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Direito Civil III - Contratos 1

ANOTAÇÕES DE
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
_______________________________________________________________
Referencial Teórico: TARTUCE, Flávio. Direito civil: Teoria Geral dos Contratos e Contratos
em Espécie. Vol. 12., Rio de Janeiro: Forense, 2017.

Prof. Espedito Neiva, Msc. 01 de fevereiro de 2022


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DIFERENÇA ENTRE NEGÓCIO JURÍDICO E CONTRATO

Negócio Jurídico: São ações humanas lícitas, a que a ordem jurídica atribui efeitos de
um modo geral concordantes com a vontade de seus autores, isto é, a lei determina a
produção dos efeitos justamente por assim terem sido queridos. Os efeitos são ex
voluntate.

Elementos do Negócio Jurídico: (Art. 104, CC)

• Objeto lícito, possível, determinado ou determinável


• Agente capaz
• Forma prescrita ou não defesa em lei

Contratos Sociais ou Pactos Sociais: Atos do dia-a-dia, que em regra são de baixo
valor, e são considerados válidos mesmo não apresentando os elementos do Negócio
Jurídico.

Convenção, Contrato e Pacto: Os romanos tinham a convenção como gênero e o


contrato e o pacto como espécies, e se diferenciavam, pois o pacto era um acordo sem
obrigação.

No Brasil os três termos são sinônimos.

Conceito de Contrato (Orlando Gomes): É o negócio jurídico bilateral ou plurilateral


que sujeitas as partes à observância de conduta idônea à satisfação dos interesses que
regula.

Aspectos Materiais do Contrato: Não necessita estar por escrito, e é divido em duas
partes. A primeira é denominada preâmbulo, no qual qualificam-se os contratantes e diz
sobre o que trata o contrato, e a segunda é o corpo do contrato, no qual as partes, dentro
do princípio da autonomia da vontade, vão fixar as cláusulas contratuais.

REQUISITOS DOS CONTRATOS:

1- Possuir duas partes


2- Haver manifestação de vontade: que pode se dar de forma expressa (escrita ou
verbal) ou de forma tácita (entendimento a partir do comportamento)

PRINCÍPIOS DO CONTRATO:

Não há uniformidade na doutrina, mas em regra os princípios primários são: a


Autonomia da Vontade, a Obrigatoriedade dos Contratos e a Boa-fé Objetiva.

Acrescente-se à estes, os princípio secundários: da Relatividade dos Contratos


(consensualismo), da Supremacia da Ordem Pública e da Função Social do Contrato.

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Obs.: Para a maioria da doutrina, o princípio da Relatividade dos Contratos, da


Supremacia da Ordem Pública e da Função Social do Contrato não são autônomos. O
primeiro não está ligado ao contrato, mas é um ato jurídico (manifestação de vontade) e
está ligado a autonomia da vontade. O segundo é limitado pela autonomia da vontade e
se confunde com a função social, que por sua vez, está ligado ao princípio da relatividade
dos contratos e da boa-fé objetiva.

Cláusulas Gerais: São cláusulas abertas, adotadas pelo Novo Código Civil, que não dão
uma definição concreta e permite que o juiz interprete cada uma de acordo com o caso
concreto.

Análise de Cada Princípio

1- Princípio da Autonomia da Vontade: Dentro desse princípio, há a possibilidade de


fazer ou não contratos (dispor ou não do patrimônio), ou seja, a liberdade de
ingressar no mundo jurídico, fixando ou escolhendo as cláusulas contratuais.

• Normas cogentes ou de ordem pública: não pode ser alterada pela vontade das
partes, prevalece o interesse da ordem pública – coletividade. (Intervenção do
Estado).

• Normas dispositivas: as partes podem ou não dispor daquela forma, é geralmente


usada para a proteção individual.

• Contrato de Adesão: uma das partes elabora o conteúdo do contrato, e cabe a outra
aceitar ou não. A maioria dos contratos de relação de consumo são contratos de
adesão. Conceituado no artigo 54 do CDC. Importante ressaltar que a inserção de
cláusulas que não comprometam a estrutura do contrato pelas partes não
descaracteriza o contrato de adesão, somente se disporem de matéria relevante.

• Condição Geral do Contrato/negócio: as cláusulas que fazem parte do contrato,


mas são entregues em outro documento. (Art 46, CDC: o contrato só é válido se o
consumidor tomou prévio conhecimentos das cláusulas).

Obs.: a liberdade de contratar não é igual a liberdade contratual .A primeira é a liberdade


de participar ou não do negócio jurídico do contrato, e a segunda é a liberdade de
escolher o outro contratante e de fixar ou escolher as cláusulas contratuais. A segunda
sempre sofreu limitações pelo dirigismo contratual, isto é, quando o Estado intervém nas
relações contratuais. Ex.: seguro obrigatório de veículos.

Exceções (Mitigações ao princípio):

- Função social do contrato


- Fraude contra credores – para não pagar a dívida.
- Fraude à execução – para fugir da responsabilidade.
- Contratos Coletivos: quem assina é o sindicato e a empresa

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2- Princípio da Obrigatoriedade dos Contratos: Pacta sunt servanda – O Contrato faz


lei entre as partes. As partes só poderão se arrepender se houver cláusula expressa
nesse sentido. Ligado a segurança jurídica. Sofre exceções – artigo 49, CDC –
consumidor desiste no prazo de 7 dias se a contratação ocorrer fora do
estabelecimento comercial.
Decorre desse princípio a intangibilidade do contrato: não pode ser alterado
unilateralmente o conteúdo do contrato, nem pode o juiz intervir.

3- Princípio da Boa-fé

Há dois tipos de boa-fé: subjetiva (idéia de uma situação de direito ou de fato que na
realidade não existe, p.e. Usucapião) ou objetiva (maneira concreta da pessoa –
contratante – de agir num determinado negócio jurídico.

Teorias que tiveram como base a boa-fé:


1- Teoria da Responsabilidade pré-contratual ou culpa in contraendum:
responsabilidade gerada pela expectativa do cumprimento do contrato. Ambas as
partes devem agir com lealdade, boa-fé, sem intenção de levar prejuízo para o
outro contratante.
2- Teoria da Culpa post pactum finitum ou pós contratual: mesmo executado o
contrato, as partes ainda tem responsabilidade, p.e. Recall.
3- Teoria do Abuso de Direito: é caracterizado quando ultrapassa-se o exercício
regular de direito, ou por má-fé ou por vontade de prejudicar terceiro, criando a
possibilidade de indenização.
4- Teoria do Vebire contra factum proprium: a pessoa age de uma forma e depois
contraria, criando uma expectativa na pessoa e que o fato de não concretizá-la
prejudica a outra parte. É uma questão de comportamento.

Não havia uma cláusula geral de boa-fé nos CC 1916 – grande parte dizia que havia
por analogia. Após a Constituição de 88 e o CDC a questão se tornou mais legítima –
art. 4º, CF e art. 51 do CDC. O CC 2002 coloca em seu artigo 422 que todos os
contratantes devem agir com probidade e boa-fé.

Funções da Boa-fé Objetiva:

1- Interpretativa: interpreta a intenção das partes, objetivando o equilíbrio do


contrato.

2- Limitação do direito subjetivo: a lei faculta o direito de agir, mas por vezez
fazer traz mais prejuízo do que não fazer. Forma de evitar o abuso de direito.

Deveres acessórios do contrato (Art. 421, CC):

• Dever de Proteção: colaborar para que não cause dano ao outro


contratante.

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• Dever de Informação: dar todas as informações necessárias para o


conhecimento do contratante. Destaca-se na fase das tratativas, mas
existe em todas as fases.

• Dever de Lealdade: comportamento no sentido de facilitar para o outro


contratante cumprir o contrato.

4 - Princípio da Relatividade dos Contratos

O contrato só tem importância para as partes. Os efeitos de um contrato atingem


somente os contratantes, não podendo se estender a terceiros estranhos a ele.

Atualmente, esse princípio já não limita a relação contratual como antes, terceiros
passaram a ser considerados agentes que sofrem e causam influência.

Porém este princípio não é absoluto. Nas palavras de Orlando GOMES: “terceiro
se considera aquele totalmente estranho ao contrato ou à relação sobre a qual ele
estende os efeitos”.

Portando o herdeiro não é terceiro na relação, mesmo não tendo participado do


contrato.

5 - Princípio da Função Social do Contrato

Como se sabe, hoje em dia o indivíduo não é mais “senhor absoluto” de sua
vontade e em função disto o principio da autonomia contratual se encontra na
contemporaneidade atrelado à função social do contrato, como pode ser visto no artigo
421 do Código Civil que afirma: “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos
limites da função social do contrato”.

A relação da autonomia da vontade com a função social do contrato pode ser


verificada no contrato de locação, mediante o qual o locador não poderá exercer a
mesma atividade que exercia o locatário. Em suma, o que se percebe é que a autonomia
da vontade cede espaço para que alguns interesses sejam preservados.

6 - Princípio da Supremacia da Ordem Pública

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Este princípio proíbe estipulações contrárias a moral, a ordem pública e aos bons
costumes, que não podem ser derrogados pelas partes.

Representa, portanto, este princípio a projeção do interesse social nas relações


interindividuais. Essa interferência do Estado nos contratos de particulares diminuiu e
restringiu, sobremaneira, a autonomia da vontade, pois fixou princípios mínimos que os
contratos não podem afastar. Por exemplo, o salário-mínimo, o qual não permite a
criação de contratos de trabalho em que o trabalhador pague menos que o mínimo
estipulado em lei pelo trabalho desenvolvido, tabelamento de gêneros alimentícios etc.

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS: (deve ser feita no momento em que é realizado)

Em todo o contrato existe a cláusula resolutória (artigo 474, CC), mesmo que não esteja
expresso. Se estiver expresso, automaticamente o contrato estará resolvido. Caso
contrário, a lei obriga a primeiro constituir em mora.

I - Quanto à natureza dos contratos: (Primeiro Critério)

1- Contratos Bilaterais e Unilaterais: Artigo 392, CC (contrato é sempre negócio


bilateral). Bilaterais são aqueles em que ambas as partes têm obrigações recíprocas,
ambos são credores e devedores – compra e venda. Podem também ser chamados
de sinalagmáticos. Unilaterais são os contratos em que há duas partes, e somente
uma tem obrigação a ser cumprida.

Obs.: os contratos bilaterais imperfeitos são os contratos que têm natureza unilateral e
dentro do princípio da autonomia da vontade, as partes concordam em transformá-lo em
bilateral. É o caso da doação com encargo, do mútuo com pagamento de juros.
Importante ressaltar, ainda, que grande parte da doutrina não concorda com esta
classificação, e na prática não tem muito interesse. Nos contratos bilaterais, quando
houver inadimplemento, os contratantes tem a opção de pedir a rescisão do contrato ou
pedir a execução (nos casos em que for possível), sendo que em ambos os casos cabe
indenização.

2- Contratos Plurilaterais: São os contratos em que há manifestação de vontade de


mais de duas partes. As obrigações existentes são autônomas em relação a cada
uma das outras partes, e assim se um dos contratados não cumprir a obrigação, só
ele responde. Caracterizam-se por poderem ingressar novas partes após a realização
do contrato, sendo comum a substituição das partes que responderá pelas
obrigações anteriormente assumidas, e terá direito de regresso contra aquele que
deu a causa. Não há uma uniformidade de prestações. Exemplo: contratos de
consórcio.

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3- Contratos Onerosos e Gratuitos: Onerosos são os contratos em que há diminuição


e aumento do patrimônio de ambas as partes. Gratuitos são os contratos em que há
diminuição do patrimônio de apenas uma das partes, que não recebe nada em troca.

Obs.: esta classificação é muito semelhante a classificação dos contratos bilaterais e


unilaterais.(Todo contrato bilateral é oneroso, mas nem todo oneroso é bilateral.) Nos
contratos gratuitos, o doador só será responsabilizado se agir com dolo, e nos contratos
oneroso, ambos repondem por culpa ou dolo.

4- Contratos Pessoais e Impessoais: Pessoais são os contratos em que há a


presença do intuito personae, assim, apenas aquele contratado poderá cumprir a
obrigação, sendo esta personalíssima. É o caso de um pintor, escolhido para realizar
a pintura de um quadro devido a suas características pessoais. Impessoais são os
contratos em que as partes são fungíveis, ou seja, qualquer pessoa poderia realizar o
cumprimento da obrigação.

5- Contratos Comutativos e Aleatórios: Comutativos são os contratos em que ambas


as partes sabem qual será a prestação e a contraprestação, não há risco. Aleatórios
são os contratos em que uma das partes não sabe qual será o conteúdo da prestação
ou se vai existir a contraprestação, é presente a aléa. Um exemplo clássico é o
contrato de seguro. Podem ser aleatórios por vontade do legislador ou ainda por
vontade das partes. (Art. 458, CC – contratos comutativos que se transformam em
aleatórios.)

6- Contratos Mercantis, Civis ou de Consumo: Até 1980, existiam dois tipos de


contrato, o mercantil, no qual um dos pólos era uma empresa, ou um comerciante e
os civis entre os particulares. Os contratos mercantis eram regulados pelo Código
Comercial. Em 1990, com o CDC grande parte dos contratos que eram civis ou
mercantis viram de consumo. Em 2002, o CC revoga quase todos os contratos
mercantis, sobrando o Seguro Marítimo. Assim, 90% dos contratos hoje são civis ou
de consumos. Importante ressaltar que uma classificação não exclui a outra. A
maioria dos contratos são de consumo, e por exceção são civis. Obedece ao CDC e
no que for omisso, subsidiariamente ao CC.

Para que seja relação de consumo é necessário haver um consumidor e um


fornecedor ligados a um produto.

7- Contratos Individuais e Coletivos: Individuais são os contratos firmados em que


as partes são determinadas. O contrato é visto na figura das pessoas, e pode haver
pessoa jurídica no pólo. Coletivos são os contratos em que as pessoas não estão
identificadas. Há uma coletividade (Pessoa Jurídica) em pelo menos um pólo do
contrato. É comum nos acordos coletivos de trabalho, no qual o sindicato representa
os trabalhadores perante a empresa. As partes devem ser determinadas ou
determináveis.

II - Quanto à Previsão do Legislador (Segundo Critério):

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1- Contratos típicos ou Atípicos: Típicos são os contratos que foram regulamentados


pelo legislador nas legislações. Atípicos são os contratos que não foram
regulamentados, no entanto, o legislador previu a possibilidade das partes realizarem
outros tipos de contrato, que não estão previstos nas legislações, conforme as
necessidades, e desde que não contrariem nenhum dispositivo legal. Importante
ressaltar que em caso de dúvidas quanto ao conteúdo do contrato, os mesmo será
interpretado por analogia, de acordo com os costumes e os princípios legais do
direito.

Obs.: Os contratos mistos são aqueles em que há tanto os contratos típicos como os
atípicos, como por exemplo, os contratos de leasing, e os contratos de hospedagem.
Estes serão interpretados conforme o tipo que predomina.

III - Quanto à maneira que se aperfeiçoa (Terceiro Critério):

1- Contratos Reais: São os contratos que só se aperfeiçoam com a traditio, ou seja,


com a entrega da coisa. Exemplo clássico é o depósito. (é uma subespécie de
contrato formal)

2- Contratos Consensuais: São os contratos que se aperfeiçoam com o simples


consentimento das partes. Exemplo: compra e venda de bens móveis.

3- Contratos Formais ou Solenes: São os contratos que tem sua forma prescrita na
lei. Como por exemplo a venda de imóveis, cujo valor seja igual ou superior a 30
salários mínimos vigentes na época da avença, que necessitará de escritura pública,
e o casamento.

Obs.: o ato consensual pode ser transformado em solene.

IV - Em relação aos outros contratos (Quarto Critério):

1- Contratos Principais e Acessórios: Principais são os contratos autônomos, que


não dependem de outro para existir. Acessórios são os contratos que dependem de
outro para existir, não existem por si só, é uma garantia ao cumprimento do contrato
principal. Exemplo clássico é o aval, a fiança.

Será nulo o contrato acessório se o contrato princípio deixar de existir. Exceção: se o


contrato principal for firmado por um absolutamente incapaz, e o acessório firmado
por um capaz para cumprir a obrigação. Sempre que o contrato principal prescrever,
o acessório também irá.

V - Quanto ao tempo de execução (Quinto Critério):

1- Contrato Instantâneos e de Duração: Instantâneos são os contratos que se forma


e se extingue no mesmo ato. Ex.: compra e venda à vista. Deferidos são os

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contratos em que há um única prestação por parte do devedor que é jogada para um
momento posterior. Ex.: uma geladeira que foi comprada à vista e só será entregue
em 03 dias. Duração são os contratos em que há uma pluralidade ou sucessividade
de prestações por parte do devedor e são cumpridas periodicamente. Ao prazo de
cada prestação é que se inicia o prazo prescricional.

Obs.: a relevância dessa classificação está na Teoria da Excessiva Onerosidade – artigo


478, CC; a exceção do contrato não cumprido só se aplica aos contratos deferidos e de
duração.

2- Contrato Determinado e Indeterminado: Determinado é o contrato em que as


partes estabeleceram uma tempo para sua duração, e assim, que o prazo acabar o
contrato. É comum se transformar em indeterminado, caso haja o termino e as partes
continuem a cumprir as obrigações. Indeterminado as partes não estabelecem de
ante mão quando o contrato termina, típico de sociedade e de trabalho. É necessário
notificar a outra parte caso haja vontade de rescindir o contrato. Se for omisso o
contrato, o prazo do aviso prévio é de 30 dias.

VI - Quanto ao Objeto (Sexto Critério):

1- Contrato Preliminar: Também chamado de pré-contrato e compromisso. O contrato


vincula as partes, que por suas próprias razões resolvem não firmar o contrato
definitivo. O exemplo típico é o compromisso de compra e venda. A obrigação
estabelecida no contrato é de fazer o contrato definitivo. O contrato preliminar deverá
ter os mesmos requisitos do contrato definitivo, exceto a forma (artigo 462, CC).

Com o não cumprimento da obrigação de fazer o contrato definitivo pode-se executar


o contrato (Se for obrigação personalíssima não dá) ou pedir perdas e danos. O juiz
na sentença se substitui da vontade do devedor e a sentença se transforma em
contrato definitivo.
Ação de Execução de obrigação de fazer ou Ação de adjudicação compulsória.

VII - Quanto à maneira como são formados (Sétimo Critério)::

1- Contratos Paritários e de Adesão: Paritários ambos estipulam todas as cláusulas


contratuais livremente, existia como regra. Adesão são os contratos em que uma das
partes estipula todas as cláusulas e a outra parte tem a faculdade de aderir ou não ao
contrato. São contratos padronizados devido ao grande aumento de consumo. Limita
a liberdade contratual, mas ela existe. Na dúvida de interpretação beneficia-se o
aderente.

2- Contratos Derivados: (Coligados ou Filhos) – são contratos que a princípio são


autônomos, mas que existem em decorrência de outro. Como p. e. um contrato de
compra e venda é firmado, após firma-se um contrato de mútuo a fim de conseguir o
dinheiro para realizar o primeiro contrato. Há coligação com o contrato-base. A
sublocação é acessória e por isso não pode ser considerada como derivado.

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3- Coativos: contrato imposto, que não há a faculdade de contratar, há obrigação de


firmar o contrato.

INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS

É usada sempre que uma cláusula gere dúvidas no contrato.

Arbitragem: as partes dão o contrato para um terceiro que não é vinculado ao contrato
para resolver as dúvidas.

Dispositivos no CC:

- Artigo 112: nas declaração de vontade mais vale a intenção do que o sentido literal.
- Artigo 423: interpretação mais favorável ao aderente nos contratos de adesão.
- Artigo 843: na transição a interpretação é restritiva.
- Artigo 819: na fiança a interpretação é restritiva.

Tipos de interpretação:

- Restritiva: diminui o campo de interpretação.


- Extensiva: amplia o campo de interpretação.

Regras para interpretar o contrato:

1- Cláusulas com duplo sentido – interpretação será feita para gerar algum efeito.
2- Cláusulas ambíguas serão interpretadas de acordo com o costume do lugar em que
foram estipuladas.

3- Nos contratos de adesão as cláusulas manuscritas tem preferência as impressas.

4- Nos contratos gratuitos a interpretação deve beneficiar o devedor, e nos onerosos


para buscar o equilíbrio entre as partes.

5- Os contratos de compra e venda se interpreta contra o vendedor quando a dúvida se


referir à extensão da coisa.

6- Quando o objeto da coisa é uma universalidade de coisas, a interpretação deverá


levar em conta todas as coisas que compõe a universalidade.

REVISÃO OU RESCISÃO DOS CONTRATOS

Ligado ao princípio da obrigatoriedade dos contratos (Pacta sun servanda), é uma


exceção a esse princípio, assim, o contrato poderá ser revisto ou rescindido em algumas

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circunstâncias, isto é, se as condições em que as pessoas firmaram o contrato se altera


de maneira substancial, dificultando o cumprimento da obrigação pelo devedor.

Foi sistematizada no Direito Canônico sob o nome de rebus sic stantibus, e não
no Direito Romano – implícita em todos os contratos. (o contrato só deveria ser cumprido
pelo devedor se as circunstâncias do firmamento do contrato continuasse as mesmas.

Teorias:

Teoria da Pressuposição: condição implícita ou não informada – excessivo subjetivismo.

Teoria da Base do Negócio Jurídico: não resolveu o problema.

Teoria da Base do Negócio Jurídico: não é imprevisível, o que importa é a quebra da


base do negócio.

Teoria da Imprevisão: nasce na França, após a 1ª Guerra.

Requisitos

- Fato superveniente;
- Fato imprevisível e extraordinário;
- Causasse dificuldade para o cumprimento da obrigação.
(A inflação não é fato imprevisível)

CDC

Possibilidade de revisão ou rescisão por fato superveniente que traga excessiva


Onerosidade para o consumidor (só ele pode pedir).

Requisitos:

- Fato superveniente, extraordinário e anormal;


- Excessiva onerosidade para o consumidor;
- O consumidor não pode agir com culpa.
(Não há o requisito da imprevisiblidade).

CC

Prevê expressamente a aplicação de uma dessas Teorias: (Art. 478, 479 e 490) – Teoria
da Excessiva Onerosidade, cujos requisitos são: (pede a resolução)

- Contratos de execução diferida ou continuada;


- Prestação das partes se tornar excessivamente onerosa;
- Extrema vantagem para a outra parte;
- Fatos extraordinários e imprevisíveis. (Deve afetar a coletividade)

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Obs.: A regra é a manutenção do contrato. Uma vez proposta a ação de rescisão o juiz
pode mudar para revisão. O CC faculta não concordar com a rescisão e querer a revisão.

Validade da cláusula que permite as partes não usar as Teorias:

- CDC: é nula de acordo com o artigo 51, IV e parágrafo 1º, III.


- CC: nula, pois o artigo 478 é norma cogente, imperativa de ordem pública. (Após o
evento, a parte pode renunciar ao seu direito, e nunca antes.)

Obs.: se as partes colocarem no contrato que as partes não poderão alegar excessiva
onerosidade em alguns caso, esta cláusula será válida. A Teoria não pode ser aplicada
em contratos aleatórios, mas os doutrinadores abriram exceção pois quando o fato
extrapola pode ser aplicada.

DA FORMAÇÃO DO CONTRATO

Declaração de Vontade: pode ser subjetiva (desejado internamente) e objetiva


(visualizada pela parte contrária.) Se há divergência entre as duas temos duas Teorias
para resolver: da Declaração e da Vontade Interna.

Manifestação da Vontade: a manifestação de vontade pode se ser expressa (verbal ou


escrita) ou tácita (a partir do comportamento da pessoa), ou ainda pelo silêncio
(eventualmente).

Obs.: Conforme artigo 111 do CC o silêncio como anuência é uma exceção, somente se
não for exigido vontade expressa e as circunstâncias e usos autorizarem. É comum nos
contratos comerciais.

Fase das Tratativas ou Fase da Negociação ou das Pontuações:

• Proponente ou Policitante: quem faz a oferta.


• Oblato ou Aceitante: quem recebe a proposta.

No momento da aceitação se perfaz o contrato.

Vinculação do Contrato

A proposta em regra vincula o proponente (artigo 427, CC). Exceção: se não


resultar dos termos dela, da natureza do negócio ou das circunstâncias do caso.

Deixa de ser obrigatória a proposta quando a proposta entre ausentes e presentes:


(Artigo 428, CC)

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Direito Civil III - Contratos 13

Entre presentes: não está ligada a presença física, mas a resposta imediata de não –
comunicação por telefone.

Entre ausentes: também não está ligada a presença física – comunicação por e-mail.
Duas hipóteses: 1- se for dado um prazo que não é cumprido; 2 – se não for dado um
prazo, mas ultrapassar a um prazo razoável sem resposta.

Observações:

- A oferta ao público vincula (Artigo 429, CC e artigo 30, CDC);


- O prometido deve ser efetivamente entregue;
- A pessoa deve invalidar ou revogar a proposta pelo mesma via de sua publicação
(Artigo 429, CC)
- A aceitação do oblato deve ser nos termos em que a proposta for feita (Artigo 431,
CC);
- A aceitação fora do prazo acarretará em nova proposta – O oblato virá proponente.
- Nada impede que a aceitação seja tácita.
- A retratação deverá chegar antes ou junto com a aceitação para assim ser válida.
(Art. 433, CC).
- O negócio deve ser analisado no lugar em que foi feita a proposta.

Teoria da Formação dos Contratos entre Ausentes:

1- Teoria da Cognição ou Conhecimento: o contrato se aperfeiçoa no momento em


que o proponente toma conhecimento da aceitação, é necessário conhecer o
conteúdo da manifestação de vontade. Fica a critério do proponente aperfeiçoar ou
não o contrato.

2- Teoria da Agnição: se aperfeiçoa o contrato com a simples manifestação de vontade


do oblato. Não há necessidade de conhecer o conteúdo da resposta e pode se dar:

a) Recepção: o contrato se aperfeiçoa quando o proponente recebe a aceitação.


b) Expedição: o contrato se aperfeiçoa com a expedição da manifestação de
vontade.

c) Declaração: o contrato se aperfeiçoa quando o oblato efetivamente declara.

Obs: No Brasil adota-se a Teoria da Agnição por Expedição (Artigo 434, II e


artigo 428, II). A Teoria exceção é a da Agnição por Recepção.

Internet:

Há duas posições:

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Direito Civil III - Contratos 14

1- Quando se coloca o anúncio não é proposta, é convite. Quem faz a proposta é o


consumidor (define as condições de pagamento) e depois o vendedor confirma ou
não. A vantagem é que o domicílio será o do proponente.

2- No site se propõe produtos.

ARRAS OU SINAL

Conceito: É um valor em dinheiro ou coisa móvel dada por um dos contratos,


para demonstrar a vontade de firmar um negócio jurídico bilateral, ou ainda,
excepcionalmente, possibilitar o arrependimento das partes.

Dois tipos de arras no CC:

1- Confirmatórias: Visam a garantir o contrato – É a regra. A doutrina dá mais duas


funções: adiantamento do pagamento e servirá em caso de descumprimento como
uma pré-fixação das perdas e danos para aquele que cumpriu.

2- Penitenciais: Ligadas a um eventual direito de arrependimento. Deverá ser expressa.

As Arras Assecuratórias existem antes de haver contrato, são dadas no momento das
Tratativas – há discussão na doutrina: alguns entendem que eqüivalem as
Confirmatórias, e outros que não tem valor, e o valor do cheque deveria ser devolvido.

Observações:

- As arras poderão ser recíprocas.

- As arras são pacto acessório, e elemento acidental, não faz parte da estrutura do
negócio.

- As arras são reais – só se aperfeiçoa com a entrega da coisa.

- Deve ser dada por um dos contratantes.

- O valor da Arras pode ser até 99% do valor do contrato.

Distinção entre Cláusula Penal e Arras

A Cláusula Penal é uma multa fixada no contrato que não é antecipada, e as


Arras são uma antecipação de dinheiro ou coisa móvel que se dá quando cria-se a
obrigação. Além de que o juiz pode diminuir o valor da cláusula penal e do Arras não.

Distinção entre Obrigações Alternativas e Arras

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Direito Civil III - Contratos 15

Nas Obrigações Alternativas o devedor tem 02 ou mais obrigações e no


cumprimento de uma se caracteriza o cumprimento do contrato. Nas Arras não há
alternativa é uma conseqüência do descumprimento do contrato em caso de penitenciais.

Arrependimento – Artigo 420, CC

Se quem se arrependeu foi quem deu o sinal, perderá a titulo de indenização


pelos prejuízos causados. Se quem se arrependeu foi quem recebeu, devolverá mais o
equivalente (correção monetária).

- Arras Penitenciais: indenização é limitada ao prejuízo que equivale ao


sinal, não há a possibilidade de indenização suplementar:
.
- Arras Confirmatórias: há a possibilidade de indenização suplementar.

EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO (ARTIGO 476, CC)

Características:

- É uma defesa processual;


- Só existe nos contratos bilaterais;
- Antes de cumprida a obrigação, uma parte não pode exigir o implemento do outro;
- Somente pode ser usado nas prestações simultâneas;
- Fundamento está no artigo 491, CC – não sendo a venda a crédito, o vendedor não
será obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço.
- Pode ser usado independentemente do motivo;
- Exceção: descumprimento do contrato;
- Rite: exceção do contrato parcialmente não cumprido;
- Ambas as partes podem se valer da rite na proporção de suas prestações;
- A cláusula solve et repete (renúncia ao direito de exceção do contrato) é nula nos
contratos de consumo – artigo 51, IV, IX, XI do CDC.
- Nos contratos paritários a cláusula sove et repete é válida, mas nos contratos de
adesão a maioria da doutrina diz que não.
- Comum nos contratos administrativos.
- Artigo 477, CC – o que está estipulado a cumprir primeiro a prestação não pode se
negar a fazê-lo a não ser que haja dúvida com relação ao cumprimento da outra parte
devido a uma diminuição do patrimônio, solicita que cumpra primeiro ou uma garantia
que vai cumprir.

ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO

Definição:

Prof. Espedito Neiva, Msc. 01 de fevereiro de 2022


Direito Civil III - Contratos 16

É o contrato em que duas pessoas, uma chamada promitente e outra chamada


estipulante, estipulam que o promitente vai cumprir uma obrigação em favor de terceiro
chamado beneficiário.

Partes

- Promitente
- Estipulante
- Beneficiário

Requisitos

- O beneficiário deve ser um terceiro (elemento subjetivo)


- Efetivo benefício de terceiro (elemento objetivo)

Princípios

- Relatividade dos Contratos (só gera obrigação para as partes).

Obs.: Alguns doutrinadores acreditam que a Estipulação em Favor de Terceiro é uma


exceção ao princípio da Relatividade dos Contratos, visto que o beneficiário que não faz
parte do Contrato está vinculado ao mesmo. E outros doutrinadores acreditam que não,
pois quando anui ao contrato, passa a ser a parte.

O terceiro pode exigir o cumprimento do contrato desde que tenha aceito-o, salvo
quando:

1- Constar no contrato que o estipulante pode mudar o beneficiário;


2- Constar no contrato que esse terceiro pode reclamar a execução da proposta.

PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO (ART. 439 E SEGUINTES, CC)

Definição:

Há dois contratantes, sendo que um se compromete que um terceiro, que não é


parte do contrato, pratique algo.

Obs.: A parte não age em nome de terceiro, senão não há terceiro e sim uma
representação.

Obrigações

- A parte que se obriga ao feito do terceiro responderá por indenização e por perdas e
danos caso o terceiro não o faça.

Prof. Espedito Neiva, Msc. 01 de fevereiro de 2022


Direito Civil III - Contratos 17

Inovação do Contrato

Caso o terceiro assuma o compromisso, passa a ser o responsável pela


obrigação, em que se exclui a responsabilidade da parte.

EVICÇÃO

Definição: É a impossibilidade de uso da coisa pois o comprador perde-a, em


razão de um vício de direito.

Partes:

Evicto: quem compra e perde a coisa.


Evictor: quem se diz o proprietário legítimo.
Alienante: é o terceiro que vende a coisa.

- O evicto pode perder a coisa total ou parcialmente.


- A garantia da evicção existe em todo o contrato, independentemente de estar expresso.
- A evicção haverá quando sobre a coisa recair um ônus não previsto.

Art. 447 – “Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste
esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.”
(deixa claro onde pode existir: só nos contratos onerosos bilaterais sinalagmáticos)

Art 552 – “O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às
conseqüências da evicção ou do vício redibitório. Nas doações para casamento com
certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em
contrário. (Na doação pura não caberá a evicção, só se for com encargo.)

Art. 1939, III – “Caducará o legado: se a coisa perecer ou for evicta, vivo ou morto
o testador, sem culpa do herdeiro ou legatário incumbido do seu cumprimento.”

Art. 448 – “Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a
responsabilidade pela evicção.” (prevê expressamente a possibilidade das partes
excluírem, aumentarem ou diminuírem o direito de evicção – Norma dispositiva).

Exclusão do Direito de Evicção

Art. 449 – “Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se
der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do
risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.”

Prof. Espedito Neiva, Msc. 01 de fevereiro de 2022


Direito Civil III - Contratos 18

- Cláusula de exclusão do direito de evicção só será válida se o adquirente souber do


risco – Parte da doutrina diz que não há necessidade de tala cláusula nesse caso,
pois será um contrato aleatório).

- O legislador prevê o direito de boa-fé, isto é, o alienante deve informar para o


adquirente os riscos da venda da coisa.

- Se o adquirente souber do risco e não quiser excluir o direito de evicção, a cláusula


não será válida.

Relação de Consumo

Art. 51, CDC


Inciso I – cláusula abusiva.

A cláusula que exclui o direito de evicção na relação de consumo será nula,


mesmo nos contratos de adesão.

Validade do Direito de Evicção

- O CC 1916 dizia que somente com a sentença judicial é que o direito de evicção se
tornaria válido.

- O CC 2002 não fala da necessidade de haver sentença, sinal que acolheu a seguinte
posição jurisprudencial: a apreensão administrativa equivale a sentença judicial.

Assim, se não houver sentença, deverá haver uma decisão de autoridade. Caso
contrário, o adquirente deverá usar as ações possessórias.

- Alguns autores admitem a evicção se o imóvel é desapropriado. Se quem vendeu já


sabia que o imóvel ia ser desapropriado responde pelos direitos de evicção do
adquirente.

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Direito Civil III - Contratos 19

ANOTAÇÕES DE
CONTRATOS EM ESPÉCIE
_______________________________________________________________
Referencial Teórico: TARTUCE, Flávio. Direito civil: Teoria Geral dos Contratos e Contratos
em Espécie. Vol. 12., Rio de Janeiro: Forense, 2017.

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Direito Civil III - Contratos 20

I - CONTRATO DE COMPRA E VENDA

DEFINIÇÃO

O contrato de compra e venda é um acordo de vontades entre comprador e


vendedor pelo qual, mediante pagamento de certo preço, transfere-se o domínio de
determinada coisa, objeto do contrato.

A celebração do contrato apenas obriga o vendedor a transmitir ao comprador a


propriedade da coisa, enquanto que a execução do contrato só se dá quando realmente
ocorre a transferência da propriedade pela entrega da coisa, em se tratando de bens
móveis, ou pela transcrição no registro de imóveis, quanto se tratar de imóveis.

PARTES

São partes no contrato de compra e venda:

Vendedor - quem vende determinado bem, dispõe dele a troco de dinheiro.

Comprador - quem compra o bem, paga por ele.

ELEMENTOS

Objeto - qualquer bem que possa ser vendido e comprado.

Preço - é o custo da coisa posta à venda. É o que caracteriza o contrato de


compra e venda.

Consentimento das partes - acordo de vontades entre as partes, representado


pelo que for pactuado no contrato.

REQUISITOS FORMAIS

Para a compra e venda de bens imóveis é obrigatória a forma escrita, transcrita


no registro imobiliário, por exigência de Lei.

Para bens móveis, há liberdade de forma, de acordo com a preferência das


partes, podendo ser escrita, verbal, mímica ou tácita.

REQUISITOS OBJETIVOS

A venda será AD MENSURAM (por medida certa) quando a estipulação do preço


for condicionada à especificação das dimensões da área do imóvel. Diferente disto, dá ao
comprador direito à complementação da área, ao abatimento do preço ou, até mesmo, à
resolução do contrato.

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Direito Civil III - Contratos 21

A venda será AD CORPUS quando se tratar de bem vendido como corpo certo,
individualizado por suas características, não sendo de extrema importância a medida do
imóvel pelo que não será determinante do preço.

A venda poderá ter como objeto coisa futura, que ainda virá a existir, desfazendo-
se o contrato sobrevindo a inexistência desta.

A venda que for representada por amostras, protótipos ou modelos deverá


apresentar produtos correspondentes a estes, sob pena de ficar obrigado o vendedor a
restituí-los com as mesmas características do que fora por ele exibido.

A venda que tem por objeto várias coisas não permite ao comprador recusar
todas pelo defeito oculto que uma delas venha a apresentar.

REQUISITOS SUBJETIVOS

Primeiramente, as partes devem ser capazes, ou seja, maiores de 18 (dezoito)


anos ou emancipadas.

Os ascendentes não podem vender aos descendentes sem o consentimento


expresso dos outros descendentes.

Salvo no regime de separação de bens, é necessária anuência (concordância)


expressa do consorte (cônjuge) para a venda do bem imóvel.

O locador não pode vender imóvel seu, alugado, sem antes oferecê-lo ao
locatário.

O condômino não pode vender sua parte de coisa indivisível se outro condômino
a quiser.

Os tutores, curadores, testamenteiros, administradores, mandatários, servidores


públicos, juízes, servidores e auxiliares da justiça não podem comprar bens que estejam
sob sua administração.

EFEITOS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA

TRANSMISSÃO DO OBJETO:

Artigo da compra e venda, o objeto deve ser transferido pelo vendedor ao


comprador, mediante recebimento de soma em dinheiro.

Bens móveis - a transmissão ocorre com a entrega do bem pelo vendedor ao


comprador.

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Direito Civil III - Contratos 22

Bens imóveis - a transmissão se dá pela transcrição no registro imobiliário.

RESPONSABILIDADE PELOS RISCOS

Enquanto não há a tradição de coisas móveis e o registro de imóveis:

- Os riscos correm por conta do vendedor, já que nestas hipóteses


é ainda considerado o dono das referidas coisas.

- Os riscos do preço (um possível aumento) recaem sobre o


comprador.

Havendo a tradição de coisas móveis e o registro de imóveis:

- O prejuízo pelo vício da coisa fica por conta do comprador.

- O prejuízo na perda do preço é sofrido pelo vendedor.

REPARTIÇÃO DAS DESPESAS:

Não havendo estipulação contrária expressa no contrato, as despesas com:

Escritura e registro - são de responsabilidade do comprador.

Tradição da coisa - ficam por conta do vendedor.

DIREITO DE RETER A COISA OU O PREÇO:

No contrato de compra e venda a vista:

- O comprador deverá cumprir a sua parte, pagando o preço, para imediatamente


o vendedor cumprir a sua, entregando a coisa.

- Se o comprador não efetuar primeiro o pagamento, o vendedor tem o direito de


não entregar a coisa, podendo retê-la, ou se a coisa for um imóvel, pode recusar-se a
assinar a escritura.

No contrato de compra e venda a prazo:

- O vendedor pode suspender a entrega da coisa, desde que, antes da tradição


ou registro, o comprador caia em insolvência.

- Sendo insolvente o vendedor, o comprador pode reter o pagamento até que seja
entregue a coisa ou prestada caução.

CLÁUSULAS ESPECIAIS À COMPRA E VENDA

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Direito Civil III - Contratos 23

Cláusulas pactuadas em determinadas circunstâncias que obrigam as partes, ou


apenas uma delas, a uma prestação específica.

Estas cláusulas nunca podem ser presumidas, devendo sempre vir expressas no
contrato.

Retrovenda: EM FRANCO DESUSO.

É uma reserva do bem.

Só ocorre quando o objeto do contrato for um bem imóvel.

No caso do comprador vir a vender o imóvel por ele adquirido, o vendedor deste
imóvel tem direito a readquiri-lo (Recobrá-lo), reembolsando-lhe apenas a quantia paga e
as despesas.

Tempo de Máximo de Validade da cláusula de Retrovenda: 03 anos.

Venda a Contento: SUBJETIVIDADE EXTREMA.

Cláusula pactuada em contrato através da qual o comprador tem a prerrogativa


de devolver a coisa quando esta não o satisfizer.

A venda só se efetiva se o comprador aprovar a coisa; caso contrário, o contrato


se desfaz.

Venda sob condição suspensiva.

"Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta!".

Venda sujeita a Prova: OBJETIVIDADE.

É uma espécie de modalidade da venda a contento, diferenciando-se desta por


ser um pouco mais específica, já que o comprador só pode rejeitar o objeto da venda se
este não apresentar as mesmas qualidades e finalidades garantidas pelo vendedor.

Preempção ou preferência:

O comprador se compromete a dar preferência ao vendedor se vier a vender a


coisa posteriormente. Difere-se da retrovenda porque o preço a ser pago deve ser o
exigido pelo comprador, e não o preço da venda anterior. Além disso, pode incidir sobre
bens móveis e imóveis.

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Direito Civil III - Contratos 24

- 180 dias – Móvel → Tempo para o Exercício da Preferência.


- 02 anos – Imóvel

Reserva de Domínio: ATUALIDADE

Cláusula muito comum nas vendas a prazo.

Exclusiva para bens móveis. (Veículos).

A propriedade da coisa móvel, já entregue ao comprador, permanece sendo do


vendedor até o pagamento integral do preço.

Venda sobre Documentos:

A compra e venda é realizada com base em documentos que representem a


coisa, ou seja, o vendedor envia ao comprador as descrições necessárias para a
aquisição da coisa e este muitas vezes paga seu preço antes mesmo de recebê-la,
confiando na veracidade de tais documentos. Do contrário, desfaz-se o contrato.

O comprador adquire papéis que representam o objeto da negociação.


Posteriormente troca-se papéis pelo objeto.

II - CONTRATO DE TROCA OU PERMUTA

1. CONCEITO

→ A troca ou permuta é o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa para
receber outra.

Como o próprio nome diz, trata-se de contrato pelo qual cada contratante tem
como obrigação entregar uma coisa, recebendo outra, diferente de dinheiro.

A troca se assemelha a um contrato de compra e venda em que trocantes


mostram-se reciprocamente compradores e vendedores.

2. OBJETO

→ Desta forma, podem ser trocados: imóveis por móveis; imóveis por imóveis; móveis
por móveis; coisas corpóreas por coisas incorpóreas etc.

Tudo o que pode ser objeto da compra e venda pode ser da troca, exceto o
dinheiro. O artigo 221 do Código Comercial expressa:

"Tudo o que pode ser vendido pode ser trocado".

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Direito Civil III - Contratos 25

3. PARTES

As partes de um contrato de troca podem ser denominadas TROCANTES, pelo


que apresentam obrigações e direitos recíprocos, quais sejam a de dar e o de receber
um bem pelo outro.

3.1 - Obrigações entre as Partes

Os trocantes têm o compromisso de transferir, um para o outro, a propriedade das


respectivas coisas trocadas, ou seja, sustentam idênticas obrigações.

Obs: Um dos contratantes pode pedir a devolução da coisa que entregou se o


outro não cumprir sua parte, pelo princípio da exceção de contrato não cumprido.

3.2 - Prazo para a entrega das Coisas

Os prazos para a entrega de bens no contrato de troca podem ser ajustados de


maneira idêntica ou diversa entre as partes.

Fica a critério dos trocantes, de acordo com vontade e concordância destes.

4 - CARACTERÍSTICAS DA TROCA

→ A Troca ou Permuta é:

• Bilateral;
• Onerosa;
• Consensual;
• Comutativa.

→ Pode ser solene, quando envolva a transmissão de bens imóveis. Devendo o contrato
ser registrado no CRI.

5 - RELAÇÃO COM A COMPRA E VENDA


Troca e Compra e Venda

A troca, em muito, se assemelha à compra e venda. → Troca difere da compra


e venda pela forma de pagamento.

A compra e venda é, na verdade, uma operação de troca de bens na qual um


deles é o dinheiro.

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Direito Civil III - Contratos 26

Os princípios da compra e venda são aplicados supletivamente ao contrato de


troca. (CC, art. 533).

Na compra e venda, as despesas com a escritura e registro correm por conta do


comprador e as despesas da tradição da coisa correm por conta do vendedor (NCC,
art.490).

Já na troca, as despesas são divididas entre as partes.

A troca de bens de valores desiguais entre ascendentes e descendentes é


anulável (como também o é a venda).

É necessário o consentimento dos demais descendentes (quando a estes a troca


representar prejuízo patrimonial) ou o consentimento do cônjuge do alienante
(dispensado, em se tratando de regime de separação obrigatória de bens).

→ Pode ocorrer pagamento em dinheiro sem descaracterizar a permuta, salvo se


representar mais de 50% do pagamento.

→ São válidas as permutas de coisas futuras. Resolve-se o contrato aleatório


pela regra dos artigos 458 e 459, CC.

Observação

O contrato de troca também pode ser chamado de PERMUTA, CÂMBIO OU


ESCAMBO. Porém, tais denominações tornaram-se mais apropriadas a determinados
tipos de troca:

- Escambo: troca internacional de bens e serviços

- Câmbio: troca de moedas

- Permuta: troca de imóveis

III - CONTRATO ESTIMATÓRIO

1. CONCEITO

→ É o negócio jurídico em que alguém (consignatário) recebe de outrem


(consignante) bens móveis, ficando autorizado a vendê-los a terceiros, obrigando a pagar
um preço estimado previamente, se não restituir as coisas consignadas dentro do prazo
ajustado (CC, art. 534).

Pelo Contrato de Consignação (ou Estimatório), uma pessoa entrega coisa móvel
à outra pessoa para ser vendida, "estimando" o preço que pretende pela alienação e
fixando um prazo para tal.

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Direito Civil III - Contratos 27

Aquele que recebe a coisa para dela se dispor deve vendê-la e repassar a
quantia certa a quem a determinou, devendo restituir o bem caso não se perfaça a
venda.

É comumente conhecida como VENDA POR CONSIGNAÇÃO.

O contrato denomina-se estimatório tendo em vista a estimação do valor da coisa


feita pelo alienante (preço de estima).

2. PARTES

2.1 - Consignante: aquele que entrega a coisa com intuito de aliená-la.

2.2 - Consignatário: aquele que recebe a coisa, adquire sua posse para dela se
dispor.

3. REQUISITOS

3.1 - REQUISITOS SUBJETIVOS:


- as partes devem ser capazes, ou seja, maiores de 18 (dezoito) anos ou emancipadas.
- o consignante deve ser o proprietário da coisa.

3.2 - REQUISITOS OBJETIVOS:


- a coisa deve ser necessariamente móvel e passível de alienação.

3.3 - REQUISITOS FORMAIS:


- É necessária a tradição da coisa, do consignante ao consignatário, para que se
considere celebrado o contrato.

4. NUTUREZA JURÍDICA - CARACTERÍSTICAS

→ O contrato Estimatório é:

• Bilateral: Desse Contrato decorrem obrigações para ambas as partes;


• Oneroso*: Desse Contrato decorre aumento e diminuição de patrimônio para
ambas as partes (*Desde que ocorra a venda);
• Real: Para que se aperfeiçoe é necessário, além do acerto de vontade das
partes, uma outra formalidade, qual seja: a Tradição.
• Comutativo: Ambas as partes são sabedoras da exata prestação e
contraprestação que estão se obrigando.

5. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO CONTRATO ESTIMATÓRIO

1. preço;

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Direito Civil III - Contratos 28

2. coisa móvel;

3. entrega da coisa móvel;

4. disponibilidade da coisa;

5. obrigação de restituir ou pagar o preço estimado;

6. prazo.

6. PONTO DIFERENCIAL COM A COMPRA E VENDA

→ Se diferencia da compra e venda, pois a tradição dos bens não transfere a


propriedade, pois o consignante continua sendo o titular do domínio da coisa consignada.

7. OBRIGAÇÕES DAS PARTES

7.1 - OBRIGAÇÕES DO CONSIGNANTE

- entregar a coisa ao consignatário.

- não vender, doar, trocar, emprestar, alugar, empenhar, enfim, dispor da coisa dada em
consignação e que ainda se acha em posse do consignatário (durante o contrato, o
consignante, embora dono da coisa, perde sua disponibilidade até que o bem lhe seja
restituído).

7.2 - OBRIGAÇÕES DO CONSIGNATÁRIO

- conservar a coisa como se fosse sua.

- pagar o preço estipulado pelo consignante, quando vendido o bem. (Qnd Consignatário
resolve ele mesmo ficar com a coisa).

- Restituir a coisa consignada quando não alienada ou quando requisitada (se


indeterminado o prazo).

- respeitar o prazo de restituição.

- pagar o preço da coisa consignada na impossibilidade de restituição.

IV – CONTRATO DE DOAÇÃO

1. CONCEITO

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Direito Civil III - Contratos 29

→ É o contrato pelo qual uma pessoa (física ou jurídica), por vontade própria, transfere
gratuitamente do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra pessoa (também
física ou jurídica), que os aceita.

OBS: O Contrato de Doação, por si só, não opera a transferência da propriedade do seu
objeto. Para isso, é necessário que o doador promova o registro (no caso de bens
imóveis), ou a tradição do bem doado (para bens móveis).

2. PARTES

São partes no Contrato de Doação:

Doador (ofertante): aquele que se desfaz da coisa doada, agindo com animus donandi,
ou seja, vontade de doar (liberalidade).

Donatário (aceitante): aquele que é beneficiado ao aceitar a coisa doada, que consente
em recebê-la.

3. ELEMENTOS CARACTERÍSTICOS

→ Caracteriza-se a Doação por 4 elementos fundamentais:

• Gratuidade;
• Ânimo do Doador de fazer a doação;
• Transferência de bens ou de direitos do Doador ao Donatário;
• Aceitação do Donatário.

→ Na aceitação temos duas exceções:

a) A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada


pessoa, que pede o efeito se não forem contraídas as núpcias (CC, art. 546);

b) Na doação feita ao incapaz absoluto, desde que não seja sujeita a encargos (CC, art.
543).

OBS: Para a validade do ato da doação é necessária a aceitação do donatário, pois sem
o consentimento deste o contrato não se aperfeiçoa. Portanto, é comum que o doador
estabeleça um prazo para que o donatário aceite ou não a coisa doada. Se a parte
beneficiada não se manifestar dentro do prazo previsto, entender-se-á como aceita a
doação.

4. NATUREZA JURÍDICA

→ A Doação é um contrato:

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Direito Civil III - Contratos 30

• Unilateral (quanto às obrigações das partes);


• Gratuito;
• Consensual (p/transferir a propriedade necessita de outros atos);
• É de caráter pessoal;
• Informal/Solene.

5. FORMA DO CONTRATO DE DOAÇÃO

→ Pode ser escrito ou verbal (CC, art. 541).

→ A doação na forma verbal só será aceita para bens móveis de pequeno valor
econômico (CC, art. 541, par. único).

→ A forma verbal revela dois requisitos para sua validade:

a) pequeno valor; e
b) transmissão imediata da propriedade (tradição).

6. MODALIDADES DE DOAÇÃO

→ Várias podem ser as modalidades de Doação:

• Doação Pura
• Doação Condicional
• Doação Modal ou com Encargo
• Doação com Cláusula de Reversão
• Doação com Cláusula de Inalienabilidade
• Doação Remuneratória e Doação Meritória
• Doação em Forma de Subvenção Periódica

6.1. Doação Pura

→ É aquela feita sem nenhum motivo especial, a não ser a intenção do Doador em
beneficiar o Donatário com um acréscimo em seu patrimônio.

6.2. Doação Condicional

→ É a que pode ser estabelecida com condição suspensiva ou resolutiva.

6.3. Doação Modal ou com Encargo

→ É o negócio jurídico gracioso, mas que o Doador impõe ao Donatário uma


determinada incumbência ou dever em seu favor, ou de terceiro ou do interesse geral da
comunidade (CC, art. 553).

6.4. Doação com Cláusula de Reversão

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Direito Civil III - Contratos 31

→ O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver
ao donatário (CC, art. 547).

6.5. Doação com Cláusula de Inalienabilidade, Incomunicabilidade e


Impenhorabilidade

→ As cláusulas de inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade são


restritivas do direito à propriedade, pois o Donatário dela não pode dispor livremente.

6.6. Doação Remuneratória e Doação Meritória

→ A doação remuneratória conjuga liberalidade e remuneração pelos serviços prestados


gratuitamente pelo donatário ao doador.

→ A doação meritória é feita em contempla de merecimento. O motivo determinante


deste negócio jurídico é a vontade do Doador em reconhecer o esforço e premiar ato ou
conduta do Donatário, considerados relevantes pelo Doador.

6.7. Doação em Forma de Subvenção Periódica

→ É a doação feita de forma periódica ou continuada (semanal, mensal, anual etc.).

7. REQUISITOS DE VÁLIDA DA DOAÇÃO

→ Além dos requisitos gerais de válida em exigidos em todos os contratos, o de doação


submete-se a requisitos específicos que lhe são imprescindíveis:

7.1. Requisitos Subjetivos.

→ Diz respeito à capacidade ativa e passiva dos contratantes da doação.

→ A capacidade ativa – limitações legais:

a) Os incapazes (absoluto e relativo) não poderão, em regra, doar, nem mesmo através
de seus representantes legais.

b) os cônjuges, sem a devida autorização, exceto no regime de separação absoluta,


estão impedidos de fazer doação dos bens e rendimentos comuns, ou dos que possam
vir a integrar futura meação.

c) o cônjuge adúltero não pode fazer doações a seu cúmplice (CC, arts. 550 e 1.642, IV;
Súmula 382 do STF).

d) os cônjuges não poderão doar entre si, se a união for pelo regime da comunhão
universal de bens.

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Direito Civil III - Contratos 32

e) o mandatário do doador não poderá nomear donatário ad libitum.

f) as entidades públicas e privadas.

g) o falido não pode fazer doações.

h) ascendentes poderão fazer doações para descendentes, que importarão em


adiantamento da legítima.

8. REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO

Dá-se a revogação da doação por:

A) - ingratidão do donatário:

- que atente contra a vida do doador ou cometa crime de homicídio doloso contra ele.

- que ofenda fisicamente o doador.

- que injurie, calunie ou difame o doador.

- que negue alimentos (vestuário, moradia, saúde, alimentação, habitação) ao doador,


quando solicitado a fornecê-los e tendo condições para tal.

B) - descumprimento do encargo, nas doações gravadas.

OBS: O prazo para revogação é de 01 (um) ano, contado do dia em que o doador tomou
conhecimento do motivo da revogação.

V - CONTRATO DE LOCAÇÃO

CONTRATO DE LOCAÇÃO

1 - NOÇÕES INTRODUTÓRIAS

O contrato de locação pode ser explicado como um negócio jurídico pelo qual uma
pessoa (denominada locador, arrendador ou senhorio) se obriga a ceder à outra
(denominada locatário, arrendatário ou inquilino) a utilização de um bem, seja ele
móvel ou imóvel, por um determinado tempo, mediante pagamento de um preço.
(Partes ... ).

É comum o locador também seja denominado proprietário numa relação locatícia.


Contudo essa expressão pode ser utilizada de forma incorreta, pois nem sempre o

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Direito Civil III - Contratos 33

locador é necessariamente o proprietário do bem. É caso das sublocações, quando o


locatário tiver o expresso consentimento do locador.

O contrato de locação, dentro das normas de Direito atuais, abrange a locação de


bens móveis, locação de imóveis rurais (prédios rústicos, ou seja, aqueles imóveis
destinados à lavoura em qualquer de suas modalidades, ainda que esteja dentro ou fora
das povoações) e imóveis urbanos.

Dependendo do objeto do contrato de locação, a lei que irá disciplinar a relação pode
se alterar, e assim será aplicado:

- Para bens móveis: Código Civil de 2002;


- Para imóveis rurais: Decreto 59.566/66 e Estatuto da Terra;
- Para imóveis urbanos: Lei nº 8.245/91;

2 – CARACTERÍSTICAS

O contrato de locação apresenta importantes características, que abordadas a seguir.

Uma importante característica do contrato de locação é a tipicidade, pois a sua


existência, bem como seus efeitos estão previstos em lei (CC/02; Estatuto da Terra e Lei
nº8.245/91). Da mesma forma, pode-se dizer que se trata de um contrato comutativo,
vez que as obrigações das partes contratantes são conhecidas.

Outra característica é ser um contrato bilateral, pois se constitui pela união de duas
vontades contrárias, de um lado de ceder a utilização do bem, e de outro, querer utilizar-
se do bem.

O contrato de locação também é apontado como consensual, pois origina de um


acordo de vontades. Além disso, pode ser apontado como um contrato individual pois
obriga apenas as partes contratantes.

Pelo pagamento da remuneração, pode-se dizer que se trata de um contrato oneroso,


pois impõe às partes contratantes obrigações recíprocas, ao locador de ceder o uso, e ao
locatário de pagar o preço.

Pode-se dizer também que se trata de um contrato não solene, pois não há
formalidades específicas exigidas por lei para sua elaboração. (Requisitos ... ).

3 - ELEMENTOS DO CONTRATO

Para que um contrato de locação seja constituído é necessária a junção de


determinados elementos, tais como o objeto (bem móvel ou imóvel), o consenso

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Direito Civil III - Contratos 34

(acordo entre as partes), além do preço. Uma vez reunidos esses elementos, estará
formado o contrato de locação.

O bem, objeto da locação deve ser coisa infungível, ou seja, um bem particularizado,
que não pode ser substituído por outro da mesma espécie, quantidade e qualidade.

4. - OBRIGAÇÕES DAS PARTES

4.1 - OBRIGAÇÕES DO LOCADOR

O locador, no curso do contrato de locação, tem como obrigação principal entregar a


coisa ao locatário, em perfeito estado ao uso para o qual se destina, além dos
acessórios que revestem a coisa. Essa obrigação irá prevalecer desde que as partes
não tenham acordado de forma diferente.

Além de entregar a coisa, o locador tem a obrigação de conservá-la. Dessa forma é


responsável pelos gastos decorrentes de obras de conservação. Da mesma forma, essa
obrigação pode ser convencionada de forma diversa no contrato.

Cabe ao Locador a responsabilidade pelas obras de conservação, e pelas reparações


locatícias será o locatário, desde que o contrato não disponha de forma diferente.

Obs: O não cumprimento do dever de conservação pode ensejar a resolução (extinção)


do contrato. Se o locatário fizer por sua conta obras de conservação, tem direito de ser
restituído. Outra conseqüência é que, havendo deterioração na coisa, o locatário pode
exigir a redução no preço do aluguel ou mesmo a extinção do contrato.

Outro aspecto importante diz respeito à obrigação do locador de garantir ao locatário


a posse mansa e pacífica do bem durante a vigência do contrato de locação.

Essa garantia abrangerá terceiros, inclusive vizinhos que possam causar algum tipo de
perturbação ou incômodo, e nesse caso o locador deverá tomar inclusive medidas
judiciais para evitar o infortúnio.

O locador deve garantir o locatário contra a existência de vícios redibitórios, ou


seja, defeitos pré-existentes na coisa, que posteriormente se manifestam fazendo com
que a coisa se torne imprópria para o uso ou reduza seu valor.

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Direito Civil III - Contratos 35

Obs: Importante mencionar que ainda que o locador não soubesse da existência
desses vícios, responderá por eles perante o locatário. Na hipótese de já ter ciência de
eventuais defeitos, e os ocultou propositadamente, além de responder por eles, deverá
indenizar o locatário por perdas e danos sofridos.

O locador deverá garantir o locatário, ainda, contra os efeitos da evicção, entendida


como a perda total ou parcial da coisa pelo adquirente em função de ação judicial
promovida pelo real possuidor ou proprietário.

Obs: As conseqüências jurídicas da evicção perante o contrato de locação são a


resolução (extinção) do contrato e indenização ao locatário pelos prejuízos sofridos.

Os atos da administração pública, tais como desapropriação, condenação do


edifício dentre outros também serão de responsabilidade do locador caso este
tivesse ciência que essa providência estava tramitando antes de firmar o contrato
de locação.

Obs: Mas se o locatário é quem deu causa ao ato administrativo, é dele a


responsabilidade, tendo o mesmo que indenizar o locador.

O locador também é obrigado a indenizar o locatário por perdas e danos caso retire
a coisa locada da posse do locatário antes de findo o prazo estabelecido no
contrato de locação.

4.2 - OBRIGAÇÕES DO LOCATÁRIO

O locatário tem como obrigações principais: pagar o aluguel estipulado no contrato


de locação; cuidar da coisa como se fosse o próprio dono, conservando-a da
maneira como recebeu.

O locatário também deve avisar ao locador sobre eventuais incômodos sofridos em


sua posse por terceiros, de maneira com que o locador tenha ciência da situação e
possa tomar as medidas cabíveis.

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Direito Civil III - Contratos 36

Além disso o locatário deve utilizar a coisa para o fim que se destina.

Obs: Se a destinação for desviada, o locador tem direito de rescindir o contrato.

Importante destacar que o locatário é parte legítima para defender sua posse perante
terceiros e perante o próprio locador.

5 - FORMAS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO DE LOCAÇÃO

São várias as causas que ocasionam o fim do contrato de locação.

A mais comum dessas causas é o fim do prazo, ou seja, as partes ao estipularem as


cláusulas contratuais estabelecem um tempo certo de vigência para a duração do
contrato; assim, quando o prazo previsto chega ao fim, tem-se por extinto o contrato.

Obs: Contudo, se findo esse prazo e o locatário permanecer na posse da coisa, sem
que esse fato seja contestado pelo locador, considera-se que o contrato foi
automaticamente prorrogado por prazo indeterminado.

Outra causa de extinção do contrato seria o implemento de condição resolutiva, ou


seja, a ocorrência de um evento futuro e incerto, que a partir do momento em que ocorre,
considera-se extinto o contrato.

Por exemplo: uma cláusula contratual estipula que a locação irá perdurar até que a
pessoa passe num concurso público; nesse caso no momento em que a pessoa for
aprovada no concurso terá ocorrido a condição resolutiva, extinguindo-se o contrato de
locação.

A alienação (venda) do objeto do contrato de locação também pode ser


considerada causa de extinção do contrato, pois uma vez que tenha sido vendido o
bem, o novo proprietário poderá retomar a coisa que se encontra na posse do locatário.

Em muitos contratos, a morte de uma das partes contratantes gera a extinção do


contrato.

VI - CONTRATO DE COMODATO

1. CONCEITO

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Direito Civil III - Contratos 37

“É o contrato pelo qual o Comodante entrega coisa móvel ou imóvel, infungível, ao


Comodatário, gratuita e temporariamente, para a finalidade de uso e gozo”. - João
Franzen de Lima.

Contrato em que alguém entrega a outra pessoa coisa NÃO FUNGÍVEL para ser
usada temporariamente e depois restituída. É um empréstimo gratuito, uma cessão de
uso, pelo qual se transfere apenas a posse do bem, não se transmite seu domínio.

Se o comodato não fosse gratuito, seria locação.

2 - PARTES

2.1 - COMODANTE: É aquele que empresta a coisa não fungível e pode exigir a
sua restituição. O comodante beneficia o comodatário com o empréstimo.

2.2 - COMODATÁRIO: É aquele que toma emprestada a coisa não fungível, a


usa, e tem obrigação de restituí-la. O comodatário é a parte beneficiada pelo
empréstimo.

3. CARACTERÍSTICAS JURÍDICAS

• Contrato Unilateral
• Contrato Gratuito
• Contrato Real
• Contrato Pessoal (Intuitu Persona)
• Contrato Temporário

4. REQUISITOS

a) Subjetivo

As partes devem ser genericamente capazes.

- no caso de incapazes, seus bens, administrados por terceiros, só podem ser dados em
comodato com autorização do juiz.

- se o comodante for apenas um possuidor do bem e não seu proprietário, como


acontece com o locatário que dá o bem em comodato, ou o usufrutuário, necessitará de
permissão legal, do dono, do juiz ou de determinação contratual para ceder a coisa.

b) Objetivo

- A coisa dada em comodato precisa ser infungível (insubstituível por outra da mesma
espécie, qualidade e quantidade), podendo ser móvel ou imóvel.

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Direito Civil III - Contratos 38

- Não se pode dar em comodato aquilo que se consome pelo uso.

- Eventualmente, pode recair sobre bens fungíveis (coisas consumíveis), mas a


restituição deve ser da própria coisa emprestada, sem que haja substituição, ou seja, o
comodatário terá que restituir especificamente a coisa recebida.

c) Formal

É contrato real, que só depende da tradição, da transmissão do bem para que se


torne perfeito. É essencial, além do acordo de vontades, a entrega da coisa para que se
configure o contrato.

5. OBRIGAÇÕES DAS PARTES

5.1 - OBRIGAÇÕES DO COMODANTE (eventuais)

Por ser contrato unilateral não gera responsabilidade para o Comodante. Todavia,
a lei e algumas circunstâncias supervenientes ao curso do contrato impõem alguns
deveres a serem observados pelo Comodante.

Em princípio, não tem obrigações o comodante, apenas eventualmente quando:

a) - Permitir o uso da coisa pelo comodatário durante o prazo estabelecido no


contrato, não podendo exigir a devolução antes do vencimento;

b) - Indenizar o comodatário por prejuízos causados por defeito na coisa, quando


pretendia o comodante ocultá-lo;

c) - Reembolsar as despesas necessárias e úteis que o comodatário teve além da


conservação normal da coisa.

5.2 - OBRIGAÇÕES DO COMODATÁRIO (essenciais)

1) Guardar e conservar a coisa emprestada como se fosse sua;

2) Fazer uso e gozo da coisa na forma estipulada ou de acordo com sua natureza;

3) Restituir o bem emprestado no prazo ajustado, ou, em sua falta, quando lhe for
reclamado, e, ainda, findo o tempo necessário ao uso concedido;

4) Responder pela mora;

5) Responder pelos riscos da coisa;

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Direito Civil III - Contratos 39

6) Responsabilizar-se de forma solidária, se duas ou mais pessoas receberam


simultaneamente a coisa emprestada.

6. PRAZO

É essencialmente temporário; se fosse perpétuo, seria doação.

O prazo pode ser determinado ou indeterminado:

- Se indeterminado, presume-se que o prazo seja o necessário ao uso da coisa, podendo


ela ser retomada pelo comodante quando lhe aprouver;

- Se determinado, o prazo deve ser respeitado por ambas as partes, sob pena de multa
contratual, a menos que o comodante comprove em juízo a necessidade de reaver a
coisa.

7. EXTINÇÃO DO COMODATO

►Dar-se-á por extinto o Comodato quando o houver:

1) A expiração do prazo acertado ou necessário ao uso contratado;

2) A resolução por inexecução contratual;

3) A rescisão unilateral do contrato.

4) Distrato;

5) A morte do Comodatário, no caso de acordo pelo uso estritamente pessoal da


coisa emprestada.

6) A alienação do bem emprestado.

VII – CONTRATO DE MÚTUO

1. CONCEITO

É o contrato pelo qual uma pessoa (Mutuante) empresta coisa fungível à outra
(Mutuário), que se obriga a restituí-la em coisa do mesmo gênero, da mesma qualidade e
na mesma quantidade (CC, art. 586).

2. CARACTERES JURÍDICOS

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Direito Civil III - Contratos 40

• É Contrato Real
• É Contrato Unilateral
• É Contrato Gratuito
• É Contrato Temporário
• É Contrato Translativo de Domínio

3. REQUISITOS

3.1. Subjetivo

► Para contratar um mútuo é necessário que as partes sejam capazes.

► O Mutuante tem de ser apto a dispor da coisa a ser emprestada.


► O Mutuário deve ser habilitado a obrigar-se.

► O Mútuo feito a menor, sem prévio autorização do representante legal, não pode ser
reavido nem do Mutuário nem dos seus fiadores (CC, art. 588).

→ Tal regra comporta exceção nos seguintes casos (CC, art. 589):

1) Se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o


empréstimo, o ratificar posteriormente;

2) Se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o


empréstimo para os seus alimentos habituais;

3) Se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução
do credor não lhes poderá ultrapassar as forças;

4) Se o empréstimo reverteu em benefício do menor;

5) Se o menor obteve o empréstimo maliciosamente.

3.2. Objetivo

→ Por ser empréstimo de consumo, requer que o objeto seja coisa fungível, ou seja,
bem móvel que possa ser substituído por outro da mesma espécie, qualidade e
quantidade.

4. EFEITOS JURÍDICOS

→ O Mútuo produz os seguintes efeitos:

1) De gerar obrigações ao Mutuário:

a) Restituir a coisa emprestada por outra do mesmo gênero, quantidade e qualidade.

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Direito Civil III - Contratos 41

b) Pagar os juros, no caso de mútuo feneratício.

2) De conferir direitos ao Mutuante:

a) Exigir garantia da restituição, caso o Mutuário venha a sofrer, antes do


vencimento do contrato, mudança no seu patrimônio ou na sua situação financeira, que
venha a possibilitar dificuldade na restituição da coisa;

b) Reclamar a restituição do bem emprestado, uma vez vencido o prazo contratual.

c) Demandar a resolução do contrato se o Mutuário, no mútuo feneratício, deixar de


pagar os juros.
...................................................................................................................

→ O Mutuante assume certos deveres, mas que não chegam a ser obrigações.

→ São eles:

a) Entregar a coisa objeto do mútuo;


b) Abster-se de interferir no consumo da coisa emprestada, não cobrando a
restituição antes do convencionado, exceto se houver motivo justo.
...................................................................................................................

5. EXTINÇÃO DO MÚTUO

→ O mútuo se extingue pelo:

1) Pela expiração do prazo convencionado pelos contratantes;


2) Pela ocorrência dos casos previstos no artigo 592, do CC;
3) Pela resolução contratual funda no descumprimento do convencionado;
4) Pela resilição unilateral por parte do devedor;
5) Pelo distrato;
Pela efetivação de algum modo terminativo previsto no próprio contrato.

VIII - CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

1. CONCEITO

A prestação de serviço é toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, que não estiver
sujeita às leis trabalhistas ou a lei especial, contratada mediante retribuição.

No contrato de prestação de serviços uma das partes se obriga para com a outra a
prestar-lhe determinada atividade, mediante certa remuneração.

2. PARTES

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Direito Civil III - Contratos 42

Tomador: aquele que contrata os serviços da outra parte.

Prestador: aquele que fornece sua força de trabalho para a prestação de determinada
atividade.

3. DIFERENÇAS DO CONTRATO DE TRABALHO

Prestação Serviço Contrato de Trabalho

Regulamentado pelo Código Civil X regulamentado pela CLT.

Não gera vínculo empregatício X gera relação de emprego.

Pode ser pessoa física ou jurídica X só pode ser pessoa física.

É trabalho autônomo X há subordinação jurídica.

Não é obrigatoriamente contínuo X habitualidade.

Não há dependência econômica X é dependente economicamente.

4. CARACTERES JURÍDICOS
• É Contrato Bilateral
• É Contrato Oneroso
• É Contrato Consensual
• É Contrato Não-formal
• É Contrato Intuitu Personae (Pessoal)

5. REQUISITOS

5.1 – Requisitos Subjetivos

As partes devem possuir capacidade genérica para celebrar um contrato de prestação de


serviços, ou seja, devem ser maiores de 18 anos.

5.2 – Requisitos Objetivos

A prestação de serviços deve resultar de atividade lícita, podendo ser física ou


intelectual, material ou imaterial.

5.3 – Requisitos Formais

O contrato de prestação de serviços é consensual; portanto, tem forma livre (escrita,


verbal, mímica ou tácita), bastando que haja a vontade das partes para que seja
celebrado.

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Direito Civil III - Contratos 43

6. PRAZO

O prazo máximo de duração do Contrato de prestação de serviços não poderá ser


superior a 4 (quatro) anos.

Findo o prazo, nada impede que novo contrato seja celebrado por período igual ou
inferior.

7. OBRIGAÇÕES DAS PARTES

7.1 – OBRIGAÇÕES DO PRESTADOR

- realizar o serviço assumido no tempo, local e seguindo as especificações combinadas.

7.2 – OBRIGAÇÕES DO TOMADOR

- remunerar o serviço contratado de acordo com o combinado.

- prover os meios necessários à prestação do serviço contratado.

8 - EXTINÇÃO DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

→ A prestação de serviço se extingue:

a) A morte de quaisquer das partes;


b) A expiração do prazo;
c) A conclusão da obra;
d) A rescisão Contratual, mediante denúncia do contrato (aviso prévio);
e) Inadimplência de qualquer das partes;
f) Impossibilidade, por força maior, de cumprimento do contrato;
g) Distrato.

IX - CONTRATO DE EMPREITADA

1. CONCEITO

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Direito Civil III - Contratos 44

É o contrato em que alguém, denominado empreiteiro (executor da obra), obriga-


se a executar uma obra, com fornecimento próprio ou não de matéria-prima, sob
encomenda do comitente (dono da obra ou proprietário), mediante pagamento.

2. CARACTERES JURÍDICOS

• É Contrato Bilateral
• É Contrato Oneroso
• É Contrato Consensual
• É Contrato Não-solene (forma livre)

3. ESPÉCIES DE EMPREITADA

3.1. Quanto aos Critérios de Determinação do Preço

a) Empreitada a preço fixo


b) Empreitada por medida
c) Empreitada no preço
d) Empreitada por preço máximo
e) Empreitada por preço de custo

3.2. Quanto à execução da obra pelo empreiteiro

a) Empreitada de lavor ou de mão-de-obra;


b) Empreitada de materiais ou mista.

4. DIREITOS E DEVERES DAS PARTES

4.1. Direitos e Deveres do Empreiteiro

4.1.1. DIREITOS do Empreiteiro

a) Receber o preço ajustado para a execução da obra;


b) Exigir a aceitação da obra concluída de acordo com as especificações contratuais;
c) Requerer a medição das partes já concluídas, quando a obra se ajustar por etapas;
d) Reter a obra, até que o dono da obra cumpra sua obrigação;
e) Constituir o dono da obra em mora;
f) Ceder o contrato de empreitada, desde que não haja cláusula para execução pessoal
da obra (Intuitu Personae);
g) Suspender a obra ou rescindir o contrato (CC, Art. 625);

4.1.2. DEVERES do Empreiteiro

a) Executar a obra segundo as especificações do contrato;


b) Corrigir os vício e defeitos que abra apresentar;

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Direito Civil III - Contratos 45

c) Não fazer modificações ou acréscimos sem autorização do dono da obra, exceto as


fundadas em absoluta necessidade técnica;
d) Entregar a obra concluída ao comitente;
e) Pagar os materiais que recebeu do comitente;
f) Fornecer os materiais de acordo com as especificações convencionadas;

4.2. Direitos e Deveres do Comitente

4.1.1. DIREITOS do Comitente

a) Exigir do empreiteiro a observância obrigação contratual ou suspender a obra,


pagando, proporcionalmente, o que já foi executado e mais as despesas e lucros
cessantes;
b) Receber a obra concluída;
c) Acompanhar a execução da obra;
d) Rejeitar ou pedir abatimento no preço, nos casos previstos no CC, art. 615 e 616;
e) Pedir não só o pagamento de materiais que foram entregues ao empreiteiro e por ele
inutilizados, mas também no caso de diminuição nos preços dos mesmos.

4.1.2. DEVERES do Comitente

a) Pagar ao empreiteiro o valor ajustado, no prazo convencionado;


b) Verificar as etapas concluídas, apontado os defeitos existentes, sob pena de
presunção de aceitas e verificadas as que foram pagas.
c) Receber a obra concluída;
d) Fornecer os materiais necessários à execução da obra, quando previsto no contrato
ou na lei;
e) Indenizar o empreiteiro (trabalho executado, despesas e lucros cessantes), se
rescindir ou suspender o contrato;
f) Não alterar a obra já aprovada, sem anuência do autor, mesmo que a execução seja
confiada a terceiros, a não ser que, por motivos supervenientes ou razões de ordem
técnica, se comprove a inconveniência ou a onerosidade excessiva do projeto
primitivo;

5. CESSAÇÃO DO CONTRATO DE EMPREITADA

a) Pela execução da obra;


b) Pela morte do empreiteiro;
c) Pela resilição bilateral (distrato);
d) Pela Resolução (inadimplemento c/ perdas e danos);
e) Pela rescisão unilateral, por parte do comitente, cabendo indenizar o empreiteiro
pelas despesas feitas e pela mão-de-obra, bem como pelo lucro que viria com a
conclusão da obra;
f) Impossibilidade na conclusão da obra, por força maior ou caso fortuito;
g) Pela desapropriação.

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Direito Civil III - Contratos 46

X - CONTRATO DE DEPÓSITO

1. DEFINIÇÃO

Deposito é o contrato pelo qual uma pessoa (depositário) recebe um objeto móvel para
guardar, até que o depositante o reclame (CC, Art. 627).

2. CARACTERES JURÍDICOS

• Contrato Real
• Contrato Gratuito
• Contrato Temporário
• Contrato Pessoal (Intuitu Personae)

3. REQUISITOS

a) Subjetivos – a capacidade genérica para praticar os atos da vida civil, e a


especial, por ser imprescindível o consentimento inequívoco e comum de
entregar-se uma coisa em depósito e de haver aceitação pelo outro contratante.

b) Objetivos – que seja o objeto do depósito quaisquer bens móveis, sejam as


corpóreas, sejam as que se corporificam, como os valores incorpóreos
representados por títulos de qualquer espécie (Ex: ações de S/A, apólices da
dívida pública).

c) Formais – O Código Civil exige o instrumento escrito para o depósito, podendo


revestir-se, entretanto, qualquer que seja o valor ou a natureza da coisa, na forma
particular.

4. ELEMENTOS ESSENCIAIS DO DEPÓSITO

a) A entrega da coisa móvel;

b) A guarda da coisa, com poder ou não de uso;

5. MODALIDADES DE DEPÓSITO

5.1. Depósito Voluntário ou Convencional

Depósito que se verifica em razão da vontade livre das partes.

5.2. Depósito Necessário

Depósito que se verifica em razão de deliberação ou determinação independente da


vontade das partes.

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Direito Civil III - Contratos 47

→ Ex: Depósito Legal e Depósito do Hospedeiro

6. DAS OBRIGAÇÕES DOS CONTRAENTES

6.1. Obrigações do DEPOSITANTE

1) Deve ele pagar o preço convencionado;

2) Pagar as despesas feitas com o depósito;

3) É obrigado a indenizar o depositário dos prejuízos que lhe advierem do contrato de


depósito.

6.2. Obrigações do DEPOSITÁRIO

1) A custódia da coisa, ou a sua guarda e conservação, com o cuidado e diligencia que


costuma ter com o que é seu;

2) Manutenção da coisa depositada no estado que se ache;

3) Não pode o depositário usar e gozar da coisa depositada, salvo convenção entre as
partes.

4) Entregar ao depositante a coisa que tiver recebido em substituição ao depósito, se


houver perdido, e ceder-lhe as ações contra o terceiro responsável;

5) Restituir o depósito com todos os frutos e acrescidos.

7. EXTINÇÃO DO CONTRATO DE DEPÓSITO

a) Pelo decurso do prazo, sem prejuízo do direito do depositante de solicitar, a qualquer


momento, a restituição da coisa;

b) Por iniciativa do Depositário, promovendo a devolução da coisa ao depositante, ou


caso este não possa ou não queira recebê-la, ao depósito público, ou nomeá-la novo
depositário;

c) Pelo perecimento do objeto por caso fortuito ou força maior, sem sub-rogação em
outro;

d) Pela morte ou incapacidade superveniente do depositário, se o contrato for intuitu


personae;

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Direito Civil III - Contratos 48

e) Pelo decurso do prazo de 25 anos, quando não reclamados, com


recolhimento do bem ao Tesouro, e a sua incorporação ao patrimônio
nacional.

XI - CONTRATO DE MANDATO

1. DEFINIÇÃO

É o contrato pelo qual uma pessoa se obriga (Mandatário), gratuitamente ou mediante


remuneração, a praticar um ato em nome e por conta de outra pessoa (Mandante), de
quem recebeu o encargo.

2. PARTES

2.1 – Mandante: Aquele que passa determinado encargo para outrem agir em seu nome.
2.2 – Mandatário: Aquele que recebe o encargo de agir em nome de outrem.

3. CARACTERES JURÍDICOS

• É Contrato Consensual
• É Contrato Pessoal (Intuitu Personae)
• É Contrato Gratuito (ou Oneroso)
• É Contrato Não-solene (forma livre)
• É Contrato Unilateral

4. REQUISITOS

a) Subjetivos – A lei exige capacidade para a constituição do Mandatário.

b) Objetivos – O objeto do Mandato deverá revestir-se dos mesmos requisitos do


objeto de um negócio jurídico, ou seja, deverá ser lícito, física e juridicamente
possível.

c) Formais – Como é contrato consensual, o Mandato não exige requisito formal


para sua validade, nem para sua prova.

5. OBRIGAÇÕES (DEVERES) DAS PARTES

5.1. OBRIGAÇÕES DO MANDANTE

→ Cumpre ao Mandante o DEVER de:

1) Remunerar o mandatário e substabelecido, nos mandatos onerosos e nos


profissionais.
2) Adiantar os valores para as despesas necessárias, sempre que solicitado pelo
mandatário.

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Direito Civil III - Contratos 49

3) Reembolsar todas as despesas que o mandatário dispensou na execução do mandato.


4) Ressarcir os prejuízos do mandatário, no exercício do mandato, exceto no caso de
culpa sua ou excesso de poderes.
5) Honrar os compromissos assumidos pelo mandatário em seu nome.
6) Pagar perdas e danos, caso revoge o mandato com cláusula de irrevogabilidade.

5.2. OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO

→ Por outro lado, tem o Mandatário o DEVER de:

1) Executar o mandato de acordo com as instruções recebidas e no limite dos poderes


conferidos;
2) Manter o mandante informado de tudo o que se passa no negócio;
3) Responder (indenizar) pelos prejuízos causados ao mandante, se substabeleceu os
poderes mesmo havendo proibição;
4) Apresentar o instrumento de mandato às pessoas com quem tratar em nome do
mandante, sob pena de responder a elas pelos atos praticados além dos poderes
conferidos;
5) Entregar ao mandante os valores recebidos ou depositá-los em favor do mandante,
conforme forem as instruções recebidas;
6) Prestar contas da sua gerência;
7) Concluir o negócio já iniciado, havendo perigo na protelação;
8) Representar o mandante, para evitar-lhe prejuízo, durante os dez dias seguintes à
notificação de sua renuncia ao mandato judicial;
9) Entregar ao novo mandatário, no caso de renúncia, os bens do mandante que estava
em seu poder;

6. EXTINÇÃO DO MANDATO (CC, Art. 682)

I - pela revogação ou pela renúncia;


II - pela morte ou interdição de uma das partes;
III - pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o
mandatário para os exercer;
IV - pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio.

CASOS DE IRREVOGABILIDADE:

a) Se a irrevogabilidade for condição de um negocio bilateral;


b) Quando o mandato reunir poderes de cumprimento ou confirmação de negócios
iniciados, aos quais se achem vinculados;
c) Se estipulada em benefício exclusivo do mandatário.

OBS: RENÚNCIA

→ A renúncia é um ato unilateral do mandatário.

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Direito Civil III - Contratos 50

XII – CONTRATO DE TRANSPORTE

1. DEFINIÇÃO

É aquele pelo qual alguém se obriga, mediante retribuição, a transportar, de um lugar


para outro, pessoas ou coisas (CC, Art. 730).

2. CARACTERES JURÍDICOS

• É Contrato Bilateral
• É Contrato Oneroso
• É Contrato Comutativo
• É Contrato Consensual
• É Contrato Não-formal
• É Contrato de Resultado

3. ESPÉCIES DE TRANSPORTE

1) Em atenção ao que é conduzido, separa-se:

a) Transporte de pessoas;
b) Transporte de coisas.

2) Em razão da via ou do meio empregado, considera-se:

a) Transporte Terrestre;
b) Transporte Marítimo ou Fluvial;
c) Transporte Aéreo.

4. TRANSPORTE DE COISAS

→ Transporte de coisas é aquela em que o expedidor ou remetente entrega ao


transportador determinado objeto para que, mediante pagamento de frete, seja remetido
a outra pessoa (consignatário ou destinatário), em local diverso daquele em que foi
recebido.

4.1. DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO REMETENTE

4.1.1. DIREITOS do Remetente

1) Desistir do transporte e pedir a coisa de volta ou variar a consignação, antes da


entrega ao destinatário;

2) Receber indenização por perda, furto ou avaria;

4.1.2. OBRIGAÇÕES do Remetente

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Direito Civil III - Contratos 51

1) Entregar a mercadoria que deverá ser transportada;

2) Pagar o frete;

3) Embalar bem a coisa a ser transportada;

4) Declarar a natureza e o valor das mercadorias entregues em embalagem fechada;

4.2. DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO TRANSPORTADOR

4.2.1. DIREITOS do Transportador

1) Reter a coisa até o recebimento do frete;

2) Reajustar o valor do frete;

3) Recorrer ao serviço de outros transportadores;

4) Ser indenizado no prejuízo que sofrer no caso de informação falsa contida no


conhecimento;

5) Recusar a coisa cujo transporte não seja permitido ou desacompanhada dos


documentos exigidos por lei;

4.2.2. OBRIGAÇÕES do Transportador

1) Receber, transportar e entregar a coisa no lugar e no tempo ajustados, agindo com


diligência;

2) Expedir o conhecimento do frete;

3) Solicitar instruções ao Remetente na hipótese do CC, art. 753;

4) Avisar o destinatário da chegada da coisa transportada e entregá-la em domicílio, se


houver convenção das partes neste sentido.

4.3. DIREITOS DO DESTINATÁRIO

1) Receber a mercadoria e reclamar se receber a coisa danificada;

2) Acionar o transportador;

5. TRANSPORTE DE PESSOAS

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Direito Civil III - Contratos 52

Transporte de pessoas é aquela em que o transportador a conduzir uma pessoa e sua


bagagem de um local para o outro, mediante remuneração.

5.1. DEVERES E DIREITOS DO TRANSPORTADOR.

5.1.1. DEVERES do Transportador

1) Transportar a pessoa de um local para o outro, no tempo e e no modo convencionado,


e executando o transporte com exatidão e presteza;

2) Concluir o transporte contratado, ainda que ocorra fato imprevisível;

3) Conduzir a bagagem do passageiro;

4) Cumprir o contrato, se o transporte for cumulativo, relativamente a seu percurso,


respondendo pelo pelos danos pessoais que nele se derem;

5) Não recusar passageiro;

5.1.2. DIREITOS do Transportador

1) Exigir o pagamento do preço ajustado;

2) Estabelecer as normas disciplinadoras da viagem, fazendo-as inserir no bilhete ou


afixando-as à vista dos usuários;

3) Recusar os passageiros que não se apresentem nas situações exigidas pelos


regulamentos ou quando as condições de higiene ou de saúde do interessado o
justificarem;

4) Embora não haja menção expressa no art. 739, devem ser incluídas na justificativa de
recusa situações como a do passageiro em trajes menores ou indecentes, ou que se
encontre embriagado ou drogado, ou que porte arma de fogo ou arma branca, ou, ainda,
conduza animal;

5) Reter até 5% da importância a ser restituída ao passageiro quando esse desiste da


viagem (art. 740, § 3º);

6) Reter a bagagem do passageiro e outros objetos pessoais para garantir o pagamento


do valor da passagem que não tiver sido feito no início da viagem ou durante o percurso.

5.2. DIREITOS E DEVERES DO PASSAGEIRO

5.2.1. DIREITOS do passageiro

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Direito Civil III - Contratos 53

1) Exigir o cumprimento do transporte, uma vez apresentado o bilhete. O transportador


somente pode recusar o passageiro nos casos previstos nos regulamentos ou por razões
de higiene ou saúde;

2) Ser conduzido incólume até o destino convencionado;

3) Rescindir o contrato de transporte antes de iniciada a viagem, com direito à restituição


do preço pago, desde que o transportador seja comunicado em tempo de renegociar a
passagem;

4) Se o passageiro deixar de embarcar, sem prévia rescisão do contrato, não poderá


exigir restituição do preço pago, a não ser provando que outra pessoa foi transportada
em seu lugar;

5) Desistir do transporte, mesmo depois de iniciada a viagem. Haverá, na espécie, direito


à restituição do valor correspondente ao trecho não utilizado, desde, porém, que o
desistente comprove que outra pessoa foi transportada em seu lugar (art. 740, § 2º);

6) Exigir que o transporte interrompido, por qualquer motivo alheio à vontade do


transportador, se complete as suas custas, por outro veículo de natureza igual à do
contratado; ou de modalidade diferente, se houver consentimento do usuário;

5.2.2. DEVERES do passageiro:

1) Pagar o preço da viagem contratada (arts. 730 e 742);

2) Sujeitar-se às normas estabelecidas pelo regulamento do transportador;

2) Não proceder de modo a causar perturbação ou incômodo aos outros passageiros, a


danificar o veículo, ou a dificultar a execução normal do serviço do transportador (art.
738, caput).

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