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RESUMO
Perante requisitos legais estabelecidos em lei, uma das estratégias utilizada para
requerer a aquisição legal de propriedade, cuja posse é comprovadamente
prolongada e qualificada é a usucapião. Todavia, ainda que se trate de um instituto
bem antigo, sua utilização, tem ao longo dos séculos suscitado muitos debates, quer
no que se refere a seus fundamentos, quer no que se refere a sua legislação,
principalmente no que ser refere ao seu uso na área urbana. Portanto, questiona-se:
O que significa usucapião e quais suas modalidades? Qual a previsão legal e os
requisitos necessários para fazer uso desse dispositivo? Quais são condições para a
viabilidade da usucapião urbana? Nessa perspectiva, tendo como procedimento
metodológico a pesquisa bibliográfica, almeja-se, identificar as condições para a
viabilidade da usucapião urbana; revelar o conceito de usucapião; explicitar o
entendimento jurídico dos termos de posse e propriedade; dissertar sobre o
surgimento da usucapião urbana; elencar as modalidades de usucapião; expor os
fundamentos legais da usucapião; e, descrever os requisitos necessários para fazer
uso do dispositivo na área urbana. Pode aferir-se ser esse um procedimento jurídico
relevante no sentido de garantir que indivíduos e/ou famílias que não possuem um
lugar de morada legalizado, possam ter direito à propriedade na qual residem ou da
qual retiram seu sustento. E ao garantir o direito do requerente a essa propriedade,
os legisladores contribuem, sobremaneira, para melhoria das condições de moradia
e de vida de muitas pessoas, e, por conseguinte, colaboram para minimizar a
desigualdade social tão presente em nossa sociedade.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
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Graduada em Direito pelo centro Universitário Estácio do Ceará.
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Mestra em Educação Profissional em Saúde.
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4555 a.C., podendo ser empregada tanto para aquisição de bens móveis como
imóveis.
Todavia, ainda que se trate de um instituto bem antigo, sua utilização, tem ao
longo dos séculos suscitado muitos debates, quer no que se refere a seus
fundamentos, quer no que se refere a sua legislação. O que sem dúvida justifica os
diversos estudos voltados a essa temática.
Imerso em meandros, esse dispositivo jurídico, muitas vezes não é utilizado por
quem de direito precisa requerer a posse legal de determinado objeto, pois ainda é
uma estratégia desconhecida por grande parte da sociedade brasileira,
principalmente no que ser refere ao seu uso na área urbana. Portanto, questiona-se:
O que significa usucapião e quais suas modalidades? Qual a previsão legal e os
requisitos necessários para fazer uso desse dispositivo? Quais são condições para a
viabilidade da usucapião urbana?
Importa declarar que o interesse em realizar um estudo direcionado a esse
tema, surgiu justamente por se observar como a maioria das pessoas desconhece o
que caracteriza a usucapião, e especificamente a usucapião urbana tendo em vista
que as abordagens normativas vigentes relacionadas a temática, dentre as quais, se
destaca a Carta Magna vigente (art. 182, CRFB/1988), Estatuto das Cidades (Lei nº
10.257/2001), Código Civil (Lei nº 12.105/2015) apresentam abordagens linguística
de difícil compreensão, permitindo que se tenha vários entendimentos para a mesma
questão.
Nessa perspectiva, tendo como procedimento metodológico a pesquisa
bibliográfica, oriunda de literatura impressa e de artigos devidamente publicados que
abordam questões direcionadas ao objeto central desse estudo, almeja-se,
identificar as condições para a viabilidade da usucapião urbana. É pretensão ainda,
revelar o conceito de usucapião; explicitar o entendimento jurídico dos termos de
posse e propriedade; dissertar sobre o surgimento da usucapião urbana; elencar as
modalidades de usucapião; expor os fundamentos legais da usucapião; e, descrever
os requisitos necessários para fazer uso do dispositivo na área urbana.
A pesquisa está sistematizada, em cinco seções, com o intuito de facilitar a
compreensão de seu conteúdo. Sendo assim, no primeiro momento tratar-se-á sobre
Usucapião alguns conceitos, destacando também os conceitos de posse e
propriedade que se fazem relevante para o estudo da usucapião.
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2 USUCAPIÃO: CONCEITOS
Tese também defendida por Maria Helena Diniz, que menciona ser a posse
“[...] um direito real, posto que é a visibilidade ou desmembramento da propriedade”.
No que tange ao conceito da palavra propriedade, em seus escritos Gomes
elenca três possíveis parâmetros pelos quais se pode compreender o significado do
termo, quais sejam: sintético, analítico, e, descritivo. O primeiro desenvolvido pelo
jurista alemão Bernhard Windscheid, e refere-se à dominação que o indivíduo tem
sobre um objeto em todas as suas relações. No âmbito analítico, consoante com o
art. 1.228 do Código Civil - CC propriedade é compreendida como, o direito que um
indivíduo possui de usar, fruir, dispor de determinado objeto, e quando necessário
reavê-lo de qualquer ente que arbitrariamente detenha ou possua sua posse. Já no
critério descritivo, a propriedade é entendida como “[...] direito absoluto, perpétuo e
exclusivo, pelo qual uma coisa fica submetida à vontade de uma pessoa, com as
limitações da lei”. Em outras palavras, é
constantes nos dispositivos legais, postula para si a legitimação da área sob a qual
não possui a tutela oficial.
Tendo como pressupostos os apontamentos de Gomes diz-se que, existem
duas teorias quando se trata da fundamentação da usucapião urbana. A primeira,
subjetiva, é defendida pelos doutrinadores que subsidiam esse instituto na hipótese
de que o proprietário, já que não exerce seu direito legal sobre o bem, e não o utiliza
por um determinado espaço de tempo, encontra-se disposto a renunciar a posse do
mesmo.
Da segunda teoria, a objetiva, fazem parte todos os que defendem a usucapião
observando a utilidade social da área usucapida. Colocando de outro modo, o bem,
móvel ou imóvel, deve ser utilizado direta ou indiretamente pelo seu possuinte de
forma a gerar utilidade.
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano,
possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra
em zona rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por
seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a
propriedade
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e
cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o
domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
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Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e
cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o
domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem
ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma
vez.
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Consoante com supramencionado artigo, ainda que não seja exigência, o justo
título e, a boa fé passa a serem requisitos obrigatórios para reivindicar a posse de
um bem por meio da usucapião, que: imóvel esteja na área urbana, tenha uma
extensão igual o menor que duzentos e metros quadrados, ser a posse ininterrupta e
sem oposição no decurso de cinco anos, o usucapiente deve fazer uso do imóvel
como moradia sua e de sua família, e, não possuir nenhum outro imóvel.
O demandante deverá ser capaz e possuir a qualificação necessária para
impetrar o litigio, ser brasileiro, não importando se nato ou naturalizado, já que, salvo
os casos relacionados nesse mesmo diploma, ambos são possuidores dos mesmos
direitos legais, conforme preconiza o artigo 12, § 2º da CF.
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Em seus escritos Zacarias ressalta que nas palavras de Dallari o artigo 183
da CF, “[...] permite que se use o caminho tradicional da usucapião para, tendo por
base a posse comum, se obter a usucapião coletiva”.
Insta dizer que em relação a usucapião urbana, o artigo 183 da CF por não
deixar explícito, a que espécie de imóvel se refere, se casa ou apartamento, permite
que, ao atender a todos os requisitos exigidos em lei, se possa requerer por meio
desse instituto a posse de qualquer tipo de imóvel.
Nesse sentido, a decisão do ministro Marco Aurélio legislador do Supremo
Tribunal Federal, que no dia 28 de agosto do ano em curso, seguindo essa mesma
linha de pensamento, e reconhecendo que todos os quesitos exigidos nas leis:
4.591/64, 6.015/73, 10.257/2001 e 10.406/2002, foi que no dia 28 de agosto do ano
em curso, o Supremo Tribunal Federal, representado pelo ministro Marco Aurélio,
contrariando as sentenças proferidas pelos magistrados da primeira e segunda
instância, mediante recurso postulado por uma cidadã de 63 anos, cujo apartamento
estava em processo de alienação extrajudicial pelo banco financiador, concluiu pelo,
Art. 183. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano,
possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra,
em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por
seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a
propriedade.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BEVILAQUIA, Clóvis. Teoria Geral do Direito Civil. 2. ed. São Paulo: Servanda,
2015.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14010.htm. Acesso
em set. de 2020b.
CARMO, Luiz Sergio. Sinopse de Direto processual Civil. Leme.SP: Edijur, 2004.
GOMES, Orlando. Direitos reais. 21. ed. Atualizada por Luiz Edson Fachin. Rio de
Janeiro: Forense, 2012.
SILVA, Jose Afonso da. Direito Urbanístico Brasileiro. 8. ed. São Paulo: Malheiros,
2018.