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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Extensão de Nacala-Porto

O USUFRUTO

AS SERVIDÕES

Discente:
BERNARDETE JORGE CORRÊA
HILÁRIO JOSÉ SAUL CHIRINDZA

SAMARA MAHOMED AFZAL


NAYRA BINZE

Nacala- Porto
Abril, 2022

1
UNIVERSIDADE CATOLICA DE MOÇAMBIQUE
Extensão de Nacala-Porto

O USUFRUTO

AS SERVIDÕES

Trabalho para fins avaliativos da cadeira de Direitos


Reais, do curso de direito, 3o ano, 2º Grupo, pós-
laboral, apresentado à Universidade Católica de
Moçambique – Extensão de Nacala

DISCENTES: DOCENTE:

BERNARDETE JORGE CORRÊA Dra. Chaquila


Carimo

HILÁRIO JOSÉ SAUL CHRINDZA

SAMARA MAHOMED AFZAL

NAYRA BINZE

Nacala-Porto

2
Abril 2022

3
Índice

Objectivos...............................................................................................................................................4
Problematização....................................................................................................................................5
Introdução..............................................................................................................................................6
1.Usufruto...............................................................................................................................................7
1.1 A origem histórica do usufruto no Direito Romano......................................................................7
1.2 Conceito do Usufruto.......................................................................................................................7
1.3 Objecto do Usufruto........................................................................................................................8
1.4 Características do usufruto.............................................................................................................9
2.0 Servidão..........................................................................................................................................11
2.1 Conceito..........................................................................................................................................12
2.2 Objecto do direito das Servidões..................................................................................................13
2.3 Modalidades de Servidão..............................................................................................................13
2.4 Servidões Legais de Passagem......................................................................................................16
2.5 Servidões legais de águas...............................................................................................................16
Conclusão.............................................................................................................................................17
Bibliografia..........................................................................................................................................18

4
Objectivos
Objetivos Gerais

 Finalidade do trabalho: Verificar se os conceitos, características, de um modo geral ou


detalhadamente.

 Delimitação da pesquisa: O trabalho será feito com base em manuais existentes do


Direitos Reais, entre outras fontes existentes também do Direitos Reais.

Objetivos Específicos

 Analisar os conceitos e as características apresentadas no Usufruto e nas Servidões;


 Especificar o Usufruto e as Servidões quanto ao conteúdo;
 Comparar a redução os possíveis conteúdos e a forma de manifestação das Servidões e do
Usufruto.

5
Problematização
Diante do Usufruto e a Servidão precisa-se fazer um estudo completo sobre o tema em causa de
modo a perceber melhor sobre o mesmo.
Quais são as principais características do Usufruto e da Servidão?

6
Introdução
No presente trabalho tivemos como temas de partida o Usufruto e A Servidão, no qual o usufruto
que é:

O direito de uso que pode constituir-se sobre qualquer tipo de bem suscetível de uso, seja móvel,
imóvel, material ou imaterial. Podem ser titulares do direito de uso tanto pessoas físicas como
jurídicas, embora neste último caso seja necessário estabelecer um limite temporal. É um direito
personalíssimo, que não pode ser alienado nem arrendado, nem pode ser objeto de hipoteca.

Os direitos de uso e de habitação constituem-se e extinguem-se pelos mesmos modos que o


usufruto, e são igualmente regulados pelo seu título constitutivo.

Porém o direito de uso é mais limitado que o usufruto. O usuário pode servir-se dos frutos (tudo
aquilo que pode ser produzido a partir de uma coisa, sem alterar nem lhe diminuir a substância)
no limite das suas necessidades e de sua família e somente de maneira direta.

Um usufrutuário pode ceder, alugar ou arrendar a coisa, enquanto que o usuário não pode fazê-
lo.

No entanto no esta relacionado a servidão:

É uma das modalidades especiais de intervenção do Estado na propriedade e, apesar de ter se


desenvolvido no direito privado, especificamente nas servidões de passagem ou de trânsito,
constitui um direito real de gozo por parte da Administração Pública, com base na lei, sobre o
imóvel de propriedade particular, em função do interesse público. Esclarece-se que a servidão
administrativa não é instituída em favor de um bem, mas de uma utilidade pública.

7
1.Usufruto
1.1 A origem histórica do usufruto no Direito Romano.
Usufruto nasceu para providenciar alimentos, nomeadamente, a viúva do falecido. Uma vez que
a lei sucessória não admitia a transmissão para a mulher do proprietário falecido, o usufruto
satisfazia uma finalidade alimentícia daquela.1

Segundo uma famosa definição de Paulus, o Usufruto consiste em num ius alienis
rebus utendi fruendi salva rerum substantia, (O direito de usar e desfrutar da
propriedade de outros, mantendo a propriedade de outros).

Nesta definição destaca-se imediatamente a menção ao usufruto como direito sobre a coisa
alheia. O objecto deste direito seria uma coisa pertencente a outra pessoa, mormente, ao
proprietário

Na sua origem, a tónica central do usufruto está em assegurar ao titular os fructus produzidos
pela coisa, entendendo-se por frutos não apenas os frutos naturais, mas todos os réditos que ela
fosse sucesptível de gerar e se compreendessem na noção económico-social de frutos.2

Porque assegurar os frutos representa o escopo central deste direito, o usufruto


também se chama fructuarius, e o usufruto fructus.

1.2 Conceito do Usufruto


No contexto geral

Usufruto é aquilo que se usufrui, ou seja, que se pode desfrutar e que se pode fruir, que se
colhe os frutos, que se tem gozo e a posse temporária. Do latim «Usufructo», que significa «uso
dos frutos»

No campo Jurídico

Usufruto é o direito que se confere a alguém, para que, por certo tempo, de forma inalienável e
impenhorável, possa usufruir da coisa alheia como se fosse sua, contanto que não lhe altere a
substância ou o destino, se obrigando a zelar pela sua integridade e conservação.

1
VIEIRA, José Alberto,2ª Edição Abril 2018, Direitos Reais, Edições ALMEDIMA S.A. Coimbra
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VIEIRA, José Alberto,2ª Edição Abril 2018, Direitos Reais, Edições ALMEDIMA S.A. Coimbra

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Usufruto

Vide o artigo 1439 do Código Civil

Usufruto é o direito de gozar temporária e plenamente uma coisa ou direito alheio, sem alterar a
sua forma ou substância3.

1.3 Objecto do Usufruto


É na própria lei que se encontra qual pode ser o objeto do usufruto. Prevê o art. 1.439 ss do
Código Civil vigente que “o usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em
um patrimônio inteiro ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e
utilidades”. Os bens podem ser corpóreos ou incorpóreos.

Em princípio, tudo o que está no comércio é passível de ser objeto do


usufruto, reclamando-se apenas que seja alienável e agravável. Inclusive
direitos podem ser objeto de usufruto, necessitando ter como
característica a transmissibilidade, como por exemplo um direito de
crédito.4

Mostrando a importância de se delimitar o objeto do usufruto, expõe Nader (2006, p. 431) que:

A definição do objeto deve constar, com clareza, do termo constitutivo do jus in re aliena,
juntamente com outros dados indispensáveis, como a identidade da pessoa beneficiada, tempo de
duração e outras cláusulas que expressem a vontade das partes, isto quando a fonte for
contratual.

O objeto se divide em próprio e impróprio. O próprio relaciona-se às coisas inconsumíveis e


infungíveis, em que a substância é conservada e restituída ao nu-proprietário. O impróprio,
também denominado quase-usufruto, recai sobre coisas consumíveis e fungíveis.

O usufruto será particular ou singular quando seu objeto for determinado de forma individual,
sobre um bem específico; e universal, se incidir sobre uma universalidade de bens ou quota-
parte. Assim, pode ter ainda como objeto um patrimônio, total ou apenas de parte. “Se o usufruto
recair num patrimônio, ou parte deste, será o usufrutuário obrigado aos juros da dívida que
onerar o patrimônio ou a parte dele”. Ademais, pode recair sobre florestas ou recursos minerais.
3
Código Civil Moçambicano
4
Viana (2006, p. 301)

9
apresenta a possibilidade de usufruto de um usufruto, que ocorre enquanto
os pais estão no exercício do poder familiar: "Os pais, enquanto perdurar
o poder familiar, detêm o direito de usufruto sobre o patrimônio do filho. Se
este for usufrutuário de algum bem, a hipótese se caracteriza (art. 1.989,
I)".5

O usufruto sobre bem imóvel exige registro no Cartório de Registro de Imóveis, salvo se
resultante de usucapião, em que o registro será declaratório. Segundo Venosa (2003, p. 430), “o
registro imobiliário para os imóveis é essencial como ônus real que é, para gerar feito erga
omnes”. No que se refere aos bens móveis, é imprescindível a tradição para a transferência do
bem, sendo desnecessário algum registro. 6

Outrossim, se derivar do poder de família, desnecessário o registro, eis que


não possui natureza de direito real, sendo consectário lógico da
administração dos pais sobre os bens dos filhos 7

Participantes do usufruto

Existem, necessariamente, dois participantes: o nu-proprietário, aquele que tem a propriedade da


coisa; e o usufrutuário, aquele que usa a coisa e goza dos seus frutos

1.4 Características do usufruto


Antes de mais nada, vale a pena relembrar que o usufruto é um direito. Esse direito tem algumas
características.

Em primeiro lugar, ele é um direito real, ou seja, um direito sobre uma coisa (em
oposição aos direitos pessoais, que são direitos em relação a uma pessoa).

Em segundo lugar, ele é necessariamente temporário. Se o usufrutuário for uma pessoa, a


duração máxima é o seu tempo de vida – em outras palavras, o filho não herda o direito. Se o
usufrutuário for uma empresa ou outra pessoa jurídica, a duração máxima é 30 anos.

5
Nader (2006, p. 432)
6
VIEIRA, José Alberto,2ª Edição Abril 2018, Direitos Reais, Edições ALMEDIMA S.A. Coimbra
7
(FARIAS; ROSENVALD, 2008, p. 575)

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Em terceiro lugar, o direito de usufruto não pode ser alienado ou transferido. Você não
pode vender seu direito de usufruto ou repassa-lo para outra pessoa. É por isso, também, que,
quando o usufrutuário falece, o direito de usufruto se extingue.

Em quarto lugar, o direito diz respeito à posse, e não à propriedade, como já vimos. Por
isso, existem limitações em relação ao que o usufrutuário pode fazer com a coisa; vender ou
permitir que ela se? deteriore, por exemplo, não é permitido.

Constituição do usufruto

A constituição do direito de usufruto pode se dar por determinação da lei, por decisão judicial ou
por atos entre vivos.

Uma doação com reserva de usufruto é o exemplo mais comum de ato entre vivos que constitui
direito de usufruto. Por exemplo, uma pessoa tem um imóvel; ela pode doar o imóvel para um
amigo A, com reserva de usufruto para o amigo B. Assim, o amigo A será o proprietário, mas
deve respeitar o direito de usufruto do amigo B.

Espécies de usufruto

O usufruto pode ser próprio, se a coisa pode ser devolvida exatamente nas mesmas condições ao
proprietário. Ele será impróprio, se a coisa necessariamente não pode ser devolvida nas mesmas
condições.8

O usufruto também pode ser simultâneo, se for concedido ao mesmo tempo para mais de uma
pessoa.

Extinção do usufruto

O direito do usufruto se extingue de várias formas. As principais são: pela morte do usufrutuário;
pelo fim do prazo de 30 anos, no caso de empresas; ou pelo perecimento da coisa. Se a coisa
perece e não pode ser devolvida ao nu-proprietário, pode haver uma responsabilização do
usufrutuário, que terá de reparar o dano.

Usufruto de ações

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GAGLIANO, Pablo Stolze & FILHO, Rodolfo Pamplona, Direitos Reais -Brasil, Novo curso de direito Civil, Volume 5 -
São Paulo: Saraiva Educação 2019

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No universo do mercado financeiro, o conceito de usufruto é relevante, porque é possível haver
usufruto de ativos financeiros, como as ações. Trata-se da situação em que você não é o dono do
papel em si, mas recebe seus resultados econômicos: lucros ou dividendos.

Uma boa notícia é que os rendimentos do usufrutuário não são tributados por Imposto de Renda.
Dessa forma, o usufrutuário recebe o mesmo tratamento tributário que qualquer proprietário de
ação.9

E em relação ao direito de voto A rigor, esse direito não se estende ao usufrutuário, só podendo
ser exercido pelo nu-proprietário da ação.

Porém, entende-se que a falta de poder de voto pode prejudicar o usufruto, já que as decisões
tomadas por outros vão afetar os resultados econômicos das ações.

2.0 Servidão
Artigo 1529º CC

De acordo com Gagliano e Pamblona, ao longo da história da humanidade, é forçoso conuir a


noção comum de ´´ Servidão`` correspondia a uma relação de submissão de serres humanos a
outros, em função da sua costa ao grupo social, em um estado de sujeição que os divida entre
servos e senhores.

Nessa linha de raciocínio de uma relação em que um serve ao outro, podemos localizar o
conceito jurídico do direito real de servidão, que nada tem a ver com a subjugação do ser
humano.

Tal como outros direitos reais, as servidões prediais tiveram os seus antecedentes
históricos no Direito romano e são decerto os mais antigos direitos reais sobre a
coisa alheia.

No Direito romano antigo, pré-clássico e clássico, as servidões eram direitos


prediais (iura praediorum).

Por acto voluntario dos proprietários, um prédio ficava como que o serviço de um outro, sujeito a
ele no aproveitamento de uma utilidade. Essa utilidade devia ser objectiva e permanente. Ela não

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GAGLIANO, Pablo Stolze & FILHO, Rodolfo Pamplona, Direitos Reais -Brasil, Novo curso de direito Civil, Volume 5 -
São Paulo: Saraiva Educação 2019

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visava satisfazer uma necessidade do proprietário circunstancial do prédio, mas devia beneficiar
objectivamente o prédio.

Por outro lado, não se admitiam utilidades temporárias ou provisorias. A servidão satisfazia uma
necessidade permanente.

O prédio que beneficiava da servidão dizia-se dominante; para o prédio sujeito à servidão, prédio
serviente na linguagem moderna, por tanto parece que não havia uma designação especifica. A
servidão impunha um gravame ao prédio serviente a favor do prédio dominante.10

Por tanto falar sobre servidão engloba vários sentidos da palavra, muitas das vezes
ao ouvir sobre este termo servidão o mesmo nos remete ao pensamento de servir,
isto é, servir alguém com objectivo de algo, servir aos que possuem bens para que
aqueles que nós tenham possam de alguma forma adquirir algo.

2.1 Conceito
É importante distinguir o conceito comum do conceito jurídico do termo Servidão. Em sentido
jurídico servidão é a entidade como o facto de um prédio não possuir todos os requisitos
necessários, busca assim um outro que possua para que este possa contemplá-lo.

O proprietário de um prédio não conseguiu de certa forma realizar com aquilo que era o seu
desejo no seu prédio, que é denominado por dominante busca assim um prédio que tenha esta
capacidade de servidão para assim servi-lo denominado serviente.11

A servidão é um direito de gozo sobre imoveis que, em virtude da lei ou vontade das partes, sem
impor sobre o prédio serviente em benefício do dominante, visando proporcionar valorizações
deste, bem como torná-lo mais útil.

É um direito real, voluntariamente imposto a um prédio (serviente) em favor de


outro (dominante), em virtude do qual o proprietário do primeiro perde exercício de
seus direitos dominiais sobre o seu prédio, ou tolera que dele se utilize o
proprietário do segundo, tornando este mais útil.

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GAGLIANO, Pablo Stolze & FILHO, Rodolfo Pamplona, Direitos Reais -Brasil, Novo curso de direito Civil, Volume 5
-São Paulo: Saraiva Educação 2019
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GAGLIANO, Pablo Stolze & FILHO, Rodolfo Pamplona, Direitos Reais -Brasil, Novo curso de direito Civil, Volume 5
-São Paulo: Saraiva Educação 2019.

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2.2 Objecto do direito das Servidões
O direito de servidão tem por objecto o prédio serviente. Não obstante beneficiar prédio
dominante, o direito de servidão não recai sobre esta coisa, mas sim sobre a coisa cuja a utilidade
beneficia aquele prédio.

Assim, apesar do titular do direito real sobre o prédio dominante adquirir o direito de servidão
por força da sua posição sobre aquele prédio (acessoriedade), a coisa sobre a qual recai a
servidão é o prédio serviente. O exercício do direito de servidão refere-se unicamente ao prédio
serviente.12

As servidões prediais têm por objectivo precípuo proporcionar uma valorização do


prédio dominante, tornando-o mais útil, agradável ou comodo. Implica, por outro
lado, uma desvalorização económica do prédio serviente, levando-se em
consideração que as servidões prediais são perpétuas, acompanhando sempre os
imoves quando transferidos.

Por isso, são esses direitos designados servidões, uma vez que a coisa onerada serve, ou melhor,
presta uma utilidade ou vantagem real e constante ao prédio dominante.

2.3 Modalidades de Servidão


Tradicionalmente a doutrina apresenta algumas classificações do direito de servidão.

Por tanto, a mais antiga classificação das servidões é possivelmente aquela que distingue as
servidões rusticas e urbanas, consoante a natureza do prédio sobre que recaem.13

Válida para o Direito romano, ela perdeu grande parte do seu alcance na actualidade.

As possíveis classificações são:

 Servidões Legais (Coactivas) e Servidões Voluntárias;


 Servidões aparentes e não aparentes; alínea a) do artigo 1293º do CC
 Servidões positivas e negativas;
 Servidões Activas e Servidões passivas

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Servidões Legais e Servidões voluntárias

Todas as servidões têm a sua fonte na lei. Nessa medida, a servidão voluntária constitui
igualmente uma servidão legal.

Todavia, enquanto a servidão voluntária resulta do funcionamento da autonomia privada, sendo,


portanto, o produto de uma decisão livre das partes concretizada por via negocial (contracto ou
testamento).14

A servidão Legal propriamente dita atribui ao beneficiário um direito potestativo à sua


constituição. Artigo 1550º e ss CC.

Assim, se o titular do direito real do prédio adstrito à constituição da servidão não colaborar na
sua constituição, outorgando o negócio jurídico respectivo, o beneficiário do direito a servidão
pode impô-la coactivamente, com recurso à via judicial ou administrativa. Vide o artigo 1547º do
código civil.15

Servidões aparentes e Servidões não aparentes

O código civil Moçambicano define servidões não aparentes servidões que não se revelam por
sinais visíveis e permanentes, artigo 1548º CC nº1.

As servidões, no que diz respeito ao seu modo de efetivação, poderão ser:

a) positivas – caracterizam-se pela circunstância de conferirem ao seu titular (dono do prédio


dominante) o direito de realizar um fato ou praticar determinada conduta, como se dá na servidão
de passagem.16

b) negativas – o titular do prédio serviente obriga-se a uma abstenção, em favor do prédio


dominante, a exemplo da obrigação de não construir acima de determinada altura (altius non
tollendi).17

Quanto à natureza do imóvel gravado, temos servidões:

a) rústicas – são as servidões incidentes em imóveis localizados fora do perímetro urbano.


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VIEIRA, José Alberto,2ª Edição Abril 2018, Direitos Reais, Edições ALMEDIMA S.A. Coimbra
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VIEIRA, José Alberto,2ª Edição Abril 2018, Direitos Reais, Edições ALMEDIMA S.A. Coimbra

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b) urbanas – são as servidões incidentes em prédios edificados, nos limites da cidade”.

Quanto à necessidade ou não de atuação humana, podem ser:

a) contínuas – são as servidões que independem de uma atuação ou conduta humana direta, a
exemplo de uma servidão de aqueduto. Note-se que, mesmo que a água não esteja escoando
em dado momento, ou escoe em intervalos, ainda assim teremos uma servidão contínua, pois
a estrutura existente permanece independente da conduta humana para existir.
b) descontínuas – são as servidões que, para o seu funcionamento, exigem uma “ação humana
sequencial, como, por exemplo, a de trânsito; a de tirar água de prédio alheio, que se realiza
pela circunstância de ir alguém à fonte, rio, poço ou lago para trazê-la; a de extração de
minerais.18

Quanto à sua manifestação exterior, temos, ainda, as servidões:

a) aparentes – são aquelas visíveis, passíveis de constatação por sinais exteriores, como uma
servidão de passagem de cabos ou de aqueduto.

b) não aparentes – não são visíveis, ou seja, trata-se de servidões que não se manifestam por
sinais exteriores, como uma servidão de não edificar ou de trânsito em determinado local, sem
nenhum tipo de marco, trilha ou indicação.19

2.4 Servidões Legais de Passagem


Artigo 1550 ss do código civil

O direito de servidão legal decorre dos direitos de vizinhança, que por si só são direitos que
visam dirimir conflitos que ocorram entre pessoas que estão exercendo seu direito de
propriedade, daí compreender-se que o direito de propriedade é relativo, já que não pode ser
exercido em detrimento de direito de propriedade de terceiro. Neste sentido temos como
distinções entre o direito de vizinhança de servidão legal, e o direito real de servidão que:

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1. A fonte das servidões legais é a lei, enquanto o direito real de servidão decorre da vontade das
partes, conforme estas convencionam;

2. A servidão legal por decorrer da lei é pública e por essa razão não precisa de registro;
enquanto o direito real de servidão precisa de registro para que produza efeitos quanto a
terceiros.

3. A servidão legal é recíproca, ou seja, ambos os vizinhos gozam de vantagens e sofrem


limitações. No direito real de servidão o titular do imóvel dominante tem vantagens e o titular do
imóvel serviente tem limitações. Assim, não há reciprocidade de direitos e obrigações.

4. Por fim, a servidão legal tem interesse social, decorrendo de direito entre vizinhos. Sua
finalidade é comunitária. Já o direito real de servidão visa atingir os direitos das partes, suas
conveniências.20

2.5 Servidões legais de águas


Artigo 1557 ss do Código Civil

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Conclusão
Apos uma busca da informação que compõem o trabalho chegamos a conclusão que o sistema de
usufruto imperfeito dá ao usufrutuário alguma capacidade de modificar a propriedade. Por
exemplo, se um proprietário de terra concede um pedaço de terra a um usufrutuário para uso
agrícola, o usufrutuário pode ter o direito de não apenas plantar na terra, mas também fazer
melhorias que ajudariam na agricultura, por exemplo, construindo um celeiro.

No entanto, isso pode ser desvantajoso para o usufrutuário: se um usufrutuário fizer melhorias
materiais - como um edifício ou acessórios anexados ao prédio ou outras estruturas fixas - ao seu
usufruto, ele não possui as melhorias e nenhum dinheiro gasto naqueles as melhorias
pertenceriam ao proprietário original no final do usufruto

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Bibliografia
VIEIRA, José Alberto,2ª Edição Abril 2018, Direitos Reais, Edições ALMEDIMA S.A. Coimbra

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direito Civil, Volume 5 -São Paulo: Saraiva Educação 2019

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