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CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXII EXAME)

Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal

1- Introdução:

I- Conceito- é o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo


estatal, em face de atos humanos considerados infrações penais, tipificando os crimes e
cominando as respectivas penas.

II- Fontes do Direito Penal- fonte é o local de onde provém o direito, bem como a
forma como se exterioriza. Podem ser:
a) Material- é o local em que o direito é criado. No Direito Penal, quem cria a
norma é a União, através de seu Poder Legislativo (art. 22, inc. I, da CF). Porém, os Estados-
Membros também podem legislar sobre o assunto, desde que autorizados pela União por lei
complementar (art. 22, parágrafo único, CF).
b) Formal- é a forma pelo qual o direito se exterioriza. Se divide em:
b.1) Imediata- é a lei;
b.2) Mediata- são os costumes, os princípios gerais do direito e, para alguns, os atos
administrativos.
Obs: costumes não revogam lei; a norma penal incriminadora, por força do princípio
da legalidade, só pode ser revelada por lei; já a norma penal não incriminadora pode ser criada
ou revogada por lei, costumes e princípios gerais do direito.

III- Integração da lei penal- o sistema jurídico não pode ser lacunoso. Portanto, é
utilizado a analogia (apenas a in bonam partem), os costumes e os princípios gerais do direito
para evitar as lacunas.

IV- Interpretação da lei penal- é a busca do sentido e do alcance da lei. É o que


chamamos de hermenêutica jurídica. Utilizamos três sistemas:
a) Quanto à origem: autêntica, doutrinária e jurisprudencial;
b) Quanto ao modo: literal, teleológica, histórica e sistemática;
c) Quanto ao resultado: declarativa, extensiva e restritiva.

V- Espécies de normas penais:


a) Incriminadoras- são as que descrevem os delitos (preceito primário) e as
respectivas sanções (preceito secundário);

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b) Permissivas- podem ser justificantes (causas excludentes de ilicitude) e


exculpantes (causas excludentes de culpabilidade);
c) Em branco- são as que o preceito secundário (pena) está completo,
dependente o preceito primário de complementação. Podem ser homogêneas (ver artigos 312
e 327 do CP) e heterogêneas (art. 33, da lei nº 11.343/06 e portaria 344 do Ministério da
Saúde). Atenção para a norma penal em branco ao avesso, que é aquela em que o preceito
primário está completo, dependendo o preceito secundário de complementação (art. 1º da lei
2889/56), e para a norma penal em branco dupla face (ambos os preceitos da norma penal
precisam de complementação). Ex: art. 304 do CP.

VI- Princípios do Direito Penal


a) Dignidade da pessoa humana - é o epicentro da ordem jurídica. O Estado e o
direito não são fins, e sim meios para a realização da dignidade do homem. Portanto, são
inconstitucionais penas cruéis, infamantes, tortura, maus- tratos, perpétuas, de morte (salvo
no caso de guerra declarada) e qualquer forma de violação a incolumidade física-psíquica de
alguém. Nucci explica o princípio sob a ótica objetiva (garantir o mínimo de subsistência ao ser
humano) e subjetiva (assegurar o bem estar individual, calcado na auto estima e na
respeitabilidade diante da sociedade). Alguns autores também chamam esse princípio de
humanidade;
b) Alteridade- não é punida a autolesão, somente sendo punível a lesão ou
ameaça a bem jurídico de terceiros;
c) Intervenção Mínima- o Direito Penal só deve agir quando os outros ramos do
direito se mostrarem ineficazes para proteger o bem jurídico tutelado, funcionando assim
como a ultima ratio;
d) Fragmentariedade- o Direito Penal só protege alguns fragmentos de direitos,
que são transformado em tipos penais;
e) Ofensividade- para que haja crime, é necessário a lesão ou ameaça de lesão a
bem jurídico;
f) Insignificância- a lesão ao bem jurídico deve ser relevante e significante. Caso
contrário, o fato será materialmente atípico (ausência de tipicidade material). O STF já
decidiu que para a conduta ser considerada insignificante, é necessário: a mínima ofensividade
da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação; reduzidíssimo grau de
reprovabilidade do comportamento; inexpressividade da lesão jurídica provocada;
g) Individualização da pena- cada réu deve ter sua pena analisada, aplicada,
graduada, de forma individual;

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h) Instranscendência- nenhuma pena ou processo passarão da pessoa do


condenado;
i) In dubio pro reo- na dúvida, o réu deve ser absolvido.

2- Da Aplicação da lei penal


I- Princípio da legalidade (art. 1º, CP)- “Não há crime sem lei anterior que o
defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. É a conjugação dos princípios da reserva
legal e da anterioridade. O princípio da reserva legal não permite que medidas provisórias, leis
delegadas, atos administrativos, analogia e costumes possam criar delitos e cominar penas,
que só podem ser criados pela União, através de seu Poder Legislativo Federal (Congresso
Nacional), através de emendas constitucionais, leis ordinárias ou leis complementares.
Observação: conteúdo material de crime: bagatela, alteridade, proporcionalidade,
adequação social e intervenção mínima. Não presentes estes requisitos/princípios, o fato será
materialmente atípico (ausência de tipicidade material).

II- Lei penal no tempo (art. 2º, CP)- vigora o princípio da “tempus regit actum”,
ou seja, aplicamos a lei vigente no momento da prática do crime. Porém, pode haver o conflito
de leis penais no tempo, que é resolvido pelos princípios da irretroatividade da lei penal mais
severa e da retroatividade da lei penal mais benéfica. Aqui nascem as seguintes situações:
a) Abolitio criminis- (art. 2º, caput): “Ninguém pode ser punido por fato que lei
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais
da sentença condenatória”. Atinge inclusive processos com trânsito em julgado. Desaparecem
os efeitos penais principais e secundários, só não desaparecendo o dever de indenizar (efeito
civil da condenação);
b) Novatio legis incriminadora- é aquela lei que cria o delito. É irretroativa, só
valendo para os fatos praticados após a sua vigência;
c) Novatio legis in mellius- (art. 2º, parágrafo único): “A lei posterior, que de
qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por
sentença condenatória transitada em julgado”. É retroativa, atingindo inclusive processos com
trânsito em julgado;
d) Novatio legis in pejus- é uma lei que de qualquer forma piora a situação do
réu. É irretroativa, só valendo para os fatos praticados após a sua vigência;
ATENÇÃO 1! Crimes permanentes e continuados (Súmula 711, STF): “A LEI PENAL
MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE A SUA
VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA”;

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ATENÇÃO 2! Competência para aplicar a lei mais benéfica: depende do andamento


do processo, podendo ser declarado em 1º e 2º Grau, ou pelo Juiz da Execução.
ATENÇÃO 3! Pode o juiz combinar as leis para beneficiar o réu? O STF e o STJ
mudaram o seu posicionamento, não podendo mais haver a combinação de leis, mesmo que
seja para beneficiar o réu. Súmula 501 do STJ: “é cabível a aplicação retroativa da Lei
11.343/06, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais
favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei 6.368/76, sendo vedada a combinação
de leis”.

III- Lei excepcional e temporária (art. 3º, CP)- “A lei excepcional ou temporária,
embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. Salvo disposição legal em
contrário, são auto-revogáveis e ultrativas (efeito carrapato). Portanto, salvo disposição em
contrário, o princípio da retroatividade benigna não se aplica às hipóteses da lei excepcional
ou temporária.

IV- Tempo do crime (art. 4º, CP)- “Considera-se praticado o crime no momento da
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. É importante para saber
sobre a capacidade penal do agente, bem como sobre a lei aplicável ao fato. O CP adotou a
teoria da atividade. A exceção é a prescrição, que adotou a teoria do resultado.

V- Lugar do crime (art. 6º, CP)- “Considera-se praticado o crime no lugar em que
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria
produzir-se o resultado”. É importante para resolver os crimes à distância. O CP adotou a
teoria da ubiquidade. No caso dos delitos plurilocais, deve ser observado o artigo 70 do CPP
(teoria do resultado), exceto nos crimes de homicídio, nos regulados pelo ECA e pelo JECRIM,
onde prevalecerá a teoria da atividade.

LEMBRE-SE: LUTA- Lugar do crime- ubiquidade; Tempo do crime- atividade

VI- Conflito aparente de normas- ocorre quando duas ou mais normas aparentam
regular o mesmo fato. É resolvido pelos seguintes princípios:
a) Especialidade;
b) Subsidiariedade;

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c) Consunção- se subdivide em crime progressivo, progressão criminosa,


“antefactum” não punível, “postfactum” não punível e crime complexo;
d) Alternatividade.

VII- Lei penal no espaço- possui os seguintes princípios:


a) Territorialidade (art. 5º, CP)- “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território
nacional”. Vejam que o próprio artigo mitiga o princípio da territorialidade. Ex: diplomatas
possuem imunidade penal absoluta; cônsul imunidade relativa;
b) Territorialidade por extensão (art. 5º, parágrafo 1º e 2º): “Para os efeitos
penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em
alto-mar”. “É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território
nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do
Brasil”;
c) Extraterritorialidade (art. 7º, CP)- esta se divide em:
c.1) incondicionada (combinação do inciso I com o parágrafo 1º): “ inciso I- os crimes:
contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; contra o patrimônio ou a fé pública
da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública,
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; contra a
administração pública, por quem está a seu serviço; de genocídio, quando o agente for
brasileiro ou domiciliado no Brasil. “Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro”. Lembrar ainda sobre o disposto
na lei nº 9455/97 (lei de tortura), que prevê hipóteses de extraterritorialidade incondicionada,
nos casos de vítima brasileira ou se o agente, após cometer o crime de tortura, estiver em local
de jurisdição brasileira;
c.2) condicionada (combinação do inciso II com o parágrafo 2º): “inciso II - os crimes:
que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; praticados por brasileiro;
praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados”. “Nos casos do inciso II, a aplicação
da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: entrar o agente no território
nacional; ser o fato punível também no país em que foi praticado; estar o crime incluído entre

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aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; não ter sido o agente absolvido no
estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou,
por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável”;

c.3) crime praticado por estrangeiro contra brasileiro no exterior (combinação do


parágrafo 2º com o 3º): “A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro
contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior,
combinada com mais dois requisitos: não for pedida ou for negada a extradição, e houver
requisição do Ministro da Justiça”.
Observação: não há extraterritorialidade para as contravenções penais praticadas no
exterior.

VIII- Proibição do “bis in idem” (art. 8º, CP): “A pena cumprida no estrangeiro
atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada,
quando idênticas”.

IX- Eficácia da sentença estrangeira (art. 9º, CP)- em regra, a sentença estrangeira
não produz efeitos no Brasil. Para produzir alguns efeitos, deve ser homologado pelo STJ, para
obrigar a reparação dos danos e outros efeitos civis, ou sujeitar o réu a medida de segurança.
Para os efeitos civis, a homologação deve ser requerida pela parte interessada. No caso da
medida de segurança, não será necessário o pedido ser houver tratado de extradição entre os
países, sendo necessário o pedido do Ministro da Justiça no caso de ausência de tratado. Para
os efeitos penais, não é necessário a homologação, bastando à prova legal da existência da
sentença estrangeira.

X- Prazo penal (ler art. 10, CP): “O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum”. No prazo penal, inclui-se o dia
do começo, excluindo-se o dia do final. O prazo penal não se prorroga, vencendo mesmo que
termine em dia não útil ou sem expediente forense.

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3- Teoria do Crime

I- Infração Penal- crime ou delito e contravenção (divisão dicotômica). Não


existe diferença ontológica de crime e contravenção. O artigo 1º da Lei de Introdução ao
Código Penal faz distinção de acordo com a pena aplicada. “Considera-se crime a infração
penal a que a lei comina pena de reclusão ou detenção, quer isoladamente, quer alternativa
ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina,
isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou
cumulativamente”.

II- Conceito de crime:


a) Material- é a lesão ou risco de lesão de bens jurídicos fundamentais para a vida
em sociedade. Observação: conteúdo material de crime: bagatela, alteridade,
proporcionalidade, adequação social e intervenção mínima. Não presentes estes
requisitos/princípios, o fato será materialmente atípico.
b) Formal- é a conduta abstrata descrita no tipo penal;
c) Analítico- crime é todo fato típico e ilícito (antijurídico).

III- Elementar e circunstância- elementar é todo dado tipificante, essencial ao


delito que, se ausente, o exclui (Ex: art. 319, CP). Já a circunstância é dado acessório que, se
ausente, só influi na quantidade de pena (Ex: art. 150, parágrafo 2º, CP).

IV- Sujeito ativo (pessoa física ou jurídica) e Sujeito Passivo (constante ou formal-
Estado- e eventual ou material- vítima).

V- Objeto do crime- se divide em objeto jurídico (é o bem ou interesse jurídico


tutelado pela norma penal- ex: a vida, no crime de homicídio) e objeto material (é a pessoa ou
o objeto atingido- ex: o homem vivo, no crime de homicídio).

VI- Classificação Doutrinária dos Crimes (é importante conhecer bem essa


classificação):

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a) Comum- são os crimes descritos no Código Penal;


b) Especial- são os crimes descritos na Legislação Especial. Ex: tráfico de drogas
(art. 33, lei nº 11.343/06);
c) Comum- são aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa. Ex:
homicídio;
d) Próprio- são aqueles que exigem uma qualidade especial do sujeito ativo. Ex:
infanticídio;
e) De mão própria- são aqueles que não existe coautor, podendo, contudo, haver
partícipe. Ex: falso testemunho;
f) De dano- sua consumação depende da efetiva lesão ao bem jurídico. Ex:
homicídio;
g) De perigo- sua consumação se dá com a simples possibilidade de dano. Ex:
perigo de contágio venéreo;
h) Material- são aqueles em que a ocorrência do resultado naturalístico é
imprescindível para a consumação. Ex: homicídio;
i) Formal- são aqueles em que a lei penal prevê a possibilidade de resultado
naturalístico, mas ele se consuma independentemente da ocorrência o resultado. Ex: extorsão
mediante sequestro;
j) De mera conduta- são aqueles em que não existe resultado naturalístico. Ex:
omissão de socorro;
k) Comissivo- praticados mediante ação;
l) Omissivo- praticados mediante omissão;
m) Unissubsistente- são aqueles que se perfazem em um único ato, não
admitindo assim a tentativa. Ex: ato obsceno;
n) Plurissubsistentes- são aqueles que se perfazem com vários atos, admitindo
assim tentativa. Ex: furto;
o) Unissubjetivo- são aqueles que podem ser cometidos por um único agente. Ex:
roubo;
p) Plurissubjetivo- são aqueles que se exige mais de um autor. Ex: rixa;
q) Culposo- o agente age por negligência, imprudência ou imperícia;
r) Doloso- o agente quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo;
s) Preterdoloso- dolo no antecedente e culpa no consequente;
t) Mono-ofensivo- a conduta lesa apenas um objeto jurídico. Ex: homicídio;
u) Pluriofensivo- a conduta lesa mais de um objeto jurídico. Ex: latrocínio.

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VII- Fato típico- é o primeiro elemento do crime no conceito analítico. É formado


pelos seguintes elementos:
a) Conduta- é a ação ou omissão humana, voluntária e consciente, dolosa ou
culposa, dirigida à uma finalidade.
a.1) ação ou omissão- quando o verbo núcleo do tipo exige uma conduta positiva do
agente, estamos diante de um crime comissivo. Ex: matar alguém. Já a omissão, por si só, não
gera punição alguma, a não ser nos casos em que a lei determina um dever jurídico de agir,
resultando daqui os crimes omissivos, que se dividem em próprios e impróprios. Nos próprios,
o tipo penal descreve uma conduta omissiva, devendo o agente agir para não praticar o delito.
O tipo penal não descreve qualquer resultado naturalístico (são crimes de mera conduta). Ex:
omissão de socorro. Já nos impróprios ou comissivos por omissão, o agente se omite e ocorre
um resultado naturalístico, sendo que a lei obrigava o agente a agir e evitar a produção do
resultado (tinha o dever jurídico de agir e de evitar o resultado). Para que haja a
responsabilização, deve haver o binômio (devia e podia agir). Essas hipóteses estão previstas
no artigo 13, parágrafo 2º, do CP: “A omissão é penalmente relevante quando o omitente
devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: tenha por lei
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; de outra forma, assumiu a responsabilidade de
impedir o resultado; com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do
resultado”.
a.2) voluntária e consciente- a conduta deve ser voluntária, já que a
involuntariedade gera a atipicidade da conduta, já que se exclui a ação, excluindo-se assim a
conduta e o fato típico, consequentemente. Ex: coação física irresistível, atos reflexos e
hipnose. Cuidado que tanto nos crimes dolosos como nos crimes culposos a conduta tem que
ser voluntária. A conduta também tem que ser consciente. Ex: empregada que empresta sal,
quando o patrão, sem ela saber, coloca veneno para matar o vizinho, não podendo assim a
empregada ser punida, punindo-se apenas o patrão (autoria mediata). A doutrina aponta
também as doenças do sono como excludente da consciência.
a.3) dolo, culpa e preterdolo- o artigo 18, inciso I, do CP, traz os conceitos de dolo
direto (teoria da vontade- o agente prevê e quer o resultado) e indireto, que pode ser
alternativo e eventual, na modalidade eventual (teoria do assentimento- o agente prevê e
assume o risco de produzir o resultado- é indiferente para o resultado). A culpa (negligência,

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imprudência e imperícia) está prevista no artigo 18, inciso II. Fora os requisitos normais de
qualquer delito (conduta, resultado, nexo causal e tipicidade), deve haver a inobservância do
dever de cuidado objetivo e a previsibilidade do resultado objetivo (são aqueles exigidos de
qualquer pessoa mediana). Só existirá crime culposo quando houver expressa disposição legal
(artigo 18, parágrafo único). São espécies de culpa: inconsciente (o agente não prevê o
resultado, que é previsível, agindo por negligência, imprudência ou imperícia); consciente ou
com previsão (o agente prevê o resultado, mais acredita que conseguirá evitá-lo, que o
resultado não ocorrerá, não obtendo êxito em seu intento– lembrar da distinção com dolo
eventual- fodeu, no primeiro caso, e foda-se, no segundo); imprópria ou por equiparação (o
agente age de forma dolosa, acreditando estar acobertado por alguma excludente que, se
existisse, tornaria legítima a sua conduta. É a única espécie de culpa que admite tentativa-
lembrar do exemplo do pai que mata a filha que vai e volta da balada escondida, achando-se
tratar de um ladrão que esta invadindo a residência). No direito Penal não há compensação de
culpas (culpa concorrente), só se livrando o agente nos casos de culpa exclusiva da vítima. No
preterdolo, existe dolo no antecedente e culpa no consequente. São crimes que se qualificam
pelo resultado culposo. O agente quer produzir um resultado, mas em virtude de sua conduta
dolosa, acaba produzindo um resultado mais grave, a título de culpa. Ex: lesão seguida de
morte. Nos crimes preterdolosos, não há que se falar em possibilidade de tentativa.

B) Resultado- seu conceito varia de acordo com a teoria:


b.1) Teoria naturalística- é a modificação do mundo exterior ocasionada pela
conduta do agente. Daqui surgem os crimes materiais, formais e de mera conduta.

b.2) Teoria normativa ou jurídica- é a lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico


penalmente tutelado. Daqui surgem os crimes de dano e de perigo.
ATENÇÃO! Portanto, há crime sem resultado naturalístico, mas não há crime sem
resultado normativo.

C) Nexo causal- é o vínculo estabelecido entre a conduta e o resultado naturalístico.


Portanto, só é importante nos crimes materiais e nos comissivos por omissão (omissivos
impróprios). Em outras palavras, estabelecer o nexo causal nada mais é que verificar qual
conduta deve responder pelo resultado naturalístico. O CP adotou a teoria da equivalência dos
antecedentes causais (conditio sine qua non), que considera como causa a ação ou omissão
sem a qual o resultado não teria ocorrido. Deve ser feito um processo hipotético de
eliminação, ou seja, se a conduta excluída não interferir no resultado, não será considerada

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causa. Para evitar a responsabilização infinita, deve verificar a existência de dolo na conduta
do agente (nexo de causalidade psíquico) pois, caso contrário, o fabricante de uma arma
responderia pelo homicídio, por exemplo.
Concausa é a convergência de uma causa externa à vontade do autor da conduta,
influindo na produção do resultado naturalístico por ele desejado. As absolutamente
independentes são as que, por si só, produzem o resultado naturalístico. Sejam preexistentes,
concomitantes ou supervenientes sempre rompem o nexo causal, respondendo o agente
apenas pelos atos praticados. Já as relativamente independentes surgem da conduta do autor.
As preexistentes, concomitantes e supervenientes que por si só não produziriam o resultado
não rompem o nexo causal, respondendo o agente pelo resultado, enquanto as
supervenientes que por si só produzem o resultado sim, respondendo o autor apenas pelos
atos já praticados (nesse caso o CP adotou a teoria da causalidade adequada). Ex: O agente dá
uma facada na perna da vítima em região não letal, que falece ao caminho do hospital, em
razão de um acidente automobilístico. O agente responderá apenas pelo crime de lesão
corporal. Nucci ensina que para saber se haverá o rompimento do nexo causal deve-se fazer
duas perguntas: a causa relativamente independente superveniente era imprevisível para o
agente? Sozinha, provocaria o resultado? Respondendo afirmativamente as duas questões,
rompe-se o nexo causal, respondendo o agente apenas pelos atos praticados.
Teoria da Imputação Objetiva:

Essa teoria é um terceiro filtro ao nexo causal. Lembrem que o nexo causal é
formado pela junção da causalidade física (teoria conditio sine qua non), pela causalidade
normativa (evita o regresso ao infinito pois só responde pelo crime aquele que deu causa ao
resultado naturalístico por dolo e culpa), e agora a teoria da imputação objetiva. Em momento
algum essa teoria consagra a responsabilidade penal objetiva. Deveria, na verdade, se chamar
de teoria da restrição da imputação, pois o agente responderia criminalmente apenas quando
criar um risco socialmente inadequado, isto é, um risco proibido.

Exemplo: filho convida o pai para pescar em uma parte perigosa do Rio Piracicaba,
com a intenção de que o pai escorregasse na pedra e morresse. Realmente, o pai aceita o
convite, vai pescar, escorrega, cai no rio e morre afogado. Pergunta-se: 1) pela teoria da
equivalência dos antecedentes causais, o filho deu causa a morte do pai? Sim, passando-se
pelo primeiro filtro! 2) O filho teve dolo ou culpa? Sim, pois convidou com essa intenção,
passando-se pelo segundo filtro! 3) O filho criou um risco socialmente inadequado, ou seja, é
proibido convidar alguém para pescar na parte perigosa do rio? Não! Pela teoria da imputação
objetiva, o filho não pode ser punido, pois não se pune a mera cogitação, já que o filho em
nada contribuiu para que o pai escorregasse nas pedras e morresse afogado.

Os requisitos da imputação objetiva são:

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- a conduta deve criar um risco socialmente inadequado: Ex: farmacêutico que vende
remédio vencido;

- o risco socialmente inadequado deve ser a causa do resultado naturalístico: Ex: a


pessoa morre em razão do remédio estar vencido;

- o resultado naturalístico deve estar abrangido pelo tipo penal: considera-se que o
resultado não estará abrangido pelo tipo penal quando a vítima assumir voluntariamente o
resultado advindo do perigo e quando a causa principal do resultado foi emanada de uma
pessoa que tinha o dever jurídico de impedir o resultado. Ex: jogador de futebol tem problema
cardíaco, mas implora para o médico que o libere para o jogo, assinando termo de
responsabilidade. O médico não responde pela morte, pois o risco foi assumido
voluntariamente pelo agente. Ex. 2: corto a perna de uma pessoa, que vai ao hospital para dar
pontos e o médico, por imperícia, acaba amputando a perna da pessoa. Eu não responderei
pela lesão corporal qualificada.

D) Tipicidade- é o enquadramento da conduta praticada pelo sujeito ativo à definição


típica legal. Chamamos este processo de adequação típica. A tipicidade é indício da ilicitude,
pois praticada uma conduta típica, presume-se que ela seja antijurídica, salvo quando
existente alguma causa excludente de ilicitude.

Excludentes de ilicitude (art. 23)


Ilicitude é o segundo elemento do conceito analítico de crime. É a contradição do
fato, adequado ao modelo legal, com o ordenamento jurídico, constituindo a lesão de um
interesse penalmente protegido. Conforme outrora mencionado, a tipicidade é indício da
ilicitude, pois praticada uma conduta típica, presume-se que ela seja antijurídica, salvo quando
existente alguma causa excludente de ilicitude, que tornará a conduta típica em lícita.
São excludentes de ilicitude:
a) Estado de necessidade (artigo 24): ocorre quando diante de uma situação de
perigo, dois bens penalmente tutelados são colocados em conflito, e, não havendo como
tutelar ambos, permite-se a proteção de um dos bens jurídicos mediante a lesão do outro. São
requisitos para a sua configuração:
I- Perigo atual ou iminente proveniente de fato da natureza, humano ou animal -
perigo é a probabilidade do dano;
II- Ameaça a direito próprio ou alheio;
III- Situação de perigo não causada voluntariamente pelo agente - a doutrina
diverge se apenas a conduta dolosa não afasta a possibilidade de invocar o estado de

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necessidade, ou se a conduta culposa também afastaria a possibilidade de invocar essa


excludente. Prevalece que apenas a dolosa impede a invocação da excludente;
IV- Inevitabilidade do comportamento lesivo- a conduta deve ser a única capaz de
salvar o bem. Ex: não haverá se bastasse um pedido de socorro;
V- Inexigibilidade do sacrifício do bem ameaçado - deve haver a ponderação dos
bens: o bem salvo deve ser de maior valor ou de valor igual ao bem sacrificado. Se menor,
redução de 1/3 a 2/3, conforme parágrafo 2º do artigo 24;
VI- Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo- porém, não é exigido
heroísmo;
VII- Elemento subjetivo- é o conhecimento da excludente.

ATENÇÃO! O excesso doloso será punível. O culposo apenas se houver previsão de


culpa. Cuidado com o erro de tipo permissivo.

ATENÇÃO 2! Classificação do estado de necessidade:

I- Quanto ao titular o interesse protegido- próprio ou alheio;


II- Quanto ao aspecto subjetivo- real ou putativo;
III- Quanto ao terceiro que sofre a ofensa- defensivo ou agressivo. É importante
porque gerará reflexos no cível. O defensivo impede inclusive a ação civil “ex delicto”.

b) Legítima defesa (art. 25, CP)- ocorre quando alguém, usando moderadamente
dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
São requisitos:
I- Existência de agressão humana injusta atual (que está acontecendo) ou
iminente (que está prestes a acontecer) - a mera provocação não legitima a reação, podendo
ser reconhecido em seu favor uma causa de diminuição de pena. O uso de animal como
instrumento (autoria mediata) também enseja a legítima defesa. Caso contrário, o ataque de
animal configurará estado de necessidade;
II- Direito próprio ou alheio;
III- Uso dos meios necessários para repeli-la;
IV- Uso moderado dos meios necessários;
V- Elemento subjetivo.

Obs: o excesso doloso será punível. O culposo se houver previsão de culpa. Cuidado
com o erro de tipo permissivo. Não é possível legítima defesa de legítima defesa, pois a

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agressão deve ser injusta. Só será possível no excesso da legítima defesa, onde teremos a
legítima defesa sucessiva.

c) Exercício regular de direito- se o ordenamento jurídico confere um direito a


alguém, é obvio que seu exercício não será criminoso. Também é claro que o excesso, doloso
ou culposo, será punível, pois estaria havendo um abuso de direito. Tem que haver o elemento
subjetivo.

d) Estrito cumprimento do dever legal- é dirigido aos agentes públicos. Também


será punível os excessos. Tem que haver o elemento subjetivo.
Observação 1: Ofendículos- constituem todos os elementos empregados
regularmente, de maneira previamente instalada, para a proteção de algum bem jurídico. A
jurisprudência exige que o aparato seja visível e inacessível a terceiros inocentes, bem como
que esteja em acordo com a legislação. Alguns entendem que trata-se de hipótese de exercício
regular de direito, outros de legítima defesa preordenada.
Observação 2: Causa supralegal de exclusão da ilicitude: embora não tenha previsão
legal, são aceitas de forma pacífica na doutrina e na jurisprudência, pois estão respaldadas
pelos princípios do Direito Penal. Como por exemplo podemos citar o consentimento da
vítima nos bens jurídicos disponíveis.

Culpabilidade e suas excludentes


Conceito: é pressuposto para aplicação da pena, ou seja, para se impor a pena, é
necessário existir a culpabilidade, que nada mais é que um juízo de reprovabilidade, de
censura sobre a conduta, sobre o fato. O CP adotou a teoria normativa pura da culpabilidade,
sendo que, para as descriminantes putativas, adotou a teoria limitada da culpabilidade. Para
que haja culpabilidade, é necessário a existência cumulativa de três elementos:
imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa.

a) Imputabilidade (artigo 26): é a capacidade mental de entender o caráter ilícito


do fato, ou seja, de distinguir o certo do errado, e de se determinar-se de acordo com esse
entendimento (de se autocontrolar). Deve-se fazer presente no momento da conduta. Observe
que o CP define, no art. 26, o conceito de inimputabilidade, devendo seu conceito ser formado
a “contrario sensu”. Se inicia na zero hora em que o agente completa 18 anos. É excluída pela:

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- inimputabilidade- é a doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou


retardado que supra totalmente o entendimento do ilícito e a forma de se autodeterminar de
acordo com esse entendimento(art. 26, CP- adotou o critério biopsicológico). Deve estar
presente no momento da conduta. Gerará a absolvição imprópria (o juiz deve aplicar medida
de segurança) ou absolvição própria (caso fique comprovado à ausência de fato típico ou de
ilicitude);

- menoridade penal- os menores de 18 anos são inimputáveis por expressa


disposição legal, respondendo de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (adotou
o critério biológico);

- embriaguez acidental completa e involuntária, decorrente de caso fortuito ou força


maior (art. 28, parágrafo 1º)- a embriaguez possui três fases: excitação, depressão, sono e
litargia. Considera-se completa a embriaguez nas duas últimas fases, pois ela retira por
completo a capacidade de entendimento do agente e de se autodeterminar com a situação
(adotou o critério biopsicológico). O agente é absolvido (absolvição própria), não cabendo aqui
medida de segurança. Ex: trote acadêmico, na força maior, e bar com amigos, no caso fortuito;

- dependência de drogas ou intoxicação involuntária por drogas (vide lei de drogas-


11.343/06).

ATENÇÃO! Apenas reduzem a censurabilidade:

- semi-imputabilidade (artigo 26, parágrafo único)- a pena pode ser reduzida de 1/3 a
2/3, ou ser aplicada medida de segurança;

- embriaguez acidental incompleta e involuntária, decorrente de caso fortuito ou


força maior (art. 28, parágrafo 2º)- nesse caso, o agente será condenado, sendo reconhecido
em seu favor uma causa de diminuição de pena. Não cabe medida de segurança.

ATENÇÃO 2! Não excluem a imputabilidade (art. 28, incisos I e II):

- emoção e paixão- podem reduzir à pena como atenuante genérica ou em casos


especiais, como no homicídio privilegiado;

- A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeito análogo


(teoria “actio liberain causu”- se dá quando o sujeito de propósito se coloca em situação de
inconsciência para a prática de um crime)- o agente responde pelos atos praticados, sendo
que, se for embriaguez preordenada (dolosa), ainda incidirá um aumento de pena, por ser
agravante genérica.

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b) Potencial consciência da ilicitude- é a capacidade cultural de entender o


caráter ilícito do ato praticado, ou seja, esse elemento será excluído quando o sujeito não
tinha e nem poderia ter conhecimento da ilicitude do fato, em virtude de sua capacidade
cultural. Ex: mesmo uma pessoa humilde, que mora em um sítio afastado da cidade, sem
televisão, sabe que não se pode matar outra pessoa. É diferente do desconhecimento da lei,
que não exclui a culpabilidade, podendo no máximo ser reconhecida como atenuante
genérica. Ocorre com o erro de proibição, que é a falsa percepção da realidade que recai sobre
a ilicitude da conduta, podendo ser invencível (exclui a culpabilidade- art. 21, CP) e vencível
(diminui a pena de 1/6 a 1/3- art. 21, CP). O sujeito sabe exatamente o que faz, age com dolo,
mas não sabe que o ato é lesivo e ilegal. Pensa que o direito lhe permite tal ato.

c) Exigibilidade de conduta diversa- O agente só será punido se era possível


exigir-se, diante das circunstâncias em que o fato ocorreu, outro comportamento. É excluída
pela excludente conhecida como inexigibilidade de conduta diversa, que se divide em coação
moral irresistível (art. 22, CP), e pela obediência à ordem não manifestadamente ilegal de
superior hierárquico (art. 22, CP). Nesse caso, só os mandantes responderão pelo crime
praticado.

“Erro de tipo”
É o erro sobre elementar, circunstância ou dado irrelevante da figura típica. Se divide
em:
a) Essencial- é o erro sobre elementar ou circunstância da figura típica. Se divide
em Incriminador e Permissivo (descriminante putativa- é igual a culpa imprópria). Ambos
podem ser invencível, inevitável ou escusável (exclui o dolo e a culpa) ou vencível, evitável e
inescusável (excluem o dolo, respondendo por culpa se houver previsão legal).
ATENÇÃO 1! Exemplo de erro de tipo essencial incriminador em relação à elementar:
em uma sala de aula onde todos os alunos utilizam o mesmo computador fornecidos pela
Instituição no ato da matrícula, o agente acreditando que o computador que está em cima da
mesa é o seu, leva o do colega para casa, por engano. Vejam que o erro caiu sobre elementar,
pois o crime de furto exige que a coisa seja alheia. Nesse caso, se o erro foi invencível, exclui-
se o dolo e a culpa, não respondendo o agente por qualquer delito. Se for erro vencível
(qualquer homem médio faria a distinção do computador), excluir-se-á o dolo, respondendo o
agente apenas a título de culpa. Lembre-se que só existe crime na modalidade culposa quando

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expressamente mencionado em lei. No exemplo, o agente não responderia por delito algum,
ante a inexistência de furto culposo.
ATENÇÃO 2! Exemplo de erro de tipo essencial incriminador em relação à
circunstância: o agente mata uma pessoa que aparenta ter 40 anos. Quando se levanta a idade
da vítima descobre-se que ela possui mais de 60 anos. Vejam que o erro recaiu sobre
circunstância, já que trata-se de causa de aumento de pena do crime de homicídio. Ficando
comprovado que o erro é invencível, estará excluída a causa de aumento de pena.
ATENÇÃO 3! Exemplo de erro de tipo essencial permissivo: pai que mata a filha que
sai escondido para a balada, pensando tratar-se de um ladrão. Se invencível, exclui o dolo e a
culpa. S vencível, exclui o dolo, respondendo o agente por homicídio culposo.
b) Acidental- é o erro de tipo em que o crime não estará excluído em hipótese
alguma, já que o erro recai sobre dado irrelevante da figura típica. Se divide em:
b.1) erro sobre o objeto: o agente furta uma bijuteria achando tratar-se de joia.
Responderá mesmo assim pelo crime de furto;
b.2) erro sobre a pessoa: o agente mata Carlos pensando tratar-se de Rodrigo.
Responde pelo homicídio normalmente, como se inclusive tivesse matado Rodrigo, atribuindo-
se todas as eventuais elementares ou circunstâncias existentes. Exemplo: mãe, que sob a
influência do estado puerperal, mata outra criança achando tratar-se de seu filho. Mesmo
assim responderá pelo crime de infanticídio;
b.3) erro na execução (“aberratio ictus”): o agente mata Carlos ao tentar matar
Rodrigo. Responde pelo homicídio normalmente, como se inclusive tivesse matado Rodrigo,
atribuindo-se todas as eventuais elementares ou circunstâncias existentes;
b.4) resultado diverso do pretendido (“aberratio criminis”): responderá o agente
pelo resultado pretendido, se houver previsão de crime culposo. Exemplo: ao tentar quebrar
uma vidraça com uma pedra (crime de dano), o agente acaba errando a vidraça e acertando
uma pessoa que passava pelo local, respondendo assim por lesão corporal culposa. Caso não
haja crime culposo pelo resultado praticado, responderá por tentativa de delito do primeiro
delito. Caso o agente no exemplo acerte a vidraça e a pessoa, responderá por ambos os
delitos, em concurso formal de infrações;
b.5) erro sobre o nexo causal (“aberratio causae”)- dolo geral. O agente acha que
matou a vítima a facadas e, para livrar-se do corpo, o joga no rio. Ao ser localizado o corpo,
descobre-se por exame que a vítima morreu por afogamento. Responderá da mesma forma
pelo homicídio consumado.
ATENÇÃO! Erro provocado por terceiro: responde pelo crime o terceiro que
determinar o erro.

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VIII- Iter criminis- é o caminho do crime. Se divide em fase interna (cogitação) e


fase externa (preparação, execução e consumação). Só haverá crime a partir do início da
execução, salvo quando a lei punir expressamente os atos preparatórios. Ex: art. 253, 288 e
291, todos do Código Penal.

IX- Crime consumado- (artigo 14, inciso I)- ocorre quando nele se reúnem todos
os elementos do tipo penal.

X- Crime tentado- (artigo 14, inciso II)- ocorre quando iniciada a execução, o
delito não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. São espécies:
a) Imperfeita ou propriamente dita- o agente não consegue realizar todos os
atos de execução, por circunstâncias alheias à sua vontade;
b) Perfeita ou crime falho- o agente realiza todos os atos de execução, mas o
crime não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade;
c) Branca- o objeto material sequer é atingido pela conduta do agente;
d) Cruenta- o objeto material é atingido pela conduta do agente;
e) Abandonada ou qualificada- são os casos de desistência voluntária e
arrependimento eficaz, que serão estudados em seguida;
f) Quase crime- é o crime impossível.

ATENÇÃO 1! A tentativa é causa obrigatória de diminuição de pena, aplicando a pena


do delito consumado reduzida de 1/3 a 2/3, dependendo do iter criminis percorrido (artigo 14,
parágrafo único). Porém, existem alguns crimes que mesmo a tentativa será punida com a
pena do delito consumado, como por exemplo o artigo 352 do CP.

ATENÇÃO 2! Não admitem a tentativa:

a) Crimes culposos, exceto no caso de culpa imprópria;


b) Crimes preterdolosos;
c) Crimes omissivos próprios;
d) Crimes habituais;
e) Crimes unissubsistentes;
f) Contravenções penais.

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XI- Desistência voluntária e arrependimento eficaz (artigo 15, CP)- na desistência


voluntária o agente, antes de terminar os atos de execução, desiste de forma voluntária em
não prosseguir com a prática do delito, respondendo assim apenas pelos atos até então
praticados. Ex: após dar a primeira facada, e podendo dar a segunda, o agente desiste de
prosseguir com a ação, respondendo apenas pela lesão corporal. Já no arrependimento eficaz
o agente, após esgotar os atos executórios, não permite que o delito se consume,
respondendo assim apenas pelos atos até então praticados. Se o delito se consumar, não terá
o benefício. Ex: o agente, após dar todas as facadas necessárias, se arrepende a socorre a
vítima, que não vem a óbito. Responderá apenas por lesão corporal. Veja que em ambos os
casos, se exige a voluntariedade, e não a espontaneidade.

XII- Arrependimento posterior (artigo 16, CP)- nos crimes sem violência ou grave
ameaça à pessoa, restituindo a agente a coisa ou reparando o dano, até o recebimento da
denúncia ou queixa, por ato voluntário, a pena deve ser diminuída de 1/3 a 2/3.

XIII- Crime impossível (art. 17)- o fato será atípico por ineficácia absoluta do meio
ou impropriedade absoluta do objeto material. Se forem relativas, haverá crime.

XIV- Concurso de pessoas (art. 29, CP): “Quem, de qualquer modo, concorre para o
crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”.
a) Teorias- monista (autores e partícipes respondem pelo mesmo delito), dualista
(o autor responde por um delito, e o partícipe por outro) e pluralista (cada partícipe responde
por delito próprio, podendo responder inclusive por delitos diferentes). O CP adotou a teoria
monista. Porém, há exceções de aplicação da teoria pluralista (art. 29, parágrafo 2º; art. 124 e
126 do CP).
b) Requisitos: pluralidade de condutas (podem ser comissivas e omissivas,
podendo haver uma conduta comissiva e outra omissiva na mesma situação, no caso dos
crimes omissivos impróprios. Exemplo: o segurança de um banco, insatisfeito com o serviço,
podendo evitar o assalto, deixa que o crime ocorra sem qualquer interferência. Sua conduta
omissiva contribui para o sucesso da conduta comissiva do assaltante); relevância causal
(típica) das condutas (a conduta deve ter alguma influência no resultado, sob pena de ser
considerada atípica) e liame (vínculo) subjetivo (não se exige ajuste prévio, basta que um
acabe aderindo à conduta do outro). Existindo esses três requisitos, todos os agentes
responderão pelo delito, na medida de sua culpabilidade. Exemplo de não configuração:
taxista que não sabe que está dando fuga a uma pessoa que acabou de furtar uma relojoaria.

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ATENÇÃO! Autoria colateral, autoria incerta e autoria mediata. Na autoria colateral,


duas pessoas, sem liame subjetivo, acabam atirando simultaneamente em uma pessoa. A
perícia descobre que o tiro de uma delas foi a que levou a vítima a óbito. Essa pessoa
responderá por homicídio consumado, e a outra apenas por tentativa de homicídio. Observem
que se houver liame subjetivo entre as pessoas, não será caso de autoria colateral,
respondendo ambas por homicídio, independentemente de quem causou o óbito. Na autoria
incerta, também inexiste liame subjetivo entre os agentes. Porém, nesse caso, a perícia não
consegue determinar qual dos disparou levou a vítima a óbito. Por essa razão, ambos os
autores responderão apenas por tentativa de homicídio, mesmo com a consumação do delito.
Por derradeiro, na autoria mediata, o autor instiga uma pessoa sem culpabilidade para a
prática do delito. Responde pelo crime como autor, mesmo que não tenha praticado o verbo
núcleo do tipo. Exemplo: induzir um inimputável a roubar. Quando se induz ou instiga um
animal, teremos a autoria imediata, pois o animal é considerado meio para a prática do crime.

c) Formas de concurso- coautoria (o coautor realiza o verbo núcleo do tipo, ou


seja, a conduta descrita no tipo penal, como por exemplo no roubo, uma pessoa pratica a
violência ou grave ameaça enquanto a outra subtrai os bens) e participação (o partícipe
concorre para o crime, sem praticar o verbo núcleo do tipo, podendo a participação ser moral,
por induzimento, por instigação ou mesmo material, como por exemplo no furto, a pessoa que
fica de guarda, enquanto a outra entra na casa para furtar os objetos).

d) Natureza jurídica da participação: o CP adotou a teoria da acessoriedade


limitada. Portanto, para o participe ser punido, basta que o autor pratique fato típico e ilícito,
não importando a culpabilidade. Exemplos: o menor entra na casa furtar os objetos, enquanto
o maior fica de guarda. Mesmo o menor sendo inimputável, e respondendo perante a Vara da
Infância e Juventude, o maior responderá pelo crime de furto. Exemplo 2: Dois amigos
decidem furtar o pai de um deles. O colega responderá normalmente pelo furto, enquanto o
filho poderá ser contemplado pela escusa absolutória, já que praticou furto contra ascendente
(vide artigo 181, inciso II, CP).
ATENÇÃO! A participação anterior ao crime faz com que a pessoa seja partícipe do
crime praticado, enquanto a participação posterior faz com que a pessoa responda por crime
autônomo. Exemplo: um amigo pede para que o outro empreste a garagem, pois irá praticar
um furto e necessita esconder o veículo. Após a prática, esconde o veículo na garagem,
respondendo ambos pelo delito de furto. Porém, se após a prática do crime o furtador pedir a
garagem ao colega, que não sabia do furto, tomando ciência apenas após a sua ocorrência e,

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mesmo assim, emprestar a garagem, o dono da garagem responderá por receptação (quando
visar seu proveito próprio ou de terceiro que não o autor do crime antecedente) ou por
favorecimento real (quando visar única e exclusivamente beneficiar o autor do crime
antecedente).

e) Participação de menor importância (artigos 29, parágrafo 1º): “Se a


participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço”.

f) Participação em crime menos grave (artigos 29, parágrafo 2º): “Se algum dos
concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena
será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave”.

g) Circunstâncias incomunicáveis (artigo 30): “Não se comunicam as


circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”.

h) Casos de impunibilidade (artigo 31): “O ajuste, a determinação ou instigação e


o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo
menos, a ser tentado”.

XV- Concurso de Crimes:


a) Conceito e critérios- ocorre quando uma pessoa, mediante uma ou mais
condutas, pratica mais de um crime. Será resolvido pelos critérios de cúmulo material (é a
soma das penas das infrações) e exasperação (se pega a pena do delito mais grave e aumenta-
se uma determinada fração).

b) Espécies:
I- Concurso material (artigo 69)- “Quando o agente, mediante mais de uma ação
ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as
penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas
de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela”. Exemplo: após roubar um depósito de
gás, o agente furta uma motocicleta para fugir. As penas do roubo e do furto serão somadas.
Pode ser homogêneo (mesmos crimes) e heterogêneo (crimes diversos);

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II- Concurso formal (artigo 70)- “Quando o agente, mediante uma só ação ou
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se a mais grave das penas
cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até
metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e
os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo
anterior”. Exemplo: com um único tiro, o agente acaba matando duas pessoas. Por serem
crimes idênticos, irá se pegar a pena de um deles, aumentado de 1/6 até a metade. Pode ser
homogêneo (mesmos crimes) e heterogêneo (crimes diversos); próprio ou perfeito (sistema da
exasperação, aumentando de 1/6 até a ½, não podendo a pena ultrapassar o cúmulo material,
chamado essa regra de concurso material benéfico) ou impróprio ou imperfeito (cúmulo
material, em razão dos desígnios autônomos, como no exemplo dado, se o agente quis matar
as duas pessoas com um único tiro).
III- Crime continuado (artigo 71)- “Quando o agente, mediante mais de uma ação
ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar,
maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplica-se a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave,
se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços”. Portanto, são
requisitos: mais de uma ação ou omissão; mais de dois crimes da mesma espécie (do mesmo
tipo penal); condições semelhantes de tempo (máximo de 30 dias); condições semelhantes de
lugar (no máximo cidades vizinhas); mesma forma de execução (semelhança do modus
operandi, não exigindo identidade). Preenchidos os requisitos, será presumido que o agente
praticou um único crime. Pode ser comum (exasperação de 1/6 a 2/3) ou qualificado (cúmulo
material, previsto no parágrafo único- o juiz pegará a pena do mais grave e poderá aumentar
até o triplo, respeitado o limite da soma das penas, também chamada essa hipótese de
concurso material benéfico). Para ocorrer o crime continuado qualificado, o réu deve ter
praticado crimes dolosos contra vítimas diferentes, mediante violência ou grave ameaça a
pessoa.

c) Pena de multa (artigo 72): “No concurso de crimes, as penas de multa são
aplicadas distinta e integralmente”.

Das Penas:
I- Sanção penal- são as penas e as medidas de segurança. O CP adotou o sistema
vicariante (aplica-se a pena ou medida de segurança).

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II- Finalidade da sanção penal- retributiva; preventiva (prevenção especial-


agente- e geral-sociedade); ressocializadora.

III- Classificação das penas:


a) PRIVATIVA DE LIBERDADE: se divide em reclusão e detenção, cominadas a
crimes, e prisão simples, cominada a contravenções penais.
ATENÇÃO! Em tese, a pena de reclusão é mais rígida do que a detenção, já que o
regime inicial para o cumprimento de pena nos casos de reclusão poderá ser o regime
fechado, semiaberto e aberto, e na detenção apenas os regimes semiaberto e aberto,
podendo ser o fechado no caso de regressão. No regime fechado o sentenciado cumpre a pena
em estabelecimento penal de segurança máxima ou média; no semiaberto em colônia agrícola,
industrial ou estabelecimento similar; no aberto trabalha ou frequenta cursos em liberdade,
durante o dia, e recolhe-se a Casa do Albergado ou estabelecimento similar à noite e nos dias
de folga.
ATENÇÃO 2! O efeito extrapenal específico da perda de poder familiar (tutela ou
curatela) só se aplica aos crimes punidos com reclusão.
ATENÇÃO 3! Nos crimes punidos com reclusão a medida de segurança será
obrigatoriamente a internação em casa de custódia e tratamento, enquanto nos punidos com
detenção será a medida de segurança, consistente em internação ou tratamento ambulatorial.
ATENÇÃO 4! A reclusão terá prioridade na execução da pena.

a.1) Fixação do regime inicial (art. 33): O juiz deverá levar em conta:
- quantidade da pena aplicada: na reclusão, pena maior que 08 anos- fechado; pena
superior a 04, e inferior a 08 anos- semiaberto; pena igual ou inferior a 04 anos- aberto. Já na
detenção, pena superior a 04 anos- semiaberto; pena igual ou inferior a 04 anos- aberto
- primariedade ou reincidência do acusado: na reclusão, a reincidência faz com que o
regime inicial seja o fechado ou o semiaberto (ver Súmula 269, STJ); na detenção, semiaberto.
- circunstâncias judiciais (art. 59, caput, CP)- as circunstâncias judiciais desfavoráveis
podem, desde que fundamentado de forma correta pelo juiz, alterar o regime inicial de
cumprimento de pena.
ATENÇÃO! Ver Súmulas 718 e 719 do STF, e 440 do STJ.
ATENÇÃO 2! Algumas leis especiais limitam a escolha do regime inicial. Ex: lei dos
crimes hediondos (lei nº 8.072/90), onde o regime inicial será o fechado.

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ATENÇÃO 3! De acordo com a lei nº 12.736, de 30/11/2012, “O tempo de prisão


provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será
computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade”. Ver
comentários aprofundados no tópico detração.

a.2) Sistema de cumprimento da pena privativa de liberdade: é progressivo (art. 112


da LEP), dependendo de dois requisitos:
- objetivo (lapso temporal);
- subjetivo (bom comportamento comprovado pelo diretor).
ATENÇÃO! Pode o juiz, dependendo do caso, determinar exame criminológico
(Súmula 439, STJ).
ATENÇÃO 2! Lapso Temporal:
- crimes comuns: 1/6;
- crimes hediondos, cometidos a partir de 29/03/07- lei nº 11.464/07)- 2/5 para réu
primário, e 3/5 se reincidente (aqui reincidência genérica, ou seja, basta que o segundo crime
seja hediondo). Antes desta data, a fração para esses crimes é de 1/6, já que lei posterior mais
gravosa não pode retroagir para prejudicar o réu;
- crimes contra a Administração Pública- art. 33, parágrafo 4º, CP- fora os outros
requisitos, reparação do dano ou devolução do produto.
ATENÇÃO 3! Cuidado que a Súmula 491 do STJ: “É inadmissível a chamada
progressão per saltum de regime prisional”. Porém, a doutrina e grande parte da
jurisprudência entende que quando não há vaga no regime semiaberto, o sentenciado deve
esperar sua vaga no regime aberto, pois o Estado tem que criar meios para a ressocialização do
condenado. Assim decidiu o STF na Súmula Vinculante nº 56!!! .
ATENÇÃO 4! Regressão de regime: ocorrerá com o cometimento de crime doloso;
falta grave; condenação por crime anterior que torne o regime incompatível; não pagar a
multa, podendo.
ATENÇÃO 5! Súmula 526 do STJ: “O reconhecimento de falta grave decorrente do
cometimento de fato definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do
trânsito em julgado de sentença penal condenatória no processo penal instaurado para
apuração do fato”.
ATENÇÃO 6! Sumula 520 do STJ: “O benefício de saída temporária no âmbito da
execução penal é ato jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade administrativa do
estabelecimento prisional”.

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ATENÇÃO 7! Súmula 534 do STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem do


prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do
cometimento dessa infração.

a.3) Remição (art. 120, LEP)- caberá nos regimes fechado e semiaberto. A cada 03
dias trabalhados, descontará um dia da pena do sentenciado.
ATENÇÃO! Súmula 341, STJ- a frequência em curso de ensino formal é causa de
remição.
ATENÇÃO 2! Art. 127, LEP- o cometimento de falta grave faz com que o preso perca
os dias remidos, no limite de 1/3, recomeçando a contagem a partir da data da infração
disciplinar (lei nº 12.433/2011).
ATENÇÃO 3! O preso que fica doente, quando estava trabalhando, continua remindo
nos dias em que ficar afastado.
ATENÇÃO 4! Súmula 533 do STJ: Para o reconhecimento da prática de falta
disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento
administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser
realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado.

ATENÇÃO 5! Súmula 562, STJ: É possível a remição de parte do tempo de execução


da pena quando o condenado, em regime fechado ou semiaberto, desempenha atividade
laborativa, ainda que extramuros.

a.4) Detração Penal- é o abatimento da pena final do período em que o sentenciado


permaneceu preso de forma cautelar, provisoriamente, no Brasil ou no estrangeiro (art. 42,
CP). Essa detração era feita pelo juiz da execução penal. Porém, para agilizar os benefícios
executórios ao réu, nos termos da lei nº 12.736, de 30/11/2012, que incluiu no CPP o
parágrafo 2º no artigo 387, “O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de
internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime
inicial de pena privativa de liberdade”. Com essa nova redação, a detração será feita pelo juiz
de 1º grau, podendo inclusive alterar o regime inicial de pena. Exemplo: Carlos está encontra-
se preso preventivamente por crime de roubo majorado por emprego de arma de fogo. Na
sentença, o juiz monocrático condena Carlos a uma pena de reclusão de 05 anos e 04 meses de
reclusão, com regime inicial semiaberto para o início do cumprimento de pena. Como Carlos
permaneceu preso preventivamente por este processo por 02 anos, na mesma sentença, o juiz
sentenciante já fará a detração, ou seja, o desconto do período em que Carlos permaneceu
preso preventivamente, tornando a sua pena final 03 anos e 04 meses de reclusão, com
regime inicial aberto para o início de cumprimento de pena. Consequentemente, na hipótese
colocada, haverá expedição de alvará de soltura em favor do réu.

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a.5) Regime Disciplinar Diferenciado (art. 52, LEP)- o preso que praticar crime doloso
ou falta grave, que ocasionar subversão da ordem e disciplina internas do presídio, sem
prejuízo da sanção penal, sofrerá RDD. Também poderá ser aplicado a membros de facção ou a
presos de alto risco para o presídio ou para a sociedade, dependendo, em todos os casos, de
decisão judicial. O RDD tem as seguintes características:
- duração máxima de 360 dias, podendo ser repetido por nova falta grave, no limite
de 1/6 da pena;
- recolhimento em cela individual;
- visita semanais de 02 pessoas, sem contar crianças, por 02 horas;
- 02 horas de banho de sol fora da cela.

a.6) Limite de cumprimento da pena- 30 anos (art. 75, CP)


ATENÇÃO! Se cometer novo crime após a unificação, despreza-se o tempo já
cumprido, operando-se nova unificação (art. 75, parágrafo 2º);
ATENÇÃO 2! Súmula 715, STF- a pena unificada não é considerada para a concessão
de outros benefícios (livramento, progressão, etc).

b) PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO- são autônomas e substituem, quando


possível, a pena privativa de liberdade. Se não forem cumpridas, convertem-se em pena
privativa de liberdade, pelo tempo faltante, respeitado um saldo de 30 dias (art. 44, parágrafo
4º, CP). Terão sempre a mesma duração das penas privativas de liberdade, com exceção da
prestação de serviços à comunidade, que deve ser cumprida pelo período de 01 hora de tarefa
por dia de condenação (art. 46, parágrafo 3º), sendo que as penas que forem maiores que 01
ano, pode o réu cumprir a prestação em menor tempo, mas nunca inferior a metade da pena
privativa de liberdade fixada.

b.1) Requisitos para a substituição (art. 44):


- pena privativa de liberdade não superior a 04 anos (salvo crime culposo, que não há
limites);

- crime praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa;

- não reincidência em crime doloso (pode haver se a medida for adequada, e desde
que não seja reincidente específico);

- circunstâncias pessoais favoráveis.

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b.3) Espécies:

- prestação pecuniária (art. 45, parágrafo 1º, CP): “A prestação pecuniária consiste no
pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com
destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem
superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do
montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os
beneficiários”;

- perda de bens ou valores (art. 45, parágrafo 3º, CP): “A perda de bens e valores
pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo
Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante do prejuízo
causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática do
crime”;

- prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas (art. 46, CP): “A


prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações
superiores a seis meses de privação da liberdade. A prestação de serviços à comunidade ou a
entidades públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado. A prestação de
serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e
outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais. As tarefas a que
se refere o § 1o serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas
à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a
jornada normal de trabalho. Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao
condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da
pena privativa de liberdade fixada”;

- interdição temporária de direitos (art. 47, CP): “As penas de interdição temporária
de direitos são: proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de
mandato eletivo; proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de
habilitação especial, de licença ou autorização do poder público; suspensão de autorização ou
de habilitação para dirigir veículo; proibição de frequentar determinados lugares; proibição de
inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos.

- limitação de finais de semana (art. 48, CP): “A limitação de fim de semana consiste
na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de
albergado ou outro estabelecimento adequado”.

ATENÇÃO! Penas igual ou inferiores a 01 ano- substituição por multa ou por uma
restritiva de direito; penas maiores que 01 ano- uma restritiva de direito ou multa, ou duas
restritivas de direito. A prestação de serviço à comunidade só pode ser aplicada em penas
superiores a 06 meses.

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c) Pena de Multa (art. 49)- o juiz aplica primeiro a quantidade de dias-multa, e


depois o valor de cada dia-multa. A quantidade vai, em regram de 10 a 360 dias-multa, de
acordo com a dosimetria. Já o valor de cada dia-multa será no mínimo de 1/30 e, no máximo, 5
vezes o valor do salário mínimo vigente. Se o juiz achar necessário, pode aumentar o valor final
até o triplo. Deve ser efetuado o pagamento até 10 dias após o trânsito em julgado. Pode o réu
requerer o parcelamento. O não pagamento vira execução fiscal, não podendo ser convertida
em pena privativa de liberdade.
ATENÇÃO! Sobrevindo ao acusado doença mental, a pena de multa é suspensa.
Cuidado pois nos termos do artigo 41 do CP, o sentenciado na mesma situação condenado a
pena privativa de liberdade é mandado a Hospital de custódia ou psiquiátrico.
ATENÇÃO 2! CUIDADO com a diferença entre pena de multa e pena restritiva de
direito consistente em prestação pecuniária.
ATENÇÃO 3! Súmula 521 do STJ: “A legitimidade para a execução fiscal de multa
pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da
Fazenda Pública”.

IV- Reincidência: (arts. 63 e 64, I e II, CP): “Verifica-se a reincidência quando o


agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no
estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Para efeito de reincidência: I - não
prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a
infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o
período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação; II -
não se consideram os crimes militares próprios e políticos”.

ATENÇÃO! crime com sentença transitada em julgado + crime= reincidência;

crime com sentença transitada em julgado + contravenção = reincidência

contravenção com sentença transitada em julgado + contravenção= reincidência

contravenção com sentença transitada em julgado + crime= não gera


reincidência, por falta de amparo legal.

ATENÇÃO 2! A sentença que conceder perdão judicial não será considerada para
efeitos de reincidência.

ATENÇÃO 3! Art. 64, I- o período de prova do SURSIS e do livramento condicional não


revogados podem ser contado no quinquênio.

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V- Fixação da pena- é a chamada dosimetria da pena. Adotamos o sistema


trifásico (art. 68, CP): “A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste
Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último,
as causas de diminuição e de aumento”.

ATENÇÃO! Súmula 444, do STJ: “É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações


penais em curso para agravar a pena-base”.

ATENÇÃO 2! Na segunda fase, se concorrerem agravantes e atenuantes, prevalecerá:


motivos determinantes do crime; personalidade do agente; reincidência. Segundo a
jurisprudência, a personalidade do agente inclui a idade, que deve prevalecer.

ATENÇÃO 3! Na primeira e na segunda fase, não pode o juiz ultrapassar o mínimo e o


máximo da pena em abstrato, só podendo fazê-lo na terceira fase.

ATENÇÃO 4! havendo mais de um delito, deve o juiz aplica a dosimetria


individualmente para cada crime, aplicando, ao final, a regra do concurso de crimes.

ATENÇÃO 5: Súmula 545 do STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação
do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código
Penal.

VI- SURSIS
Pode ser processual e penal. O processual está previsto no art. 89 da nº lei 9.099/95,
e são aplicadas aos delitos que tem pena mínima igual ou inferior a 01 ano. O juiz recebe a
denúncia e homologa, caso seja ofertado pelo Ministério Público. Cumprida o acordo, gera a
extinção da punibilidade, não ocorrendo à reincidência. Já o penal está previsto no artigo 77,
do CP, e possui algumas espécies. Em regra, o réu deve ter sido condenado à pena igual ou
inferior a 02 anos. Se cumprido o acordo, extingue a pena privativa de liberdade. Se cometer
novo crime após o cumprimento do SURSIS, gera reincidência.
Espécies de suspensão condicional da pena:

a) SURSIS Simples (art. 77, I,II,III e parágrafo 1º). São requisitos:

- pena privativa de liberdade igual ou inferior a 02 anos;

- não for cabível a substituição por pena restritiva de direito;

- não reincidência em crime doloso, salvo se a pena do primeiro delito for de multa;

- circunstâncias pessoais favoráveis.

ATENÇÃO! Período de prova- de 02 a 04 anos, contado da audiência de advertência;

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ATENÇÃO 2: Condições: no primeiro ano, deve prestar serviços à comunidade ou


limitação dos finais de semana. O juiz pode fixar outras condições.

b) SURSIS Especial- é aplicado nos casos que o condenado preenche todos


requisitos do SURSIS simples, repara o dano, salvo a impossibilidade de fazê-lo, e possui as
circunstâncias judiciais do artigo 59 do CP inteiramente favoráveis para si. As condições de
cumprimento serão mais brandas, já que substitui a prestação de serviços ou a limitação do
fim de semana por: proibição de frequentar determinados luares; proibição de ausentar-se da
comarca sem autorização; comparecimento pessoal e obrigatório mensal a juízo, para informar
e justificar as atividades. Essas restrições são cumulativas. O período de prova também será
idêntico.

c) SURSIS Etário- art. 77, parágrafo 2º- é aplicado ao réu que, na sentença, possui
mais de 70 anos. São os mesmos requisitos, salvo a pena aplicada, que pode ser de até 04 anos
(igual ou inferior), sendo que, nessa espécie de suspensão, o período de prova será de 04 a 06
anos.

d) SURSIS humanitário- é aplicada ao sentenciado que na sentença estiver


acometido de moléstia grave, sendo que as razões de sua saúde justificam a suspensão. É
idêntico ao SURSIS etário em relação aos requisitos e ao período de prova.

e) SURSIS ambiental- ver artigos 16 e 17 da lei nº 9.605/98 (lei dos crimes


ambientais).

ATENÇÃO! Revogação do SURSIS- revogado a suspensão, o sentenciado deve cumprir


a pena toda. É obrigatória a revogação quando, no período de prova, ocorrer:

- condenação irrecorrível por crime doloso, salvo se a pena for apenas de multa;

- não efetuar a reparação do dano, salvo por motivo justificado;

- descumprir a prestação de serviços ou a limitação do final de semana.

Será facultativa a revogação quando descumprida qualquer outra condição, ou o


sentenciado for condenado irrecorrivelmente a crime culposo ou contravenção com pena
privativa de liberdade ou pena restritiva de direito. Aqui o juiz pode optar por revogar, ou
aumentar o período de prova até o limite máximo, se este já não havia sido fixado.

ATENÇÃO 2! Prorrogação automática (art. 81, parágrafo 2º, CP)- ocorre se o réu
praticar novo crime ou contravenção no período de prova. Se condenado, há revogação do
SURSIS; se absolvido, ocorre à extinção da pena. A prorrogação dura até o julgamento desse
novo delito.

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Obs 3: audiência adminitória (art. 160, LEP)- ocorre após o trânsito em julgado da
sentença. Começa desta data o período de prova. O não comparecimento injustificado do réu
leva a extinção da suspensão, sendo executada imediatamente a pena (art. 161, LEP).

VII- Livramento Condicional (art. 83 e 84): Trata-se de verdadeira antecipação da


liberdade, visando à reinserção social. O tempo em que o sentenciado permanecer em
liberdade sob as condições do livramento é chamado de período de prova. São requisitos:

- condenação à pena privativa de liberdade maior ou igual a 02 anos;

- cumprimento de 1/3 da pena, se primário; ½, se reincidente em crime comum; 2/3


se praticou crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
tráfico de pessoas e terrorismo . Reincidente específico em crime hediondo não tem direito a
esse benefício;

- reparação do dano, salvo a impossibilidade de fazê-lo;

- comportamento carcerário satisfatório;

- aptidão e bom desempenho para o trabalho, a fim de que possa sobreviver;

- para os condenados por crimes com violência ou grave ameaça, constatação de


presunção de que não vai voltar a delinquir.

Atenção: - Súmula 441, STJ- “A falta grave não interrompe o prazo para a obtenção
do livramento condicional”. Veja que é diferente da remição, em que a falta grave faz com que
o sentenciado perca os dias remidos no limite de 1/3 (ver artigo 127, LEP).

Observações:

- condições obrigatórias (ler art. 132, parágrafo 1º, LEP);

- condições facultativas (ler art. 132, parágrafo 2º, LEP);

- revogação obrigatória (art. 86, CP)- o livramento será obrigatoriamente revogado se


o condenado foi definitivamente condenado à pena privativa de liberdade por crime cometido
durante a vigência do benefício, ou se condenado definitivamente por delito anterior. No
primeiro caso, o tempo que ele cumpriu de livramento (período de prova) não será
descontado, devendo o sentenciado cumprir a pena de forma integral, não podendo ser
concedido novo livramento para essa pena. Já em relação à condenação por crime anterior,
deve ser descontado o tempo em que o sentenciado ficou com o benefício (período de prova),
devendo-se somar a pena dos dois crimes e verificar se o condenado pode permanecer em
livramento pelo tempo em que ficou preso e cumpriu o livramento. Caso não possa, o
livramento será revogado, devendo o sentenciado cumprir o resto da pena somado com a
pena do delito anterior em que foi condenado, podendo obter novo livramento após o
cumprimento dos requisitos.

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- revogação facultativa (art. 87, CP): “O juiz poderá, também, revogar o livramento,
se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for
irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de
liberdade”;

-suspensão e prorrogação do período de prova (art. 89, CP e 145, da LEP)- se o


sentenciado praticar novo crime após iniciar o cumprimento do livramento, pode o juiz
determinar o recolhimento do condenado à prisão, não podendo a pena ser declarada extinta
até o julgamento definitivo do delito, já que se livramento será suspenso. Se for absolvido, a
pena será declarada extinta. Se condenado, ver observações da revogação obrigatória.

- extinção da pena (art. 90, CP)- extingue a pena privativa de liberdade.

VIII- Efeitos da condenação- se dividem em penais (principais- é a imposição de


penas ou medidas de segurança- e secundários- revogação de SURSIS ou livramento
condicional, possibilidade de caracterizar reincidência, etc), e extrapenais (genéricos- ler art.
91- são automáticos- e específicos- ler art. 92- não são automáticos, dependendo de
decretação pelo juiz na sentença).
Em relação ao artigo 91, atenção para o parágrafo 1º e 2º acrescentados pela lei
12.694, de 24/07/12, que assim dispõe:
§ 1º: Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao
produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se
localizarem no exterior.
§ 2º: Na hipótese do § 1º, as medidas assecuratórias previstas na legislação
processual poderão abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou
acusado para posterior decretação de perda.

Conforme se observa, o efeito obrigatório da condenação agora poderá ser garantido


recaindo sobre bens que não sejam os produtos ou proventos do crime, permitindo-se a
utilização de arresto, sequestro ou hipoteca legal.

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IX- Reabilitação- (ler artigos 93 , 94, e 95 do CP): é o benefício que tem por
finalidade restituir o condenado à situação anterior à condenação, retirando as anotações de
seu boletim de antecedentes. Possibilita a suspensão parcial dos efeitos extrapenais
específicos do art. 92, incisos I e II (parcialmente porque não permite a reintegração na
situação anterior) e a suspensão integral do efeito extrapenal específico do art. 92, inciso III.
Exige condenação definitiva e decurso do prazo de 02 anos a contar da extinção ou término da
execução da pena, podendo ser computado o período de prova do SURSIS e do livramento, se
não ocorrer a revogação desses benefícios. A competência para examinar o pedido é do juiz do
processo de conhecimento, e não do juiz da execução.

X- Medida de segurança (ler arts. 96 e 97): são aplicadas aos criminosos que
possuam doenças mentais ou perturbação da saúde mental (inimputáveis ou semi-
imputáveis), necessitando assim de internação em hospital de custódia e tratamento (medida
de segurança detentiva- aplicada obrigatoriamente aos crimes punidos com reclusão, podendo
também ser aplicada nos crimes punidos com detenção), ou tratamento ambulatorial (medida
de segurança restritiva- aplicada aos crimes punidos com detenção). O prazo mínimo será de
01 a 03 anos, sendo renovado até que seja cessada a periculosidade do agente. Porém a LEP
permite que o juiz antecipe o exame de cessação da periculosidade a qualquer tempo. O STJ
vem entendendo que a medida de segurança não pode ultrapassar a pena em abstrato do
delito praticado, evitando assim uma pena perpétua. A desinternação ou liberação será
sempre condicional, devendo ser restabelecida se o agente, no prazo de um ano, comete novo
fato indicativo da persistência de sua periculosidade.

XI- ATENÇÃO! Súmula 527 do STJ: “O tempo de duração da medida de segurança


não deve ultrapassar o
limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado”.

Punibilidade e Extinção da Punibilidade


As causas estão previstas no artigo 107, do CP. Porém esse rol é exemplificativo,
existindo outras formas de extinção da punibilidade. Ex: crimes contra a ordem tributária. As
hipóteses do artigo 107 são:

a) Morte do agente;
b) Anistia, graça e indulto- a anistia é concedida pelo Congresso Nacional,
mediante lei ordinária. Dirige-se a fatos, determinando seu esquecimento. Afasta todos os
efeitos penais (principais e secundários), menos os efeitos civis. Pode ocorrer antes ou depois

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do trânsito em julgado da sentença. Já a graça (indulto individual) é concedida a determinada


pessoa, por decreto presidencial, assim como o indulto, que é dirigido a uma categoria de
pessoas. É necessário o trânsito em julgado da sentença, e só afasta os efeitos penais
principais da condenação, persistindo os secundários e os civis (gera reincidência).

ATENÇÃO: Súmula 535 do STJ: A prática de falta grave não interrompe o prazo para
fim de comutação de pena ou indulto.

c) Abolito criminis- afasta todos os efeitos penais (principais e secundários),


menos os efeitos civis;
d) Prescrição, decadência e perempção (art. 60, CPP).

ATENÇÃO! Crimes imprescritíveis: racismo e ação de grupos armados, civil ou militar,


contra a ordem constitucional ou Estado Democrático de Direito.

ATENÇÃO 2! A prescrição da pretensão punitiva apaga todos os efeitos penais,


principais e executórios, e extrapenais, enquanto a prescrição da pretensão executória só os
efeitos penais principais.

e) Renúncia do direito de queixa- só é cabível na ação exclusivamente privada;


f) Perdão do ofendido- só é cabível na ação exclusivamente privada;
g) Retratação do agente;
h) Perdão judicial- não gera reincidência.

PRESCRIÇÃO:

É a principal causa extintiva da punibilidade. Todas às vezes em que é praticado um


crime, há um conflito de interesses que se dá em face da pretensão do Estado de ver punido o
infrator e do acusado de manter a sua liberdade. Pretensão é a exigência de subordinação do
interesse alheio ao interesse próprio.

Todas as vezes que é praticada uma infração penal, o Estado tem um prazo para a
apuração da infração e para a imposição da sanção penal. Mas há um outro prazo ainda que
deve ser observado: a sanção imposta deve ser cumprida dentro de um determinado período,
caso contrário ocorrerá a prescrição também, mas a prescrição da pretensão executória.
Prescrição é a perda do jus puniendi do Estado ou do direito de executar a sanção imposta em
virtude do decurso de um determinado lapso temporal. Esta limitação temporal que é dada ao
Estado é uma garantia do cidadão. Por isso uma crítica que pode ser feita à CF é a
imprescritibilidade de determinados crimes. Há quem sustente que todas as vezes que alguém
é condenado a uma pena muito elevada, pode ser arguida a inconstitucionalidade. Isto, pois a
pena de grande duração acaba inviabilizando a reinserção social e, com isto, é afetada a sua
principal finalidade. A prescrição é matéria de ordem pública que pode ser reconhecida de
ofício por parte do juiz ou em atenção a requerimento da parte. Ela pode ser reconhecida em
sede de IP, no processo judicial ou na fase de execução de pena; ela pode ser reconhecida nos

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crimes de ação penal de iniciativa privada, de ação penal pública condicionada ou de ação
penal pública incondicionada

O art. 117 do CP trata das causas interruptivas da prescrição. Ocorre que há causas
interruptivas da prescrição que são aplicadas em algumas formas prescricionais e não às
outras, assim como existem causas que interessam a uma única forma prescricional (ex.:
reincidência, que interessa apenas à prescrição executória).

“Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:

I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;

II - pela pronúncia;

III - pela decisão confirmatória da pronúncia;

IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;

V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;

VI - pela reincidência.

§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da


prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes
conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a
interrupção relativa a qualquer deles.

§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o


prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.”

Assim, o grande desafio é construir a teoria da prescrição e, posteriormente, tratar


de cada uma das formas prescricionais.

Teoria geral da prescrição

Há dois grandes grupos: prescrição da ação (também chamado de prescrição da


pretensão punitiva) e prescrição da condenação (também chamado de prescrição da
pretensão executória). Esta divisão é importante, porque todas às vezes em que for
reconhecida a prescrição da ação, é como se não tivesse sido praticado crime algum, ainda que
exista contra o réu sentença condenatória, não perdurando qualquer efeito desta sentença
(sumirá todos os efeitos da sentença condenatória, primários ou secundários, só perdurando o
dever de indenizar no cível). E, o mesmo não ocorre com a prescrição da condenação, que faz
desaparecer apenas os efeitos primários, perdurando os demais (gera reincidência, por
exemplo).

Prescrição da ação (prescrição da pretensão punitiva)

Por sua vez, existem 04 (quatro) modalidades de prescrição da ação:

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I – Prescrição em abstrato ou propriamente dita: nos termos do artigo 111, do CP, a


prescrição se inicia com a consumação do delito, ou, no caso de tentativa, do dia em que
cessou a atividade criminosa, ou ainda, nos crimes permanentes, do dia em que cessou a
permanência, ou nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do
registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido, ou nos crimes contra a dignidade
sexual de crianças e adolescentes, previstos no Código Penal ou em legislação especial, da
data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido
proposta a ação penal (lei 12.650/12, de 17/05/12). Regula-se pena máxima em abstrato
prevista para o delito. Ex: no crime de furto simples, a pena máxima em abstrato é de 04 anos
de reclusão. Por essa razão, jogamos quatro anos na tabela do artigo 109, do CP, onde deverá
ser observado a data do início da prescrição até o recebimento da denúncia pelo juiz, e do
recebimento da denúncia até a sentença condenatória recorrível, já que a partir deste
momento teremos uma pena em concreto, mudando assim a espécie de prescrição e o lapso
prescricional.

II- Prescrição retroativa: nesta modalidade os prazos são contados para trás. Se inicia
a partir da sentença condenatória transitada em julgado para a acusação, ou quando
improvido o seu recurso. Exemplo: no crime de furto, o juiz de 1ª Instância condena o réu a
uma pena de 01 ano e 02 meses de reclusão. O MP não apela, havendo apelação só para a
defesa. Como o Tribunal não pode reformar a sentença para pior, sem o recurso da acusação,
houve nesse caso o transito em julgado para a acusação, iniciando-se assim o prazo
prescricional para essa modalidade de prescrição. Jogamos essa pena em concreto na tabela
do artigo 109 do CP, só que fazemos o caminho inverso, ou seja, da sentença ao recebimento
da denúncia, e, se não houver prescrição, do recebimento da denúncia até o início do prazo
prescricional.

ATENÇÃO! A lei nº 12.234, de 05 de maio de 2010, acabou com a prescrição


retroativa do recebimento da denúncia até o início do prazo prescricional. Como se trata de lei
penal in pejus, não pode retroagir para prejudicar o réu. Portanto, se o crime foi praticado
antes desta data, haverá prescrição retroativa nesse período.

ATENÇÃO 2! Essa mesma lei aumentou o prazo prescricional do inciso VI, do artigo
109, do CP, que passou de 02 para 03 anos. Sendo assim, crimes praticados antes de 05 de
maio de 2010, com pena inferior a 01 ano, prescreverão em 02 anos.

III – Prescrição intercorrente, subsequente ou superveniente à sentença penal


condenatória: esta modalidade de prescrição também trabalha com a pena in concreto. Nesta
modalidade também não haverá sentença penal definitiva, pois também se inicia com o
transito em julgado para a acusação, ou quando improvido o seu recurso. Aqui olhamos para
frente, e não para trás, terminado essa prescrição com o transito em julgado para a defesa,
pois daí passaremos a verificar a prescrição da pretensão executória. Geralmente ocorre com a
demora para que os Tribunais julguem os recursos defensivos.

IV- Prescrição virtual ou antecipada: a prescrição virtual ou por antecipação ou por


perspectiva não encontra amparo legal, tratando-se de criação doutrinária e jurisprudencial, e
atualmente não vendo sendo aplicada, já que o STJ editou a Súmula nº 438, que impede o seu

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reconhecimento. Por sua vez, o STF algumas vezes já reconheceu essa modalidade de
prescrição. Estamos aguardando o posicionamento do STF após a Súmula editada pelo STJ.

Nessa modalidade de prescrição, antes de qualquer sentença, imaginamos a pena


que será aplicada ao réu, já que a aplicação da pena pelo juiz não arbitrária, seguindo
parâmetros exigidos pela dosimetria da pena.

Dessa forma, pelas circunstâncias subjetivas do réu e do processo, é fácil saber qual
pena lhe será aplicada em caso de eventual condenação.

E a CF traz no artigo 37 alguns princípios que devem ser seguidos pela Administração
Pública, dentre eles o princípio da eficiência.

Dessa forma, sabendo que a pena em concreto, aplicada na sentença, irá gerar uma
prescrição retroativa, por qual motivo seguir o processo até o final, enchendo a pauta e
gastando o dinheiro público em um processo que futuramente irá ser reconhecida a
prescrição?

Esse é o fundamento desta espécie de prescrição.

Prescrição da condenação (prescrição da pretensão executória)

A prescrição da condenação tem apenas uma forma: a prescrição da pretensão


executória, prevista no art. 110, caput do CP:

“Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença


condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo
anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente”.

Só é possível o reconhecimento da prescrição da pretensão executória se houver


uma sentença condenatória definitiva, ou seja, com trânsito em julgado para a acusação e para
a defesa.

Porém, ATENÇÃO! SEU PRAZO SE INICIA COM O TRANSITO EM JULGADO DA


SENTENÇA CONDENATÓRIA PARA A ACUSAÇÃO!

Portanto, pagamos a sentença condenatória transitada em julgado e jogamos na


tabela do artigo 109 do CP, lembrando sempre que seu termo inicial será o trânsito em julgado
para a acusação.

Esta sentença penal condenatória, necessariamente deverá ter imposto uma sanção
penal ao sentenciado. A prescrição da pretensão executória dispensa o sentenciado, apenas do
cumprimento da pena; irão perdurar todos os demais efeitos da sentença penal condenatória,
quer dizer, o nome do réu será lançado no rol dos culpados, ele terá que pagar as custas e
despesas processuais, deverá reparar o dano pela prática do crime, pela via especial (não
ordinária) e essa condenação irá gerar futura reincidência.

ATENÇÃO! Em ambas as modalidades de prescrição (da pretensão punitiva e da


pretensão executória), nos termos do artigo 115, do CP, “são reduzidos de metade os prazos

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de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou,
na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos”.

Atenção 2! A prescrição da pena de multa ocorrerá: em 2 (dois) anos, quando a


multa for a única cominada ou aplicada; no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena
privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou
cumulativamente aplicada.

Atenção 3! Quando o réu é processado por mais de um delito, analisa-se a prescrição


de cada crime de forma individual.

Parte Especial

TÍTULO I- DOS CRIMES CONTRA PESSOA

1- Dos crimes contra a vida

São eles: homicídio, infanticídio, instigação, participação ou auxílio em suicídio e


aborto.

Todos estes crimes são julgados pelo Tribunal do Júri, pois são dolosos contra a vida,
com exceção, é óbvio, do homicídio culposo, que será julgado por uma Vara Criminal Comum,
assim como os outros crimes que o resultado morte ocorre a título de culpa. Ex: latrocínio,
lesão corporal seguida de morte, etc.

A) Homicídio (artigo 121)- Possui como espécies:

A.1) Homicídio simples- está previsto no artigo 121, do CP.

I- Sujeito ativo- qualquer pessoa (é crime comum). São excluídos os que tentam
contra a própria vida, uma vez que nem a tentativa de suicídio é fato punível;
II- Sujeito passivo- qualquer pessoa com vida extrauterina;
III- Consumação- com a morte da vítima, que hoje se dá com a morte encefálica. É
apurada por exame necroscópico;
IV- Elemento subjetivo- dolo direto ou eventual;
V- Tentativa- é possível (é crime material).

Obs: o homicídio simples será hediondo quando praticado em atividade típica de


grupo de extermínio, mesmo que praticado por uma só pessoa.

A.2) Homicídio privilegiado- está previsto no artigo 121, parágrafo 1º, do CP. É causa
especial de diminuição de pena, de 1/6 a 1/3. Trata-se de circunstância de caráter pessoal, e
por isso não se comunica aos coautores e partícipes. Pode ocorrer em duas hipóteses: se o

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agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor moral ou social, ou se o agente
comete o crime sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da
vítima.

Obs: é possível o homicídio privilegiado-qualificado? Em que pese à divergência


existente, responderemos que sim, desde que a qualificadora seja objetiva (art. 121, parágrafo
2º, incisos III e IV), já que o privilégio é subjetivo. Nesse caso, não será hediondo.

A.3) Homicídio qualificado- está previsto no artigo 121, parágrafo 2º, incisos I a VII,
do CP. Todas as suas formas são hediondas. São casos em que os motivos determinantes, os
meios empregados ou os recursos empregados demonstram maior periculosidade do agente e
menor possibilidade de defesa da vítima, tornando o fato mais grave do que o homicídio
simples. (ler artigo).

A.4) Homicídio culposo- está previsto no artigo 121, parágrafo 3º, do CP. É aquele
causado por negligência, imprudência ou imperícia. Se ocasionado na direção de veículo
automotor, possui tipo específico: artigo 302, do CTB.

Observação: causas de aumento de pena (artigo 121, parágrafo 4º, do CP)- a pena
do homicídio doloso será aumentada em 1/3 se o crime for praticado contra pessoa menor de
14 anos ou maior de 60 anos. Já a do homicídio culposo será aumentada no mesmo patamar
se resultar da inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, se o agente deixa de
prestar socorro imediato a vítima, se não procura diminuir as consequências de seus atos ou se
foge para evitar a prisão em flagrante.

Observação 2- Pode, no homicídio culposo, o agente ser beneficiado pelo perdão


judicial (art. 121, parágrafo 5º), desde que as consequências do crime atingirem o próprio
agente de forma tão grave que a pena se torne desnecessária.

Atenção: A lei 12.720, de 27/09/2012, acrescentou no artigo 121 o parágrafo 6º, que
possui a seguinte redação: “A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for
praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por
grupo de extermínio”.

Atenção 2: § 2º-A: A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a


metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;

II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com


deficiência;

III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.

Atenção 3: A lei nº 13.142/2015, de 06/07/2015, acrescentou o inciso VII no § 2º do


CP: “contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau, em razão dessa condição”.

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B) Induzimento, instigação ou auxílio em suicídio (artigo 122)- A participação


pode ser moral, como no ato de induzir (suscitar a ideia, sugerir o suicídio) ou Instigar (significa
reforçar, estimular, encorajar um desejo já existente); ou pode ser material, como no ato de
auxiliar (consiste na prestação de ajuda material que tem caráter meramente secundário).
Cuidado apenas com os pactos de morte em que um dos agentes pratica um ato executório: se
ele sobreviver, responderá por homicídio. Este crime se consuma com o resultado natural
(morte ou lesão corporal de natureza grave). Quanto a tentativa, esta não é admitida.
Ressalte-se que em não havendo a ocorrência de morte ou lesão corporal grave, o fato é
atípico.

C) Infanticídio- está previsto no artigo 123, do CP. Ocorre quando a mãe mata o
filho, durante o parto ou logo após, sob a influência do estado puerperal. Não confundir o
estado puerperal com a depressão pós-parto, que pode gerar a inimputabilidade ou semi-
imputabilidade, já que é considerada patologia psiquiátrica. O estado puerperal será
constatado por laudo, e é temporário. São alterações psíquicas na mulher geradas pelo parto.
Se ficar constatado que não estava sob a influência do estado puerperal, haverá crime de
homicídio.
I- Sujeito ativo- somente a mãe pode ser autora. Admite-se coautoria e
participação (crime próprio);
II- Sujeito passivo- é o filho que está nascendo ou que acabou de nascer;
III- Consumação- com a morte do filho, que hoje se dá com a morte encefálica;
IV- Elemento subjetivo- dolo direto ou eventual. Se a morte decorrer por culpa,
mesmo que a mãe esteja sob o estado puerperal, responderá por homicídio culposo;
V- Tentativa- é possível.

Obs: se a mãe sob o estado puerperal mata outra criança achando tratar-se de seu
filho, responderá pelo crime, já que o erro de tipo acidental, nesse caso, sobre a pessoa, não
exclui o crime.

D) Aborto (artigos 124 a 128)- é a interrupção dolosa da gravidez, com a morte


do produto da concepção. Tutela a vida intrauterina, que se inicia com a nidação (implantação
do óvulo fecundando no útero), embora alguns defendam que se inicia com a fecundação. É
importante essa discussão em virtude da pílula do dia seguinte, que o Ministério da Saúde

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permite seu uso, o que gera atipicidade para os que defendem a nidação, e exercício regular
de direito para os que defendem a fecundação.
I- Sujeito ativo- qualquer pessoa;
II- Sujeito passivo- o feto e/ou a gestante, no aborto sem consentimento;
III- Consumação- com a morte do feto;
IV- Elemento subjetivo- dolo direto ou eventual;
V- Tentativa- é possível.

São espécies de abortos criminosos:

D.1) Autoaborto e aborto consentido- está previsto no artigo 124, do CP. É crime de
mão própria, só admitindo assim participação. Se alguém realizar o aborto com o
consentimento da gestante, ela responderá por este crime, e a outra pessoa pelo artigo 126.

D.2) Aborto provocado por terceiro- possui três formas:

I- com o consentimento da gestante (art. 126)- é a situação em que a gestante


responderá pelo artigo 124, e a pessoa que realizar o aborto pelo artigo 126. Cuidado que o
consentimento será inválido se a gestante tiver 14 anos ou menos, se for alienada ou débil
mental, ou se o consentimento for obtido através de fraude, grave ameaça ou violência,
respondendo o agente, nesses casos, pelo artigo 125 (aborto sem consentimento).

II- sem o consentimento da gestante (artigo 125)

Observação: causa de aumento de pena- as penas do artigo 125 e 126 poderão sofrer
acréscimo de 1/3, se da manobra abortiva resultar lesão grave, e duplicadas, se resultar a
morte da gestante, mesmo que o aborto fique na modalidade tentada.

D.3) Aborto legal ou permitido (artigo 128)- pode ocorrer em duas hipóteses:

I- aborto necessário ou terapêutico- o aborto deve ser praticado por médico, para
salvar a vida da gestante (é necessário esses dois requisitos). Independe de autorização
judicial. Se praticado por parteira, não responderá pelo crime em razão do estado de
necessidade;

II- aborto ético, sentimental, humanitário- o aborto deve ser praticado por médico,
nos casos de gravidez decorrentes de estupro, com o consentimento da gestante ou de seu
representante legal. O médico independe de autorização legal, mas deverá provar que o crime
sexual estava configurado, cercando-se de garantias (cópia de processo, etc). Se praticado por
parteira, só não responderá pelo crime se provar que a gestante não possuía acesso ao
médico.

2- Das lesões Corporais

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Está previsto no artigo 129, do CP. É toda e qualquer ofensa causada à integridade
física ou à saúde de outrem, desde que o objetivo não seja a prática de outro crime. Se divide
em: leve, grave (impede a vítima das ocupações habituais por mais de 30 dias, causa
debilidade permanente de membro, sentido ou função, acelera o parto ou causa risco de
morte ao ofendido), gravíssima (incapacidade permanente para o trabalho, perda ou
inutilização de membro, sentido ou função, causa aborto, enfermidade incurável ou
deformidade permanente), seguida de morte, culposa, decorrente de violência doméstica.
Atenção que a lei 12.720, de 27/09/2012, modificou o parágrafo 7º, que passou a ter
a seguinte redação: “Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses
dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código”.
Atenção 2! § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos
arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional
de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é
aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015).
Atenção 3! A lei nº 13.142/2015 incluiu o delito de lesão corporal gravíssima e a
lesão seguida de morte no rol dos crimes hediondos da lei nº 8.072/90: “I-A – lesão corporal
dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, §
3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro
ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.

3- Da periclitação da vida e da saúde


A) Omissão de Socorro (artigo 135)- O crime de omissão de socorro é um crime
omissivo próprio. Inexiste a violação de um dever especial de agir imposto pela norma, porque
não há norma impondo o que deveria ser feito. Perante o Código Penal brasileiro duas são as
espécies de omissão de socorro: a) deixar de prestar assistência; b) não pedir o socorro da
autoridade pública. Pode ser praticado por qualquer pessoa, não havendo obrigatoriedade de
qualquer vinculação anterior entre os sujeitos do delito. São sujeitos passivos: criança
abandonada ou extraviada; pessoa inválida; pessoa ferida; pessoa em grave e iminente perigo.
Formas qualificadas (parágrafo único): A pena será aumentada à metade, se da
omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplica se resulta morte. Para tanto é
necessário que se comprove que o sujeito ativo se atuasse, poderia evitar esses resultados,
sendo indispensável à prova do nexo causal. Por se tratar do crime omissivo puro, a

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consumação se dará no momento da abstenção do comportamento devido. Não se admite


tentativa em crime omissivo puro.

B) Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (Incluído


pela Lei nº 12.653, de 2012).
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem
como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o
atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Incluído pela Lei nº
12.653, de 2012).
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de
atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte
Trata-se de crime próprio, pois só pode ser praticado por administradores e
funcionários do hospital.
O sujeito passivo é a pessoa em estado de emergência.
O crime consiste em negar atendimento emergencial, exigindo do paciente o de seus
familiares, como condição para a execução dos procedimentos de socorro, cheque caução,
nota promissória ou qualquer garantia, ou preenchimento prévio de formulários
administrativos.
O elemento subjetivo é o dolo, e o crime se consuma com a indevida exigência.
Atenção para as causas de aumento do parágrafo único.

C) Maus – tratos (artigo 136)- A conduta típica é expor a perigo a vida ou saúde
da vítima pelo abuso voluntário do agente, que deve exercer sua autoridade ou poder de
correção e disciplina com prudência e moderação. A 1ª conduta típica é a de privar a vítima de
alimentos indispensáveis, ou seja, a de não lhe proporcionar o responsável, alimentação
adequada. A 2ª é privar de cuidados indispensáveis ao dependente (cama, de roupa, de
higiene, de assistência médica, de medicamentos etc.). A 3ª é sujeitar a vítima a trabalho
excessivo ou impróprio. A 4ª ocorre pelo abuso dos meios de correção e disciplina. Somente
pode ser autor a pessoa que tem outra sob sua guarda, autoridade ou vigilância para fins de
educação, ensino, tratamento ou custódia. Portanto, só podem ser sujeito passivo as pessoas
que se encontram subordinadas aos pais, tutores, professores, etc. Consuma-se com a
exposição do sujeito passivo ao perigo de dano por meio de uma conduta ativa ou omissiva. A
tentativa admite-se tão somente nas modalidades comissivas.

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Formas qualificadas (parágrafos 1º e 2º): O crime será qualificado quando da


exposição resultar: lesão corporal grave; morte.
Causa de aumento de pena (parágrafo 3º): A pena será aumentada em 1/3 se o crime
for praticado contra pessoa menor de 14 anos.

4- Da Rixa (art. 137)


É a briga desordenada com recíprocas ofensas entre mais de duas pessoas,
acompanhadas de vias de fato ou violência recíproca, pouco importando se forme de
improviso ou de propósito. É praticada por cada um dos contendores (rixosos rixentos) contra
os demais. Configura-se o crime ainda que haja arremesso de objetos, disparo de armas de
fogo, sem contato corporal. O elemento subjetivo do tipo é o dolo, não sendo o delito punido
na modalidade culposa. Importante ainda ressaltar que aquele que tem a intenção de
apaziguar ou de separar os contendores, não responde pelo delito. Trata-se o crime de rixa de
crime plurissubjetivo (concurso necessário). Exigem-se três ou mais pessoas. Dá-se a
consumação com a prática de vias de fato ou de violência recíproca. Nesse momento,
presume-se a ocorrência do resultado, que é o próprio perigo. Todavia, somente com o
emprego de vias de fato o delito estará consumado. Contudo, não se exige a efetiva lesão
corporal em um dos rixosos. A rixa cumpre lembrar, ganhou autonomia em nosso direito,
sendo incriminada pelo simples perigo resultante de sua prática. Para o exame da OAB, a
tentativa é admissível.
Rixa qualificada (parágrafo único): Efetivamente dispõe o aludido parágrafo único:
“se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na
rixa a pena de detenção de 6 meses a 2 anos”. Trata-se, como se vê, de crime qualificado pelo
resultado. Todos os rixosos, inclusive os que não praticaram os atos de que derivou a morte ou
lesão corporal grave, pelo simples fato da participação na rixa, respondem pela rixa
qualificada. Aliás, até mesmo o co-rixoso que agiu em legítima defesa responde pela
qualificadora.

5- Dos crimes contra a honra

Calúnia (artigo 138)

Noção: A lei penal aduz expressamente a imputação falsa de um fato definido como
crime. Para a caracterização do crime de calunia, é necessário que a imputação realizada seja

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falsa e que o réu saiba desta circunstância, bem como que o fato atribuído à vítima seja
definido como crime.

Assim, podemos indicar os três pontos principais que especializam a calunia com
relação às demais infrações penais contra a honra: a) a imputação de um fato; b) esse fato
imputado à vítima deve ser obrigatoriamente falso; c) além de falso, o fato deve ser definido
como crime. Também ocorrerá o delito de calunia quando o fato em si for verdadeiro, ou seja,
quando houver, realmente, a prática de um fato definido como crime, sendo que o agente
imputa falsamente a sua autoria à vítima.

Caluniar: (imputar atribuir) O agente atribui a alguém falsamente a prática de fato


definido como crime. O objeto jurídico é a incolumidade moral, a integridade do ser humano,
no caso a honra objetiva do sujeito passivo.

Sujeito ativo: Qualquer pessoa pode praticar o crime em tela.

Sujeito passivo: Qualquer pessoa. De acordo com o STF a pessoa jurídica não pode
ser sujeito passivo deste crime.

Quanto à calúnia contra os mortos: É possível a calunia contra os mortos.


Evidentemente, o morto não pode ser sujeito passivo do crime, já que, não sendo titular de
direitos não tem mais atributo de honra, que não sobrevive a seu titular. Assim a ofensa é feita
não a pessoa do morto, mas á sua memória e os sujeitos passivos serão os parentes,
interessados na preservação do bom nome do morto, pelo reflexo que podem sofrer pela
ofensa.

Elemento subjetivo: O delito de calunia somente admite a modalidade dolosa, ou


seja, o chamado animus caluniandi, a vontade de ofender a honra do sujeito passivo, sendo
admitidas, entretanto, quaisquer modalidades de dolo, seja ele direto ou mesmo eventual..
Não há previsão de modalidade culposa.

Da Consumação: Consuma-se o crime quando a falsa imputação torna-se conhecida


de outrem, que não seja o sujeito passivo.

Tentativa: É possível apenas na calúnia praticada por escrito. Na calunia verbal por
ser crime unissubsistente, é inadmissível.

Exceção da verdade: A lei admite, em regra que o caluniador prove que a ofensa é
verdadeira, afastando dessa forma o crime de calúnia. Todavia, nas hipóteses dos incisos I a III
do parágrafo 3º, ela será inadmissível:

I - Se, constituindo o fato imputado crime de ação penal privada, o ofendido não foi
condenado por sentença irrecorrível;

II - Se o fato é imputado a qualquer pessoa das pessoas indicadas no nº I do artigo


141 (contra Presidente da Republica, ou contra chefe de governo estrangeiro);

III - Se do crime imputado, embora de ação penal pública, o ofendido foi absolvido
por sentença irrecorrível.

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Retratação: Se o agente se retratar (desdizer) voltar atrás no que havia dito antes da
sentença, será o mesmo isento de pena. È causa Extintiva da Punibilidade artigo 107, VI CP.

Difamação (artigo 139)

Noção: A difamação consiste em imputar e divulgar fato determinado ofensivo à


honra de alguém, sendo indispensável para a configuração do delito a existência do dolo
particular, ou seja, do animus diffamandi. É possível a caracterização do crime de difamação
em caso de ofensa a reputação da pessoa jurídica. O crime de difamação consiste na
imputação de fato que incide na reprovação ético-social, ferindo, portanto, a reputação do
individuo, pouco importando que o fato imputado seja ou não verdadeiro.

Sujeito ativo: Trata-se a difamação de crime comum, podendo ser praticado por
qualquer pessoa.

Sujeito passivo: qualquer pessoa, desde que seja determinada.

Momento Consumativo e Tentativa: Consuma-se no instante em que terceiro, que


não o ofendido, toma ciência da afirmação que macula a reputação. É imprescindível que
várias pessoas tomem conhecimento da imputação. A tentativa é admissível se a difamação
realizar-se pela forma escrita.

Exceção da verdade: Excepcionalmente a lei permite a prova da verdade do crime


quando se tratar de ofensa a Funcionário Público estando este no exercício de suas funções.
Para tanto o fato difamatório deve guardar relação com o exercício do cargo público.

Retratação: O querelante que antes da sentença, se retratar, ou seja, retirar o que


disse, reconsiderar, será isento de pena. Constitui causa de extinção da punibilidade, artigo
107, VI do código Penal. Trata-se de ato unilateral que independe de aceitação do ofendido.
Bom que se ressalte que a retratação não se comunica aos demais coautores. Só é cabível
antes da sentença de 1ª instancia. Somente aplicada nos crimes de Difamação e Calúnia.

Injúria (artigo 140)

Noção: a conduta típica consiste em injuriar, a qual se consubstancia em insultos,


xingamentos. É a opinião do agente a respeito dos tributos morais, intelectuais ou físicos do
ofendido. Não há imputação de fatos, embora a atribuição de fatos desabonadores de maneira
vaga e imprecisa possa configurar o crime em tela. Por vezes a injúria pode configurar o crime
de desacato (artigo 331) ou ultraje a culto (artigo 208), isto porque tais crimes também
consistem em violação da dignidade ou decoro pessoal.

Elemento subjetivo: É o dolo de dano. É necessário um fim especial de agir,


consistente na vontade de ofender, denegrir a honra do ofendido. Trata-se de crime de ação
livre mediante conduta omissiva.

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Ressalte-se: Nos casos de crimes de difamação e injúria, em algumas hipóteses


expressamente elencadas no artigo 142 do CP, a ausência do animus injuriandi vel diffamandi
configurará causa de exclusão de ilicitude.

Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.

Sujeito passivo: Qualquer pessoa pode ser vítima de injúria.

Da Consumação e Tentativa: O crime se consuma no momento em que a vítima


toma ciência da imputação ofensiva, independentemente de sentir-se ou não atingida em sua
honra subjetiva. A tentativa é admissível se for praticada por meio escrito.

Perdão judicial: Provocação e retorsão (parágrafo 1º): O código Penal, em seu artigo
140, parágrafo 1º, prevê duas hipóteses de perdão judicial. Nesses casos há a configuração do
crime de injúria, mas o juiz pode deixar de aplicar a pena: (a) quando o ofendido, de forma
reprovável, provocou diretamente a injúria; (b) no caso de retorsão imediata, que consiste em
outra injúria.

Injúria real (parágrafo 2º): Verifica-se pelo emprego de violência ou vias de fato, que,
por sua natureza ou pelo meio empregado, sejam considerados aviltantes. A violência ou vias
de fato devem ser empregadas com nítido propósito de injuriar, pois, ausente tal propósito,
outro será o crime configurado (lesão corporal, contravenção de vias de fato, crimes de
perigo).

Injuria qualificado (parágrafo 3º): Quando for cometida mediante a utilização de


elementos referentes à raça, cor, religião ou origem ou condição de pessoa idosa ou portadora
de deficiência

Exceção da verdade: É inadmissível no crime de injúria, pois não se trata de


imputação de fato, mas de qualidade negativa.

Forma majorante (artigo 141): A pena será aumentada em 1/3 se qualquer dos
crimes contra a honra for cometido: I - contra Presidente da República, ou contra chefe de
governo estrangeiro; II – contra funcionário público, em razão de suas funções; III – na
presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação
ou da injúria; IV – contra pessoa maior de 60 anos ou portadora de deficiência, exceto no
caso de injúria; parágrafo único: Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de
recompensa, aplica-se a pena em dobro.

Retratação:

Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou


da difamação, fica isento de pena.

Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a


difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o
ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188, de
2015)

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6- Dos crimes contra a liberdade individual


A) Sequestro e cárcere privado (art. 148)- A conduta típica consiste em privar
alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado. Sequestro e cárcere privado
são as duas formas de supressão criminosa da liberdade de ir e vir. Diversificam-se, porém,
quantitativamente. No cárcere privado, a vítima fica detida num recinto fechado, em
circunstancias de clausura, com maior restrição à sua liberdade de locomoção. No sequestro, a
vítima fica detida num recinto mais aberto, porém, impossibilitada de sair. A conduta típica é
privar alguém de liberdade, pouco importando o meio utilizado pelo agente para obter o
resultado. Pode ser praticado por qualquer pessoa, exceto o funcionário público que age em
razão da função ou a pretexto de exercê-la, quando, então, haverá o crime de abuso de
autoridade (lei nº 4.898/65). Também pode ser sujeito passivo qualquer pessoa (deficientes
físicos, crianças, pessoas inconscientes, etc). Consuma-se no momento em que a vítima é
privada de sua liberdade de locomoção. Trata-se ainda de crime permanente protraindo no
tempo o momento consumativo por vontade do agente. Enquanto a vítima não for restituída à
liberdade, permanecendo detida ou retida, não cessará a fase de consumação, sendo possível
a prisão em flagrante. Trata-se de crime material, sendo perfeitamente possível a tentativa. A
prescrição da pretensão punitiva só começa a correr na data em que se der o encerramento da
conduta, ou seja, com o término da permanência.
Forma qualificada (parágrafo 1º): Incisos:
I-Vítima ascendente, descendente, cônjuge ou companheira do agente ou maior de
60 anos.
II -Crime praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;
III -Privação da liberdade superior a quinze dias;
IV -Crime praticado contra menor de 18 anos;
V -Crime praticado com fim libidinoso.
Formas qualificadas pelo resultado (parágrafo 2º): O crime será qualificado se resulta
á vítima em razão de maus-tratos, ou da natureza da detenção grave sofrimento físico ou
moral. Se resultar lesão corporal ou morte, haverá concurso entre crime de sequestro na
forma simples e lesão corporal ou homicídio.

B) Tráfico de pessoas (artigo 149-A, CP)- criado pela lei 13.344/09


Art. 149-A.  Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher
pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de:             
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;        

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II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; 


III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;         
IV - adoção ilegal; ou    
V - exploração sexual.                        
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.             
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se:              
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de
exercê-las;              
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência;        
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de
hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao
exercício de emprego, cargo ou função; ou              
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional.  
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar
organização criminosa.          

TÍTULO II: DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

1- Furto (ART. 155)


Nada mais é que subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. Possui como
espécies:
1.1) Furto Simples- está previsto no artigo 155, caput, do CP.

I- Sujeito ativo- qualquer pessoa. Se cometido por funcionário público no


exercício de sua função, peculato-furto;
II- Sujeito passivo- qualquer pessoa.
III- Consumação- com a posse tranquila da res. O e o STF STJ vem mudando sua
posição, entendendo que se consuma quando o agente se torna possuidor da coisa;
ATENÇÃO: Súmula 567 do STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento
eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só,
não torna impossível a configuração do crime de furto.
IV- Elemento subjetivo- dolo de assenhoramento definitivo;
V- Tentativa- é possível.

1.2) Furto Noturno- art. 155, parágrafo 1º, CP- a pena é aumentada em 1/3 se o
crime é praticado durante o repouso noturno. Não será aplicado no furto qualificado.

1.3) Furto privilegiado- art. 155, parágrafo 2º, CP- se o réu for primário e a coisa de
pequeno valor (não ultrapassar 01 salário mínimo), poderá a pena de reclusão ser substituída

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por detenção, diminuída de 1/3 a 2/3 ou ser aplicado somente a pena de multa. A
jurisprudência vem entendendo ser possível furto qualificado privilegiado.

1.4) Furto qualificado- art. 155, parágrafos 4º e 6º, CP (ler artigos).

Observações- ver anotações de aula: diferença entre furto qualificado pelo abuso de
confiança (posse vigiada) e apropriação indébita (posse não vigiada); furto qualificado pela
fraude (a fraude faz diminuir a vigilância, e o agente subtrai o bem) e estelionato (a fraude faz
com que a vítima entregue o bem ao agente);

Atenção: Súmula 511 do STJ: “É possível o reconhecimento do privilégio previsto no


§ 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a
primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva”.

2- Furto de coisa comum (artigo 156)


A coisa comum é o objeto material. É crime próprio, pois somente pode ser praticado
por aqueles que compartilham a propriedade ou a posse da coisa móvel. (condômino, co-
herdeiro ou sócio). Não é punível a subtração de coisa fungível, cujo valor não excede a quota
a quem tem direito o agente. Dar-se-á a consumação com a posse pacifica da coisa, ainda que
por poucos segundos. A tentativa é admitida.

3- Do roubo e da extorsão
A) Roubo- está previsto no artigo 157, CP (roubo simples). É o furto praticado com
violência ou grave ameaça. É impossível o roubo de uso ou o roubo insignificante. Se divide em
próprio (violência ou grave ameaça antes da subtração) e impróprio (violência ou grave
ameaça após a subtração, antes da posse mansa e pacífica- antes de se consumar o furto), sob
pena de configurar furto em concurso material com lesão corporal). Configurar-se-á toda vez
que o agente simular portar uma arma, ou fazer menção, ou utilizar arma de brinquedo.
I- Sujeito ativo- qualquer pessoa;
II- Sujeito passivo- qualquer pessoa.
III- Consumação- Súmula 582 do STJ: Consuma-se o crime de roubo com a
inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por
breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada,
sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
IV- Elemento subjetivo- dolo;
V- Tentativa- é possível, salvo no latrocínio preterdoloso.

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A.1) Roubo agravado, majorado ou circunstanciado- está previsto no artigo 157,


parágrafo 2º, CP (ler artigo)- a quantidade de causas de aumento de pena influencia na pena
(ver anotações de aula).

A.2) Roubo qualificado- artigo 157, parágrafo 3º- só a segunda parte (que resulta
morte) é hediondo. É o conhecido latrocínio, que se consuma com o evento morte,
independentemente do agente conseguir ou não subtrair o bem. Só ocorrerá se houver
violência. A grave ameaça não configura esse delito, por falta de previsão legal.

Observação- diferença entre roubo (a atuação da vítima é dispensável para o agente


conseguir realizar o delito) e extorsão (a ação da vítima é indispensável, pois sem ela o agente
não conseguiria subtrair o bem).

B) Extorsão- está previsto no artigo 158, do CP. Ocorre quando o agente constrange
alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem
indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa. Se
houver violência, aplica-se o disposto no parágrafo 3º do artigo 157. Ver anotações de aula
sobre o sequestro relâmpago (art. 158, parágrafo 3º)
I- Sujeito ativo- qualquer pessoa;
II- Sujeito passivo- qualquer pessoa.
III- Consumação- ocorre com o constrangimento, sendo crime formal,
consumando-se independentemente da obtenção da vantagem econômica.
IV- Elemento subjetivo- dolo de obter vantagem econômica, sob pena de
configurar constrangimento ilegal (art. 146)l;
V- Tentativa- é possível.

C) Extorsão mediante sequestro- está previsto no artigo 159, do CP. Ocorre quando
o agente sequestra alguém com o intuito de obter para si ou para outrem qualquer vantagem.
Se houver grave ameaça ou violência, ver parágrafos do artigo 159, assim como a delação
premiada.
VI- Sujeito ativo- qualquer pessoa;
VII- Sujeito passivo- qualquer pessoa.
VIII- Consumação- ocorre com o sequestro, sendo crime formal, consumando-se
independentemente da obtenção da vantagem econômica.
IX- Elemento subjetivo- dolo de obter qualquer vantagem econômica, sob pena de
configurar sequestro (art. 148);

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X- Tentativa- é possível.

Observação: diferença entre extorsão mediante sequestro (a vítima é a moeda de


troca, presumindo uma privação por maior tempo), e sequestro relâmpago (a vítima só é
privada para a obtenção da vantagem, ou seja, sua privação é momentânea), e extorsão
mediante sequestro (possui finalidade econômica) e sequestro ou cárcere privado (não possui
finalidade econômica ou qualquer outra finalidade a não ser a privação da liberdade da
vítima).

D) Extorsão indireta (art. 160)- São duas condutas previstas: exigir (impor) ou
receber (tomar, aceitar). O objeto material é o documento que pode dar causa a procedimento
criminal, isto é, que seja capaz de dar causa a processo penal (contra a vítima ou contra
terceira pessoa). Assim, na extorsão indireta, o documento exigido ou recebido pelo credor
servirá para extorquir o devedor, coagindo-o a pagar a dívida, sob a ameaça de ser instaurado
procedimento criminal. Trata-se de crime doloso. O agente deve exigir ou receber documento
ciente de que este é para garantir uma dívida. É ainda necessário o dolo de aproveitamento,
consistente no fato de o agente abusar da situação do devedor. Em regra, este se encontra em
situação de dificuldade econômica, mas o delito também se caracteriza quando presentes
outras situações aflitivas, como doenças ou vício em entorpecentes. Consuma-se com a
exigência (crime formal). Na hipótese de receber por tratar-se de crime material, se consuma
com o efetivo recebimento do documento. Admitisse a Tentativa.

4 – Do dano (art. 163)


Trata-se de crime subsidiário ou de reserva, uma vez que só é punido de forma
autônoma se não constituir elemento, qualificadora, causa de aumento de pena ou meio de
execução de outro delito. Com efeito, a danificação que provoca perigo comum pode
configurar os delitos de incêndio, explosão, inundação ou desmoronamento (CP, art. 250, 251,
254, 255 e 256); a danificação que rompe obstáculos do (CP artigo 155, parágrafo 4º, IV), a
danificação empregada para violar sepultura é também absorvida, porque é meio de execução
do delito previsto no artigo 120 do Código Penal. Cuida-se de crime comum, pois pode ser
praticado por qualquer pessoa, exceto o proprietário. Tem como sujeito passivo o proprietário
e o possuidor, atingidos em sua esfera de interesses patrimoniais. Consuma-se com a
ocorrência total ou parcial do dano. A tentativa é admitida. É imprescindível o exame de corpo
de delito.

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Dano qualificado (parágrafo único): Inciso I – com violência ou grave ameaça à


pessoa; II - Com emprego de substância inflamável ou explosiva se o fato não constitui crime
mais grave; III – Contra o patrimônio da União, do Estado, do Município e de empresa
concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista; IV - Por motivo egoístico
ou com prejuízo considerável para a vítima.

5- Da apropriação indébita (art. 168 a 170)


A) Apropriação indébita (art. 168)
O agente detém a posse ou detenção legitimamente, que lhe são entregues livre e
conscientemente pelo proprietário do bem, mas, em momento posterior esse título, passando
a agir como se dono fosse. A conduta criminosa consiste em apropriar-se, que significa fazer
sua a coisa alheia. Necessário se faz que a coisa seja entregue ao agente, para que este a
possua em nome alheio. O agente obtém a posse ou detenção de maneira honesta, traindo
num momento posterior, a confiança de quem lhe entregou. O agente que obtém a posse ou
detenção de maneira desonesta, utilizando-se de meio fraudulento, não comente apropriação
indébita, mas furto ou estelionato. Cuida-se aqui de crime próprio, que só pode ser praticado
por aquele que tem aposse ou detenção do bem. O sujeito passivo é a pessoa física ou
jurídica, titular do direito patrimonial diretamente atingido. Consuma-se no momento em que
o agente transforma a posse ou detenção sobre o objeto em domínio, ou seja, quando passa a
agir como se dono fosse da coisa ou com a negativa da restituição. Quanto à tentativa, em se
tratando de crime material ela seria possível. Porém, não é possível na hipótese da negativa de
restituição.
Reparação do dano: Incide a regra do artigo 16 do CP.
Apropriação indébita privilegiada: Se a coisa for de pequeno valor, configura-se o
privilégio, sendo utilizada a regra do art. 155, parágrafo 2º.
A pena será aumentada (parágrafo 1º): Em deposito necessário; na qualidade de
tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou deposito judicial; em
razão de oficio, emprego ou profissão.

B) Apropriação indébita previdenciária (art. 168-A)


Pune-se a conduta de não transferir ou não repassar a Previdência Social (INSS) as
contribuições recolhidas, no prazo e norma legal ou convencional. Trata-se de crime omissivo
próprio. Trata-se de crime próprio, pois ser cometido pelo responsável tributário. O sujeito
passivo é o estado, em especial o órgão da Previdência Social. Consuma-se no momento em

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que é ultrapassado o prazo legal ou convencional para o repasse das contribuições recolhidas
ao INSS. A tentativa é admissível.
Apropriação indébita privilegiada: Aplica-se ao crime de apropriação indébita as
causas de diminuição de pena prevista no artigo 155, parágrafo 2º. Assim, nos crimes de
apropriação indébita ou nos assemelhados, é aplicável o privilegio mencionado.
Causa extintiva da punibilidade: O juiz poderá conceder o perdão ou até mesmo uma
sanção menos rigorosa (aplicação exclusiva da pena de multa), desde que o agente sendo
primário e portador de bons antecedentes, preencha os requisitos do parágrafo 3º (subjetivos
e objetivos): Tenha promovido após o inicio da ação fiscal e antes de oferecida à denúncia, o
pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios, podendo configurar o
arrependimento posterior do artigo 16 do CP; o valor da contribuição devida, inclusive
acessórios, seja igual ou inferior aquele estabelecido pela previdência social,
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.

6- Do estelionato e outras fraudes (arts. 171 a 179)


O Estelionato é crime material e se aperfeiçoa quando o agente obtém vantagem
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro mediante o emprego de
fraude. Ver as figuras do estelionato privilegiado (art. 171, parágrafo 1º), e condutas
equiparadas ao estelionato (art. 171, parágrafo 2º).
Observação- a fraude para o recebimento de indenização ou valor do seguro é
formal, ou seja, se consuma independente do agente conseguir a vantagem indevida.

Observação 2: na fraude no pagamento por meio de cheque, o foro competente será


a da agência do emitente, sendo que o pagamento antes do recebimento da denúncia gera a
extinção da punibilidade (Súmula 554, do STF). Nas demais hipóteses, o pagamento só gera o
arrependimento posterior (art. 16).

Observação 3- Súmula 17 do STJ- se a falsificação se exaure no estelionato, por este


ela é absorvida, sendo o foro competente nesse caso o luar da obtenção da vantagem ilícita,
mesmo que seja falsificação de cheque.

Observação 4- Estelionato contra idoso: “Aplica-se a pena em dobro se o crime for


cometido contra idoso”. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015)

7- Receptação (artigo 180)

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É o produto do crime, isto é, a coisa procedente de anterior delito contra o


patrimônio. A receptação é, portanto, um delito acessório, em que o objeto material deve ser
produto de crime antecedente. O pressuposto do crime de receptação é a existência de um
crime anterior, pois, o artigo 180 refere-se a “coisa que sabe ser produto de crime”. O crime
anterior não precisa ser contra o patrimônio. Quem adquire produto de peculato também
responde por receptação. Admite-se também, receptação quando o crime anterior for
tentado.

Receptação própria (caput, 1ª parte): a conduta típica consiste em: Adquirir; receber;
transportar; conduzir; ou ocultar, coisa que sabe ser produto de crime. Nas modalidades
transportar, conduzir e ocultar, o crime é permanente, admitindo-se a prisão em flagrante a
qualquer momento.

Receptação Imprópria (caput, 2ª parte): a conduta típica consiste em “influir para


que terceiro de boa fé, a adquira receba ou oculte”. É necessário que o terceiro influenciado
esteja de boa fé, se estiver de má-fé, será autor da receptação própria.

Sujeito ativo: Qualquer pessoa, salvo o autor, coautor ou participe do delito


antecedente.

Sujeito passivo: É o sujeito passivo do crime antecedente, do qual adveio o bem


receptado.

Da Consumação e Tentativa: Na receptação própria (caput, 1ª parte) o crime se


consuma com a prática de uma das ações nucleares (aquisição, transporte etc). É crime
material. Na receptação imprópria (caput, 2ª parte), o crime se consuma com o simples ato de
influenciar. Trata-se, portanto de crime formal.

Receptação privilegiada (parágrafo 5º, 2ª parte): Trata-se do mesmo benefício do


artigo 155, parágrafo 2º do CP.

Receptação qualificada (parágrafo 1º): várias são as condutas: Adquirir, receber,


transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, remontar, vender, expor a venda,
ou de qualquer forma utilizar em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime. É um tipo misto
alternativo, pois a prática das várias condutas previstas no mesmo tipo penal caracteriza crime
único e não crime continuado.

Da Consumação e Tentativa: Consuma-se com a prática de uma das ações previstas.


A tentativa é admissível.

Atividade comercial (parágrafo 2º): Equipara-se para efeito deste parágrafo qualquer
forma de comércio.

Receptação Culposa (parágrafo 3º): Pune-se a aquisição ou o recebimento de coisa


que, por sua natureza ou desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem
oferece, deve presumir-se ter sido obtida de forma criminosa. São três os indícios reveladores
de culpa: a) natureza do objeto material; b) desproporção entre o valor e o preço; c) condição
de quem oferece.

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Da Consumação e Tentativa: Consuma-se com a aquisição ou recebimento do objeto.


A tentativa é inadmissível.

Perdão judicial: se o criminoso é primário, pode o juiz tendo em consideração as


circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Só sendo aplicado na receptação culposa.

         Receptação de animal

Art. 180-A.  Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com
a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que
abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa;

8- Observações Gerais sobre os crimes contra o patrimônio (TODOS DO TÍTULO


II):

Ler artigos 181 a 183, que fala das escusas absolutórias.

TÍTULO VI: DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

1- Dos crimes contra a liberdade sexual


A) Estupro- artigo 213, CP. Em todas as suas modalidades (ver parágrafos que
dispõe sobre a forma qualificada), será hediondo. Ver anotações de aula sobre as reformas, em
especial na sua junção com o atentado violento ao pudor, e que agora se tornou crime de ação
múltipla ou de conteúdo variado, e o conflito de leis no tempo. Se consuma com o ato sexual,
admitindo assim tentativa. Se a vítima for menor de 14 anos, configura o estupro de vulnerável
(art. 217-A, CP).

B) Violação sexual mediante fraude (art. 215)- por ter sido reunido os crimes de
estupro mediante fraude, e avp mediante fraude, com o aumento da pena base, não se aplica
aos fatos pretéritos.

C) Assédio sexual- art. 216-A, CP. Constranger alguém com o intuito de obter
vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente de superioridade hierárquica ou
ascendência inerente ao exercício de emprego, cargo ou função. É crime formal, pois se
consuma independentemente da obtenção da vantagem. A tentativa, embora difícil, é
possível.

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2- Dos crimes sexuais contra vulnerável


A) Estupro de vulnerável- art. 217-A, do CP. Ocorrerá quando o agente mantiver
conjunção carnal ou outro ato libidinoso com menor de 14 anos, ou alguém que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem discernimento para a prática do ato, e também
no caso da vítima que, por outra causa, não possa oferecer resistência. É necessário que o
agente tenha conhecimento da vulnerabilidade. É possível a tentativa, sendo ainda crime
hediondo o caput e seus parágrafos.

B) Mediação de vulnerável para servir a lascívia de outrem- art. 218, CP. Ver
anotações de aula sobre o problema quando a indução gera ato sexual (o indutor responderá
pelo art. 218 ou como partícipe do art. 217-A?).
Observações gerais: ação penal- em regra será pública condicionada à
representação, salvo quando a vítima for menor de 18 anos ou vulnerável, ocasião em que
será pública incondicionada. Ver causas de aumento de pena (art. 226, I e II, e art. 234-A, CP).
Ver anotações de aula sobre o direito intertemporal.

C) Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (art. 218 – A)

“Praticar, na presença de alguém menor de 14 anos (catorze) anos, ou induzi-lo a


presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de
outrem”. Em ambas as situações, o menor não participa do ato, limitando-se a presenciá-lo. Se
houver a prática do ato libidinoso, haverá o delito de estupro de vulnerável ( art. 217 – A do
CP). Exige- se ainda o fim de satisfazer a lascívia, isto é, o prazer sexual próprio ou de outrem.

D) Favorecimento à prostituição ou outra forma de exploração sexual de criança,


adolescente ou vulnerável (art. 218 – B)

“Submeter, induzir, atrair ou facilitar à prostituição menor de 18 anos ou pessoa


que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para o ato,
facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone”. O delito se consuma o início do estado de
prostituição, na primeira parte, e impedir ou dificultar as pessoas acima que abandonem a
prostituição ou a exploração sexual, na segunda parte. Pode ser praticado por qualquer
pessoa, homem ou mulher. Também responde pelo crime quem pratica a conjunção carnal ou
outro ato libidinoso (art. 218 – B, § 1°, I do CP), bem como o proprietário, o gerente ou o
responsável pelo local em que se verifiquem a prostituição ou exploração sexual (art. 218 – B,
§ 1°, II, do CP). Haverá ainda como efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de
localização e de funcionamento do estabelecimento (§3° do art. 218 – B do CP). Se a vítima for
menor de 14 anos, o agente que praticar com ela a conjunção carnal ou outro ato libidinoso
responderá pelo crime de estupro de vulnerável ( art. 217 – A do CP ). Como sujeito passivo
temos: o menor de 18 anos; o enfermo ou deficiente mental sem o necessário

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discernimento para a prática do ato; a prostituta pode ser vítima do delito nas hipóteses em
que o agente impede ou dificulta que ela abandone a vida decaída. Finalmente, o delito pode
ser praticado por omissão nas hipóteses em que o agente tem o dever jurídico específico de
agir, previsto no § 2° do art. 13 do CP. Exemplo: os pais respondem pelo delito se souberem
que o filho ou filha menor exercem o meretrício.

Ressalta-se que em 2014 esse delito, do artigo 218-B, passou a ser considerado crime
hediondo.

TÍTULO IX: DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA

A) Associação ao Crime- está previsto ano artigo 288, do CP, com redação dada
pela lei 12.850/13, de 02/08/2013.
“Associação Criminosa
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer
crimes:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se
houver a participação de criança ou adolescente.”

Observem que o crime de quadrilha ou bando agora se chama associação ao crime. A


pena continua a mesma, no caput, alterando-se apenas o número mínimo de pessoas para a
caracterização do delito (antes exigia-se quatro, agora exige-se apenas três).
É punida a associação de três pessoas para o fim de cometer crimes, o que exclui as
contravenções penais. Exige-se um vinculo associativo entre os membros da quadrilha, que
seja permanente e não eventual. Do contrário, poderá haverá mero concurso de pessoas.
Nesta associação inclui-se a figura do inimputável, os integrantes que foram mortos no
confronto policial. E finalmente a associação de ser formada para a prática de crimes
indeterminados. Pode ser praticado por qualquer pessoa, pois se trata de um crime comum.
Estamos aqui diante de um crime coletivo, plurissubjetivo ou de concurso necessário, pois o
tipo exige que no mínimo três pessoas integrem a quadrilha ou bando. A consumação se dá no
instante em que a associação criminosa é formada, independentemente da pratica de
qualquer delito. A tentativa é inadmissível.
Forma qualificada: De acordo com o parágrafo único, a pena aumenta-se até a
metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente.
Cuidado que integrar organização criminosa agora também é crime. Vale a pena ler e
decorar o conceito de organização criminosa, que se encontra na lei 12.850/13.

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B) “Constituição de milícia privada” lei 12.720, de 27/09/2012


Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização
paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar
qualquer dos crimes previstos neste Código:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.”

TÍTULO X: DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

1- Da falsidade documental
A) Falsificação de documento particular (artigo 298)
Para a caracterização do delito previsto no artigo 298 do Código Penal, basta a
vontade livre e consciente de falsificar ou alterar o documento particular. Trata-se de crime
deito formal, de mera atividade, não exigindo o dano efetivo, porquanto basta a possibilidade
de que ocorra. Ou seja, do ato resulte a capacidade de ofender a fé pública,
independentemente de qualquer outro resultado. Em sede de crime de falsidade documental,
a comprovação da materialidade pelo exame de corpo de delito não é indispensável à
propositura da ação penal.
Documento particular: É todo aquele formado sem a intervenção de oficial ou
funcionário público ou pessoa investida de fé pública.
Elemento subjetivo do tipo: É o dolo, que prevê o delito de falsificação de documento
público. Não há previsão da forma culposa deste crime.
Sujeito ativo: Trata-se de crime comum, pois qualquer pessoa pode praticá-lo.
Sujeito passivo: É o Estado e o terceiro eventualmente lesado pela conduta delitiva.
Da Consumação e Tentativa: O crime se consuma com a falsificação ou alteração do
documento, sendo prescindível o uso efetivo deste. A tentativa é perfeitamente possível.

B) Falsidade ideológica (artigo 299)


Aqui o documento é formalmente perfeito, sedo, no entanto, falsa a ideia nele
contida. O sujeito tem legitimidade para emitir o documento, mas acaba por inserir nele
conteúdo sem correspondências com a realidade dos fatos. No falso material, ao contrário, a
questão não se cinge à veracidade da ideia, mas a adulteração da forma, de modo que seu
aspecto externo é forjado. A falsidade incriminada é a ideológica, que se refere ao conteúdo, a
mensagem do documento, e não o falso material, que trata da forma do documento. O objeto
material deste crime pode ser tanto o documento público como o particular. Punem-se as

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ações de: omitir declaração que deveria constar do documento; nele inserir declaração falsa
ou diversa da que deveria ser escrita; fazer inserir declaração falsa ou diversa da que deveria
ser escrita. O elemento subjetivo do tipo é o dolo em omitir, inserir ou fazer inserir, e o
elemento subjetivo do tipo referido pelo especial fim de agir, não havendo forma culposa
deste crime. Trata-se de crime comum. Reputa-se o crime consumado com a efetiva omissão
ou a inserção da declaração falsa ou diversa da que deveria constar. Trata-se de crime formal,
prescindi-se, portanto, da ocorrência efetiva do dano, bastando à capacidade de lesar terceiro.
A tentativa é perfeitamente possível na modalidade comissiva do crime (inserir e fazer inserir).
É, contudo inadmissível, na conduta omissiva (omitir).
Causa de aumento de pena (parágrafo único): aumenta-se à pena de sexta parte: a)
se o agente é funcionário público ou b) se a falsificação ou alteração é de assentamento de
registro civil.

C) Uso de documento falso (artigo 304)


Consiste em fazer uso de documento público ou particular, falso. O crime de
falsificação de documento público é de natureza formal, que se perfaz com a potencialidade
do “eventus danni”, sendo desnecessário a ocorrência de prejuízo efetivo. A conduta descrita
do no tipo é “fazer uso”, que tem a significação de empregar, utilizar. Incrimina-se o
comportamento de quem faz uso de documento materialmente falsificado, como se fora
autentico ou emprega documento que é ideologicamente falso, como se verdadeiro fosse.
Pode ser praticado por qualquer pessoa. Consuma-se com o efetivo uso do documento falso.
Basta que o agente se utilize dele uma única vez para que o crime se repute consumado. Não é
necessária a obtenção de qualquer vantagem econômica ou a causa de prejuízo a outrem. Não
se admite tentativa.
ATENÇÃO! Súmula 522 do STJ: “A conduta de atribuir-se falsa identidade perante
autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa”.
ATENÇÃO 2! A competência para processar e julgar o crime de uso de documento
falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público,
não importando a qualificação do órgão expedidor.

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TÍTULO XI: DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


Os crimes contra a administração também obedecem a uma classificação. Eles
podem ser classificados em crimes funcionais próprios, crimes funcionais impróprios (ou
mistos) e crimes comuns, em que a condição de funcionário público intervém como
circunstância qualificadora.
A) Crimes funcionais próprios- são todos aqueles em que a função pública se
apresenta como essencial à existência do próprio delito. Só podem ser praticados por
funcionário público, sob pena de atipicidade absoluta, pois ser funcionário público é elementar
o crime. Por essa razão, embora seja circunstância de caráter pessoal, se comunica aos
coautores e partícipes (art. 30). Assim, particulares poderão responder por delitos funcionais.
Ex.: concussão (artigo 316, do CP); corrupção passiva (artigo 317, do CP); condescendência
criminosa (artigo 320, do CP); prevaricação (artigo 319); abandono de função (artigo 323),
entre outros.
B) Crimes funcionais impróprios ou mistos- são crimes comuns que ganham
tipificação própria todas as vezes em que o sujeito ativo for funcionário público. Dessa forma,
retirada a qualidade de funcionário público do sujeito ativo, gera-se uma atipicidade relativa,
já que resta configurado delito não funcional. Ex.: peculato (artigo 312).

C) Crimes comuns, em que a condição de funcionário público intervém como


circunstância qualificadora- existem crimes comuns em que a condição de funcionário vem
como circunstância qualificadora. Ex.: artigo 150, §2º. Esse delito cuida da violação de
domicílio. Se ela for praticada por funcionário público, o crime se dará na forma qualificada. Da
mesma forma, se a violação de correspondência for efetivada por funcionário público, ela será
considerada qualificada.

1- Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral

A) Peculato (art. 312)


Peculato próprio: O art. 312, caput do CP, cuida do peculato próprio, o qual constitui
numa apropriação indébita (TAMBÉM CHAMADO DE PECULATO-APROPRIAÇÃO), só que
praticada por funcionário público com violação do dever funcional. Na modalidade de
peculato-apropriação o núcleo é apropriar-se, quem tem a significação de assenhorear-se,
apossar-se. O funcionário age como se a coisa fosse sua, retendo, dispondo ou consumindo o
objeto material. Na modalidade peculato-desvio (2ª parte do caput), o núcleo é desviar. Pune-
se o funcionário que dá ao objeto material destinação diferente daquela para a qual o objeto

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lhe fora confiado. O desvio deve ser, porém, em proveito próprio ou alheio (patrimonial ou
moral). Se o desvio for praticado em beneficio da própria administração, poderá ocorrer outro
delito, mas não o peculato. Pune-se a apropriação pelo funcionário público de dinheiro, valor
ou quaisquer outros bem móveis, públicos ou particulares, de que tem a posse em razão do
cargo. É o denominado peculato-apropriação. O agente tem aposse licita do bem móvel,
público ou particular, e inverte esse título, pois passa a comportar-se como se dono fosse, isto
é, consome-o, aliena-o etc. É necessário que a posse decorra do cargo, que os bens lhe sejam
confiados em razão do oficio. Pune-se ainda na segunda parte do dispositivo o peculato-
desvio. Nessa modalidade, o agente tem a posse da coisa e lhe dá destinação diversa da
exigida por lei, agindo em proveito próprio ou de terceiro. Trata-se de crime próprio, podendo
ser praticado somente por funcionário público. O sujeito passivo é o estado e o particular. Na
modalidade peculato-apropriação, consuma-se quando o agente, efetivamente passa a dispor
do objeto material como se fosse seu. Na modalidade de peculato-desvio, consuma-se com o
efetivo desvio, sem dependência de ser alcançado o fim visado. A tentativa é perfeitamente
possível. O ressarcimento do dano ou restituição da coisa apropriada, se tratando de peculato
doloso, não extingue a punibilidade, podendo apenas influir na aplicação da pena. Se a
reparação do ano for anterior ao recebimento da denúncia, constituirá causa de diminuição da
pena, nos termos do artigo 16 do CP. Se posterior ao recebimento da denúncia e antes do
julgamento constituirá atenuante genérica (art. 65, III, b). Finalmente, caso a reparação do
dano ocorra em instância recursal, poderá eventualmente incidir a atenuante inonimada
prevista no art. 66 do CP.

Peculato – furto (ART. 312, PARÁGRAFO 1º): estamos aqui diante do chamado
peculato impróprio, pois, na realidade, pune-se aqui não uma forma de apropriação, mas de
furto, só que praticado por funcionário público, que se vale dessa qualidade para cometê-lo. O
funcionário público, no caso, não tem a posse ou detenção do bem, mas se vale das facilidades
que o cargo lhe proporciona para subtrair ou concorrer para que outrem subtraia bens da
administração pública. Consuma-se com a efetiva subtração. Admitisse a forma tentada.

Peculato-culposo (parágrafo 2º): nessa modalidade típica, pune-se o funcionário


público que por negligência, imprudência ou imperícia concorre para a prática de crime de
outrem. Pode esse terceiro ser um particular ou outro funcionário público. Assim, pode o
funcionário público contribuir culposamente para a prática de um delito de peculato-
apropriação, peculato-furto ou peculato-desvio por outro funcionário público. Obviamente
que o agente que praticou um desses crimes deve ter se aproveitado das facilidades

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proporcionadas pelo comportamento culposo do funcionário, do contrário este não


responderá por crime algum.
Parágrafo 3º: se a reparação do dano precede à sentença irrecorrível, poderá haver a
extinção da punibilidade. Caso a reparação do dano se dê após a sentença irrecorrível, haverá
a redução de metade da pena.

B) Peculato mediante erro de outrem, também chamado de peculato-estelionato


(art. 313)
Trata-se, aqui, de mais um crime em que o funcionário público que se apropria de um
bem no exercício do cargo; contudo a posse do agente, agora, decorre de erro de outrem. O
erro em que incidiu a vítima deve ser espontâneo e não provocado pelo agente. A conduta é
apropriar, que deve ser entendido no sentido de tomar como propriedade, tomar para si,
apoderar-se indevidamente. Essa conduta tem como objeto material o dinheiro, isto é, cédulas
e moedas aceitas como pagamento, ou qualquer utilidade, vale dizer, tudo aquilo que pode
servir para uso, consumo ou proveito econômico ou que pode ser avaliado em dinheiro.
Dispõe o tipo penal que o dinheiro ou a utilidade deve ser recebida pelo agente em virtude do
erro de outrem. O erro aqui mencionado deve a seu turno, ser entendido como o
conhecimento equivocado da realidade. A vítima acredita que estivesse levando a efetivo
pagamento de forma correta de um tributo, a quem de direito tivesse competência para
recebê-lo.
Sujeito ativo: Somente o Funcionário Público.
Sujeito passivo: É o Estado e também o individuo que sofreu a lesão patrimonial.
Da Consumação e Tentativa: Dá-se a consumação no momento em que o funcionário
público se apodera da coisa, agindo como se dono fosse. A tentativa é admissível.

C) Concussão (art. 316)


Incrimina-se a ação de exigir (ordenar, impor). O funcionário solicita a vantagem, e a
vítima cede por “metus publicae potestatis”. A exigência da vantagem pode ser para si ou para
terceira pessoa. Deve a vantagem exigida ser indevida. O núcleo previsto é exigir, que tem o
sentido de reclamar, demandar, impor, ordenar. A exigência deve ser para si (para o agente)
ou para outrem (terceira pessoa). E pode ser feita de forma direta (pelo próprio agente) ou
indireta (por meio de interposta pessoa). A exigência pode ser explicita ou implícita. É
indispensável que o funcionário público faça a exigência em razão da (função pública), ainda
que fora da função, ou antes, de assumi-la. O que o agente exige é a vantagem indevida,
considerando-se como tal, a vantagem ilícita, imediata ou futura, de natureza econômica ou

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patrimonial. A vantagem deve beneficiar o próprio agente ou terceira pessoa. Caso a


beneficiada seja a administração Pública o crime será outro o de excesso de exação. O sujeito
ativo é o Funcionário Público, ainda que esteja de licença, férias ou embora nomeado, não
tenha tomado posse, e o sujeito passivo é o Estado e o particular, uma vez que se protege seu
patrimônio e sua liberdade individual. Reputa-se o crime consumado com a mera exigência da
vantagem indevida, independentemente de sua efetiva obtenção. Se esta sobrevém, há mero
exaurimento do crime. Trata-se, portanto, de crime formal. Admitisse a tentativa na hipótese
da exigência não ser praticada por meio verbal.

D) Excesso de exação (art. 316, parágrafo 1º): é punida a exigência de tributo ou


contribuição social que sabe ou deveria saber indevido; a exigência de tributo ou contribuição
social que seja devida, porém, com o emprego na cobrança de meio vexatório ou gravoso não
autorizado por lei. O objeto material é o tributo ou a contribuição social. Na primeira
modalidade típica, consuma-se com a exigência do tributo ou contribuição social,
independentemente do efetivo recebimento. Já na segunda modalidade consuma-se com o
emprego do meio vexatório ou gravoso na cobrança. A tentativa é admissível.
Forma qualificada (parágrafo 2º): é punida a forma mais gravosa a conduta do
funcionário público que, após recebê-lo, o funcionário público o desvia, em proveito próprio
ou alheio.
Forma qualificada do excesso de exação (parágrafo 2º): é punida a forma mais
gravosa da conduta de funcionário público que, em vez de recolher o tributo ou contribuição
social, indevidamente exigida para os cofres públicos, desvia-o em proveito próprio ou alheio.
A consumação ocorre com o efetivo desvio daquilo que foi recebido indevidamente. A
tentativa é admissível.

E) Corrupção passiva (art. 317)


São três as condutas previstas: solicitar (pedir); receber (aceitar, entrar na posse);
aceitar promessa (anuir). O objeto material é a vantagem patrimonial, como dinheiro ou
qualquer utilidade material. O sujeito passivo é o Estado e a pessoa prejudicada, enquanto o
sujeito ativo só pode ser funcionário público em razão de sua função, ou antes, de assumi-la,
desde que pratique o crime em razão da função pública. Contudo, o particular pode ser
coautor neste crime ou até mesmo partícipe, desde que tenha conhecimento da conduta do
funcionário público do autor do delito. É crime formal, de modo, que, a consumação se dá com
o ato de “solicitar”, “receber” ou “aceitar” a promessa de vantagem indevida. O tipo penal

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exige que o funcionário pratique ou se abstenha da prática do ato funcional. A tentativa é


admitida.
Causa de aumento de pena do parágrafo 1º: estamos diante de uma forma majorada
do crime de corrupção passiva. Aqui a conduta do funcionário vai além do recebimento da
vantagem indevida, pois ele efetivamente: retarda a prática do ato, ou seja, desrespeita p
prazo para sua execução; deixa de praticar o ato, isto é, abstém-se de sua prática; pratica
infringindo dever funcional.
Forma privilegiada do parágrafo 2º: neste caso o agente deixa de praticar ou retarda
o ato de ofício, não em virtude do recebimento de vantagem indevida, mas cedendo a pedido
ou influência de outrem.

F) Prevaricação (art. 319)


O núcleo retardar dá a ideia de que o funcionário público estende, prolonga,
posterga para além do necessário a prática do ato que lhe competia. Neste crime o funcionário
prática ato, só que demora na sua realização. Ou ainda, poderá deixar de praticar o ato de
ofício, omitindo-se dolosamente para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Este
interesse pode ser de qualquer espécie (patrimonial, material ou moral). O sentimento pessoal
diz com a afetividade do agente em relação às pessoas ou fatos a que se refere à ação a ser
praticada, e pode ser representado pelo ódio, pela afeição, pela benevolência etc. Deve haver
uma lei expressamente vedando a prática do ato. Cuida-se aqui do dolo, vontade livre e
consciente de retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de oficio, ou praticá-lo contra
disposição expressa da Lei. Exige-se também o elemento subjetivo do tipo, consistente na
vontade de satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Trata-se de crime próprio, pois
somente pode ser cometido por funcionário público. O sujeito passivo é o Estado e o
Particular. Consuma-se o crime com o retardamento, a omissão ou a prática do ato. As
condutas omissivas não admitem a tentativa. Na modalidade comissiva, a tentativa é
perfeitamente possível.

G) Advocacia administrativa (art. 321)


Consubstancia-se no verbo patrocinar (advogar), no caso, interesse privado perante
os órgãos da Administração Pública. O patrocínio não necessariamente deve ocorrer no órgão
em que o funcionário está lotado, podendo ser em setor diverso da Administração Pública. O
patrocínio pode ocorrer direta ou indiretamente. É necessário que o funcionário, ao patrocinar
os interesses alheios, se valha das facilidades que a função lhe proporciona. A ilegitimidade do
interesse acarreta apenas a majoração da pena (parágrafo único), forma qualificada. O sujeito

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ativo só pode ser funcionário público. O sujeito passivo é o Estado. Reputa-se o crime
consumado com o primeiro ato inequívoco de patrocínio, independentemente da obtenção do
resultado pretendido. A tentativa é admissível.

2- Dos crimes praticados por particular contra a administração em geral


A) Desacato (art. 331)
Pune-se a ação de desacatar. Engloba-se o emprego de violência, utilização de gestos
ofensivos, no uso de expressões caluniosas, difamantes ou injuriosas, enfim, todo ato que
desprestigie, humilhe o funcionário, de forma a ofender a dignidade, o prestigio e o decoro da
função pública. É preciso que o desacato seja praticado contra o funcionário público no
exercício de sua função. Não se exige que o ato ofensivo tenha relação com a função pública.
Qualquer pessoa pode praticar. O sujeito passivo é o Estado, bem como o funcionário público.
Consuma-se com os atos ofensivos, ou com as palavras ultrajantes irrogadas contra o
funcionário público. A tentativa é admissível.

B) Tráfico de influência (art. 332)


Punem-se as ações de: solicitar; exigir; cobrar; obter. As ações praticadas pelo agente
visam à vantagem ou à promessa de vantagem, para si ou para outrem, a pretexto de influir
em ato praticado por funcionário público no exercício da função. Havendo uma venda de
suposta influência exercida pelo agente na Administração pública em troca de vantagem. Caso
ele efetivamente goze de prestígio junto a esta, corrompendo o funcionário, poderá ser autor
do crime de corrupção ativa. Pode ser praticado por qualquer pessoa. O sujeito passivo é o
Estado, bem como aquele que compra o prestígio. Dá-se a consumação com a efetiva
solicitação, exigência, cobrança ou obtenção da vantagem indevida. A tentativa é admitida.
Forma majorada: A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a
vantagem é também destinada ao funcionário.

C) Corrupção ativa (art. 333)


Primeiramente insta salientar que no crime em estudo evidencia-se a exceção
pluralista, já que o legislador pune de forma autônoma os crimes de corrupção ativa e a
passiva, tratando-se assim de exceção pluralista ao princípio unitário que norteia o concurso
de agentes. Desse modo, cada um responderá por seu delito de forma autônoma e não pelo
concurso de agentes. São duas as ações incriminadoras: oferecer vantagem indevida ou
aceitação; prometer vantagem indevida. Pode a corrupção ser praticada por meio escrito, oral,
ou por meio de gestos ou atos. Pode ser feita diretamente ao funcionário público, bem como

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por interposta pessoa, com o objetivo de determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de
oficio. Deve o ato necessariamente ser de especifica atribuição do funcionário público. Pode
ser praticada por qualquer pessoa. O sujeito passivo é o Estado. Consuma-se com o simples
oferta ou promessa de vantagem indevida por parte do particular ao funcionário público. A
tentativa é possível.
Causa de aumento de pena (parágrafo único): A pena será aumentada de um terço,
se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de oficio, ou
pratica infringindo dever funcional. Estamos diante de uma forma majorada do crime de
corrupção ativa. Aqui a conduta do funcionário vai além do recebimento da vantagem
indevida, pois, ele efetivamente: retarda a prática do ato; deixa de praticar o ato; pratica
infringindo dever funcional.
D) Contrabando ou descaminho (art. 334 e 334-A do CP)
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto
devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria (Redação dada pela
Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº
13.008, de 26.6.2014)
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;
(Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; (Redação dada
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma,
utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente
no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução
clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de
outrem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício
de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira,
desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe
serem falsos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo,
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras,

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inclusive o exercido em residências. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de


26.6.2014)
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em
transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
Contrabando
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Incluído pela Lei nº
13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído pela Lei nº 13.008,
de 26.6.2014)
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; (Incluído pela
Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de
registro, análise ou autorização de órgão público competente; (Incluído pela Lei nº
13.008, de 26.6.2014)
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à
exportação; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma,
utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; (Incluído pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício
de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.
(Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais,
para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (Incluído pela Lei nº
4.729, de 14.7.1965)
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em
transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
No caso do contrabando o objeto material é a mercadoria, ou seja, o bem móvel cujo
comércio, por motivo de ordem pública, o Estado proíbe. Trata-se de norma penal em branco,
pois cumpre a legislação extrapenal dizer quais mercadorias são relativa ou absolutamente
proibidas.

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A pena do contrabando foi majorada, mais, por tratar-se de novatio legis in pejus, só
poderá ser aplicada aos crimes praticados após 26/06/2014.
Para o descaminho, é necessário o emprego de fraude para iludir o fisco, evitando o
pagamento do tributo devido.
O crime em estudo contém duas figuras no caput do artigo: o contrabando: é a
importação ou exportação de mercadoria proibida, isto é, entrada ou saída de mercadorias do
País; descaminho consistente na conduta de iludir no todo ou em parte, o pagamento de
direito ou posto devido pela entrada ou saída da mercadoria, no caso permitida. Qualquer
pessoa pode praticar o crime, enquanto o sujeito passivo é o Estado. Se a entrada ou saída da
mercadoria do território nacional se deu pela alfândega, dá-se a consumação no momento de
sua liberação; se a entrada ou saída se deram por outro meio que não este, o crime se
consuma no exato instante em que são transpostas as fronteiras do País. Na hipótese de
importação feita por meio de navio ou avião, a consumação se dá no exato instante em que a
mercadoria ingressa em território nacional, muito embora se exija o pouso da aeronave ou o
atracamento da embarcação, uma vez que, se o sujeito estiver apenas em trânsito pelo País,
não ocorrerá o delito em questão. A tentativa é perfeitamente possível.

3- Dos crimes praticados contra a administração da Justiça


A) Denunciação caluniosa (art. 339)
O tipo penal incrimina a ação de “dar causa”, no caso, à instauração de investigação
policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação
de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime que o sabe inocente. Pode
a ação ser praticada oralmente ou por escrito. Pode ser praticado por qualquer pessoa, sendo
que o sujeito passivo é o Estado e a pessoa ofendida em sua honra e liberdade pela
denunciação caluniosa (note-se que nesse crime a pessoa é determinada, diferente do art.
340, onde a pessoa é indeterminada). Diz-se está consumado o crime com a instauração de
investigação policial, de processo judicial, de investigação administrativa, inquérito civil ou
ação de improbidade administrativa contra alguém. É possível a tentativa.
Forma majorada (parágrafo 1º): A pena será aumentada de sexta parte, se o agente
serve de anonimato ou de nome suposto.
Forma privilegiada (parágrafo 2º): A pena é diminuída de metade, se a imputação é
de prática de contravenção. Para a propositura da ação penal pelo crime de denunciação
caluniosa: somente com o arquivamento do inquérito policial ou absolvição irrecorrível em
favor do denunciado, é possível qualquer iniciativa no sentido do processo pelo crime em
estudo.

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B) Comunicação falsa de crime (art. 340)


É punida pelo dispositivo penal a ação de provocar a ação de autoridade pública
(delegado, juiz, promotor etc.), comunicando-lhe a prática de crime ou contravenção penal
que não se verificou. A comunicação pode se dar por via oral ou escrita. Aqui a comunicação
não se refere à pessoa determinada. A pessoa imputada pode ser imaginária ou fictícia. Pode
ser praticado por qualquer pessoa. Porém, se o fato comunicado for crime de ação penal
privada ou pública condicionada à representação, somente o suposto ofendido ou seu
representante legal poderá provocar a ação da autoridade pública. O sujeito passivo é o
Estado. Consuma-se com a efetiva ação da autoridade pública no sentido de elucidar o fato
criminoso. Não se exige a instauração formal de inquérito policial. É admissível à tentativa.

C) Auto acusação falsa (art. 341)


Incrimina-se a ação de acusar-se (atribuir a si mesmo), perante a autoridade (policial
ou judicial), a prática de crime inexistente ou praticado por outrem. Não é necessário,
contudo, segundo a Doutrina, que o auto acusado esteja frente a frente com a autoridade,
pois, se admite a forma escrita da imputação, que deve ser dirigida à autoridade pública.
Importante se faz destacar que o acusado que se auto acusa de crime inexistente ou praticado
por outrem, para se defender de outro delito que lhe é imputado, não comete o crime em
apreço. Pode ser praticado por qualquer pessoa, sendo que o sujeito passivo é o Estado.
Ocorre a consumação no instante em que a autoridade toma conhecimento da autoacusação,
prescindindo-se da prática de qualquer ato investigatório. Trata-se, portanto, de crime formal.
A tentativa somente é admitida na autoacusação realizada por escrito.

D) Exercício arbitrário das próprias razões (art. 345)


Incrimina-se a conduta de fazer justiça pelas próprias mãos para satisfazer pretensão,
embora legítima. A pretensão pode ser ilegítima, porém, o agente não deve considerá-la como
tal. Deve, assim, julgar, suporte legítimo direito a ela. O agente pode valer-se de diversos
meios (violência física, ameaça, apropriação, subtração, fraude etc.) para satisfazer uma
pretensão que entende ser legítima, O tipo penal contém um elemento normativo que está
consubstanciado na expressão “salvo quando a lei o permite”. Assim, a lei, em alguns casos,
autoriza que se faça justiça pelas próprias mãos. Trata-se de crime comum, uma vez que pode

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ser praticado por qualquer pessoa, não se exigindo nenhuma qualidade especial. O sujeito
passivo é o Estado, titular do bem jurídico ofendido, e a pessoa diretamente lesada com a ação
ou omissão do sujeito ativo.

E) Patrocínio infiel (art. 355)


É punida a ação de trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever
profissional. É necessário que a ação ou a omissão praticada prejudique interesse, cujo
patrocínio em juízo lhe fora confiado. Exigi-se, que haja um mandato outorgando poderes ao
advogado ou procurador para que patrocine a causa judicial. Trata-se de crime próprio, pois,
só pode ser praticado por um advogado ou estagiário de advocacia.

F) Patrocínio simultâneo ou Tergiversação (parágrafo único do artigo 355)


É punida a conduta do advogado ou procurador judicial que: defende na mesma
causa, simultaneamente, partes contrárias; defende na mesma causa, sucessivamente, partes
contrárias. Nessa modalidade o advogado, após abandonar a causa de seu constituinte ou se
por este substituído, passa a advogar em favor dos interesses daquele que era a parte adversa
na causa. Quando a lei diz na mesma causa, ela não se refere tão somente à mesma ação,
podendo ser diversas desde que conexas. Trata-se de crime formal.

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