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- Limites ao Poder Puni.

vo Estatal: Se de um lado o
DIREITO PENAL Estado controla o cidadão, impondo-lhe limites para a
vida em sociedade, de outro é necessário também
1 – INTRODUÇÃO: limitar seu próprio poder de controle evitando
abusos. É o que a doutrina chama de “limitações ao
- Conceito: O Direito Penal possui três conceitos direito de punir”. São três:
doutrinários:
1) Limites quanto ao MODO: As leis penais
a) Formal: É o conjunto de normas que visa a devem respeitar os Direitos e Garan.as
proteção de bens jurídicos dos como fundamentais, observando, por exemplo, o
relevantes para a sociedade; princípio da humanização das penas, bem
como da dignidade da pessoa humana;
b) Material: refere-se aos comportamentos
considerados altamente reprováveis ou 2) Limites quanto ao ESPAÇO: Em regra,
danosos, pois atentam contra os bens aplica-se a lei penal aos fatos ocorridos no
protegidos pela norma; território brasileiro – Princípio da
Territorialidade.
c) Sociológico: É mais um instrumento de
controle social de comportamentos 3) Limites quanto o TEMPO: O direito de
desviados, visando assegurar a boa punir estatal não é eterno, sendo, em regra,
convivência social. limitado no tempo pelo ins tuto da
prescrição (uma das formas de ex nção da
OBS: Modernamente entende-se que o Direito Penal punibilidade).
também fixa limites ao poder puni vo Estatal,
estabelecendo regras gerais, condições e
pressupostos para a aplicação de suas sanções. 2 - PRINCÍPIOS DE DIREITO PENAL:
O Direito Penal é norteado pelo Princípio da Os princípios penais são normas orientadoras de
Intervenção Mínima, pois o Estado só pode interpretação e aplicação do direito penal.
criminalizar uma conduta que atente de forma
relevante contra os bens jurídicos mais importantes a) Princípio da Legalidade, Reserva Legal ou
pra sociedade. Legalidade Estrita: a infração penal somente pode ser
criada por lei em sen do estrito (formal e material),
Bem jurídicos não são direitos subje vos, mas valores ou seja, lei complementar ou lei ordinária, aprovadas
reconhecidos pela sociedade que serão protegidos e sancionadas de acordo com o processo legisla vo,
pela norma. O Direito penal protege bens jurídicos e previsto na CF e nos regimes internos da Câmara dos
não direito! Deputados e Senado Federal.

A definição desses bens jurídicos a serem tutelados b) Princípio da Anterioridade: o crime e a pena
pelo Direito Penal está na Cons.tuição Federal, tais devem estar definidos em lei prévia ao fato cuja
como a vida, liberdade, segurança, propriedade, bem- punição se pretende (art. 5º, XXXIX, da CF, e do art. 1º
estar social, igualdade e jus ça etc. do CP). A lei penal somente produz efeitos a par r da
data em que entra em vigor.
- Direito Penal Obje.vo é o conjunto de normas que
definem as condutas das como criminosas, c) Princípio da Irretroa.vidade: Visa proibir que a lei
cominando-lhe sanções para seu descumprimento penal a nja fatos anteriores a sua vigência quando
(normas incriminadoras), bem como es pula estes forem incriminadores ou prejudiciais (mais
princípios e valores que irão nortear a a vidade gravosa ou severa). Isto porque o art.5º, XL da CF/88
estatal na sua aplicação, por exemplo, regras para a ressalva que a lei penal poderá retroagir em beneCcio
interpretação da lei (normas não incriminadoras). do réu.

- Direito Penal Subje.vo é o direito de punir do d) Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos:
Estado (jus puniendi). O Estado detém o monopólio do A criação de pos penais deve ser pautada pela
direito de punir, não podendo o cidadão fazer jus ça proibição de comportamentos que de alguma forma
com as próprias mãos. exponham a perigo ou lesionem valores concretos
essenciais para o ser humano, estabelecidos na figura Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o
do bem jurídico. defina. Não há pena sem prévia cominação
legal.

e) Princípio da Intervenção Mínima: O Direito Penal CF. Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem dis nção de
só deve ser aplicado quando estritamente necessário, qualquer natureza, garan ndo-se aos brasileiros e aos
servindo como a derradeira trincheira no combate aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
comportamentos indesejados. Desse princípio vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
decorrem dois outros:
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
- Princípio da Fragmentariedade: Esse pena sem prévia cominação legal;
princípio indica que o Direito Penal ao tutelar
um bem jurídico não deve fazê-lo de forma CPM. Art. 1º. Não há crime sem lei anterior que o defina,
absoluta, de maneira que nem todas as lesões nem pena sem prévia cominação legal.
a bens jurídicos serão protegidas pelo direito
penal, mas apenas uma parte, ou seja, um - A estrutura da lei penal possui dois preceitos, um
fragmento. primário (norma primária, que descreve a conduta,
“fazer” ou “não fazer”) e um secundário (a pena a ser
- Princípio da Subsidiariedade: O Direito aplicada pelo juiz).
Penal, por estabelecer as mais graves
respostas estatais, somente deve atuar de As leis penais podem ser classificadas como:
forma subsidiária aos demais ramos do
direito, sendo considerado o soldado de a) Incriminadoras: são as que criam crimes e
reserva, a úl ma trincheira (ul ma ra o). cominam penas;

f) Princípio da Adequação Social: não poder ser b) Não incriminadoras: são as normas
considerado criminoso o comportamento que, interpreta vas e as que excluem a ilicitude
embora pificado em lei, não afronte o sen mento (jus ficantes) e a culpabilidade (exculpantes);
social de jus ça. Serve, também, de parâmetro ao
legislador que deve buscar afastar a pificação de c) Completas ou Perfeitas: apresentam todos os
condutas consideradas socialmente adequadas. elementos da conduta criminosa, não
necessitando de qualquer complementação;
g) Princípio da Ofensividade ou Lesividade (nullum
crimen sine iniuria): exige que do fato pra cado d) Incompletas ou Imperfeitas: São as que
ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico dependem de complementação para que se
tutelado de terceiros. É dizer, somente a conduta que possa extrair seu conteúdo. Dividem-se em
lesionar bem jurídico de outra pessoa deverá ser “.po aberto” que requer complementação
criminalizada. Não haverá punição enquanto os valora.va dada pelo juiz (intérprete da lei), e
efeitos permanecerem na esfera de interesses da
“norma penal em branco” que necessita de
própria pessoa. É o fundamento para a não punição
algum complemento vindo de outra norma
de condutas que não exceda o âmbito do autor como
(lei ou ato da administração pública), para
a auto-lesão (Princípio da Alteridade) ou de a tudes
internas como a cogitação. que se possa entender, efe vamente, o limite
da proibição.
h) Princípio da Pessoalidade ou da Intranscendência:
Nenhuma pena passará da pessoa do condenado (art.
5º, XLV da CF). Trata-se de desdobramento lógico dos
4 – INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL:
princípios da responsabilidade penal individual e da
responsabilidade sibje va.
Interpretar é explicar, esclarecer, buscar o sen do e o
alcance da lei. A a vidade de interpretação será
i) Princípio da vedação do “bis in idem”: ninguém
sempre necessária, ainda que a lei se mostre clara,
pode ser condenado pela segunda vez em razão do
mesmo fato. pois dela podem surgir dúvidas quanto ao seu efe vo
alcance.

3 – TEORIA DA NORMA PENAL:


Interpretação Extensiva
STF. Súmula 611 - Transitada em julgado a sentença
X
condenatória, compete ao Juízo das execuções a aplicação
Interpretação Analógica de lei mais benigna.
X
STJ. Súmula 471 - Os condenados por crimes hediondos ou
Analogia
assemelhados come dos antes da vigência da Lei n.
11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n.
5 – LEI PENAL NO TEMPO 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de
regime prisional.
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato
que lei posterior deixa de considerar crime, STJ. Súmula 501 - É cabível a aplicação retroa va da Lei n.
CESSANDO em virtude dela a EXECUÇÃO e os 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas
EFEITOS PENAIS da sentença condenatória disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o
advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a
(aboli(o criminis)
combinação de leis.

CADH. Art. 9º. Ninguém pode ser condenado por ações ou


- A lei penal permanecerá em vigor até que outra a
omissões que, no momento em que forem come das, não
modifique ou revogue. Portanto, costume ou desuso
sejam delituosas, de acordo com o direito aplicável.
Tampouco se pode impor pena mais grave que a aplicável de uma lei JAMAIS irá revogá-la.
no momento da perpetração do delito. Se depois da
perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena Revogação é a re rada da vigência de uma lei (é a
mais leve, o delinquente será por isso beneficiado. sua morte). A regra, portanto, é uma lei somente ser
revogada por outra lei. As exceções serão as
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer chamadas leis excepcionais ou temporárias, que são
modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
autorrevogáveis, não precisando de outra lei para
anteriores, ainda que decididos por sentença
condenatória transitada em julgado (retroa.vidade revogá-las.
de lei penal benéfica).
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária,
A regra geral trazida no próprio texto da Cons tuição embora decorrido o período de sua duração
Federal é a da irretroa.vidade da lei. A exceção é a ou cessadas as circunstâncias que a
retroa vidade in mellius, ou seja, quando a lei vier, de determinaram, aplica-se ao fato pra cado
durante sua vigência (ultra(vidade).
qualquer modo, favorecer ao réu, conforme se extrai
do inciso XL de seu art. 5º, assim redigido:
CPM. Art. 4º. A lei excepcional ou temporária, embora
decorrido o período de sua duração ou cessadas as
CF. Art. 5º. XL - a lei penal não retroagirá, salvo para circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
beneficiar o réu; pra cado durante sua vigência.

CP. Art. 107 - Ex ngue-se a punibilidade: OBS: A lei excepcional ou temporária possui duas
III - pela retroa vidade de lei que não mais considera o fato
caracterís cas essenciais:
como criminoso;
- Autorrevogabilidade
CPP. Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á desde - Ultra vidade
logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a
vigência da lei anterior.

CPM. Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei 6 - TEMPO DO CRIME
posterior deixa de considerar crime, cessando, em virtude
dela, a própria vigência de sentença condenatória Art. 4º - Considera-se pra(cado o crime no
irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de natureza civil.
momento da ação ou omissão, ainda que
§ 2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei outro seja o momento do resultado.
posterior e a anterior devem ser consideradas
separadamente, cada qual no conjunto de suas normas
aplicáveis ao fato.
É importante a fixação do tempo em que se considera
pra cado o crime, para, entre outras coisas, sabermos
Lei 7.210/84. LEP. Art. 66. Compete ao Juiz da execução:
a lei que deve ser aplicada e estabelecermos a
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer imputabilidade do agente.
modo favorecer o condenado;
Teorias quanto ao TEMPO DO CRIME:
- A.vidade: momento da conduta;
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos
- Resultado: na ocasião do resultado;
crimes pra cados a bordo de aeronaves ou
- Mista ou Ubiquidade: tanto da conduta quanto do embarcações estrangeiras de propriedade
resultado. privada, achando-se aquelas em pouso no
território nacional ou em voo no espaço
CPM. Art. 5º. Considera-se pra cado o crime no momento aéreo correspondente, e estas em porto ou
da ação ou omissão, ainda que outro seja o do resultado. mar territorial do Brasil.
STF. Súmula 711. A lei penal mais grave aplica-se ao crime
con nuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é
anterior à cessação da con nuidade ou da permanência. - Sabendo que um fato punível pode, eventualmente,
a ngir os interesses de dois ou mais estados
igualmente soberanos, o estudo da lei penal no
espaço visa descobrir qual é o âmbito territorial de
7 – TERRITORIALIDADE aplicação da lei penal brasileira, bem como de que
forma o Brasil se relaciona com outros países em
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo matéria penal.
de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime come do no território
nacional. (Princípio da territorialidade Conceito de TERRITÓRIO NACIONAL:
mi.gada ou temperada)
a) Território em sen.do material, efe.vo ou
CPP. Art. 90. Os crimes pra cados a bordo de aeronave real: o território abrange a superCcie terrestre
nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao
(solo e subsolo), as águas interiores, o mar
território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de
aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo territorial (12 milhas marí mas a par r da
correspondente ao território nacional, serão processados e baixa-mar do litoral) e o espaço aéreo
julgados pela jus ça da comarca em cujo território se correspondente (Teoria da soberania sobre a
verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde
coluna atmosférica).
houver par do a aeronave.
Decreto-Lei 3.688/41. LCP. Art. 2º A lei brasileira só é
b) Território por extensão, ficção ou flutuante:
aplicável à contravenção pra cada no território nacional.
para os efeitos penais, consideram-se como
Lei 8.617/93. Art. 1º. O mar territorial brasileiro
extensão do território nacional (art. 5º, CP).
compreende uma faixa de doze milhas marí ma de largura,
medidas a par r da linha de baixa-mar do litoral
con nental e insular, tal como indicada nas cartas náu cas
de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil.
8 - LUGAR DO CRIME
Art. 4º. A zona conDgua brasileira compreende uma faixa
que se estende das doze às vinte e quatro milhas marí mas,
Art. 6º - Considera-se pra cado o crime no
contadas a par r das linhas de base que servem para medir
a largura do mar territorial. lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no
todo ou em parte, bem como onde se
Art. 6º. A zona econômica exclusiva brasileira compreende produziu ou deveria produzir-se o resultado.
uma faixa que se estende das doze às duzentas milhas
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
marí mas, contadas a par r das linhas de base que servem
para medir a largura do mar territorial.
CPP. Art. 70. A competência será, de regra, determinada
pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se tenta va, pelo lugar em que for pra cado o úl mo ato de
como extensão do território nacional as execução.
embarcações e aeronaves brasileiras, de CPM. Art. 6º. Considera-se pra cado o fato, no lugar em
natureza pública ou a serviço do governo que se desenvolveu a a vidade criminosa, no todo ou em
brasileiro onde quer que se encontrem, bem parte, e ainda que sob forma de par cipação, bem como
como as aeronaves e as embarcações onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Nos
brasileiras, mercantes ou de propriedade crimes omissivos, o fato considera-se pra cado no lugar em
privada, que se achem, respec vamente, no que deveria realizar-se a ação omi da.
espaço aéreo correspondente ou em alto-
mar.
- Quanto ao lugar do crime, também há três a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou
teorias apontadas pela doutrina, muito a reprimir; (Princípio da Jus ça Universal)
semelhante àquelas do tempo do crime. b) pra cados por brasileiro; (Princípio da
Nacionalidade A va)
- A.vidade: onde o agente pra cou a conduta;
- Resultado: aquele em que ocorreu o resultado;
CF. Art. 12. São brasileiros:
- Mista ou Ubiquidade: tanto da conduta quanto do
I - natos:
resultado.
a) os nascidos na República Federa va do Brasil, ainda que
O Código Penal adotou a Teoria mista ou da de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço
de seu país;
Ubiquidade. Entretanto, não se deve confundir com
as regras da competência interna (processo penal). b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da
No caso dos chamados crimes plurilocais haverá República Federa va do Brasil;
conflito interno de competência, pois haverá conduta c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe
em uma comarca e resultado em outra. Em regra, brasileira, desde que sejam registrados em repar ção
aplica-se a Teoria do Resultado (Art. 70, CPP). brasileira competente ou venham a residir na República
Federa va do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois
de a ngida a maioridade, pela nacionalidade brasileira

9 - EXTRATERRITORIALIDADE II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora brasileira, exigidas aos originários de países de língua
come dos no estrangeiro: portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e
idoneidade moral;
I - os crimes: (Extraterritorialidade b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
Incondicionada) República Federa va do Brasil há mais de quinze anos
ininterruptos e sem condenação penal, desde que
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente
requeiram a nacionalidade brasileira
da República; (Princípio da Defesa ou Real)
§ 1º. Aos portugueses com residência permanente no País,
b) contra o patrimônio ou a fé pública da se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão
União, do Distrito Federal, de Estado, de atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos
Território, de Município, de empresa pública, previstos nesta Cons tuição
sociedade de economia mista, autarquia ou
fundação ins tuída pelo Poder Público;
(Princípio da Defesa ou Real) c) pra cados em aeronaves ou embarcações
c) contra a administração pública, por quem brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam
está a seu serviço; (Princípio da Defesa ou
Real) julgados. (Princípio da Representação)

d) de genocídio, quando o agente for CP. Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave,
brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Princípio própria ou alheia, ou pra car qualquer ato tendente a
da Jus ça Universal) impedir ou dificultar navegação marí ma, fluvial ou aérea:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
OBS: Existe outra hipótese de Extraterritorialidade
Incondicionada na Lei de Tortura: art. 2°, Lei nº § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido
9.455/97 - “o disposto nesta Lei aplica-se ainda segundo a lei brasileira, ainda que absolvido
quando o crime não tenha sido come do no território ou condenado no estrangeiro. (possibilidade
nacional, sendo a ví ma brasileira ou encontrando-se de dupla condenação pelo mesmo fato?)
o agente em local sob jurisdição brasileira”.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei
brasileira depende do concurso das seguintes
condições: (CONDIÇÕES CUMULATIVAS)
II - os crimes: (Extraterritorialidade Condicionada) a) entrar o agente no território nacional;
STF. Súmula 1. É vedada a expulsão de estrangeiro casado 11 - EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA
com Brasileira, ou que tenha filho Brasileiro, dependente da
economia paterna. Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a
b) ser o fato punível também no país em que aplicação da lei brasileira produz na espécie
foi pra cado; as mesmas consequências, pode ser
homologada no Brasil para:
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos
quais a lei brasileira autoriza a extradição; CF. Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Jus ça:
d) não ter sido o agente absolvido no I - processar e julgar, originariamente:
estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão
e) não ter sido o agente perdoado no de exequatur às cartas rogatórias;
estrangeiro ou, por outro mo vo, não estar
I - obrigar o condenado à reparação do dano,
ex nta a punibilidade, segundo a lei mais
a res tuições e a outros efeitos civis;
favorável.
(depende de pedido da parte interessada)

CP. Art. 91 - São efeitos da condenação:


OBS: Letra “a” - condição de procedibilidade
(imprescindível para o início da ação penal); I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado
Letras “b”, “c”, “d” e “e” - condições obje vas de pelo crime;
punibilidade (sem as quais não se impõe pena). II - sujeitá-lo a medida de segurança.
(depende da existência de tratado de
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao extradição com o país de cuja autoridade
crime come(do por estrangeiro contra judiciária emanou a sentença, ou, na falta de
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as tratado, de requisição do ministro da jus ça).
condições previstas no parágrafo anterior:
(Extraterritorialidade hipercondicionada). CP. Art. 96. As medidas de segurança são:

a) não foi pedida ou foi negada a extradição; I - Internação em hospital de custódia e tratamento
psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento
b) houve requisição do Ministro da Jus ça. adequado;
II - sujeição a tratamento ambulatorial.
Parágrafo único - Ex nta a punibilidade, não se impõe
10 - PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO medida de segurança nem subsiste a que tenha sido
imposta.

Pode ocorrer que o agente seja condenado no


Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua
estrangeiro e no Brasil pela prá ca da mesma infração internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime
penal. A fim de evitar a dupla punição pelo mesmo for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a
fato (ne bis in idem), o art. 8º do CP assim dispõe: tratamento ambulatorial.
§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro tempo indeterminado, perdurando enquanto não for
atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo averiguada, mediante perícia médica, a cessação de
crime, quando diversas, ou nela é computada, periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a3
quando idên cas. (três) anos.
§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo
Detração mínimo fixado e deverá ser repe da de ano em ano, ou a
CP. Art. 42 - Computam-se, na pena priva va de liberdade e qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução.
na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no
Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administra va e o de § 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre
internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no condicional devendo ser restabelecida a situação anterior
ar go anterior. se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pra ca fato
indica vo de persistência de sua periculosidade.
CPM. Art. 8°. A pena cumprida no estrangeiro atenua a
§ 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial,
pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas,
poderá o juiz determinar a internação do agente, se essa
ou nela é computada, quando idên cas.
providência for necessária para fins cura vos.

Parágrafo único - A homologação depende:


a) para os efeitos previstos no inciso I, de 14 - LEGISLAÇÃO ESPECIAL
pedido da parte interessada;
Art. 12 - As regras gerais deste Código
b) para os outros efeitos, da existência de aplicam-se aos fatos incriminados por lei
tratado de extradição com o país de cuja especial, se esta não dispuser de modo
autoridade judiciária emanou a sentença, ou, diverso.
na falta de tratado, de requisição do Ministro
da Jus ça. LCP. Art. 1º Aplicam-se as contravenções às regras gerais
do Código Penal, sempre que a presente lei não disponha
Para que seja possível a execução da medida de de modo diverso.
segurança e o pleito pela reparação/res tuição civil
dos danos, a sentença estrangeira deve ser
TEORIA DO CRIME
homologada pelo Superior Tribunal de Jus ça, pois
seria incompaUvel com a atual noção de soberania
- Noções Gerais:
que julgado de outra nação pudesse ser executado no
país sem a necessidade de qualquer controle. O 1) CONCEITO: Apesar de exis rem diversos aspectos
controle exercido pelo STJ busca a regularidade nos visando conceituar o crime, como por exemplo, o
requisitos extrínsecos da sentença. conceito formal (crime é a violação a norma punido
com uma sanção) e material (crime é toda conduta
que lesiona ou ameaça de lesão um bem jurídico), no
Brasil adota-se majoritariamente o conceito analí co
12 - CONTAGEM DE PRAZO PENAL de crime e sua teoria “tripar te” ou “tripar da” que
considera crime o fato Upico, ilícito (ou an jurídico) e
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no culpável.
cômputo do prazo. Contam-se os dias, os
meses e os anos pelo calendário comum.

CPP. Art. 798. Todos os prazos (Processuais) correrão em 2) SUJEITOS DO CRIME: Os crimes possuem um
cartório e serão conDnuos e peremptórios, não se sujeito a vo (quem pra cou a conduta) e um sujeito
interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. passivo (que suportou o dano, ou seja, sofreu as
§1º. Não se computará no prazo o dia do começo, consequências).
incluindo-se, porém, o do vencimento.

CPM. Art. 16. No cômputo dos prazos inclui-se o dia do


começo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo a) Sujeito A.vo: Qualquer pessoa Csica maior de 18
calendário comum. anos ou pessoa jurídico (crimes ambientais). Pessoa
Jurídica?

13 - FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA - Classificação: Comum, próprio e de mão própria;

Art. 11 - Desprezam-se, nas penas priva vas 1) Comum: Pode ser pra cado por qualquer pessoa;
de liberdade e nas restri vas de direitos, as
frações de dia, e, na pena de multa, as frações 2) Próprio: O agente deve possuir uma qualidade
de cruzeiro. especial (por ex: servidor público), mas permite
coautoria de qualquer pessoa.
CP. Art. 44. As penas restri vas de direitos são autônomas
e subs tuem as priva vas de liberdade, quando: 3) Mão própria: Só pode ser pra cado por quem
§ 4º. A pena restri va de direitos converte-se em priva va possua qualidade especial.
de liberdade quando ocorrer o descumprimento
injus ficado da restrição imposta. No cálculo da pena
priva va de liberdade a executar será deduzido o tempo
cumprido da pena restri va de direitos, respeitado o saldo b) Sujeito Passivo: Qualquer pessoa Csica ou jurídica,
mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.
inclusive, ente indeterminado sem personalidade
jurídica, ex: cole vidade, família e etc (crime vago).
Morto? Animal?
- Classificação: Mediato e Constante (sempre o - Crime omissivo próprio: o po descreve uma
Estado) e Imediato e Eventual ( tular do bem jurídico conduta omissiva, um não fazer. Dispensa
protegido). Divide-se em comum (qualquer pessoa resultado. A norma penal é precep va ou
pode ser ví ma) ou próprio (somente algumas mandamental (omissão de socorro, art. 135,
pessoas podem ser ví ma). CP)
- Crime omissivo impróprio ou comissivo por
omissão: o agente deixa de evitar o resultado
3) OBJETO: Objeto Jurídico (bem ou interesse tutelado quando podia e devia agir (garante).
pela norma penal). Objeto Material (pessoa ou coisa Consuma-se com a ocorrência do resultado
sobre a qual recai a conduta do agente) naturalís co. (art. 13, § 2º, CP)
- Crime de conduta mista: o po penal prevê
dois comportamentos, ação seguida de
4) ELEMENTOS DO CRIME: omissão. (apropriação de coisa achada, art.
169, pu, II, CP).
Como visto, o crime em seu conceito analí co é
estudado por partes, separando cada elemento que o
compõe. Para termos crime, necessariamente
deveremos ter um fato Upico, ilícito e culpável. - Causas de Exclusão da Conduta (ausência):

a) Caso fortuito e força maior: são acontecimentos


a) FATO TÍPICO: é todo fato humano que se enquadra imprevisíveis, inevitáveis, sem manifestação de
com perfeição aos elementos descritos no po penal. vontade humana;
Contrário senso, “fato aUpico” é a conduta que não
b) Atos Involuntários como sonambulismo, hipnoses e
encontra correspondência alguma no po penal.
demais estados de inconsciência;
O fato Upico possui quatro elementos: conduta,
resultado, relação de causalidade (nexo causal) e c) Atos ou movimentos reflexos: reações corporais
picidade. A conduta e a picidade estão presentes automá cas que independem da humana. Exclui a
em TODO e QUALQUER crime. Já o resultado material voluntariedade (vontade) do movimento, isto é, o
(naturalís co) e a relação de causalidade estão movimento não é dominável pela vontade. Ex:
presentes apenas nos chamados crimes materiais chute após o médico bater com martelo no joelho ou
consumados. movimentos provocados por um ataque epilé co;

- Crime material, formal ou de mera conduta? d) Coação Qsica irresisRvel (vis absoluta): o coagido é
controlado pelo coator pra cando ato sem vontade;

I – CONDUTA: ação ou omissão humana (e da pessoa


jurídica nos crimes ambientais) consciente e II – RESULTADO: É o segundo elemento do fato Upico,
voluntária (o agente sabe o que está fazendo) dirigida sendo a consequência (efeito ou reflexo) provocada
a uma finalidade. pela conduta do agente.
O resultado pode ser naturalís co ou jurídico.
A conduta pode ser pra cada de duas formas: por
ação (crimes comissivos) e por omissão (crime Resultado jurídico seria a afronta à norma penal, ou
omissivos). seja, toda infração penal tem resultado jurídico.
Já o resultado material é a modificação do mundo
exterior causada pela conduta. Pode ser Qsica (ex:
- Crime comissivo, omissivo ou de conduta mista: crime de dano com a destruição de um objeto, art.
163 do CP); fisiológica (ex: crime de lesão corporal,
- Crime comissivo: o po penal descreve uma causando modificação no organismo, art. 129, CP) ou
ação proibida (art. 121, CP) psicológica (ex: crime de injúria com a percepção da
ofensa a honra, art. 140, CP).
Superveniência de causa independente

- Crime material, formal e de mera conduta: §1º. A superveniência de causa rela.vamente


independente EXCLUI a imputação quando,
- Crime Material: o po descreve uma POR SI SÓ, PRODUZIU O RESULTADO; os fatos
conduta e um resultado naturalís co que será anteriores, entretanto, IMPUTAM-SE a quem
necessário para sua consumação (121, 155, os pra.cou. (TEORIA DA CAUSALIDADE
157, CP). ADEQUADA)

- Crime Formal ou de consumação


antecipada: o po descreve uma conduta que
possibilita a produção de um resultado - Teoria da Causalidade Adequada:
naturalís co, mas não exige a realização deste
(extorsão mediante sequestro, art. 159, CP). Excepcionalmente adotaremos essa teoria no que se
refere as concausas supervenientes rela vamente
- Crime de mera conduta: o po descreve
independente que, por si só, produzir o resultado.
apenas a conduta não prevendo resultado
naturalís co (porte ilegal de arma, art. 14 da Segundo tal teoria, a causa deve ser adequada à
lei 10.826/03). produção do resultado, isto é, deve haver um nexo
normal entre eles, sem que haja uma ruptura na linha
de desdobramento causal. Para compreensão
necessário estudarmos as CONCAUSAS.
III - NEXO CAUSAL, também conhecido como relação
de causalidade é o vínculo entre a conduta do agente
(causa) e o resultado naturalís co (modificação no
mundo exterior) produzido (efeito). - CONCAUSAS: Significa a concorrência de causas, ou
seja, há mais de uma causa que pode ter contribuído
Relação de causalidade para o resultado. Divide-se em absolutamente e
rela vamente independentes.
Art. 13 - O RESULTADO (Naturalís(co), de que
depende a existência do crime, somente É
Concausas ABSOLUTAMENTE independente:
IMPUTÁVEL a quem lhe deu causa. CONSIDERA-
SE CAUSA a ação ou omissão sem a qual o são aquelas que não se somam a conduta do
resultado não teria ocorrido. agente para a produção do resultado.

- Teoria da equivalência dos antecedentes causais


- Preexistentes: A causa que produz o
(condi(o sine qua non):
resultado já exis a antes da conduta do agente.
Considera-se causa toda conduta sem a qual o Ex: envenenamento anterior;
resultado não teria ocorrido, ou seja, qualquer
- Concomitantes: A causa que produziu o
condição que contribua para a produção do resultado
resultado surgiu simultaneamente a conduta do
naturalís co.
agente. Ex: choque no mesmo momento de um
disparo de arma de fogo;
Aplica-se o procedimento de eliminação hipoté.ca de - Supervenientes: A causa produtora do
Thyrén, considerando como causa todo antecedente resultado surge posteriormente a conduta do
que suprimido mentalmente impediria a produção do agente. Ex: a ví ma morre de soterramento, pois
resultado. sua casa desabou após os disparos do agente.
Efeito: as concausas ABSOLUTAMENTE independentes
Esse procedimento sofre crí cas, pois nos permi ria o rompem com o nexo causal, respondendo o agente
regresso ao infinito. Para solucionar o problema a somente pelo que efe vamente causou e não pelo
doutrina estabelece limites como a análise do dolo ou resultado final. Nos três exemplos acima, o agente
culpa do agente (causalidade psíquica) e a teoria da responderá por homicídio tentado.
imputação obje va (criação do risco proibido).

b) Concausas RELATIVAMENTE
independente: São aquelas interligadas a
conduta do agente, pois encontram-se na - CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS (COMISSIVOS
mesma linha de desdobramento. POR OMISSÃO)
Isoladamente não seriam capazes de
ocasionar o resultado. Portanto, o agente com
sua conduta contribui para a produção do A conduta pode se dar por ação ou omissão. Os
resultado: crimes comissivos possuem um po penal que
- Preexistente: Uma das causas já exis a antes descreve uma ação (ex: art. 121 - matar alguém), ao
da conduta, porém recebe a passo que nos crimes omissivos próprios o po penal
contribuição do agente. Ex: O agente desfere descreve uma omissão (ex: omissão de socorro, art.
facadas contra hemoClico que morre em razão 135, CP).
da dificuldade de estancar o sangramento.
Responderá pelo resultado morte;
Entretanto, os crimes comissivos podem se realizar
- Concomitantes: A concausa ocorre
por uma conduta omissiva, desde que ocorra uma das
simultaneamente, mas interligada a conduta
hipóteses do art. 13, § 2º, do CP. Ou seja, em, regra,
do agente. Ex: O agente a ra contra pessoa,
um crime comissivo será realizado por uma ação, mas,
mas erra. Entretanto a ví ma sofre ataque
em certas situações específicas, realizar-se-á em
cardíaco e morre de infarto. A conduta do
decorrência de uma omissão. Nesse caso, estaremos
agente aliada a causa contribuiu para o
diante de um crime comissivo por omissão, omissivo
resultado. O agente responderá por homicídio
Impróprio ou espúrios.
consumado.
- Supervenientes: São causas posteriores e
concorrem para a produção do resultado. Nesses casos a lei impõe a certas pessoas um dever
Divide-se em: jurídico especial de agir para evitar o resultado. São os
a) Não produziu por si só o resultado: denominados garantes (posição de garan dor). Com
está no desdobramento natural da conduta. isso, diante de uma determinada situação, o resultado
Ex: CTI e complicações cirúrgicas. O agente não evitado será imputado ao agente que deveria
responde pelo homicídio consumado. evitá-lo. O po penal descreve uma ação, mas a
inércia do agente, que descumpre o seu dever de agir,
b) Por si só produziu o resultado (13, § leva a produção do resultado.
1º): o agente só responde pelos fatos
anteriores. Ex: a ví ma morre em decorrência
de um incêndio no hospital. O agente só A omissão será penalmente relevante quando o
responde pelo homicídio tentado. omitente devia (hipóteses descritas nas letras "a", "b"
e "c") e podia (possibilidade Csica) agir para evitar o
resultado.

Relevância da omissão

§ 2º. A omissão é penalmente relevante - Hipóteses de dever jurídico especial de agir (art. 13,
quando o omitente DEVIA e PODIA agir para § 2°):
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a
quem: (CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS)
a) tenha por lei obrigação de cuidado,
c) tenha por lei obrigação de Cuidado, Proteção proteção ou vigilância (BIZU: P.V.C): a mãe
ou Vigilância; que deixa de alimentar o filho está
descumprindo uma obrigação imposta por lei
d) de outra forma, assumiu a responsabilidade (CC. ar gos 1.566, IV e 1.634, I). Assim, no
de impedir o resultado; caso de falecimento do menor por inanição, a
genitora responderá por homicídio doloso
e) com seu comportamento anterior, criou o (art. 121 c/c art. 13, § 2º, a) ou culposo
risco da ocorrência do resultado. (art. 121, § 3°, c/c art. 13, § 2º, a),
dependendo do caso. Há também o dever
legal de agir nas a vidades desempenhadas Muitas das vezes será necessário analisar outro
por certas pessoas, como policiais e disposi vo da lei para saber se um fato e Upico. São as
bombeiros. chamadas normas de extensão.

- Adequação Imediata ou Direta: a conduta do agente


é exatamente aquela descrita na norma penal
b) de outra forma, assumiu a
incriminadora; Ex: Agente a ra na ví ma matando-a.
responsabilidade de impedir o resultado: o
Há adequação com o disposto no art. 121, CP.
agente assume a responsabilidade da não
ocorrência do resultado, haja contrato ou não. - Adequação Mediata ou Indireta: A conduta do
Exemplo: um salva-vidas par cular assume a agente não corresponde exatamente ao que está
responsabilidade de evitar afogamentos. Caso descrito no po penal, necessitando de uma norma de
perceba que um nadador esteja se afogando, extensão. Indivíduo empresta sua arma para alguém
deve agir para evitar o resultado morte. Se matar um inimigo. Para que seja responsabilizado
podia agir e se omi u, responderá pelo devemos u lizar a norma de extensão prevista no art.
resultado que deixou de evitar. Se a omissão 29 do CP para enquadrá-lo como parUcipe. A
foi voluntária, e sobrevier a morte, adequação ficará art. 121 conjugado com o art. 29
responderá por homicídio doloso (art. 121 c/c (norma de extensão)
art. 13, § 2º, b).
A norma de extensão pode ser:

a) temporal: a conduta de “tentar matar alguém”


c) com seu comportamento anterior, criou o somente é punível em razão da norma descrita no
risco da ocorrência do resultado (ingerência): ar go 14, II, do Código Penal.
em um primeiro momento a pessoa cria um
risco com seu comportamento (ação ou b) pessoal e espacial: o ar go 29 do Código Penal, que
omissão), ficando obrigada a evitar o dispõe sobre o concurso de pessoas, reflete uma
resultado. O dolo e a culpa têm relevância norma auxiliar, cuja existência permite a subsunção
nesse segundo momento (dever de agir). O indireta da conduta do parUcipe (que não realiza o
agente acidentalmente (culpa) empurra uma núcleo do po, mas, de qualquer modo, concorre para
pessoa na piscina (primeiro momento). Ao o delito).
perceber o afogamento (segundo momento),
deverá agir para evitar o resultado. Se deixar c) de extensão causal: insculpida no ar go 13, §2º, do
de agir intencionalmente, responderá por Código Penal, a regra estabelece a “relevância da
omissão”, tornando-a Upica (por meio da adequação
homicídio doloso (art. 121 c/c art. 13, § 2º, c).
indireta).
Observe que no exemplo o dolo está na
omissão e não na ação de empurrar.

b) Tipicidade MATERIAL ou SUBSTANCIAL: é a efe va


lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
IV – TIPICIDADE: É o quarto elemento do fato Upico, Segundo predomina na doutrina penal e na
estando presente em todo e qualquer crime. jurisprudência dos tribunais superiores (STF e STJ),
para que ocorra o fato Upico ( picidade penal) não
A Tipicidade pode ser subje va, caracterizada pelo basta a adequação Upica legal (aspecto formal legal
dolo e culpa e obje va (que pode ser formal ou da picidade), nem a picidade subje va (dolo),
material): devendo ainda ser analisada a picidade em seu
aspecto material, consistente na valoração da conduta
e do resultado.
a) Tipicidade FORMAL: é a conformidade entre o
fato pra cado e o po penal. Em outras palavras, é a
adequação do fato ao po penal. Ex: Maria matou - Principais fases da .picidade:
José. Esse fato amolda-se ao art. 121 do CP.

ATENÇÃO: Nem sempre a conduta pra cada se Total independência: não há ligação do fato
amolda perfeitamente ao descrito no po penal.
Upico com a ilicitude e com a culpabilidade. O previsão do resultado. Assim, basta que o agente
po descreve apenas o acontecimento tenha previsto o resultado como possível. Não foi
obje vo, sem qualquer valoração. adotada pelo Código Penal. É indica va de culpa
consciente.

Caráter indiciário da ilicitude ("ra(o


cognoscendi"): ocorrendo o fato Upico há um 2) Teoria da Vontade: Dolo é consciência e vontade
indício de ilicitude, que poderá ser afastada se dirigida ao resultado. Para exis r o dolo o agente
ocorrer alguma de suas excludentes (legí ma precisa querer (vontade) produzir o resultado, não
defesa, estado de necessidade etc.). É a basta prevê-lo (consciência). É adota pelo Código
concepção adotada pelo nosso Código Penal. Penal para o dolo direito.

Teoria da iden.dade ou Essência da ilicitude 3) Teoria do Consen.mento / Assen.mento /


("ra(o essendi"): todas as condutas Upicas Anuência: O dolo estará presente quando o agente
são ilícitas. Tipicidade e ilicitude não são assume o risco de produzi-lo. Não se exige a vontade
ins tutos dis ntos. A picidade integra dirigida à sua realização, sendo suficiente seu
(essência) a ilicitude, de sorte que a picidade consen mento (assunção do risco da produção do
não possui autonomia. resultado). Ou seja, sabendo que a sua conduta tem a
possibilidade de causar o resultado, o agente não
deixa de agir, aceitando a sua produção. Adotada para
o dolo eventual.

DOLO E CULPA (Art. 18 do Código Penal):


f)ELEMENTOS DO DOLO:
Art. 18 - Diz-se o crime:
a) Consciência: Chamado de elemento cogni.vo ou
Crime doloso
I - DOLOSO, quando o agente quis o intelectual. Diz respeito à situação fá ca em que se
resultado (Teoria da Vontade - Dolo Direto) encontra o agente. É a consciência (previsão ou
representação) da conduta, do resultado e do nexo de
ou assumiu o risco de produzi-lo (Teoria do
causalidade. No dolo o agente possui a consciência
Assen(mento/Consen(mento - Dolo
Eventual); dos elementos obje vos do po. Essa previsão deve
abranger todos os elementos do po penal
(descri vos, norma vos ou subje vos).
Toda ação ou omissão com relevância penal deve
possuir um elemento subje.vo. Este pode ser o dolo b) Vontade: Chamado de elemento voli.vo. É a
ou culpa. vontade de realizar a conduta Upica (ação ou
omissão). Pressupõe a possibilidade de influir no curso
causal. O agente quer o resultado deli vo como
I - DOLO: é a consciência e vontade de realizar os
consequência de sua própria ação e atribui alguma
elementos descritos no po obje vo. É a vontade de
influência em sua produção.
realizar os elementos obje vos do po (elementos
descri vos e/ou norma vos). Nos termos do art. 18, I,
do CP, diz-se o crime doloso quando o agente quis o g) MODALIDADES OU ESPÉCIES DE DOLO:
resultado (dolo direto) ou assumiu o risco de produzi-
lo (dolo eventual).
1) Dolo direto (determinado ou imediato): o agente
quer a produção do resultado (CP, art. 18, I, 1ª parte,
e) TEORIAS DO DOLO: existem três: representação,
CP). Subdivide-se em:
vontade, consen mento.
o Dolo direto de primeiro grau: o agente tem a
consciência (representação) que sua conduta causará
1) Teoria da Representação: Para exis r dolo basta a um resultado, bem como a vontade de pra car a
conduta e produzir o resultado. O dolo abrange a caso, em relação à morte do pedestre, houve dolo
produção do fim em si. Refere-se ao fim proposto e eventual.
aos meios escolhidos. Ex: "A" efetua disparo de arma
de fogo (conduta consciente e voluntária) em direção a
"B", pretendendo produzir a sua morte (resultado Em um outro exemplo o imagine que o agente, para
consciente e voluntário). matar seu inimigo (fim proposto), efetua varias
disparos de arma de fogo, prevendo que, além do
desafeto, poderia a ngir também um terceiro que
o Dolo direto de segundo grau (dolo de estava ao lado. Mesmo assim, assumindo o risco de
consequências necessárias): previsão dos efeitos produzir outro resultado (no terceiro), efetua os
colaterais (resultado Dpico) como consequência disparos, acertando o seu inimigo (dolo direto de
necessária do meio escolhido. A prá ca dos elementos primeiro grau) e o terceiro (dolo eventual). Perceba, a
obje vos do po não é a intenção do agente, mas este consequência de a ngir o terceiro não era necessária,
representa a sua realização como um efeito colateral por isso não será dolo direto de segundo grau.
inevitável, vale dizer, como consequência necessária
do meio escolhido para a ngir um resultado proposto.
Ou seja, o sujeito prevê o delito como consequência o Dolo alterna.vo: ocorre quando a vontade do
inevitável para a ngir um fim proposto. Ex: o agente, sujeito se dirige a um ou outro resultado. Ex.: o agente
para matar seu inimigo (fim proposto), coloca uma desfere golpe de faca na ví ma com intenção
bomba no avião em que ele se encontra, vindo a alterna va: ferir ou matar.
matar, além de seu inimigo (dolo direto de primeiro
grau), todos os demais que estavam a bordo como
consequência necessária do meio escolhido (dolo Art. 18 - Diz-se o crime:
direto de segundo grau).
II - CULPOSO, quando o agente deu causa ao
resultado por IMPRUDÊNCIA, NEGLIGÊNCIA
OU IMPERÍCIA.

2) Dolo indireto (indeterminado): a vontade do


II - CULPA: Nos termos do art. 18, lI, do CP, diz-se o
agente não se dirige a um resultado determinado.
crime culposo quando o agente dá causa ao resultado
Subdivide- e em dolo eventual e dolo alterna.vo:
por imprudência, negligência ou imperícia. No crime
culposo, o agente não quer o resultado nem assume o
risco de produzi-lo. O agente pra ca uma conduta
o Dolo eventual (dolo de consequências
com fins lícitos ou irrelevantes, mas o meio u lizado é
possíveis): o agente não quer o resultado, mas, descuidado (conduta mal dirigida).
representando como possível a sua produção, não
deixa de agir, assumindo o risco de produzi-lo. O
agente pretende pra car uma conduta para a ngir um Assim, para termos um crime culposo, o agente deve
fim proposto. Entretanto, prevê (representa / está atuar de forma comissiva ou omissiva, inobservando o
consciente / antevê) que sua conduta tem a seu dever obje vo de cuidado nas relações sociais,
possibilidade de produzir, além do resultado causando um resultado que ele não queria ou não foi
pretendido, outro resultado. Mesmo assim, não deixa capaz de prever, apesar de o mesmo ser previsível
de agir, assumindo o risco da sua produção. O agente pelo “homem médio”. Por fim, deve ainda haver o
prevê esse outro resultado como consequência nexo de causalidade entre a conduta e o resultado e a
possível de sua conduta. Ex: o agente arremessa um picidade.
saco de entulho do 10º andar de seu apartamento
(conduta) visando a acertar a caçamba que se
encontra na rua (fim proposto). Entretanto, o agente Em regra, os pos culposos estão previstos em pos
prevê que pode a ngir o pedestre que passa pelo local penais abertos, os quais não descrevem de forma
(consciência da possibilidade de produzir o resultado), detalhada a conduta criminosa. Há, todavia, no Código
mas, mesmo assim, não deixa de agir e pra ca o Penal um crime culposo previsto em po penal
arremesso, assumindo o risco de produzir o resultado, fechado (art. 180, §3º do CP - Receptação culposa).
que realmente ocorre (morte do pedestre). Nesse
c) Resultado naturalís.co involuntário: consumação,
no crime culposo, depende de resultado naturalís co.
ELEMENTOS DO TIPO CULPOSO
Por isso, não se admite tenta va em crime culposo.

a) Conduta voluntária: conduta do agente é sempre


voluntária, o resultado será involuntário. Por exemplo, d) Previsibilidade obje.va: É a possibilidade de uma
dirigir acima do limite de velocidade é uma conduta pessoa comum prever o resultado naturalís co. Aqui,
voluntária. Não se deve confundir a voluntariedade da temos a figura do homem médio (homo medius ou
conduta com a voluntariedade ou não em relação ao homem standart), que representa um ser humano de
resultado. No crime culposo, a conduta não é dirigida inteligência mediana. É uma figura imaginária ou
para um fim ilícito.Em regra, a conduta voluntária é hipoté ca, que representa a normalidade das pessoas.
penalmente irrelevante mas é mal dirigida causando Não é necessário que o agente tenha previsto o
um resultado ilícito indesejado. Ex: ao dirigir resultado (previsibilidade subje va), tendo em vista
imprudentemente seu veículo (com velocidade acima que uma pessoa comum poderia ter previsto o
do permi do) o agente possui consciência e vontade resultado (previsibilidade obje va).
de pra car essa conduta, mas não possui a finalidade
de produzir um resultado danoso (atropelamento e
morte de pedestre).

MODALIDADES ou ESPÉCIES DE CULPA:

a) Culpa consciente (COM PREVISÃO): na culpa


b) Inobservância ou violação a um dever obje.vo de consciente, apesar de o agente prever o
cuidado (desvalor da ação): É aquele imposto a todas resultado, ele possui a crença sincera em que
as pessoas para uma harmoniosa em sociedade. A o mesmo não virá a ocorrer, mas ocorre.
violação ocorre por negligência, imprudência e
imperícia, que são modalidades da culpa e não b) Culpa inconsciente (SEM PREVISÃO): O
espécies. agente não previu o resultado que era
obje vamente previsível.

- Negligência: É a forma nega va da culpa - omissão


(in omitendo). Caracteriza-se pela ausência de - Dis.nção entre dolo eventual e culpa consciente
precaução. Desenvolve-se antes da conduta. O agente
deixa de fazer algo que a cautela recomendava. Ex.: Inicialmente, é preciso perceber que tanto no dolo
conduzir veículo automotor com pneus gastos. eventual como na culpa consciente o agente já
consumou o crime, ou seja, já a ngiu o resultado
- Imprudência: É a forma posi va da culpa – (in lesivo. Portanto, não há como se falar em
agendo). Caracteriza-se pela falta de atenção. arrependimento eficaz nestas situações.
Desenvolve-se paralelamente a conduta. O agente faz
algo que a cautela não recomendava, atuando com No dolo eventual, como vimos, o agente acredita que
precipitação, afoiteza, sem os cuidados que o caso o resultado não vai ocorrer, mas não toma nenhuma
requer. Ex.: conduzir veículo em alta velocidade num precaução concreta para evitá-lo, baseando sua
dia de muita chuva. conduta apenas na mera crença de sua capacidade.

- Imperícia: Chamada culpa profissional, pois só Na culpa consciente, o agente prevê a possibilidade do
ocorre no exercício de arte, profissão ou oCcio. O resultado e, como não quer sua ocorrência,
agente, embora autorizado, não reúne conhecimentos efe vamente toma providências concretas para evitá-
par tanto. É a falta de ap dão técnica para o exercício lo. Assim, em questões obje vas, se o enunciado ou a
de arte ou profissão. Ex.: condutor que troca o pedal opção consignar uma preocupação concreta do agente
do freio pelo da embreagem, gerando o tem a culpa consciente; caso contrário, surge o dolo
atropelamento. Médico sem conhecimento para uma eventual. Por exemplo: a questão dá conta que exímio
cirurgia específica. experiente motorista resolve par cipar de uma
exibição clandes na de manobras perigosas em praça
pública. Se o tal motorista teve o cuidado de cercar a
área com pneus, e reservando uma área de escape 1ª) COGITAÇÃO: É mera cogitação o plano mental
prevendo a possibilidade de a ngir alguém, age com acerca da prá ca criminosa, com a representação do
culpa consciente; caso não tome tais precauções, resultado querido, a escolha dos meios possíveis e a
enseja-se o dolo eventual no caso de “acidente” com opção pelo mais adequado, a previsão dos resultados
ví mas. concomitantes etc. Aqui a conduta ainda não é
relevante penal, pois vigora o limite da alteridade,
segundo o qual, o direito penal não pode se
preocupar com pensamentos pecaminosos, mas
PRETERDOLO
apenas a tudes geradoras de violência no meio social,
Praeter dolum é aquilo que vai além do dolo. O crime condutas que venham a lesar terceiros (cogita onis
preterdoloso é uma figura hibrida, tendo em vista que poenam nemo pa tur)
é uma mistura de dolo e de culpa, a conduta inicial é
dolosa, mas sobreveio um resultado mais grave de 2ª) ATOS PREPARATÓRIOS: Todos aqueles anteriores
natureza culposa. São os chamados crimes agravados ao início da execução, mas dirigidos à sua realização
pelo resultado. (conatus remotus). O agente procura criar condições
para a realização da conduta delituosa idealizada.
Aqui, o agente queria pra car um crime doloso, Considera-se aqui a inexistência de risco relevante ou
menos grave, mas por culpa (imprudência, negligencia direito ao bem jurídico protegido tornando a
e imperícia) acaba produzindo um resultado mais intervenção penal abusiva e desnecessária. Também
grave. são, em regra, irrelevantes penais, mas
Há, no Código Penal, uma série de exemplos de crimes excepcionalmente admitem punição, quando
caracterizar po penal autônomo, como no caso da
preterdolosos. Contudo, apenas no crime de lesão
associação criminosa (art. 288 do CP).
corporal seguida de morte (art. 129, §3º) o código
declara expressamente o caráter preterdoloso.
3ª) EXECUÇÃO: Nesta fase a a tude já pode ser
punível, pois o agente já começou a execução do
crime. Quando o verbo da lei diz ''subtrair'' o agente
deve começar a ação para se enquadrar nessa
CRIME CONSUMADO, TENTADO e IMPOSSÍVEL: conduta, sendo assim somente no momento em que
ele es ver pra cando algum ato de subtração do
Art. 14 - Diz-se o crime: objeto alheio que estará nessa fase.

Crime consumado 4ª) CONSUMAÇÃO: Quando presente todos os


I - CONSUMADO, quando nele se reúnem elementos de sua definição legal. Nos crimes
todos os elementos de sua definição legal; omissivos impróprios, a consumação ocorre com o
resultado, enquanto que nos omissivos próprios a
Tenta(va consumação se dá com a própria conduta omissiva.
II - TENTADO, quando, iniciada a execução, Nos crimes habituais, só ha consumação quando a
não se consuma por circunstâncias alheias à conduta se torna um hábito.
vontade do agente.
*EXAURIMENTO: O agente ra proveito do crime, é
Pena de tenta(va um ato alheio ao crime propriamente dito. Por
Parágrafo único - Salvo disposição em exemplo, quando um sujeito rouba algo, ele nha o
contrário, PUNE-SE a tenta(va com a pena obje vo de vender para comprar drogas. Ao ele fazer
correspondente ao CRIME CONSUMADO, este passo, ele está na fase de exaurimento.
DIMINUÍDA de um a dois terços. (CAUSA
GERAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA) Há uma série de teorias acerca do momento do início
da execução, merecendo destaque:

- Etapas do crime ou “iter criminis”: O crime passa A) Teoria da hos.lidade ao bem jurídico ou critério
por quatro fases: 1ª) cogitação; 2ª) preparação; 3ª) material: Atos executórios são aqueles que atacam o
execução; 4ª) consumação. A primeira cons tui a fase bem jurídico, criando-lhe uma situação concreta de
interna e as demais a fase externa. Alguns autores perigo. Ex: o agente se esconde atrás de uma moita
ainda acrescentam uma quinta fase, que seria a do esperando a ví ma passar para ataca-la.
exaurimento.
B) Teoria obje.vo-formal: Atos executórios são pra cados, mas este não acontece. Ex: o sujeito
aqueles que iniciam a realização do núcleo do po. dispara todos os ros da arma na cabeça da ví ma,
Exige tenha o autor concre zado efe vamente uma chuta seu rosto e pisa em seu peito, convencido de ter
parte da conduta Upica, penetrando no núcleo do a ngido o resultado, vai para casa, mas vem a saber
.po. Ex: em um homicídio, o sujeito, com golpes de que não a ngiu o resultado, pois a ví ma foi socorrida
punhal, inicia a conduta de “matar alguém”. e sobreviveu.

C) Teoria obje.vo-material: São atos executórios


aqueles em que se inicia a prá ca do núcleo do po, b) Tenta.va Imperfeita: Quando acontece uma
bem como os atos imediatamente anteriores, com interrupção dos atos necessários à consumação. Ex:
base na visão de terceira pessoa alheia à conduta buscando os mesmos meios, com seis projéteis no
criminosa. Ex: aquele que está no alto de uma escada,
tambor do revólver, faz dois disparos e é interrompido
portando um pé de cabra, pronto para pular um muro
por populares, não conseguindo sequer descarregar a
e ingressar em uma residência, na visão de um
terceiro observador, iniciou a execução de um crime arma na ví ma, como havia planejado.
de furto.
c) Tenta.va branca ou incruenta: Ocorre quando o
D) Teoria obje.vo-individual: Atos executórios são
agente sequer a nge o objeto pretendido. Ex: o
aqueles que, de acordo com o plano do agente,
realizam-se no período imediatamente anterior ao agente erra os disparos e não chega a acertar a ví ma.
começo da execução Upica. Não se preocupa com o
terceiro observador, mas sim com a prova do plano
d) Tenta.va vermelha ou cruenta: é quando o agente
concreto do autor, independentemente de análise
externa. Exemplo: “A”, com uma faca em punho, consegue a ngir o objeto desejado, mas não obtém o
aguarda atrás de uma moita a passagem de “B” para resultado. Ex: o autor a nge a vi ma com os disparos,
matá-lo, desejo já anunciado para diversas pessoas. mas ela consegue sobreviver.
Quando este se encontra a 200 metros de distância,
“A” fica de pé, segura firme a arma branca e aguarda
em posição de ataque seu adversário. Surge a polícia e - Em quais crimes não se admite a tenta.va?
o aborda. Para essa teoria, poderia haver a prisão em
flagrante, em face da caracterização da tenta va de 1. Crimes culposos: uma vez que não há dolo, pois são
homicídio. pra cados devido a imprudência, negligência ou
imperícia, (o resultado é involuntário, e não se pode
tentar aquilo que não se quer).
TENTATIVA
2. Crimes habituais: se exige uma conduta reiterada
Ocorre todas as vezes que circunstâncias alheias à para que este crime se consuma (habitualidade).
vontade do agente impedem a execução de um crime,
conforme art. 14, II do CP. 3. Crimes omissivos próprios: pois o crime se
consuma no momento exato da omissão.
Se for reconhecida a tenta va, a pena será reduzida,
pois, não há o mesmo desvalor de resultado. A
4. Crimes unissubsistentes: não há como fracionar o
redução se faz de um a dois terços, e será tão maior
“iter criminis” (não tem como fracionar o crime).
quanto mais distante do resultado o agente
permanecer.
5. Crimes preterdolosos: essa modalidade de crime
OBS: Nos crimes tentados, como não há consumação, prevê dolo no antecedente e culpa no consequente
ou seja, produção do resultado naturalís co, não (ex: tortura seguida de morte, se há culpa no
estarão presentes os elementos resultado e nexo resultado mais gravoso não há que se falar em crime
causal. tentado).

6. Contravenções penais: é possível a tenta va, mas


- Existem duas espécies de tenta.va: nesse caso ela não é punida por expressa previsão
legal (art. 4º da LCP).

a) Tenta.va Perfeita ou Crime Falho: Quando todos


os atos necessários à consumação do crime são
7. Crimes de atentado ou empreendimento: não Natureza jurídica da desistência voluntária: trata-se
cabe, pois nesse caso a tenta va é punida como se o de a picidade do fato, afastando a desistência a
crime já houvesse sido pra cado. possibilidade de responder pela tenta va.

* BIZU: Vou beber um CCHOUPA:

Contravenções Penais ARREPENDIMENTO EFICAZ


Culposos
Habituais Fala-se em arrependimento eficaz quando o agente,
Omissivos próprios depois de esgotar todos os meios de que dispunha
Unissubsistentes para chegar à consumação da infração penal,
Preterdolosos arrepende-se e atua em sen do contrário, evitando a
Atentado ou de Empreendimento produção do resultado inicialmente por ele
pretendido.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA (art. 15 do Código No arrependimento eficaz ocorre a chamada tenta va
Penal): perfeita, em que o autor da ação se arrepende e
impede que o resultado se produza, respondendo
criminalmente apenas pelos atos já pra cados.
CP. Art. 15. O agente que, Natureza Jurídica: a picidade do fato.
VOLUNTARIAMENTE, DESISTE de prosseguir na
execução (desistência voluntária) ou IMPEDE
que o resultado se produza (arrependimento
eficaz), SÓ RESPONDE pelos ATOS JÁ ARREPENDIMENTO POSTERIOR (art. 16 do Código
PRATICADOS. (PONTE DE OURO) Penal):

Na primeira parte do art. 15 do Código Penal, CP. Art. 16 - Nos crimes come dos SEM
encontramos a chamada desistência voluntária, ato violência ou grave ameaça à pessoa,
de desistência de se prosseguir na execução de um REPARADO o dano ou RESTITUÍDA a coisa,
crime. Ocorre quando autor de uma determinada ATÉ O RECEBIMENTO da denúncia ou da
ação, voluntariamente, interrompe a sua execução, o queixa, por ATO VOLUNTÁRIO do agente, a
que afasta a possibilidade de punição do crime fim. pena será REDUZIDA de um a dois terços.
(PONTE DE PRATA)

Se o sujeito inicia o processo executório, mas desiste


de prosseguir, evitando a consumação, não há que se Em conformidade com o que dispõe o art. 16 do
falar em tenta va, pois não foi preenchido requisito Código Penal, cuida-se de causa geral de diminuição
circunstâncias alheias a sua vontade (o que evitou o de pena. Aqui o crime já se consumou. Trata-se de
resultado foi a própria vontade do agente). Nesse uma causa de diminuição de pena para os crimes
caso, também não pode se falar em punição pelo pra cados sem violência ou grave ameaça dolosa à
crime consumado, pois esta fase não foi alcançada. pessoa, nos quais o prejuízo é reparado até o
Exemplo clássico de desistência voluntária é presente momento do recebimento da denúncia ou queixa.
na obra de Dom Casmurro, em que Ben nho oferece A reparação não precisa se espontânea, bastando que
a seu filho uma xícara de café envenenado e, assim seja voluntária. Vale o raciocínio de que o sujeito
que esse vai ingerir a bebida, Ben nho recua e coloca precisa ser dono da decisão.
a xícara novamente na mesa.
A redução é de um a dois terços, e prevalece que a
Na desistência voluntária, entendemos como melhor redução será tanto maior quanto mais célere a
critério para compreender como voluntária a a tude reparação.
do sujeito o fato dele figurar como dono da decisão,
É possível tanto nos crimes dolosos como nos
ou seja, quando tem liberdade para optar entre o sim
culposos.
e o não na con nuidade da conduta. Não é necessário
que a desistência seja espontânea, desde que No caso de concurso de pessoas, a reparação por
realmente voluntária. parte de um infrator se comunica aos demais, eis que
da mesma forma diminuído o desvalor do resultado. pra cando um crime, mas na verdade apenas está
par cipando de um jogo de cena montado pela
autoridade estatal, que já tomou as providências no
sen do de resguardar o bem jurídico. Se tais
CRIME IMPOSSÍVEL (Art. 17 do Código Penal) providências não forem tomadas e o bem jurídico
correr risco real, a autoridade poderá responder pela
prá ca do crime.
CP. Art. 17 - NÃO SE PUNE a tenta.va
Exemplo clássico é do policial que, disfarçado, pede a
quando, por INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO
ou por ABSOLUTA IMPROPRIEDADE DO um jovem que venda droga para ele. O jovem
responde que não mexe com isso. O policial oferece,
OBJETO, É IMPOSSÍVEL consumar-se o crime.
então, alta quan a para que ele consiga droga. O
jovem, sob vigilância do agente estatal, vai até a casa
De acordo com o disposto no art. 17 do Código Penal, do traficante, pega a droga pedida e entrega para o
haverá crime impossível quando o crime deixa de se policial, que o prende em flagrante. Tal procedimento
consumar quando o autor da ação se u liza de meio não é legí mo, pois houve a intenção do agente
ineficiente e impróprio à sua consumação (Ex.: tentar estatal no mecanismo causal do fato, e a vigilância
matar um cadáver; ministrar água pura, imaginado tornou inviável qualquer risco a bem jurídico, a saúde
tratar-se de veneno; pra car atos referentes ao pública. No mais, se houvesse realmente crime, o
aborto em mulher que não esteja grávida). policial teria que ser preso em seguida, pois teria
fomentado a traficância. Tal não ocorre porque, como
Não basta para que uma conduta seja criminosa que
já dito, não há crime na realidade, mas sim jogo de
formalmente ela se encaixe com a descrição em
cena, teatro, que tem como máximo efeito permi r a
abstrato da conduta proibida. Além disso, é
descoberta de provas acerca de crimes anteriores.
necessário que haja lesão ou risco de lesão ao bem
jurídico, para que se sa sfaça o conceito material de
crime, a picidade material.
Aqui reside o fundamento do crime impossível TEORIA DO ERRO
também chamado de tenta va inidônea ou quase-
crime. Apesar de buscar determinado resultado, o
A teoria do erro no direito penal brasileiro leva em
sujeito não é punido quando o meio escolhido ou o
consideração que os indivíduos que compõem nossa
objeto material. Como a vida do terceiro não entrou
sociedade, sabidamente múl pla, composta por
sequer em risco, não há relevância penal no fato. diversas classes e graus de conhecimento e instruções
dis ntas, podem agir erroneamente ao pra carem
algum fato penalmente relevante.
- Impropriedade absoluta do objeto: quando o objeto
material não reveste o bem jurídico protegido pela 1. ERRO DE TIPO:
norma penal. Exemplo: sujeito quer matar o cunhado, É uma representação falsa dos fatos, ou seja, o agente
mas quando entra pela porta de sua casa, este já está não sabe o que faz. Em outras palavras, é a falsa
morto. Sem tal consciência, defere vários ros no percepção da realidade ou o falso ou equivocado
corpo. Percebe-se: o objeto material (corpo) não conhecimento de um objeto.
reveste o bem jurídico protegido pela norma (vida).
Daí a inviabilidade da punição, uma vez que o bem O erro de po é capaz de excluir a picidade de um
jurídico sequer foi colocado em risco. fato até então do como relevante penal, pois exclui o
próprio dolo sobre os elementos Upicos.
Por obra do agente provocador (também chamado de
delito de ensaio): quando agente estatal es mula o Portanto, o erro de po recai sobre os elementos
mecanismo causal do fato, após ter tomado as cons tu vos do po penal, ou seja, elementares e
providências que tornem impossível a consumação. Se circunstâncias. O sujeito comete um crime por não
forem tomadas providências para que o bem não seja conhecer a presença de um elemento.
sequer colocado em risco, não há como se falar em
crime. No Código Penal não há a expressão “erro de po”
São os famosos casos de flagrante provocado ou (apelido dado pela doutrina). O legislador denominou
de erro sobre os elementos do po.
preparado, em que o sujeito imagina que está
do agente. Possui como efeito excluir tanto o dolo
Art. 20 - O erro sobre elemento cons tu vo do po como a culpa.
legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição
por crime culposo, se previsto em lei. b) Inescusável (Vencível ou evitável): O agente errou,
mas um homem médio, em seu lugar, NÃO erraria.
A palavra erro, no Direito Penal, deve ser interpretada Portanto, é um erro que emana da culpa do agente,
em sen do amplo, a fim de abranger tanto o erro que foi imprudente, imperito ou negligente. Aqui o
propriamente dito (falsa percepção sobre algo) como dolo é excluído, mas permite-se a punição por crime
também a ignorância (total desconhecimento sobre culposo, desde que previsto em lei.
algo). O CP confere o mesmo tratamento a ambos
através da teoria unitária do erro. ATENÇÃO: erro de po essencial SEMPRE exclui o
dolo, mesmo quando inescusável. Para a doutrina o
A expressão “de po” é u lizada para determinar que erro de po é a cara nega va do dolo. Ou seja, são
o erro recai sobre um ou mais elementos do crime. incompaUveis, um exclui o outro.
Por exemplo, coisa alheia no crime de furto, quando o
agente furta um guarda-chuva acreditando que estava É possível que o erro de .po seja inescusável e o
pegando o seu. agente não responda pelo crime? Sim, quando o
crime não admite a modalidade culposa.
Por fim, o erro de po que recai sobre um ou mais
elementos do po penal é chamado de erro de po É possível que o erro de .po seja escusável e o
essencial. agente responda por algum crime? Sim, quando se
opera a desclassificação para outro crime. Por
- Há dois pos de erro do po: o erro de .po exemplo, o agente profere palavras ofensivas a
essencial e o erro de .po acidental. agente de trânsito, que não estava com uniforme e
iden ficado. Haverá erro de po pelo crime de
Aqui u lizamos como critério de diferenciação a desacato, já que não sabia se tratar de um agente de
noção de homem médio, figura imaginária, que trânsito, exclui-se o dolo. Mas ainda haverá injúria.
representa a normalidade. Portanto, mesmo diante do erro escusável, o agente
responderá por outro crime.
h) ERRO DE TIPO ESSENCIAL: Neste, o agente
não possui consciência de que está cometendo o O Erro de Tipo essencial também pode ser
crime. Este erro incide sobre as elementares ou ESPONTÂNEO ou PROVOCADO.
circunstâncias do crime; aqui, o agente representa Erro de .po espontâneo: o agente erra sozinho, sem
falsamente sobre o fato. O erro de po essencial pode a interferência de ninguém.
afastar o dolo e a culpa ou somente o dolo; é
necessário analisar no caso concreto se o erro foi Erro de .po provocado ou erro de .po
come do de forma evitável ou inevitável. Caso o erro determinado por terceiro: o erro é causado por
seja evitável, significa que o agente não agiu com a terceira pessoa.
devida cautela, por isso será afastado o dolo da
conduta, mas o agente será punido na forma culposa Ressalta-se que no erro determinado por terceiro não
do crime (se houver). Caso o erro seja inevitável, há concurso de pessoas, eis que ausente o elemento
significando que qualquer pessoa agirá da mesma subje vo. Apenas o terceiro irá responder pelo crime,
forma que o agente, será afastado o dolo da conduta nos termos do art. 20, §2º do CP.
e excluída a picidade, não respondendo, o agente,
por qualquer crime. Art. 20, § 2º - Responde pelo crime o terceiro que
determina o erro.
OBS: erro de po essencial, encontram-se as
discriminantes puta vas, que abordaremos em Caso o agente perceba o erro, aproveitando-se dele,
seguida. irá responder também pelo crime em concurso de
pessoas.
O Erro de Tipo Essencial pode ser escusável ou
inescusável como detalhado abaixo.
i) ERRO DE TIPO ACIDENTAL: Aqui, não se afasta o
a) Escusável (Invencível ou inevitável): O agente dolo ou culpa, pois o erro recai sobre elementos
errou, mas um homem médio, no lugar dele, também secundários, irrelevantes do po penal. Na verdade, é
erraria. Em suma, é um erro que não emana da culpa um erro na execução do crime, não operando a
exclusão da picidade.
Imaginemos outro exemplo em que o agente
São espécies de erro de po acidental: pretende pra car um homicídio contra o próprio
irmão. Põe-se de emboscada e, percebendo a
aproximação de um vulto e o tomando pelo irmão,
a) Erro sobre pessoa ("error in persona"): Ocorre efetua disparos vindo a matar um terceiro. Sobre o
quando há erro de representação, em face do qual o fato incide a agravante genérica do art. 61, II, e, do CP,
sujeito a nge uma pessoa supondo tratar-se da que pois aplica-se as circunstâncias quanto a ví ma
pretendia ofender. Ele pretende a ngir certa pessoa, “virtual” e não a efe vamente a ngida.
vindo a ofender outra inocente pensando tratar-se da
primeira. Ocorre um desvio na relação representada
pelo agente entre a conduta e o resultado. Ele prevê o b) Erro sobre o objeto (a coisa): Trata-se do objeto
nexo de causalidade entre sua conduta e o resultado material, ou seja, a coisa contra a qual o crime é
contra a ví ma Antônio; realiza a conduta e causa o pra cado. Não possui previsão legal. O agente queria
mesmo evento contra Pedro. Há desvio entre o curso pra car o crime contra determinado objeto, mas por
causal representado e o que efe vamente ocorreu. erro (má representação) acaba pra cando o crime
contra coisa diversa. Trata-se de erro irrelevante, em
Só é admissível nos crimes dolosos. A hipótese é razão da Teoria da Equivalência do Bem Jurídico. Por
cuidada no art. 20, § 3º, do CP. exemplo, o agente quer subtrair um relógio de ouro,
mas acaba furtando um relógio de latão, decorrência
CP. Art. 20 - O erro sobre elemento cons tu vo da má representação do objeto.
do po legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se O erro não exclui o dolo nem a culpa, e também não
previsto em lei. isenta de pena, pois o agente responderá pelo crime,
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o considerando-se o objeto material (coisa)
crime é pra cado não isenta de pena. Não se efe vamente a ngido. No exemplo, ele responderá
consideram, neste caso, as condições ou pelo furto do relógio de latão, podendo o juiz u lizar o
qualidades da ví ma, senão as da pessoa contra princípio da insignificância.
quem o agente queria pra car o crime.
OBS: Importante ressaltar que, ao menos em tese, o
Não há, pois, exclusão da picidade do fato. O erro erro sobre o objeto é compaUvel com o princípio da
sobre a pessoa não exclui o crime, pois a norma penal insignificância.
não tutela a pessoa de Pedro ou João, mas todas as
pessoas. Ex: o agente pretende matar Pedro.
Encontrando-se com Antônio, sósia de Pedro, mata-o. c) Erro sobre a qualificadora: O agente desconhece a
Responde por crime de homicídio doloso como se presença de uma qualificadora no caso concreto. Por
vesse matado Pedro. exemplo, um atleta do salto com vara pula um muro
Significa que no tocante ao crime come do pelo de três metros com o intuito de subtrair uma
sujeito não devem ser considerados os dados residência. Para ele, saltar três metros é normal,
subje vos da ví ma efe va, mas sim esses dados em desconhece que seria um furto qualificado pela
relação à ví ma virtual (que o agente pretendia escalada.
ofender).
É modalidade de erro de po acidental porque exclui
Por exemplo, o agente pretende cometer homicídio
a qualificadora, mas o agente responde pelo crime na
contra Pedro. Coloca-se de atalaia e, pressen ndo a
sua modalidade fundamental. Em nosso exemplo, o
aproximação de um vulto e supondo tratar-se da
agente responderia por furto simples.
ví ma, a ra e vem a matar o próprio pai. Sobre o fato
não incide a agravante genérica prevista no art. 61, II,
e.
d) Erro sobre o nexo causal ou aberra(o causae: É o
erro na causa provocadora/determinante do crime.
CP. Art. 61 - São circunstâncias que sempre
Ou seja, o agente queria produzir o resultado com
agravam a pena, quando não cons tuem ou
determinada causa, mas acaba pra cando o crime por
qualificam o crime:
uma causa diversa.
II - ter o agente come do o crime:
e) contra ascendente, descendente, irmão ou Por exemplo, o agente empurra a ví ma de um
cônjuge; penhasco, para que morra afogada. Porém, durante a
queda, ela bate a cabeça contra uma rocha, morrendo
em razão de um trauma smo craniano.
o agente queria pra car determinado crime, mas por
O agente responde pelo crime considerando o nexo erro acabou pra cando um crime diverso.
ocorrido (REAL), suficiente para a provocação do
resultado desejado. Não há a incidência da Pode ser definido como a modalidade de erro de po
qualificadora. acidental quando, por acidente ou erro na execução
do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido,
conforme prevê o art. 74, do CP, observe:
e) Erro na execução ou aberra(o ictus: Erro na
execução é a modalidade de erro de po acidental Art. 74 - Fora dos casos do ar go anterior,
que se verifica quando, por acidente ou erro no uso quando, por acidente ou erro na execução do
dos meios de execução, o agente, ao invés de a ngir a crime, sobrevém resultado diverso do
pessoa que pretendia ofender, a nge pessoa diversa, pretendido, o agente responde por culpa, se o
nos termos do art. 73 do CP. fato é previsto como crime culposo; se ocorre
também o resultado pretendido, aplica-se a
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso regra do art. 70 deste Código.
dos meios de execução, o agente, ao invés de
a ngir a pessoa que pretendia ofender, a nge ATENÇÃO: A expressão “fora dos casos do ar go
pessoa diversa, responde como se vesse anterior” revela um caráter residual do resultado
pra cado o crime contra aquela, atendendo-se diverso do pretendido. Assim, só será possível quando
ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No não for caso de erro na execução.
caso de ser também a ngida a pessoa que o
agente pretendia ofender, aplica-se a regra do Possui duas espécies, vejamos:
art. 70 deste Código.
Com unidade simples ou resultado único: O agente
Por exemplo, o agente mira no pai. Contudo, por pra ca apenas o crime diverso do desejado. Cita-se,
inabilidade, acabo a ngindo o vizinho, que estava ao como exemplo, o agente que joga uma pedra para
lado de seu pai. quebrar vidraça (claramente crime de dano), mas
acaba acertando um pedestre (lesão corporal
ATENÇÃO: Não confundir com o erro sobre a pessoa. culposa). Perceba que o agente responderá pela lesão
No erro na execução, o agente se EQUIVOCA ao corporal culposa, uma vez que prevista em lei,
pra car o delito, no erro sobre a pessoa, o agente conforme prevê o art. 74 do CP.
executa o delito PERFEITAMENTE, porém na pessoa
errada, por erro de representação. Caso a intenção do agente fosse a ngir uma pessoa,
O erro na execução pode ser com: mas por erro quebrasse a vidraça, responderia por
tenta va de lesão corporal, eis que não existe o crime
Unidade simples ou resultado único: o agente de dano culposo.
a nge somente pessoa diversa da desejada. A solução
será idên ca àquela que se verifica no erro sobre a Com unidade complexa ou resultado duplo: O
pessoa, ou seja, o agente responde como se vesse agente pra ca o crime desejado e, por culpa, também
matado a ví ma virtual. Será irrelevante no plano da o crime diverso. Por exemplo, o agente a ra a pedra
picidade, em razão da Teoria da Equivalência do Bem para quebrar a vidraça e acaba a ngindo pessoa que
Jurídico, mas interfere na dosimetria da pena. estava no interior da residência. Irá responder em
concurso formal pelos dois crimes.
Unidade complexa ou resultado duplo: o agente
a nge a pessoa desejada e a pessoa diversa. O agente Ressalta-se que somente estará caracterizado quando
responde pelos dois crimes em concurso formal, o crime diverso for culposo. Caso os dois sejam
conforme disposto na parte final do art. 73 do CP. dolosos não há que se falar em erro.

OBS: Só haverá erro na execução com unidade


complexa ou resultado dublo quando o segundo crime 2. ERRO DE PROIBIÇÃO:
for culposo. Não havia dolo direto e nem eventual No Código Penal não existe o nome “erro de
(lembrar que o dolo exclui o erro e vice-versa). proibição”, trata-se de criação da doutrina acolhida
pela jurisprudência. U liza a expressão “erro sobre a
ilicitude do fato”, conforme disposto em seu art. 21,
f) Resultado diverso do pretendido ou aberra(o observe:
delic(: Significa crime diverso do pretendido, ou seja,
Art. 21 - O desconhecimento da lei é fazer pois não considera ser sua obrigação legal ajudar
inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se as ví mas.
inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá
diminuí-la de um sexto a um terço. - INDIRETO: É sinônimo de descriminante puta va. No
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro erro de proibição indireto, o indivíduo sabe que sua
se o agente atua ou se omite sem a conduta é ilícita, mas acredita estar amparado por
consciência da ilicitude do fato, quando lhe uma causa de exclusão de ilicitude inexistente ou erra
era possível, nas circunstâncias, ter ou a ngir sobre os limites de amparo de tais causas. Exemplo:
essa consciência. acreditando exis r uma causa de exclusão de ilicitude
para a eutanásia, indivíduo injeta enorme dose de
O erro de proibição incide na potencial consciência da morfina em seu bisavô, que está em estado terminal
ilicitude. O agente deve ter a possibilidade de no hospital.
conhecer a ilicitude do fato pra cado, pois se não for
o caso, vai incidir em erro de proibição - MANDAMENTAL: Recai sobre o dever de agir (art.
13, § 2º do CP). O agente possui o dever de agir para
ATENÇÃO: Não confundir “desconhecimento da lei” evitar o resultado, mas, no caso concreto, por erro,
com “erro de proibição”. acredita que está liberado desse dever de agir.
- Desconhecimento da lei: É inescusável, por
necessidade de segurança jurídica. Ninguém pode
alegar o desconhecimento da lei com o intuito de não
a cumprir. Após a publicação, por fixação, a lei é de
conhecimento de todas as pessoas. Pode produzir
CONCURSO DE PESSOAS
dois efeitos: Atenuante genérica (art. 65, II, do CP) e, Fala-se em CONCURSO DE PESSOAS quando há dois
se escusável, autoriza o perdão judicial nas ou mais agentes concorrendo para a prá ca de uma
contravenções penais (art. 8º).
mesma infração penal (art. 29, CP). Ou seja, a ação
delituosa nasce da concorrência de várias condutas
- Erro de proibição: O agente conhece a lei, até
pra cadas por sujeitos dis ntos.
porque o seu desconhecimento é inescusável.
Contudo, desconhece o caráter ilícito do fato. Se Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre
evitável, diminui a pena. Se inevitável, isenta o agente para o crime incide nas penas a este
da pena. cominadas, na medida de sua culpabilidade.
A dis nção entre evitável e inevitável está no perfil Essa colaboração recíproca pode ocorrer tanto nos
subje vo do agente. casos em que são vários os autores (coautoria) como
aqueles em que existem autores e parUcipes.
Evitável, inescusável ou vencível: O agente errou,
mas, caso vesse se esforçado no caso concreto, o ATENÇÃO: A teoria do concurso de pessoas somente é
erro não teria ocorrido. O efeito é diminuir a pena de aplicável aos crimes unissubje.vos ou de concurso
um sexto a um terço. eventual, pois nos crimes plurissubje.vos a
pluralidade de agentes é elementar do po.
Inevitável, escusável ou invencível: O agente errou
e, por mais que se esforçasse no caso concreto, ainda Essa cooperação pode ocorrer desde a idealização
assim o erro teria ocorrido. Em outras palavras, intelectual do crime (cogitação) até sua consumação,
qualquer pessoa que se encontrasse na mesma passando por todo o iter criminis. Irá responder pela
situação fá ca incidiria no erro. Produz o efeito de infração penal tanto o que planejou, quanto quem
isentar o agente de pena. Exclui a culpabilidade, por forneceu os meios materiais para a execução e os que
falta de potencial consciência da ilicitude. colaboraram para sua consumação.

O erro de proibição ainda pode ser, Direto, Indireto e OBS: A adesão de vontade para o crime só pode
Mandamental: ocorrer até a consumação. Após consumado o delito
irá configurar crime autônomo, salvo se houve ajuste
- DIRETO: É o erro de proibição propriamente dito. O prévio. Ex: Favorecimento real, receptação etc.
agente desconhece o caráter ilícito do fato. Exemplo,
ao testemunhar um grave acidente de trânsito, Para o concurso de pessoas, é necessário verificar a
podendo prestar auxílio sem risco pessoal ou mesmo presença dos seguintes REQUISITOS CUMULATIVOS:
acionar as autoridades públicas, indivíduo decide nada
f) Pluralidade de agentes; b) Teoria UNITÁRIA (monista ou igualitária). Crime
g) Relevância causal das condutas; único para todos os concorrente. Todo aquele que
h) Liame subje vo entre os agentes; concorre para a produção do crime responde pelo
i) Iden dade de Infração penal. mesmo delito. Ex: "A" e "B" querem matar "C" . Na
hora da execução, "A" segura "C' e "B" dá as facadas.
Pela teoria monista, todos respondem por homícidio.
- REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS Teoria adotada pelo Cógido Penal.

a) Pluralidade de agentes e de Condutas: São


necessários dois ou mais agentes que empreendem
c) Teoria DUALISTA. Segundo esta teoria, há um
condutas relevantes para fato, sem a qual não se pode
pensar em concurso. Não importa se um dos agentes crime para os autores (executores) e outro crime para
for inimputável. os parUcipes. Existe no crime uma ação principal
pra cada pelo autor que executa o verbo da figura
b) Relevância Causal das Condutas: Deve haver Upica e uma ação secundária, portanto acessória, que
relação de causa e efeito entre cada conduta com o é pra cada pelos parUcipes que são as pessoas que
resultado, segundo a teoria da equivalência dos integram o plano criminoso, ins gam ou auxiliam o
antecedentes causais (art. 13. CP). Sem que haja essa autor a cometer o delito sem, contudo, desenvolver
relevância causal, não se pode cogitar de que todos um comportamento central, execu vamente Upico.
tenham contribuído para o crime. Há uma divisão de
tarefas. Surge aqui a diferença entre coautor
(principal) e parUcipe (acessório). d) Teoria PLURALISTA. Nesta teoria, não ocorre
apenas pluralidade de pessoas, mas também de
c) Liame Subje.vo: Significa que o parUcipe deve ter crimes. Ou seja: A cada um dos agente se atribui
consciência de estar colaborando para o resultado conduta. Há um concurso de ações dis ntas e, em
criminoso visado pelo outro. Não confundir o acordo consequência, uma pluralidade de delitos, pra cando
de vontades com o prévio ajuste entre as partes, cada uma da pessoa um crime próprio (autônomo),
bastando à unidade de desígnios, ou seja, que uma um elemento psicológico próprio, um resultado
vontade adira à outra. Ex: por desavenças anteriores, próprio. Ex: Aborto 124 (mãe) e 126 (médico);
uma pessoa deixa a casa da ví ma aberta e o ladrão corrupto no 317 e corruptor no 333. EXCEÇÃO no CP.
aproveita-se desse fato para pra car um furto. O
autor da subtração não sabe que foi ajudado, mas
quem ajudou é parUcipe do furto. A ausência do - DA AUTORIA
liame subje vo leva à chamada autoria colateral.
Na doutrina, prevalece o entendimento de que
OBS: Não existe par cipação dolosa em crime AUTOR é aquele que realiza o núcleo do po penal
culposo, nem a par cipação culposa em crime doloso. (Teoria Obje vo Formal), ou seja, quem pra ca os
O liame subje vo deve ser homogêneo. atos enquadrados no modelo legal de crime. Sua ação
d) Unidade ou iden.dade de infração penal: Havendo ou omissão é decisiva para a ocorrência do resultado
o liame subje vo homogêneo, todos os envolvidos delituoso pra cado em concurso. Este é um conceito
devem responder pelo mesmo crime. Assim, se duas que decorre da teoria restri.va de autor, que é
pessoas entram em uma casa para roubar os aceitável com a flexibilização necessária, para aí ser
moradores e uma delas consegue fugir, levando incluída a figura do autor mediato. Assim, é autor
alguns objetos, enquanto a outra é presa, ainda quem pra ca a ação de matar, de subtrair, de
dentro da residência, ambas responderão por roubo corromper etc.
consumado.

OBS: Na realidade, a iden dade de infrações é uma AUTOR não é apenas quem desfere um golpe na
consequência direta da teoria monista. ví ma, como também aquele que a segura para que o
outro possa golpeá-la. Quem arromba a porta de uma
residência, juntamente com quem ali penetra, para
- TEORIAS DO CONCURSO DE PESSOAS: furtar objetos alheios, são autores do mesmo furto.
Cometem o mesmo roubo tanto aquele que exerce
atos de violência quanto aquele que subtrai os objetos
pertencentes a ví ma, desde que a ação delituosa concurso de pessoas.
tenha sido pra cada em conjunto.
- Assim, podemos afirmar que tem o controle final do
- TEORIAS PARA SE DEFINIR AUTORIA: fato:
Aquele que, por sua vontade, executa o
1) Obje.vo SUBJETIVA / UNITÁRIA: Não há dis nção núcleo do po (autor propriamente dito,
entre autor e parUcipe. Todo aquele que contribui de domínio da ação);
alguma forma para a produção do resultado é autor. Aquele que planeja o crime para ser
executado por outras pessoas (autor
2) Teoria OBJETIVA / DUALISTA: estabelece dis nção
intelectual);
entre autor e par cipe. Divide-se em:
Aquele que realiza uma parte necessária do
o Teoria Obje vo FORMAL: Autor é quem plano deli vo global, dividido em tarefas
realiza o núcleo do .po. ParUcipe é quem (funcional)
concorre sem realizar o núcleo do po. Aquele que se vale de um não culpável ou de
pessoas que age sem dolo ou culpa para
executar o po, chamado “homem de trás”
o Teoria Obje vo MATERIAL: Autor é quem (autor mediato).
contribui de forma mais efe.va para a
ocorrência do resultado, sem - Extensão da Teoria do Domínio do Fato.
necessariamente, pra car o núcleo do po. Só é aplicável aos crimes dolosos, sejam materiais,
ParUcipe é quem concorre de forma menos
sejam formais ou de mera conduta. Nos crimes
relevante.
culposos, inexiste dis nção entre autoria e
par cipação; é autor todo aquele, mediante qualquer
3) Teoria do DOMÍNIO DO FATO: Autor não é conduta, produz um resultado Upico, deixando de
necessariamente quem executa o crime, mas quem observar o cuidado obje vo necessário.
possui o domínio final sobre a ação. É autor quem
controla finalis camente o fato, decidindo sua forma
de execução, início, cessação e demais condições. Ex: - AUTORIA MEDIATA
José Dirceu no caso “Mensalão” – AP 470
Sujeito que, sem realizar diretamente a conduta Upica
ParRcipe será aquele que, embora colabore comete o crime por ato de interposta pessoa, u lizada
dolosamente para o alcance do resultado, não exerce como seu instrumento. Por exemplo, maior se u liza
domínio sobre a ação (Não decide nada sobre a de menor inimputável para prá ca de um delito.
execução, ou seja, não tem o controle final do fato).
A autoria mediata também ocorre quando, entre os
agentes, existe alguém que não pra ca o fato pelo
OBS: Para a maioria da doutrina o CP após a reforma menos de forma culposa, ou seja, quando alguém é
de 84 adotou a teoria OBJETIVO FORMAL. Então, para levado a erro do po essencial, pra cando atos que
o CP, quem executa o núcleo do po é autor, e quem ajudem na ocorrência do crime.
par cipa do crime sem executar o núcleo do po
ins gando, induzindo ou auxiliando é parUcipe. Importante salientar, que o autor mediato NÃO
realiza o núcleo do po, por isso é chamado de
Cons tui tese restri va, aplicando critério obje vo- “homem de trás”.
subje vo. Não é inteiramente obje va nem subje va.
É mista. Por isso, é denominada "obje va-subje va". Exemplo: "A", comerciante, quer matar "B". "C",
Além disso, exige apreciação, em face da descrição do empregada domés ca de "B", entra no comércio de
crime. "A" para comprar açúcar. "A", dolosamente, mistura
veneno no açúcar e entrega-o a "C" que não percebe
De notar, pois, que a teoria do domínio do fato não a mistura e coloca o produto no suco de "B", levando-
exclui a restri va (obje vo-formal). É um o a morre logo após ingerir o líquido.
complemento. Unem-se para dar solução adequada às
questões que se apresentam envolvendo autores Quem responde pela morte de "B"? Apenas "A" (autor
materiais e intelectuais, chefes de quadrilha, mediato). A pessoa induzida, neste caso, não poderá
sen nelas, aprendizes, motoristas, auxiliadores, ser denominada parUcipe, já que não teve o elemento
indutores, incen vadores etc. Sob rigor cienUfico, é subje vo para par cipar do ato delituoso. A ausência
mais um requisito da autoria que uma teoria do do vínculo psicológico exclui o concurso de pessoas.
- Casos de Autoria Mediata: exemplifica: Suponha que dois sujeitos, pretendendo
matar a ví ma a ros de revólver, postam-se de
a) o crime pra cado por doente mental ou menor de
emboscada, ignorando cada um o conhecimento do
idade mediante determinação de terceiro;
outro. Ambos a raram e a ví ma vem a falecer em
b) os crimes pra cados mediante coação irresisUvel consequência dos ferimentos produzidos pelos
ou obediência hierárquica; projéteis de uma das armas, não se sabendo qual.
Qual a solução? (...) 'Puni-los como autores de
c) o crime pra cado por quem esteja em erro de po tenta va de homicídio, abstraindo-se resultado, cuja
essencial provocado por terceiros; autoria não se operou'. As outras opções para este
OBS: Não pode exis r autoria mediata nos crimes de caso seriam: condenar os dois por homicídio. Errado,
mão própria nem os culposos. já que um dos dois seria condenado por um crime que
não cometeu. Absolver ambas também seria errado,
já que, pelo menos tenta va de homicídio os dois
- Autoria Colateral ou Imprópria pra caram.

Ocorre quando os agentes, desconhecendo cada um a


conduta do outro, realizam atos convergentes à - Coautoria
produção do evento, ou seja, buscam o mesmo delito,
sem um conhecer a intenção do outro. A coautoria ocorre quando várias pessoas realizam
caracterís cas pificadas. Neste caso, todas as
Exemplo: "A" quer matar "B" e fica de tocaia, pessoas pra caram condutas descritas pelo preceito
esperando a ví ma passar. "C" também quer matar primário da norma.
"B" e, sem saber que "A" também quer matá-lo, fica
também de tocaia. Quando "B" vai passando, leva dois É necessário que você entenda: não é preciso que
ros, um disparado por "A" e outro, por "C". Quem todos realizem os mesmos atos execu vos do crime,
paga pela morte de "B"? podendo haver uma divisão na execução do ato, como
exemplifica Damásio E. de Jesus: "No roubo (art. 157
Os dois. Eles são autores (colaterais) e pagarão por caput), uma das pessoas pode ameaçar a ví ma com
homicídio doloso. arma de fogo, enquanto a outra a despoja de seus
Se a ví ma morrer apenas em decorrência da conduta valores".
de uma pessoa, a outra responderá por tenta va de - Espécies de Coautoria:
homicídio. Havendo dúvidas quanto à causa da morte,
sobre a autoria, a solução deverá obedecer ao a) Parcial ou Funcional: Os dois ou mais autores
princípio in dubio pro reo, punindo-se ambos por pra cam atos diversos que somados levam a
tenta va de homicídio. produção do resultado. Por exemplo, “A” segura a
ví ma e desfere socos, enquanto “B” a esfaqueia.
ATENÇÃO: - Na autoria colateral, não existe concurso
de pessoas, porque não ocorreu vínculo psicológico b) Direta ou Material: Os coautores pra cam atos
entre os autores. iguais, visando a produção do resultado. Por exemplo,
“A” e “B” juntos esfaqueiam a ví ma.
- Para que exista autoria colateral, é imprescindível o
desconhecimento da intenção de um e de outrem.
- PARTICIPAÇÃO
- Na mul dão delinquente – linchamento, depredação
e saque: respondem todos os agentes por homicídio, Fala-se em par cipação, em sen do estrito, como a
dano, roubo, com penas atenuadas (art. 65, III, e). As a vidade acessória daquele que colabora para a
penas serão agravadas para os organizadores (art. 62, conduta do autor com a prá ca de uma ação que, em
I, do CP). si mesma, não é penalmente relevante. Essa conduta
somente passa a ser relevante, quando o autor, ou
coautores, inicia ao menos a execução do crime. O
- Autoria Incerta parUcipe não comete a conduta descrita pelo primário
da norma, mas pra ca uma a vidade que contribui
Podemos observar também a autoria incerta, quando, para a realização do delito.
na autoria colateral, não se sabe quem foi o autor do
fato criminoso. Exemplo: Damásio E. De Jesus Portanto, a par cipação é uma forma de adequação
Upica de subordinação mediata / indireta, pois, para A diminuição da pena só é possível na par cipação.
se subsumir ao po penal será necessária a u lização Não se admite coautoria de menor importância.
da norma de extensão espacial do art. 29, CP.

- COOPARTICIPAÇÃO ou COOPERAÇÃO
- Tipos de Par.cipação DOLOSAMENTE DISTINTA (art. 29, § 2º, CP):

a) Par.cipação Moral: Ocorre quando se coloca na Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre
mente do executor o propósito criminoso ou, se já para o crime incide nas penas a este
exis a tal propósito, ele reforça ainda mais. Divide-se, cominadas, na medida de sua culpabilidade.
também, em duas formas: induzimento e ins gação. § 2º. Se algum dos concorrentes (coautor ou
parDcipe) quis par cipar de crime menos
Induzir: Quando se faz nascer na mente de grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa
outra pessoa uma intenção delituosa. pena será aumentada até metade, na
hipótese de ter sido previsível o resultado
Ins gar: É o ato de reforçar, es mular a mais grave.
preexistente resolução delituosa. Pode
ocorrer mediante reforço da resolução do a) se algum dos concorrentes quis par cipar de crime
executor cometer o delito, em promessa de menos grave a ele será aplicada a pena do crime
ajuda material ou moral após o crime. menos grave;

OBS: Não existe par cipação genérica. A incitação a b) se o crime ocorrido, diverso do combinado, era
pessoas indeterminadas gera a prá ca do po de previsível, a pena do crime menos grave é aumentada
incitação ao crime (art. 286 do CP). até metade;

c) se o crime ocorrido foi previsto e aceito, o agente


responde por esse crime mais grave e não pelo menos
b) Par.cipação Material: Ocorre através do
grave.
fornecimento de instrumentos, de objetos. Por
exemplo, emprestar a arma do crime.
Ex: Fulano e Beltrano combinam um roubo. Fulano
É o chamado auxílio, ou seja, o parUcipe (an gamente fica ao lado de fora enquanto Beltrano entra na casa.
chamado de cúmplice) concorre materialmente para o Beltrano, durante o assalto, resolve estuprar a
moradora.
crime, sem executá-lo.

Destaca-se que não se admite o auxílio posterior a Conclusão: Beltrano responde pelo art. 157 + 213.
consumação, salvo se ajustado previamente. Em Fulano, responderá pelo art. 157 se o estupro não era
suma, o auxílio deve ocorrer durante os atos previsível, entretanto, se o estupro era previsível vai
preparatórios ou executórios. responder pelo art. 157 + aumento de metade da
pena. Mas se o estupro foi previsto por Fulano, tendo
ele aceitado, vai responder pelo art. 157 + 213.

- PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA: Prevista


no art. 29, §1º do CP, é uma causa de diminuição de - Punição na Par.cipação:
pena (natureza jurídica), incidindo na terceira fase da
1ª – Teoria da acessoriedade MÍNIMA: para punir o
dosimetria da pena. É um dever do juiz, pois é um
parUcipe, basta que o fato principal seja Upico
direito subje vo do réu. (mesmo que não ilícito e não culpável).

Art. 29, § 1º - Se a par cipação for de menor Crí.ca: É injusta, pois se o parUcipe induz outrem a
agir em legí ma defesa só o parUcipe responde.
importância, a pena pode ser diminuída de um
sexto a um terço.
2ª Teoria da acessoriedade MÉDIA / LIMITADA: para
É concurso de pessoas, ou seja, o agente responde punir o parUcipe, basta que o fato principal seja Upico
pelo crime pra cado pelo autor com a pena diminuída e ilícito (injusto penal). Ex: Fulano par cipa de fato
de um sexto a um terço. pra cado por menor. (PREVALECE)

ATENÇÃO: Fulano é parUcipe e não autor mediato.


emprego de fogo, do veneno usados
3ª - Teoria da acessoriedade MÁXIMA: para punir o para matar a ví ma.
parUcipe, basta que o fato principal seja Upico, ilícito e
culpável. Ex: O fato Upico e ilícito, porém não culpável
pra cado por menor, o maior parUcipe não seria
CONDIÇÕES: São fatores que existem
punível.
independentemente da prá ca do crime.
Também podem ser:
4ª – Teoria da HIPERACESSORIEDADE: para punir o
parUcipe, o fato principal deve ser Upico, ilícito, • Pessoais ou subje.vas: elementos
culpável e punível. inerentes ao indivíduo considerados
em sua relação com os demais. Por
exemplo, reincidência, ser menor de
21 anos e relações de parentesco.
- DAS CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS
• Reais ou obje.vas: a noite, por
Elementos Subje.vos de Autoria: Embora, como exemplo.
regra, os pos penais possam ser realizados por
qualquer pessoa, alguns deles limita-se a determinado
número de sujeitos que podem realizá-los. São
- Regras de Comunicação:
componentes subje vos que valorizam a posição do
autor da infração, aumentando ou diminuindo a lesão Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias
do dever infringido, como ocorre, por exemplo, nos e as condições de caráter pessoal, salvo
crimes de peculato (art. 312), corrupção passiva quando elementares do crime.
(art.317) ou prevaricação (art.319), entre outros, onde
1ª – as elementares se comunicam, desde que sejam
a condição de funcionário público é elemento
do conhecimento de todos os agentes (visa evitar a
subje vo de autoria, integrante do desvalor da ação.
responsabilidade penal obje va). Por exemplo, o
Aliás, são esses elementos subje vos de autoria que
crime de peculato é necessário saber que o agente é
fundamentam a dis nção entre crimes comuns,
funcionário público.
crimes especiais ou próprios e crimes de mão própria.
2ª – as circunstâncias pessoais ou subje.vas NUNCA
se comunicam, pouco importa se eram ou não do
ELEMENTARES: São os dados que integram a conhecimento dos demais agentes. Por exemplo,
modalidade básica do crime, ou seja, formam pagar para matar o estuprador da filha. O pai
o chamado po penal fundamental. Em regra, responderá pelo homicídio privilegiado, o executor
por qualificado.
estão previstas no caput de cada ar go. Por
exemplo, no homicídio o matar alguém.
3ª – as circunstancias reais ou obje.vas se
Ressalta-se que há no Código Penal uma comunicam desde que sejam do conhecimento de
elementar prevista fora do caput, qual seja o todos os agentes. Exemplo: contrata para matar e
excesso de exação (art. 316, §1º). sabe que o executor irá torturar, a qualificadora irá se
comunicar.

CIRCUNSTÂNCIAS: São os dados que se 4ª – as condições pessoais ou subje.vas NUNCA se


agregam ao po fundamental para aumentar comunicam, pouco importa se eram ou não do
ou diminuir a pena, a exemplo das conhecimento dos demais agentes. Por exemplo, a
qualificadoras, privilegiadoras, das causas de reincidência só irá aumentar a pena do reincidente,
dos demais agentes não.
aumento e de diminuição da pena. Dividem-se
em:
5ª – as condições reais ou obje.vas se comunicam,
• Pessoais ou subje.vas: Dizem desde que sejam de conhecimento de todos os
respeito ao ânimo do agente. Por agentes. Por exemplo, furto pra cado durante o
exemplo, os mo vos do crime. repouso noturno.

• Reais ou obje.vas: Dizem respeito ao


crime e não ao agente, a exemplo do
- Casos de Impunibilidade (Art. 31, CP)
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou imposição da perda ou diminuição de um bem jurídico
ins gação e o auxílio, salvo disposição do indivíduo, por exemplo, sua liberdade Csica
expressa em contrário, não são puníveis, se o (prisão), seu patrimônio (multa), aplicado pelos
crime não chega, pelo menos, a ser tentado. órgãos judiciários com competência para tal, após o
devido processo legal, onde se constata a autoria e
Salvo disposição expressa em contrário, não sendo, materialidade de um comportamento Upico,
pelo menos, tentado o delito, não se punem o ajuste, an jurídico e culpável não a ngido por causa ex n va
a determinação ou ins gação e o auxílio material ou da punibilidade.
moral.
OBS: A imposição da Pena sempre dependerá do
De acordo com esse disposi vo, não se pune, salvo devido processo legal (Acusação formal
disposição em contrário, o ajuste (acordo promovido acompanhada de provas + observância do
entre duas ou mais pessoas), a determinação (ordem contraditório e ampla defesa + discussão judicial da
emanada de pessoa determinada), a ins.gação matéria com sentença).
(reforço da idéia já existente na mente do autor) e o
auxílio (assistência material), se o crime não chega,
pelo menos, a ser tentado. ATENÇÃO: A pena terá como pressuposto a
culpabilidade, ao passo que a medida de segurança
A par cipação, como forma de concurso de pessoas, possui como pressuposto a periculosidade
deve ser dotada de eficiência causal, isto é, embora (comprovada pela prá ca de um crime). A imposição
não determine o alcance do resultado, tem como da medida de segurança não é uma reação ao crime
pressuposto, lastreada que é na equivalência dos come do, mas prevenção a crimes futuro.
antecedentes, a efe va contribuição para o desenlace
do fato criminoso. A conduta do parUcipe, ademais, é
acessória, dependente da ação do autor para que FINALIDADES DA PENA:
adquira a relevância necessária.
Modernamente entende-se que a pena tem tríplice
finalidade (polifuncional): retribu.va, preven.va
A expressão salvo disposição expressa em contrário:
(geral e especial) e reeduca.va.
na tenta va, há os casos do art. 15 de desistência
voluntaria, arrependimento eficaz (causa de a) Retribuição: Para a concepção retribu va, a pena
excludente da picidade da tenta va). Ex: A ins ga B não possui nenhum fim social ú l, mas somente
a pra ca de homicídio e B a ra. Em seguida, após o penalizar o infrator, pois o mal não deve restar
primeiro ro, B desiste voluntariamente. Quem impune, e o delinquente deve receber um cas go
disparou responde pelos atos já pra cados, que será como forma de retribuição ao mal causado para que
lesão corporal. O parUcipe responde também por seja realizada a jus ça.
lesão corporal e não pela tenta va de homicídio. b) Prevenção Geral: Des nada a toda sociedade, atua
antes da prá ca de qualquer infração penal, pois a
simples cominação da pena conscien za a
cole vidade a não pra cá-la. Baseia-se na “Teoria da
Coação Psicológica”, sendo a pena uma espécie de
in midação cole va.
TEORIA DA PENA
c) Prevenção Especial: Atua durante a imposição e
SANÇÃO PENAL: execução da pena, e consiste na neutralização
daquele que pra cou a infração penal, com a sua
Sanção penal é gênero que possui como espécies a
segregação no cárcere. A re rada momentânea do
pena e a medida de segurança. A sanção penal nada
agente do convívio social o impede de pra car novas
mais é do que a resposta do Estado, no exercício do
infrações penais.
seu direito de punir (ius puniendi), aquele que
pra cou um fato definido como crime ou como d) Reeducação: Ocorre na fase de execução da pena.
contravenção penal. Nesse momento o escopo da pena é a ressocialização
do condenado, visando reeducá-lo para que no futuro
Assim, pena (consequência jurídica da infração penal)
reingresse ao convívio social sem pra car novos
é uma sanção afli va imposta pelo Estado, por meio
do devido processo legal, ao autor de uma infração crimes.
penal (crime ou contravenção), como retribuição de
seu ato ilícito, consistente na privação ou restrição de
um determinado bem jurídico. Em outras palavras, é a PRINCÍPIOS INFORMADORES DA PENA:
1) Princípio da Legalidade: Não há pena sem prévia d) prestação social alterna va;
cominação legal (art. 1º, CP, art. 5º, XXXIX, CF); e) suspensão ou interdição de direitos;
CF. Art. 5º, XXXIX - não há crime sem lei No mesmo ar go, agora no seu inciso XLVII, prevê,
anterior que o defina, nem pena sem prévia taxa.vamente, cinco penas PROIBIDAS:
cominação legal;
CF. Art. 5º, XLVII - não haverá penas:
2) Princípio da Personalidade, Pessoalidade, a) de morte, salvo em caso de guerra declarada,
Intranscendência ou Intransmissibilidade: a pena não nos termos do art. 84, XIX;
passa da pessoa do condenado (só os efeitos extra b) de caráter perpétuo;
penais da sentença); c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
CF. Art. 5º, XLV - nenhuma pena passará da
e) cruéis;
pessoa do condenado, podendo a obrigação de
reparar o dano e a decretação do perdimento Desse disposi vo cons tucional ramos algumas
de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos lições. A pena de morte (a) ali referida encontra-se no
sucessores e contra eles executadas, até o Código Penal Militar (art. 55), para crimes pra cados
limite do valor do patrimônio transferido; em caso de guerra (declarada pelo presidente da
república, nos termos do art. 84, XIX), como por
3) Princípio da Individualização da Pena: a pena deve
exemplo, os crimes de traição (art. 355, CPM), favor
ser individualizada, considerando o fato e seu agente;
ao inimigo (art. 356, CPM) ou coação ao comandante
CF. Art. 5º, XLVIII - a pena será cumprida em (art. 358, CPM).
estabelecimentos dis ntos, de acordo com a
CPM. Art. 355. Tomar o nacional armas contra
natureza do delito, a idade e o sexo do
o Brasil ou Estado aliado, ou prestar serviço nas
apenado;
forças armadas de nação em guerra contra o
CF. Art. 5º, L - às presidiárias serão asseguradas Brasil:
condições para que possam permanecer com
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
seus filhos durante o período de amamentação;
anos, grau mínimo.
4) Princípio da Inderrogabilidade ou Inevitabilidade:
desde que presentes seus pressupostos, a pena deve
ser aplicada e executada (exceções: sursis, livramento Quanto à pena de caráter perpetuo (b), devemos
condicional, perdão judicial, etc); atentar que não é cabível para nenhuma espécie, seja
priva va de liberdade ou restri va de direitos. O STJ
5) Princípio da Proporcionalidade: a pena deve ser
entende que a sanção penal de Medida de Segurança
adequada (apta a prevenção e retribuição), necessária
deve ser limitada ao máximo da pena abstratamente
(subsidiária) e proporcional (os meios u lizados não
cominada ao delito perpetrado.
podem extrapolar os limites do tolerável) ao mal
gerado; Já no que tange a pena de trabalhos forçados (c) esta
não pode ser confundida com o trabalho interno
6) Princípio da Humanização ou Humanidade: a pena
obrigatório, previsto no art. 31 da Lei de Execuções
não pode atentar contra a dignidade da pessoa
Penais - LEP, como um dos deveres do preso
humana, vedando-se tratamento desumano, cruel ou
condenado defini vamente (art. 39, V da LEP). A
degradante.
recusa a execução do trabalho como um dever (e
CF, Art. 5º, XLIX - é assegurado aos presos o também um direito) do preso, se encerra com a pena
respeito à integridade Usica e moral; de falta grave prevista no art. 50 da LEP e as
consequências daí advindas.

TIPOS ou ESPÉCIES DE PENAS: LEP. Lei 7.210/84. Art. 31. O condenado à pena
priva va de liberdade está obrigado ao
A CRFB/88 em seu art. 5º, XLVI, enuncia, pelo menos, trabalho na medida de suas ap dões e
cincos penas PERMITIDAS no nosso ordenamento capacidade.
jurídico:
LEP. Lei 7.210/84. Art. 39. Cons tuem deveres
CF. Art. 5º, XLVI - a lei regulará a do condenado:
individualização da pena e adotará, entre
outras, as seguintes: V - execução do trabalho, das tarefas e das
a) privação ou restrição da liberdade; ordens recebidas;
b) perda de bens;
c) multa;
Na proibição a pena de banimento (d), devemos O estrangeiro é considerado irregular quando
atentar que este não se confunde com extradição, entra em território nacional sem o visto, ou
expulsão e deportação. com este expirado, e também quando ver
visto de turista e exerça a vidade labora va
a) Banimento: Também chamado de desterro é
remunerada. A deportação não requer
uma medida compulsória pela qual o apenado
inquérito ou sentença judicial para ser
perde o direito a nacionalidade de um país,
executada pelo órgão competente (Polícia
passando a ser um apátrida. Ocorre no caso do
Federal).
cidadão nacional que cometer crime cuja pena
é ser mandado embora do seu país de origem,
ou seja, é a proibição de residir no país de
O Código Penal, atento às vedações de ordem
origem e exercer seus direitos de cidadania. É
cons tucional, em seu art. 32, adotou a seguinte
vedada expressamente pela nossa cons tuição.
classificação para as sanções penais:
b) Extradição: É um ato de cooperação
CP. Art. 32 - As penas são:
internacional que consiste na entrega de uma
I - priva vas de liberdade;
pessoa, acusada ou condenada (foragido) por
II - restri vas de direitos;
um ou mais crimes, ao país que a reclama
III - de multa.
(requerente). É importante ressaltar
a extradição exige decretação ou condenação
de pena priva va de liberdade. São necessários Para as penas priva.vas de liberdade, previu o Código
requisitos para sua execução como a chamada Penal as sanções de reclusão e detenção (a Lei das
“dupla picidade” (o fato é crime também no Contravenções acrescentou a prisão simples).
Brasil), tratado entre os países, autorização do Para as penas restri.vas de direitos, um rol mais
STF e ordem expedida pelo Presidente da extenso, previsto no ar go 43, e a pecuniária, fixada
República. Não é cabível aos brasileiros natos pelo critério dos dias-multa.
nem aos estrangeiros por crimes polí cos ou de
opinião. CP. Art. 43. As penas restri vas de direitos são:
I - prestação pecuniária;
CF. Art. 5º. LI - nenhum brasileiro será II - perda de bens e valores;
extraditado, salvo o naturalizado, em caso de III - limitação de fim de semana.
crime comum, pra cado antes da IV - prestação de serviço à comunidade ou a
naturalização, ou de comprovado envolvimento en dades públicas;
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas V - interdição temporária de direitos;
afins, na forma da lei; VI - limitação de fim de semana.
LII - não será concedida extradição de
estrangeiro por crime polí co ou de opinião; Do art. 44 do CP podemos extrair as caracterís cas
fundamentais das penas restri vas de direitos
(previstas no CP): Subs.tu.vidade e Autonomia.
c) Expulsão: Aplica-se ao estrangeiro que atentar
contra a segurança nacional, a ordem polí ca
ou social, a tranquilidade ou moralidade pública CP. Art. 44. As penas restri vas de direitos são
e a economia popular, ou cujo procedimento o autônomas e subs tuem as priva vas de
torne nocivo à conveniência e aos interesses liberdade, quando:
nacionais. Diferentemente da extradição, se
funda em delitos pra cados dentro do território I – aplicada pena priva va de liberdade não
nacional. Uma vez expulso, o estrangeiro está superior a quatro anos e o crime não for
impedido de retornar ao nosso país, exceto se come do com violência ou grave ameaça à
revogada a Portaria que determinou a medida. pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada,
É vedada quando o estrangeiro ver cônjuge ou se o crime for culposo;
filho brasileiro que dependa de sua guarda (não II – o réu não for reincidente em crime doloso;
se aplica a adoção posterior ao fato que o
mo var). III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta
social e a personalidade do condenado, bem
d) Deportação: É a devolução compulsória, ao como os mo vos e as circunstâncias indicarem
Estado de sua nacionalidade ou procedência, de que essa subs tuição seja suficiente.
um estrangeiro que entra ou permanece
irregularmente no território nacional, caso este § 1º. (VETADO)
não se re re voluntariamente no prazo fixado.
§ 2º. Na condenação igual ou inferior a um ano, ou aberto, salvo necessidade de transferência a
a subs tuição pode ser feita por multa ou por regime fechado.
uma pena restri va de direitos; se superior a
um ano, a pena priva va de liberdade pode ser
subs tuída por uma pena restri va de direitos e APLICAÇÃO DA PENA
multa ou por duas restri vas de direitos. É a vidade exclusiva do Poder Judiciário (não admite
§ 3º. Se o condenado for reincidente, o juiz delegação), que consiste em fixá-la na sentença ou no
poderá aplicar a subs tuição, desde que, em acórdão, em quan dade determinada, depois de
face de condenação anterior, a medida seja respeitado o devido processo legal (contraditório,
socialmente recomendável e a reincidência não ampla defesa), àquele que se envolveu na prá ca de
se tenha operado em virtude da prá ca do uma infração penal.
mesmo crime.
PRESSUPOSTO: É a culpabilidade, e seus
§ 4º. A pena restri va de direitos converte-se elementos (imputabilidade, potencial consciência da
em priva va de liberdade quando ocorrer o ilicitude e exigibilidade de conduta diversa).
descumprimento injus ficado da restrição
imposta. No cálculo da pena priva va de SISTEMA ou CRITÉRIO: Em relação à pena priva va
liberdade a executar será deduzido o tempo de liberdade, o Brasil adota o sistema trifásico, nos
cumprido da pena restri va de direitos, termos do art. 68 do CP:
respeitado o saldo mínimo de trinta dias de
detenção ou reclusão. CP. Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se
§ 5º. Sobrevindo condenação a pena priva va ao critério do art. 59 deste Código; em seguida
de liberdade, por outro crime, o juiz da serão consideradas as circunstâncias atenuantes e
execução penal decidirá sobre a conversão, agravantes; por úl mo, as causas de diminuição e
podendo deixar de aplicá-la se for possível ao de aumento.
condenado cumprir a pena subs tu va
- 1ª FASE: pena-base: análises das circunstâncias
anterior. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
judiciais do art. 59, CP:

A pena de multa é de natureza pecuniária e o seu CP. Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos
cálculo é elaborado considerando-se o sistema de antecedentes, à conduta social, à personalidade do
dias-multa, que poderá variar entre um mínimo de 10 agente, aos mo vos, às circunstâncias e
(dez) ao máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias- conseqüências do crime, bem como ao
multa, sendo que o valor correspondente a cada dia- comportamento da ví ma, estabelecerá, conforme
multa será de 1/30 do valor do salário mínimo vigente seja necessário e suficiente para reprovação e
à época dos fatos até 5 (cinco) vezes esse valor. prevenção do crime:
Poderá o juiz, contudo, verificando a capacidade I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
econômica do réu, triplicar o valor do dia-multa, II - a quan dade de pena aplicável, dentro dos
segundo a norma con da no § 1º do art. 60 do Código limites previstos;
Penal. III - o regime inicial de cumprimento da pena
priva va de liberdade;
PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE:
IV - a subs tuição da pena priva va da liberdade
Pena Priva va de Liberdade é a modalidade de sanção aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
penal que re ra do condenado seu direito de
locomoção, em razão da prisão pro tempo Na fixação da pena-base, é preciso respeitar o
determinado. princípio da proporcionalidade. Todo crime possui
uma pena mínima e uma pena máxima, por exemplo,
As penas de reclusão e detenção são as duas espécies
6 anos a 20 anos. Quando todas as circunstâncias
de penas priva.vas de liberdade previstas para os
judiciais são favoráveis, o juiz aplica a pena-base no
crimes ao passo que a prisão simples é reservada às
mínimo legal. De outro lado, quando todas as
contravenções penais (art. 5º, I, Da LCP). O caput do
circunstâncias são desfavoráveis, irá aplicar a pena no
art. 33 do CP dispões sobre as diferenças entre
máximo legal. Nessa fase o juiz não poderá aplicar
detenção e reclusão:
pena menor que a mínima e maior que a máxima.
CP. Art. 33 - A pena de reclusão deve ser
cumprida em regime fechado, semi-aberto ou - Como visto, há no art. 59 do CP oito (08)
aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, circunstâncias judiciais / inominadas:
a) Culpabilidade (graus fixados pela j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou
proporcionalidade); qualquer calamidade pública, ou de desgraça
par cular do ofendido;
b) Antecedentes (condenações defini vas anteriores);
l) em estado de embriaguez preordenada.
c) Conduta social (no meio familiar, ambiente de
trabalho, relacionamentos e etc.); CP. Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação
d) Personalidade do agente (agressividade, ambição, ao agente que:
desones dade, insensibilidade etc.); I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou
dirige a a vidade dos demais agentes;
e) Mo vos do crime (razões que o levaram a pra car II - coage ou induz outrem à execução material do
a infração penal); crime;
f) Circunstância do crime (modus operandi, como III - ins ga ou determina a cometer o crime alguém
pos e meios u lizados, tempo, lugar etc.); sujeito à sua autoridade ou não punível em virtude de
condição ou qualidade pessoal; (esse ‘não punível’
g) Consequência do crime (Efeitos decorrentes do não significa não culpável! O fato deve ser Dpico,
crime para ví mas, familiares etc.); ilícito e culpável, mas em virtude de uma condição ou
h) Comportamento da ví ma (se a ví ma de algum qualidade pessoal não será punível, como nas escusas
modo contribuiu ou facilitou a ação). absolutórias ou imunidades penais de caráter pessoal
previstas no art. 181 do CP)
Sete (07) circunstâncias podem ser favoráveis ou IV - executa o crime, ou nele par cipa, mediante paga
desfavoráveis ao réu. Contudo, o comportamento da ou promessa de recompensa.
ví ma irá favorecer o réu ou será neutra, NUNCA irá
ser desfavorável.
b) Atenuantes genéricas: Previstas nos arts. 65 e 66
- 2ª FASE: atenuantes e agravantes: o juiz u liza as do CP, em rol exemplifica vo:
atenuantes e as agravantes, que podem ser genéricas
ou específicas. CP. Art. 65 - São circunstâncias que sempre ATENUAM
a pena:
a) Agravantes genéricas: Previstas no rol taxa vo dos I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do
arts. 61 e 62 do CP: fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da
sentença;
CP. Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam
a pena, quando não cons tuem ou qualificam o crime: II - o desconhecimento da lei;
I - a reincidência; III - ter o agente:
II - ter o agente come(do o crime:
a) por mo vo fú l ou torpe; a) come do o crime por mo vo de relevante valor
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, social ou moral;
a impunidade ou vantagem de outro crime; b) procurado, por sua espontânea vontade e com
c) à traição, de emboscada, ou mediante eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe
dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou as consequências, ou ter, antes do julgamento,
tornou impossível a defesa do ofendido; reparado o dano; (não se confunde com
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura arrependimento eficaz – em que EVITA A
ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia CONSUMAÇÃO do crime – nem com arrependimento
resultar perigo comum; posterior – neste a reparação é feita ATÉ O
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge RECEBIMENTO DA DENUNCIA OU QUEIXA, no caso em
(ver exceções dos crimes contra patrimônio: “escusas tela é feita depois, mas antes do julgamento).
absolutórias”);
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de c) come do o crime sob coação a que podia resis r,
relações domés cas, de coabitação ou de ou em cumprimento de ordem de autoridade superior,
hospitalidade, ou com violência contra a mulher na ou sob a influência de violenta emoção, provocada
forma da lei específica; por ato injusto da ví ma;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente d) confessado espontaneamente, perante a
a cargo, oUcio, ministério ou profissão; autoridade, a autoria do crime;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos,
e) come do o crime sob a influência de mul dão em
enfermo ou mulher grávida;
tumulto, se não o provocou.
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção
da autoridade;
CP. Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em os limites legais, ou seja, pode ser menor que a
razão de circunstância relevante, anterior ou posterior mínima e maior que a máxima, tendo em vista que
ao crime, embora não prevista expressamente em lei. olegislador expressamente indica o quanto da pena
(OBS: São as chamadas atenuantes inominadas. Aqui será diminuída ou aumentada. Ex: homicídio com
entra também a teoria da coculpabilidade de causa de diminuição de pena
Zaffaroni).
CP. Art. 121. § 1º Se o agente comete o crime
impelido por mo vo de relevante valor social ou
c) Agravantes e atenuantes específicas: previstas na moral, ou sob o domínio de violenta emoção,
parte especial do Código Penal e, sobretudo, na logo em seguida a injusta provocação da
legislação extravagante, sendo aplicáveis para crimes ví ma, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a
específicos. Ex: art. 298, CTB: um terço.

CTB. Lei 9503/97. Art. 298. São circunstâncias que


sempre agravam as penalidades dos crimes de REGIMES DE CUMPRIMENTO DE PENA ou REGIMES
trânsito ter o condutor do veículo come do a infração: PENITENCIÁRIOS (art. 33, § 1º, CP):
I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou
com grande risco de grave dano patrimonial a CP. Art. 33. § 1º - Considera-se:
terceiros;
II - u lizando o veículo sem placas, com placas falsas a) regime fechado a execução da pena em
ou adulteradas; estabelecimento de segurança máxima ou
III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de média;
Habilitação; b) regime semi-aberto a execução da pena em
IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de colônia agrícola, industrial ou estabelecimento
Habilitação de categoria diferente da do veículo; similar;
V - quando a sua profissão ou a vidade exigir c) regime aberto a execução da pena em casa
cuidados especiais com o transporte de passageiros de albergado ou estabelecimento adequado.
ou de carga;
VI - u lizando veículo em que tenham sido No regime fechado, a execução da pena é em
adulterados equipamentos ou caracterís cas que estabelecimento de segurança máxima ou
afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de média.
acordo com os limites de velocidade prescritos nas
especificações do fabricante; No regime semiaberto, a execução da pena é a
VII - sobre faixa de trânsito temporária ou colônia agrícola, industrial ou estabelecimento
permanentemente des nada a pedestres. similar.
No regime aberto, a execução da pena é em
casa de albergado ou estabelecimento
OBS: Na segunda fase, assim como na primeira fase, a adequado.
pena não pode ultrapassar os limites legais. O
Regime Disciplinar Diferenciado. A Lei nº
fundamento é a separação dos poderes.
10.792/2003 criou uma nova forma de sanção
disciplinar: a inclusão do condenado no
3ª FASE: causas de aumento e diminuição: As regime disciplinar diferenciado.
chamadas minorantes ou majorantes, também podem
ser genéricas ou específicas:

a) Genéricas - previstas na parte geral do CP e


CONCURSO DE CRIMES
aplicáveis aos crimes em geral, tais como a tenta va,
o concurso formal; Conceito: Ocorre quando o agente, mediante uma ou
mais de uma ação ou omissão, pra ca dois ou mais
b) Específicas - previstas na parte especial do CP ou na crimes. Ou seja, no concurso de crimes pode haver
legislação extravagante e aplicáveis somente a unidade ou pluralidade de condutas, mas SEMPRE
determinados crimes, a exemplo do furto pra cado haverá uma pluralidade de crimes (pluralidade de
durante o repouso noturno. ofensas a bens jurídicos).

OBS: Nas causas de diminuição de pena, aplicada na


terceira fase da dosimetria, a pena pode ultrapassar
O concurso material pode ser homogêneo (quando os de acordo com o critério trifásico. Após, irá somar
crimes são da mesma espécie) ou heterogêneo todas as penas. Exemplo: o agente pra ca extorsão
(quando os crimes não são da mesma espécie). mediante sequestro. Durante o tempo em que a
ví ma está no ca veiro, vem a pra car o crime de
São ESPÉCIES: concurso material (art. 69, CP); estupro. São duas condutas e dois crimes (arts. 159 e
concurso formal (art. 70, CP) e o crime con.nuado 213, CP).
(art. 71, CP).

OBS: não se deve confundir conduta com ato, já que


- SISTEMAS DE APLICAÇÃO DA PENA: São critérios uma única conduta pode conter vários atos. Ex: o
u lizados pelo juiz quando da fixação. sujeito subtrai vários pertences da mesma ví ma.
a) Cúmulo Material: somam-se as penas de todos Nesse caso, houve a prá ca de uma conduta com
os crime pra cados. Exemplo, o agente pra cou vários atos, de tal forma que não se fala em concurso
três crimes, sendo condenado a pena de 1 ano, material ante a inexistência de mais de uma conduta.
3 anos e 5 anos por cada crime. A pena total
será de 9 anos. É o aplicado para o concurso - ESPÉCIES:
material (art. 69) e no concurso formal
impróprio ou imperfeito (art. 70, caput, 2ª a) Concurso Material Homogêneo: Ocorre quando
parte), bem como no concurso de pena de os crimes são idên cos, por exemplo, o agente
multa (art. 72). pra ca dois homicídios, a rando em “A” e
depois em “B”. O Código Penal, aqui, adota o
b) Exasperação: Aplica-se uma das penas (do sistema do cumulo material.
delito mais grave) aumentada de determinado
percentual. É o sistema adotado no concurso b) Concurso Material Heterogêneo: É aquele em
formal próprio ou perfeito (art. 70, caput, 1ª que os crimes são diversos. Por exemplo, o
parte) e no crime con nuado (art. 71). agente traz consigo droga e porta uma arma de
fogo ilegalmente. Responderá por tráfico de
drogas e porte ilegal de arma de fogo,
c) Absorção: O juiz aplica apenas a pena do crime
adotando-se o sistema do cumulo material, ou
mais grave que absorve todas as demais. Não
possui previsão legal. seja, as penas serão somadas.

OBS: No caso de crimes conexos, objetos da mesma


1) CONCURSO MATERIAL: Se verifica quando o ação penal, a soma será feita pelo juiz da causa.
agente, mediante mais de uma ação ou omissão, Entretanto, se os crimes forem processados em ações
pra ca dois ou mais crimes, idên cos ou não (Art. 69, penais dis ntas, por falta de conexão ou equívoco, a
CP). soma será feita pelo juízo da execução penal.

CP. Art. 69 - Quando o agente, mediante mais 2) CONCURSO FORMAL: Também chamado de
de uma ação ou omissão, pra ca dois ou mais “concurso ideal” é a espécie de concurso de crimes,
crimes, idên cos ou não, aplicam-se prevista no art. 70 do CP, que se verifica quando o
cumula vamente as penas priva vas de agente mediante uma única ação ou omissão pra.ca
liberdade em que haja incorrido. No caso de dois ou mais crimes idên cos ou não.
aplicação cumula va de penas de reclusão e de
detenção, executa-se primeiro aquela. CP. Art. 70 - Quando o agente, mediante uma
só ação ou omissão, pra ca dois ou mais
§ 1º - Na hipótese deste ar go, quando ao
crimes, idên cos ou não, aplica-se-lhe a mais
agente ver sido aplicada pena priva va de
grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente
liberdade, não suspensa, por um dos crimes,
uma delas, mas aumentada, em qualquer caso,
para os demais será incabível a subs tuição de
de um sexto até metade. As penas aplicam-se,
que trata o art. 44 deste Código.
entretanto, cumula vamente, se a ação ou
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restri vas omissão é dolosa e os crimes concorrentes
de direitos, o condenado cumprirá resultam de desígnios autônomos, consoante o
simultaneamente as que forem compaDveis disposto no ar go anterior.
entre si e sucessivamente as demais. Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a
No concurso material (também chamado de concurso que seria cabível pela regra do art. 69 deste
real) o juiz aplica cada uma das penas separadamente, Código.
- ESPÉCIES:
d) Concurso Formal Imperfeito ou Impróprio: a
a) Concurso Formal Homogêneo: Caracterizado pluralidade de resultados emana de desígnios
pela prá ca de crimes idên cos. Por exemplo, o autônomos. Por exemplo, agente que mata
agente, dirigindo de forma imprudente, mulher que sabia estar grávida, responderá por
atropela e mata duas pessoas. homicídio doloso e aborto provocado por
terceiros em dolo eventual, ou seja, existe dolo
b) Concurso Formal Heterogêneo: Os crimes do agente na produção de ambos os crimes.
pra cados pelo agente são diversos. Por Previsto na parte final do caput do art. 70.
exemplo, o agente, dirigindo de forma
imprudente, atropela, mata uma pessoa e fere
outra. CP. Art. 70 – (...)As penas aplicam-se,
entretanto, cumula vamente, se a ação ou
omissão é dolosa e os crimes concorrentes
c) Concurso Formal Perfeito ou Próprio: É aquele
resultam de desígnios autônomos, consoante o
em que não há desígnios autônomos (dolo
disposto no ar go anterior.
autônomo). Ou seja, a pluralidade de crimes
não emana da vontade do agente. Está previsto
na primeira parte do caput, do art. 70, foi criado A aplicação da pena segue o sistema do cumulo
para favorecer o réu. material. Logo, o juiz irá somar as penas de todos os
crimes pra cados pelo agente.
CP. Art. 70 - Quando o agente, mediante uma
só ação ou omissão, pra ca dois ou mais ATENÇÃO: A dis nção entre o concurso formal
crimes, idên cos ou não, aplica-se-lhe a mais próprio e o impróprio relaciona-se com o elemento
grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente subje vo do agente, ou seja, a existência ou não de
uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, desígnios autônomos.
de um sexto até metade (...).
A expressão “desígnios autônomos” refere-se a
qualquer forma de dolo, seja ele direto ou eventual.
Pode ocorrer nas seguintes situações: Vale dizer, o dolo eventual também representa o
endereçamento da vontade do agente, pois ele,
- Crimes culposos: o agente não quis nem assumiu o
embora vislumbrando a possibilidade de ocorrência
risco de cometer nenhum crime, mas os pra cou por
culpa. Ex.: um motorista causa culposamente um de um segundo resultado, não o desejando
acidente de trânsito e mata 10 pessoas. diretamente, mas admi ndo-o, aceita-o. Embora
tenha sido única a conduta, atuando o agente com
- Crime doloso e crime(s) culposo(s): o agente quis ou desígnios autônomos, sua ação criminosa será dirigida
finalis camente (dolosamente) à produção de todos
assumiu o risco de pra car apenas um único crime,
os resultados.
mas, além deste, pra cou outro ou outros crimes por
culpa. Ex.: o agente quis matar alguém, mas, além OBS: Nos termos do art. 70, parágrafo único, a pena
deste, causa a morte de outras três pessoas por culpa. do concurso formal próprio e do crime con nuado,
onde se aplica a exasperação, não poderá exceder a
- Crimes dolosos sem desígnios autônomos: o agente pena que seria cabível pela regra do ar go 69 do
quis pra car apenas um único crime. Seu propósito é Código Penal, ou seja, do cúmulo material. Trata-se do
único, mas, na realidade, pra cou mais de um delito chamado concurso material benéfico ou favorável.
no mesmo contexto lá co, tendo em vista a
diversidade das ví mas. Ex.: o agente, com intenção Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a
de pra car um único crime de roubo, invade a casa de que seria cabível pela regra do art. 69 deste
alguém e comete a subtração de pertences de várias Código.
pessoas que ali se encontravam. Aqui houve ví mas
diversas, com prejuízo psíquico e Csico para todas, Tanto o concurso formal perfeito quanto o crime
tendo sido violados patrimônios dis ntos. con nuado foram criados para favorecer o réu. Por
isso, quando o sistema da exasperação prejudica o
réu, o juiz deve aplicar o cumulo material.
Adota-se o sistema da exasperação. O juiz irá aplicar
apenas uma das penas, qualquer delas, se idên cas ou
Exemplo: o agente, com uma ação, pra cou dois
a mais grave, se diversas, aumentada de 1/6 até
crimes. A mais grave das penas foi fixada em 12 anos
metade.
de reclusão, ao passo que a outra em 1 ano de
detenção. Se aplicado o sistema da exasperação, a) Condições de Tempo: Os tribunais entendem
levando em consideração o aumento mínimo (1/6), a que entre um crime e outro não pode haver
pena será 14 de anos (12 anos + 1/6 de 12 anos). Se intervalo superior a 30 dias;
aplicarmos o sistema do cúmulo material, a pena será
de 13 anos. b) Lugar (Conexão Espacial): Os diversos crimes
parcelares devem ser pra cados na mesma
cidade ou, no máximo, em cidades conUguas,
3) CRIME CONTINUADO ou CONTINUIDADE limítrofes (próximas entre si);
DELITIVA: É a forma de concurso de crimes, prevista
no art. 71 do CP, que se verifica quando o agente, c) Maneira de Execução (Conexão Modal): Os
mediante mais de uma ação ou omissão pra ca dois crimes parcelares devem ter modo de execução
ou mais crimes da mesma espécie e, pela condição do semelhantes (modus operandi), não
lugar, tempo e maneira de execução, os demais são necessariamente idên co. Por exemplo, toda
havidos como con nuação do primeiro. sexta-feira um caixa de banco re ra
determinada quan a do caixa do seu colega.
CP. Art. 71 - Quando o agente, mediante mais
de uma ação ou omissão, pra ca dois ou mais OBS: Não há crime con nuado, por exemplo, entre
crimes da mesma espécie e, pelas condições de um furto mediante escalada (art. 155, § 4º, II, CP) e
tempo, lugar, maneira de execução e outras um furto com emprego de chave falsa (art. 155, § 4º,
semelhantes, devem os subseqüentes ser III, CP).
havidos como con nuação do primeiro, aplica-
se-lhe a pena de um só dos crimes, se idên cas,
ou a mais grave, se diversas, aumentada, em d) Outras semelhantes (Conexão Ocasional):
qualquer caso, de um sexto a dois terços. Refere-se às mesmas oportunidades ou
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra relações surgidas com o crime anterior, ou seja,
ví mas diferentes, come dos com violência ou o crime posterior foi pra cado em função da
grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, facilidade do crime anterior.
considerando a culpabilidade, os antecedentes,
a conduta social e a personalidade do agente, OBS: Não está expressamente prevista no CP, mas
bem como os mo vos e as circunstâncias, como há a previsão de “outras condições
aumentar a pena de um só dos crimes, se semelhantes”, entende-se que a lei faculta ao
idên cas, ou a mais grave, se diversas, até o magistrado exigir a inves gação de circunstâncias que
triplo, observadas as regras do parágrafo único se assemelham às enunciadas para caracterizar o
do art. 70 e do art. 75 deste Código. crime con nuado. Portanto, essa expressão genérica
tem a finalidade de abranger quaisquer outras
Exemplo: João planejou furtar uma caixa contendo 20 circunstâncias das quais se possa deduzir a idéia de
cartuchos de nta para impressora. Para que seu con nuidade deli va.
empregador (ví ma) não percebesse, subtraiu uma
unidade por semana. Na realidade, João pra cou 20
delitos de furto, mas, por uma ficção jurídica, - Unidade de Desígnios: De acordo com a Teoria
considera-se como um único crime. Responderá por Mista ou Obje.vo-Subje.va, além dos requisitos
furto qualificado pelo abuso de confiança (art. 155, § obje vos, elencados pelo art. 71 do CP (tempo, lugar,
4º, II, CP) com a pena aumentada de 1/6 a 2/3. meios de execução), o crime con nuado depende de
um requisito subje vo, qual seja: a unidade de
Essa modalidade de concurso de crimes é baseada na desígnios. Deve haver uma relação subje.va entre os
“Teoria da Ficção Jurídica”, segundo a qual o crime crimes. Inexistente essa ocorrerá “reiteração
con nuado é formado por vários crimes parcelares criminosa”, e não con nuidade criminosa.
que, para fins de aplicação da pena, deve ser
considerado como um único crime. É dizer, se o agente é uma pessoa que faz da prá ca
criminosa sua a vidade constante (criminoso
- Crimes da mesma espécie: São aqueles previstos no profissional), fica evidente que ele não queria pra car
mesmo po penal, e que apresentam a mesma apenas um crime (fracionado), mas sim todos eles,
estrutura jurídica. considerando que o crime se tornou sua profissão.
Desse modo, não se aplica o crime con nuado se
- Similitude de circunstâncias obje.vas: houver habitualidade criminosa (reiteração
criminosa).
quando a pena mínima cominada, seja pelo
somatório, seja pela incidência da majorante,
- ESPÉCIES DE CRIME CONTINUADO E DOSIMETRIA ultrapassar o limite de um (01) ano (Súmula 243 do
DA PENA: STJ). “Não se admite a suspensão condicional do
processo por crime con nuado, se a soma da pena
a) Crime Con.nuado Simples ou Comum: Quando mínima da infração mais grave com o aumento
as penas de todos os crimes são idên cas. Aqui, mínimo de um sexto for superior a um ano" (Súmula
o juiz irá pegar qualquer uma das penas e 723 do STF).
aumentará de um sexto a dois terços (causa de
aumento, incide na terceira fase de aplicação Lei 9099/95. Art. 89. Nos crimes em que a pena
da pena). Ex: vários furtos simples; mínima cominada for igual ou inferior a um
ano, abrangidas ou não por esta Lei, o
b) Crime Con.nuado Qualificado: Aqui as penas Ministério Público, ao oferecer a denúncia,
são dis ntas. O juiz irá u lizar a pena mais poderá propor a suspensão do processo, por
grave e irá aumentá-la de um sexto a dois dois a quatro anos, desde que o acusado não
terços (causa de aumento, incide na terceira esteja sendo processado ou não tenha sido
fase de aplicação da pena). Ex: furto simples condenado por outro crime, presentes os
com um furto qualificado. demais requisitos que autorizariam a suspensão
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
c) Crime Con.nuado Específico: Previsto no
parágrafo único do art. 71, CP:

CP. Art. 71, Parágrafo único - Nos crimes


dolosos, contra ví mas diferentes, come dos
com violência ou grave ameaça à pessoa,
poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os
antecedentes, a conduta social e a
personalidade do agente, bem como os mo vos
e as circunstâncias, aumentar a pena de um só
dos crimes, se idên cas, ou a mais grave, se
diversas, até o triplo, observadas as regras do
parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste
Código.

Aplica-se no caso de crimes dolosos, contra ví mas


diferentes, come dos com violência ou grave ameaça
à pessoa. Ex.: o agente invade a casa de alguém e
pra ca estupro contra ví mas diversas.

Além dos requisitos comuns vistos acima, deve


preencher certos requisitos específicos, são eles:

Culpabilidade
Antecedentes
Conduta social
Personalidade
Mo vos e circunstâncias do crime

Quando preenchidos tais requisitos, a pena poderá


ser aumentada de até o triplo. Considera-se o
aumento, de acordo com o entendimento do STF e do
STJ, de 1/6 até o triplo.

OBS: O beneCcio da Suspensão condicional do


processo (art. 89 da Lei 9.099/95) não é aplicável em
relação às infrações penais come das em concurso
material, concurso formal ou con nuidade deli va,

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