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DIREITO PENAL
MÓDULO I
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SUMÁRIO
MÓDULO I
1 INTRODUÇÃO
1.1 DO CONCEITO DE DIREITO PENAL
1.2 CARACTERISTICAS DO DIREITO PENAL
1.3 OBJETO DO DIREITO PENAL
1.4 FONTES DO DIREITO PENAL
1.4.1 Material ou Substancial
1.4.2 Fonte Formal ou de Conhecimento
1.5 CLASSIFICAÇÃO DA LEI
1.5.1 Leis Penais Incriminadoras
1.5.2 Leis Penais não Incriminadoras
1.5.3 Leis não Incriminadoras Permissivas ou Normas Penais Permissivas
1.5.4 Leis Penais não Incriminadoras Finais, Complementares ou Explicativas
1.5.5 Normas Penais em Branco/Normas Cegas ou Abertas
1.6 INTERPRETAÇÃO DO DIREITO PENAL
1.6.1 Espécies de Interpretação da Lei Penal
1.7 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA X PRINCÍPIO IN DUBIO PRO
REO
1.8 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL
1.8.1 Princípios do Direito Penal
1.9 O PRINCÍPIO DO NO BIS IDEM E O LIMITE DO PODER PUNITIVO DO
ESTADO
MÓDULO II
2 APLICABILIDADE DO DIREITO PENAL
2.1 ANALOGIA
2.1.1 Conceito
2.1.2 Espécies de Analogia
2.2 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
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2.3 ÂMBITO TEMPORAL DA LEI PENAL
2.3.1 Irretroatividade da lei Penal
2.4 CONFLITOS DE LEIS PENAIS NO TEMPO
2.4.1 Hipóteses de Conflitos de Leis Penais no Tempo
2.5 LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA
2.6 TEMPO DO CRIME
2.7 CONFLITO APARENTE DE NORMAS
2.7.1 Conceito
2.7.2 Elementos
2.8 LEI PENAL NO ESPAÇO
MÓDULO III
3 TEORIA GERAL DO CRIME
3.1 CONCEITO DE CRIME
3.1.1 Conceito no Aspecto Material, Formal e Analítico
3.2 FATO TÍPICO
3.2.1 Elementos do Fato Típico
3.3 TEORIA DO TIPO
3.3.1 Elementos do Tipo
3.3.2 Objetos do Crime
3.3.3 Sujeitos do Crime
3.4 SUPERVENIÊNCIA CAUSAL
3.4.1 Espécies de Causas
3.4.2 Espécies de Causa Absolutamente Independente
3.4.3 Espécies de Causa Relativamente Independente
3.5 CRIME DOLOSO
3.5.1 Espécies de Dolo
3.6 CRIME CULPOSO
3.6.1 Modalidades de Culpa
3.6.2 Espécies de Culpa
3.7 CRIME PRETERDOLOSO
3.8 CONTAGEM DE PRAZO NO DIREITO PENAL
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3.9 PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO
3.10 EFICÁCIA DA SENTENÇ ESTRANGEIRA
MÓDULO IV
4 INTRODUÇÃO
4. 1 ITER CRIMINIS
4.1.1 Cogitação
4.1.2 Preparação
4.1.3 Execução
4.1.4 Consumação
4.2 CRIME CONSUMADO
4.3 TENTATIVA
4.3.1 Crimes que não Admitem a Tentativa
4.3.2 Espécies de Tentativa
4.3.3 Pena de Tentativa
4.4 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
4.4.1 Desistência Voluntária
4.4.2 Arrependimento Eficaz
4.4.3 Consequência Penal para a Desistência Voluntária e o Arrependimento Eficaz
4.5 ARREPENDIMENTO POSTERIOR
4.5.1 Requisitos do Arrependimento Posterior
4.6 CRIME IMPOSSIVEL
4.6.1 Hipóteses em que ocorre o Crime Impossível
4.7 CRIME IMPOSSÍVEL X DELITO PUTATIVO
4.8 ESPÉCIES DE DELITO PUTATIVO
4.9 DO ERRO NO DIREITO PENAL
4.9.1 Erro de Tipo
4.9.2 Erro de Tipo X Erro de Direito
4.9.3 Formas de Erro de Tipo
MÓDULO V
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5 INTRODUÇÃO
5.1 CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
5.2 CONCURSO DE CRIMES OU DE DELITOS
5.3 CONCURSO MATERIAL OU REAL
5.4 CONCURSO FORMAL OU IDEAL
5.5 CRIME CONTINUADO
5.6 CONCURSO DE PESSOAS OU CONCURSO DE AGENTES
5.6.1 Tipos de Crimes Quanto ao número de Pessoas que Deles Participam
5.6.2 Autoria, Coautoria e Participação
5.6.3 Requisitos do Concurso de Pessoas
5.6.4 Punibilidade no Concurso de Pessoas
MÓDULO VI
6 INTRODUÇÃO
6.1 EXCLUDENTES DE ILICITUDE OU DE ANTIJURICIDADE
6.1.1 Causas Supralegais que Excluem o Ilícito Penal
6.2 EXCLUSÃO DE ILICITUDE, ERRO DE PROIBIÇÃO E ERRO DE TIPO
PERMISSIVO
6.2.1 Erro de Proibição ou Erro sobre a Ilicitude do Fato
6.2.2 Erro de Tipo Permissivo ou Descriminante Putativa
6.2.3 Descriminantes Putativas por Erro de Proibição
6.3 CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MÓDULO I
1 INTRODUÇÃO
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fundamentais em risco para a sociedade, passando tais condutas a serem infrações
penais, aplicando-lhe uma sanção penal.
3º) Luis Regis Prado: O Direito Penal, no seu conceito formal, seria a parte
do ordenamento jurídico que enumera as ações ou omissões delitivas, aplicando-
lhes certas penas ou medidas de segurança. Em seu conceito material refere-se às
condutas consideradas reprováveis ou danosas à sociedade que atingem bens
jurídicos indispensáveis à sua própria existência.
4º) Damásio: A noção de Direito tem como base o fato social, que se
mostra contrário à norma de Direito e forja o ilícito jurídico, cuja forma mais séria é o
ilícito penal, que atenta contra os bens mais importantes da vida social, sendo que
este direito nasce das necessidades basilares da humanidade. É direito que
estabelece as normas que formam o alicerce das condições da existência da
humanidade.
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1.2 CARACTERISTICAS DO DIREITO PENAL
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h) Caráter dogmático: Como ciência jurídica o direito Penal tem caráter dogmático,
já que se fundamenta no direito positivo, exigindo o cumprimento de todas suas
normas pela sua obrigatoriedade.
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Fernando Capez, ao abordar o objeto do Direito Penal, traz o ensinamento de
Welzel:
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conforme art. 22, inciso I, parágrafo único da Constituição Federal, ocorre mediante
Lei Complementar.
b.1. Costumes: Conjunto de regras não escrita que antecede a lei, cuja
conduta é praticada de modo geral, igual, constante e uniforme e em razão da sua
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reiteração torna-se juridicamente obrigatória, imperativa. Não pode definir crimes,
cominar penas e revogar norma penal.
Luiz Regis Prado (2008), ao lecionar sobre costumes, entende que se trata
de uma regra de conduta criada espontaneamente pela consciência comum do povo
que a observa por modo constante e uniforme e sob a convicção de corresponder a
uma necessidade jurídica. Para ele o costume é formado de dois elementos; o
primeiro seria o objetivo (uso constante e prolongado) e o segundo seria o
subjetivo (convencimento de sua obrigatoriedade).
No mesmo sentido Fernando Capez (2006), em seus ensinamentos,
enumera os elementos do costume da seguinte forma:
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Observação: O costume não cria crimes (delitos), nem aplica sanção
(pena), somente a lei cria e aplica sanção (Princípio da reserva lega).
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A equidade (o juiz procura a solução mais justa ao caso concreto), a doutrina
(instrumento mediato, resultado do estudo jurídico-científico) e a jurisprudência (ao
interpretar as leis em um sentido/decisões judiciais comuns, torna uniforme o seu
entendimento) são procedimentos interpretativos do direito.
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1.5.4. Leis Penais não Incriminadoras Finais, Complementares ou Explicativas
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1.6 INTERPRETAÇÃO DO DIREITO PENAL
O que seria interpretar a lei penal? Seria somente ler a norma? Seria retirar
da lei penal seu exato alcance e seu significado real? Sim, isso é interpretar a lei
penal? O Art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil (LICC) traz a resposta a esta
indagação, “a interpretação da Lei sempre deve buscar a finalidade da Norma”.
Portanto, interpretar uma norma significa captar seu significado, compreender,
esclarecer o seu sentido e sua finalidade. É importante salientar que a atividade de
interpretação da lei não pode sair do ordenamento jurídico, dissociando-se das
fontes do direito, tampouco do contexto histórico-cultural.
Para alcançar o seu fim a interpretação da lei utiliza-se de muitos métodos
ou processos, tais como:
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teológicos da norma jurídica.
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3. Judicial: Realizada pelos órgãos jurisdicionais (Juízes e Tribunais)
quando aplica a lei ao caso concreto, não tem força obrigatória, somente valor para
as partes (eficácia inter partes).
c) Quanto ao resultado:
3. Extensiva: A lei ficou aquém da sua vontade, ou seja, a lei disse menos
do que queria. Neste caso usa-se a interpretação extensiva para ampliar o seu
significado. Exemplo: artigo 235 do Código Penal, que trata da do crime de Bigamia.
Por fim, a interpretação é um só: o que realmente difere são apenas os
métodos, pois somente no caso in concreto que o magistrado poderá preferir este ou
aquele método.
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Os princípios da presunção de inocência e in dubio pro reo não são
sinônimos. O que se pode concluir é que existe uma relação entre eles, pois o
princípio in dubio pro reo decorre de dois princípios: presunção de inocência e do
princípio do favor rei, que proclama que “no conflito entre o jus puniendi do Estado,
por um lado, e o jus libertatis do acusado, por outro lado, a balança deve inclinar-se
a favor deste último se quiser assistir ao triunfo da liberdade”. (TOURINHO FILHO,
2003). Segundo Fernando Capez (2006), o princípio da presunção de inocência para
muitos só se aplica no campo da apreciação das provas, nunca para interpretar a
norma, outros ao contrário entendem que o princípio pro reo aplica-se na
interpretação da lei, ao usar a interpretação mais favorável ao réu.
O princípio da presunção de inocência encontra-se inserido na Constituição
Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso LVII que prescreve: “ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
Para alguns doutrinadores e juristas o princípio in dúbio pro reo não vem sendo
aceito implicitamente em razão da distribuição do ônus da prova. Tourinho Filho
(2001), ao falar do assunto, diz que a regra do ônus da prova cabe ao autor da tese
(acusação). Cabe ao Promotor de Justiça na denúncia o ônus de provar que
determinado agente é o autor do crime, por exemplo, de lesão corporal. À defesa
cabe provar a inocência do agente, invertendo assim o ônus probandi.
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Faz-se necessário diferenciar Princípios de Direito Penal Constitucional dos
Princípios Propriamente Penais. Os primeiros estão previstos na Carta Magna
(Princípio da Legalidade, Princípio da Culpabilidade, etc), enquanto o segundo
integra o ordenamento do Direito Penal (Princípio da Reserva Legal).
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Assinala ainda o jurista que o princípio da legalidade previsto no artigo 1º do
Código Penal Brasileiro compreende os princípios da reserva legal e da
anterioridade. Damásio de Jesus (2000) entende que no aspecto político o Princípio
da Legalidade serve como garantidor constitucional dos direitos do homem, somente
a lei pode fixar limites que destacam a atividade criminosa da legítima defesa. Não
haveria segurança ou liberdade se a lei punisse condutas consideradas lícitas e se
os magistrados punissem fatos ainda não considerados crimes pelo legislador.
Francisco de Assis Toledo, ao falar do Princípio da Legalidade, entende que
sem ele nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser
aplicada sem que antes desse mesmo fato tenham sido instituídos por lei os tipos
delitivos e a pena respectiva constitui uma real limitação ao poder estatal de interferir
na esfera das liberdades individuais.
Alguns juristas entendem que o Princípio da Legalidade se desdobra em
quatro postulados:
nullum crimen, nulla poena sine lege praevia;
nullum crimen, nulla poena sine lege scripta;
nullum crimen, nulla poena sine lege stricta;
nullum crimen, nulla poena sine lege certa.
Luis Regis Prado (2008) preleciona que o Princípio da Reserva Legal possui
três Garantias:
1. Garantia Criminal e Penal: Não há crime nem pena sem lei em sentido
estrito, elaborada na forma constitucionalmente prevista.
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Princípios Inerentes ao Princípio da Legalidade:
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B. Taxatividade e vedação ao emprego da analogia: Em razão do
Princípio da Reserva Legal é que surgiu a afirmação de que o Direito Penal positivo
é um sistema fechado. A Lei Penal (norma incriminadora) estabelece com a esfera
do ilícito uma incriminação taxativa, precisa. Impedindo sua atuação além dos
limites estabelecidos, mesmo através da analogia. A norma penal tem que ser exata,
precisa, como uma adição matemática de números inteiros, pois um fato só poderá
ser delito (criminoso) se estiver perfeitamente moldado na lei que o criou (descreve).
A lei penal não permite que uma conduta delitiva que fora cominado uma
pena seja estendida à outra por ser assemelhada. Isto ocorre em razão da lei penal
(Princípio da Legalidade), que ao frisar que não há crime sem lei que o defina exigiu
da lei a descrição da conduta criminosa com todos os elementos. A taxatividade na
descrição da conduta típica para uma exata identificação do fato, como corolário da
legalidade, proíbe, portanto, a incriminação vaga e indeterminada do fato, e se não
fosse assim a elasticidade na tipificação do fato permitiria o livre arbítrio do juiz.
Mirabete trás a lição de Silva Franco:
Cada figura típica constitui, em verdade, uma ilha no mar geral do ilícito e
todo o sistema punitivo se traduz num arquipélago de ilicitude. Daí a
impossibilidade do Direito Penal atingir a ilicitude na sua totalidade e de
preencher, através dos processos integrativos da analogia, eventuais
lacunas. (FRANCO, 1999)
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C. Taxatividade e Descrição Genérica: O Princípio da Reserva Legal
determina que a descrição da conduta delitiva (criminosa) é específica, não se
admitindo tipos genéricos. O que adiantaria exigir da lei a prévia definição do crime
se fosse permitido o uso de termos demasiadamente amplos, como por exemplo
“qualquer conduta contrária aos interesses nacionais”. Não se aplicam a crimes
culposos, em que a conduta que leva ao resultado pode ser infinitamente variável,
uma vez que o legislador não poderá descrever todas as condutas humanas que
coadunam com o tipo culposo, o que limita o legislador a dizer: “se o crime é
culposo, pena de tanto a tanto. A esses tipos penais a Doutrina definiu como
exemplo claro o crime de Homicídio Culposo (artigo 121, § 3º, do Código Penal
Brasileiro)”.
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Na legislação brasileira este princípio está regulado pelo artigo 5º, inciso
XXXIX da Constituição Federal de 1988 e no Código Penal em seu artigo 1º: “não há
crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”, ou
nullum crimen, nulla poena sine lege praevia.
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1.9 O PRINCÍPIO DO NO BIS IDEM E O LIMITE DO PODER PUNITIVO DO
ESTADO
FIM DO MÓDULO I
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MÓDULO II
2.1 ANALOGIA
2.1.1 Conceito
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semelhança de outro fato com tipificação legal (autointegração), ou seja, a analogia
possui como Natureza Jurídica à autointegração da lei, mas não é fonte do Direito.
Diante do exposto podemos dizer que o uso da analogia requer os
seguintes preceitos:
1ª) Legal ou Legis: Fato regulado por lei de caso (hipótese) semelhante, ou
seja, a Analogia Legis consiste na aplicação de uma regra jurídica existente a caso
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semelhante, não previsto pelo legislador. Ao falar de Analogia Legis Maria Helena
Diniz, salienta:
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2.2 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
A lei penal só será obrigatória após a sua publicação, isto se chama vigência
da lei. Em vigor, a lei regula fatos presentes e futuros. O lapso de tempo entre a sua
publicação e a sua vigência chama-se Vacatio Legis. A morte da lei (perda da
vigência) ocorre com a sua revogação total (ab-rogação) ou parcial (derrogação). O
problema da sucessão de leis penais está relacionado aos princípios que regulam a
validade da lei penal no tempo. O Princípio da Irretroatividade da Lei existe para
regular o conflito temporal de normas penais que se sucedem.
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pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória”.
Parágrafo único: “A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente,
aplica-se as fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória
transitada em julgado”. A nossa carta prevê em seu artigo 5º, inciso XL que a lei
somente se aplica ao passado (retroage) para beneficiar o acusado, ou seja, a
Irretroatividade da Lei Penal, pois a lei é criada para aplicação no futuro. É a
chamada retroatividade benigna. Em resumo, temos:
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Nos termos do artigo 8º, caput da Lei Complementar nº 95/98 (Dispõe sobre
a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis, conforme, determina
o parágrafo único do art. 59 da Constituição Federal, e estabelece normas para a
consolidação dos atos normativos que menciona), as leis de pequena repercussão
não possuem período de vacância, entrando em vigência na data de sua publicação,
em relação às leis que estabelecem período de vacância o artigo 8º, § 1º da mesma
lei complementar diz que neste caso a lei entrará em vigor no dia seguinte.
O que seria Revogação da Lei? Seria sua morte, retirada, cessação da sua
vigência. A revogação da lei somente acontece por meio de outra lei. O costume e a
falta de uso não revogam a lei, nem derrogam a lei. A revogação da lei pode ser:
OBSERVAÇÃO:
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2.2 Ultra-atividade da Lei: quando a lei regula situações mesmo após
perder sua vigência.
O Princípio tempus regit actum prescreve que em regra a lei rege os fatos
praticados durante sua vigência, combinando de forma harmoniosa com os
princípios da reserva legal e da Anterioridade da Lei Penal, respectivamente artigos
1º do CP e 5º, XXXIX da Constituição Federal. MIRABETE (1999) entende que,
apesar do que define o princípio tempus regit actum, por disposição expressa do
próprio Código Penal Brasileiro, é possível a ocorrência da retroatividade e da
ultratividade da lei penal.
Pelo Princípio da Anterioridade da Lei Penal a regra é a Irretroatividade da
Lei Penal, entrando em vigor lei mais severa que a lei anterior, a lei posterior não vai
alcançar o fato praticado anteriormente, continuando a ser aplicada a lei anterior,
ocorrendo a ultratividade da lei penal mais benigna. É o que diz o artigo 5º, inciso
XL da Constituição Federal: “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.
A retroatividade e a ultratividade são, portanto, fenômenos que excepcionam o
princípio da irretroatividade. Magalhães Noronha (1991) fala com maestria do
assunto ao explicar que é o próprio Direito Penal que estabelece a exceção: “a lei
penal que beneficiar o acusado (lex mitior) retroage”.
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Abolitio criminis: Abolição do crime
1ª) Abolitio Criminis: Surge este fenômeno toda vez que uma lei nova
(posterior) deixa de incriminar um fato anteriormente considerado crime. A Abolitio
Criminis está prevista no artigo 2º, caput do Código Penal, que diz: “Ninguém pode
ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude
dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória”.
2ª) Novatio legis Incriminadora: Nasce este fenômeno toda vez que lei
posterior (nova) tornar fato anteriormente não considerado crime pelo Direito Penal
como fato incriminado, ou seja, lei posterior cria um tipo até então inexistente no
ordenamento jurídico. É de observar que a lei posterior (nova) que cria novos fatos
incriminadores é irretroativa.
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Neste sentido Francisco de Assis Toledo (1994) é contumaz em afirmar:
A lei penal mais grave não se aplica aos fatos ocorridos antes de sua
vigência, seja quando se limita a agravar as consequências jurídico-penais
do fato, isto é, a pena ou a medida de segurança. Há, pois, uma proibição
de retroatividade das normas mais severas de direito penal material.
4ª) Novatio legis in mellius: É a lei posterior (lei nova/novatio legis) que de
qualquer maneira favorece o agente no caso concreto (in mellius). A lex mitior (lei
melhor) é a mais benéfica, seja anterior (lei velha) ou posterior (lei nova) ao fato. É
de se notar que tanto na hipótese de abolitio criminis como na novatio legis in
mellius, a lei penal retroage aplicando imediatamente aos processos em curso e
aqueles com sentença transitada em julgado. Assim, lei nova é mais favorável ao
agente, retroage em razão do princípio da retroatividade da lei mais benigna.
Observações: Em se tratando de aplicação de lei poderiam surgir os
seguintes questionamentos:
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1. Quem seria competente para aplicar a novatio legis in mellius?
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legislando.
Para aqueles que admitem: Damásio de Jesus e Basileu Garcia aceitam a
combinação de leis. Justificam a possibilidade da combinação em razão de que o
magistrado não estaria legislando, mas apenas integrando normas, pois se o
magistrado pode aplicar o todo porque não aplicar uma parte.
Posição do STF: No HC 95.435, a Segunda Turma do STF entendeu pela
possibilidade de combinação de leis no tempo para favorecer o réu:
No entanto, neste RHC (94.802), a Primeira Turma do STF entendeu não ser
possível a combinação de leis penais no tempo, nem mesmo para beneficiar o réu,
sob o fundamento de que isto implicaria na criação de uma terceira lei pelo judiciário.
O STF deve levar o tema para o Pleno, porque divergências entre suas duas turmas
geram insegurança total.
[...] até porque é possível a sua revogação antes mesmo de entrar em vigor,
como aconteceu com o art. 263 da Lei n. 8.069/90 (Estatuto da Criança e do
Adolescente), revogado pela Lei de Crimes Hediondos em pleno período de
vacatio legis. Por essa razão, não haverá aplicação retroativa até a entrada
em vigor da lei. (CAPEZ, 2006)
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5. Qual o tempo do crime para a fixação da lei penal aplicável?
Resposta: Depende do crime, vejamos:
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crime continuado, também será aplicada a lei mais severa sobrevinda à
anterior quando, na forma do art. 71, dois ou mais crimes foram praticados
na vigência desta. (MIRABETE, 1999)
O Código Penal Brasileiro, nos termos do seu artigo 4º, adotou a Teoria da
Atividade que traz como principal consequência a imputabilidade do agente ser
aferida no instante em que o crime é praticado, não importando a data em que
venha o resultado ocorrer. O Professor Fernando Capez assim explica a aplicação
da Teoria da Atividade:
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três meses depois, responderia pelo crime, pois o estaria cometendo na
maioridade. (CAPEZ, 2006)
2.7.1 Conceito
2.7.2 Elementos
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a) Princípio da Especialidade (Lex specialis derogat generall ou a lei
especial derroga a geral): É a norma que apresenta todos os elementos da geral e
mais outro denominado especializante, que traz um mínimo (minus) ou uma grande
(plus) severidade. É como irmãos gêmeos, em que um se distingue do outro em
razão de um sinal, uma cicatriz ou qualquer detalhe que o torne diferente, especial.
Na prática do Direito Penal temos a figura do infanticídio, que em tudo se
assemelha com o homicídio, mas possui alguns elementos especiais: a vítima tem
que ser o próprio filho da autora do crime e deve o delito acontecer durante o parto
ou logo após. O importante é destacar que a consequência do Princípio da
Especialidade é que a lei especial prevalece sobre a lei geral, em que esta última
não terá mais eficácia (incidência) sobre aquele fato.
Rogério Greco, tratando do assunto, diz que:
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descreve uma conduta típica), pois em relação a ele prevalecem os tipos
qualificados ou privilegiados, portanto estes dois tipos excluem o tipo fundamental.
É o que acontece com o artigo 155 do Código Penal, que trata do crime de
furto, quando fosse deixada de aplicar a pena de reclusão de 1 (um) a 4 (quatro)
anos e multa, no caso de incidir quaisquer dos tipos privilegiados contidos nos § 2º
ou qualificados previstos nos §§ 1º, 4º e incisos.
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2. Subsidiariedade Tácita ou Implícita: A norma silencia diante do caso
concreto ocorrendo a subsidiariedade. Como exemplo da Subsidiariedade Tácita há
o crime de roubo previsto no artigo 157 do Código Penal, em que a vítima, mediante
emprego de violência, é constrangida a entregar o seu celular ao agente.
Aparentemente, incidem o tipo definidor do roubo (norma primária) e o do
constrangimento ilegal (norma subsidiária), sendo que o constrangimento ilegal, no
caso, foi apenas uma fase do roubo, além do fato de este ser mais grave. Da
simples comparação entre o crime de Constrangimento Ilegal (artigo 146/pena:
detenção de 3 meses a 1 ano, ou multa) e o crime de Roubo (artigo 157/pena:
reclusão, de 4 a 10 anos, e multa), ambos do Código Penal, prevalece o artigo 157
em razão da maior gravidade.
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responderá por um só delito. Apenas alguns doutrinadores reconhecem o crime de
ação múltipla como uma modalidade de conflito de normas.
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A lei penal brasileira aplica-se, em regra, ao crime praticado em seu
território, porém a lei estrangeira será aplicada em crimes praticados em
parte ou total em nosso território, quando assim exigirem tratados e
convenções internacionais (Intraterritorialidade/de fora para dentro).
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opiniões, palavras e votos”. A imunidade é irrenunciável, entretanto, não alcança os
parlamentares licenciados para ocupar outro cargo.
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caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva,
para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão (nos crimes
afiançáveis jamais serão presos, nos inafiançáveis somente presos em flagrante
delito).
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50
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que
absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das
seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra
brasileiro fora do Brasil, se reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
AN02FREV001/REV 4.0
51
B) Condicionada: São as hipóteses previstas no inciso II e § 3º. Para a lei
brasileira ser aplicada nestes casos faz-se necessário que satisfaça os requisitos
previstos no artigo 7º, § 2º, a, b e § 3º:
Cosmopolita (art. 7º, I, d, II, CP): Direito de todos os países em punir qualquer
crime;
5º) Princípio da Representação (art. 7º, II, c, CP): A lei brasileira será
aplicada aos crimes cometidos no estrangeiro em aeronaves e embarcações
privadas, desde que não sejam julgados no local do crime.
AN02FREV001/REV 4.0
52
FIM DO MÓDULO II
AN02FREV001/REV 4.0
53
MÓDULO III
A doutrina do Direito Penal tem procurado definir o ilícito penal sob três
aspectos. É esta a inteligência nos ensinamentos de Mirabete:
Em um conceito formal, crime é toda conduta proibida por lei sob ameaça
de pena. No aspecto material, o ilícito penal pode ser conceituado como a
conduta definida pelo legislador como contrária a uma norma de cultura
reconhecida pelo estado e lesiva de bens juridicamente protegidos. No
aspecto analítico, a doutrina finalista moderna tem considerado o crime
como conduta típica, antijurídica e culpável. (MIRABETE, 1999)
Em tese não há como existir a figura delitiva se ela não for típica e
antijurídica, caso contrário teríamos a atipicidade do tipo. Os requisitos do crime são
genéricos (fato típico e antijuricidade) e específicos (maneiras como os requisitos
genéricos se manifestam no enquadramento da lei). A punibilidade não é requisito
do crime e, sim, consequência jurídica.
Para dirimir dúvidas faz-se necessário tentar explicar, se possível, a
diferença entre tipicidade e adequação típica. A primeira preocupa-se em
corresponder a conduta delitiva ao tipo legal sem levar em consideração a vontade
do agente, enquanto a segunda surge antes do enquadramento da conduta no tipo
legal, procurando verificar se houve de fato vontade do agente e, em seguida,
providencia o enquadramento. Para Fernando Capez (2006) é desnecessária essa
distinção, pois nada muda em termos de efeitos jurídicos. Fernando Capez (2006)
classifica a adequação típica em:
AN02FREV001/REV 4.0
56
1. Adequação Típica de Subordinação Imediata: aquela em que há
perfeita correspondência entre a conduta do agente e o tipo legal. Exemplo: agente
A dispara um projétil de arma de fogo contra a vítima B, que vem a morrer. Há
perfeita correspondência entre a conduta e o tipo legal de homicídio previsto no
artigo 121, CP.
1ª) Conduta Típica: ação praticada com dolo ou culpa que se enquadra no
tipo penal.
2ª) Antijurídica: no caso da conduta típica contrariar o ordenamento
jurídico.
3ª) Culpável: ação reprovável pelo ordenamento jurídico.
AN02FREV001/REV 4.0
57
1º) Conduta (ação ou omissão): toda ação ou omissão humana,
consciente e voluntária dirigida a um fim. Para a teoria finalista a conduta é o
comportamento humano dirigido a determinada finalidade (alteração das coisas do
mundo). Dolosa ou culposa. Em relação à conduta leciona Fernando Capez (2006):
Elementos da Conduta:
1. Vontade
2. Finalidade
3. Exteriorização (fora do pensamento)
4. Consciência
OBSERVAÇÕES:
Formas de conduta:
AN02FREV001/REV 4.0
58
Formas de condutas omissivas:
1. Crimes omissivos próprios: não existe o dever jurídico de agir. O
agente só responderá penalmente se houver tipo penal incriminador descrevendo a
omissão. Ex: Artigo 135 do Código Penal (omissão de socorro).
2. Crimes omissivos impróprios: neste caso o agente tem o dever de agir.
Existe a norma que de forma imperativa manda o agente agir.
3. Omissivos por omissão: neste tipo de crime existe uma ação que
provoca a omissão.
AN02FREV001/REV 4.0
59
É a subsunção, justaposição, enquadramento, amoldamento ou integral
correspondência de uma conduta praticada no mundo real ao modelo
descritivo constante na lei (tipo legal). Para que a conduta humana seja
considerada crime é necessário que se ajuste a um tipo legal. (CAPEZ,
2006)
AN02FREV001/REV 4.0
60
limite variável (exemplo: artigo 37, parágrafo único, Crime de Rixa, Código Penal). É
importante deixar claro que existem também causas que aumentem ou diminuem a
pena prevista na parte Geral do Código Penal.
No caso do magistrado deparar-se com fato concreto em que ocorrerá
aplicação concomitante de causas de aumento da pena na parte geral e na parte
especial; o juiz aplicará a que mais aumente a sanção (mesmo raciocínio para causa
de diminuição na parte geral e especial). Não confunda causas de aumento com
agravantes e nem causas de diminuição com atenuantes.
Em termos de circunstâncias o Código Penal faz referência às objetivas
(reais) e às subjetivas (sujeito). Assim, as circunstâncias objetivas seriam aquelas
que não tratam da qualidade do sujeito, enquanto que as circunstâncias subjetivas
tratam. Somente as circunstâncias subjetivas atingem outros agentes participantes
do tipo incriminador (coautores e partícipes).
AN02FREV001/REV 4.0
61
2º) Objeto material da figura delitiva são coisas e pessoas que são
atingidas de alguma forma pela conduta criminosa do sujeito ativo. No artigo 121 do
Código Penal (homicídio) o objeto material é vida; no crime previsto no artigo 155 do
Código Penal (furto) o objeto material é a coisa alheia.
Sujeito ativo, autor ou agente, é todo aquele que realiza a ação ou omissão
típica, nos delitos dolosos ou culposos. Ou seja, é aquele cuja atividade é
subsumível ao tipo legal incriminador. O conceito penal de autor stricto
sensu deve ser deduzido de cada um dos tipos de injusto. Apenas pode ser
sujeito ativo do delito a pessoa humana e não os animais ou as coisas
inanimadas como ocorria na Antiguidade ou na Idade Média. (PRADO,
2008)
AN02FREV001/REV 4.0
62
Sujeito passivo do delito, a seu turno, é o titular do bem jurídico lesado ou
ameaçado de lesão: aquele que tem a titularidade do bem jurídico protegido
pela norma penal. Ou, ainda, é o titular do interesse cuja ofensa constitui a
essência do crime. Podem figurar como sujeitos passivos vítimas,
ofendidos, a pessoa física ou o indivíduo, mesmo incapaz, o conjunto de
indivíduos, a pessoa jurídica, a coletividade, o Estado ou a comunidade
internacional, de acordo com a natureza do delito. (PRADO, 2008)
QUESTÕES IMPORTANTES
AN02FREV001/REV 4.0
63
crime de suicídio previsto no artigo 122 do Código Penal, quem seria o sujeito ativo
e passivo? Para esta resposta trago os ensinamentos do Professor Mirabete (1999):
AN02FREV001/REV 4.0
64
do resultado. Em relação à responsabilidade, ela é limitada na cadeia da causa, uma
vez que o empresário que trabalha na legalidade de vendas de arma de fogo não
pode ser responsabilizado pelos crimes de Homicídio.
AN02FREV001/REV 4.0
65
2ª) Causa relativamente independente: Tem relação com a conduta.
AN02FREV001/REV 4.0
66
São as seguintes as espécies de causa relativamente independente:
2ª) Superveniente: Neste caso o Código Penal adotou o artigo 13, § 1º:
AN02FREV001/REV 4.0
67
Há, portanto, o rompimento do nexo causal. Neste caso a nossa legislação
adotou a Teoria da Condicionalidade Adequada. Trata-se de uma exceção à
Teoria da Equivalência dos Antecedentes. O nexo causal foi rompido, uma vez que
ele não produziu por si só o resultado.
Teoria da Condicionalidade Adequada: Um determinado evento somente
será produto da ação humana quando tiver sido apto e idôneo a gerar o resultado.
No exemplo supra a conduta do atirador não é adequada à morte da vítima a
caminho para o hospital.
É de se observar através da análise do uso da exclusão hipotética que
nenhuma causa relativamente independente tem força para eliminar o nexo causal.
No caso da causa relativamente superveniente deu-se a exceção em razão do artigo
13, § 1º, do código Penal ter adotado a Teoria da Condicionalidade adequada, pela
qual o Fulano A não responderá pelo crime de Homicídio, mas sim pelo crime de
homicídio tentado.
AN02FREV001/REV 4.0
68
dolosa é mais perigosa e deve ser punida mais gravemente do que a
culposa. (PRADO, 2008)
O Código Penal brasileiro define de modo expresso o dolo em seu artigo 18,
inciso I: “[...] quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”.
Para Fernando Capez (2006), dolo é a vontade, a consciência de realizar os
elementos constantes do tipo legal. Mais amplamente, dolo é a vontade manifestada
pela pessoa humana de realizar a conduta. São elementos do dolo a vontade
(elemento volitivo de realizar esse fato) e a consciência (do fato, do resultado, do
nexo causal).
AN02FREV001/REV 4.0
69
4º) Dolo de Perigo: O agente apenas quer expor o bem jurídico a um perigo
efetivo.
Tipo previsto no artigo 18, inciso II do Código Penal brasileiro que diz: “[...]
culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou
imperícia”. Para Mirabete, o conceito de culpa no sentido estrito é:
De acordo com o art. 26 do Código Penal, age com culpa em sentido estrito
quem realiza o fato legalmente descrito por inobservância do dever de
cuidado que lhe incumbe, de acordo com as circunstâncias e suas
condições pessoais e, no caso, representá-lo como possível, se conduz na
confiança de poder evitá-lo. Segue a doutrina segundo a qual o crime
culposo é a conduta voluntária (ação ou omissão) que produz o resultado
antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmente previsto, que
podia, com a devida atenção ser evitado. (MIRABETE, 1999)
AN02FREV001/REV 4.0
70
3.6.1 Modalidades de Culpa
1ª) Culpa Inconsciente: É a culpa em que o agente não prevê o que era
previsível. O agente não tem conhecimento do que sua conduta lesiva provocou ao
bem jurídico protegido pela norma. O sujeito ativo não prevê o resultado.
AN02FREV001/REV 4.0
71
agente não quer o resultado, mas sabendo que ele possa ocorrer aceita o risco de
causá-lo.
AN02FREV001/REV 4.0
72
A respeito da participação nos crimes culposos Luis Flávio Gomes (2005)
assim discorre sobre esta questão no seguinte sentido:
AN02FREV001/REV 4.0
73
3.7 CRIME PRETERDOLOSO
AN02FREV001/REV 4.0
74
prazo no Direito Penal, que é empregada nos casos de duração de pena, do
livramento condicional, do sursis, da decadência e da prescrição, todos institutos do
direito penal.
Existe crítica doutrinária à contagem penal prevista no artigo 10 do Código
Penal, uma vez que não define qual seria o calendário comum a ser adotado
(gregoriano, Juliano, judaico, romano, árabe, islâmico). Para a contagem penal no
que tange ao dia não importa a que horas do dia o prazo começou a contar (correr).
Para este efeito, o dia termina às 24 (vinte e quatro) horas. No caso de uma
determinada pena iniciar o seu cumprimento às 23h55min, os cinco minutos são
considerados para a contagem da pena como sendo o dia todo.
Em relação ao mês, não importa se são de 30 (trinta) ou 31 (trinta e um)
dias. No que se refere ao ano o modo de contagem é o mesmo usado para o mês,
ou seja, não importa se o ano é bissexto ou com 365 dias. Exemplo prático é
lecionado por Fernando Capez (2006), em que cita o caso de alguém que foi
condenado à pena de 6 anos, 9 meses e 23 dias para cumprir. O condenado
começa a cumprir pena às 19h27min do dia 5 de agosto de 2003. Qual seria a data
do término?
Fase 1ª: Primeiro acha-se o número de anos que ele tem a cumprir:
2003 (início da pena) + 6 (condenação) = 2009 (término da pena). Assim, no
primeiro passo o condenado terminaria de cumprir a pena em 05 de agosto de 2009,
mas ainda falta encontrar os números de meses.
AN02FREV001/REV 4.0
75
Analisando os resultados obtidos nas etapas concluímos que o agente que
foi condenado à pena de 6 anos, 9 meses e 23 dias e que iniciou o seu cumprimento
em 5 de agosto de 2003 terá a pena totalmente cumprida no dia 27 de maio de 2010
(não seria no dia 28 de maio, uma vez que o dia do começo nos termos do artigo 10
do código Penal deve ser computado).
AN02FREV001/REV 4.0
76
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país
de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de
requisição do Ministro da Justiça.
Mirabete assim comenta sobre a eficácia de sentença estrangeira no Brasil:
AN02FREV001/REV 4.0
77
FIM DO MÓDULO III
AN02FREV001/REV 4.0
78
MÓDULO IV
4 CRIME
4.1.1 Cogitação
4.1.2 Preparação
AN02FREV001/REV 4.0
81
agente não responde por crime nenhum. Como exemplo de atos preparatórios o
magister Mirabete, no âmbito de sua didática, exemplifica:
4.1.3 Execução
4.1.4 Consumação
Fase em que todos os elementos do tipo legal foram realizados pela conduta
delitiva do agente.
AN02FREV001/REV 4.0
82
Para o artigo 14, inciso I do Código Penal, ocorre o crime consumado
quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. Na bela lição de
Mirabete (1999), o crime está consumado totalmente quando o fato concreto se
amolda no tipo legal descrito na norma penal. Para que o crime de furto se consuma
é necessário que o agente pratique a conduta que subtraia a coisa alheia móvel.
Distingue ainda o crime consumado do exaurido, uma vez que neste há um
resultado a mais que no crime consumado, ou seja, no crime exaurido após a
consumação o agente continua a sua conduta lesiva ao bem jurídico protegido pela
norma penal.
Exemplo prático do crime exaurido é o tipo legal previsto no artigo 317 do
Código Penal, em que a conduta do funcionário público vai além da primeira figura
do núcleo do tipo (solicitar), ou seja, para que se consuma o crime de corrupção
passiva basta solicitar. Caso o funcionário público receba, aí se enquadra o crime
exaurido. Fernando Capez (2006) cita a consumação nas seguintes espécies de
crimes:
4.3 TENTATIVA
AN02FREV001/REV 4.0
83
Para o artigo 14, inciso do Código Penal, ocorre o crime tentado quando,
iniciada a execução, o crime não se consuma por circunstâncias alheias à vontade
do agente. Reforçando o entendimento do Código Penal brasileiro Luis Regis Prado
(2009) diz que crime tentado é aquele em que a realização do tipo não é totalmente
concluída por situações alheias à vontade do agente. São, portanto, elementos da
tentativa: ato de execução, não consumação do crime e o dolo.
Para o Professor Fernando Capez (2006), no lugar do dolo seria melhor
colocar a interferência de circunstâncias alheias à vontade do agente. Para a
configuração do ato de execução é necessário que o agente tenha praticado atos
que levem a entender a vontade de praticar a conduta descrita no tipo legal. Assim,
caso um estranho apenas tenha sido apanhado subindo a escada de certa pessoa,
nesta situação não é possível tipificar como crime de furto, pois o estranho ainda
não tinha iniciado nenhuma subtração. Poderia, sim, responder pelo crime de
violação de Domicílio (artigo 150 do Código Penal).
A este respeito a jurisprudência assim se pronuncia:
AN02FREV001/REV 4.0
84
2º) Crime Preterdoloso: O resultado mais grave (morte da vítima) é
atribuído ao agente como culpa (dolo no antecedente e culpa no consequente,
assunto abordado no módulo III).
AN02FREV001/REV 4.0
85
4ª) Tentativa Cruenta: Tipo de tentativa que inclui a tentativa perfeita e a
tentativa imperfeita. A única observação importante é que na tentativa cruenta o
agente consegue atingir a vítima.
Para os crimes de tentativa a norma penal decidiu aplicar uma pena inferior
ao crime consumado, levando em consideração a não ocorrência do resultado maior
(lesivo). Na redução de um a dois terços previstos para o crime de tentativa o
magistrado, ao aplicá-la, afere não as circunstâncias do crime e, sim, o iter criminis,
ou seja, o quantum o agente se aproximou ou distanciou do resultado.
Para a aplicação da pena nos crimes de tentativa o Código Penal adotou a
Teoria Objetiva (o que se pune é o iter criminis, assim os crimes tipificados como
tentado devem ser punidos com penas menores que os crimes consumados). Neste
sentido a jurisprudência assim se pronuncia:
AN02FREV001/REV 4.0
86
4.4 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
AN02FREV001/REV 4.0
87
Para o professor Luis Regis Prado (2009), a desistência voluntária
apresenta dois requisitos essenciais: primeiramente, o objetivo do agente em
interromper definitivamente o processo de execução e, em seguida, o requisito
subjetivo da vontade própria do agente em desistir do resultado (não é necessário
que seja espontâneo). Já o professor Fernando Capez (2006) entende que os
requisitos são o início da execução, não consumação e interferência da vontade do
próprio agente.
AN02FREV001/REV 4.0
88
4.4.3 Consequência Penal para a Desistência Voluntária e o Arrependimento Eficaz
AN02FREV001/REV 4.0
89
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa,
por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços”.
Fernando Capez assim conceitua arrependimento posterior:
AN02FREV001/REV 4.0
90
1. O crime cometido pelo agente não pode ser com violência ou grave
ameaça, porém pode ser aplicada a diminuição da pena nos crimes culposos,
apesar de o agente atuar com violência ou grave ameaça (exemplo do homicídio
culposo).
Observações:
AN02FREV001/REV 4.0
91
define: “Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime”. O crime impossível é
uma forma de delito putativo (imaginário), uma vez que o agente imagina que está
praticando um crime, mas que na verdade não existe.
AN02FREV001/REV 4.0
92
A teoria objetiva pura, adotada pelo Código Penal vigente, tornou claro o
fundamento da atipicidade do crime impossível: “quando absoluta a
ineficácia do meio ou a impropriedade do objeto material, o fato é atípico a
título de tentativa, subsistindo esta quando meramente relativa”. (JESUS,
2001)
Na análise simples das palavras, delito é fato praticado por alguém que
constitui crime, e putativo é aquele em que o agente, ao praticar certa conduta,
imagina que seja crime. Este existe na mente do agente, por isso também é
conhecido como crime putativo. Ocorre quando o sujeito ativo pratica uma conduta e
acredita erroneamente tratar-se de crime quando, na verdade, é um fato atípico, ou
seja, só existe na imaginação do agente; sua conduta constitui um fato atípico. O
agente acredita que sua conduta é punível (crime), mas na verdade é fato atípico.
Exemplo: Mulher que comete aborto sem estar grávida.
No crime impossível ocorre a atipicidade do fato por razões objetivas, quer
pela inidoneidade do meio ou a impropriedade do objeto. Para você fixar a diferença
entre delito putativo e crime impossível basta relacionar o primeiro com a conduta
que não constitui fato típico e o segundo com a ineficácia do meio e a
impropriedade do objeto.
AN02FREV001/REV 4.0
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1. Delito Putativo por erro de tipo: O agente, ao apreciar a realidade de
maneira errada, não sabe que está cometendo um crime, ou seja, o agente se
engana não sobre a norma mas sim sobre os elementos do crime. Exemplo
doutrinário é aquele em que o agente compra cocaína imaginando que seja talco. O
delito putativo por erro de tipo nada mais é do que o crime impossível pela
impropriedade do objeto.
AN02FREV001/REV 4.0
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3. Delito Putativo por Erro de Proibição: Neste caso o agente pratica
determinada conduta pensando que é permitida (legal), mas na verdade a lei proíbe.
Exemplo: O agente comete o crime de furto pensando que a norma não proíbe.
Antes da reforma do Código Penal de 1984 o erro era tratado como de erro
de fato, mas hoje existem três tipos de erros na legislação penal: erro de tipo (artigo
20, caput do Código Penal), erro de proibição ou erro sobre a ilicitude do fato (artigo
21 do Código Penal) e erro de tipo permissivo ou de descriminantes putativas (artigo
20, § 1º do Código Penal).
O erro de tipo está previsto no artigo 20, caput do Código Penal, que assim
prescreve: “O erro sobre o elemento do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei”. Assim se preocupou o
legislador especificamente pelo dolo do agente ao criar o instituto do erro do tipo, ou
seja, se o sujeito ativo de um crime não conhece ou até mesmo se engana sobre os
elementos que estruturam legalmente um crime responderá somente a título de
culpa, isto se o crime que cometeu admitir a modalidade culposa.
A respeito do erro de tipo Damásio de Jesus assim se pronuncia:
AN02FREV001/REV 4.0
95
No erro de tipo o agente desconhece a existência de uma condição de fato
que integra a figura penal. É, por exemplo, o que ocorre no caso do crime de Furto
previsto no artigo 155 do Código Penal, em que o agente desconhece que a coisa
que subtraiu é alheia (condição de fato que integra a figura penal). Luiz Regis Prado
em seu livro Curso de Direito Penal Brasileiro assim conceitua erro de tipo:
a) Exemplo de erro de tipo que incide sobre situação de fato descrita como
elementar do tipo incriminador: caso do aluno que pega uma caneta alheia
imaginando ser a sua. O erro do aluno não incide sobre nenhuma regra legal e, sim,
em um dado concreto da realidade. Esta realidade desconhecida pelo aluno está
AN02FREV001/REV 4.0
96
descrita no artigo 155 do Código Penal (crime de furto) como sua elementar (coisa
alheia móvel). Em razão do erro o agente (aluno) ficou impedido de saber que
estava cometendo o crime de furto (subtração de coisa alheia móvel), pois a falta de
conhecimento eliminou a sua vontade. Neste caso, por ser erro incidente sobre
situação de fato definida como elemento do tipo incriminador (coisa alheia móvel),
exclui o dolo.
b) Exemplo de erro de tipo que incide sobre relação jurídica descrita como
elementar do tipo incriminador: o agente casa-se com mulher já casada, supondo
ser ela solteira. Neste exemplo, o erro do agente não incidiu sobre uma situação de
fato e, sim, sobre uma situação jurídica. Esta situação encontra-se prevista no artigo
235 do Código Penal que trata do crime de bigamia: “Contrair alguém, sendo
casado, novo casamento”. Ao ser confundido pela realidade o agente não tinha
condições de conhecer um elemento indispensável para a caracterização do crime
de bigamia, eliminando assim a sua consciência. Neste caso, por ser erro incidente
sobre relação jurídica definida como elemento do tipo incriminador exclui o dolo.
c) Exemplo de erro de tipo que incide sobre situação de fato descrita como
elementar do tipo permissivo (são as causas de excludentes de ilicitude: legítima
defesa, assunto a ser abordado): a vítima enfia a mão no bolso para tirar um lenço e
o agente, supondo que ela vai sacar uma arma de fogo, imagina-se em legítima
defesa e atira. Neste caso, por ser erro incidente sobre situação de fato definida
como elemento do tipo permissivo, exclui o dolo.
AN02FREV001/REV 4.0
97
e) Exemplo de erro de tipo que incide sobre dado irrelevante: Pai que,
desejando matar seu filho, assassina um sósia. Percebe-se que o erro do pai incidiu
sobre dado irrelevante para tipificar sua conduta como homicídio (para que ocorra o
crime previsto no artigo 121 do Código Penal Matar alguém, isto é, basta que a
vítima seja pessoa humana viva). O dolo, nesse caso, não é excluído, o agente (pai)
responde pelo crime de homicídio, incidindo na pena as características da vítima
que pretendia atingir (seu filho).
AN02FREV001/REV 4.0
98
modalidade culposa, é o caso do crime de homicídio culposo previsto no artigo 121
§ 3º do Código Penal.
2. Erro de Tipo Acidental: Segundo Luiz Regis Prado (2009), o erro de tipo
acidental atinge aspectos ou dados secundários do delito, sendo irrelevante para os
efeitos da figura típica. Na oportuna síntese de Mirabete:
AN02FREV001/REV 4.0
99
tipo legal. No erro acidental não há exclusão do dolo ou da culpa respondendo o
agente pelo crime. Exemplo: A, desejando matar B, acerta C por engano.
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100
transeunte. Neste exemplo o assassino de aluguel responderá pelo crime de
homicídio doloso qualificado, previsto no artigo 121, § 2º, I do Código Penal
(mediante paga ou promessa de recompensa).
1ª) Aberratio ictus com unidade simples: O agente não atinge a pessoa
pretendida, vindo a acertar outra pessoa. Note-se que somente uma pessoa é
atingida, por isso a doutrina classificou o erro como aberratio ictus com unidades
simples. A sua previsão legal está prescrita no artigo 73, primeira parte, e artigo 20,
§ 3º, do Código Penal. Neste caso aplica-se a regra do erro sobre a pessoa, em que
o agente responde como se estivesse praticado o crime contra a pessoa visada, ou
seja, consideram-se as condições da vítima pretendida. Exemplo: certo assassino
AN02FREV001/REV 4.0
101
de aluguel recebe volumosa quantia em dinheiro para matar certo empresário. No
dia marcado para a execução o assassino avista a vítima e efetua um disparo fatal,
mas no momento do disparo espirrou e sua mira não foi precisa, vindo a
atingir um transeunte. Neste exemplo o assassino de aluguel responderá da
mesma forma que no erro sobre a pessoa, pelo crime de homicídio doloso
qualificado, previsto no artigo 121, § 2º, I do Código Penal (mediante paga ou
promessa de recompensa).
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102
exemplo o assassino de aluguel responderá pelo resultado duplo (um almejado e
outro não desejado). Aplica-se ao agente (assassino de aluguel) a regra do
concurso formal exasperando a pena.
Caso tanto a vítima pretendida como a não querida venham a falecer o
assassino responderá pela regra do concurso formal homogêneo (crimes idênticos),
a pena a ser aplicada será a de um dos homicídios, aumentada de um sexto até a
metade. Caso a vítima pretendida morra e a vítima não desejada sofra lesões, o
assassino responderá pela regra do concurso formal heterogêneo (crimes distintos),
a pena a ser aplicada será a do crime mais grave (homicídio), aumentada de um
sexto até a metade. O quantum do aumento depende da quantidade de vítimas
atingidas pelo erro.
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corporal culposa). Exemplo: o agente joga uma pedra na janela de seu vizinho,
porém acerta um transeunte provocando lesões.
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104
pena aplicada será a do crime mais grave aumentada de um sexto à metade,
variando de acordo com o número de resultados diferentes produzidos.
FIM DO MÓDULO IV
AN02FREV001/REV 4.0
105
MÓDULO V
5 INTRODUÇÃO
Assim, para LICP, crime é toda infração penal que é aplicada pena de
reclusão ou detenção, enquanto para a contravenção penal é aplicada prisão
simples ou multa. Segue abaixo a definição de alguns crimes:
1º) Crime Comum: Aquele que pode ser praticado por qualquer sujeito
ativo. Ex: Crime de Roubo, etc.
2º) Crime Próprio: Aquele que pode ser praticado por determinado sujeito
ativo. Ex: Crime de Infanticídio (sujeito ativo só pode ser a mãe).
3º) Crime de Mão Própria: Aquele crime que somente pode ser praticado
pelo sujeito pessoalmente. Ex: Crime de falso testemunho, em que o sujeito ativo
tem que estar presente em juízo para prestar testemunho falso.
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4º) Crime de dano: Aquele que atinge certo bem jurídico protegido pela
norma penal. Ex: Crime de Furto.
5º) Crime de Perigo: Para que ocorra o crime de perigo basta a existência
possível do dano.
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109
10º) Crime Principal: É o tipo de crime que não necessita de outro tipo legal
(crime). Exemplo: crime de Furto.
14º) Crime Habitual: O agente reitera a conduta delitiva dia a dia. Exemplo
prático é o crime previsto no artigo 282 do Código Penal (exercício ilegal da
medicina, arte dentária ou farmacêutica).
15º) Crime Simples: Tipo de crime que apresenta apenas um tipo penal.
Exemplo: Crime de Homicídio (artigo 121 do Código Penal).
16) Crime Complexo: Tipo de crime que ocorre pela união entre dois ou
mais tipos. Exemplo: Crime de latrocínio (artigo 157, § 3º, 2ª parte do Código Penal),
resulta da união entre o crime de roubo mais o crime de roubo.
17) Crime Vago: Tipo de crime que possui como sujeito passivo do delito
entidade sem personalidade jurídica. Exemplo: Crime Obsceno (artigo 233 do
Código Penal). O crime de ato obsceno possui como sujeito ativo qualquer pessoa
que pratique a conduta descrita no tipo (no artigo) e como sujeito passivo a
coletividade, o público (o próprio Estado), e eventualmente aquele que foi ofendido
pelo ato.
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110
18) Crime Falho: Nada mais é do que a tentativa perfeita ou acabada em
que se esgota a atividade de execução do delito sem que o agente chegue ao
resultado.
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111
4. Sistema da Exasperação: A legislação prevê a pena do crime mais grave
aumentada de certa quantidade (de x a y). Prevista no concurso formal (artigo 70,
caput do Código Penal) e no crime continuado (artigo 71 do Código Penal).
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112
1. Concurso Material Homogêneo: Quando os crimes praticados pelo
agente são da mesma natureza. Exemplo: Agente que mata sua esposa e em
seguida sua cunhada que presenciou a morte da irmã.
Parágrafo único. Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra
do art. 69 deste código. Veja o que diz a jurisprudência:
AN02FREV001/REV 4.0
113
de exasperação da pena, em que a sanção a ser aplicada ao agente que com uma
só conduta (ação ou omissão) cometeu dois ou mais delitos idênticos, ou não, será a
pena do crime mais grave aumentada de certa quantidade.
Em relação à aplicação da pena é de se observar que no concurso formal
homogêneo (exemplo abaixo), a sanção a ser aplicada ao agente é a de um dos
delitos, tem sentido uma vez que eles são de mesma natureza, aumentada de um
sexto até a metade. No concurso formal heterogêneo a sanção a ser dada ao agente
será a do crime mais grave aumentada de um sexto até a metade.
Exemplo de concurso formal é o caso da conduta de um agente que com um
só disparo de arma de fogo atinge e mata duas pessoas. Assim, temos um exemplo
de concurso formal homogêneo (uma conduta com dois crimes idênticos). A
diferença entre concurso material e formal está no número de condutas praticadas
pelo agente. No concurso material o agente pratica mais de uma conduta e no
concurso formal somente uma conduta.
Observações:
AN02FREV001/REV 4.0
114
previstos no artigo 75 do Código Penal. Luis Regis Prado (2008) classifica o
concurso formal em perfeito (ou próprio), sendo aquele que o agente com uma só
conduta dolosa ou culposa pratica dois ou mais crimes com unidade de desígnios e
concurso formal imperfeito (ou impróprio).
No concurso formal próprio o agente pratica dois ou mais crimes com uma
só conduta, porém sua vontade e consciência são dirigidas para um único crime, o
segundo resulta a título, enquanto no concurso formal impróprio o agente com uma
só conduta deseja a prática de dois ou mais crimes, tendo vontade e consciência
dirigida a cada um deles, por isso, que todos são de conduta dolosa.
No concurso formal próprio a pena a ser aplicada ao agente será a mais
grave, ou se estas sanções forem iguais, somente será aposta uma das penas, mas
em todos os dois casos será aumentada de um sexto até a metade (regra da
exasperação da pena). Enquanto no concurso formal impróprio a pena a ser
aplicada será nos termos do artigo 70, caput, 2ª parte do Código Penal, ou seja,
cumulativamente (soma/regra do cúmulo material das penas).
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115
Assim é o crime continuado, que para sua existência faz-se necessário que
o mesmo agente – através de uma ou mais ação ou omissão – pratique dois ou mais
delitos idênticos ou não. O professor Mirabete assim define o crime continuado:
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116
Para efeito de aplicação da pena no crime continuado o Código Penal
adotou a teoria da ficção jurídica. Já em relação aos elementos que constituem o
crime continuado existem as seguintes teorias:
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117
brasileiro, no tocante ao crime continuado, adotou a teoria objetiva. Todavia,
no exame de cada caso, não se pode afastar a unidade de desígnios, que
leva de qualquer modo o legislador a penetrar no elemento subjetivo do
agente” (RT 576/482).
Para o professor Luiz Regis Prado (2008), o crime continuado possui duas
espécies, a saber: o delito continuado comum previsto no artigo 71, caput, do
Código Penal e o delito continuado específico, este com previsão no artigo 71,
parágrafo único do Código Penal. Apresenta, ainda, o professor Luiz Regis Prado
(2008), requisitos distintos para cada espécie de crime continuado. Requisitos
essenciais para a existência do crime continuado comum (artigo 71, caput, do
Código Penal):
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118
Além dos requisitos essenciais previstos para o crime continuado comum
(pluralidade de condutas, crimes de mesma espécie e circunstâncias semelhantes),
o crime continuado específico exige o concurso de mais três condições:
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119
O Código Penal vigente estabelece as regras do concurso de pessoa nos
termos do artigo 29, que assim prescreve:
Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. § 1º Se a participação for de
menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. § 2º
Se algum dos concorrentes quis participar de crimes menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até a metade, na
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (CÓDIGO PENAL,
art. 29).
Pode o crime ser praticado por uma ou várias pessoas em concurso, que
colaborem moral ou materialmente para sua execução. Este concurso de
pessoas, ou concurso de agentes, ou coautoria, ou participação criminosa,
pode ser definido como a ciente e voluntária colaboração de duas ou mais
pessoas na prática da mesma infração penal. Há convergência de vontades
para um fim comum, que é a realização do tipo penal, sem que haja
necessidade de ajuste prévio entre os colaboradores. Mesmo que não se
apure a quem atribuir a produção direta do evento, no que se convencionou
chamar de autoria incerta, todos os que colaboram para o resultado
respondem por ele. (MIRABETE, 1999)
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120
1 Monossubjetivos ou de concurso eventual: Tipos de crimes que
podem ser praticados por uma ou mais pessoas. Exemplo: Homicídio. Assim, o
agente pode praticar um delito sozinho, em coautoria com alguém ou, ainda, se
favorecido pela participação de outro agente que auxilie, instigue ou induza.
tipo legal, por exemplo, no crime de homicídio, “sujeito quem mata alguém”.
Formas de Autoria:
1.1 Autoria Mediata ou Indireta: Para Luiz Regis Prado, autor mediato ou
indireto é:
Autor mediato é aquele que para praticar o crime utiliza-se de terceiro como
se fosse instrumento do crime.
1.2 Autor Imediato ou Direto: Tipo de autoria que ocorre nos crimes em
que o próprio agente pratica sozinho sem a ajuda de um terceiro. O agente neste
AN02FREV001/REV 4.0
121
tipo de autoria é denominado de autor executor (aquele que realiza o núcleo do
verbo do tipo) e autor intelectual, o chefe da quadrilha (quem pensa, arquiteta, o
núcleo do verbo do tipo para que outro agente realize o núcleo do verbo do
tipo/autor executor). A autoria mediata surge nas hipóteses abaixo:
AN02FREV001/REV 4.0
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uma vez que na coautoria o sujeito realiza a conduta descrita no tipo incriminador
(verbo: matar, subtrair), enquanto que o partícipe não realiza a conduta descrita no
tipo incriminador (verbo: matar, subtrair), mas concorre para o resultado.
Formas de Participação:
II. Participação Material: O partícipe auxilia o autor de alguma forma, por exemplo,
emprestando a sua arma.
Observação:
Autoria Colateral: Não faz parte do concurso de pessoas. Ocorre toda vez
que duas ou mais pessoas, atuando com condutas autônomas (independentes, um
não sabe da conduta do outro), praticam um delito com tipificação legal. Exemplo: A
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e B pretendem matar C os dois atiram no mesmo instante. Sendo que A e nem B
sabe um da vontade do outro de matar C.
Autoria Incerta: Surge quando na autoria colateral não se sabe quem foi o
responsável. Ocorre toda vez que duas ou mais pessoas, atuando com condutas
autônomas (independentes, um não sabe da conduta do outro), praticam um delito
com tipificação legal sem que seja possível identificar o executor (agente). No
exemplo da Autoria Colateral seria o caso de não ser possível identificar qual dos
dois executores (A ou B) efetuou o disparo que matou C. Nesse caso aplica-se o
princípio in dubio pro reo, e os executores (A e B) responderão por homicídio
tentado.
Multidão Delinquente: Existem crimes tipificados no Código Penal que
só podem ser praticados com a participação de vários agentes, por exemplo, artigo
288 do Código Penal (bando ou quadrilha). A este tipo de crime que exige a
participação de vários agentes a doutrina denomina de participação necessária
imprópria.
Participação Impunível: Prevista no artigo 31 do Código Penal, que
assim prescreve: “O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo
disposição expressa em contrário, não são puníveis se o crime não chega, pelo
menos, a ser tentado”. O que o artigo diz é que se o crime não chegou ao ato de
execução, não se pode falar em responsabilidade penal, por inexistir fato típico, se
não existe crime não há que se falar em participação.
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124
corpo.
3 Liame Subjetivo: Para que ocorra o concurso de pessoas é
necessário que cada agente tenha consciência que quer e vai concorrer para o
crime. Exemplo: faxineira que ao sair da residência em que trabalha deixa a porta
aberta para que seu comparsa entre e furte os eletrodomésticos. Não é necessário
acordo de vontades, basta que uma vontade adira à outra. Não há participação
dolosa em crime culposo e vice-versa. Exemplo: doutrinário de Fernando Capez
(2006), é o caso do pai que abandona o filho menor na autoestrada, propiciando
para que ele seja atropelado e morto; neste caso o pai responderá por homicídio
doloso e não como partícipe do crime de homicídio culposo do motorista.
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125
menos grave e não mais grave realizado por outro agente (partícipe).
Neste caso o agente que quis participar do delito menos grave responderá:
Pelo crime menos grave;
Pelo crime menos grave, aumentada a pena até a metade, se previu
o resultado e não o aceitou;
Pelo crime mais grave, aumentada a pena até a metade, se previu o
resultado e o aceitou.
Exemplo Prático:
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126
FIM DO MÓDULO V
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127
MÓDULO VI
6 INTRODUÇÃO
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130
O artigo 23 do Código Penal traz as excludentes de ilicitude: “Não há crime
quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima
defesa; III - em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular de direito.
Excesso punível: Parágrafo único. O agente, em qualquer das hipóteses deste
artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo”.
Assim leciona o Professor Mirabete sobre o artigo 23 do Código Penal que
trata da exclusão de ilicitude:
O seu fundamento legal está previsto no artigo 23, inciso III, 1ª parte, que
assim prescreve: “Não há crime quando o agente pratica o fato em estrito
cumprimento do dever legal”. Fica claro que aqui a lei refere-se ao agente
específico, ou seja, crime próprio, que é aquele que somente pode ser praticado por
determinada pessoa. No caso do Estrito Cumprimento do Dever Legal, só pode ser
sujeito ativo do crime o agente público, funcionário ou particular no exercício de
função pública.
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131
A excludente de ilicitude do estrito cumprimento de dever legal alcança
funcionários e agentes públicos que atuem por determinação legal. Alcança também
o particular que exerce função pública; casos de mesários da justiça eleitoral, jurado
do tribunal do júri, etc. É este também o entendimento de Mirabete:
I. A conduta do agente tem que ser imposta por lei (decreto, regulamento ou
qualquer ato administrativo infralegal);
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132
por questões de vingança, mesmo que em seguida descubra que ele tem mandado
de prisão.
III. O agente não pode atuar com excesso, caso sua conduta configure
excesso responderá na forma dolosa ou culposa.
Exemplo: Investigador de Polícia que prende em flagrante delito certo
criminoso, privando-o de sua liberdade. Nesse caso, aquele não comete o crime
previsto no artigo 146 do Código Penal (constrangimento ilegal) e nem o crime de
abuso de autoridade previsto na Lei Federal nº 4.898/65, pois o artigo 292 do Código
de Processo Penal obriga todo policial que, ao presenciar uma situação de flagrante
delito, efetue a prisão do respectivo autor. É de se observar que o Investigador de
Polícia deve limitar sua conduta exatamente no que a lei determina.
Exemplo da jurisprudência:
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133
2. Estado de Necessidade
Posição da jurisprudência:
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134
Preservação de direito próprio ou alheio (TACRSP): O estado de
necessidade se caracteriza pela absoluta necessidade de delinquir para
salvaguarda de direito próprio ou alheio que não possa ser por outro meio
protegido. (JTACRIM 36/319).
I. Situação de Perigo:
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135
B. Sacrifício razoável: Aqui a lei trata do senso comum do agente em
avaliar o valor do bem jurídico a ser sacrificado para salvar outro bem jurídico. O
agente, ao considerar bens jurídicos, usando o seu senso comum, deve saber que a
vida humana tem mais valor que os bens materiais (carro, casa, etc.).
Posição da jurisprudência:
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136
b) A casa de A incendiou-se. B, para evitar a propagação do incêndio a uma
casa vizinha, de menor dimensão, derruba uma parte da casa em chamas;
3. Legítima Defesa
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137
Requisitos da Legítima Defesa:
I. Agressão
A. Injusta
É toda conduta humana injusta, ilícita, que atinge um bem protegido pelo
ordenamento jurídico. Observações importantes:
B. Atual ou Iminente
Observações importantes:
A reação à agressão injusta deve ser imediata;
Não existe legítima defesa em agressões futuras nem passadas;
Não existe legítima defesa contra legítima defesa ou outra causa de
exclusão de ilicitude (estado de necessidade, exercício regular de direito, estrito
cumprimento de dever legal).
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138
III. Agressão a Direito Próprio ou de Terceiro
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139
Para que o agente tenha sua conduta acobertada pela legítima defesa é
necessário que ele queira se defender, caso contrário na sua mente ele somente
queira praticar um crime, a legítima defesa estará afastada. Hipóteses que não é
possível a legítima defesa, em razão da ausência de agressão injusta:
Como ocorre com o estrito cumprimento de dever legal, o Código Penal não
reservou um artigo especial para o exercício regular de direito, apenas o fez de
maneira geral no artigo 23, que assim prescreve: “Não há crime quando o agente
pratica o fato: II – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de
direito.
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140
Como nas outras causas de exclusão de ilicitude, aqui também o agente
pratica um fato típico, porém lícito. Excelente conceito de exercício regular de direito
é trazido pelo Professor Mirabete (1999): “Não responde por crime, também, aquele
que pratica o fato típico em exercício regular de direito”. Qualquer pessoa pode
exercer um direito subjetivo ou faculdade, já que ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei (art. 5º, II da CF). Exclui-se a
ilicitude da conduta típica nas hipóteses em que o sujeito está autorizado a esse
comportamento. Estão incluídas na descriminante as ofensas à integridade corporal
na prática dos esportes, nas intervenções médicas ou cirúrgicas, etc.
Fica claro que o agente que está no exercício de um direito nunca poderá
cometer um ilícito. Neste mesmo sentido coaduna Luiz Regis Prado (2008) ao
afirmar que não se pode considerar ilícita a prática de ato em que a própria lei
permite, por exemplo, a lesão ocasionada nos pugilistas nos combate, ambos têm
excluídas as ilicitudes de suas condutas previstas no artigo 129 do Código Penal,
em razão do exercício regular de direito.
Observações:
AN02FREV001/REV 4.0
141
O exercício regular de direito alcança qualquer agente;
O Código Penal prevê exemplos de estrito cumprimento de dever legal,
como o artigo 142, I, que trata da exclusão do crime de injúria ou difamação no caso
de ofensa irrogada em juízo;
A doutrina pátria divide-se em relação a que tipo de causa de exclusão de
ilicitude pertence os ofendículos (aparelhos predispostos para a defesa da
propriedade, como: cacos de vidros, arame farpado, animais, etc.). Uma parte
considera como exercício regular de direito e outra como legítima defesa
preordenada.
Código Penal).
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142
6.2.1 Erro de Proibição ou Erro sobre a Ilicitude do Fato
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143
alegou em sua defesa que em seu país é permitido o uso e que não sabia que no
Brasil era proibido.
No caso do artigo 21, segunda parte, o agente, apesar de sua
voluntariedade, ou seja, o dolo, é de se observar que seu erro não incide sobre
elementos do crime e sim sobre a antijuricidade do fato que praticou, por isso não há
culpabilidade. Para Luiz Flávio Gomes, o erro é:
Por erro que concorre uma norma justificante, por desconhecer os limites
jurídicos de uma causa de justificação admitida ou supor a seu favor uma
causa de justificação não acolhida pelo ordenamento jurídico. (GOMES,
2008)
AN02FREV001/REV 4.0
144
caso em que a sua pena será apenas reduzida, já que o erro é inevitável.
(RJDTACRIM 24/60-1).
Reza o artigo 20, § 1º, do Código Penal: “É isento de pena quem, por erro
plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se
existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de
culpa e o fato é punível como crime culposo”. Aqui o agente, ao avaliar o fato,
imagina por erro que pode agir licitamente ao supor estar diante de uma causa que
justifique sua conduta.
Neste sentido leciona Bittencourt (2002) que as descriminantes putativas
ocorrem quando o objeto do erro for pressuposto de uma causa de justificação.
Putativa: significa errar, imaginar. O magistério de Luiz Regis Prado entende que as
descriminantes putativas:
Assim o agente supõe que sua conduta é legal, pois estaria amparado por
uma das causas que permitem o delito (estudo a seguir), ou seja, o agente imagina
que sua conduta está protegida pela causas de exclusão da ilicitude prevista no
artigo 23 do Código Penal; legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular
de direito e estrito cumprimento do dever legal. A doutrina também denomina de
descriminantes putativas por erro de tipo permissivo. As descriminantes putativas
passam a se denominar:
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145
1. Legítima Defesa Putativa: o agente imagina por erro que está diante de
legítima defesa. Exemplo do Professor Fernando Capez (2006):
AN02FREV001/REV 4.0
146
Código Penal) a agressão é realmente injusta, por isso que a primeira é putativa
(imaginária), enquanto que a segunda é real.
Aqui não ocorre nenhum engano por parte do agente. O agente não pratica
sua conduta por erro. Na verdade o agente cria na sua mente uma causa que exclui
o crime que o ordenamento jurídico não prevê. O agente pensa que a lei permite que
ele pratique a conduta, mas na verdade a lei proíbe. O agente imagina que está
diante de legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever
legal e exercício regular de direito.
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uma realidade que não existe, enquanto que nas Descriminantes Putativas por Erro
de Proibição o agente não se engana em relação à realidade e sim em relação à
existência de uma norma permissiva. Exemplo do Professor Fernando Capez:
2. Evitável: Neste caso o agente responderá pelo crime doloso com a pena
reduzida de um sexto a um terço.
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circunstância existe como forma de influenciar na sanção. São dados materiais que
acompanham o crime (Exemplo: lugar do crime, parentesco). Assim entende
Fernando Capez:
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149
2. Elementares do crime: Ao contrário das circunstâncias do crime, as
elementares são dados principais, sem os quais o tipo penal não existe. Assim
entende Fernando Capez:
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150
Exemplo: crime cometido por emprego de veneno, o coautor ou partícipe só
responderá por essa circunstância de caráter real se tiver conhecimento dela.
Observação:
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Concurso de pessoas no infanticídio: Elementares do crime de
infanticídio: ser mãe; matar o próprio filho durante o parto ou logo após e sob a
influência do estado puerperal. Caso se exclua algum dos elementos citados o crime
deixa de ser infanticídio, podendo ser homicídio. O terceiro que ajuda a mãe a matar
o próprio filho sob a influência do estado puerperal (circunstância de caráter
pessoal), mas desconhecia esta elementar no momento do crime, responderá por
homicídio.
FIM DO MÓDULO VI
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152
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Paulo: Saraiva, 2002.
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Tribunais, 1988.
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. 15. ed. São Paulo:
Saraiva, 1994.
FIM DO CURSO
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