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Curso: Direito
DIREITO CIVIL
ESTUDO DIRIGIDO 2
Belo Horizonte
2023
Interpretação dos Contratos
De acordo com Savigny, a posse seria o poder direto que alguém tem para
dispor fisicamente de uma coisa com a intenção de tê-la como sua e para defendê-
la da intervenção ou agressão de outrem. Para a posse jurídica são necessários
dois elementos que caracterizam a Teoria Subjetiva, quais sejam: i) o corpus –
elemento objetivo ou material da posse, traduzindo-se no domínio ou poder físico
sobre a coisa ou na detenção do bem e possibilidade de disposição; e ii) o animus
domini – elemento subjetivo da teoria, caracterizado pela intenção do possuidor
em ter a coisa para si, é dizer, o ânimo de ter a propriedade do bem.
Essa teoria subjetiva na esfera civil entende que o locatário, o comodatário, o
depositário, o mandatário e os demais que tiverem poder físico sobre coisas não
passariam de meros detentores e, consectariamente, não gozariam de proteção
direta. Destarte, havendo turbação, tais sujeitos haveriam de dirigir-se a quem lhes
conferiu a detenção, a fim de que estes defendam a posse através do interdito
possessório. Entende-se que, para Savigny, não é possível que alguém exerça a
posse por outrem, haja vista não ser possível ter, para outrem, um bem com o
desejo de tê-lo para si. É dizer, segundo o entendimento do jurista alemão, não
existindo a vontade de ter a coisa como sua, haverá mera detenção do bem.
A Teoria Subjetiva da Posse serviu de fundamento para diversas codificações
civilistas do século XIX. Atualmente, diante da evolução jurídica acerca do tema e
da necessidade de efetiva proteção das relações jurídicas, não encontra respaldo
na seara jurídica. É mister, entretanto, destacar que ainda existem resquícios do
entendimento subjetivista, como se depreende da leitura dos arts. 1.223 e 1.204,
do atual Código Civil Brasileiro, que tratam da aquisição e perda da posse.
A Teoria Objetiva parte do entendimento de que o elemento corpus é suficiente
para caracterizar a posse, daí a objetividade da teoria. Para o autor, o animus
constitui elemento ínsito, implícito do poder de fato exercido sobre a coisa, ou seja,
o corpus. Logo, o elemento objetivo é o caractere visível e passível de
comprovação, sendo a manifestação externa do direito.
A teoria objetiva traça distinção entre posse e propriedade e diz que o
aproveitamento econômico da coisa que pertence ao dono é possível quando este
também possui a posse. Para o autor, a posse é reconhecida pela destinação
econômica dada à coisa, ou seja, percebe-se a posse sobre um bem pela forma
econômica da relação exterior com o possuidor.
De acordo com a Teoria Objetivista, pode-se afirmar que a posse: a) é um
direito que faz parte do conteúdo do direito de propriedade; b) é condição fática
para o aproveitamento econômico da coisa; c) é meio de proteção do domínio; d)
pode ser direta ou imediata e indireta ou mediata; e f) é um caminho que conduz
ao direito de propriedade. Logo, podemos concluir que, majoritariamente, o Código
Civil adotou essa teoria, como se depreende da leitura do art. 1.196. Destarte, a
norma não exige a intenção de dono nem o poder físico sobre o bem para
reconhecer a posse, esta caracterizada pela relação exterior entre sujeito e coisa,
observando-se a destinação econômica desta.
Somado a isso, no CDC, em seu art. 54, são estabelecidas regras específicas
para os contratos de adesão. No dispositivo é estabelecido que as cláusulas dos
contratos devem ser claras e objetivas e que em eventuais dúvidas quanto à
interpretação, devem ser interpretadas de forma favorável ao consumidor. Além
do mais, em seu art. 51 há uma lista de vedação de cláusulas abusivas.
4. Cite as 12 regras interpretativas de Pothier.
Carlos Roberto Gonçalves em seu livro Direito Civil Brasileiro define contrato e
prestação de serviços e o contrato de empreitada como:
Sendo assim, podemos dizer que a diferença básica entre os dois contratos é
que o contrato de prestação de serviços envolve a realização de uma atividade
específica, sem transferência de propriedade do resultado, já o contrato de
empreitada envolve a entrega do bem, com transferência de propriedade, como
uma obra ou serviço. Também no contrato de empreitada, o empreiteiro assume o
risco da atividade, enquanto no contrato de prestação de serviços, esse risco fica
por conta do contratante.
O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela "só com seu trabalho"
(empreitada de mão de obra ou de lavor), ou "com ele e os materiais" (empreitada
mista), consoante dispõe o art. 610 do Código Civil. No primeiro caso, assume ele
apenas obrigação de fazer, consistente em executar o serviço, cabendo ao
proprietário fornecer materiais; no segundo, obriga-se não só a realizar um
trabalho de qualidade (obligatio in faciendo), mas também a dar, consistente em
fornecer os materiais.
Na empreitada a preço por medida ou por etapas a sua fixação é feita de acordo
com as fases da construção ou a medida (marché sur devis). Tal modalidade
atende ao fracionamento da obra, considerando as partes em que ela se divide. O
pagamento pode ser convencionado por parte constituída ou por unidade. Não há
fixação do preço para a obra como um todo.