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1ª Fase | 35º Exame de Ordem

Direito Penal

Direito Penal
Prof. Arnaldo Quaresma
Prof. Nidal Ahmad

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1ª Fase | 35º Exame de Ordem
Direito Penal

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Direito Penal

1. Lei Penal no Tempo

*Para todos verem: esquema

Abolitio criminis
Retroatividade da lei
penal mais benéfica
Novatio legis in
mellius
Princípios
Lei incriminadora
Irretroatividade da lei
penal mais gravosa
Novatio legis in pejus

1.1 Retroatividade da lei penal mais benéfica

1.1.1 Abolitio criminis


Lei que revoga uma infração penal.

Art. 2º, do Código Penal

Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude
dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

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*Para todos verem: esquema

Cessam todos os
efeitos penais

Permanecem os
Efeitos efeitos
extrapenais

Extinção da
punibilidade

1.1.2 Novatio legis in mellius


Lei mais favorável ao réu.

Art. 2º, parágrafo único, do Código Penal.

A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que
decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

Súmula 611, do STF. Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo


das execuções a aplicação de lei mais benigna.

1.2 Irretroatividade da lei penal mais gravosa


1.2.1 Novatio legis in pejus
Lei que piora a situação do réu.

1.2.2 Novatio legis incriminadora


Lei que cria uma infração penal.

Só pode ser aplicada a fatos que ocorridos após o início da vigência da lei.

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1.3 Situações Especiais

1.3.1 Crimes permanentes


A consumação se prolonga no tempo.

Exemplo: Sequestro, extorsão mediante sequestro, tráfico de drogas (ter em depósito ou


guardar).

Se, durante a permanência do crime, entra em vigor lei mais grave, aplica-se a lei mais
grave.

Súmula 711 do STF. A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

2. Lei Temporária e Excepcional; Tempo e Lugar Do Crime; Lei


Penal no Espaço

2.1 Leis temporárias e excepcionais

Art. 3º, do Código Penal

A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas


as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

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*Para todos verem: esquema

Lei temporária Lei excepcional

Início e término da vigência Situação excepcional

2.1.1. Lei temporária


Lei temporária é aquela que traz no seu texto a data do início e término de vigência. Ou
seja, possui prazo de vigência determinado

2.1.2 Lei excepcional


São aquelas que que incidem sob a vigência de determinada situação excepcional,
como, por exemplo, pandemia, enchentes, alagamentos.

2.1.3. Características
• Autorrevogável: Cessa a vigência quando cessar a situação excepcional (lei
excepcional) ou quando encerrar o prazo de vigência (lei temporária).
• Ultratividade: A lei excepcional ou temporária continua gerando efeitos mesmo depois
de revogada.

2.2 Tempo do crime

Art. 4º, do Código Penal

Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado.

Considera tempo do crime o momento da atividade, ou seja, da ação ou omissão.


Aplica-se, portanto, a teoria da atividade.

2.3. Lugar do crime

Art. 6º, do Código Penal

Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou


em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

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Considera-se lugar do crime tanto o lugar da conduta (ação/omissão) quanto o lugar do


resultado. Aplica-se a teoria da ubiquidade.

• Lugar do crime é diferente de competência do juízo, tendo relevância para verificação da


aplicação da lei penal brasileira a fatos praticados no Brasil, mas com resultado no
exterior, ou para fatos praticados no exterior e o resultado ocorrer no Brasil.

*Para todos verem: esquema

L UGAR
U BIQUIDADE
T EMPO
A TIVIDADE

2.4 Princípio da Territorialidade

Art. 5º, do Código Penal

Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional,
ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações
e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território
nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

• É a regra geral. Trata-se de uma territorialidade mitigada.


Aplica-se a lei penal brasileira para os crimes cometidos dentro do território nacional.

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*Para todos verem: esquema

Tudo aquilo que


corresponde ao
Real/físico território
brasileiro de fato.

Território De natureza pública


nacional Pública
ou esteja a serviço
do Brasil em
qualquer lugar do
mundo.
Por extensão/
flutuante/ Navios ou
aeronaves Só serão território
jurídico brasileiro quando
estiverem em área
internacional, ou
Privado seja, navegando ou
sobrevoando espaço
correspondente a
alto-mar.

3. Crimes Omissivos

3.1 Crimes omissivos próprios

• Tipo penal específico descrevendo a conduta omissiva.


• O agente tem o dever de agir.
• Não admite tentativa.

Exemplo:

Omissão de socorro

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à
criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em
grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.

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3.2 Crimes Omissivos Impróprios


Não há tipo penal específico. O agente tem o dever de agir para impedir o resultado e,
se deixar de agir, responde pelo resultado produzido.

Art. 13, § 2º, do Código Penal

A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado.
[...]

Quem tem o dever jurídico de agir


*Para todos verem: esquema

Lei

Garantidor

Quem criou o risco

4. Desistência Voluntária, Arrependimento Eficaz e


Arrependimento Posterior

4.1 Desistência voluntária e arrependimento eficaz

Art. 15, do Código Penal

O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o


resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

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*Para todos verem: esquema

Início da execução do delito

Não consumação por vontade


própria

4.1.1. Desistência voluntária


• O sujeito inicia a execução do delito, mas interrompe os atos executórios.
• Não esgota a sua potencialidade lesiva.

4.1.2. Arrependimento eficaz


• Antes da consumação possui uma postura ativa para impedir o resultado.
• Esgota a sua potencialidade lesiva.

4.1.3. Efeitos
• Jamais o sujeito responderá por tentativa.
• Responde pelos atos até então praticados.
• Se não for eficaz o arrependimento, ou seja, se o resultado se produzir, o sujeito
responderá pelo delito na modalidade consumada.

4.2 Tentativa
O agente quer a consumação do delito mas, por algum motivo, não consegue.

*Para todos verem: esquema

Início da execução do delito

Não consumação por circunstâncias


alheias a sua vontade

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4.3 Arrependimento posterior

Art. 16, do Código Penal

Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a
coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será
reduzida de um a dois terços.

• Incide depois da consumação do delito.


• É causa de diminuição da pena de 1/3 a 2/3.

4.3.1. Requisitos
*Para todos verem: esquema

Crimes praticados sem violência ou grave ameaça.

Restituição da coisa ou reparação do dano que provocou.

Até o recebimento da denúncia ou queixa-crime.

5. Crime Impossível

5.1 Crime impossível

Art. 17, do Código Penal.

Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

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5.2 Casos em que será impossível a consumação do delito


*Para todos verem: esquema

Instrumento.
Ineficácia absoluta do
meio
Modo de execução.
Crime impossível

Coisa ou pessoa sobre


Impropriedade absoluta a qual recai a conduta
do objeto do sujeito.

• Neste caso, o fato é atípico.


• Se a ineficácia ou impropriedade for relativa, o sujeito vai responder pela tentativa.

6. Erro de Tipo Essencial e Erro De Proibição

6.1 Erro de tipo

Art. 20, do Código Penal

O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a
punição por crime culposo, se previsto em lei.

• Trata-se de erro sobre o elemento constitutivo do tipo, ou seja, sobre as expressões que
contam no tipo penal.
• O sujeito pratica a conduta sem saber que está praticando um crime, sob uma falsa
percepção da realidade.

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* Para todos verem: esquema

Falsa percepção
da realidade
fática

Praticar conduta sem


Erro de tipo
saber que está
essencial
comentendo crime

Não sabe o que


está fazendo

6.1.1. Efeitos
* Para todos verem: esquema

Erro de tipo vencível/evitável Erro de tipo invencível/inevitável

• Casos em que uma pessoa • Casos em que qualquer pessoa


mais cautelosa não erraria. também erraria.
• Exclui o dolo e responde pela • Exclui o dolo e a culpa e o fato
culpa, se previsto em lei. é atípico.

6.2 Erro de proibição

Art. 21, do Código Penal

O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável,


isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir
essa consciência.

• Nesse caso, o erro recai sobre a ilicitude do fato.


• O sujeito sabe o que está fazendo, mas falta potencial consciência de que a conduta é
ilícita.

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* Para todos verem: esquema

O sujeito sabe o
que faz

Erro sobre a
Erro de
ilicitudade do
proibição
fato

Supõe ser
permitido, quando,
na verdade, era
proibido

6.2.1. Efeitos
* Para todos verem: esquema

Evitável Inevitável

• Responde pelo delito. • Isento de pena.


• Terá a pena reduzida de 1/6 a 1/3. • Causa excludente de
culpabilidade.

7. Erro de Tipo Acidental

7.1 Erro sobre a pessoa

Art. 20, § 3º, do Código Penal

O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa
contra quem o agente queria praticar o crime.

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* Para todos verem: esquema

Pretende atingir
Erro na Atinge pessoa
determinada
identificação diversa
pessoa

• Consideram-se as condições ou qualidades da vítima pretendida. Ignora-se as


condições da vítima efetivamente atingida.

7.2 Erro na execução: “aberratio ictus

Art. 73, do Código Penal

Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir
a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse
praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste
Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-
se a regra do art. 70 deste Código.

* Para todos verem: esquema

Pretende atingir Erro nos meios


de execução Atinge pessoa
determinada
diversa
pessoa ou acidente

• Consideram-se as condições ou qualidades da vítima pretendida. Efeitos idênticos ao


do art. 20, §3º do Código Penal.
• Se houver resultado duplo, ou seja, atinge a pessoa pretendida e outra pessoa,
incide o concurso formal de crimes.

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7.3 Resultado diverso do pretendido: “aberratio criminis”

Art. 74, do Código Penal

Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime,
sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é
previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra
do art. 70 deste Código.

* Para todos verem: esquema

Pretende Acidente ou
Atinge bem
atingir um bem Erro nos meios
jurídico diverso
jurídico de execução

• Responde pelo resultado que produziu na modalidade culposa, desde que tenha
previsão legal.

• Se houver resultado duplo, ou seja, atinge a pessoa pretendida e outra pessoa, incide o
concurso formal de crimes.

8. Excludentes de Ilicitude

8.1 Causas excludentes de ilicitude

* Para todos verem: esquema

Fato
Ilícito Culpável Crime
típico

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Estado de
necessidade

Legítima defesa
Exclusão da
ilicitude
Art. 23 do CP Estrito
cumprimento de
um dever legal

Exercício
regular de um
direito

8.2 Estado de necessidade

Art. 24 do Código Penal

Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual,
que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou
alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o
perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser
reduzida de um a dois terços.

* Para todos verem: esquema

Ação humana
Se salvar de Evento da natureza
Fato típico
situação de perigo Comportamento
animal

• Comportamento animal: É considerado estado de necessidade quando o animal


ataca por instinto. Quando o animal for instigado por alguém para atacar, será
considerada legítima defesa.
• Quem, por sua vontade, provocou a situação de perigo, não poderá alegar estado
de necessidade.

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• A conduta tem que ser inevitável para cessar o perigo. Se existir outro modo menos
lesivo de evitar o perigo, não poderá alegar estado de necessidade.
• Critério de proporcionalidade: O bem protegido deve ser de igual ou maior valor
que o bem sacrificado.
• Aquele que tem o dever legal de enfrentar o perigo, não poderá alegar estado de
necessidade.

8.3 Legítima defesa

Art. 25, do Código Penal

Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários,


repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se
também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco
de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.

* Para todos verem: esquema

Repelir uma
Atual ou
Fato típico injusta
iminente
agressão

Critério de proporcionalidade:
• Meio necessário e suficiente para fazer cessar a agressão
• Uso moderado desse meio

Novidade do Pacote Anticrime: Legítima defesa do Agente de Segurança Pública

• Observados os requisitos do caput

• Crime com vítima refém

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8.4 Estrito cumprimento de um dever legal e exercício regular de um direito

* Para todos verem: esquema

Estrito cumprimento de um Exercício regular de um


dever legal direito

• Agente público • Cidadão comum


• Fato típico • Fato típico
• Cumprimento de um dever • Exercício regular de um
imposto pela lei direito

9. Excludentes de Culpabilidade

9.1 Causas excludentes de culpabilidade


* Para todos verem: esquema

Fato
Ilícito Culpável Crime
típico

9.2 Elementos da culpabilidade


* Para todos verem: esquema

Imputabilidade

Potencial consciência da ilicitude

Exigibilidade de conduta diversa

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* Para todos verem: esquema

Enfermidade mental

Inimputabilidade
Embriaguez completa
e acidental

Falta de potencial
Causas excludentes consciência da Erro de proibição
ilicitude

Coação moral
irresistível
Inexigibilidade de
conduta diversa
Obediência
hierárquica

9.3. Inimputabilidade pela enfermidade mental

Art. 26, do Código Penal

É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto
ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

9.3.1. Critério biopsicológico

• Desenvolvimento mental incompleto ou retardado


• Inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito da sua conduta

9.3.2 Natureza jurídica da sentença


• Sentença absolutória imprópria
* Para todos verem: esquema

Internação
Medida de
segurança
Tratamento
ambulatorial

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Art. 97, do Código Penal

Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato
previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento
ambulatorial.

• O tempo de duração da medida de segurança será a pena máxima cominada ao delito.


Súmula 527 STJ.

9.4 Embriaguez completa e acidental

Art. 28, § 1º, do Código Penal

É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou
força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

• Completa: em decorrência da embriaguez, o sujeito será inteiramente incapaz de


compreender o caráter ilícito da conduta.
• Acidental: caso fortuito ou força maior

9.4.1 Natureza jurídica da sentença


• Sentença absolutória própria.

9.5 Falta de potencial consciência da ilicitude

9.5.1 Erro de proibição


O sujeito supõe que uma conduta é permitida, quando é proibida.

• Se for inevitável: isento de pena.


• Se for evitável: responde pelo delito com uma causa de redução da pena.

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9.6 Inexigibilidade de conduta diversa

Art. 22, do Código Penal

Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não


manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
ordem.

* Para todos verem: esquema

Coação moral irresistível

• Figura do coator que, por meio de grave ameaça, faz com que o
coagido pratique fato típico e ilícito.
• Não era exigível que o coagido resistisse.

Obediência hierárquica

• Figura do superior hierárquico que, por meio de uma ordem não


manifestamente ilegal, faz com que o subordinado pratique um fato
típico e ilícito.
• O subordinado será isento de pena e somente o superior hierárquico
responderá pelo delito.

• Coação física irresistível: o coator emprega força física sobre o coagido e retira a sua
vontade. O fato é atípico.

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10. Concurso de Pessoas

10.1 Concurso de pessoas


• 2 ou mais pessoas contribuem para prática de um crime.

* Para todos verem: esquema

Autor Partícipe

• Quem executa a ação descrita no • Quem contribui de qualquer modo


verbo nuclear do tipo. para a prática delituosa, sem
executar a ação descrita no verbo
nuclear do tipo.
• Induz, instiga ou auxilia o autor.
• É acessória a conduta do autor -
o autor precisa, ao menos, tentar
praticar o delito.

Art. 31 do Código Penal

O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em


contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

10.2 Requisitos do concurso de pessoas


* Para todos verem: esquema

Pluralidade de condutas

Relevância causal das condutas

Liame subjetivo (vínculo subjetivo)


•Ainda que não tenha ocorrido ajuste prévio

Identidade de infrações
•Teoria monista - Todos respondem pelas penas cominadas ao delito

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10.3 Punibilidade

Art. 29 do Código Penal

Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na
medida de sua culpabilidade.

10.4 Participação de menor importância

Art. 29 do Código Penal

§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto


a um terço.

10.5 Cooperação dolosamente distinta

Art. 29 do Código Penal

§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada
a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave.

10.6 Circunstâncias incomunicáveis

Art. 30 do Código Penal

Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando


elementares do crime.

10.7 Participação
• Deve ser antes ou durante a execução do delito.
• Se a participação for posterior, pode responder por outro delito (ex: favorecimento real).

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11. Teoria da Pena: Regime Inicial e Pena Restritiva De


Direitos

11.1 Regime inicial de pena


* Para todos verem: esquemas

Regimes

Reclusão Detenção

Fechado Semi-aberto* Aberto* Semi-aberto Aberto


Não
+ 8 anos + 4 anos até 8 anos até 4 anos + 4 anos Até 4 anos reincidente

*Observação:

• Reincidente: + 4 até 8 anos: fechado


• Reincidente: até 4 anos: fechado ou semiaberto

Súmula 269 do STJ. É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos


reincidentes
condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias
judiciais.
Súmula 718 do STF. A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não
constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido
segundo a pena aplicada.

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11.1.1. Detração

Art. 387. § 2º do Código de Processo Penal

O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no


estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa
de liberdade.

Art. 32, do Código Penal. As penas são:


* Para todos verem: esquema

Privativas de Restritivas
Multa
liberdade de direitos

11.2 Pena Restritiva de direitos


Possuem caráter substitutivo.

Art. 43, do Código Penal

As penas restritivas de direitos são:


I - prestação pecuniária;
II - perda de bens e valores;
III - limitação de fim de semana.
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V - interdição temporária de direitos;
VI - limitação de fim de semana.

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11.2.1. Requisitos
* Para todos verem: esquemas

Pena aplicada até


4 anos

Dolosos
Crimes praticados
sem violência ou
grave ameaça
Requisitos
Qualquer que seja
a pena
Exceção: Art. 312-
B do CTB
Culposos

Não reincidente
em crime doloso

Art. 312-B do Código de Trânsito Brasileiro

Aos crimes previstos no § 3º do art. 302 e no § 2º do art. 303 deste Código não se aplica o
disposto no inciso I do caput do art. 44 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal).

Art. 44 do Código Penal

§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou
por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade
pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de
direitos.
§ 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em
face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência
não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
§ 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o
descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de
liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos,
respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.
§ 5º Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da
execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível
ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.

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12. Fixação Da Pena Privativa De Liberdade e Reincidência

12.1 Privativas de liberdade

12.1.1 Aplicação da pena


Critério trifásico

Art. 68, do Código Penal

A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida


serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de
diminuição e de aumento.

* Para todos verem: esquema

1. Pena-base

2. Pena intermediária

3. Pena definitiva

12.1.2 Pena-base

Art. 59, do Código Penal

O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do


agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime [...].

Súmula 444, do STJ. É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso
para agravar a pena-base.

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12.1.3 Pena intermediária


Agravantes e atenuantes.
Não pode diminuir do mínimo ou aumentar do máximo.
• Art. 61 e seguintes do Código Penal

Súmula 231 do STJ. A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução
da pena abaixo do mínimo legal.

12.1.4 Pena definitiva

Aumento e diminuição de pena através de causas majorantes ou minorantes, que estão


definidas tanto na parte geral quanto na parte especial do código.

12.2 Reincidência
Agravante: art. 61, I do CP

* Para todos verem: esquema

Depois de transitar em
Novo crime julgado sentença
condenatória

Art. 63 do Código Penal

Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em


julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.

Art. 7º da Lei de Contravenções Penais

Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar em


julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer
crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção.

29
1ª Fase | 35º Exame de Ordem
Direito Penal

13. Concurso de Crimes

13.1 Concurso de crimes

13.1.1 Pluralidade de crimes


* Para todos verem: esquema

Pluralidade de crimes

Pluralidade de
Concurso material
condutas

Sistema de cúmula
material (penas
somadas)

Pluralidade de crimes
Concurso de crimes

Concurso formal Unidade de conduta

Pena depende se
perfeito ou imperfeito

Pluralidade de crimes

Pluralidade de
condutas

Crime continuado Crimes da mesma


espécie, praticados nas
mesmas condições de
tempo, local e modo de
execução

Exasperação da pena

30
1ª Fase | 35º Exame de Ordem
Direito Penal

13.2 Concurso Material

Art. 69 do Código Penal

Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que
haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção,
executa-se primeiro aquela.

13.3 Concurso Formal

Art. 70 do Código Penal

Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplicasse-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente
uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes
concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.

* Para todos verem: esquema

Concurso formal perfeito Concurso formal imperfeito

• Sem desígnios autônomos • Desígnios autônomos


• Exasperação da pena • Cúmulo material
• Pena do crime mais grave e
aumenta de 1/6 até 1/2

13.4 Crime continuado

Art. 71 do Código Penal

Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes
da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro,
aplicasse-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas,
aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

31
1ª Fase | 35º Exame de Ordem
Direito Penal

13.4.1. Crime continuado específico

Art. 71 do Código Penal

Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência
ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes,
a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias,
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o
triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.

13.5 Concurso material benéfico


• Quando a exasperação da pena é mais prejudicial do que caso as penas fossem
somadas.
• Neste caso, utiliza-se o cúmulo material.

Art. 70 do Código Penal

Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste
Código.

32
1ª Fase | 35º Exame de Ordem
Direito Penal

1. Crimes Contra a Vida: Homicídio, Auxílio ao Suicídio e


Infanticídio

1.1 Crimes contra a vida

1.1.1 Homicídio
• Bicomum
• Livre execução
• A depender da forma, pode ser qualificado
• Crime material: exige resultado

Art. 121 do Código Penal

Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

*Para todos verem: esquema

Sujeito Qualquer
ativo: pessoa
Bicomum:
Sujeito Qualquer
passivo: pessoa

33
1ª Fase | 35º Exame de Ordem
Direito Penal

1.2 Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ou automutilação

Art. 122 do Código Penal

Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:


Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a
três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de
resistência.

1.3 Infanticídio

Art. 123 do Código Penal

Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.

1.4 Princípio da especialidade


*Para todos verem: esquema

Sujeito passivo: Próprio filho

Sujeito ativo: Mãe

Influência do
Elemento
estado puerperal
subjetivo:
(perícia)

Elemento Durante o parto


temporal: ou logo após

Marco inicial: início do parto (eliminação da vida humana após o início do parto)

34
1ª Fase | 35º Exame de Ordem
Direito Penal

Antes do início do parto: aborto


• Atenção ao erro sobre a pessoa: art. 20, §3º

2. Lesão Corporal

2.1 Lesões corporais

Art. 129 do Código Penal

Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:


Pena - detenção, de três meses a um ano.

• Não tem intenção de matar nem assume o risco. A intenção é lesionar a vítima.
Regra geral: dolosa
Simples: caput

2.2 Culposa
• Não varia de acordo com a intensidade, sempre será culposa (se agindo com
negligência, imprudência ou imperícia).

Art. 129 do Código Penal

§ 6° Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.

35
1ª Fase | 35º Exame de Ordem
Direito Penal

2.3 Grave

Art. 129 do Código Penal

§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.

2.4 Gravíssima

Art. 129 do Código Penal

§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Seguida de morte:
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado,
nem assumiu o risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

2.5 Violência doméstica

Art. 129 do Código Penal

§9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou
com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.

36
1ª Fase | 35º Exame de Ordem
Direito Penal

2.6 Lesão funcional


• É crime hediondo

Art. 129 do Código Penal

§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a
pena é aumentada de um a dois terços.

3. Crimes Contra a Honra

3.1 Crimes contra a honra


*Para todos verem: esquema

Reputação social Calúnia e


Honra objetiva:
do indivíduo difamação
Bem jurídico:
honra Imagem pessoal
Honra subjetiva: perante ele Injúria
mesmo

3.2 Calúnia
Imputação falsa de fato definido como crime

Tem certeza de que está imputando um crime a um inocente.


O fato precisa ser um CRIME.
Via de regra, cabe exceção da verdade.

37
1ª Fase | 35º Exame de Ordem
Direito Penal

3.3 Injúria
• Imputação de uma qualidade negativa.

3.4 Difamação
• Imputação de um fato ofensivo à reputação do indivíduo (que não é crime).
• Pode ser contravenção penal.
• Via de rega, não cabe exceção da verdade.

3.5 Causas de aumento de pena

Art. 141 do Código Penal

As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os Presidentes do Senado Federal, da
Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da
injúria.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.

3.6 Retratação

Art. 143 do Código Penal

O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação,


fica isento de pena.
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a
difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim
desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.

38
1ª Fase | 35º Exame de Ordem
Direito Penal

3.7 Ação penal

Art. 145 do Código Penal

Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando,
no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do
inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso
do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código.

Súmula 714 do STF. É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério


público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de
servidor público em razão do exercício de suas funções.

4. Crimes Contra o Patrimônio

4.1 Furto
• Ação nuclear é subtrair
• Agente não tem a posse anterior do bem

Art. 155 do Código Penal

Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:


Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena
de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.

39
1ª Fase | 35º Exame de Ordem
Direito Penal

4.2 Apropriação indébita

Art.168 do Código Penal

Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:


Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

• Ação nuclear é apropriar-se.


• Dolo é posterior: primeiro o agente tem a posse legítima.

4.3 Roubo
Ação nuclear é subtrair

Meios executórios: violência, grave ameaça ou violência imprópria.

• Violência imprópria: emprega meio para incapacitar a possibilidade de resistência da


vítima.

4.4 Estelionato
Fraude com intuito de induzir a vítima em erro, fazendo com que a própria vítima
entregue a vantagem indevida.

Art. 171 do Código Penal

Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém
em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.

40
1ª Fase | 35º Exame de Ordem
Direito Penal

4.5 Roubos hediondos

Art. 157 do Código Penal

§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:


V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito
ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.
§ 3º Se da violência resulta:
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.

4.6 Furto hediondo

Art. 155 do Código Penal

§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de


explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.

5. Crimes Contra a Dignidade Sexual

5.1 Crimes contra a dignidade sexual

5.1.1 Ação penal

Art. 225 do Código Penal

Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública
incondicionada.

41
1ª Fase | 35º Exame de Ordem
Direito Penal

5.1.2 Causas de aumente de pena

Art. 226 do Código Penal

A pena é aumentada:
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas;
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge,
companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver
autoridade sobre ela;
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado:
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes;
b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima.

5.2 Estupro

Art. 213 do Código Penal

Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou
permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. Constranger alguém a ter conjunção carnal ou ato
libidinoso diverso.

*Para todos verem: esquema

Qualquer
Sujeito ativo:
pessoa
Crime
bicomum
Sujeito Qualquer
passivo: pessoa

• Tipo penal misto alternativo: mesmo que faça duas condutas, haverá apenas um crime.
• Pode-se falar em crime de estupro mesmo que não haja contato físico.

42
1ª Fase | 35º Exame de Ordem
Direito Penal

5.3 Qualificado

Art. 213 do Código Penal

§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18


(dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2º Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos

5.4 Estupro de vulnerável

Art. 217-A do Código Penal

Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se independentemente
do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime.

• Ter conjunção carnal ou praticar ato libidinoso diverso com menor de 14 anos (ainda que
não haja violência, ainda que haja o consentimento da vítima)

5.5 Outras pessoas consideradas vulneráveis

Art. 217-A do Código Penal

§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou
que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.

• Cuidar o erro de tipo

6. Crimes Contra a Fé Pública: Falsidade de Documento Público


e Falsidade Ideológica

6.1 Crimes contra a fé pública


• Somente crimes dolosos

43
1ª Fase | 35º Exame de Ordem
Direito Penal

• Falsificar
• Em alguns casos, há aumento de pena para funcionário público
• Não se aplica o princípio da insignificância

6.2 Moeda falsa

Art. 289 do Código Penal

Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou


no estrangeiro:
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à
circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e
multa.

6.3 Documento público

Art. 297 do Código Penal

Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:


Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa

6.4 Documento particular

Art. 298 do Código Penal

Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro:


Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de
crédito ou débito.

6.5 Falsidade ideológica


• Documento formalmente é verdadeiro, mas apresenta um vício quanto ao conteúdo
• Documento público ou particular

44
1ª Fase | 35º Exame de Ordem
Direito Penal

Art. 299 do Código Penal

Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou
fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito,
criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três
anos, e multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis, se o documento é particular.
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,
ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta
parte.

6.6 Uso de documento falso

Art. 304 do Código Penal

- Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

7. Crimes Contra Administração Pública (Peculato;


Prevaricação; Denunciação Caluniosa)

7.1 Crimes contra a administração pública

Súmula 599 do STJ. O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a


administração pública.

• Exceção: crime de descaminho

45
1ª Fase | 35º Exame de Ordem
Direito Penal

7.2 Funcionário público

Art. 327 do Código Penal

Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para
a execução de atividade típica da Administração Pública.

7.3 Vantagem indevida


*Para todos verem: esquema

Funcionário público Particular

▪ Exigir: 316 • Oferecer: 333


▪ Solicita: 317 • Prometer: 333
▪ Recebe: 317
▪ Aceita: 317

7.4 Prevaricação

Art. 319 do Código Penal

Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição


expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

46
Caderno de Questões – Direito Penal
Arnaldo Quaresma e Nidal Ahmad
Caderno de Questões – Direito Penal
Arnaldo Quaresma e Nidal Ahmad

XXXIII Exame
1) FGV - 2021 - OAB - XXXIII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q60
Vitor, embora não tenha prestado concurso público, está exercendo, transitoriamente e sem receber qualquer
remuneração, uma função pública. Em razão do exercício dessa função pública, Vitor aceita promessa de José,
particular, de lhe pagar R$ 500,00 (quinhentos reais) em troca de um auxílio relacionado ao exercício dessa
função. Ocorre que, apesar do auxílio, José não fez a transferência do valor prometido.

Os fatos são descobertos pelo superior hierárquico de Vitor, que o indaga sobre o ocorrido. Na ocasião, Vitor
confirma o acontecido, mas esclarece que não acreditava estar causando prejuízo para a Administração Pública.
Em seguida, preocupado com as consequências jurídicas de seus atos, Vitor procura seu advogado em busca de
assegurar que sua conduta fora legítima.

Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Vitor deverá esclarecer que sua conduta

A) não configura crime em razão de a função ser apenas transitória, logo não pode ser considerado funcionário
público para efeitos penais, apesar de o recebimento de remuneração ser dispensável a tal conceito.

B) não configura crime em razão de não receber remuneração pela prestação da função pública, logo não pode
ser considerado funcionário público para efeitos penais, apesar de o exercício da função transitória não afastar,
por si só, tal conceito.

C) configura crime de corrupção ativa, na sua modalidade tentada.

D) configura crime de corrupção passiva, na sua modalidade consumada.

2) FGV - 2021 - OAB - XXXIII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q61
João e Carlos procuram Paulo para que, juntos, pratiquem um crime de roubo de carga. Apesar de se recusar a
acompanhá-los na ação delituosa, Paulo oferece a garagem de sua casa para a guarda da carga roubada,
conduta que seria fundamental na empreitada criminosa, já que João e Carlos não teriam outro local para
esconder os bens subtraídos. Apenas por terem conseguido o acordo com Paulo, João e Carlos operam a
subtração. Ao chegarem à casa de Paulo, este lhes informa que a garagem estava ocupada naquele momento e
não poderia mais ser utilizada. Assim, o trio que dividiria os lucros procura o vizinho Pedro e, após contarem o
ocorrido, pedem a garagem emprestada por um tempo, proposta que é aceita por Pedro. Sendo todos os fatos
apurados e recuperada a carga na garagem de Pedro, as famílias de Paulo e Pedro procuram um(a) advogado(a)
para saber acerca da situação jurídica deles.

Na ocasião da assistência jurídica, o(a) advogado(a) deverá esclarecer que

A) ambos poderão ser responsabilizados pelo crime de roubo majorado.

B) Paulo poderá ser responsabilizado pelo crime de roubo majorado, enquanto Pedro, apenas pelo crime de
receptação.

C) Paulo poderá ser responsabilizado pelo crime de roubo majorado, enquanto Pedro, apenas pelo crime de
favorecimento real.

D) Pedro e Paulo poderão ser responsabilizados pelo crime de favorecimento real.


Caderno de Questões – Direito Penal
Arnaldo Quaresma e Nidal Ahmad

3) FGV - 2021 - OAB - XXXIII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q63
Vitor foi condenado pela prática de um crime de lesão corporal leve no contexto da violência doméstica e familiar
contra a mulher, sendo aplicada pena privativa de liberdade de três meses de detenção, a ser cumprida em
regime aberto, já que era primário e de bons antecedentes. Considerando a natureza do delito, o juiz deixou de
substituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos e não aplicou qualquer outro dispositivo legal que
impedisse o recolhimento do autor ao cárcere.

No momento da apelação, a defesa técnica de Vitor, de acordo com a legislação brasileira,

A) não poderá requerer a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, mas poderá pleitear
a suspensão condicional da pena, que, inclusive, admite que seja fixada prestação de serviços à comunidade e
limitação de final de semana por espaço de tempo.

B) não poderá requerer a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, mas poderá pleitear
a suspensão condicional da pena, que não admite que seja fixada como condição o cumprimento de prestação de
serviços à comunidade.

C) não poderá requerer a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos e nem a suspensão
condicional da pena, mas poderá pleitear que o regime aberto seja cumprido em prisão domiciliar com tornozeleira
eletrônica.

D) poderá requerer a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, que, contudo, não
poderá ser apenas de prestação pecuniária por expressa vedação legal.

XXXII Exame
4) FGV - 2021 - OAB - XXXII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q58
João, em 17/06/2015, foi condenado pela prática de crime militar próprio. Após cumprir a pena respectiva, João, em
30/02/2018, veio a praticar um crime de roubo com violência real, sendo denunciado pelo órgão ministerial. No curso
da instrução criminal, João reparou o dano causado à vítima, bem como, quando interrogado, admitiu a prática do
delito. No momento da sentença condenatória, o magistrado reconheceu a agravante da reincidência, não
reconhecendo atenuantes da pena e nem causas de aumento e de diminuição da reprimenda penal. Considerando
as informações expostas, em sede de apelação, o advogado de João poderá requerer

A) o reconhecimento da atenuante da confissão e da causa de diminuição de pena do arrependimento posterior,


mas não o afastamento da agravante da reincidência.

B) o reconhecimento das atenuantes da reparação do dano e da confissão, mas não o afastamento da agravante
da reincidência.

C) o reconhecimento das atenuantes da confissão e da reparação do dano e o afastamento da agravante da


reincidência.

D) o reconhecimento da atenuante da confissão e da causa de diminuição de pena do arrependimento posterior,


bem como o afastamento da agravante da reincidência.

5) FGV - 2021 - OAB - XXXII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q59
Francisco foi vítima de uma contravenção penal de vias de fato, pois, enquanto estava de costas para o autor,
recebeu um tapa em sua cabeça. Acreditando que a infração teria sido praticada por Roberto, seu desafeto que
estava no local, compareceu em sede policial e narrou o ocorrido, apontando, de maneira precipitada, o rival como
autor. Diante disso, foi instaurado procedimento investigatório em desfavor de Roberto, sendo, posteriormente,
Caderno de Questões – Direito Penal
Arnaldo Quaresma e Nidal Ahmad

verificado em câmeras de segurança que, na verdade, um desconhecido teria praticado o ato. Ao tomar
conhecimento dos fatos, antes mesmo de ouvir Roberto ou Francisco, o Ministério Público ofereceu denúncia em
face deste, por denunciação caluniosa. Considerando apenas as informações expostas, você, como advogado(a)
de Francisco, deverá, sob o ponto de vista técnico, pleitear

A) a absolvição, pois Francisco deu causa à instauração de investigação policial imputando a Roberto a prática de
contravenção, e não crime.

B) extinção da punibilidade diante da ausência de representação, já que o crime é de ação penal pública
condicionada à representação.

C) reconhecimento de causa de diminuição de pena em razão da tentativa, pois não foi proposta ação penal em
face de Roberto.

D) a absolvição, pois o tipo penal exige dolo direto por parte do agente.

6) FGV - 2021 - OAB - XXXII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q60
Paulo é dono de uma loja de compra e venda de veículos usados. Procurado por um cliente interessado na aquisição
de um veículo Audi Q7 e não tendo nenhum similar para vender, Paulo promete ao cliente que conseguirá aquele
modelo no prazo de sete dias. No dia seguinte, Paulo verifica que um carro, do mesmo modelo pretendido, se
achava estacionado no pátio de um supermercado e, assim, aciona Júlio e Felipe, conhecidos furtadores de carros
da localidade, prometendo a eles adquirir o veículo após sua subtração pela dupla, logo pensando na venda
vantajosa que faria para o cliente interessado. Júlio e Felipe, tranquilos com a venda que seria realizada, subtraíram
o carro referido e Paulo efetuou a compra e o pagamento respectivo. Dias após, Paulo vende o carro para o cliente.
Todavia, a polícia identificou a autoria do furto, em razão de a ação ter sido monitorada pelo sistema de câmeras do
supermercado, sendo o veículo apreendido e recuperado com o cliente de Paulo. Paulo foi denunciado pela prática
dos crimes de receptação qualificada e furto qualificado em concurso material. Confirmados integralmente os fatos
durante a instrução, inclusive com a confissão de Paulo, sob o ponto de vista técnico, cabe ao advogado de Paulo
buscar o reconhecimento do

A) crime de receptação simples e furto qualificado, em concurso material.

B) crime de receptação qualificada, apenas.

C) crime de furto qualificado, apenas.

D) crime de receptação simples, apenas.

7) FGV - 2021 - OAB - XXXII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q63
Cláudio, durante a comemoração do aniversário de 18 anos do filho Alceu, sem qualquer envolvimento pretérito com
o aparato policial e judicial, permitiu que este conduzisse seu veículo automotor em via pública, mesmo sabendo
que o filho não tinha habilitação legal para tanto. Cerca de 50 minutos após iniciar a condução, apesar de não ter
causado qualquer acidente, Alceu é abordado por policiais militares, que o encaminham para a Delegacia ao
verificarem a falta de carteira de motorista. Em sede policial, Alceu narra o ocorrido, e Cláudio, preocupado com as
consequências jurídicas de seus atos, liga para o advogado da família para esclarecimentos, informando que a
autoridade policial pretendia lavrar termo circunstanciado pela prática do crime de entregar veículo a pessoa não
habilitada (Art. 310 da Lei nº 9.503/97, Código de Trânsito Brasileiro, cuja pena em abstrato prevista é de detenção
de 06 meses a 01 ano, ou multa). Considerando apenas as informações narradas, o(a) advogado(a) de Cláudio
deverá esclarecer que, de acordo com as previsões da Lei nº 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro), sua conduta

A) configura o delito imputado, na forma consumada, com natureza de crime de perigo abstrato, cabendo
oferecimento de proposta de transação penal por parte do Ministério Público.

B) configura o crime previsto no Art. 310 do CTB, na forma consumada, que independe de lesão ou perigo concreto,
cabendo oferecimento de proposta de composição civil dos danos por parte do Ministério Público.
Caderno de Questões – Direito Penal
Arnaldo Quaresma e Nidal Ahmad

C) não configura o crime do Art. 310 do CTB, mas mero ilícito de natureza administrativa, tendo em vista que o crime
trazido pelo Código de Trânsito Brasileiro para aquele que entrega a direção de veículo automotor a pessoa não
habilitada é classificado como de perigo concreto.

D) configura o crime de entrega de veículo a pessoa não habilitada, em sua modalidade tentada, tendo em vista que
a punição do agente pelo crime previsto no Código de Trânsito Brasileiro na modalidade consumada exige que haja
resultado lesão, sendo classificado como crime de dano.

XXX Exame
8) FGV - 2019 - OAB - XXX Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q60
Mário trabalhava como jardineiro na casa de uma família rica, sendo tratado por todos como um funcionário
exemplar, com livre acesso a toda a residência, em razão da confiança estabelecida. Certo dia, enfrentando
dificuldades financeiras, Mário resolveu utilizar o cartão bancário de seu patrão, Joaquim, e, tendo conhecimento da
respectiva senha, promoveu o saque da quantia de R$ 1.000,00 (mil reais). Joaquim, ao ser comunicado pelo
sistema eletrônico do banco sobre o saque feito em sua conta, efetuou o bloqueio do cartão e encerrou sua conta.
Sem saber que o cartão se encontrava bloqueado e a conta encerrada, Mário tentou novo saque no dia seguinte,
não obtendo êxito. De posse das filmagens das câmeras de segurança do banco, Mário foi identificado como o autor
dos fatos, tendo admitido a prática delitiva. Preocupado com as consequências jurídicas de seus atos, Mário
procurou você, como advogado(a), para esclarecimentos em relação à tipificação de sua conduta. Considerando as
informações expostas, sob o ponto de vista técnico, você, como advogado(a) de Mário, deverá esclarecer que sua
conduta configura

A) os crimes de furto simples consumado e de furto simples tentado, na forma continuada.

B) os crimes de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado e de furto qualificado pelo abuso de confiança
tentado, na forma continuada.

C) um crime de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado, apenas.

D) os crimes de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado e de furto qualificado pelo abuso de confiança
tentado, em concurso material.

9) FGV - 2019 - OAB - XXX Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q62
Durante ação penal em que Guilherme figura como denunciado pela prática do crime de abandono de incapaz
(Pena: detenção, de 6 meses a 3 anos), foi instaurado incidente de insanidade mental do acusado, constatando o
laudo que Guilherme era, na data dos fatos (e permanecia até aquele momento), inteiramente incapaz de entender
o caráter ilícito do fato, em razão de doença mental. Não foi indicado, porém, qual seria o tratamento adequado para
Guilherme. Durante a instrução, os fatos imputados na denúncia são confirmados, assim como a autoria e a
materialidade delitiva. Considerando apenas as informações expostas, com base nas previsões do Código Penal,
no momento das alegações finais, a defesa técnica de Guilherme, sob o ponto de vista técnico, deverá requerer

A) a absolvição imprópria, com aplicação de medida de segurança de tratamento ambulatorial, podendo a sentença
ser considerada para fins de reincidência no futuro.

B) a absolvição própria, sem aplicação de qualquer sanção, considerando a ausência de culpabilidade.

C) a absolvição imprópria, com aplicação de medida de segurança de tratamento ambulatorial, não sendo a
sentença considerada posteriormente para fins de reincidência.
Caderno de Questões – Direito Penal
Arnaldo Quaresma e Nidal Ahmad

D) a absolvição imprópria, com aplicação de medida de segurança de internação pelo prazo máximo de 02 anos,
não sendo a sentença considerada posteriormente para fins de reincidência.

XXVIII Exame
10) FGV - 2019 - OAB - XXVIII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q61
David, em dia de sol, levou sua filha, Vivi, de 03 anos, para a piscina do clube. Enquanto a filha brincava na piscina
infantil, David precisou ir ao banheiro, solicitando, então, que sua amiga Carla, que estava no local, ficasse atenta
para que nada de mal ocorresse com Vivi. Carla se comprometeu a cuidar da filha de David. Naquele momento,
Vitor assumiu o posto de salva-vidas da piscina. Carla, que sempre fora apaixonada por Vitor, começou a conversar
com ele e ambos ficam de costas para a piscina, não atentando para as crianças que lá estavam. Vivi começa a
brincar com o filtro da piscina e acaba sofrendo uma sucção que a deixa embaixo da água por tempo suficiente para
causar seu afogamento. David vê quando o ato acontece através de pequena janela no banheiro do local, mas o
fecho da porta fica emperrado e ele não consegue sair. Vitor e Carla não veem o ato de afogamento da criança
porque estavam de costas para a piscina conversando. Diante do resultado morte, David, Carla e Vitor ficam
preocupados com sua responsabilização penal e procuram um advogado, esclarecendo que nenhum deles adotou
comportamento positivo para gerar o resultado. Considerando as informações narradas, o advogado deverá
esclarecer que:

A) Carla e Vitor, apenas, poderão responder por homicídio culposo, já que podiam atuar e possuíam obrigação de
agir na situação.

B) David, apenas, poderá responder por homicídio culposo, já que era o único com dever legal de agir por ser pai
da criança.

C) David, Carla, Vitor poderão responder por homicídio culposo, já que os três tinham o dever de agir.

D) Vitor, apenas, poderá responder pelo crime de omissão de socorro.

XXVII Exame
11) FGV - 2018 - OAB - XXVII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q59
No dia 05/03/2015, Vinícius, 71 anos, insatisfeito e com ciúmes em relação à forma de dançar de sua esposa, Clara,
30 anos mais nova, efetua disparos de arma de fogo contra ela, com a intenção de matar. Arrependido, após acertar
dois disparos no peito da esposa, Vinícius a leva para o hospital, onde ela ficou em coma por uma semana. No dia
12/03/2015, porém, Clara veio a falecer, em razão das lesões causadas pelos disparos da arma de fogo. Ao tomar
conhecimento dos fatos, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Vinícius, imputando-lhe a prática do
crime previsto no Art. 121, § 2º, inciso VI, do Código Penal, uma vez que, em 09/03/2015, foi publicada a Lei nº
13.104, que previu a qualificadora antes mencionada, pelo fato de o crime ter sido praticado contra a mulher por
razão de ser ela do gênero feminino. Durante a instrução da 1ª fase do procedimento do Tribunal do Júri, antes da
pronúncia, todos os fatos são confirmados, pugnando o Ministério Público pela pronúncia nos termos da denúncia.
Em seguida, os autos são encaminhados ao(a) advogado(a) de Vinícius para manifestação. Considerando apenas
as informações narradas, o(a) advogado(a) de Vinicius poderá, no momento da manifestação para a qual foi
intimado, pugnar pelo imediato
Caderno de Questões – Direito Penal
Arnaldo Quaresma e Nidal Ahmad

A) reconhecimento do arrependimento eficaz.

B) afastamento da qualificadora do homicídio.

C) reconhecimento da desistência voluntária.

D) reconhecimento da causa de diminuição de pena da tentativa.

12) FGV - 2018 - OAB - XXVII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q60
Pedro e Paulo combinam de praticar um crime de furto em determinada creche, com a intenção de subtrair
computadores. Pedro, então, sugere que o ato seja praticado em um domingo, quando o local estaria totalmente
vazio e nenhuma criança seria diretamente prejudicada. No momento da empreitada delitiva, Pedro auxilia Paulo a
entrar por uma janela lateral e depois entra pela porta dos fundos da unidade. Já no interior do local, eles verificam
que a creche estava cheia em razão de comemoração do “Dia das Mães”; então, Pedro pega um laptop e sai, de
imediato, pela porta dos fundos, mas Paulo, que estava armado sem que Pedro soubesse, anuncia o assalto e
subtrai bens e joias de crianças, pais e funcionários. Captadas as imagens pelas câmeras de segurança, Pedro e
Paulo são identificados e denunciados pelo crime de roubo duplamente majorado. Com base apenas nas
informações narradas, a defesa de Pedro deverá pleitear o reconhecimento da

A) participação de menor importância, gerando causa de diminuição de pena.

B) cooperação dolosamente distinta, gerando causa de diminuição de pena.

C) cooperação dolosamente distinta, gerando aplicação da pena do crime menos grave.

D) participação de menor importância, gerando aplicação da pena do crime menos grave.

XXVI Exame
13) FGV - 2018 - OAB - XXVI Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q61
Jorge foi condenado, definitivamente, pela prática de determinado crime, e se encontrava em cumprimento dessa
pena. Ao mesmo tempo, João respondia a uma ação penal pela prática de crime idêntico ao cometido por Jorge.
Durante o cumprimento da pena por Jorge e da submissão ao processo por João, foi publicada e entrou em vigência
uma lei que deixou de considerar as condutas dos dois como criminosas. Ao tomarem conhecimento da vigência da
lei nova, João e Jorge o procuram, como advogado, para a adoção das medidas cabíveis. Com base nas
informações narradas, como advogado de João e de Jorge, você deverá esclarecer que

A) não poderá buscar a extinção da punibilidade de Jorge em razão de a sentença condenatória já ter transitado em
julgado, mas poderá buscar a de João, que continuará sendo considerado primário e de bons antecedentes.

B) poderá buscar a extinção da punibilidade dos dois, fazendo cessar todos os efeitos civis e penais da condenação
de Jorge, inclusive não podendo ser considerada para fins de reincidência ou maus antecedentes.

C) poderá buscar a extinção da punibilidade dos dois, fazendo cessar todos os efeitos penais da condenação de
Jorge, mas não os extrapenais.

D) não poderá buscar a extinção da punibilidade dos dois, tendo em vista que os fatos foram praticados
anteriormente à edição da lei.
Caderno de Questões – Direito Penal
Arnaldo Quaresma e Nidal Ahmad

14) FGV - 2018 - OAB - XXVI Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q63
Cadu, com o objetivo de matar toda uma família de inimigos, pratica, durante cinco dias consecutivos, crimes de
homicídio doloso, cada dia causando a morte de cada um dos cinco integrantes da família, sempre com o mesmo
modus operandi e no mesmo local. Os fatos, porém, foram descobertos, e o autor, denunciado pelos cinco crimes
de homicídio, em concurso material. Com base nas informações expostas e nas previsões do Código Penal, provada
a autoria delitiva em relação a todos os delitos, o advogado de Cadu

A) não poderá buscar o reconhecimento da continuidade delitiva, tendo em vista que os crimes foram praticados
com violência à pessoa, somente cabendo reconhecimento do concurso material.

B) não poderá buscar o reconhecimento de continuidade delitiva, tendo em vista que os crimes foram praticados
com violência à pessoa, podendo, porém, o advogado pleitear o reconhecimento do concurso formal de delitos.

C) poderá buscar o reconhecimento da continuidade delitiva, mesmo sendo o delito praticado com violência contra
a pessoa, cabendo, apenas, aplicação da regra de exasperação da pena de 1/6 a 2/3.

D) poderá buscar o reconhecimento da continuidade delitiva, mas, diante da violência contra a pessoa e da
diversidade de vítimas, a pena mais grave poderá ser aumentada em até o triplo.

XIV Exame
15) FGV - 2014 - OAB - XIV Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q64
Eslow, holandês e usuário de maconha, que nunca antes havia feito uma viagem internacional, veio ao Brasil para
a Copa do Mundo. Assistindo ao jogo Holanda x Brasil decidiu, diante da tensão, fumar um cigarro de maconha nas
arquibancadas do estádio. Imediatamente, os policiais militares de plantão o prenderam e o conduziram à Delegacia
de Polícia. Diante do Delegado de Polícia, Eslow, completamente assustado, afirma que não sabia que no Brasil a
utilização de pequena quantidade de maconha era proibida, pois, no seu país, é um hábito assistir a jogos de futebol
fumando maconha. Sobre a hipótese apresentada, assinale a opção que apresenta a principal tese defensiva.

A) Eslow está em erro de tipo essencial escusável, razão pela qual deve ser absolvido.

B) Eslow está em erro de proibição direto inevitável, razão pela qual deve ser isento de pena.

C) Eslow está em erro de tipo permissivo escusável, razão pela qual deve ser punido pelo crime culposo.

D) Eslow está em erro de proibição, que importa em crime impossível, razão pela qual deve ser absolvido.
Caderno de Questões – Direito Penal
Arnaldo Quaresma e Nidal Ahmad

GABARITOS DAS QUESTÕES:

1-D 2-C 3-A 4-C 5-D 6-C 7-A 8-C 9-C 10 - A

11 - B 12 - C 13 - C 14 - D 15 - B
Caderno de Questões – Direito Penal
Arnaldo Quaresma e Nidal Ahmad

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