido bem, o
que é negado pelo Juiz da causa, em razão da cláusula averbada na matrícula, que
reserva à executada tão somente o usufruto vitalício do bem. No Id c2ff99b, a
23
pretensão é indeferida novamente, contra o que a exequente interpõe agravo de
petição (Id 2b03333), que não é recebido, sendo interposto agravo de instrumento (Id
f2e46b2). Na contraminuta (Id 68557d4), é informado o falecimento da executada,
seguindo-se a decisão monocrática, da lavra da Desembargadora Rejane Souza
Pedra, cujo excerto se reproduz abaixo (Id d5a1355):
[...] A exequente, com o presente agravo de instrumento, busca o destrancamento do
agravo de petição interposto, cujo objeto é a penhora sobre direitos à posse, uso,
administração e percepção dos frutos do imóvel de matrícula 107.827 do RI de Caxias
do Sul com reserva de usufruto em favor da executada Neris Costamilan Bergano (fls.
254-5). Juntamente com a contraminuta foi juntada certidão de óbito, atestando o
falecimento da ré em 31-07-2017 (fl. 302).
Considerando a perda de objeto do recurso principal (agravo de petição das fls. 276-
286) em razão da morte da usufrutuária/executada, considero prejudicado o agravo
de instrumento, razão pela qual dele não conheço (art. 932, III, do CPC).
Na origem deve ser regularizada a representação processual da executada.
Ciência às partes. (Grifa-se.)
No Id 97056d5, a exequente pleiteia novamente a penhora do referido imóvel, com
base na legislação que rege a sucessão civil, diante do falecimento da executada (fato
novo), o que é indeferido pelo Magistrado da origem, ao fundamento de que o pedido
encontra óbice na coisa julgada certificada no Id 0423e26., o que dá causa à
interposição do presente agravo de petição. A decisão recorrida deve ser mantida,
mas, por outro fundamento. É incontroverso nos autos que a executada Neris
Costamilan Bergamo, em 2006 (8 anos antes do ajuizamento da presente ação), doou
o imóvel em questão às suas filhas, mantendo para si apenas o usufruto vitalício do
bem, ou seja, passou a deter apenas a posse, o uso, à administração e à percepção
dos frutos do referido imóvel (jus utendi e jus fruendi) (CC, art. 1.394), em razão da
transferência do domínio (jus disponiendi) operada pela dita doação. Contudo, essa
circunstância se altera com o falecimento da executada usufrutuária, pois, nos termos
do inc. I do
inc. I do art. 1.410 do CC, o usufruto se extingue pela morte do usufrutuário, verbis:
24
disposto na Súmula nº 297, I, do TST (Diz-se prequestionada a matéria ou questão
quando na decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito) e
na OJ nº 118, da SDI-I, também do TST (Havendo tese explícita sobre a matéria, na
decisão recorrida, desnecessário contenha nela referência expressa do dispositivo
legal para ter-se como prequestionado este).
CLEUSA REGINA HALFEN
Relator
VOTOS
DEMAIS MAGISTRADOS:
Acompanham o voto do (a) Relator (a).
PARTICIPARAM DO JULGAMENTO:
DESEMBARGADORA CLEUSA REGINA HALFEN (RELATORA)
DESEMBARGADOR JOÃO BATISTA DE MATOS DANDA (REVISOR)
DESEMBARGADOR JOÃO ALFREDO BORGES ANTUNES DE MIRANDA (NÃO
VOTA)
DESEMBARGADORA MARIA DA GRAÇA RIBEIRO CENTENO
DESEMBARGADOR MARCELO GONÇALVES DE OLIVEIRA
DESEMBARGADOR JANNEY CAMARGO BINA
25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. VENOSA, Silvio de Salvo, Direito Civil, Direitos Reais, Vol. 5, São Paulo, Atlas,
2004, 4ª edição;
2. GOMES, Orlando, Direitos Reais, Rio de Janeiro, Forense, 2004, 19ª edição;
3. RODRIGUES, Sílvio, Direito Civil, Direito das coisas, Vol. 5, São Paulo,
Saraiva, 2003, 28ª edição;
4. PEREIRA, Caio Mário da Silva, Instituições de Direito Civil, Direitos Reais,
vol. IV, Rio de Janeiro, Forense, 2004, 18ª edição;
5. RIZZARDO, Arnaldo, Direito das Coisas, Rio de Janeiro, Forense, 2004;
6. DINIZ, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro, Direito das Coisas,
4º V., São Paulo, Saraiva, 2001, 16ª edição;
7. MONTEIRO, Washington de Barros, Curso de Direito Civil, Direito das
Coisas, São Paulo, Saraiva, 2003, 37ª edição;
8. GIUSTI, Miriam Petri L. de Jesus e CELLINO, Rogério Ribeiro, Sumário de
Direito Civil, São Paulo, Rideel, 2004, 2ª edição;
9. ZAVASCKI, Teori Albino, Processo de Execução, Parte geral, São Paulo,
RT, 2004, 3ª edição;
10. VADEMECUM ACADÊMICO DE DIREITO, São Paulo, Saraiva, 2021, 31ª
edição.
11. Jurisprudência; <https://trt-
4.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1107688380/agravo-de-peticao-ap-
215490320145040402/inteiro-teor-1107688409>, visitado em 14/05/2022.
26