Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
REGULAR II – 2009.1
Bibliografia:
Manual de Direito Tributário – Saraiva - Eduardo Sabbag.
www.professorsabbag.com.br
Direito Tributário Esquematizado. Ricardo Alexandre. Ed. Método.
Direito Constitucional Tributário no STF. Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino.
Ed. Impetus.
Curso de Direito Tributário. José Eduardo Soares de Melo. Ed. Dialética.
1
Alguns definem como princípio da estrita legalidade ou da reserva legal da lei formal o
que leva ao princípio da tipicidade fechada da tributação, o que exige que a lei seja
minuciosa, evitando o emprego da analogia ou da discricionariedade.
1. Alíquota;
2. Base de Cálculo;
3. Sujeito Passivo
4. Multa;
5. Fato Gerador.
Obs.: A sujeição passiva depende de uma previsão legal, logo, haverá vício se um ato
infralegal, por exemplo, uma portaria, trouxer uma previsão de sujeito passivo.
Obs.: O prazo para o pagamento dos tributos não está adstrito à reserva legal
tributária (STF + CESPE). Sendo assim, uma portaria pode disciplinar o prazo para
pagamento, bem como sua alteração para o pagamento do tributo.
2
1.3. Medidas Provisórias:
São atos editados pelo Presidente da República, com força de lei, em caso de
relevância e urgência. Devem ser submetidas de imediato ao Congresso Nacional,
que, estando em recesso, será convocado extraordinariamente para se reunir no prazo
de 5 (cinco) dias.
As medidas provisórias perdem a eficácia desde a edição se não forem
convertidas em lei no prazo de 30 (trinta) dias da publicação.
Embora haja controvérsias sobre a utilização da MP em matéria tributária, a
maioria das opiniões conclui que referido ato é inadequado para instituir ou majorar
tributo, em face do princípio da reserva legal.
A EC 32/2001 alterou o art. 62 da CF/88 e trouxe a permissão para que às
Medidas Provisórias possam instituir ou majorar impostos, Aliás, o próprio STF já
defendia a possibilidade, antes mesmo da EC 32/2001. Ocorre que agora há previsão
constitucional desse entendimento.
Obs.: Para o STF a MP pode alcançar outras espécies tributárias, tais como as
contribuições, são elas: (1) PIS Importação; (2) COFINS importação.
Obs.: Exercício Financeiro = Ano Fiscal = Ano civil (01 de janeiro à 31 de dezembro)
Obs.: O valor jurídico que se busca proteger com o princípio da Anterioridade
Tributária é evitar a tributação de surpresa, no contexto da proteção a segurança
jurídica. Daí se falar que tal princípio pode ser chamado de “princípio da eficácia
diferida”.
3
Out/07 fev/08
2.4. Anterioridade Especial das Contribuições Sociais – art. 195, §6ͦda CF:
As contribuições previdenciárias tem um período especial de 90 dias. Não é
exceção à anterioridade. É um período especial. Preferimos entender tal período como
anterioridade especial, e não como exceção à anterioridade anual. Entretanto, há
bancas que não desfrutam desse entendimento, rotulando o prazo como exceção.
É também chamada de anterioridade mitigada, noventena, noventalidade ou
período de anterioridade nonagesimal.
3. Princípio da Irretroatividade Tributária (Art. 150, III, “a”, CF/88 c/c art. 144,
“caput”, do CTN):
Lendo na CF...
4
É vedada a cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes
do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentados.
Na prática as leis tributárias entram em vigor na data da publicação, adiando-se
a incidência da norma para a data imposta pelo cálculo da anterioridade tributária
(paralisação da eficácia).
O direito tributário não trabalha, em regra, com vacatio legis, porque não tem
muita razão de ser, mas é possível que aconteça. Só para argumentar, se a lei
publicada não fizer menção à data de vigência, deverá haver o necessário respeito ao
prazo de 45 dias, antes do qual não se poderá atingir os fatos geradores.
Lei publicada: 15.12.08
Vigor: 15.12.08
Eficácia ($) – anterioridade - 91º dia a contar de 15. 12 (publicação)
* No plano fictício;
Lei publicada: 15.12.08
Vigor: a lei não disse – 45 dias – 30.01.09
Eficácia ($) – anterioridade - 91º dia a contar de 15.12 (publicação e não
vigência).
ANTERIORIEDADE IRRETROATIVIDADE
TRIBUTÁRIA TRIBUTÁRIA
Art. 150, III, “b” e “c” da CF Art. 150, III, “a” da CF
Há exceções para tributos Não há exceções para tributos, mas sim
para penalidades
Liga-se ao plano da eficácia (“quando Liga-se ao plano da vigência
pagarei”).
Exceções e ressalvas só na CF/88 Ressalvas no CTN
Exceções:
Com o rigor terminológico, não existem exceções ao princípio da irretroatividade,
previstas no texto constitucional. Em verdade, “atenua-se” o postulado, com a
existência de lei produtoras de efeitos jurídicos sobre atos pretéritos. A bem da
verdade será possível concluir que tais leis são a pura confirmação da regra.
* Apesar do foi exposto diga na prova de concurso que há exceções.
Note o desenho:
Regra – art.105, III, “a”, CF
Lei Tributária Fatos Geradores
5
II – tratando-se de ato não definitivamente julgado (ato pendente de
julgamento)
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou
omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em
falta de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei
vigente ao tempo da sua prática.
Esse artigo traz os DOIS casos de leis produtoras de efeitos concretos (PGE/PB):
I - Lei interpretativa, em qualquer caso, desde que, sob o pretexto de
interpretar, não inflija penalidade;
Memorize: tal retroprojeção ocorrerá em qualquer caso, desde que, a lei
interpretativa não imponha um ônus patrimonial afeto à multa relativa aos dispositivos
interpretados.
II – Lei mais benéficas quanto às infrações.
Trata-se do princípio da benignidade → retroação da lei mais benéfica.
Ato não definitivamente julgado (ato que não cabe mais recurso).
Memorize: se o ato estiver definitivamente julgado, mesmo que a multa seja
mais benéfica, aplicar-se-á a multa da lei do momento do fato gerador.
6
A ALÍQUOTA será SEMPRE a do momento do FATO GERADOR, não importa de
maior ou menor. Não há exceções.
A MULTA também será a do momento do FATO GERADOR, SALVO, se lei
posterior trouxer multa menor ou deixar de trazê-la.
Sabe-se que quanto aos aspectos que tratam da substância da relação jurídico-
tributária (alíquota e multa), a lei será a do momento do FG, salvo no caso da multa
mais benéfica, quando o ato não esteja definitivamente julgado. Mas não é disso que o
dispositivo está falando.
As três situações acima apresentada tratam de aspectos procedimentos ou
formais da relação jurídico-tributária e é natural que a autoridade fiscal possa se valer
da legislação do momento do lançamento e não do fato gerador.
Um importante caso de aplicação deste comando (art. 144, §1º) é o da lei
10.174/01 que, alterando a legislação da CPMF, permitiu a utilização das informações
bancárias para a tributação do imposto de renda. O STJ (1ª e 2ª Turma) entendeu que
a mencionada lei detinha cunho procedimental e, nessa medida, poderia ter aplicação
imediata.
7
Esse princípio avoca uma interpretação extensiva: quem são os iguais para fins
tributários?
R: Conforme a máxima conhecida os iguais devem ser tratados de forma iguais e
os desiguais de forma desiguais. Em tributário, memorize: a igualdade tributária,
sendo relativa, será alcançada mediante o tratamento igual, aos tributariamente iguais
e o tratamento desigual, aos tributariamente dessemelhantes. Imaginemos quatro
pessoas: um recém-nascido, um comerciante, um traficante e uma prostituta. Quais
desses podem ser contribuintes? Todos, pois os iguais no direito tributário serão
determinados a partir da interpretação objetiva do fato gerador, sendo
desimportantes os aspectos externos ao fato imponível. Nessa medida, não importa
verificar se o ato praticado é juridicamente válido, nem mesmo se os seus efeitos são
relevantes. É o que dispõe o art. 118 do CTN:
O art. 118 é conhecido pela máxima latina: “tributo non olet1” (tributo não
cheira). Assim, todas as pessoas quando realizam o fato gerador, podem ser sujeitos
passivos da obrigação tributária.
A isonomia tributária visa inibir os privilégios odiosos, que eram comuns nas
isenções de tributos para certas pessoas importantes no regime ditatorial.
Atualmente, tais privilégios são evitáveis, uma vez que se busca aferir a
equivalência a partir de critério objetivo – realização do fato gerador.
Tal critério justifica a tributação de quaisquer pessoas, uma vez que a capacidade
tributária passiva é plena (artigo 126, “caput”, CTN), sendo irrelevantes os aspectos
subjetivos: a incapacidade civil do sujeito, a ilicitude do ato, a regularização da pessoa
jurídica etc.
1
Conta a história que um Imperador Romano (Vespaziano) tributava até os banheiros públicos
(cloacas). O filho (Tito) inconformado indaga ao pai porque ele tributava até o uso dos
banheiros e este responde: tributo não tem cheiro porque moeda não cheira, então não
importa o lugar, mas sim o fato gerador.
8
* É o caso do camelô, que por circular mercadorias, deve ICMS, mesmo que
não esteja regularmente constituído.
a) Proporcionalidade:
9
É uma técnica de incidência de alíquotas fixas, perante bases de cálculo
variáveis. Tal sistemática está implícita na CF.
Há impostos que devem ser naturalmente proporcionais, por exemplos, os
chamados impostos indiretos (aqueles cujo ônus repercutem no consumidor final, ou
seja, de fato incidem sobre o adquirente do bem, em nítida repercussão tributária).
Dois exemplos são muito convidativos nesse momento, quais sejam: ICMS e IPI.
Existem tantos outros.
b) Progressividade:
É uma técnica de incidência de alíquotas variáveis, perante bases de cálculo
variáveis.
A sistemática está explícita no texto constitucional, por isso, SÓ HÁ 3 impostos
progressivos na CF:
IR (153, § 2º, I).
Art. 153, § 2º O imposto previsto no inciso III (IR):
I – será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da
progressividade, na forma da lei (G U P);
10
localização e uso. Antes da EC 29 a progressividade do IPTU tinha um viés exclusivo
extrafiscal, que era buscar a função social da propriedade. Após EC 29/00 o IPTU
progressivo ganhou uma progressividade fiscal que hoje coexiste com a anterior
progressividade extrafiscal.
Segundo o STF (súmula 668 do STF), os novos critérios da EC 29 não poderem
alcançar as situações anteriores a 2000.
Obs.: o ITBI é um caso clássico na jurisprudência de um imposto que NÃO pode ser
progressivo. É inconstitucional o ITBI progressivo (S.656 do STF).
c) Seletividade:
É uma técnica de incidência de alíquotas que variam na razão inversa da
essencialidade do bem. Assim, quanto mais essencial o bem, menor a alíquota e vice-
versa. Por quê? Veja! Os tributos indiretos, isto é, aqueles em que o ônus tributário
repercute no consumidor final tendem a fomentar a injustiça, já que não consegue
diferenciar contribuinte pobre do contribuinte rico. A seletividade vem no sentido de
tentar minorar essa distorção. Sendo assim, a técnica visa promover justiça fiscal,
inibindo os efeitos negativos provocados por esses impostos, que tendem à
“regressividade”. A regressividade é, em palavras simples, uma “progressividade às
avessas” (questão dissertativa da Magistratura Federal), ou seja, nos impostos
regressivos “quem ganha mais paga menos, e quem ganha menos paga mais”. Nesse
contexto, a seletividade mostra-se como mecanismo inibitório da regressividade no
sistema.
SÓ HÁ 2 impostos seletivos previstos no texto constitucional: IPI e o ICMS
Tais impostos tendem a onerar mais os produtos considerados supérfluos
(cosméticos, perfumes etc) ou nocivos (cigarros, bebidas alcoólicas etc).
Alíquotas mais gravosas → produtos supérfluos.
Alíquotas menores → produtos essenciais.
11
ICMS – art. 155,§2, III da CF – seletividade facultativa
Recapitulando...
IR: progressivo em razão de três critérios informadores: geral, universal e progressivo
(G U P);
IPTU: progressivo em razão do uso do imóvel, localização e valor (fiscal e extrafiscal);
ITR: progressivo em razão do uso do imóvel (extrafiscal);
ITBI: NÃO progressivo (S.656 do STF);
ICMS: proporcional, não cumulativo e poderá ser seletivo;
IPI: proporcional, não cumulativo e seletivo.
Este princípio não é geral, sendo aplicado apenas no IPI, no ICMS e em eventuais
impostos que vierem a ser criados pela União, na sua competência residual. Na
apuração contábil do IPI e do ICMS, o imposto a ser pago é lançado como débito, e o
que já foi pago nas operações anteriores é lançado como crédito, a diferença entre
12
esses débitos e créditos é que efetivamente deve ser recolhido em determinado
período.
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS
a) Não incidência:
São as situações em quem um fato gerador não é alcançado pela regra da
tributação, podendo ocorrer:
a.1) o ente tributante não possui competência para tributar certo fato (ex. cobrar
IPVA de uma bicicleta, ); não incidência pura e simples ou tout court
a.2) o ente tributante possui competência, mas não a exerce (ex. Estado só
cobrar ITCD de bens imóveis, deixando os móveis sem tributar); não incidência pura e
simples ou tout court
a.3) norma constitucional impede a tributação de determinado fato (ex.: livros) –
imunidade.
b) Isenção:
É a dispensa legal do pagamento do tributo. O ente político tem a competência
para instituir, mas opta por dispensar o pagamento do tributo em determinadas
situações.
c) Alíquota Zero:
13
O ente político tem a competência para instituir, tanto o tem que instituir, mas
opta por reduzir alíquota a zero.
É mais comuns nos impostos extrafiscais, dada a sua natureza regulatória, exs.: II,
IE, IPI, IOF.
É importante arma na política de incentivo às exportações.
2. Imunidades e Isenções:
4. Espécies
14
Há vários comandos na Constituição que hospedam imunidades, alcançando
vários tributos:
A – Artigo 195, parágrafo 7º, CRFB
Tributo: Imunidade para entidade beneficente de assistência social.
Contexto: não-incidência (imunidade) de contribuição social-previdenciária.
Cuidado: o legislador afoito, equivocadamente, disse que as entidades “são
isentas”. Para o STF, onde se lê: “são isentas”, leia-se: “são imunes”.
15
3. Exemplos:
A União é imune ao IPTU (imposto municipal) exigível sobre a propriedade do
prédio;
Município é imune ao IPVA (imposto estadual) exigível sobre a propriedade do
veículo da Prefeitura.
16
autarquia é contribuinte do Imposto Predial e Territorial Urbano (Súmula 583 do
STF).
6. Observações
1. Entidade imune vendendo mercadorias – imunidade; entidade imune
comprando mercadorias – incidência.
2. Na ADI 939 o STF disse que trata-se de cláusula pétrea.
3. Para os entes políticos essa imunidade é incondicionada, assim, se a União,
por exemplo, der a um imóvel uma utilidade totalmente desvinculada de suas
finalidades não perderá a imunidade tributária, mas se uma autarquia ou a fundação,
por exemplo, INSS fizer a mesma coisa perderá.
2. Elemento axiológico:
17
1. Impedir que o Estado se utilize do poder de tributar como meio de
embaraçar o funcionamento das entidades religiosas;
2. Assegurar a liberdade de culto (art. 5º, VI da CF) que é cláusula pétrea;
O Brasil é um Estado teísta, pois avoca Deus no Preâmbulo da CF, mas, sobretudo
é um Estado laico, isto é, não somos um Estado confessional (religião e Estado são a
mesma coisa), não somo um Estado de “religião, somos um Estado “de religiões”.
No Brasil não há uma religião oficial (até a Proclamação da República, o
catolicismo era a religião oficial – Estado confessional), todas têm as religiões têm a
mesma importância.
Aplicando...
Se uma igreja aluga imóvel e reverte o valor em seu benefício, estará imune,
desde que não prejudique a livre concorrência de locação de imóveis (não pode estar
configurado uma atividade empresarial).
Se, por outro lado, particular aluga imóvel à igreja incidirá IPTU (S. 724 do STF).
O ônus da prova é do ente imune e não do fisco a prova de que a renda está sendo
revertida para as finalidades essenciais.
ALÍNEA “C”:
18
1. Elemento teleológico: liberdade política, pluralismo político (art. 1.º, V, CF/88).
O partido deve estar registrado no TSE.
É corolário do EDD. Evita que o Estado utilize seu poder de tributar como
pretexto para subjugar partidos políticos que contrariem aquelas adotadas por quem
esteja no exercício do poder.
Estendem-se às fundações a eles conexas. Ex.: Fundação Pedro Horta – PMDB.
Obs.: Somente partidos políticos oficiais registrados no TSE (art. 17, §2º) irão
desfrutar dessa imunidade, partidos clandestinos que pregam atividades dissonantes
às normas dispostas na CF/88, não são imunes. Ex.: Partidos neonazistas.
Obs.: Para o STF, conforme o art. 203, inc. III, da CF/88, as entidades do sistema “S”
(SESI, SENAI, SENAC, APEX do Brasil etc) - chamadas de Serviço Social Autônomos – são
consideradas como manifestação de assistência social, porque promovem a integração
no mercado de trabalho, portanto, são imunes.
19
Jurisprudências aplicadas ao caso: RE 235.737/SP (13.11.01): SENAC comprando bem
imóvel é imune ao ITBI. O SENAC é imune ao ITBI relativo ao bem imóvel adquirido.
Hotéis-escola do SENAC também não são contribuinte do ISS.
Obs.: A alínea “C” é a única imunidade é não auto-aplicável, uma vez que carece de
incremento normativo. Perceba que a expressão utilizada é: “atendidos os requisitos
da lei”. A lei, a que se refere a parte final da alínea, deve ser uma lei complementar
(ver artigo 146, II, CRFB). Tal lei complementar é o próprio CTN, em cujo artigo 14
enumera os requisitos que conferirão OPERATIVIDADE à alínea “c”. São eles:
Não pode haver apropriação ou distribuição do lucro eventualmente aurido
pelos mantenedores da instituição. O que se veda é o “animus distribuendi”, e não o
“animus lucrandi” – reinvestimento. O lucro é admitido e louvável.
* STF: O art. 12, §2º da lei 9.532/97 foi considerado inconstitucional pelo Pleno
do STF (ADI nº 1802-3): tal dispositivo condicionava a fruição desta imunidade à não
remuneração de seus dirigentes/mantenedores. Ora, o pagamento de salários
razoáveis para os mantenedores da instituição é defensável, ninguém é obrigado a
trabalhar de graça. Por outro lado, se salário for estratosférico pode se caracterizar
uma distribuição escamoteada do lucro. É o juiz, no caso concreto, quem vai aferir a
razoabilidade do valor dos salários, de acordo com os salários praticados no mercado.
Não remeter os valores para o exterior.
Manter a escrituração contábil em dia capaz de comprovar os dois outros
incisos.
* Esse é o comando que comprova que instituição imunidade tem que cumprir
com suas obrigações acessórias (prestações, positivas ou negativas, diversa de
prestação pecuniária), sob pena de suspensão da imunidade (art. 14,§1º do CTN). O
mesmo raciocínio se aplica às entidades isentas de tributos (art. 175,§único do CTN).
Obs.: Cuidado com as provas objetivas, pois às vezes, os testes afirmam que o art. 14
do CTN limita a CF, quando na verdade ele regula a fruição da imunidade da alínea
“c” do art. 150, VI da CF.
Obs.: Análise do art. 150, § 4.º da CF/88: O vocábulo “relacionados” indica a adoção
da teoria ampliativa para as alíneas “b” e “c” do dispositivo constitucional em voga,
aplicando-se, pois às seguintes situações:
a) Não incide ICMS nas vendas de mercadorias em bazeres de instituições filantrópicas,
desde que provado o reinvestimento de lucro nos propósitos filantrópicos;
b) Não incide IPTU sobra a colônia de férias de sindicatos de empregados;
c) Não incide IPTU nos imóveis da entidade beneficente alugados à terceiros - Súmula
724 do STF.
20
somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não
houver contribuição dos beneficiários.
Não podemos olvidar que as entidades de previdência privada que tiverem como
patrocinadores os entes políticos e suas entidades da administração indireta jamais
serão beneficiadas pela imunidade tributária porque o patrocinador não pode
contribuir sozinho (óbvio), nem pode, por expressa regra constitucional, contribuir
com um montante maior que aquele a cargo do beneficiário.
* Livros:
O conceito de livro é um conceito aberto.
Irrelevância da qualidade cultural (STF): O livro sempre será imune não importa
o conteúdo que difundem, tão pouco o seu suporte difusor, mas tão somente o seu
elemento teleológico que é a liberdade de expressão. Assim, NÃO é relevante, para
fins tributários, a informação ali veiculada.
Essa imunidade tem por escopo evitar embaraços ao exercício da liberdade de
expressão intelectual, artística, científica e de comunicação, bem como facilitar o
acesso da população à cultura, à informação e à educação. O constituinte, ao instituir
essa benesse, não fez ressalvas quanto ao valor artístico ou didático, à relevância das
informações divulgadas ou à qualidade cultural de uma publicação. Não cabe ao
aplicador da norma constitucional em tela afastar este benefício fiscal instituído para
proteger direito tão importante ao exercício da democracia, por força de um juízo
subjetivo acerca da qualidade cultural ou do valor pedagógico de uma publicação. Por
todo o exposto é que são imunes álbum de figurinhas, revistas pornográficas, listas
telefônicas, apostilas etc.
21
Para o STF o conteúdo divulgado é irrelevante (isso é problema de quem o
consome), uma vez que a imoralidade (livro erótico – kama sutra) não pode se
sobrepor à liberdade de expressão (concepção liberal prevalecente na doutrina e na
jurisprudência). Se o conteúdo for ilícito ainda fará jus à imunidade, mas ficará
resguardado o direito às sanções penais cabíveis.
O STF entendeu que a imunidade objetiva supra abrange inclusive as listas
telefônicas, entendendo-as como “periódicos”, ainda que não contenha informação
científica/literária, prestigiando, no caso, a utilidade social do bem.
Suporte difusor:
Já houve caso de importação de livro-piano, em que prevaleceu a imunidade,
uma vez que o suporte físico é irrelevante para a análise do tema.
Ainda quanto ao suporte difusor, a principal discussão é a temática ligada ao livro
eletrônico (cd-rom). A doutrina e a jurisprudência têm preferido optar, mesmo que
timidamente, pela imunidade. O Dicionário Aurélio em cd-rom foi o primeiro caso que
chegou ao Judiciário. De lá pra cá os juízes têm enfrentado essa questão, não havendo
uma visão sacramentada dessa questão. É bom enfatizar que a lei 10.753/03, ao
instituir a política nacional do livro, definiu este veículo como “o bem em qualquer
formato e acabamento, ainda que digital, magnético ou óptico”. Nesse meio óptico é
que se encaixaria o cd-rom.
A maioria da doutrina tem optado por abranger a imunidade aos CDs-ROM, por
exemplo, com o argumento de que à época da CF (88) esses meios não eram tão
difundidos como hoje. Para Ricardo Alexandre esse argumento não merece prosperar
porque a Assembléia Nacional Constituinte teve a oportunidade de apreciar projeto
que estendia a imunidade a outros meios de difusão de cultura, e expressamente
optou por rejeitar tal redação, o que demonstra não ter sido a falta de conhecimento,
mas sim o desejo de imunizar apenas o meio papel.
O STF não é muito claro, mas percebe-se que este Tribunal se direciona no
sentido de tratar o CD-ROM como software e não como um livro.
O CESPE no certame para Procurador do MP junto ao TC (2007) entendeu que:
“não incide imposto sobre os livros impressos, bem como sobre aqueles veiculados
em cd-rom.”
Conclusão: o livro ainda que veiculado em cd-rom é imune. O que importa é o
conteúdo e não o veículo, ainda que esse veículo seja o cd-rom.
* Jornais:
Publicidade nos jornais e ISS:
Para o STF NÃO incide ISS sobre a publicidade que encontra-se no corpo do
jornal. Todavia, aquela realizada por meio de encartes poderá ser alcançada pela
tributação.
* Periódicos:
São os instrumentos periodicamente editados, tais como: revistas, álbum de
figurinhas, revistas pornográficas (mesma idéia do livro), listas telefônicas etc.
STF: Folhinhas e calendários não são periódicos, tributação normal.
O álbum de figurinha, ainda que não contenha em sua inicial a informação que se
pretenda obter, quando finalizada a colagem dos cromos a criança alcançará a
22
informação pretendida e o elemento axiológico (difusão do conhecimento) da
imunidade restará alcançado, portanto, imunidade para o álbum de figurinha.
* Papel:
O livro é composto por vários insumos. O legislador constituinte e o STF
entendem que a imunidade só deve alcançar um insumo: o papel destinado à
impressão.
Os demais insumos, incluindo a tinta (cespe), receberão a normal tributação.
Recentemente o STF entendeu que incide ICMS, IPI, II sobre a despacho
aduaneiro de peças de equipamentos de preparo e acabamento de chapas de
impressão de offset para jornais (RE 202.149 de maio de 2008).
Essa imunidade é restritiva (interpretação literal), dizendo respeito tão somente
ao papel, Importante lembrar que, de acordo com a súmula 657 do STF, abrange os
filmes e papeis fotográficos (filmes) necessários à publicação de periódicos e jornais.
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
23
3. O CTN como norma geral em matéria tributária – teoria da recepção
Teoria da Recepção Segundo esta teoria, a ordem jurídica implantada pela
nova Constituição recepciona as normas jurídicas infraconstitucionais vigentes sob a
égide da Constituição anterior, desde que sejam compatíveis com a nova Carta
Magna. As normas imcompatíveis são automaticamente revogadas com a vigência da
nova Constituição. O Código Tributário Nacional teve recepcionado a sua maior parte,
e revogados, total ou parcialmente, vários dispositivos, como os relativos aos impostos
em espécie, aos empréstimos compulsórios, etc.
É incorreta a afirmação de que o CTN nasceu LO e se transformou em LC com o
advento da CF/88. Uma espécie normativa não se transforma em outra. O que ocorreu
foi que com a nova ordem jurídica, inovada com a CF/88, o CTN passou a ter status de
LC, uma vez que a CF/88 exige que as normas gerais sobre direito tributário sejam
reguladas por LC.
Note que o CTN não deixou de ser LO. É uma LO com status de LC, ou seja, só
pode ser alterado por outra LC.
Na verdade é correto afirmar que: “o CTN foi editado com LO (lei nº 5.172/66),
tendo sido recepcionado com força de LC pela CF/67, e mantido tal status com a
CF/88, visto que, tanto esta quanto aquela Magna Carta reservavam à LC a veiculação
das normas gerais em matéria tributária, a regulação das limitações do poder de
tributar e as disposições sobre conflitos de competência”.
Fontes do Direito Tributário o lugar donde nasce uma regra jurídica que ainda não
existia na sociedade.
24
Fontes Formais correspondem, precisamente, aos textos normativos que o CTN
engloba na expressão legislação tributária:
Constituição Federal;
Emendas à Constituição podem modificar o sistema tributário nacional, com
limites;
Leis Complementares devem ser aprovadas por maioria absoluta dos membros
do Congresso Nacional;
Tratados e Convenções Internacionais é de competência privativa do
Presidente da República, sujeito a referendo do Congresso Nacional através de Decreto
Legislativo;
Leis Ordinárias atos especificamente criadores das principais obrigações
tributárias; é fonte formal básica do Direito Tributário;
Leis Delegadas elaboradas pelo Presidente da República, que antes deve
solicitar a delegação ao Congresso Nacional, que é dada através de Resolução;
Decretos Legislativos servem para o Poder Legislativo aprovar atos do Poder
Executivo, por exemplo, tratados e convenções internacionais;
Medidas Provisórias em caso de relevância e urgência, o Presidente da
República pode adotar medidas provisórias, com força de lei, mesmo em matéria
tributária.
Resoluções do Senado definir alíquotas máximas do imposto sobre transmissão
“causa mortis” e doação, por exemplo.
Normas e Decretos complementares atos administrativos de competência
exclusiva dos chefes do Executivo;
Decreto é inteiramente subordinado à Lei; não pode contrariá-la, nem excedê-la
ou restringi-la; são usados para aprovação de regulamentos;
Normas complementares
Atos normativos expedidos por autoridades administrativas;
Decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa;
Práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas (usos e
costumes);
Convênios que entre si celebram a União, os Estados, o DF e os municípios;
25
Poderes das Leis matérias reservadas exclusivamente à lei; compete somente à LEI
:
instituir, extinguir, reduzir ou majorar tributos;
definir fato gerador da obrigação tributária principal;
Fixar alíquotas ou base de cálculo de tributos;
Cominar penalidades;
Excluir, suspender ou extinguir crédito tributário;
2. TRIBUTO:
a) conseqüentemente, não se admite o tributo “in natura”, nem mesmo o tributo “in
labore”;
b) o pagamento deve ser efetuado mediante (art. 162 do CTN):
b.1 moeda;
b.2 vale postal;
b.3 dependendo de lei: I- estampilha; II- processo mecânico.
26
c) Tributo é prestação diversa de multa –
TRIBUTO MULTA
Pago em virtude do FG Paga em virtude de descumprimento de
obrigação tributária.
Ambiente comissivo Ambiente omissivo
Multa não é tributo, mas deve encontrar-se prevista na lei tributária. É a aplicação da
reserva legal (ver art. do CTN que regula isso)
O STF entende que se aplicam alguns princípios tributários às multas:
- Legalidade,
- Vedação ao confisco,
- Irretroatividade.
d) Tributo é prestação instituída por lei - O tributo depende de lei, sendo esta regra
mitigada da seguinte forma:
a) Exceções (art. 153, § 1.º, CF/88): II, IE, IPI, IOF, CIDE comb e ICMS comb;
b) Alterações de base de calculo do tributo por ato infralegal (art. 97, §§ 1.º e 2º do
CTN) desde que obedeça a índices oficiais de correção monetária do período (=
atualização), ex.: alteração da base de calculo do IPTU por decreto;
c) Art. 62, § 2.º, CF/88 (EC 32/2001), MP cria ou aumenta imposto, exceto os tributos
afetos à LC.
e) Tributo é prestação cobrada por lançamento (art. 142 do CTN) – esta regra na
verdade é uma proibição da cobrança oral, caracterizando-se:
a) possuindo índole documental;
b) vinculada (não é ato vinculado);
c) constitui em ato privativo do fisco, podendo haver, em certos casos, a participação
do contribuinte.
b) Teoria pentapartida – além das espécies supra, entende o STF, que se acrescem
mais 2 espécies tributárias, ex vi:
a) Impostos;
b) Taxas;
c) Contribuição de Melhoria;
d) Empréstimos Compulsórios;
e) Contribuições (lato sensu).
Obs.: Outras teorias tentaram explicar a divisão dos tributos. Para fins meramente
didáticos, desfrutou de prestígio no passado a teoria bipartida (dualista ou clássica),
27
defendida por Geraldo Ataliba, que dividia os tributos em duas espécies: impostos
(tributos não vinculados) e taxas (tributos vinculados).
Obs.: Luciano Amaro trabalha com a teoria quadripartida dos tributos, retirando das
espécies tributárias o empréstimo compulsório.
2.3. Natureza Jurídica é determinada pelo seu fato gerador, sendo irrelevantes
para qualificá-la a denominação, a destinação legal. Assim, o imposto é imposto SE
TIVER FATO GERADOR PRÓPRIO DE IMPOSTO e não de taxa ou contribuição. A análise
do fator gerador não é suficiente, sendo necessária a base de cálculo. As taxas não
poderão ter base de cálculo própria de impostos.
28
hipótese de incidência: é o fato descrito na lei que acontecido faz nascer a
relação jurídica tributária (o dever de pagar tributo) que tem por objeto a dívida
tributária. Existe no mundo abstrato, é o tipo tributário, é o elemento diferenciador
dos tributos (fato gerador in abstrato). Cuidado com a expressão fato gerador – é
equívoca.
Fato imponível: é a ocorrência do fato que já era previsto em como apto a gerar
uma obrigação tributária. É a ocorrência real da descrição abstrata, é o fato típico do
tributo (fato gerador in concreto)
Trata-se de tributo não vinculado à uma atividade estatal, significando que tal
gravame atrela-se à atividade do particular (“NÓS AGIMOS, NÓS PAGAMOS”).
O pagamento do imposto não se atrela à atividade do Estado, mas sim à
atividade dos particulares, por isso se diz que os impostos são unilaterais.
Os impostos visam custear as despesas públicas gerais do Estado (segurança
pública, iluminação pública, saúde etc).
Relembrando...
a) art. 145, §1º da CF: princípio da capacidade contributiva
O princípio da capacidade tributária só se aplica textualmente aos impostos,
contudo, o STF já o associou a outros espécies tributárias.
b) art. 150, VI, a, b, c, d: imunidades.
O principal comando de imunidade (art. 150, VI da Cf) só se refere a impostos.
c) Princípio da legalidade:
Em regra, a lei hábil a criar um imposto é a LO. Contudo, há dois impostos que
necessitam de LC: IGF (art. 153, VII, CF) e impostos residuais (art. 154, I, CF).
A CF e os impostos:
29
No plano da competência os impostos estão discriminados na Constituição,
porque competência depende de poder político.
No texto constitucional delimitam-se, de modo privativo, as competências
tributárias para os impostos.
A competência é o poder político e indelegável de instituição dos tributos. Só as
entidades políticas - U, E, M, DF - detêm tal poder.
A competência para imposto é uma competência PRIVATIVA.
Curiosidade...
Perceba que a União pode conceder isenção a impostos federais e estaduais no
Território. Isso não configura isenção heterônoma, porque quem cria os impostos
federais e estaduais nos Territórios é sempre na União.
Por outro lado, a isenção de imposto municipal pela União, sem ferir o texto
constitucional, que proíbe as isenções heterônomas (art. 151, III, CF), só ocorrerá se o
Territórios não for dividido em Municípios, uma vez que nesse caso quem cria os
impostos municipais em Território não dividido em Município é a União também.
Lista de impostos:
30
IPTU IPVA II
ISS (ISSQN) ICMS IE
ITBI (ITIV) ITCMD IPI
IOF
IR
ITR
Impostos sobre grandes
fortunas (ISGF)
Imposto extraordinário de
guerra (IEG)
DF Impostos residuais
Obs.: Procure memorizar o “nome iuris” dos impostos, percebendo que, às vezes, não
se resumem ao teor das siglas (exs.: ICMS, ISS etc)
As siglas podem variar de acordo com o Estado ou Município.
31
fato gerador: propriedade de bem imóvel
localizado na zona urbana.
O fato gerador da taxa é a ação estatal, que pode ser em razão de:
32
O sujeito passivo (contribuinte) é debeatum. Decorre do conceito de
demarcável. serviço público específico.
Água, luz, gás e esgotamento sanitário parecem ser exemplos claros de serviços
públicos específicos e divisíveis tributados, portanto, por meio de taxas de serviço.
Contudo, o Estado se utiliza, muitas vezes, de uma pseudotributação, rotulando tais
serviços como ensejadores de tarifa. Quanto a esses serviços a jurisprudência oscila.
O importante, em verdade, é assimilar os serviços públicos que NÃO podem
ensejar TAXA de serviço – os serviços públicos gerais (universal, “uti universi”). Esses
serviços devem ser custeados por meio de imposto. Serviço público geral é aquele que
é prestado à todos indistintamente. Exemplos: TAXA, AQUI, NÃO!
a) Segurança Pública: não obstante o heroísmo dos nossos policiais, que
enfrentam os ousados delinqüentes no Brasil, não é possível a instituição de taxa de
segurança pública, pois a segurança é dever do Estado e direito do cidadão – art. 144,
V,§5ͦ da CF. Os Estados do Pará e do Ceará criaram essa taxa e estas foram fulminadas
por duas ADIs no STF (1942/PA e 2424/CE).
b) Segurança Externa;
c) Diplomacia;
d) Limpeza de logradouros públicos: é a varrição, capinação, limpeza de boca-de-
lobo etc. Essa taxa já foi criada em vários Municípios e o STJ e o STF fulminaram-na.
Não estamos tratando aqui da Taxa de Coleta de Resíduos Sólidos Domiciliar
que, atendidos os requisitos da divisibilidade e especificidade, pode ser considerada
constitucional, como o foi (RESP 137.013).
e) Iluminação Pública:
A iluminação pública é um dos exemplos mais emblemáticos de vedação a
tributação por meio de taxa. A iluminação pública é um serviço geral e, como tal, tem
que ser mantida por impostos, porque não podemos medir o quanto cada indivíduo
utiliza de iluminação pública. Foi por isso que a TIP que foi declarada inconstitucional
pelo STF – súmula 670 do STF:
Para substituir a TIP veio uma EC 39/02, que criou a contribuição para o serviço
de iluminação pública (CIP ou COSIP) no art. 149-A da CF. Esse tributo é um tributo
municipal de competência dos Municípios e do DF.
Na verdade, só houve uma reciclagem normativa, só mudaram na lei ordinária
da taxa de iluminação pública, o nome de taxa para contribuição. Se a TIP é
inconstitucional, porque a COSIP também não seria? Ora, a iluminação pública
também não pode ser remunerada mediante contribuição que também é um tributo
vinculado a uma contra-prestação estatal. Tinha que ser tributado por imposto e ponto
final.
Segundo previsão da CF, a COSIP deve respeitar apenas 3 princípios tributários:
legalidade; irretroatividade; anterioridade (anual e nonagesimal). O princípio da
isonomia, por exemplo, não foi citado pelo art. 149-A da CF, porque diante dele, jamais
a cobrança da COSIP poderia ser constitucional.
33
2) Poder de Polícia – Taxa de Polícia (ou de Fiscalização) - art. 78 do CTN
Poder de polícia: é a ação estatal de fiscalização tendente a limitar o exercício de
direito s e liberdades individuais, em prol da coletividade, exemplos: Taxa de Alvará
(taxa de localização / de funcionamento), Taxa de Publicidade (taxa que faz o controle
da publicidade nos frontispícios dos estabelecimentos), Taxa de fiscalização Ambiental,
Taxa de fiscalização de títulos de valores mobiliários etc.
Para se identificar uma taxa de polícia é fácil, pois normalmente inicia-se com
“taxa de fiscalização ____________ ”.
Obs.: A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas.
Dicas extras:
1) BC dos impostos X BC das taxas:
2) Taxa X Tarifa:
Taxa Tarifa
É tributo Não é tributo
Precisa de lei Não precisa de lei, basta o contrato
Obrigação ex lege Obrigação “ex voluntate”
Compulsória Voluntária
34
É receita derivada (todo tributo é receita É receita originária
derivada)
O dinheiro deriva do patrimônio do É o próprio patrimônio do Estado que se
particular converte em dinheiro
Ex.: Taxa de fiscalização ambiental (taxa Ex.: Tarifa de transporte urbano coletivo
de polícia)
Tal base de cálculo deverá ser aferida com respeito a dois limites (STF, STJ e
doutrina):
35
a) Individual: parte-se da valorização individualmente experimentada pelo
imóvel;
b) Global ou total: respeita-se o teto de valor gasto com a obra, sob pena de
locupletamento por parte do Estado.
Vige no Brasil, assim como na Colômbia e diferentemente na Alemanha, o
sistema de duplo limite ou sistema misto.
A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do
custo da obra, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos
fatores individuais de valorização.
Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do
montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos
que integram o respectivo cálculo.
O tributo é interessante, mas não é muito utilizado no Brasil porque para ser
exigido deve cumprir os requisitos mínimos do art. 82 do CTN, que são procedimentos
que conferem transparência à cobrança, prestigiando o contraditório e ampla defesa.
São eles:
I – publicação prévia dos seguintes elementos:
a) memorial descritivo do projeto;
b) orçamento do custo da obra;
c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição;
d) delimitação da zona beneficiada;
e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a
zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas;
II – fixação de prazo não inferior a trinta dias, para impugnação, pelos
interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior;
III – regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da
impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial.
36
O ECOM é tributo de verdade, embora contemple terminologia paradoxal, qual
seja: “empréstimo”.
O ECOM é tributo finalístico, isto é, atrelado a uma finalidade determinada.
Assim como as contribuições, esse tributo não é definido pelo seu fato gerador e sim
pela finalidade pela qual foi criado, portanto à ele não se aplica o art. 4ͦ , I e II do CTN
(“o tributo será definido pelo FG, e a denominação/destinação é irrelevante”).
A destinação no ECOM é super-relevante.
O ECOM é um tributo federal: somente a União, nos seguintes casos
excepcionais, pode instituir empréstimos compulsórios:
I- guerra externa, ou sua iminência;
II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender
com os recursos orçamentários disponíveis;
III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.
A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate.
Tributo federal – Competência exclusiva da União.
Lei complementar é a lei hábil para a criação do tributo.
Traço distintivo do ECOM com relação as demais tributárias: RESTITUIBILIDADE, o
contribuinte paga o tributo e a lei regulará o modo como o tributo será restituído.
Fato gerador: historicamente (década de 80) o ECOM foi criado, no Brasil, como
“adicional de impostos”. Dois principais ECOM, na dec. 80;
1) “Empréstimo – Calamidade”, criado pelo Dec. Lei 2.047/83, surgiu como
adicional do IR.
2) Empréstimo compulsório sobre aquisição de veículos e consumo de
combustível, criado pelo DL 2.088/86, surgiu como adicional de ICM.
Conclusão: Note, assim, que o FG aqui é irrelevante, podendo ser o de qualquer
imposto, federal ou não.
* ART 148:
I - Situações emergenciais: calamidade pública e guerra externa ou sua iminência.
“Paga já já” – exceção às anterioridades anual e nonagesimal.
II – Situação urgente: investimento público de caráter urgente e relevante interesse
nacional. Obedece a regra das anterioridades.
Detalhes:
1) O inciso I indica calamidade pública e tal expressão deve determinar aquele
momento limítrofe, cuja solução não seria possível com os recursos próprios do
Estado. Não é qualquer chuvinha que é calamidade pública.
Aliás, o inciso I menciona guerra externa, indicando, curiosamente, mais um
tributo a ser criado em situação de beligerância.
37
O ECOM criado em face de conjuntura que exija a absorção temporária de poder
aquisitivo da moeda (art. 15, III do CTN) não foi recepcionado pela CF de 88. Hoje,
portanto, seria inconstitucional.
CONTRIBUIÇÕES
1. Características básicas:
É a 5 ͣ espécie de tributo.
* A contribuição será federal, se estiver prevista no art. 149, “caput”, da CF. Todavia há
contribuições previstas em outros dispositivos, sendo, assim, não federais.
1. Art. 149, §1ͦ da CF: contribuição não-federal. A competência é dos Estados e DF.
Tipo: contribuição social previdenciária. Sujeitos passivos: servidores públicos federais.
* Contribuições são instituídas por LO, salvo a contribuição social residual (art. 195, §4 ͦ,
CF) que depende de LC (MP aqui não!)
38
III – Contribuições sociais. Dentro das contribuições sociais, há uma subespécie, que
são as contribuições destinadas ao financiamento da Seguridade Social. Essas estão
previstas no artigo 195 da CRFB.
É tributo;
É contribuição profissional;
Tem previsão na CF (art. 8ͦ, IV, “parte final”);
Tem previsão na CLT (art. 578 à 580);
Depende de lei, sendo compulsória à todos os empregados celetistas;
Corresponde a um dia de trabalho no ano.
≠ Contribuição confederativa (art. 8ͦ, IV, “parte inicial): não é tributo, não é
compulsória, é fixada pela Assembléia e só é obrigatória para os sindicalizados. Súmula
666.
1. Atividade Portuária:
Tributo: ATP (Adicional de Tarifa Portuária).
2. Marinha Mercante:
Tributo: AFRMM (Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante)
3. Transferência De Tecnologia:
Tributo: CIDE – ROYALTIES
4. Combustível
5. Etc
39
*Fruto da EC 33/2001
* Na CF: 149, § 2ͦ , I e II
* Exceção aos princípios: anterioridade do artigo 150, III, “b” (anterioridade anual); e à
legalidade tributária (decreto do executivo poderá alterar as alíquotas).
ICMS
II
IE
CIDE – Combustível
Obs.: Quantos aos outros tributos o combustível é imune, ex.: IPI
Dica: o STF apreciou a tributação dos combustíveis no campo de certas contribuições
social-previdenciárias (PIS, COFINS), entendendo cabível a incidência. S. 659 do STF.
1. Fatos Geradores
A CIDE-Combustíveis tem como fatos geradores a importação e comercialização de
combustíveis.
2. Contribuintes
São contribuintes da Cide-Combustíveis, o produtor, o formulador e o importador
(pessoa física ou jurídica) dos combustíveis elencados no art. 3º da lei.
3. Base de Cálculo
40
Nas operações relativas à comercialização no mercado interno, assim como nas
operações de importação, a base de cálculo é a "unidade de medida" adotada na lei,
para cada um dos produtos sobre os quais incide a contribuição. Corresponde, assim, à
quantidade comercializada do produto, expressa de acordo com o art. 3º d a lei.
Dedução do Valor de Cide Pago em Operação Anterior
Do valor da Cide-Combustíveis incidente na comercialização no mercado interno,
poderá ser deduzido o valor da Cide devido em operação anterior:
a) pago pelo próprio contribuinte quando da importação; ou
b) pago por outro contribuinte quando da aquisição no mercado interno.
Obs.: A dedução será feita pelo valor global da Cide pago nas importações realizadas
no mês, levando em conta o conjunto de produtos importados e comercializados,
sendo desnecessária a segregação por espécie de produto.
4. Alíquotas
a) Cide-Combustíveis incidirá no mercado interno, assim como na importação, com as
seguintes alíquotas: (Legislação: Lei 10.336/01, arts. 5o.e 9o; e Dec 4.066/01, art. 1o )
a) gasolinas e suas correntes, incluídas as correntes que, por suas características,
possam ser utilizadas alternativamente para a formulação de diesel, R$ 501,10 por m 3;
b) diesel e as correntes que, por suas características, sejam utilizadas exclusivamente
para a formulação de diesel, R$ 157,80 por m3;
c)querosene de aviação, R$ 21,40 por m3;
d) outros querosenes, R$ 25,90 por m3;
e) óleos combustíveis (fuel oil), R$ 11,40 por t;
f) gás liqüefeito de petróleo (GLP), inclusive o derivado de gás natural e de nafta, R$
104,60 por t; e
g) álcool etílico combustível, R$ 22,54 por m3.
41
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS:
* No plano da classificação, destaca-se a visão do STF, que assim as dividiu:
SOCIAIS GERAIS
SOCIAL-PREVIDENCIÁRIAS
OUTRAS
42
Constitucionalidade, portanto, do § 3º, do art. 8º, da Lei 8.029/90, com a redação das
Leis 8.154/90 e 10.668/2003. IV. - R.E. conhecido, mas improvido.
Obs.: Tributos sobre importação: II, ICMS, IPI, Pis Importação e Cofins Importação.
3. “Outras”
* Estudo daquela prevista no art. 195, §4ͦ, CF
* Fonte residual da seguridade social.
* Contribuição social residual.
* Competência tributária residual ou remanescente.
* Contexto: contribuição com FG e BC não coincidente com FG e BC de outras
contribuições.
* LC.
Detalhes complementares:
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
É princípio fundamental o preceito segundo o qual a norma de nível inferior não pode
extrapolar os limites fixados pela norma superior. É o que estabelece o art. 99 do
CTN:
“O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função das
quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de interpretação
estabelecidas nesta Lei”.
43
1º PLANO Constituição Federal, Emenda Constitucional, Tratado Internacional de Direitos
Humanos aprovado com quorum de EC.
2º PLANO Tratado Internacional de Direitos Humanos NÃO aprovado com quorum de EC.
Lei Complementar, Lei Ordinária, Lei Delegada, Acordo ou Tratado
3º PLANO
Internacional, Decreto-Lei e Medida Provisória
4º PLANO Decreto Legislativo, Resolução.
Lei em sentido formal: é o ato jurídico produzido pelo Poder competente para o
exercício da função legislativa, nos termos estabelecidos pela Constituição;
Lei em sentido estrito: só é lei aquela que o seja tanto em sentido material como
em sentido formal.
Legislação: significa lei em sentido amplo, abrangendo, além das leis em sentido
estrito, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas
complementares que versem no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a
eles pertinentes.
44
a) Leis Delegadas:
São leis elaboradas pelo Presidente da República, mediante delegação do
Congresso Nacional. A delegação terá a forma de resolução que especificará seu
conteúdo e os termos de seu exercício.
A lei nova que estabeleça disposições gerais ou especiais não revoga nem modifica
a lei anterior;
Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei
revogada perdido a vigência;
45
A lei em vigor terá efeito imediato e geral.
entram em vigor 45 dias após sua publicação, se tal vigência for omitida;
exceções
atos administrativos entram em vigor na data de sua publicação;
decisões de órgãos singulares ou coletivos 30 dias após a data de sua
aplicação;
convênios na data neles prevista;
só é gerador o fato descrito na lei que ocorra após a edição da lei (fato futuro).
Se o fato se inicia antes da lei e só se completa depois, a legislação tem efeito
imediato (fato pendente);
A norma jurídica terá eficácia quando existir uma situação a que se aplique. Caso
contrário, embora dotada de vigência, será ineficaz;
46
A lei pode retroagir:
Espécies de Interpretação
significa preencher as lacunas da lei, suprindo suas omissões, tendo em mira sua
aplicação a casos concretos.
47
Analogia consiste em aplicar a um fato, não especialmente previsto na
legislação tributária, os dispositivos legais pertinentes a casos semelhantes;
01. Introdução:
O estudo do CTN nos dá uma visão da relação jurídico-tributária. Tem conceito de
inúmeros institutos espelhados no Código.
Isto porque o CTN é um código “conceitual”, definindo fato gerador, lançamento,
crédito tributário, anistia, isenção, decadência, prescrição, etc. Com isso, vários artigos
deverão ser decorados: a partir do art. 96 do CTN (2ª centena).
48
lançamento inscrição
execução fiscal
* Crédito tributário (CT) = obrigação tributária (OT) + lançamento.
* Dívida ativa (DA) = crédito tributário + inscrição.
*A OT surge com o FG.
* O CT surge com o lançamento.
AUFERIR
NEXO EU AUFIRO
RENDA RENDA
SUBSUNÇÃO
Plano TRIBUTÁRIA Plano
abstrato concreto
SURGE O DEVER DE PAGAR O TRIBUTO
49
ocorrência no mundo fático do fato gerador, nasce esse dever porque o fato gerador
foi realizado.
Relação jurídica tributária nasce por conta da realização do fato gerador. No
entanto, o que significa fato gerador? Fato gerador é um comportamento do sujeito
passivo, é uma conduta realizada pelo sujeito passivo. Qualquer conduta? Não. Para
que haja nascimento da relação jurídica tributária, além de um comportamento
específico, exige-se que tal comportamento esteja previsto em lei (previsão legal do
comportamento).
Fato gerador é expressão que comporta dois entendimentos:
1 – Comportamento em concreto do sujeito passivo; ou
2 – Comportamento “in abstrato”, previsto na lei, que, se realizado, gera a
relação jurídica tributária.
A doutrina procurou alternativas para definir fato gerador. A doutrina procurou
alternativas para substituir essa expressão, ante sua dualidade (e, por tabela,
imprecisão).
De acordo com Alfredo Augusto Becker, “fato gerador não gera nada, só
confusão”.
Hipótese de incidência: foi a expressão encontrada pela doutrina para substituir
o conceito de fato gerador “in abstrato”.
Para fato gerador concreto, foram cunhadas duas expressões: fato jurídico
tributário (Paulo de Barros Carvalho); e fato imponível (Geraldo Ataliba).
Segundo o CTN, com a ocorrência do fato gerador, nasce a obrigação tributária.
O que é obrigação tributária?
Essa obrigação tributária pode ser de dois tipos: patrimonial e não patrimonial.
A obrigação tributária patrimonial gera a obrigação de entrega de dinheiro ao Estado
(obrigação principal). Já a obrigação tributária não patrimonial é um dever de fazer
(obrigação acessória).
A obrigação tributária é “ex lege”, não simplesmente porque depende da lei, mas
também porque o seu nascimento independe da vontade do sujeito passivo.
***Se o dever disser respeito ao pagamento, será obrigação tributária principal.
Exemplo: pagamento do tributo (mas não só tributo!). Também é obrigação tributária
principal toda e qualquer penalidade de responsabilidade do sujeito passivo. Do ponto
de vista geral, a penalidade é acessória ao tributo. Entretanto, de acordo com a
classificação do CTN, a penalidade é obrigação tributária principal. Isso porque o
Código faz essa classificação de acordo com obrigação patrimonial e obrigação não
50
patrimonial. Assim, qualquer obrigação patrimonial (multa, juros), será obrigação
tributária principal.
***Se o dever disser respeito a fazer algo, será obrigação tributária acessória
(exemplos: emitir nota fiscal; entregar declarações à Administração).
Atenção: pode-se ter penalidade pelo não-cumprimento de obrigação acessória
– como se trata de penalidade, obrigação patrimonial, será obrigação tributária
PRINCIPAL.
Diante desse contexto, critica-se a classificação de obrigação tributária acessória
(somente dever não patrimonial). A doutrina dá outra denominação: DEVER
INSTRUMENTAL. Visa a dar ao Fisco instrumentos (meios) para exercer a fiscalização.
Exemplo: emissão de nota fiscal – na medida em que o estabelecimento não fornece
nota fiscal, estará omitindo fato gerador, seja de ISS, seja de ICMS.
Nota fiscal: uma via fica com o contribuinte, enquanto a outra via fica com o
“estabelecimento”. Deve constar o CNPJ, nome da pessoa jurídica, etc.
A terminologia obrigação tributária acessória é inadequada – poderia dar a
entender que obrigação acessória segue o mesmo rumo da principal. No direito
tributário, isso não é verdade. A obrigação acessória está desconectada da obrigação
principal. Exemplos: (i) imposto de renda – ao se entregar a declaração de isento, está-
se cumprindo com obrigação tributária acessória, sem haver obrigação tributária
principal correspondente; (ii) na compra de livro, ainda que haja imunidade, deve-se
emitir nota fiscal.
A obrigação tributária principal (tributo, multa e juros), porque gera entrega de
dinheiro ao Estado, estará, necessariamente prevista em lei. De outro modo a
obrigação tributária acessória estará prevista na legislação tributária.
O termo legislação tributária (art. 96) é gênero da qual lei é espécie.
Significa dizer que a obrigação tributária acessória PODERÁ estar prevista em lei.
Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das
convenções internacionais e dos decretos:
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;
51
II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição
administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa;
III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades
administrativas;
IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios.
Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a
imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do
valor monetário da base de cálculo do tributo.
É o sujeito passivo que tem o dever de contribuir com a obrigação tributária, seja
principal, seja acessória.
Exemplo: IPTU.
O fato gerador do IPTU ocorre em 1º de janeiro. Em 1º de janeiro de 2005,
Maria era proprietária de um imóvel, de zona urbana. Realizou o fato gerador,
portanto. O lançamento do IPTU é feito de ofício. Entretanto, Maria não pagou o
imposto. No mesmo ano de 2005, Maria vendeu o imóvel a Sheila. Sheila, em 1º de
janeiro de 2006, permanece como a propriedade do imóvel. Ela recebe a notificação
sobre a inscrição de dívida ativa do débito de 2005. Por conta da venda, a obrigação de
pagar o IPTU, do ano de 2005, foi transferida para a Sheila. Em relação ao IPTU de
2006, ela é contribuinte; em relação ao IPTU de 2005, ela é a responsável.
52
A) AS CONVENÇÕES PARTICULARES QUE MODIFIQUEM A SUJEIÇÃO PASSIVA NÃO
PODEM SER OPOSTAS À FAZENDA PÚBLICA:
Previsão no artigo 123 do CTN.
É o caso do contrato de locação que prevê que o locatário deve pagar o IPTU.
Essa estipulação não tem força contra o Fisco (a não ser que haja legislação específica),
a não ser que haja uma autorização legal.
O locador pode entrar com ação de regresso contra o locatório no âmbito civil,
mas no âmbito do direito tributário não há nada a fazer, porque as convenções
particulares não têm o condão de alterar a sujeição passiva.
C) SOLIDARIEDADE
Vide artigos 124 e 125.
Na solidariedade há pelo menos dois sujeitos que estão em relação de igualdade
do débito tributário. Os dois devem a mesma coisa de tributo. São dois sujeitos que
devem a integralidade do tributo.
Há dois tipos de solidariedade:
53
Haverá solidariedade entre o contribuinte (que realiza o fato gerador) e o
responsável tributário (que não realizou o FG, mas é responsável pelo pagamento do
tributo).
Exemplo: solidariedade entre o importador de bens e o transportador.
54
II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se
outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a
solidariedade quanto aos demais pelo saldo;
III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados,
favorece ou prejudica aos demais.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
Art. 128: Sem prejuízo do disposto neste Capítulo, a lei (e não legislação)
pode atribuir de modo expresso (e não implícito) a responsabilidade pelo
crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva
obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte OU atribuindo-a a
este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida
obrigação.
1. Considerações preliminares:
55
Concluindo: Há dois tipos de responsabilidade tributária, a responsabilidade POR
TRANSFERÊNCIA, e a responsabilidade POR SUBSTITUIÇÃO.
Na responsabilidade por transferência, a princípio, o dever de pagar o tributo era
do contribuinte. Por um fato posterior (previsto em lei), essa responsabilidade é
transferida para o responsável.
A responsabilidade por substituição se dá pela exclusão do contribuinte.
Exemplo: ICMS substituição tributária. O industrial, ao vender para o distribuidor, tem
o dever de recolher o ICMS devido por ocasião da prática dos fatos geradores a cargo
do distribuidor. A única responsabilidade é do industrial, passível de ser autuado ante
o não recolhimento do tributo.
Sujeição Passiva:
A) Contribuinte (art. 121, § único, I): aquele que tem uma relação direta com o FG,
realizando-o.
B) Responsável (art. 121, § único, II): é uma terceira pessoa, que sem realizar o FG,
tem uma vinculação mínima com este e alei lhe atribui a obrigação pelo pagamento do
tributo.
B.1. Responsável por substituição: trata-se da escolha de uma terceira pessoa
para pagar o tributo, antes mesmo da ocorrência do FG. Ele é chamado de “substituto
(legal) tributário”. Geralmente, tal responsabilidade ocorre no âmbito do ICMS e do IR,
havendo uma exclusiva previsão de sua ocorrência no art. 135 do CTN.
ICMS:
Substituição Tributária para trás ou regressiva ou diferida →
pagamento diferido, postergado.
FG “para trás” = substituição tributária “para trás”: a postergação do
pagamento do pagamento do tributo, por uma terceira pessoa (substituto) em face de
uma anterior ocorrência do FG. É a chamada técnica de DIFERIMENTO. Ex.: leite cru,
cana em caule.
56
Dos sucessores De terceiros
(130, 131, 132) (134)
Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja
a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os
relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a
contribuições de melhoria, sub-rogam-se na pessoa dos respectivos
adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.
Sucessão imobiliária (subrogação pessoal)
Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação
ocorre sobre o respectivo preço. (subrogação real e não pessoal)
57
Art. 131. São pessoalmente responsáveis:
Causa mortis II – o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos
tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação,
limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão, do legado ou da
meação;
Causa mortis III – o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data
da abertura da sucessão.
1 2 3
-----------------*-------------------------------------------------------*---------------------------------
Abertura Data
da da
Sucessão Partilha
58
* Devido após a morte e descoberto antes da sentença de partilha → Inventariante
(art. 134, IV) → o próprio espólio é o contribuinte.
* Devido até a morte, não pago até a sentença de partilha e descoberto após a
sentença de partilha → sucessores e cônjuge meeiro → contribuinte é o de cujus.
* Devido após a morte, não pago até a partilha e descoberto após a sentença de
partilha → sucessores e cônjuge meeiro → contribuinte é o espólio.
Tem-se fusão quando a empresa “A” se junta com a empresa “B” e forma a
empresa “AB”.
Tem-se incorporação quando a empresa “A” absorve a empresa “B” e forma a
“AB”.
Tem-se transformação quando a empresa “A Ltda” transforma-se na empresa “A
S.A.”
59
pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou
incorporadas.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção
de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da
respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente,
ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma
individual.
60
Só os débitos referentes ao estabelecimento é que passam a ser
responsabilidade do adquirente, e não os débitos como um todo da pessoa jurídica.
Os parágrafos 1º, 2º, e 3º, foram acrescentados pela LC 118/05 para minimizar
as hipóteses de responsabilidade do adquirente.
A LC 118/05 relativizou as hipóteses de responsabilidade do adquirente –
situações em que será excluída.
Art. 133...
§ 1º O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de
alienação judicial:
I – em processo de falência;
II – de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação
judicial.
O parágrafo terceiro diz que o dinheiro (fruto da alienação judicial) não será
utilizado para pagar os tributos. Ele orienta que o valor deve ser depositado à
disposição do juízo de falência pelo prazo de um ano, contado da data de alienação,
somente podendo ser utilizado para o pagamento de créditos extraconcursais ou de
créditos que preferem ao tributário. Vai ser seguido a ordem dos créditos da
falência.
61
Importante diferenciar as normas dos dois artigos.
62
Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes
a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de
poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos:
Lembrar!!! Os terceiros abaixo respondem porque agiram com dolo e fraude.
Artigo 134, VII – Liquidação irregular Artigo 135, III – Diretores, gerentes e
administradores
VII – os sócios, no caso de liquidação de III – os diretores, gerentes ou
sociedade de pessoas. representantes de pessoas jurídicas de
direito privado.
Responsabilidade subsidiária, pela prática Responsabilidade pessoal pela prática de
de atos culposos atos dolosos
Essa disposição é difícil de acontecer, Requisitos:
porque só se aplica a liquidação a (i) prática de ato com infração à lei,
sociedade de pessoas, não se aplica, (ii) prática de atos com excesso de
portanto, à sociedade por quota com poderes ou
responsabilidade limitada – sociedade de (iii) prática de ato com infração ao
capital. contrato social ou estatuto.
(ED no RESP 109.143).
O sócio para ser responsável deve ter
poder de gestão.
Deverá ser um sócio gerente, diretor ou
administrador.
No caso, haverá a desconsideração da
personalidade jurídica para atingir o
sócio.
O problema do inciso III do art. 135 é saber o que significa a expressão “infração
à lei”. A Fazenda Pública tece considerações acerca da expressão “infração à lei”,
entendendo que o simples inadimplemento do tributo (não-pagamento),
independentemente do motivo já constitui infração à lei. Portanto, toda vez que
houver não pagamento de tributo, o sócio será responsabilizado.
PORÉM, o STJ já decidiu sobre o tema, no sentido de que o simples não
pagamento do tributo não justifica a responsabilidade pessoal do sócio. A
responsabilidade do sócio está vinculada a atividades dolosas.
REsp 260107.
63
TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. EXECUÇÃO FISCAL.
RESPONSABILIDADE DE SÓCIO-GERENTE. LIMITES. ART. 135, III, DO CTN.
PRECEDENTES.
1. Os bens do sócio de uma pessoa jurídica comercial não respondem, em
caráter solidário, por dívidas fiscais assumidas pela sociedade. A
responsabilidade tributária imposta por sócio-gerente, administrador,
diretor ou equivalente só se caracteriza quando há dissolução irregular da
sociedade ou se comprova infração à lei praticada pelo dirigente.
2. Em qualquer espécie de sociedade comercial é o patrimônio social que
responde sempre e integralmente pelas dívidas sociais. Os diretores não
respondem pessoalmente pelas obrigações contraídas em nome da
sociedade, mas respondem para com esta e para com terceiros, solidária e
ilimitadamente, pelo excesso de mandato e pelos atos praticados com
violação do estatuto ou da lei (art. 158, I e II, da Lei nº 6.404/76).
3. De acordo com o nosso ordenamento jurídico-tributário, os sócios
(diretores, gerentes ou representantes da pessoa jurídica) são responsáveis,
por substituição, pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias
resultantes da prática de ato ou fato eivado de excesso de poderes ou com
infração de lei, contrato social ou estatutos, nos termos do art. 135, III, do
CTN.
4. O simples inadimplemento tributário não caracteriza infração legal.
Inexistindo prova de que se tenha agido com excesso de poderes, ou
infração de contrato social ou estatutos, não há falar-se em
responsabilidade tributária do ex-sócio a esse título ou a título de infração
legal. Inexistência de responsabilidade tributária do ex-sócio.
5. Precedentes desta Corte Superior.
6. Embargos de divergência rejeitados.
Nos dois problemas, a jurisprudência do STJ vem caminhando por uma via um
pouco menos favorável aos contribuintes. Mais recentemente, o STJ tem dito que:
a) O ônus da prova depende do ato fraudulento depende da Certidão de Dívida
Ativa - CDA. Se o sócio está na CDA, como responsável tributário, temos a inversão
do ônus da prova. Ou seja, cabe ao sócio fazer uma prova negativa de que não
praticou esses atos ou que esses atos não são fraudulentos.
CASUÍSTICA:
Pessoa jurídica realizou o fato gerador, mas não pagou o tributo. Há o
lançamento tributário, continuando a pessoa jurídica sem pagar. Inscreverá o débito
na dívida ativa, a fim de executar. A inscrição na dívida ativa dá ao crédito presunção
de liquidez e certeza. Do ato de inscrição deve constar o nome do devedor e eventuais
responsáveis, a quantia devida, etc.
64
Segundo o STJ, se constar o nome do sócio na CDA e na execução fiscal, o ônus
de provar que não houve atos fraudulentos é do sócio.
Trata-se de inversão do ônus da prova, a ser argumentado em embargos à
execução fiscal (os embargos só serão admitidos após o oferecimento de garantia).
Qual o requisito para que o sócio esteja na dívida ativa? Apenas a autoridade fiscal
colocá-lo no débito.
Se o sócio não estiver em dívida ativa, no CDA, o ônus da prova fica a cargo da
Fazenda Pública.
Infeliz conclusão: a autoridade fazendária sempre colocará o sócio na dívida
ativa.
65
b) Em relação a dissolução irregular, entendeu o STJ ,que a simples mudança de
domicílio da pessoa jurídica sem a devida comunicação ao Fisco importa em
presunção iuris tantum de dissolução irregular da empresa. A DISSOLUÇÃO
IRREGULAR é um ato fraudulento.
Observações Finais:
Art. 13. O titular da firma individual e os sócios das empresas por cotas de
responsabilidade limitada respondem solidariamente, com seus bens
pessoais, pelos débitos junto à Seguridade Social.
Parágrafo único. Os acionistas controladores, os administradores, os
gerentes e os diretores respondem solidariamente e subsidiariamente, com
seus bens pessoais, quanto ao inadimplemento das obrigações para com a
Seguridade Social, por dolo ou culpa.(Revogado pela MP 449)
66
CTN, à luz do entendimento segundo o qual o inadimplemento do tributo
não constitui infração à lei capaz de ensejar a responsabilidade solidária dos
sócios. . Recurso especial interposto pela Autarquia apontando negativa de
vigência dos arts. 135 e 202, do CTN, 2º, § 5º, I e IV, e 3º da Lei 6.830/80,
além de divergência jurisprudencial.
2. Não se conhece de recurso especial fincado no art. 105, III, “c”, da CF/88,
quando a alegada divergência jurisprudencial não é devida e
convenientemente demonstrada, nos moldes exigidos pelo art. 541,
parágrafo único, do CPC, c/c o art. 255 e seus §§ do RISTJ.
3. A matéria inserta nos dispositivos legais 202, do CTN, 2º, § 5º, I e IV, e 3º
da Lei 6.830/80 não foi abordada e enfrentada no âmbito do voto condutor
do aresto hostilizado. Incidência da Súmula nº 282/STF.
4. A solidariedade prevista no art. 124, II, do CTN, é denominada de direito.
Ela só tem validade e eficácia quando a lei que a estabelece for interpretada
de acordo com os propósitos da Constituição Federal e do próprio Código
Tributário Nacional.
5. Inteiramente desprovidas de validade são as disposições da Lei nº
8.620/93, ou de qualquer outra lei ordinária, que indevidamente
pretenderam alargar a responsabilidade dos sócios e dirigentes das pessoas
jurídicas. O art. 146, inciso III, b, da Constituição Federal, estabelece que as
normas sobre responsabilidade tributária deverão se revestir
obrigatoriamente de lei complementar.
6. O CTN, art. 135, III, estabelece que os sócios só respondem por dívidas
tributárias quando exercerem gerência da sociedade ou qualquer outro ato
de gestão vinculado ao fato gerador. O art. 13 da Lei nº 8.620/93, portanto,
só pode ser aplicado quando presentes as condições do art. 135, III, do CTN,
não podendo ser interpretado, exclusivamente, em combinação com o art.
124, II, do CTN.
7. O teor do art. 1.016 do Código Civil de 2002 é extensivo às Sociedades
Limitadas por força do prescrito no art. 1.053, expressando hipótese em
que os administradores respondem solidariamente somente por culpa
quando no desempenho de suas funções, o que reforça o consignado no
art. 135, III, do CTN.
8. A Lei 8.620/93, art. 13, também não se aplica às Sociedades Limitadas
por encontrar-se esse tipo societário regulado pelo novo Código Civil, lei
posterior, de igual hierarquia, que estabelece direito oposto ao nela
estabelecido.
9. Não há como se aplicar à questão de tamanha complexidade e
repercussão patrimonial, empresarial, fiscal e econômica, interpretação
67
literal e dissociada do contexto legal no qual se insere o direito em debate.
Deve-se, ao revés, buscar amparo em interpretações sistemática e
teleológica, adicionando-se os comandos da Constituição Federal, do
Código Tributário Nacional e do Código Civil para, por fim, alcançar-se uma
resultante legal que, de forma coerente e juridicamente adequada, não
desnature as Sociedades Limitadas e, mais ainda, que a bem do consumidor
e da própria livre iniciativa privada (princípio constitucional) preserve os
fundamentos e a natureza desse tipo societário.
10. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, não-provido.
68
adimplemento ameaçado pelo sujeito passivo que tenta fraudulentamente furtar-se
do pagamento). O periculum in mora tem está demonstrado concretamente e
objetivamente, mas basta alegação genérica.
Se o sujeito passivo for pessoa jurídica: Duas observações
1º A indisponibilidade de bens da pessoa jurídica, em regra, só poderá recair
sobre os bens do ativo permanente (art. 4º ,§1º).
“Todavia, o STJ já firmou entendimento de que, em situações excepcionais,
admite-se a decretação de indisponibilidade de bens de pessoa jurídica, ainda que
estes não constituam seu ativo permanente”, nos termos do Resp 365546/SC, Min.
João Otávio de Noronha de 06/06/2006.
2º A indisponibilidade dos bens poderá ser estendida aos bens do acionista
controlador e aos dos que em razão do contrato ou estatuto tenham poderes para
fazer a empresa cumprir suas obrigações fiscais (art. 4º,§2º), desde que, haja a efetiva
comprovação de excesso de poderes, infração à lei ou contrato social (art. 135 do
CTN), posto que trata-se de responsabilidade subjetiva. É esse o entendimento
manifestado pelo STJ em vários precedentes, sendo o mais recente o Resp
722.998/MT, Min. Luiz Fuz em 11/04/2006:
Quadro resumo
69
Art. 134, VII Art. 135, III Art. 13 da lei Art. 4º da lei
8620/93 8797/92
Atuação culposa Atuação dolosa Responsabilidade Indisponibilidade de
solidária ou bens dos sócios.
subsidiária.
Liquidação da Sócio com poder de Débitos com a Independentemente
sociedade de gestão: Seguridade Social da comprovação do
pessoas ↓ art. 135,III, CTN
Dissolução irregular
Tributos + Responsabilidade Revogado pela MP STJ: deve-se
penalidades pessoal: Tributos + 449/08 interpretar à luz do
moratórias penalidades art. 135, III.
(moratórias e
punitivas)
Ônus da prova: STJ: dispositivo é
depende do ilegal.
conteúdo da CDA STF: Repercussão
geral reconhecida
no STF
DENÚNCIA ESPONTÂNEA
70
Três discussões desenvolveram-se na jurisprudência sobre o tema:
1 – Possibilidade de equiparação de denúncia espontânea à figura do
parcelamento. Seriam iguais?
A doutrina, de forma tranqüila, diz que a denúncia espontânea afasta a incidência
de multas. Com base nesse entendimento, as pessoas começaram a querer dizer que o
parcelamento é um tipo de denúncia espontânea. Sendo espécie de denúncia
espontânea, o parcelamento também afastaria a cobrança de multa.
Entretanto, não é esse o entendimento da jurisprudência do STJ, que entende
que parcelamento é espécie de denúncia espontânea. Tanto são institutos diferentes
que têm conseqüências distintas, enquanto o parcelamento suspende o crédito
tributário; o pagamento gera a sua extinção.
Assim, para que o contribuinte seja beneficiado com a benesse da denúncia
espontânea, faz-se necessário pagamento integral, à vista, de uma só vez.
Esse entendimento é corroborado pelo CTN, que foi modificado em 2001. Vide
artigo 155-A.
71
2 – A denúncia espontânea afasta a multa de mora?
A Fazenda diz que a denúncia espontânea não afasta a multa de mora. A
denúncia espontânea afastaria tão-somente a multa de ofício.
72
A multa de ofício é aquela exigida por conta do lançamento de ofício – por conta
do auto de infração. Ela está prevista no artigo 44 da Lei 9.430/96.
Exemplo: o sujeito passivo realizou o fato gerador em abril de 1999. Deveria
pagar o tributo relativo em maio de 1999. Em outubro de 1999 tem início a uma
fiscalização em relação ao fato gerador. Essa fiscalização retira a espontaneidade. É
concluída a fiscalização com o lançamento tributário. O lançamento cobrará o tributo,
mais juros de mora (à taxa SELIC) e multa de ofício (que variará de 75% a 150%, de
acordo com o grau da fraude).
Outra possibilidade é, antes da fiscalização, o sujeito passivo fazer a denúncia
espontânea. Assim, pagará a o tributo mais o juros de mora. Fica afastada toda e
qualquer multa. Acontece que a Administração diz que a denúncia espontânea afasta a
multa de ofício, mas não a multa de mora (na quantia de 20%).
A multa de ofício decorre do lançamento de ofício. Assim, é lógico que a
denúncia espontânea afastaria a multa de ofício. “Conceder” isso ao contribuinte é
pleonasmo, é desnecessário, já que decorre da lógica do sistema.
O STJ tende pelo lado do contribuinte, dizendo que na denúncia espontânea
não há incidência de qualquer multa.
73
TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.
DENÚNCIA ESPONTÂNEA TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR
HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO EXTEMPORÂNEO
1. Nos termos da jurisprudência da 1ª Seção desta Corte, é inadmissível a
denúncia espontânea nos tributos sujeitos a lançamento por
homologação na hipótese em que o contribuinte declara e recolhe com
atraso o seu débito tributário.
2. Incidência da Súmula nº 168/STJ.
3. Embargos de divergência não-conhecidos.
74
da denúncia espontânea. A regra é que o início do procedimento de fiscalização obste
os benefícios da denúncia espontânea, mas essa é uma exceção.
A Administração entende que este pagamento nos termos dos benefícios da
denúncia espontânea vai incluir juros e multa de mora (geralmente 20%). Então onde
está o benefício da denúncia espontânea? A Receita Federal diz: a multa que o art. 138
do CTN exclui é só a multa de ofício, multa estritamente punitiva (75% a 150%).
75
Essa problemática do artigo 119 do CTN é decorrente do fato de que, quando da
criação do CTN, não existiam tributos com caráter de parafiscalidade, pois como
estudado noutro momento, o CTN reconhecia apenas como tributo o imposto, a taxa e
a contribuição de melhoria, todos eles fiscais, ou seja, pagos diretamente a entes
estatais. Dessa forma, deve-se encarar como superada a letra do artigo 119.
Por fim, a Lei deve declinar, necessariamente, o credor da obrigação.
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
Características
b) incaducável não está submetida a prazo para ser validamente exercitada (ex.
impostos sobre grandes fortunas);
c) exercício facultativo a pessoa política é livre para criar ou não o tributo – exceção
ICMS que é de exercício obrigatório;
e) irrenunciável (pode deixar de exercitar mas, não pode abrir mão em definitivo);
O legislador de hoje não pode criar entraves para o de amanhã.
f) indelegável (não pode delegar o que recebeu por delegação, na verdade, o que
se delega é a capacidade tributária).
76
g) facultatividade: Uma das características da competência tributária é ser uma
faculdade e não uma imposição constitucional, contudo, é importante frisar que a LC
101/199 (Lei de Responsabilidade Fiscal) trouxe uma inovação.
É que a LRF traz uma sanção institucional aos entes federados que deixem de
instituir impostos de sua competência, vedando a realização de transferências
voluntárias para, pois constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão
fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência
constitucional atribuída ao ente Federado (art. 11 da LRF).
A princípio, podemos pensar: Ora, trata-se de uma presunção de que se um ente
possui competência tributária e não cria o tributo é porque não precisa de receita!
Cuidado! Não parece ser esse o espírito da LRF, pois esta não exige a criação de
qualquer tributo e sim aquele que se mostre economicamente viável.
77
C. MUNICÍPIOS competência para cobrar taxas, impostos e contribuições de
melhoria
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO
78
2. Lançamento é ato e/ou procedimento administrativo?
Em que consiste o lançamento? Vide artigo 142 do CTN.
79
1964 1996 2001
Lei 4.595, art. 38 Lei 9.311, art. 11 LC 105, arts. 5º e 6º
Quebra de sigilo bancário Lei instituída da CPMF Quebra de sigilo bancário
só com autorização do determinava que diretamente pela
Poder Judiciário instituições financeiras Administração:
responsáveis pela retenção Processo ou procedimento
dessa contribuição administrativo +
prestassem informações à necessidade de quebra
Secretaria da Receita
Federal, especificamente,
sobre a identificação dos
contribuintes e os valores
globais das respectivas
operações efetuadas,
vedando, contudo, no seu
§ 3º, a utilização desses
dados para constituição do
crédito relativo a outras
contribuições ou impostos.
Lei revogada pela LC * Lei 10.174/01 revogou o
105/01 §3º do art. 11 da lei
9311/96 para possibilitar
que a Receita utilize de
dados da movimentação
para apurar outros tributos
EDREsp 726.778.
80
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. UTILIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES OBTIDAS A
PARTIR DA ARRECADAÇÃO DA CPMF PARA A CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITO
REFERENTE A OUTROS TRIBUTOS. ARTIGO 6º DA LC 105/01 E 11, § 3º, DA LEI Nº
9.311/96, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 10.174/2001. NORMAS DE CARÁTER
PROCEDIMENTAL. APLICAÇÃO RETROATIVA. POSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO DO
ARTIGO 144, § 1º, DO CTN.
1. O artigo 38 da Lei nº 4.595/64, que autorizava a quebra de sigilo bancário
somente por meio de requerimento judicial foi revogado pela Lei Complementar nº
105/2001.
2. A Lei nº 9.311/96 instituiu a CPMF e, no § 2º do artigo 11, determinou que as
instituições financeiras responsáveis pela retenção dessa contribuição prestassem
informações à Secretaria da Receita Federal, especificamente, sobre a identificação
dos contribuintes e os valores globais das respectivas operações efetuadas,
vedando, contudo, no seu § 3º, a utilização desses dados para constituição do
crédito relativo a outras contribuições ou impostos.
3. A Lei 10.174/2001 revogou o § 3º do artigo 11 da Lei nº 9.311/91, permitindo a
utilização das informações prestadas para a instauração de procedimento
administrativo-fiscal, a fim de possibilitar a cobrança de eventuais créditos
tributários referentes a outros tributos.
4. Outra alteração legislativa, dispondo sobre a possibilidade de sigilo bancário, foi
veiculada pela o artigo 6º da Lei Complementar 105/2001.
5. O artigo 144, § 1º, do CTN prevê que as normas tributárias procedimentais ou
formais têm aplicação imediata, ao contrário daquelas de natureza material, que
somente alcançariam fatos geradores ocorridos durante a sua vigência.
6. Os dispositivos que autorizam a utilização de dados da CPMF pelo Fisco para
apuração de eventuais créditos tributários referentes a outros tributos são normas
procedimentais e, por essa razão, não se submetem ao princípio da irretroatividade
das leis, ou seja, incidem de imediato, ainda que relativas a fato gerador ocorrido
antes de sua entrada em vigor. Precedentes.
7. "Não cabem embargos de divergência, quando a jurisprudência do Tribunal se
firmou no mesmo sentido do acórdão embargado" (Súmula 168/STJ).
8. Embargos de divergência não conhecidos.
c)
O artigo 185 do CTN estabelece garantia adicional ao crédito tributário. Poderá,
portanto, retroagir.
Há uma dívida tributária. A Administração faz o lançamento. Não se paga. Há a
inscrição na dívida ativa. Expede-se a certidão de dívida ativa. Inicia-se execução fiscal.
Antigamente: se já tinha débito sendo executado, a alienação de bens gerava
presunção de fraude.
A LC 118 alterou a redação do artigo 185 (débito inscrito em dívida ativa). Basta a
inscrição em dívida ativa para que a alienação gere presunção de fraude. Assim,
aumenta uma garantia do crédito tributário.
Essa nova redação pode retroagir para alcançar fatos passados.
81
Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou
rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda
Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem
sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total
pagamento da dívida inscrita.
Não confundam tributos lançados por declaração com tributos lançados por
homologação em que há declaração (FG → Declaração → Pagamento →
82
homologação). Assim, o IR e o ITR, por exemplo, são tributos lançados por
homologação que contém uma declaração.
Cuidado: O IR e ITR são lançados por homologação.
B) POR HOMOLOGAÇÃO.
Está previsto no artigo 150 do CTN, que diz que no lançamento por homologação,
o sujeito passivo realiza fato gerador; por conta disso, deve fazer o pagamento
antecipado do tributo. Esse pagamento é feito sem prévio exame da autoridade
administrativa. Significa que o sujeito passivo apura a base de cálculo e apura a
alíquota. Ele faz isso sozinho, sem participação da Administração. Esse pagamento
sozinho não tem o condão de extinguir o crédito tributário. A extinção do crédito
tributário ocorrerá com a homologação do pagamento antecipado. Essa
homologação pode ser ocorrer no prazo de 5 anos a contar do fato gerador. Essa
homologação representa atividade de controle por parte da Administração. É atividade
de controle em relação a esse pagamento efetivado.
Se chegar à conclusão de que o pagamento está correto, o resultado será a
homologação, e como conseqüência, a extinção do crédito tributário.
Se a Administração entender que o pagamento foi feito de forma incorreta, não
haverá homologação. Se entender que o pagamento estiver incorreto, a Administração
fará lançamento, para constituir o crédito tributário – será o lançamento DE OFÍCIO.
Esse lançamento de ofício também deve respeitar o prazo de 5 anos.
Esse prazo de 5 anos a contar do fato gerador é prazo de DECADÊNCIA.
Essa homologação pode ser tácita ou expressa. Há homologação tácita se a
Administração ficar em silêncio pelo prazo de 5 anos.
A homologação será expressa se houver manifestação específica da
Administração quanto à concordância do pagamento. Exemplo: restituição do IR – se
faz a declaração em abril; a Administração restitui o dinheiro, significa que ela
concordou com a declaração.
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos
cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento
sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que
a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida
pelo obrigado, expressamente a homologa.
§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo
extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do
lançamento.
§ 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à
homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à
extinção total ou parcial do crédito.
§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém,
considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na
imposição de penalidade, ou sua graduação.
§ 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de cinco anos, a contar
da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda
83
Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e
definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de
dolo, fraude ou simulação.
Casos:
1º – Sujeito passivo declara certo e não paga (ou paga em valor inferior).
2º – Sujeito passivo declara errado, e paga errado.
3º – Sujeito passivo não declara e não paga.
84
Para a jurisprudência a constituição do crédito, que representa pressuposto
para a cobrança, pode ser realizada pela Administração (pelo lançamento) ou pelo
sujeito passivo (pela declaração).
Se realizada pela Administração, haverá a figura do lançamento tributário.
Todavia, pode acontecer de o sujeito passivo, sozinho, constituir o crédito por meio de
declaração em que haja a identificação do fato gerador e dos elementos da relação
jurídica tributária.
A declaração é apenas uma forma de constituição do crédito tributário.
Exemplo: O sujeito faz uma DCTF (Declaração de Contribuições de Tributos
Federais) dizendo que deve 100, mas só paga no DARF 70. A diferença já pode ser
cobrada? Sim, porque o crédito já foi constituído pela declaração (DCTF) do sujeito
passivo, não há necessidade de lançamento pela Administração. Não é necessário o
lançamento desses 30, já que o crédito já está constituído pela DCTF.
Nos tributos por homologação, em que o sujeito declara corretamente o valor
devido e não paga ou paga a menor, a Administração já pode iniciar a fase de cobrança
(o crédito já está constituído).
Assim, a Administração já pode adotar as medidas de cobrança: inscrição do
débito na Dívida ativa, emissão da CDA e Execução Fiscal.
O artigo 142 do CTN diz que o lançamento é atividade privativa da Administração.
Assim, como o sujeito passivo pode constituir o crédito tributário?
85
Se a Administração não tem que se preocupar com lançamento, não há que se
preocupar com a decadência (constituição de crédito tributário). A preocupação da
Fazenda deve ser com o prazo de prescrição para adota medidas de cobrança (art. 174
do CTN).
Segunda situação:
Declaração incorreta ou inexistência de declaração → CRIME → lançamento de
ofício ou ato lançamento (art. 149, V ou VII)
Terceira situação:
a) Se o sujeito passivo não paga nada → lançamento de ofício ou auto-
lançamento (art. 149, V)
b) Se o sujeito passivo paga a menor → lançamento de ofício ou auto-
lançamento (art. 149, V)
Quadro geral:
Situação Cobrança Prazo
Ausência de Declaração Lançamento de ofício para Decadência
+ constitui o CT Art. 150, §4º, CTN
Pagamento a MENOR
Ausência de Declaração Lançamento de ofício para Decadência
+ constituir o CT Art. 173,I, CTN
86
AUSÊNCIA de pagamento (art. 149, V, CTN)
Ausência de Declaração Lançamento de ofício para Decadência
ou constitui o CT Art. 173, I, CTN
Declaração ERRADA (art. 149, VIII, CTN)
Declaração CERTA A declaração certa já Prescrição
+ constituiu o CT, logo, Art. 174, CTN
AUSÊNCIA de pagamento prescinde de lançamento.
ou Assim, a Administração já
Pagamento MENOR pode partir para os atos
preparatórios a cobrança
judicial (inscrição na DA,
emissão da CDA e EF)
O STJ, por algum tempo, entendeu que de fato, nas situações em que havia o
lançamento por homologação, mas não houvesse nenhum pagamento. A decadência
deveria ser calculada pela aplicação cumulativa dos arts. 150,§4º e art. 173, I do CTN, o
que dava 10 anos do fato gerador.
Por que 10 anos?
Entendia o STJ que se o sujeito passivo realiza o fato gerador e não efetua
nenhum pagamento, é evidente que não haverá homologação. Assim, a autoridade
administrativa tem o direito potestativo do prazo de 5 anos para homologar. Após,
inicia-se novo prazo de 5 anos para lançar. Ao final desse prazo de 10 anos, haverá a
decadência (artigos 150, §4º, e artigo 173, I).
Essa tese dos 10 anos foi tese de resposta à do contribuinte para pedir de volta o
valor. A tese dos contribuintes caiu, e a para cobrar ficou.
87
pagamento antecipado, conclui-se ter o Fisco o prazo de 10 anos, após a
ocorrência do fato gerador, para constituir o crédito tributário.
4. Em síntese, o prazo decadencial para a Fazenda Pública constituir o
crédito tributário será: a) de cinco anos a contar do primeiro dia do
exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado, se o
tributo sujeitar-se a lançamento direto ou por declaração (regra geral do
art. 173, I do CTN); b) de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador
no caso de lançamento por homologação em que há pagamento
antecipado pelo contribuinte (aplicação do art. 150, § 4º do CTN) e c) de
dez anos a contar do fato gerador nos casos de lançamento por
homologação sem que nenhum pagamento tenha sido realizado pelo
sujeito passivo, oportunidade em que surgirá a figura do lançamento
direto substitutivo do lançamento por homologação (aplicação cumulativa
do art. 150, § 4º com o art.173, I, ambos do CTN).
5. Precedentes da Primeira Seção e das duas Turmas de Direito Público.
6. Embargos de divergência providos.
C) DE OFÍCIO.
Previsto no artigo 149 do CTN.
Esse artigo enumera as razões pelas quais poderá haver lançamento de ofício. É
ROL TAXATIVO.
88
Lançamento de ofício nos tributos lançados por homologação: Quando houver
simulação do sujeito passivo (VI e VII): possibilidade da AP poder desconsiderar atos
e negócios de particulares – casos de evasão
VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro
legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária;
VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu
com dolo, fraude ou simulação;
89
Exemplo:
Dois médicos, sem nenhum tipo de
relação entre eles (plástico e
oftalmologista, v.g.), resolvem abrir uma
sociedade para receber pela prestação de
seus serviços pela empresa com o único
propósito de reduzir a carga tributária.
Pela teoria adotada por Marco Aurélio
Greco se o planejamento tributário não
estiver acompanhado de um propósito
negocial ele não é lícito e a Administração
pode desconsiderá-lo.
A redução da carga tributária deve ser
uma conseqüência, ela não pode ser a
única razão de existência dessa
sociedade.
VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do
lançamento anterior;
IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta
funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou
formalidade especial.
90
Já foi analisado pelo STJ: a diferença de arbitramento com base no artigo 148,
com o regime de pautas fiscais e a base de cálculo estimada.
DECADÊNCIA
Exemplo:
FG do ICMS ocorreu em maio de 2002. O sujeito tem que efetuar o pagamento
antecipado até o dia 10.06.02. Chega no dia 11.06.02 e não houve o pagamento.
A partir de quando a Administração pode efetuar o lançamento?
R: A partir do dia 11/06/02 a AP já pode cobrar, porque o sujeito passivo está em
mora (exigibilidade do tributo). Mas, para cobrar a Administração tem que lançar para
constituir o crédito.
Poder lançar é uma coisa, mas prazo para poder lançar é outra coisa. Vejamos:
Até quando a Administração pode lançar?
A Administração pode lançar até o dia 31/12/07
Diz o CTN que o prazo decadencial de lançamento começa a fluir do primeiro dia
do exercício seguinte, ou seja, 1/1/03, no nosso exemplo. É o primeiro dia do exercício
seguinte, que o lançamento poderia ter sido efetuado.
Contando 5 anos, o prazo terminará em 31/12/2009, porque em 01.01.2008
haverá a consolidação da decadência.
91
Essas regras são aplicadas a tributos sujeitos ao lançamento de ofício e ao
lançamento por declaração.
Art. 173...
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por
vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.
Art. 173...
Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se
definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data
em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela
notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória
indispensável ao lançamento.
O parágrafo único do artigo 173 trata de outro ponto. Ele estabelece uma
terceira forma de contagem do prazo.
Exemplo:
92
Há a ocorrência do fato gerador em maio de 2002. A declaração e o pagamento
devem ser feitos até 10 de junho de 2002. Em tese, a partir de junho, o lançamento é
possível. Não é a partir daqui que se conta a decadência. Ela conta a partir do 1º dia do
exercício financeiro seguinte, ou seja, 1/1/03.
De junho de 2002 a 1/1/03 é período de folga da Administração.
Mas em outubro de 2002 a Administração dá inicio à fiscalização referente a fato
gerador. A Administração por fazer isso, antes mesmo do início do prazo da
decadência, ela terá um ônus: antecipação do início do prazo de decadência.
Nesse caso o parágrafo único do art. 173 diz que o início do prazo de
decadência é antecipado, ou seja, é contado a partir da fiscalização, outubro de
2002.
93
ajuizados as respectivas ações judiciais ou solicitações administrativas até a data do
julgamento (11 de junho de 2008).
94
suspensão da exigibilidade do crédito pelo depósito ter o condão de afastar a
cobrança, não constitui o crédito.
Como essa constituição será feita?
Para o STJ, a constituição do crédito ocorre por meio do próprio depósito judicial.
Uma vez realizado depósito fica afastada a necessidade de lançamento pela
Administração. O depósito judicial no valor integral do débito realizado no MS
preventivo supre qualquer ato da Administração (RESP1037202).
O STJ equipara o depósito judicial à declaração do sujeito passivo nos tributos
lançados por homologação.
O STJ fala que o depósito é uma confissão.
95
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja
estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a
compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos
ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública.
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei
determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não
podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de
1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da
compensação e a do vencimento.
A compensação ocorre quando o sujeito passivo percebe que fez recolhimento a
maior de determinado tributo e não quer requerer o ressarcimento do excedente,
para não ter que se submeter ao regime de precatórios. Nesse caso, o sujeito passivo
pode optar pela compensação de outros tributos, desde que atendidos os seguintes
requisitos: crédito e débito do mesmo sujeito passivo e tributos Administrados pelo
mesmo ente.
No direito tributário, a compensação não é automática; exige-se que ela esteja
prevista em lei.
Essa lei no âmbito federal é 9430/96:
Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com
trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela
Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento,
poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer
tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.
Exemplo:
O sujeito passivo tem o dever de pagar IR. O sujeito ativo tem o direito de
receber esse IR. O sujeito passivo percebe que fez recolhimento indevido de Cofins. Ele
fez recolhimento em valor superior ao que a lei determinava. O sujeito passivo,
portanto, possui crédito perante a administração. Assim, há duas relações jurídicas
tributárias:
1 – o sujeito ativo tem o direito de exigir o IR. O sujeito passivo tem o dever de
pagar.
2 – a União tem o dever de devolver a Cofins. A empresa Girassol tem o direito
de ter essa Cofins de volta.
A compensação representa a sobreposição dessas duas relações jurídicas.
Haverá uma anulação desses direitos e deveres respectivos.
Se não houver a concordância com a compensação, ou seja, se não houver
homologação pela Administração da declaração do sujeito passivo, afirmando que o
crédito da COFINS não existe. Se o crédito da COFINS não existe o débito do IR ainda
está em aberto. Nesse caso, a Administração manda ao sujeito passivo uma cobrança
do Ir com prazo de 30 dias. Se o sujeito passivo não efetua o pagamento no prazo
legal, o resultado será a inscrição do débito na dívida ativa, emissão da CDA e execução
fiscal. Isso porque a Administração vai considerar que a declaração de compensação
como uma confissão de dívida.
96
O sujeito passivo também pode apresentar uma manifestação de inconformidade
pela não homologação da declaração de compensação. Nesse caso, dá-se início a um
processo administrativo que tem o condão de suspender a exigência do crédito
tributário.
ANALOGIA INSTITUIÇÃO
NÃO
EQUIDADE DISPENSA
97
Administração pode lançar é porque a suspensão da exigibilidade não influencia o
prazo de decadência.
Quais são esses atos de cobrança?
São atos relativos à inscrição da dívida ativa, emissão de CDA e ajuizamento da
execução fiscal.
A inscrição e a emissão de CDA são atos preparatórios para o ajuizamento da
execução fiscal.
Para que haja execução fiscal, é necessário haver crédito líquido, certo e exigível.
Obs.: Com o CT suspenso, o contribuinte poderá obter uma Certidão positiva com
efeito negativo, que terá os mesmos efeitos da Certidão Negativa. Ademais, o prazo
para assinatura do documento é de 10 dias corridos da data da entrada do
requerimento na repartição. (arts. 205, § único c/c 206 do CTN).
A Certidão Positiva com Efeitos Negativos é cabível em três situações:
CT não vencido;
CT em execução fiscal que tenha sido efetivada a penhora;
CT suspenso.
Sujeito passivo realizou o fato gerador. Ele sabe que daí nasce a obrigação
tributária. Ele impetra mandado de segurança preventivo e obtém liminar (hipótese de
suspensão da exigibilidade).
Durante todo período da liminar a Administração não estava impedida de efetuar
o lançamento. A suspensão da exigibilidade só impede a cobrança, mas não a
constituição (lançamento), pois esta não afeta a decadência.
Se não há limitação ao exercício do direito da Fazenda Pública (poder-dever), a
Administração continua tendo o dever de lançar, continua tendo a possibilidade de
lançar. Assim, a liminar não afeta o prazo de decadência.
Apesar da sentença ser denegatória, ou seja, o tributo é divido, o sujeito passivo
não tem o dever de pagar, porque o crédito não foi constituído.
A Administração ganha, mas não leva.
98
Isso aconteceu bastante... e a Administração perdia o prazo. Com a liminar, há
uma notificação à autoridade coatora. Atualmente, faz-se processo interno (dentro da
Administração) a fim de acompanhar a liminar, e não perder o prazo de decadência.
Assim, a Administração lança, mas não pratica atos de execução.
Vide EDREsp 572603.
99
Guia de Informação e Apuração do ICMS - GIA, ou de outra declaração dessa natureza,
prevista em lei, é modo de formalizar a existência (= constituir) do crédito tributário,
dispensada, para esse efeito, qualquer outra providência por parte do Fisco.
Precedentes da 1ª Seção: AgRg nos ERESP 638.069/SC, DJ de 13.06.2005; AgRg nos
ERESP 509.950/PR, DJ de 13.06.2005.
4. A falta de recolhimento, no devido prazo, do valor correspondente ao crédito
tributário assim regularmente constituído acarreta, entre outras conseqüências, as de
(a) autorizar a sua inscrição em dívida ativa; (b) fixar o termo a quo do prazo de
prescrição para a sua cobrança; (c) inibir a expedição de certidão negativa do débito;
(d) afastar a possibilidade de denúncia espontânea.
5. No caso dos autos, a entrega da Declaração de Importação, na qual apontou o
contribuinte a matéria tributável e o montante do tributo devido, ocorreu em
07/1992. Reputa-se, desde essa data, constituído o crédito tributário, dispensada
qualquer ulterior providência do Fisco, e iniciado o lapso prescricional de cinco anos de
que dispõe a Fazenda para sua cobrança.
6. Também em 07/1992, contudo, o recorrente impetrou mandado de segurança
impugnando a exigência do IPI sobre a operação de importação, tendo obtido,
mediante o depósito em garantia do bem, liminar para suspender a exigibilidade do
tributo. Suspensa a exigibilidade da exação, não há falar em curso do prazo de
prescrição, uma vez que o efeito desse provimento é justamente o de inibir a adoção
de qualquer medida de cobrança por parte da Fazenda. Somente com o trânsito em
julgado da sentença que denegou a ordem, em meados de 1997, é que houve a
retomada do curso do lapso prescricional.
7. Recurso especial parcialmente conhecido e improvido.
100
A prescrição começa a contar a partir da constituição definitiva do CT.
A autoridade faz lançamento tributário. Daí, o sujeito passivo tem 30 dias para:
1 – Pagar → extinção do crédito.
2 – Impugnar administrativamente → suspensão da exigibilidade e início de
processo administrativo, quem tem por objetivo discutir o crédito.
3 – Não fazer nada (ignorar).
101
TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. VIOLAÇÃO AO ART. 20 DA LEI Nº 10.522/02.
SUSPENSÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL. OFENSA AO ART. 174 DO CTN. INTERRUPÇÃO
DA PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA.
1. Nos casos de suspensão da exigibilidade do crédito tributário (art. 151 do
CTN), o prazo prescricional fica suspenso enquanto perdurar a causa que a
determinar. No caso em testilha, entretanto, não se configurou nenhuma das
hipóteses arroladas neste dispositivo, o que afasta, por conseguinte, a suspensão do
prazo em comento.
2. Apenas lei complementar pode dispor sobre prescrição tributária, o que
extirpa a pretensão da recorrente, eis que baseada em lei ordinária (10.522/02).
3. O § 1º do art. 20 dessa legislação restringe sua aplicação à hipótese de existir
ação de execução fiscal já ajuizada, hipótese inexistente no caso dos autos.
4. A interrupção da prescrição nos moldes do inc. IV do parágrafo único do art.
174 do CTN, somente se aperfeiçoa com a confissão do débito, situação totalmente
divorciada da presente demanda, na medida em que o ingresso do recorrido em juízo
deu-se por discordar da existência de crédito da Fazenda.
5. Recurso especial improvido.
(REsp 545868/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em
14.06.2005, DJ 15.08.2005 p. 241)
Fundamento legal para que o sujeito deva constituir o crédito, mesmo na
vigência de liminar: artigo 151, parágrafo único, CTN.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das
obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso,
ou dela conseqüentes.
102
2) Liminar (ou outra forma de suspensão da exigibilidade) DEPOIS DO
LANÇAMENTO E DEPOIS DA CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA → suspensão do prazo de
prescrição.
MOratória
DEpósito do montante integral
REclamações e recursos administrativos
COncessão de liminar em MS
COncessão da TA em outras ações
PArcelamento
A.1) MORATÓRIA:
103
moratória para os seus tributos e para todas as obrigações de direito privado
(condições utópicas).
Admite-se isenção heterônoma? NÃO, há um comando constitucional que veda
a União a isenção heterônoma. Entretanto, o próprio legislador constituinte previu
uma possibilidade indubitável de heteronomia nas isenções. Ex.: Isenção de ISS nas
exportações de serviços para o exterior por meio de LC federal (LC 116/03).
A moratória não gera direito adquirido, o favor legal pode ser revisto. O CTN
chama de revogação, o que é uma impropriedade, pois não se revoga ato que
depende de lei, o cerro seria anulada ou cassada.
“Revogada” a moratória, o que paga? Tributo + juros. Multa, só no caso do
beneficiário ter se valido de expediente doloso ou simulado.
Sem dolo → sem multa: deve haver o respeito do prazo prescricional.
Com dolo → com multa: o prazo entre a concessão do favor e sua revogação não
se computa para fins de prescrição.
A.2) PARCELAMENTO:
A LC 104/01 trouxe disciplina específica para o parcelamento (artigo 155-A).
104
Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição
estabelecidas em lei específica (Apesar de não constar no rol do 150,§ 6 da
CF).
§ 1o Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito
tributário não exclui a incidência de juros e multas.
§ 2o Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta
Lei, relativas à moratória.
§ 3º Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos
créditos tributários do devedor em recuperação judicial. (Parcelamento
especial)
§ 4º A inexistência da lei específica a que se refere o § 3º deste artigo
importa na aplicação das leis gerais de parcelamento do ente da
Federação ao devedor em recuperação judicial, não podendo, neste caso,
ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal
específica.
105
exigibilidade do CT. O STJ veda a concessão de liminar vinculada ao depósito. O juiz
que não estiver seguro do fumus boni iuris e do periculum in mora não deve conceder
a liminar. Ora, se o contribuinte efetua o depósito este é quem vai suspender a
exigibilidade do crédito e não a liminar.
Sendo faculdade do contribuinte pode ele levantar o depósito unilaterlamente?
R: Não. O depósito é uma faculdade do contribuinte, mas uma vez que
realizado ele torna-se garantia. A jurisprudência diz que o depósito realmente é
facultativo. Agora, uma vez realizado, o depósito se transforma em garantia da
Fazenda (espécie de caução). Assim, o contribuinte só poderá levantar se a Fazenda
concordar (o que dificilmente ocorrerá).
106
D – CONCESSÃO DE LIMINAR EM MS OU DE TUTELA ANTECIPADA, EM OUTRAS
ESPÉCIES DE AÇÃO JUDICIAL:
Art. 63 (...)
§ 2º A interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar
interrompe a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida
judicial, até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que
considerar devido o tributo ou contribuição.
107
penalidade. Cuidado! Se já houver constituição do crédito tributário o instituto passa a
ser REMISSÃO (extinção do CT).
108
FG → OT → CT
dever direito Relação Jurídica Tributária
↓ ↓
OBJETO
(tributo)
II - a compensação;
É o encontro de contas entre sujeito passivo e sujeito ativo. A compensação
representa a sobreposição dessas duas relações jurídicas. Haverá uma anulação desses
direitos e deveres respectivos.
No direito tributário, a compensação não é auto-aplicável; exige-se que ela esteja
prevista em lei (artigo 170 do CTN). Essa lei no âmbito federal é 9430/96 (art. 74).
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja
estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a
compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos
ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública.
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei
determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não
podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de
109
1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da
compensação e a do vencimento.
A compensação ocorre quando o sujeito passivo percebe que fez recolhimento a
maior de determinado tributo e não quer requerer o ressarcimento do excedente,
para não ter que se submeter ao regime de precatórios. Nesse caso, o sujeito passivo
pode optar pela compensação de outros tributos, desde que atendidos os seguintes
requisitos previstos na lei especial.
Exemplo:
O sujeito passivo tem o dever de pagar IR. O sujeito ativo tem o direito de
receber esse IR. O sujeito passivo percebe que fez recolhimento indevido de Cofins. Ele
fez recolhimento em valor superior ao que a lei determinava. O sujeito passivo,
portanto, possui crédito perante a administração. Assim, há duas relações jurídicas
tributárias:
1 – o sujeito ativo tem o direito de exigir o IR. O sujeito passivo tem o dever de
pagar.
2 – a União tem o dever de devolver a Cofins. A empresa Girassol tem o direito
de ter essa Cofins de volta.
Caso o contribuinte entenda que os requisitos da lei são abusivos ele poderá
apelar para o Poder Judiciário. Qual é a via adequada para o contribuinte garantir seu
direito de compensação?
R: É certo que a ação mais adequada seria uma ação declaratória objetivando a
declaração de existência de um crédito. Acontece que a ação declaratória é uma ação
ordinária muito demorada. Por conta disso, os contribuintes começaram a ajuizar MS.
A Fazenda contestava, afirmando que a via eleita pelo contribuinte não era a
adequada, tendo em vista a ausência de ato coator e de direito líquido e certo. Essa
discussão chegou ao STJ que afirmou que:
a) O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do
direito à compensação tributária (súmula 213);
b) A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação
cautelar ou por medida liminar cautelar ou antecipatória (súmula 212).
Exemplo:
O contribuinte contesta determinada exação por via judicial, afirmando, por
exemplo, que o tributo é inconstitucional. O juiz, liminarmente, reconhece a
inconstitucionalidade da exação + o direito de não pagar. Afirma o art. 170-A, CTN que
o contribuinte só pode compensar os créditos já pagos e indevidos da exação depois
do trânsito em julgado da ação que questiona a constitucionalidade da COFINS.
III - a transação;
110
IV - remissão;
A remissão alcança tributo e penalidade. Não se confunde com a isenção e
anistia. Tanto a isenção e anistia quanto a remissão representam a dispensa de
pagamento, mas por razões diversas e em momentos diversos.
V - a prescrição e a decadência;
111
Art. 164. A importância do crédito tributário pode ser consignada
judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos:
I – de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de
outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória;
II – de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências
administrativas sem fundamento legal;
III – de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de
tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador.
§ 1º A consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se
propõe pagar.
§ 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado
e a importância consignada é convertida em renda; julgada improcedente
a consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros
de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis.
Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do
crédito sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado
o disposto nos artigos 144 e 149.
PRESCRIÇÃO
112
O dies a quo do prazo de prescrição é a constituição definitiva do crédito
tributário.
A constituição do crédito tributário representa a imutabilidade do crédito
tributário na esfera administrativa.
Temos duas possibilidades de constituição do crédito tributário: i) constituição
pelo lançamento (Administração); ii) constituições por meio das declarações (sujeito
passivo). Para cada um desses casos há um determinado início do prazo de prescrição.
Constituição do crédito pela Administração X prescrição:
Constituído o crédito tributário pelo o lançamento o sujeito passivo, no prazo de
30 dias pode:
a) pagar, caso em que ocorrerá a extinção do crédito tributário;
b) não fazer nada, caso em que no 31º dia ocorre a imutabilidade do crédito
tributário na esfera administrativa → termo inicial da prescrição ;
c) impugnar, caso em que dá-se início a um processo administrativo tributário.
Da decisão cabe recurso voluntário para o Conselho de Contribuintes.
Supondo que a decisão do CC, reconhecendo a validade do lançamento, seja
a decisão final, o crédito tributário estará constituído definitivamente →
termo inicial da prescrição.
Obs.: Nos créditos constituídos pela Administração, o prazo de prescrição não
se inicia com o lançamento, mas sim no 31º dia (quando o sujeito passivo quedar-se
inerte) ou da decisão final no processo administrativo (quando o sujeito passivo
impugna o lançamento).
Constituição do crédito pelo sujeito passivo X prescrição:
Constituído o crédito tributário pela declaração, haverá a dispensa do
lançamento pela Administração. Sabe-se que o prazo de prescrição tem início com a
constituição definitiva. Mas, e que momento o crédito constituído pelo sujeito passivo
estará constituído?
R: Diz o STJ que o prazo prescricional começa a contar a partir do vencimento do
tributo. Nesse sentido é o RESP 850.423.
Obs.: Nos créditos constituídos pelo sujeito passivo, o prazo de prescrição não
tem início com as declarações, mas sim da data do vencimento para o pagamento da
obrigação tributária declarada.
113
A definição de dívida ativa para fins tributários está disciplinado no art. 201 do
CTN:
114
de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a
decisão de primeira instância, mediante substituição da certidão nula,
devolvido ao sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa,
que somente poderá versar sobre a parte modificada.
Esquematização:
DÍVIDA ATIVA
↓
Cadastro de devedores
↓
Termo de inscrição:
↓
1. Elementos MATERIAIS referente à DÍVIDA: sujeito passivo (responsável) + domicílio
+ quantia devida + juros? + origem do débito (lei) + natureza do débito (lei).
2. Elementos FORMAIS referente à INSCRIÇÃO: indicação da data de inscrição +
número do processo administrativo que gera a dívida +indicação do livro e da folha.
115
A presunção será afastada se o sujeito passivo tiver reservado bens para o
pagamento do débito para com a Fazenda Pública.
Com a LC 118/05, a presunção de fraude foi adiantada, saindo da fase de
execução e passando para a fase de inscrição. Ela antecipou o momento da presunção
de fraude (basta a simples inscrição na dívida ativa).
c) Suspensão do prazo de prescrição por 180 dias ou até a execução fiscal, mas
apenas se essa distribuição acontecer antes do término de 180 dias;
Esse efeito não está previsto no CTN (como os dois anteriores), mas na Lei
6.830/80 (Lei de Execução Fiscal), no artigo 2º, §3º.
Passado o prazo, a prescrição é retomada de onde parou.
116
3. "Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o
processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição
qüinqüenal intercorrente" (Súmula 314/STJ).
4. "Não se opera a prescrição intercorrente quando a credora não deu
causa à paralisação do feito" (REsp 34.752/RS, Relator Min. Humberto
Gomes de Barros, DJ 3.11.1998). Entretanto, se o aresto recorrido firmou a
premissa de que a Fazenda Pública dera causa à paralisação do processo
executivo, ou nada disse a respeito, conclusão diversa levaria ao reexame
do conjunto de fatos e provas contido nos autos, o que é vedado em
recurso especial em decorrência da Súmula 7/STJ.
5. É cabível a condenação em honorários advocatícios no acolhimento da
exceção de pré-executividade. Precedentes.
6. Não sendo desarrazoados os honorários, a aferição dos parâmetros
elencados nas alíneas do § 3º do art. 20 do CPC importa, necessariamente,
o revolvimento dos aspectos fáticos do caso, o que é defeso no âmbito do
apelo nobre. Ante o teor da Súmula 7/STJ, "a pretensão de simples reexame
de prova não enseja recurso especial".
7. Recurso especial conhecido em parte e improvido.
(REsp 785921/MG, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA,
julgado em 13.02.2007, DJ 27.02.2007 p. 246)
117
I – pela citação pessoal feito ao devedor
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal (LC
118/05)
II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em
reconhecimento do débito pelo devedor.
1)”TUDO ANTES”:
2)”TUDO DEPOIS ”:
*A LC 118 SE APLICA.
118
Da garantia corre o prazo de 30 dias para oferecimentos de embargos. Os
embargos serão distribuídos por dependência à execução fiscal. O início do prazo para
garantia depende da garantia oferecida. Senão vejamos:
a) Penhora: a partir da intimação da penhora e não da juntada aos autos da
intimação
b) Depósito: a partir da data de realização do depósito;
c) Carta de fiança: a partir da juntada da carta de fiança aos autos.
Sendo os embargos julgados procedentes, ou seja, o sujeito passivo ganhou, o
tributo não é devido. Nesse caso haverá a extinção da execução fiscal e o
levantamento da garantia.
Por outro lado, sendo os embargos julgados improcedentes, o sujeito passivo
perdeu, o tributo é devido. Nesse caso haverá a retomada a execução fiscal e a
arrematação da garantia.
Esse é o procedimento normal da execução fiscal, mas pode acontecer algumas
variáveis:
1º) O devedor não foi citado, porque não foi localizado;
2º) O devedor foi citado (postal), mas não possui bens passíveis de penhora.
Quais as soluções para esses casos?
No primeiro caso, a solução é dada pelo art. 40 da LEF. No segundo caso, a
solução é dada pelo art. 185-A do CTN.
Vejamos cada uma das duas hipóteses:
A - Não citou, logo, não há localização de bens: a solução está no artigo 40 da Lei
6.830/80.
Execução fiscal. Despacho. Não citação (o devedor não foi localizado). O juiz dá
prazo de 1 ano para ver se o devedor aparece. É suspensa a execução fiscal por um
ano. Após o período, o oficial de justiça faz novas tentativas de localizar o devedor. Se
todas as tentativas forem sem êxito o juiz ordenará o arquivamento.
O simples ajuizamento da execução fiscal não é suficiente para interromper o
prazo de prescrição. Na redação atual do CTN, a interrupção de dá com o despacho. A
interrupção significa que o prazo zero e se inicia. Depois que começa a correr a
119
execução, a Fazenda Pública tem o prazo de 5 anos para promover com sucesso a
execução fiscal. Passados cinco anos desse despacho que determinou o arquivamento,
o juiz, de ofício, declarará a prescrição intercorrente. A prescrição intercorrente só será
decretada após ser ouvida a Fazenda Pública.
A redação do artigo 40 da LEF conflita com a do artigo 185-A do CTN.
Antes do parágrafo quarto, a execução fiscal poderia ficar arquivada a vida
inteira. A jurisprudência do STJ começa a formar o entendimento de que a dívida
tributária não pode ser imprescritível. O STJ dizia que a partir do arquivamento a FP
tinha o prazo de 5 anos para encontrar o devedor, sob pena de prescrição. (Ag Rg
Agravo 1093264): é como se o arquivamento fosse outro marco interruptivo da
prescrição. Esse entendimento foi consolidado na Súmula 314:
Por conta dessa jurisprudência, em 2004 foi alterada a LEF. Esse parágrafo não
fere o CTN, porque essa prescrição é muito mais processual que material.
Obs.: O artigo 40 também tem previsão de se encontrar o devedor e não
encontrar bens. Acontece que essa segunda hipótese foi superada pelo artigo 185-A do
CTN (é norma posterior). Mas o art. 40 da LEF em relação a segunda hipótese não foi
de todo esvaziado, porque ele será aplicado na hipótese em que não foi localizado
bens do devedor porque realmente ele não tem.
Assim:
Citação → não localização de bens, mas o devedor tem bens → art. 185-A do
CTN;
Citação → não localização de bens, porque o devedor não tem bens → art. 40 da
LEF.
B - Citou, mas não se localizou bens: a solução está no artigo 185-A do CTN.
Com a citação do devedor, há a determinação para que pague ou apresente
bens. O devedor tem o prazo de 5 dias para tanto. Ele não pagou e não foi oferecidos
bens a penhora. Há o descumprimento do despacho.
O juiz mandará o oficial de justiça para que se verifique se há ou não bens
passíveis de penhora. Se tiver, fará penhora forçada.
Se o oficial não localizar bens, o juiz decretará a indisponibilidade dos bens e
direitos do devedor. É para o caso de o devedor ser localizado, mas não haver bens.
120
§ 1o A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo limitar-se-á ao
valor total exigível, devendo o juiz determinar o imediato levantamento da
indisponibilidade dos bens ou valores que excederem esse limite.
§ 2o Os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação de que trata o
caput deste artigo enviarão imediatamente ao juízo a relação discriminada
dos bens e direitos cuja indisponibilidade houverem promovido.
Jurisprudência do STJ: Depois da alteração do art. 655,I CPC pela lei 11.382/06, que
possibilita a penhora de valores depositada, não se faz mais necessário que o oficial de
justiça vá atrás de outros bens. Assim, para que a penhora on line seja possível, não é
mais necessário o esgotamento das tentativas de localização de bens, basta
simplesmente a citação e o não pagamento ou a não garantia no prazo de 5 dias.
Essa postura é confrontante com CTN, mas é o que tem prevalecido.
Vide RESP 910.497/SP (fev/2009).
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE
121
1. É possível que em exceção de pré executividade seja alegada a ocorrência da
prescrição, desde que não haja necessidade de dilação probatória (Embargos de
Divergência no RESP 388.000).
2. NÃO É possível que em exceção de pré executividade seja alegada a ausência de
responsabilidade. Se o sócio constar da CDA como responsável tributário então o
sócio não pode apresentar exceção de pré executividade, porque a CDA tem
presunção de liquidez e certeza. E essa presunção tem que ser afastada pela
produção de prova. Nesse caso o sócio tem que oferecer garantia e embargar (RESP
1.110.925/SP).
Se o sócio figura na CDA como responsável tributário:
a) haverá a inversão do ônus da prova;
b) haverá a impossibilidade de oferecimento de exceção de pré executividade.
122
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
VII – o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do
disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;
Essa homologação pode demorar 5 anos para ser realizada. Somente depois
desse prazo é que começa o prazo de prescrição para os contribuintes requerer a
devolução do pagamento indevido. Se a homologação for tácita, a prescrição para o
contribuinte pode se dar em até 10 anos. Se a homologação for expressa e, portanto,
feita antes do prazo máximo de 5 anos, inicia-se o prazo da prescrição.
Essa é a tese dos 5 +5. Obviamente a Fazenda nunca simpatizou com essa tese. A
LC 118 tenta alterar o entendimento do STJ. A pretensão do art. 3º da LC 118 foi dizer
a maneira correta de interpretar o art. 168, I.
Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 dias após sua publicação, observado,
quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, inciso I, do CTN..
c/c
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I – em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a
aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;
Essa discussão foi parar na Corte Especial do STJ, que decidiu pela
inconstitucionalidade do artigo 4º da LC 118/05, na parte que diz que o artigo 3º
poderia ser aplicado retroativamente. Resp. 775.695
123
a) Fatos geradores ocorridos após a vigência (depois de 120 de publicada, ou
seja, 9/6/05) da LC 118/05, o prazo é de cinco anos contados do pagamento
antecipado indevido.
Em suma:
FG após a LC – 5 anos depois do pagamento.
FG antes da LC – 5 + 5, desde que o prazo não ultrapasse 9/6/2010. Se
ultrapassar, deve-se entender que termina em 9/6/2010.
124
O legislador, no entanto, acabou dando nova interpretação à matéria – definida
nos arts. 150, parágrafo 1º, e 168, I, do Código Tributário Nacional – e, por meio do
artigo 3º da LC 118/05, estabeleceu um sentido diferente do que entendia o Judiciário.
O artigo 3º considera que o prazo de prescrição se inicia na data do pagamento
antecipado do tributo, seja no caso de homologação expressa ou tácita, o que suplanta
a teoria dos cinco + cinco.
Exemplos:
FG ocorrido em junho de 1998
STJ: tese 5+5 = junho de 2008: este prazo está ok, pois está dentro limite.
A tese dos 5+5 vai ser aplicada até o limite do 09.06.2010 (5 anos da vigência da LC
118).
125
Pode haver restituição de tributos indiretos (ICMS e IPI). Prazo de 5 anos.
Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens,
que sejam previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a
totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do
sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por
ônus real ou cláusula de inalienabilidade
ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da
cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare
absolutamente impenhoráveis.
A dívida tributária não é real, mas sim pessoal. Só não atinge os bens
impenhoráveis. De regra, todos os bens do sujeito passivo respondem pelo
pagamento do crédito fiscal, mesmo os com garantia real e os gravados; somente os
bens apontados em lei como absolutamente impenhoráveis escapam dessa garantia
art. 649 do CPC) O inciso I do art. 649 do CPC não se aplica ao direito tributário.
126
Presunção de fraude contra o sujeito passivo, nos casos em que há alienação de
bens com crédito já inscrito na dívida ativa (artigo 185 do CTN). Antes da LC 118 exigia-
se para a comprovação da fraude: inscrição do débito na DA + execução fiscal ajuizada.
Hoje só precisa da inscrição na dívida ativa. Então o novo art. 185 só se aplica às
alienações realizadas a partir do dia 09.06.05.
Essa presunção é relativa, pois pode ser afastada caso o sujeito passivo comprove
a reserva de bens que arquem com o débito tributário.
STJ: o sujeito passivo deve ser notificado que o débito está inscrito em dívida
ativa.
PRIVILÉGIOS:
Surge quando há execução coletiva de dívidas (inventário, arrolamento, falência
etc)
Vide artigo 186 do CTN.
Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua
natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos
decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho.
Parágrafo único. Na falência:
I – o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às
importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, nem aos
créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado;
II – a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos
créditos decorrentes da legislação do trabalho; e
III – a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados.
127
Deve-se entender por “crédito tributário” o tributo, não abrangendo as multas. A
multa tributária fica equiparada as outras penalidades devidas pelo devedor falido. As
multas tributárias (penúltimo pagamento) somente preferem os créditos subordinados
(último pagamento).
A lei falimentar limita os débitos trabalhistas à 150 salários mínimos, sob pena de
inviabilizar o pagamentos dos outros credores.
O art. 187, caput dispõe que “a cobrança judicial do crédito tributário não é
sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial,
concordata, inventário ou arrolamento”. Isso significa que a execução fiscal não se
suspende com a falência e, o valor arrecadado será remetido para o juízo da falência
para pagar os credores de acordo com a ordem preferencial de credores.
Continua o art. 187, único, CTN afirmando que havendo concurso de credores, a
União fica em primeiro lugar para cobrar o respectivo crédito, vindo depois os
Estados e os Municípios.
128
II – Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pro rata;
III – Municípios, conjuntamente e pro rata (proporcional)
Está certo a União ser pagas em primeiro lugar porque defende interesses mais
gerais.
Vem a lei de execução fiscal e acrescenta as autarquias aos entes.
IMPOSTOS EM ESPÉCIE
ICMS e IPI
A indústria “A” vende produto para a indústria “B”, que vende para a indústria “C”.
129
2ª regra: para minimizar a incidência plurifásica, pressupõe a tomada/escrituração de
créditos e débitos.
1 – Toda entrada equivale a um crédito.
2 – Toda saída equivale a um débito.
4ª regra: o valor dos impostos serão calculados uma vez por mês através de uma
subtração (débitos – créditos).
Exemplo de ICMS:
A empresa “A” vende produto para a empresa “B”, que o vende para a empresa “C”,
que vem a vendê-lo ao consumidor final.
A-------B--------C-------consumidor final.
Em cada um desses momentos de circulação da mercadoria haverá a incidência do
ICMS.
“A” vendeu para “B”: se saiu da empresa “A”, esta terá um débito.
A mercadoria entrou na empresa “B”: esta terá um crédito.
A empresa “B” vendeu para “C”: “B” terá um débito. “C” terá um crédito.
O consumidor não terá crédito (irá arcar com o valor do ICMS) →contribuinte de
fato.
O ICMS será embutido no preço da mercadoria para que seja repassado ao próximo da
cadeia.
A------------R$100,00---------B------R$200,00---------C-------R$300,00-----consumidor final.
ICMS: 18, 00 ICMS: 36,00 ICMS: 54
Preço: 118,00 Preço: 236,00 Preço: 354,00
Débito: 18,00 Débito: 36,00 Débito: 54,00
Crédito: 0 Crédito: 18,00 Crédito: 36,00
ICMS: 18,00 ICMS: 18,00 ICMS: 18,00
130
A: 18 – 0= recolherá R$ 18,00.
B: 36 – 18= recolherá R$ 18,00.
C: 54 – 36= recolherá R$ 18,00.
Conclui-se que o ICMS é imposto não cumulativo (calculado segundo um sistema de
compensação entre créditos e débitos), é imposto que gera repercussão financeira (é
repassado ao próximo da cadeia) e é imposto que incide sobre um valor agregado à
mercadoria (valor adicionado à mercadoria).
O imposto só incide sobre o valor agregado.
Exemplo IPI:
O crédito equivale ao valor de IPI devido na operação anterior. O débito equivale ao
valor de IPI devido na operação subseqüente.
Assim como no ICMS, esses créditos e esses débitos serão escriturados em livros
próprios. O IPI devido será o resultado dos débitos menos os créditos. O IPI será
cobrado mensalmente.
“A”-----o produto industrializado sai do estabelecimento de A, tendo esta um débito
—“B” terá um crédito----“B”----“B” terá um débito e “C” terá um crédito-------“C”.
Débito: IPI devido na operação subseqüente.
Supondo que o valor seja de R$1.000,00, com alíquota de 4%.
O débito será de 4% de R$1.000,00. O débito será de R$40,00.
E se uma empresa não tiver débito? Se o valor do débito for inferior ao do crédito, a
empresa não pagará IPI. Terá direito de usá-lo futuramente.
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
§ 2.º O imposto previsto no inciso II (ICMS) atenderá ao seguinte:
I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada
operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com
o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo
Distrito Federal;
II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da
legislação:
a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas
operações ou prestações seguintes;
b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores;
Isenção ou não-incidência:
I - Não implicará crédito.
A empresa “A” vende mercadoria para “B”. Essa venda é isenta de ICMS. Havendo
isenção ou não incidência, não haverá ICMS devido na operação. Já que não há ICMS,
“A” não terá débito. Não haverá repasse de ICMS. Portanto, a empresa “B” não terá
crédito na entrada da mercadoria.
A ------- isenção --------- B --------- ICMS ------- C
131
Débito: 0 Crédito: 0
“B” não tem que crédito porque “A” não teve incidência do ICMS
Débito = ICMS devido na operação atual
Crédito = ICMS devido na operação anterior
Conclusão: Para que haja direito a crédito no ICMS deve ter imposto devido antes e
depois.
Essa regra só tem uma exceção constitucional: as operações de exportação.
Art. 155,§2º,
X - não incidirá:
a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre
serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e
o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e
prestações anteriores;
132
2) direito ao crédito depende da incidência do ICMS em ambas as operações (antes e
depois)
133
A – Quando se tem uma entrada não tributada, de uma forma geral, e saída tributada.
Há direito a crédito?
A --------------isenção----------- B.
Débito: 0 Crédito: ?
Evolução da jurisprudência do STF:
Em 1997, o STF decidiu que haveria sim o direito a crédito, a ser calculado de forma
proporcional. Em 2002, a jurisprudência do STF se consolida no sentido de que há sim
direito a crédito, porque o IPI é diferente do ICMS. Ocorre que a composição do STF
muda. Por conta dessa mudança, o tema voltou para Plenário. Em 2005 há a
reabertura da discussão e em 2007 uma nova decisão. A nova composição do Pleno
entende que NÃO HÁ DIREITO A CRÉDITO anteriormente reconhecido. O STF afirmou
que o texto constitucional pressupõe o tributo devido para que haja direito a crédito (a
Constituição fala em tributo cobrado na operação anterior).
Logo, o direito a crédito possui sim limitações.
Claro que os contribuintes não gostaram do novo entendimento do STF e requereram
a modulação dos efeitos da decisão, para dar-lhe efeitos prospectivos, mas o STF disse
que não seria caso de modulação dos efeitos da decisão porque não se trata da
declaração de inconstitucionalidade, mas sim uma reinterpretação do princípio da
não cumulatividade (vide notícia do dia 25/6/07). As empresas terão que repor os
créditos do IPI dos últimos 5 anos.
Essa decisão do STF abrange apenas casos de alíquota zero e de operações não
tributadas.
ALÍQUOTA ZERO: A alíquota zero é caso de isenção, segundo o próprio Pleno do STF
(RE 350446). Segundo a professora, como a decisão do STF abrangeu hipóteses de
alíquota zero e de operações não tributadas, é extensível à isenção, já que alíquota
zero é uma forma de isenção. Assim, esse entendimento do STF abarcou todas as
situações.
RE 350446: Ementa
CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IPI. CREDITAMENTO. INSUMOS ISENTOS,
SUJEITOS À ALÍQUOTA ZERO. Se o contribuinte do IPI pode creditar o valor
dos insumos adquiridos sob o regime de isenção, inexiste razão para
deixar de reconhecer-lhe o mesmo direito na aquisição de insumos
favorecidos pela alíquota zero, pois nada extrema, na prática, as referidas
figuras desonerativas, notadamente quando se trata de aplicar o princípio
da não-cumulatividade. A isenção e a alíquota zero em um dos elos da
cadeia produtiva desapareceriam quando da operação subseqüente, se
não admitido o crédito. Recurso não conhecido.
OPERAÇÃO NÃO TRIBUTADA: seria operação fora do campo de tributação, porque não
há competência constitucional para tributar. Exemplo: produto “in natura” não pode
sofrer incidência de IPI.
B – Quando se tem uma entrada tributada, e uma saída não tributada (de forma geral).
O crédito deve ser mantido?
134
STF (Maio de 2009): O simples texto constitucional não contempla o direito a crédito. A
lei cria/introduz o direito a crédito. Antes da lei não havia essa possibilidade.
Vide artigo 11 da lei 9.779/99. Esse dispositivo GARANTE A MANUTENÇÃO DO
CRÉDITO.
2. RECOLHIMENTO DO ICMS:
A regra é de que o ICMS seja devido no local de origem do bem ou da prestação de
serviço.
A essa regra, há duas exceções:
A - ICMS combustíveis.
B – ICMS na importação de mercadorias.
135
4. ICMS na IMPORTAÇÃO de MERCADORIAS:
b) Antes da EC 33/01, não incide ICMS sobre a importação de mercadorias feita por
pessoas físicas ou pessoa jurídica não contribuinte do ICMS (ex.: sociedade de médico
que importa um aparelho de ressonância, porque não havia fato gerador do ICMS, ou
seja, não havia finalidade de comércio, era bem e não mercadoria. (S. 660 do STF).
c) Todavia, a EC 33/01 ampliou a incidência do ICMS nas importações - art. 155, IX, a
para abarcar todas as operações de importação de mercadorias ou bens.
art. 155
§2º
IX – (O ICMS) incidirá também:
a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por
pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do
imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim como sobre o serviço
prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o
domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou
serviço;
136
Importação de aeronaves e/ou peças ou equipamentos que as componham em regime
de leasing sem a posterior transferência ao domínio do arrendatário. 2. A circulação de
mercadoria é pressuposto de incidência do ICMS. O imposto --- diz o artigo 155, II da
Constituição do Brasil --- é sobre "operações relativas à circulação de mercadorias e
sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior". Agravo
regimental a que se nega provimento.
REsp 783.814:
TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ICMS. IMPORTAÇÃO DE AERONAVE
MEDIANTE CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING).
NOVEL JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
INTERPRETAÇÃO DO ARTIGO 155, INCISO IX, § 2º, ALÍNEA "A", DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. ARTIGO 3º, VIII, DA LEI COMPLEMENTAR
87/96. INAPLICABILIDADE. ALTERAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO STJ.
1. O ICMS incide sobre a entrada de mercadoria importada,
independentemente da natureza do contrato internacional do qual decorra
a importação, aplicando-se o disposto no artigo 3º, inciso VIII, da Lei
Complementar 87/96, exclusivamente às operações internas de
arrendamento mercantil.
2. É que o Eg. STF, na sessão plenária ocorrida em 1º.09.2005, no
julgamento do Recurso Extraordinário nº 206.069-1/SP, da relatoria da e.
Ministra Ellen Gracie, assentou a tese majoritária acima, em aresto de
seguinte teor: "RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. ICMS.
ARRENDAMENTO MERCANTIL - "LEASING". 1. De acordo com a Constituição
de 1988, incide ICMS sobre a entrada de mercadoria importada do exterior.
Desnecessária, portanto, a verificação da natureza jurídica do negócio
internacional do qual decorre a importação, o qual não se encontra ao
alcance do Fisco nacional. 2. O disposto no art. 3º, inciso VIII, da Lei
complementar nº 87/96 aplica-se exclusivamente às operações internas de
leasing. 3. Recurso Extraordinário conhecido e provido." (RE 206069/SP,
Relatora Ministra Ellen Gracie, Tribunal Pleno, julgado em 01.09.2005,
publicado no DJ de 01.09.2006).
3. Consectariamente, impõe-se a submissão da orientação desta Corte ao
julgado do Pretório Excelso, como técnica de uniformização jurisprudencial,
instrumento oriundo do Sistema da Common Law e que tem como desígnio
a consagração da Isonomia Fiscal no caso sub examine, afastando a
jurisprudência desta Corte que, com base no artigo 3º, inciso VIII, da Lei
Complementar 87/96, propugnava a não incidência de ICMS sobre operação
de leasing, quer o bem arrendado proviesse do exterior, quer não.
4. Recurso especial desprovido.
ICMS NA IMPORTAÇÃO
137
ANTES DA EC 33/01 APÓS A EC 33/01
Só havia incidência nas operações de O ICMS incide na importação de
circulação de mercadorias ou prestação quaisquer bens, seja por pessoa física ou
de serviços de transporte; por pessoa jurídica, independentemente
da habitualidade e da finalidade da
importação.
Deveria haver transferência de Desvinculou o ICMS importação dos fatos
titularidade; geradores previstos no artigo 155, II,
CRFB/88.
Deveria haver negócio jurídico; A EC criou uma nova incidência do ICMS –
a importação.
Mercadoria: bem móvel, comercializado
de forma habitual, com intuito de lucro.
Não incidia sobre “leasing” internacional.
Exemplo das aeronaves. Vide súmula 660
do STF.
REVISÃO:
O ICMS na Constituição e na LC 87/96 – aspectos gerais:
138
C- PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE TRANSPORTE INTERMUNICIPAL.
D- PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE COMUNICAÇÃO.
Art. 20, § 5.º Para efeito do disposto no caput deste artigo, relativamente
aos créditos decorrentes de entrada de mercadorias no estabelecimento
destinadas ao ativo permanente, deverá ser observado:
I – a apropriação será feita à razão de um quarenta e oito avos por mês,
devendo a primeira fração ser apropriada no mês em que ocorrer a entrada
no estabelecimento;
139
transporte interestadual e intermunicipal ou de comunicação. EXEMPLO:
CANETA, ENERGIA ELÉTRICA.
Alienação dos bens do ativo: a rigor, não caracteriza uma mercadoria, porque de plano
não há habitualidade. Na maioria das vezes, não há intuito de lucro.
O STF entende que deve incidir ICMS na venda de bens do ativo fixo.
A Fazenda justifica a cobrança com base no inciso I do artigo 12 da LC 87/96.
Art. 4.º Contribuinte é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com
habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações de
circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e
as prestações se iniciem no exterior.
140
Exemplo: indústria em SP envia bens para sua filial em Campinas. Nesse caso não há
transferência jurídica dos bens. Não há incidência do ICMS (não há fato gerador – não
há transferência de titularidade).
Vide súmula 166 do STJ. Vide artigo 12 da LC.
Não incide porque não há transferência Incide porque o fato gerador do ICMS é a
jurídica, mas tão-somente deslocamento saída do bem, independentemente de
do bem. quem seja o destinatário.
* Uma terceira discussão refere-se à operação. Incide ICMS em caso de furto de bem
destinado ao comércio? NÃO. Não há negócio jurídico.
E as vendas canceladas? Da mesma forma, não incide ICMS (ausência de negócio
jurídico).
141
B – Serviços de TV a cabo.
Há serviço passível de tributação pelo ICMS?
No serviço, é exigida uma taxa de adesão e outra pelo uso mensal. Esse tipo de serviço
prestado pela operadora de TV a cabo é um serviço preparatório à “comunicação”. O
serviço de fornecimento dos canais (valor mensal) não é preparatório, mas o próprio
objeto do contrato firmado com a TV a cabo.
O STJ analisou a incidência do ICMS nesses serviços de habilitação, afirmando não
incidir ICMS, por não se tratar de comunicação propriamente (é mero serviço
preparatório). Vide REsp 710744.
142
4. Adotando-se a linha de orientação traçada nesses julgados, e diante do
caráter igualmente acessório ou preparatório à prestação do serviço de
telecomunicação propriamente dito de que se revestem as atividades
emuneradas pela taxa de adesão da televisão a cabo, deve ser reconhecida
a inexigibilidade do ICMS sobre esses valores.
5. Recursos especiais a que se nega provimento.
C – Habilitação de celular.
O STJ diz que NÃO incide ICMS na taxa de habilitação, porque se trata de um serviço
preparatório à comunicação. Vide RMS 11368.
Poderia incidir ISS, mas não há previsão na lista de serviços (por enquanto).
7. ICMS COMBUSTÍVEIS
A imunidade está prevista no artigo 155, parágrafo 2, X, alínea “b” da Constituição.
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
X - não incidirá:
143
b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive
lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia
elétrica;
O parágrafo 4 do mesmo artigo prevê imposto nas operações com
combustíveis...
§ 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte:
CARACTERÍSTICAS:
1 - Incidência monofásica.
2 - As alíquotas serão firmadas por convênio (deliberação entre Estados e DF).
3 – Essas alíquotas, quando modificadas, constituem exceção ao princípio da
anterioridade do exercício seguinte (anterioridade prevista no artigo 150, III, “b”). Não
há qualquer exceção à anterioridade nonagesimal (artigo 150, III, “c”) – deve
aguardar o prazo de 90 dias.
4 – Local de recolhimento do ICMS. Há duas exceções à regra da origem. (i) A
primeira é a da importação. (ii) A segunda é a do ICMS combustíveis.
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
144
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação,
ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;
De qualquer forma, ainda que haja crítica quanto a classificação econômica, o CTN
incorpora essa classificação, ao tratar do tema da restituição do ICMS. O CTN, no artigo
166, afirma que na restituição de tributos indiretos (ICMS e IPI), só haverá direito ao
ressarcimento do tributo recolhido SE (i) o contribuinte de direito provar que não
repassou o imposto ao contribuinte de fato, ou (ii) o contribuinte de direito deve
estar autorizado pelo contribuinte de fato a restituir o tributo (no caso em que
repassou o tributo).
A súmula 71 do STF assegura que, embora pago indevidamente, não cabe restituição
de tributo indireto (ICMS e IPI). TAL SÚMULA JÁ ESTÁ SUPERADA. Vide a súmula 546
do STF.
A prova do artigo 166 só é exigível para os tributos indiretos, ou seja, ICMS e IPI. As
contribuições previdenciárias, para fins de restituição, não precisam respeitar o artigo.
IMUNIDADES DO ICMS:
145
Previstas no artigo 155, parágrafo 2, X.
*Não incide nas operações destinadas à exportação (O CRÉDITO DEVERÁ SER
MANTIDO).
*O ICMS não incide nas operações que destinam a outros Estados petróleo,
derivados de petróleo e energia elétrica.
*O ICMS não incide nas prestações de serviço de comunicação, nas modalidades de
RÁDIODIFUSÃO SONORA DE SONS E IMAGEM de recepção gratuita (TV aberta).
*O ICMS não incide sobre o ouro (comprado no mercado financeiro), quando
definido como ativo financeiro.
Fim de generalidades
Art. 150, § 7.º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária
a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição,
cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e
preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador
presumido.
Exemplo:
Cervejaria vende a cerveja para o Distribuidor. O Distribuidor vende para o varejo,
ambulante, atacado e para o consumidor final. Os Estados, como não têm como
controlar bem a venda da mercadoria, atribuem à cervejaria a responsabilidade
quanto ao pagamento do ICMS devido nessas operações. A cervejaria será
SUBSTITUTA TRIBUTÁRIA (irá substituir o Distribuidor nessas operações).
A cervejaria terá que recolher o ICMS (até aqui normal), tendo também que recolher o
ICMS sob a natureza de substituição tributária (com base em fatos geradores futuros, e
por tabela presumidos).
146
A cervejaria será o substituto.
O Distribuidor será o substituído.
Eventualmente, se a cervejaria deixar de recolher o ICMS de natureza substituição
tributária, ela será autuada (é a responsável, é a substituta tributária).
O STF considera constitucional esse regime de substituição tributária.
Se o fato é futuro, a base de cálculo também será determinada no futuro. Esse valor só
será sabido ao certo quando esses fatos geradores efetivamente ocorrerem.
A base de cálculo será determinada de acordo com o artigo 8 da LC 87/96.
A base de cálculo será o valor da operação, mais fretes, seguros, outros encargos, e,
ainda, uma margem de valor agregado (quanto deverá ser o lucro do Distribuidor). O
valor da operação e o frete representam o custo. O valor agregado representa o lucro.
Em relação a essa base de cálculo presumida, surgem duas discussões:
147
3. Ao final do procedimento previsto no art. 148 do CTN, nada impede que a
administração fazendária conclua pela veracidade dos documentos fiscais do
contribuinte e adote os valores ali consignados como base de cálculo para a incidência
do tributo. Do contrário, caso se entenda pela inidoneidade dos documentos, a
autoridade fiscal irá arbitrar, com base em parâmetros fixados na legislação tributária,
o valor a ser considerado para efeito de tributação.
Muitos Estados praticam o regime de pauta fiscal no ICMS substituição tributária (São
Paulo, v.g.).
Art. 150, § 7.º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição
de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva
ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia
paga, caso não se realize o fato gerador presumido.
Caso o fato gerador não se verificar, o ICMS recolhido antecipadamente será objeto de
restituição. Há direito a restituição caso o fato gerador presumido não ocorra.
Imaginemos a cervejaria que vende cerveja para seu Distribuidor. Terá que recolher
seu ICMS (normal) e o ICMS substituição tributária, nos termos do artigo 8 da LC
87/96.
Estima-se que a base de cálculo seja R$ 150,00. Acontece que quando o fato gerador
efetivamente ocorrer, verifica-se que a base de cálculo efetiva foi de R$ 120,00. A base
148
de cálculo efetiva foi menor que a presumida. Nesse caso, há direito a restituição? Esse
tema está em julgamento do STF.
Os votos favoráveis assentam no argumentam de que, se o estado não devolver o
dinheiro, estará havendo enriquecimento ilícito. Quem defende a não-restituição alega
que a Constituição limita as hipóteses de restituição à não-ocorrência do fato gerador.
Até aqui, vimos a denominada SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PARA FRENTE, TAMBÉM
CONHECIDA COMO PROGRESSIVA.
Um outro regime de substituição tributária é a denominada REGRESSIVA OU PARA
TRÁS.
A regressiva funciona assim:
Um agricultor vende um produto “in natura” para um industrial, que industrializa esse
produto. A rigor, o agricultor deve pagar ICMS. A legislação, entretanto, reconhece que
o agricultor não tem estrutura contábil para recolhê-lo, atribuindo, portanto, ao
industrial a responsabilidade para pagar ICMS. O industrial substitui o agricultor, como
se vê, PARA TRÁS. Cuida-se de recolhimento “POR DIFERIMENTO”. Vide artigo 8, I, da
LC 87/96.
ALÍQUOTAS DO ICMS:
Na maioria das vezes, as alíquotas do ICMS serão determinadas pelo Senado Federal.
Pode haver alíquotas internas, devidas nas operações realizadas dentro do Estado, e
alíquotas interestaduais.
Em relação às alíquotas internas, o Senado Federal tem a FACULDADE de fixar
alíquotas máximas e mínimas. Em relação às alíquotas interestaduais, o Senado
Federal tem o DEVER de fixá-las.
OPERAÇÃO INTERESTADUAL:
Suas alíquotas serão estabelecidas de acordo com o destino do bem.
Se o bem for destinado para as Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste ou para o
Estado do Espírito Santo, a alíquota será de 7%.
Se o bem for destinado ao Sul ou ao Sudeste (com exceção do Espírito Santo), a
alíquota será de 12%.
Esses valores apenas não se aplicam ao ICMS combustíveis (artigo 155, parágrafo 4
da CRFB/88). Nesse caso, as alíquotas serão firmadas por convênio entre os Estados
e o DF. O convênio é o resultado de uma deliberação entre os chefes dos Poderes
Executivos dos Estados/DF (como se fosse um “decreto conjunto”). As isenções no caso
do ICMS só poderão ser concedidas se houverem sido previstas pelo convênio.
149
b) poderão ser específicas, por unidade de medida adotada, ou ad valorem, incidindo
sobre o valor da operação ou sobre o preço que o produto ou seu similar alcançaria em
uma venda em condições de livre concorrência;
c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no art. 150,
III, b.
DIFERENCIAL DE ALÍQUOTAS:
Tem lugar quando há uma venda a consumidor final, situado em outro Estado. Pode
acontecer desse consumidor final ser um contribuinte do ICMS. Apesar de ser
consumidor final, nas operações normais, paga ICMS. Ou ainda, pode acontecer desse
consumidor final ser não contribuinte do ICMS.
A empresa DELL, situada em SP, vende um lote de computadores para o Carrefour
(unidade administrativa) em Rondônia. Nessa operação, o Carrefour é consumidor
final. Apesar de consumidor nessa operação, o Carrefour é contribuinte de ICMS nas
suas operações normais.
DELL, em SP, vende computadores para um escritório de advocacia em Rondônia. O
escritório, nessa operação, é consumidor final. O escritório nunca é contribuinte de
ICMS.
Se o consumidor final for não contribuinte do ICMS (escritório), a alíquota aplicada
na operação será a alíquota interna do Estado de onde está saindo o produto (no
nosso exemplo, SP). 18%, suponhamos.
Se o consumidor final for contribuinte do ICMS (nas suas operações normais), a
alíquota a ser aplicada é a interestadual. Como o destino é a região Norte, a alíquota
será de 7%. Irá recolher 7%, e ao Estado de Rondônia será devido o diferencial entre
a alíquota interna – a alíquota interestadual (18% - 7%= 11% serão recolhidos para o
Estado de Rondônia). Esses 11% serão devidos na entrada da mercadoria no estado.
Tal está previsto no artigo 155, parágrafo 2, VII e VIII da Constituição.
150
ICMS não compreende o IPI (o ICMS não incide sobre o IPI). A base de cálculo do ICMS,
nessa obrigação, será o preço final, sem somar o valor do IPI.
Segunda hipótese: indústria vende para um não-contribuinte (exemplo: escritório de
advocacia). O produto não se destina à comercialização ou à industrialização. Nesse
caso, a base de cálculo do ICMS será o preço final mais o IPI.
IPTU e ITR
Os limites da zona urbana são definidos por lei municipal, observados os limites do
CTN (art. 32, parágrafo 1º).
A zona rural é definida por exclusão. Os imóveis previstos na zona rural estão sujeitos
ao ITR, de competência tributária da União.
Art. 32 (...)
§ 1º Para os efeitos deste imposto (IPTU), entende-se como zona urbana a
definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de
melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes,
construídos ou mantidos pelo Poder Público:
I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
II - abastecimento de água;
III - sistema de esgotos sanitários;
IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição
domiciliar;
V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três)
quilômetros do imóvel considerado.
§ 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de
expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos
competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo
que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior.
E se houver imóvel situado na zona urbana, mas com destinação rural? Esse imóvel
será tributado pelo IPTU ou pelo ITR? Ou seja, a prevalência é da localização ou da
destinação do imóvel?
151
R: O STJ, no RESP 492869, afirmou que não incide o IPTU quando o imóvel situado na
zona urbana tiver finalidade rural. Logo, o critério da localização do imóvel cede
lugar ao critério da destinação/finalidade que o imóvel adquire. Se o imóvel tem
destinação rural, mesmo localizado na zona urbana, será tributado pelo ITR e não
pelo IPTU. Nesse caso deve haver provas.
Fundamento da decisão do STJ: O CTN foi publicado em 66. O CTN estabelece como
critério a localização do imóvel, conforme art. 32, §§1º e 2º. No entanto, antes do CTN
entrar em vigor, mas depois da sua publicação, esse critério foi alterado pelo Dec. Lei
57/66, que em seu art. 15 estabelece como critério a destinação do imóvel. Esse Dec.
Lei foi recepcionado pela CF/88, assim como o CTN, como normas gerais de direito
tributário. O STF, pacificamente, reconhece a validade desse DL. Assim, não faz sentido
dizer que o critério da localização prevalece. O CTN foi modificado antes mesmo de
entrar em vigor.
RESP 1027775
II - O critério da localização do imóvel é insuficiente para que se decida sobre a
incidência do IPTU ou do ITR, sendo necessário observar-se a destinação do imóvel.
RESP 492869:
TRIBUTÁRIO. IPTU. ITR. FATO GERADOR. IMÓVEL SITUADO NA ZONA URBANA.
LOCALIZAÇÃO. DESTINAÇÃO. CTN, ART. 32. DECRETO-LEI N. 57/66. VIGÊNCIA.
1. Ao ser promulgado, o Código Tributário Nacional valeu-se do critério topográfico
para delimitar o fato gerador do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial
Urbana (IPTU) e o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR): se o imóvel
estivesse situado na zona urbana, incidiria o IPTU; se na zona rural, incidiria o ITR.
2. Antes mesmo da entrada em vigor do CTN, o Decreto-Lei nº 57/66 alterou esse
critério, estabelecendo estarem sujeitos à incidência do ITR os imóveis situados na
zona rural quando utilizados em exploração vegetal, agrícola, pecuária ou
agroindustrial.
3. A jurisprudência reconheceu validade ao DL 57/66, o qual, assim como o CTN,
passou a ter o status de lei complementar em face da superveniente Constituição de
1967. Assim, o critério topográfico previsto no art. 32 do CTN deve ser analisado em
face do comando do art. 15 do DL 57/66, de modo que não incide o IPTU quando o
imóvel situado na zona urbana receber quaisquer das destinações previstas nesse
diploma legal. 4. Recurso especial provido.
152
III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de
tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador.
II - PROGRESSIVIDADE EXTRAFISCAL
PROGRESSIVIDADE EXTRAFISCAL
ITR IPTU
Art. 153, §4º, I, CF Art. 182, §4º, II
Alíquota fixada de forma a Progressividade do IPT no tempo de
DESESTIMULAR a manutenção de imóveis subutilizados ou inutilizados.
propriedades improdutivas. Quanto Até o ano de 2000 a progressividade do
maior a produtividade, menor será a IPTU só era possível era só nesse aspecto.
alíquota (regressividade).
↑ produtividade ↓ alíquota
153
Art. 156 (...)
§ 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o artigo 182,
§ 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I (IPTU) poderá:
I – ser progressivo em razão do valor do imóvel; e
II – ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel.
Problemas:
1º) Mesmo antes da EC 29, leis municipais, a exemplo de São Paulo, já cobravam IPTU
progressivo em relação ao valor, localização e uso do imóvel. Pergunta-se: A EC 29 é a
“possibilitadora material” da progressividade? É ela que autoriza a progressividade
e, portanto, somente após dela é que a progressividade seria constitucional? O que
acontece com as leis municipais anteriores a EC que já cobravam IPTU progressivo?
R: Para o STF, é a EC 29/00 que possibilita a cobrança do IPTU progressivo em função
do valor, localização e uso do imóvel. Portanto, as leis municipais são inconstitucionais.
Resumo:
154
não decorre de sanção por ato ilícito. A
progressividade no nosso caso é forma de
sanção (cuida-se de exceção
constitucional ao artigo 3 do CTN).
Possível por ser justamente de previsão
constitucional.
Vide parágrafo 4 do artigo 182.
§ 4º - É facultado ao Poder Público
municipal, mediante lei específica para
área incluída no plano diretor, exigir, nos
termos da lei federal, do proprietário do
solo urbano não edificado, subutilizado ou
não utilizado, que promova seu adequado
aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação
compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e
territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento
mediante títulos da dívida pública de
emissão previamente aprovada pelo
Senado Federal, com prazo de resgate de
até dez anos, em parcelas anuais, iguais e
sucessivas, assegurados o valor real da
indenização e os juros legais.
155
sujeito passivo. Não é, necessariamente, princípio da capacidade contributiva é o
verdadeira a afirmação de que uma fundamento de validade de todas as leis
pessoa que possui uma boa casa tem que estabeleçam progressividade de
mais dinheiro do que outra que possui impostos, independentemente de
um loft. previsão constitucional específica.
Exemplo: uma pessoa que tem 20 lofs,
provavelmente, é mais rica do que aquela A EC29/00 apenas explicitou algo que já
que tem uma casa boa, e paga bem existia (capacidade contributiva). A EC
menos IPTU (ou até é isento dele) do que 29/00 veio, tão só, aclarar o real
aquele que possui 1 casa só. significado da gradação dos impostos.
Panorama atual do STF: a discussão ainda está pendente de julgamento no STF, mas
parece que a constitucionalidade da EC 29/00 irá prevalecer (RE 423768). Informativo
433 do STF. O argumento é de que a progressividade fiscal de alíquotas está implícita
no texto constitucional (art. 145,§1º da CF – princípio da capacidade contributiva).
Diante desse novo entendimento do STF, o que vai acontecer com as leis municipais
consideradas, pelo próprio STF, como inconstitucionais?
Essa discussão também já chegou ao STF, que já reconheceu a repercussão geral, mas
que ainda pende de julgamento.
156
Uma característica muito importante foi trazida pela EC 42/03. Essa Emenda
possibilitou que o ITR fosse arrecadado e fiscalizado pelos Municípios. Cuida-se de
possibilidade de PARAFISCALIDADE a esse imposto.
157
jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da
Constituição.
§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que
competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir.
§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral
da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido.
§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de
direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos.
Essa opção do Município deve estar regulamentada em lei. É a Lei 11.250/05, que em
seu artigo 1º autoriza a União a celebrar convênios com o DF e os Municípios
(lançamento, cobrança).
O ITR é imposto já instituído, regulamentado pela Lei 9.393/96. O artigo 1º dessa Lei
trata do fato gerador do ITR.
158
Art. 1º O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, de apuração
anual, tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de
imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de
janeiro de cada ano.
OBS. 1: Em regra, o ITR incide sobre imóveis localizados fora da área urbana. Esse
critério de localização, entretanto, não exclui a possibilidade de incidência do imposto
dentro da zona urbana. O que vale mesmo é a destinação do imóvel, e não sua
localização.
O ITR funcionava assim: o sujeito passivo realizava o fato gerador, ou seja, ter a
propriedade de imóvel rural no dia 1º de janeiro. Diante disso, fazia-se declaração de
159
que era proprietário do imóvel, e prestava uma informação relevante – o grau de
produtividade do imóvel (exemplo: o imóvel é 75% produtivo).
Com base nessa informação, a autoridade tributária fazia o lançamento. É com o grau
de produtividade que se determina a alíquota.
No entanto, o ITR não se sujeita mais a lançamento por declaração. Atualmente, ele
sofre o LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO.
Como que funciona o lançamento por homologação?
De uma forma simplificada, funciona assim:
O sujeito passivo realiza o fato gerador, tendo a obrigação tributária de pagar o
imposto. É um pagamento antecipado. Esse pagamento antecipado não extingue o
crédito tributário. A extinção do crédito tributário ocorre com a homologação desse
pagamento. Como se percebe, é o sujeito passivo, e não a Administração, que calcula a
base de cálculo, a alíquota e o valor a pagar. A autoridade apenas exerce atividade de
controle sobre essa base de cálculo e essa alíquota.
O contribuinte apura e paga o ITR nos prazos e nas condições determinadas pela
Administração.
160
A autoridade administrativa deverá, no prazo de 5 anos, contados da ocorrência do
fato gerador, cobrar essa diferença. Essa diferença é cobrada via lançamento de ofício,
com fundamento no artigo 149 do CTN.
ITCMD e ITBI
161
b) bem móvel: Estado em
que se processar o
inventário ou arrolamento
ou Estado de domicílio do
doador.
Base de cálculo Valor venal do bem Valor venal do bem
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
Essa transmissão gratuita pode ocorre em virtude de doação (ato “inter vivos”) ou de
partilha em um processo de inventário ou arrolamento.
Qual o momento da incidência do fato gerador?
A – ITCMD sobre doação: o fato gerador ocorre no momento da transmissão do bem.
Caso se trate de bem móvel, a transmissão se dá com a tradição. Caso se trate de bem
imóvel, a transmissão se dá com o registro.
B – ITCMD “causa mortis”: o fato gerador ocorre com a abertura da sucessão, que se
confunde com o momento da morte.
E a morte presumida, gera a incidência do ITCMD “causa mortis”?
Nesse caso, o fato gerador concretiza-se a partir do momento que se declara a morte
presumida.
162
Para qual estado o ITCMD é devido/local de competência para se exigir o ITCMD:
A – Se se tratar de bem imóvel, o imposto será devido ao estado de situação do bem
(tanto para doação quanto para transmissão via inventário/arrolamento).
B – Se se tratar de bem móvel, dependerá do motivo da transmissão. Se o motivo for
“causa mortis”, o ITCMD deverá ser recolhido ao estado onde se processar o inventário
ou o arrolamento. Se o motivo for doação (ato “inter vivos”), o ITCMD deverá ser
recolhido pelo estado onde tiver domicílio o doador.
163
II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se
outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a
solidariedade quanto aos demais pelo saldo;
III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados,
favorece ou prejudica aos demais.
A solidariedade não é automática, ou seja, precisa vir prevista em lei (artigo 124, II,
CTN). Ambos (doador e donatário) são responsáveis pela integralidade, sem benefício
de ordem. Efeitos do artigo 125 do CTN: o pagamento feito por um beneficia o outro; a
isenção ou remissão alcança a todos os obrigados (há uma exceção: salvo se se tratar
de isenção ou remissão pessoal); e a prescrição interrompida favorece ou prejudica a
todos os obrigados.
Isenção ou remissão pessoal são liberações do pagamento do tributo, tendo em vista o
cumprimento de uma condição subjetiva (significa uma condição da pessoa, do sujeito
– exemplo da idade).
BASE DE CÁLCULO: será o valor venal do bem transmitido.
ALÍQUOTAS: serão fixadas por cada estado. No entanto, há um teto fixado pelo Senado
Federal (via resolução). Atualmente, o limite é de 8%.
Esse artigo prevê o núcleo de incidência do ITBI. Três possíveis fatos geradores:
I – Transmissão de bens imóveis;
II – Direitos reais sobre imóveis; e
III – Cessão de direitos à aquisição do imóvel ou do direito real.
164
transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão
ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade
preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos,
locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;
O ITBI deve ser verificado também a partir do CTN (a partir do artigo 35).
Art. 35. O imposto, de competência dos Estados (ESSA PARTE NÃO FOI RECEPCIONADA
– HOJE A COMPETENCIA TRIBUTÁRIA É DO MUNICÍPIO), sobre a transmissão de bens
imóveis e de direitos a eles relativos tem como fato gerador:
I - a transmissão, a qualquer título, da propriedade ou do domínio útil de bens imóveis
por natureza ou por acessão física, como definidos na lei civil;
165
fato gerador do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis. Assim, a pretensão de cobrar
o ITBI antes do registro imobiliário contraria o Ordenamento Jurídico." (REsp.
12.546/HUMBERTO)
A base de cálculo é o valor do bem transmitido ou o valor do direito real que se está
transmitindo.
As alíquotas do ITBI devem ser fixas. Isso está sumulado pelo STF (656).
Súmula 656 do STF: É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para
o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis - ITBI com base no valor venal do
imóvel.
Isso porque ITBI é imposto real e porque não há autorização constitucional para
tanto.
RESUMO DO ITBI:
Previsão: artigo 156, II e artigo 156, §2º, CRFB. No CTN, artigo 35 e ss.
166
O ITBI tem três fatos geradores:
(i) Transmissão de bem imóvel, sempre onerosa e por atos “inter vivos”. Destacar que
a transmissão ocorre com o registro.
(ii) Transmissão de direito real sobre imóvel: HÁ IMUNIDADES – DIREITOS REAIS DE
GARANTIA e O COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA (ARTIGO 1225, VI).
(iii) Cessão de direito real ou de direito relativo à aquisição de imóvel.
IMUNIDADE: transmissão para pessoa jurídica em razão de atos societários. Essa
imunidade apresenta uma exceção: se, por acaso, a pessoa jurídica que recebe o
imóvel for pessoa que tenha por objeto social a compra e a venda de administração
de imóveis, haverá a incidência de ITBI (artigo 156, I, parte final).
167
Exemplo atual da taxatividade da lista é a questão da tributação doa provedores de
acesso a internet. De acordo com o STJ, não seria tributado pelo ICMS, porque não há
comunicação, eles apenas prestam serviço de valor agregado. Também não será
tributado pelo ISS, porque o serviço não está na lista. Lembre-se que para incidência
do ISS faz-se necessário o cumprimento cumulativo de dos dois requisitos: não
previsão de incidência de ICMS + previsão na lista da LC 116/03.
Pontos polêmicos:
1. EC 37/02
168
Art. 3º O serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do
estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do
domicílio do prestador, exceto nas hipóteses previstas nos incisos I a XXII,
quando o imposto será devido no local:
Não obstante, esta seja a regra, o STJ, em entendimento contra legem, no AgRg no Ag
920073 / SC, afirma que a regra é de que o imposto seja recolhido no local onde o
serviço é prestado. É jurisprudência consolidada a muitos anos no STJ.
AgRg no Ag 920073 / SC :
TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. ISS. ART. 12 DO DECRETO-LEI Nº 406/68.
COMPETÊNCIA PARA SUA COBRANÇA. FATO GERADOR. MUNICÍPIO DO LOCAL DA
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. ARRENDAMENTO MERCANTIL. LEASING. CONCEITO DE
SERVIÇO. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. SOBRESTAMENTO. DISCRICIONARIEDADE DO
RELATOR.
1. O recorrente demonstra mero inconformismo em seu agravo regimental, que não se
mostra capaz de alterar os fundamentos da decisão agravada.
2. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que a cobrança do ISS norteia-se pelo
princípio da territorialidade, nos termos encartados pelo art. 12 do Decreto-lei nº
406/68, sendo determinante a localidade aonde foi efetivamente prestado o serviço e
não aonde se encontra a sede da empresa.
3. Apesar da matéria acerca da incidência do ISS em operações de arrendamento
mercantil do tipo leasing financeiro encontrar-se em análise no STF (RE 547.245 e RE
592.905), não é o caso de sobrestamento. É que mesmo havendo fundamento
predominante constitucional no acórdão recorrido, não significa que há de se cumprir
o disposto no art. 543, § 2º, do CPC, cuja aplicação é ato de discricionariedade do
relator.
b) Incide ISS?
O DL 406/68 disciplinava o ISS e estabelecia a lista de serviços relativa a esse imposto.
O item 79 do DL 406/68 trazia a possibilidade de incidência do ISS nas locações de
bens móveis e arrendamento mercantil. Esse item teve a sua (in) constitucionalidade
discutida no STF. Os contribuintes alegavam que locação de bens não é prestação
169
serviço. A prestação de serviço implica uma prestação de fazer e nos contratos de
locação há uma locação de dar. O STF aceita essa tese dos contribuintes e declara a
inconstitucionalidade do item 79 (RE 116121). Esse julgamento ocorreu em 2001.
Em 2003 vem a LC 116/03. Na lei que foi para a sanção do PR havia o item 3.01 que
falava sobre a locação de bens móveis e além desse item havia o item 15.09 que falava
do arrendamento mercantil. O item 3.01 foi vetado, porque não havia sentido o
Presidente aprovar algo que o STF já entendeu inconstitucional, mas o item 15.09 foi
aprovado.
Os contribuintes olham para esse item e afirmam que não deve incidir ISS sobre
contrato de arrendamento mercantil, porque este é contrato complexo que implica,
em alguma medida, locação de bens móveis. Tanto é assim, que antes (no DL) as
locações de bens móveis e o arrendamento mercantil estavam num mesmo item (item
79 do DL 406/68).
Acontece que o STJ reconhece a validade dessa cobrança (súmula 138).
Essa discussão está no STF - RE 592905 com repercussão geral reconhecida, mas
ainda pendente de julgamento.
3. Tributação pelo ISS dos profissionais que prestam serviço de caráter pessoal.
A base de cálculo padrão do ISS é o valor da prestação do serviço. O valor do serviço
equivale à remuneração da pessoa física (“salário”). Se a base de cálculo é o valor do
serviço, estará tributando o salário do profissional autônomo, o que configuraria
invasão da competência tributária da União (imposto de renda).
O DL 406/68, em seu artigo 9º, §§1º e 3º, estabelecia um regime especial de
tributação, estipulando que o ISS seria fixo. O ISS incidiria sobre um valor fixo
(presunção da base de cálculo). Supondo base de cálculo de R$ 1.000,00; imagina-se
170
um percentual (5%, v.g.), para incidir sobre o valor, para fins de ISS, o que daria R$
50,00.
A LC 116/03, não fala nada sobre a prestação de serviço em caráter pessoal (regime
especial). A LC 116/03, seu artigo 3º, se limita a afirmar que a base de cálculo do
imposto é o preço do serviço.
A lei, em tese, estaria permitindo a invasão da competência tributária da União
(imposto de renda). Essa LC 116/03 revogou o DL 406/68 (argumento do fisco).
Argumento dos contribuintes: não existe revogação tácita. A revogação deve ser
expressa. E na LC 116 não existe menção a revogação do art. 9º. Vejamos o art. 10 da
LC 116/03:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
171
O que é veículo automotor, para fins de incidência do imposto? Cuida-se de discussão
doutrinária.
O STF asseverou que o IPVA não incide sobre aeronaves e embarcações, estando a
incidência limitada aos veículos automotores terrestres. Dois motivos: (i)
razões/motivos históricos – o IPVA é originário da taxa rodoviária única - TRU
(Constituição de 1967), que só incidia sobre veículos terrestres; e (ii) argumento
sistemático – o IPVA só pode incidir sobre veículos terrestres considerando a
sistemática da repartição da arrecadação tributária. Nas placas, o nome do Município
refere-se ao Município dentro do qual foi feito o licenciamento do veículo.
50% do IPVA é destinado para o Município onde foi licenciado o veículo (regra
constitucional – 158, III).
IMPOSTOS EXTRAFISCAIS:
Há quatro impostos de natureza extrafiscais: II, IE, IPI e IOF.
O objetivo primeiro do imposto não é a arrecadação. O objetivo principal é a
INTERVENÇÃO NA ECONOMIA.
Na verdade, os tributos podem ter duas funções: FISCAL (o objetivo é a arrecadação,
tal qual se dá com o IR) ou EXTRAFISCAL.
O tributo extrafiscal tem objetivo que supera a simples arrecadação. Os impostos
extrafiscais visam intervir na economia.
Pode-se ter a determinação de alíquotas visando a extrafiscalidade. Exemplo: no caso
do IPTU (artigo 182, §4º, II, CRFB) e do ITR (terá alíquotas regressivas justamente
porque a Administração não está preocupada com a arrecadação).
O termo extrafiscal é muito amplo: é tudo que não se refere com a arrecadação. Há
impostos extrafiscais e impostos com alíquotas extrafiscais.
172
CARACTERÍSTICAS GERAIS DESSES IMPOSTOS EXTRAFISCAIS (II, IE, IPI e IOF):
1 – O objetivo desses impostos é intervir na economia.
2 – Esses tributos, em alguma medida, representam exceções aos princípios da
anterioridade e da legalidade. Ante a urgência de intervenção na economia, o próprio
legislador constituinte previu essas exceções.
Com relação à legalidade, a exceção está no artigo 153, §1º, CRFB (as alíquotas são
modificáveis por decreto, por ato do Poder Executivo – atente-se que o decreto pode
modificar nos limites da lei). Assim, não é propriamente uma exceção ao princípio da
legalidade, mas uma relativização.
Com relação à anterioridade, a exceção está no artigo 150, §1º, CRFB. Até a EC 42/03,
tínhamos que todos esses tributos não respeitavam o princípio da anterioridade. No
entanto, a EC 42/03 passou a dispor nos seguintes termos:
A – II, IE, IOF: CONSTITUEM EXEÇÕES À ANTERIORIDADE. Uma vez alterados, haverá a
cobrança imediata.
B – IPI: apenas excepciona o princípio da ANTERIORIDADE ANUAL. Ele respeita o prazo
de 90 dias.
Súmula 71: Embora pago indevidamente, não cabe restituição de tributo indireto.
REVOGADA.
Súmula 546: Cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando reconhecido
por decisão, que o contribuinte "de jure" não recuperou do contribuinte "de facto" o
"quantum" respectivo.
173
Vide artigo 166 do CTN.
Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do
respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o
referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este
expressamente autorizado a recebê-la.
Segundo o artigo: deverá provar que arcou com o ônus do tributo (afim com a súmula
546 do STF). Ou então, se não tiver condições de provar que arcou com o ônus do
tributo, deverá apresentar autorização do contribuinte de fato (é uma possibilidade
adicional à prevista na súmula 546 do STF). Devemos destacar que essas condições só
são devidas para impostos indiretos (ICMS e IPI).
PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE:
Está vinculada à essencialidade dos bens objetos de tributação. Essa seletividade pode
aparecer como forma de realizar a justiça tributária. Atualmente está em voga a
relação entre o direito tributário e os direitos humanos. Essa seletividade é forma de
proteção dos direitos humanos.
Exemplo: tributação do cigarro que contém tabaco: 330%. Tributação do chocolate em
tablete: 5%. Há isenção em chocolate para se dissolver.
As alíquotas do IPI podem ser modificadas, também, tendo em vista a
EXTRAFISCALIDADE.
A saída de produto industrializado é o mais problemático, vez que temos que passar
pelo conceito de industrialização.
Vide artigo 4º do Regulamento do IPI, que é o Decreto 4.544/02. O conceito de
industrialização é bem amplo.
174
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO E DE EXPORTAÇÃO
No imposto de importação (II), o fato gerador é a importação.
No imposto de exportação (IE), o fato gerador é a exportação.
A questão é sabe o momento em que esses fatos ocorrem (ASPECTO TEMPORAL DO II
E DO IE).
Definir o aspecto temporal é relevante porque esses impostos são exceções à
anterioridade.
A entrada física do bem no País não coincide com a entrada jurídica, com o
desembaraço aduaneiro.
O mesmo ocorre com o IE. A saída jurídica do produto não necessariamente coincide
com a saída física do país.
Pode acontecer, assim, que nesse meio tempo, seja editado decreto modificando as
alíquotas.
Daí se questiona qual alíquota deve ser aplicada.
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO
O fato gerador é a entrada do bem no território nacional. Mas que entrada é essa,
física ou jurídica?
Primeiramente, há a entrada física no Brasil. Nesse momento, o importador deve
fornecer declaração de importação para a autoridade aduaneira. Essa declaração visa
a formalizar a entrada dos bens no território nacional. Nessa declaração, tem-se o
valor dos bens e toda a documentação relativa à importação (nota fiscal de quem
exporta).
A partir daí, o fiscal fará a valoração aduaneira em relação aos bens (verifica se os
valores estão corretos, de modo a resguardar a verdadeira base de cálculo) e fará a
conferência aduaneira (conferência dos documentos).
Com a entrega da declaração de importação tem-se início ao desembaraço aduaneiro.
Se estiver tudo certo, o desembaraço aduaneiro se efetiva, com a conseqüente
ENTRADA JURÍDICA do bem no território nacional.
O fato gerador do imposto de importação, segundo o STJ, se dá com a entrega da
declaração de importação.
Assim, decreto publicado antes da entrega da declaração de importação incidirá na
entrada da mercadoria.
175
EMENTA: - CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMPORTAÇÃO: ALÍQUOTAS: MAJORAÇÃO
POR ATO DO EXECUTIVO. MOTIVAÇÃO. ATO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO: FATO
GERADOR. C.F., art. 150, III, a e art. 153, § 1º. I. - Imposto de importação: alteração das
alíquotas, por ato do Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em
lei: C.F., art. 153, § 1º. A lei de condições e de limites é lei ordinária, dado que a lei
complementar somente será exigida se a Constituição, expressamente, assim
determinar. No ponto, a Constituição excepcionou a regra inscrita no art. 146, II. II. - A
motivação do decreto que alterou as alíquotas encontra-se no procedimento
administrativo de sua formação, mesmo porque os motivos do decreto não vêm nele
próprio. III. - Fato gerador do imposto de importação: a entrada do produto
estrangeiro no território nacional (CTN, art. 19). Compatibilidade do art. 23 do D.L.
37/66 com o art. 19 do CTN. Súmula 4 do antigo T.F.R.. IV. - O que a Constituição
exige, no art. 150, III, a, é que a lei que institua ou que majore tributos seja anterior
ao fato gerador. No caso, o decreto que alterou as alíquotas é anterior ao fato
gerador do imposto de importação. V. - R.E. conhecido e provido.
Esse D.L. 37/66 regulamenta o II (artigos 23 e 24). Esse D.L. é compatível com o CTN.
IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO – IE
176
Em um primeiro momento, tem-se o registro da operação de exportação, feito pelo
sujeito passivo, denominado de REGISTRO DE VENDA. Esse registro é feito pelo
Sistema de Comércio Exterior - SISCOMEX. Indica-se a base de cálculo e toda a
documentação necessária (contrato, nota fiscal).
Acontece que a saída do bem do país se dá com o desembaraço aduaneiro, quando a
autoridade administrativa faz outro registro, agora da exportação efetiva.
Em caso de decreto expedido entre o registro de venda e o registro de exportação, qual
alíquota aplicar?
Segundo o STF, o fato gerador se dá com o registro da operação de venda (é o início
do desembaraço aduaneiro). Portanto, decreto posterior ao registro de exportação no
SISCOMEX não é aplicado à exportação.
Nesse sentido, vide RE 227106.
Recapitulando:
II: entrada física-----início do desembaraço aduaneiro com a entrega da declaração de
importação (aqui se dá o fato gerador do imposto).
IE: início do desembaraço aduaneiro com o registro da venda (aqui se dá o fato
gerador)---------saída jurídica.
IMPOSTO DE RENDA – IR
Previsto no artigo 153, III, da CRFB/88; e no artigo 43 e ss. do CTN.
Vamos analisar o IR na Constituição e no CTN.
ANÁLISE CONSTITUCIONAL:
1 – PRINCÍPIO DA GENERALIDADE:
177
Segundo o princípio da generalidade, o IR incide tendo em vista a ocorrência do fato
gerador, INDEPENDENTEMENTE DO CONTRIBUINTE.
Isso significa que o IR alcançará todo contribuinte que realizar o fato gerador, DE
FORMA INDISCRIMINADA.
Casuística: estagiário que ganha R$ 1.600,00 por mês deve pagar IR; pai de família que
ganha os mesmos R$ 1.600,00 por mês deve pagar IR. Não interessa quem é o
contribuinte, independentemente de suas especificidades.
2 – PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE:
O princípio da universalidade foca-se na renda. Toda e qualquer renda será tributada,
INDEPENDENTEMENTE DA ORIGEM.
Esse princípio informa que o IR não será seletivo em função do rendimento
(diferentemente do que ocorre com o IPI).
Esse princípio da universalidade remete-nos ao PRINCÍPIO DO “NON OLET” (a renda
não cheira, ou seja, não importa de onde veio o rendimento, se de operação lícita ou
ilícita). Pronuncia-se “non ólet”.
Nesse sentido, vide HC 77530 do STF.
EMENTA: Sonegação fiscal de lucro advindo de atividade criminosa: "non olet". Drogas:
tráfico de drogas, envolvendo sociedades comerciais organizadas, com lucros vultosos
subtraídos à contabilização regular das empresas e subtraídos à declaração de
rendimentos: caracterização, em tese, de crime de sonegação fiscal, a acarretar a
competência da Justiça Federal e atrair pela conexão, o tráfico de entorpecentes:
irrelevância da origem ilícita, mesmo quando criminal, da renda subtraída à tributação.
A exoneração tributária dos resultados econômicos de fato criminoso - antes de ser
corolário do princípio da moralidade - constitui violação do princípio de isonomia fiscal,
de manifesta inspiração ética.
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela
se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
3 – PRINCÍPIO DA PROGRESSIVIDADE:
O princípio da progressividade foca as alíquotas. Dizer que o IR é progressivo, é dizer
que tem alíquotas progressivas, considerando a base de cálculo.
Quanto maior a base de cálculo, maior será a alíquota. É UMA FORMA DE SE REALIZAR
A CAPACIDADE CONTRIBUTIVA.
Essa progressividade diferencia-se sendo pessoa física ou pessoa jurídica.
178
Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer
natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou
jurídica:
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de
ambos;
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais
não compreendidos no inciso anterior.
Art. 43 (...)
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de
ambos;
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais
não compreendidos no inciso anterior.
179
A soma desses valores, isoladamente, não é suficiente para se saber se houve
acréscimo patrimonial. Isso porque se deve comparar com os rendimentos e valores
acumulados no ano anterior (faz-se subtração).
*Significado de “proventos de qualquer natureza”:
Exemplo: locação de imóveis.
CASUÍSTICA: pessoa tem imóvel de R$ 200.000,00. Se vendê-lo por R$ 200.000,00, não
terá que pagar IR, pela ausência de acréscimo patrimonial.
Art. 43 (...)
§ 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento,
da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de
percepção.
180
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos
discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e
contribuintes;
Art. 83. A base de cálculo do imposto devido no ano-calendário será a diferença entre
as somas (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, e Lei nº 9.477, de 1997, art. 10, inciso I):
I - de todos os rendimentos percebidos durante o ano-calendário, exceto os isentos, os
não tributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação
definitiva;
II - das deduções relativas ao somatório dos valores de que tratam os arts. 74, 75, 78 a
81, e 82, e da quantia de um mil e oitenta reais por dependente.
Parágrafo único. O resultado da atividade rural apurado na forma dos arts. 63 a 69 ou
71, quando positivo, integrará a base de cálculo do imposto (Lei nº 9.250, de 1995,
arts. 9º e 21).
As pessoas jurídicas podem ser tributadas de acordo com o lucro: REAL, PRESUMIDO
OU ARBITRADO. A base de cálculo do IR das pessoas jurídicas será o lucro do período.
O lucro se dá pela subtração das despesas e das receitas.
LUCRO ARBITRADO: previsto nos artigos 529 e ss.; e no artigo 27 da Lei 9.430/96.
O CTN, no artigo 148, diz que a autoridade administrativa pode arbitrar a base de
cálculo de dados tributos. Isso acontece quando as declarações prestadas pelo
contribuinte não mereçam fé.
Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tem em consideração, o valor
ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora,
mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam
omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os
181
documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado,
ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou
judicial.
LUCRO PRESUMIDO:
Característica: as pessoas jurídicas que recolhem IR pelo lucro presumido o fazem
trimestralmente. A apuração é trimestral (tem que ser, não há opção).
Como se chega ao valor de lucro presumido?
Considera-se a receita bruta no trimestre. Com base nesse valor, aplica-se percentual
previsto no artigo 15 da Lei 9.249/95.
CASUÍSTICA: Considerando que a receita bruta no primeiro trimestre seja de R$
5.000.000,00. O lucro presumido é o valor da receita bruta do período multiplicado
pelo percentual (artigo 15 – que varia de acordo com a empresa). Daí, o lucro
presumido será de, suponhamos, R$ 400.000,00. Sobre esses R$ 400.000,00, aplica-se
a alíquota do IR. R$ 400.000, 00 será a base de cálculo do IR.
A apuração é trimestral e definitiva.
O normal é que se considere o período de apuração do IR o ano todo. Isso, entretanto,
não se aplica ao lucro presumido. Não haverá compensação no final (o ano inteiro
não entra na conta do lucro presumido). São calculados períodos fechados.
Somente podem recolher pelo lucro presumido as pessoas jurídicas cuja receita bruta
do ano anterior seja inferior a R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais).
Se o valor for superior, automaticamente deve-se recolher pelo lucro real.
LUCRO REAL:
A base de calculo do IR, pelo lucro real, será calculado pela subtração das Receitas –
Despesas Mais adições Menos exclusões.
182
Base de Cálculo = [(Receita - Despesa) + Adições] - Exclusões.
O período de apuração pode ser mensal ou trimestral.
Se recolher trimestralmente, a cada trimestre irá recolher sobre o lucro real. É aquela
equação. BC=[(R-D)+A]-E.
Se recolher mensalmente, irá recolher a receita bruta vezes um percentual.
Ao final do exercício, teremos um reajuste. Ou seja, a pessoa jurídica deverá verificar o
quanto pagou antecipadamente, e, portanto, compensar com o IR devido. Pode ter
imposto a pagar ou imposto a ser restituído.
A opção pelo esquema mensal ou trimestral é feita no início do ano, devendo
permanecer o mesmo durante todo o ano. Se não pagou em janeiro, quer dizer que já
optou pelo sistema trimestral.
Como funciona a obtenção da base de cálculo segundo o lucro real...
CASUÍSTICA: pessoa jurídica que teve 50 milhões de receita; 30 milhões de despesas; 5
milhões de despesas com brindes; teve acréscimo patrimonial de 1 milhão (por conta
de imóvel desapropriado).
Segundo a legislação do IR, essas despesas com brindes devem ser adicionadas ao
lucro real. Essa divulgação representará um ganho no futuro. Esse acréscimo
patrimonial constitui uma exclusão (segundo a legislação).
Lucro Real = [(receitas - despesas) + adições] - exclusões.
LR = [(50 - 30) + 5)] - 1. LR é igual a 24 milhões (é a base de cálculo do IR). Como o lucro
real foi inferior a 48 milhões, pode-se optar pelo lucro presumido ou lucro real.
183
percentual
(artigo 15 da
Lei 9.249/95).
Lei 9.249/95.
Art. 3º A alíquota do imposto de renda das pessoas jurídicas é de quinze por cento.
§ 1º A parcela do lucro real, presumido ou arbitrado, que exceder o valor resultante da
multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo
período de apuração, sujeita-se à incidência de adicional de imposto de renda à
alíquota de dez por cento.
A alíquota padrão é de 15%. Mas pode-se ter um adicional de 10% sobre o excedente
de R$ 20.000,00 vezes o período de apuração.
Se a pessoa jurídica não fizer esse repasse, qual a conseqüência para o empregado?
Para a pessoa física, não acontece nada (ela não é responsável).
O responsável será a fonte pagadora. A responsabilidade, nesse caso de desconto e
não-repasse, é da fonte pagadora.
Diferentemente se dá se a fonte pagadora pagar o valor bruto, e não fizer o desconto.
No caso, tem-se relação de solidariedade entre a fonte pagadora e a pessoa física.
Fora o caso de solidariedade, nas outras situações (mais comuns), o empregado está
de boa-fé. O débito é da pessoa jurídica. A pessoa jurídica tem responsabilidade
tributária quanto ao tributo devido. Ainda, a fonte pagadora comete CRIME CONTRA A
ORDEM TRIBUTÁRIA.
Cuida-se do crime previsto no artigo 2º, II, da Lei 8.137/90.
Como conseqüências:
Para a efetivação dos crimes previstos no artigo 1º dessa Lei (8.137/90), o STF (HC
81660) disse que deve haver o término da apuração, na esfera administrativa, do
efetivo dano ao Fisco (é crime material, de resultado).
184
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou
contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo
operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro
documento relativo à operação tributável;
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber
falso ou inexato;
V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento
equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente
realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10
(dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor
complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência,
caracteriza a infração prevista no inciso V.
Os crimes do artigo 2º, ao contrário, são formais ou de mera conduta. Assim, para que
haja ação penal, denúncia, não é necessário esperar o fim da apuração na esfera
administrativa. Diante do simples fato de descontar e não repassar, o MP já pode
oferecer denúncia para apurar esse tipo de crime.
185
É uma relação entre a competência tributária e a LC 101 (Lei de Responsabilidade
Fiscal).
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da
lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou
creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo
sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não
incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo
regime geral de previdência social de que trata o art. 201;
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele
equiparar.
Espécies de contribuições:
A - Contribuições dos empresários (inciso I).
B - Contribuição dos trabalhadores (pessoas físicas). Inciso II.
C - Receita de concursos de prognósticos (loteria). Inciso III.
D – Importador. Inciso IV.
O empresário é quem mais paga (três contribuições distintas):
A – Sobre a folha de salários.
B – Sobre a receita ou faturamento.
C – Sobre o lucro.
186
As contribuições PIS e COFINS têm por fundamento a receita ou o faturamento dos
empresários (artigo 195, I, “b”).
O PIS foi criado em 1970 pela LC 7/70. Essa lei dizia que o PIS incidia sobre o
faturamento das pessoas jurídicas, com uma alíquota de 0,65%.
Faturamento equivale as receitas da pessoa jurídica proveniente de vendas de
mercadorias e prestação de serviços.
No momento em que é promulgada a CF/88 a LC 7/70 estava em vigor. A CRFB/88, no
artigo 239, recepciona expressamente o PIS. Além disso, estabelece no art. 195, I a
possibilidade da União criar outras contribuições sobre o faturamento das pessoas
jurídicas. A União exerce essa competência tributária em 1991 e, por meio da LC 70/91
cria a COFINS.
Segundo o STF, podem contribuições incidir sobre o mesmo fato gerador (só se veda
para os impostos).
Em 1998, veio a Lei 9.718/98, que unifica a disciplina do Programa de Integração Social
- PIS e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS. A partir de
agora o PIS e COFINS passam a ser reguladas por essa lei.
Ao unificar a disciplina das contribuições, no seu artigo 3º, a Lei definiu a base de
cálculo. A base continua sendo o faturamento. Só que, agora, o faturamento é
entendido como receita bruta. Receita bruta equivale a todas as entradas da pessoa
jurídica.
187
O ponto central é: havia previsão constitucional para se criar contribuição sobre a
receita bruta? NÃO HAVIA PREVISÃO CONSTITUCIONAL.
Assim, a Lei 9.718/98 é tida por inconstitucional, por não haver fundamento de
validade (foi criada sem autorização constitucional).
Vide redação original do inciso I do artigo 195, vigente à época da edição da Lei
9.718/98:
I - dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro;
Essa Lei diz que a contribuição incide sobre o faturamento, entendido como receita
bruta (todas as entradas).
188
PROBLEMAS MATERIAS RELACIONADOS COM A LEI 9.718/98:
Vide RE 390840.
189
Obs.: a respeito desse tema (inconstitucionalidade da ampliação da BC do PIS e da
COFINS – art. 3º, §1º da lei 9718/98) há uma proposta de súmula vinculante no STF.
Cuidado que a notícia (10.09.08) conta que a inconstitucionalidade da ampliação é por
erro na escolha espécie normativa adotada. Essa ampliação se deu por LO e deveria ter
sido por LC. Isso não é verdade. Não é por conta disso que a ampliação é
inconstitucional. A ampliação é inconstitucional porque não havia autorização
constitucional e não existe constitucionalização superveniente.
Recentemente (maio de 2009), a lei 11.941/09 revogou o art. 30, §3º da lei 9718/98.
Esse artigo tratava da equiparação de faturamento a receita bruta, sendo esta todas as
entradas da pessoa jurídica. Dessa forma, receita bruta pode ser entendida como
faturamento desde que limitada a venda de mercadorias e/ou serviços.
190
I – as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Operações relativas
à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), quando cobrado
pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto
tributário;
191
TESE MATERIAL TESE FORMAL
“O que vale é o conteúdo, a matéria.” “O que vale é a forma.”
Não há hierarquia entre LC e lei ordinária. A LC sempre prevalece sobre uma lei
O que existe é uma diferença quanto a ordinária. Isso porque a LC é
competência de cada uns desses hierarquicamente superior. Há uma
instrumentos normativos. O que os relação de subordinação:
diferencia é a matéria, o conteúdo que LC
cada uma delas vai tratar. ↑
A relação é de coordenação. LO
LC ← →LO. Isso porque a LC é aprovada segundo um
procedimento mais complexo (maioria
absoluta). Já para aprovação da LO basta
a maioria simples.
A CF diz quais são as matérias a ser Logo, lei ordinária não pode alterar uma
veiculadas por LC. Exemplo: normas LC.
gerais no direito tributário; ISS; ICMS. LC só pode ser alterada por outra LC
Assim, no silêncio da CF, a regra é que a
matéria seja regulada por LO.
Só há a exigência de alteração por LC se a
LC for materialmente LC.
Logo, uma lei complementar que trate de Assim, tanto no caso da alteração da
matéria de lei ordinária, será alíquota do COFINS, quanto no caso da
materialmente ordinária, e poderá ser revogação da isenção, as leis ordinárias
alterada por lei ordinária. são inconstitucionais.
Nesse caso, a alteração de alíquota da
Cofins e a revogação da isenção estão
corretas (não são matérias reservadas a
LC). A LC 71/90 era formalmente
complementar, mas materialmente
ordinária, porque a CF não exigiu que a
COFINS fosse tratada por LC.
192
RE 377457 e RE 381964.
193
financeiras também devem sofrer tributação do PIS e da COFINS (são receitas
operacionais).
194
expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições
dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios,
para definir ou limitar competências tributárias.
Quadro comparativo
Lei 9.718/98:
BC X AL= Pis/Cofins.
A base de cálculo é o faturamento (mercadorias e serviços). A alíquota é de 0,65% para
o Pis e 3% para a Cofins.
Essa é a sistemática cumulativa.
Essa não cumulatividade está prevista na Lei 10.637/02 (Pis) e na Lei 10.833/03
(Cofins).
A pessoa jurídica deve apurar uma BC X AL.
BC = faturamento entendida como receita bruta (todas as entradas).
AL = 1,65% (Pis) e 7,6% (Cofins).
O artigo 3º dessas duas Leis enumera algumas despesas da pessoa jurídica que podem
virar créditos, que serão utilizados para reduzir o valor do PIS e da COFINS.
Para apurar esses créditos, devem-se verificar as despesas que podem virar crédito
(previsto no artigo 3º das duas Leis). Exemplo: energia elétrica, aluguel, pagamento
para terceiro.
Para se chegar ao crédito, deve-se aplicar uma alíquota sobre as despesas passíveis de
virar crédito. Essa alíquota é de 1,65% para apurar os créditos do PIS e de 7,6% para
apurar os créditos da COFINS. Esse valor será usado para deduzir do valor da BC x AL.
Sistemática não cumulativa (em suma):
Consiste na apuração de créditos. Esses créditos serão utilizados para reduzir o valor a
pagar de PIS e de COFINS.
Como?
Primeiro passo: apuração dos créditos. Somar as despesas que geram crédito (artigo 3º
das Leis 10.637/02 e 10.833/03).
Segundo passo: aplicar sobre o somatório as alíquotas de 1,65% (PIS) e de 7,6%
COFINS).
Despesas autorizadas (artigo 3º) x alíquota = CRÉDITO.
Terceiro passo: a apuração do PIS/COFINS devidos.
RB (base de cálculo) x AL (1,65% ou 7,6%). Desse valor deve ser subtraído o Crédito.
O resultado final é o valor do PIS/COFINS a pagar.
As duas sistemáticas convivem no ordenamento jurídico de forma concomitante. As
Leis 10.637/02 e 10.833/03 estabeleceram quais pessoas jurídicas ficariam sujeitas à
sistemática cumulativa. O regime não cumulativo é uma imposição.
Vide artigo 8º da Lei 10.637/02.
Vide artigo 10 da Lei 10.833/03. Ambos os dispositivos têm a mesma redação.
195
Art. 8o Permanecem sujeitas às normas da legislação da contribuição para o
PIS/Pasep, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as
disposições dos arts. 1o a 6o:
I – as pessoas jurídicas referidas nos §§ 6 o, 8o e 9o do art. 3o da Lei no 9.718,
de 27 de novembro de 1998 (parágrafos introduzidos pela Medida
Provisória no 2.158-35, de 24 de agosto de 2001), e Lei n o 7.102, de 20 de
junho de 1983;
II – as pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro
presumido ou arbitrado;
III – as pessoas jurídicas optantes pelo Simples;
IV – as pessoas jurídicas imunes a impostos;
V – os órgãos públicos, as autarquias e fundações públicas federais,
estaduais e municipais, e as fundações cuja criação tenha sido autorizada
por lei, referidas no art. 61 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias da Constituição de 1988;
VI - (VETADO)
VII – as receitas decorrentes das operações:
a) referidas no inciso IV do § 3o do art. 1o;
b) sujeitas à substituição tributária da contribuição para o PIS/Pasep;
c) referidas no art. 5o da Lei no 9.716, de 26 de novembro de 1998;
VIII - as receitas decorrentes de prestação de serviços de telecomunicações;
IX - (VETADO)
X - as sociedades cooperativas; (Incluído pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003)
XI - as receitas decorrentes de prestação de serviços das empresas
jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens. (Incluído pela Lei
nº 10.684, de 30.5.2003)
RESUMO:
SISTEMÁTICA CUMULATIVA SISTEMÁTICA NÃO CUMULATIVA
Lei 9.718/98. Lei 10637/02 e Lei 10833/03.
BC=RB (faturamento, segundo BC=RB (sem posição do STF).
entendimento do STF).
AL: 0,65% PIS e 3% COFINS. AL: 1,65% PIS e 7,6% COFINS.
196
Possibilidade de apurar créditos.
Despesas (artigo 3º) x AL.
Discussões: (i) ampliação da base de Discussões: (i) ofensa à isonomia (os
cálculo pela Lei 9718/98, e (ii) artigos 8º e 10 das Leis 10637/02 e
retroatividade da EC 20/98. 10.833/03 limitam a aplicação da
sistemática). A doutrina diz que não
ofende a isonomia, porque o §12 do
artigo 195 da CRFB disse que a lei deve
determinar essa discriminação.
O STF nega tanto a ampliação quanto a (ii) Limitação do direito a crédito.
retroatividade. RE 390840. Segundo o artigo 3º das Leis, não será
toda e qualquer despesa que dará direito
a crédito. Essa limitação representa
ofensa ao princípio da não-
cumulatividade? NÃO, porque a não-
cumulatividade é matéria legal, e não
constitucional.
(iii) Hierarquia da LC. Diz respeito à
revogação de isenção. O STF disse que
importa é o conteúdo da lei, e não sua
forma. Assim, LC com conteúdo de lei
ordinária, é materialmente ordinária,
passível de ser alterada por lei ordinária.
Dessa forma, mantém-se a revogação da
isenção.
(iv) Cofins sobre receita de venda de
imóveis. Aqui o STJ decidiu que incide
(EResp 166374).
CONTRIBUIÇÕES (cont.)
Artigo 195 da Constituição da República.
Segundo o artigo 195, há contribuições destinadas ao financiamento da Seguridade
Social.
A Seguridade Social é financiada por:
1 – Pessoas jurídicas.
Contribuições sobre a folha de salários, receita ou faturamento (PIS e COFINS), e lucro.
2 – Pessoas físicas.
Contribuem sobre a remuneração.
3 – Outras fontes.
Exemplos: receitas de concursos de prognósticos e importação de bens e serviços
(aqui também há a incidência de PIS/COFINS, que não tem nenhuma relação com o
PIS/COFINS sobre receita/faturamento).
197
É contribuição paga por pessoas jurídicas sobre a remuneração (a qualquer título –
pode ser salário, pode ser pagamento pela prestação de serviços a profissional
autônomo) a pessoas físicas.
Essa contribuição está prevista no artigo 22 da Lei 8.212/91.
Base de cálculo:
Caso se trate de pessoa jurídica comercial, industrial ou prestadora de serviços
hospitalares ou de transporte, a base de cálculo será de 12% da receita bruta.
Caso se trate de pessoa jurídica prestadora de outros serviços (exemplo:
intermediadora de negócios ou administradora de bens imóveis), a base de cálculo
será de 32% da receita bruta. É o caso da sociedade de advogados.
198
A pessoa física contribui com base na sua remuneração. É o caso do trabalhador e de
qualquer segurado (artigos 20 e 21 da Lei 8.212/91).
Salário-de-contribuição Alíquota em %
Até R$ 249,80 8,00
de R$ 249,81 até R$ 416,33 9,00
de R$ 416,34 até R$ 832,66 11,00
199
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais:
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele
equiparar.
200
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais,
de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias
profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas
respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem
prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que
alude o dispositivo.
CONTRIBUIÇÕES GERAIS
SALÁRIO-EDUCAÇÃO
CONTRIBUIÇÕES GERAIS
CPMF
Histórico:
As origens da CPMF estão no IPMF (EC 3/93).
A EC 3/93 atribuiu competência para que a União criasse o Imposto Provisório sobre a
Movimentação Financeira.
201
Características do IPMF:
A - Não seria repartido;
B - Seria exceção à anterioridade;
C – Seria exceção às imunidades (artigo 150, VI); e
D – Deveria ser instituído por lei complementar.
O STF julgou a EC 3/93 inconstitucional (ADI 939-7), de forma que o IPMF não poderia
ser instituído.
Entendeu inconstitucional porque o imposto ofendia cláusulas pétreas ao excepcionar
o princípio da anterioridade e as garantias da imunidade.
202
A saída foi dada três anos depois pela EC 12/96, que estabeleceu competência da
União para criar a CPMF.
A CPMF, sendo contribuição, não seria repartida, observaria a anterioridade
nonagesimal (Seguridade Social) – seus recursos seriam destinados à Saúde. A alíquota
seria de 0,25%, com o prazo máximo de 2 anos.
Cópia do IPMF, melhorada.
A EC 12/96 introduziu o artigo 74 ao ADCT.
A CPMF é criada pela Lei 9.311/96, que instituiu a contribuição com alíquota de 0,2%.
A Lei permitiu que a CPMF fosse cobrada por 13 meses (até 24/1/97).
Surgiu a Lei 9.539/97, que estendeu a CPMF por mais 11 meses.
Em 24/1/99, cessa a vigência da CPMF.
Foi aprovada a EC 21/99, que trouxe a prorrogação da CPMF no artigo 75 do ADCT.
203
prevista nos arts. 74, 75 e 80, I, deste Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, será cobrada até 31 de dezembro de 2004.
204
205
Por conta disso, a prorrogação posterior não observou a anterioridade.
206
O Poder Judiciário disse que essa Lei de 2001 ampliou os poderes de fiscalização da
Administração. Portanto, essa norma pode ser aplicada retroativamente, com base
no artigo 144, §1º do CTN.
Sigilo de dados engloba o sigilo bancário.
207
em vista a imunidade tributária destes (C.F., art. 150, VI, "a"). II. - R.E. não
conhecido.
208