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vo Estatal: Se de um lado o
DIREITO PENAL Estado controla o cidadão, impondo-lhe limites para a
vida em sociedade, de outro é necessário também
1 – INTRODUÇÃO: limitar seu próprio poder de controle evitando
abusos. É o que a doutrina chama de “limitações ao
- Conceito: O Direito Penal possui três conceitos direito de punir”. São três:
doutrinários:
1) Limites quanto ao MODO: As leis penais
a) Formal: É o conjunto de normas que visa a devem respeitar os Direitos e Garan.as
proteção de bens jurídicos dos como fundamentais, observando, por exemplo, o
relevantes para a sociedade; princípio da humanização das penas, bem
como da dignidade da pessoa humana;
b) Material: refere-se aos comportamentos
considerados altamente reprováveis ou 2) Limites quanto ao ESPAÇO: Em regra,
danosos, pois atentam contra os bens aplica-se a lei penal aos fatos ocorridos no
protegidos pela norma; território brasileiro – Princípio da
Territorialidade.
c) Sociológico: É mais um instrumento de
controle social de comportamentos 3) Limites quanto o TEMPO: O direito de
desviados, visando assegurar a boa punir estatal não é eterno, sendo, em regra,
convivência social. limitado no tempo pelo ins tuto da
prescrição (uma das formas de ex nção da
OBS: Modernamente entende-se que o Direito Penal punibilidade).
também fixa limites ao poder puni vo Estatal,
estabelecendo regras gerais, condições e
pressupostos para a aplicação de suas sanções. 2 - PRINCÍPIOS DE DIREITO PENAL:
O Direito Penal é norteado pelo Princípio da Os princípios penais são normas orientadoras de
Intervenção Mínima, pois o Estado só pode interpretação e aplicação do direito penal.
criminalizar uma conduta que atente de forma
relevante contra os bens jurídicos mais importantes a) Princípio da Legalidade, Reserva Legal ou
pra sociedade. Legalidade Estrita: a infração penal somente pode ser
criada por lei em sen do estrito (formal e material),
Bem jurídicos não são direitos subje vos, mas valores ou seja, lei complementar ou lei ordinária, aprovadas
reconhecidos pela sociedade que serão protegidos e sancionadas de acordo com o processo legisla vo,
pela norma. O Direito penal protege bens jurídicos e previsto na CF e nos regimes internos da Câmara dos
não direito! Deputados e Senado Federal.
A definição desses bens jurídicos a serem tutelados b) Princípio da Anterioridade: o crime e a pena
pelo Direito Penal está na Cons.tuição Federal, tais devem estar definidos em lei prévia ao fato cuja
como a vida, liberdade, segurança, propriedade, bem- punição se pretende (art. 5º, XXXIX, da CF, e do art. 1º
estar social, igualdade e jus ça etc. do CP). A lei penal somente produz efeitos a par r da
data em que entra em vigor.
- Direito Penal Obje.vo é o conjunto de normas que
definem as condutas das como criminosas, c) Princípio da Irretroa.vidade: Visa proibir que a lei
cominando-lhe sanções para seu descumprimento penal a nja fatos anteriores a sua vigência quando
(normas incriminadoras), bem como es pula estes forem incriminadores ou prejudiciais (mais
princípios e valores que irão nortear a a vidade gravosa ou severa). Isto porque o art.5º, XL da CF/88
estatal na sua aplicação, por exemplo, regras para a ressalva que a lei penal poderá retroagir em beneCcio
interpretação da lei (normas não incriminadoras). do réu.
- Direito Penal Subje.vo é o direito de punir do d) Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos:
Estado (jus puniendi). O Estado detém o monopólio do A criação de pos penais deve ser pautada pela
direito de punir, não podendo o cidadão fazer jus ça proibição de comportamentos que de alguma forma
com as próprias mãos. exponham a perigo ou lesionem valores concretos
essenciais para o ser humano, estabelecidos na figura Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o
do bem jurídico. defina. Não há pena sem prévia cominação
legal.
e) Princípio da Intervenção Mínima: O Direito Penal CF. Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem dis nção de
só deve ser aplicado quando estritamente necessário, qualquer natureza, garan ndo-se aos brasileiros e aos
servindo como a derradeira trincheira no combate aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
comportamentos indesejados. Desse princípio vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
decorrem dois outros:
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
- Princípio da Fragmentariedade: Esse pena sem prévia cominação legal;
princípio indica que o Direito Penal ao tutelar
um bem jurídico não deve fazê-lo de forma CPM. Art. 1º. Não há crime sem lei anterior que o defina,
absoluta, de maneira que nem todas as lesões nem pena sem prévia cominação legal.
a bens jurídicos serão protegidas pelo direito
penal, mas apenas uma parte, ou seja, um - A estrutura da lei penal possui dois preceitos, um
fragmento. primário (norma primária, que descreve a conduta,
“fazer” ou “não fazer”) e um secundário (a pena a ser
- Princípio da Subsidiariedade: O Direito aplicada pelo juiz).
Penal, por estabelecer as mais graves
respostas estatais, somente deve atuar de As leis penais podem ser classificadas como:
forma subsidiária aos demais ramos do
direito, sendo considerado o soldado de a) Incriminadoras: são as que criam crimes e
reserva, a úl ma trincheira (ul ma ra o). cominam penas;
f) Princípio da Adequação Social: não poder ser b) Não incriminadoras: são as normas
considerado criminoso o comportamento que, interpreta vas e as que excluem a ilicitude
embora pificado em lei, não afronte o sen mento (jus ficantes) e a culpabilidade (exculpantes);
social de jus ça. Serve, também, de parâmetro ao
legislador que deve buscar afastar a pificação de c) Completas ou Perfeitas: apresentam todos os
condutas consideradas socialmente adequadas. elementos da conduta criminosa, não
necessitando de qualquer complementação;
g) Princípio da Ofensividade ou Lesividade (nullum
crimen sine iniuria): exige que do fato pra cado d) Incompletas ou Imperfeitas: São as que
ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico dependem de complementação para que se
tutelado de terceiros. É dizer, somente a conduta que possa extrair seu conteúdo. Dividem-se em
lesionar bem jurídico de outra pessoa deverá ser “.po aberto” que requer complementação
criminalizada. Não haverá punição enquanto os valora.va dada pelo juiz (intérprete da lei), e
efeitos permanecerem na esfera de interesses da
“norma penal em branco” que necessita de
própria pessoa. É o fundamento para a não punição
algum complemento vindo de outra norma
de condutas que não exceda o âmbito do autor como
(lei ou ato da administração pública), para
a auto-lesão (Princípio da Alteridade) ou de a tudes
internas como a cogitação. que se possa entender, efe vamente, o limite
da proibição.
h) Princípio da Pessoalidade ou da Intranscendência:
Nenhuma pena passará da pessoa do condenado (art.
5º, XLV da CF). Trata-se de desdobramento lógico dos
4 – INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL:
princípios da responsabilidade penal individual e da
responsabilidade sibje va.
Interpretar é explicar, esclarecer, buscar o sen do e o
alcance da lei. A a vidade de interpretação será
i) Princípio da vedação do “bis in idem”: ninguém
sempre necessária, ainda que a lei se mostre clara,
pode ser condenado pela segunda vez em razão do
mesmo fato. pois dela podem surgir dúvidas quanto ao seu efe vo
alcance.
CP. Art. 107 - Ex ngue-se a punibilidade: OBS: A lei excepcional ou temporária possui duas
III - pela retroa vidade de lei que não mais considera o fato
caracterís cas essenciais:
como criminoso;
- Autorrevogabilidade
CPP. Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á desde - Ultra vidade
logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a
vigência da lei anterior.
CPM. Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei 6 - TEMPO DO CRIME
posterior deixa de considerar crime, cessando, em virtude
dela, a própria vigência de sentença condenatória Art. 4º - Considera-se pra(cado o crime no
irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de natureza civil.
momento da ação ou omissão, ainda que
§ 2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei outro seja o momento do resultado.
posterior e a anterior devem ser consideradas
separadamente, cada qual no conjunto de suas normas
aplicáveis ao fato.
É importante a fixação do tempo em que se considera
pra cado o crime, para, entre outras coisas, sabermos
Lei 7.210/84. LEP. Art. 66. Compete ao Juiz da execução:
a lei que deve ser aplicada e estabelecermos a
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer imputabilidade do agente.
modo favorecer o condenado;
Teorias quanto ao TEMPO DO CRIME:
- A.vidade: momento da conduta;
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos
- Resultado: na ocasião do resultado;
crimes pra cados a bordo de aeronaves ou
- Mista ou Ubiquidade: tanto da conduta quanto do embarcações estrangeiras de propriedade
resultado. privada, achando-se aquelas em pouso no
território nacional ou em voo no espaço
CPM. Art. 5º. Considera-se pra cado o crime no momento aéreo correspondente, e estas em porto ou
da ação ou omissão, ainda que outro seja o do resultado. mar territorial do Brasil.
STF. Súmula 711. A lei penal mais grave aplica-se ao crime
con nuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é
anterior à cessação da con nuidade ou da permanência. - Sabendo que um fato punível pode, eventualmente,
a ngir os interesses de dois ou mais estados
igualmente soberanos, o estudo da lei penal no
espaço visa descobrir qual é o âmbito territorial de
7 – TERRITORIALIDADE aplicação da lei penal brasileira, bem como de que
forma o Brasil se relaciona com outros países em
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo matéria penal.
de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime come do no território
nacional. (Princípio da territorialidade Conceito de TERRITÓRIO NACIONAL:
mi.gada ou temperada)
a) Território em sen.do material, efe.vo ou
CPP. Art. 90. Os crimes pra cados a bordo de aeronave real: o território abrange a superCcie terrestre
nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao
(solo e subsolo), as águas interiores, o mar
território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de
aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo territorial (12 milhas marí mas a par r da
correspondente ao território nacional, serão processados e baixa-mar do litoral) e o espaço aéreo
julgados pela jus ça da comarca em cujo território se correspondente (Teoria da soberania sobre a
verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde
coluna atmosférica).
houver par do a aeronave.
Decreto-Lei 3.688/41. LCP. Art. 2º A lei brasileira só é
b) Território por extensão, ficção ou flutuante:
aplicável à contravenção pra cada no território nacional.
para os efeitos penais, consideram-se como
Lei 8.617/93. Art. 1º. O mar territorial brasileiro
extensão do território nacional (art. 5º, CP).
compreende uma faixa de doze milhas marí ma de largura,
medidas a par r da linha de baixa-mar do litoral
con nental e insular, tal como indicada nas cartas náu cas
de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil.
8 - LUGAR DO CRIME
Art. 4º. A zona conDgua brasileira compreende uma faixa
que se estende das doze às vinte e quatro milhas marí mas,
Art. 6º - Considera-se pra cado o crime no
contadas a par r das linhas de base que servem para medir
a largura do mar territorial. lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no
todo ou em parte, bem como onde se
Art. 6º. A zona econômica exclusiva brasileira compreende produziu ou deveria produzir-se o resultado.
uma faixa que se estende das doze às duzentas milhas
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
marí mas, contadas a par r das linhas de base que servem
para medir a largura do mar territorial.
CPP. Art. 70. A competência será, de regra, determinada
pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se tenta va, pelo lugar em que for pra cado o úl mo ato de
como extensão do território nacional as execução.
embarcações e aeronaves brasileiras, de CPM. Art. 6º. Considera-se pra cado o fato, no lugar em
natureza pública ou a serviço do governo que se desenvolveu a a vidade criminosa, no todo ou em
brasileiro onde quer que se encontrem, bem parte, e ainda que sob forma de par cipação, bem como
como as aeronaves e as embarcações onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Nos
brasileiras, mercantes ou de propriedade crimes omissivos, o fato considera-se pra cado no lugar em
privada, que se achem, respec vamente, no que deveria realizar-se a ação omi da.
espaço aéreo correspondente ou em alto-
mar.
- Quanto ao lugar do crime, também há três a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou
teorias apontadas pela doutrina, muito a reprimir; (Princípio da Jus ça Universal)
semelhante àquelas do tempo do crime. b) pra cados por brasileiro; (Princípio da
Nacionalidade A va)
- A.vidade: onde o agente pra cou a conduta;
- Resultado: aquele em que ocorreu o resultado;
CF. Art. 12. São brasileiros:
- Mista ou Ubiquidade: tanto da conduta quanto do
I - natos:
resultado.
a) os nascidos na República Federa va do Brasil, ainda que
O Código Penal adotou a Teoria mista ou da de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço
de seu país;
Ubiquidade. Entretanto, não se deve confundir com
as regras da competência interna (processo penal). b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da
No caso dos chamados crimes plurilocais haverá República Federa va do Brasil;
conflito interno de competência, pois haverá conduta c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe
em uma comarca e resultado em outra. Em regra, brasileira, desde que sejam registrados em repar ção
aplica-se a Teoria do Resultado (Art. 70, CPP). brasileira competente ou venham a residir na República
Federa va do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois
de a ngida a maioridade, pela nacionalidade brasileira
9 - EXTRATERRITORIALIDADE II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora brasileira, exigidas aos originários de países de língua
come dos no estrangeiro: portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e
idoneidade moral;
I - os crimes: (Extraterritorialidade b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
Incondicionada) República Federa va do Brasil há mais de quinze anos
ininterruptos e sem condenação penal, desde que
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente
requeiram a nacionalidade brasileira
da República; (Princípio da Defesa ou Real)
§ 1º. Aos portugueses com residência permanente no País,
b) contra o patrimônio ou a fé pública da se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão
União, do Distrito Federal, de Estado, de atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos
Território, de Município, de empresa pública, previstos nesta Cons tuição
sociedade de economia mista, autarquia ou
fundação ins tuída pelo Poder Público;
(Princípio da Defesa ou Real) c) pra cados em aeronaves ou embarcações
c) contra a administração pública, por quem brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam
está a seu serviço; (Princípio da Defesa ou
Real) julgados. (Princípio da Representação)
d) de genocídio, quando o agente for CP. Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave,
brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Princípio própria ou alheia, ou pra car qualquer ato tendente a
da Jus ça Universal) impedir ou dificultar navegação marí ma, fluvial ou aérea:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
OBS: Existe outra hipótese de Extraterritorialidade
Incondicionada na Lei de Tortura: art. 2°, Lei nº § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido
9.455/97 - “o disposto nesta Lei aplica-se ainda segundo a lei brasileira, ainda que absolvido
quando o crime não tenha sido come do no território ou condenado no estrangeiro. (possibilidade
nacional, sendo a ví ma brasileira ou encontrando-se de dupla condenação pelo mesmo fato?)
o agente em local sob jurisdição brasileira”.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei
brasileira depende do concurso das seguintes
condições: (CONDIÇÕES CUMULATIVAS)
II - os crimes: (Extraterritorialidade Condicionada) a) entrar o agente no território nacional;
STF. Súmula 1. É vedada a expulsão de estrangeiro casado 11 - EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA
com Brasileira, ou que tenha filho Brasileiro, dependente da
economia paterna. Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a
b) ser o fato punível também no país em que aplicação da lei brasileira produz na espécie
foi pra cado; as mesmas consequências, pode ser
homologada no Brasil para:
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos
quais a lei brasileira autoriza a extradição; CF. Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Jus ça:
d) não ter sido o agente absolvido no I - processar e julgar, originariamente:
estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão
e) não ter sido o agente perdoado no de exequatur às cartas rogatórias;
estrangeiro ou, por outro mo vo, não estar
I - obrigar o condenado à reparação do dano,
ex nta a punibilidade, segundo a lei mais
a res tuições e a outros efeitos civis;
favorável.
(depende de pedido da parte interessada)
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; I - Internação em hospital de custódia e tratamento
psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento
b) houve requisição do Ministro da Jus ça. adequado;
II - sujeição a tratamento ambulatorial.
Parágrafo único - Ex nta a punibilidade, não se impõe
10 - PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO medida de segurança nem subsiste a que tenha sido
imposta.
CPP. Art. 798. Todos os prazos (Processuais) correrão em 2) SUJEITOS DO CRIME: Os crimes possuem um
cartório e serão conDnuos e peremptórios, não se sujeito a vo (quem pra cou a conduta) e um sujeito
interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. passivo (que suportou o dano, ou seja, sofreu as
§1º. Não se computará no prazo o dia do começo, consequências).
incluindo-se, porém, o do vencimento.
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas priva vas 1) Comum: Pode ser pra cado por qualquer pessoa;
de liberdade e nas restri vas de direitos, as
frações de dia, e, na pena de multa, as frações 2) Próprio: O agente deve possuir uma qualidade
de cruzeiro. especial (por ex: servidor público), mas permite
coautoria de qualquer pessoa.
CP. Art. 44. As penas restri vas de direitos são autônomas
e subs tuem as priva vas de liberdade, quando: 3) Mão própria: Só pode ser pra cado por quem
§ 4º. A pena restri va de direitos converte-se em priva va possua qualidade especial.
de liberdade quando ocorrer o descumprimento
injus ficado da restrição imposta. No cálculo da pena
priva va de liberdade a executar será deduzido o tempo
cumprido da pena restri va de direitos, respeitado o saldo b) Sujeito Passivo: Qualquer pessoa Csica ou jurídica,
mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.
inclusive, ente indeterminado sem personalidade
jurídica, ex: cole vidade, família e etc (crime vago).
Morto? Animal?
- Classificação: Mediato e Constante (sempre o - Crime omissivo próprio: o po descreve uma
Estado) e Imediato e Eventual ( tular do bem jurídico conduta omissiva, um não fazer. Dispensa
protegido). Divide-se em comum (qualquer pessoa resultado. A norma penal é precep va ou
pode ser ví ma) ou próprio (somente algumas mandamental (omissão de socorro, art. 135,
pessoas podem ser ví ma). CP)
- Crime omissivo impróprio ou comissivo por
omissão: o agente deixa de evitar o resultado
3) OBJETO: Objeto Jurídico (bem ou interesse tutelado quando podia e devia agir (garante).
pela norma penal). Objeto Material (pessoa ou coisa Consuma-se com a ocorrência do resultado
sobre a qual recai a conduta do agente) naturalís co. (art. 13, § 2º, CP)
- Crime de conduta mista: o po penal prevê
dois comportamentos, ação seguida de
4) ELEMENTOS DO CRIME: omissão. (apropriação de coisa achada, art.
169, pu, II, CP).
Como visto, o crime em seu conceito analí co é
estudado por partes, separando cada elemento que o
compõe. Para termos crime, necessariamente
deveremos ter um fato Upico, ilícito e culpável. - Causas de Exclusão da Conduta (ausência):
- Crime material, formal ou de mera conduta? d) Coação Qsica irresisRvel (vis absoluta): o coagido é
controlado pelo coator pra cando ato sem vontade;
b) Concausas RELATIVAMENTE
independente: São aquelas interligadas a
conduta do agente, pois encontram-se na - CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS (COMISSIVOS
mesma linha de desdobramento. POR OMISSÃO)
Isoladamente não seriam capazes de
ocasionar o resultado. Portanto, o agente com
sua conduta contribui para a produção do A conduta pode se dar por ação ou omissão. Os
resultado: crimes comissivos possuem um po penal que
- Preexistente: Uma das causas já exis a antes descreve uma ação (ex: art. 121 - matar alguém), ao
da conduta, porém recebe a passo que nos crimes omissivos próprios o po penal
contribuição do agente. Ex: O agente desfere descreve uma omissão (ex: omissão de socorro, art.
facadas contra hemoClico que morre em razão 135, CP).
da dificuldade de estancar o sangramento.
Responderá pelo resultado morte;
Entretanto, os crimes comissivos podem se realizar
- Concomitantes: A concausa ocorre
por uma conduta omissiva, desde que ocorra uma das
simultaneamente, mas interligada a conduta
hipóteses do art. 13, § 2º, do CP. Ou seja, em, regra,
do agente. Ex: O agente a ra contra pessoa,
um crime comissivo será realizado por uma ação, mas,
mas erra. Entretanto a ví ma sofre ataque
em certas situações específicas, realizar-se-á em
cardíaco e morre de infarto. A conduta do
decorrência de uma omissão. Nesse caso, estaremos
agente aliada a causa contribuiu para o
diante de um crime comissivo por omissão, omissivo
resultado. O agente responderá por homicídio
Impróprio ou espúrios.
consumado.
- Supervenientes: São causas posteriores e
concorrem para a produção do resultado. Nesses casos a lei impõe a certas pessoas um dever
Divide-se em: jurídico especial de agir para evitar o resultado. São os
a) Não produziu por si só o resultado: denominados garantes (posição de garan dor). Com
está no desdobramento natural da conduta. isso, diante de uma determinada situação, o resultado
Ex: CTI e complicações cirúrgicas. O agente não evitado será imputado ao agente que deveria
responde pelo homicídio consumado. evitá-lo. O po penal descreve uma ação, mas a
inércia do agente, que descumpre o seu dever de agir,
b) Por si só produziu o resultado (13, § leva a produção do resultado.
1º): o agente só responde pelos fatos
anteriores. Ex: a ví ma morre em decorrência
de um incêndio no hospital. O agente só A omissão será penalmente relevante quando o
responde pelo homicídio tentado. omitente devia (hipóteses descritas nas letras "a", "b"
e "c") e podia (possibilidade Csica) agir para evitar o
resultado.
Relevância da omissão
§ 2º. A omissão é penalmente relevante - Hipóteses de dever jurídico especial de agir (art. 13,
quando o omitente DEVIA e PODIA agir para § 2°):
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a
quem: (CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS)
a) tenha por lei obrigação de cuidado,
c) tenha por lei obrigação de Cuidado, Proteção proteção ou vigilância (BIZU: P.V.C): a mãe
ou Vigilância; que deixa de alimentar o filho está
descumprindo uma obrigação imposta por lei
d) de outra forma, assumiu a responsabilidade (CC. ar gos 1.566, IV e 1.634, I). Assim, no
de impedir o resultado; caso de falecimento do menor por inanição, a
genitora responderá por homicídio doloso
e) com seu comportamento anterior, criou o (art. 121 c/c art. 13, § 2º, a) ou culposo
risco da ocorrência do resultado. (art. 121, § 3°, c/c art. 13, § 2º, a),
dependendo do caso. Há também o dever
legal de agir nas a vidades desempenhadas Muitas das vezes será necessário analisar outro
por certas pessoas, como policiais e disposi vo da lei para saber se um fato e Upico. São as
bombeiros. chamadas normas de extensão.
ATENÇÃO: Nem sempre a conduta pra cada se Total independência: não há ligação do fato
amolda perfeitamente ao descrito no po penal.
Upico com a ilicitude e com a culpabilidade. O previsão do resultado. Assim, basta que o agente
po descreve apenas o acontecimento tenha previsto o resultado como possível. Não foi
obje vo, sem qualquer valoração. adotada pelo Código Penal. É indica va de culpa
consciente.
- Imperícia: Chamada culpa profissional, pois só Na culpa consciente, o agente prevê a possibilidade do
ocorre no exercício de arte, profissão ou oCcio. O resultado e, como não quer sua ocorrência,
agente, embora autorizado, não reúne conhecimentos efe vamente toma providências concretas para evitá-
par tanto. É a falta de ap dão técnica para o exercício lo. Assim, em questões obje vas, se o enunciado ou a
de arte ou profissão. Ex.: condutor que troca o pedal opção consignar uma preocupação concreta do agente
do freio pelo da embreagem, gerando o tem a culpa consciente; caso contrário, surge o dolo
atropelamento. Médico sem conhecimento para uma eventual. Por exemplo: a questão dá conta que exímio
cirurgia específica. experiente motorista resolve par cipar de uma
exibição clandes na de manobras perigosas em praça
pública. Se o tal motorista teve o cuidado de cercar a
área com pneus, e reservando uma área de escape 1ª) COGITAÇÃO: É mera cogitação o plano mental
prevendo a possibilidade de a ngir alguém, age com acerca da prá ca criminosa, com a representação do
culpa consciente; caso não tome tais precauções, resultado querido, a escolha dos meios possíveis e a
enseja-se o dolo eventual no caso de “acidente” com opção pelo mais adequado, a previsão dos resultados
ví mas. concomitantes etc. Aqui a conduta ainda não é
relevante penal, pois vigora o limite da alteridade,
segundo o qual, o direito penal não pode se
preocupar com pensamentos pecaminosos, mas
PRETERDOLO
apenas a tudes geradoras de violência no meio social,
Praeter dolum é aquilo que vai além do dolo. O crime condutas que venham a lesar terceiros (cogita onis
preterdoloso é uma figura hibrida, tendo em vista que poenam nemo pa tur)
é uma mistura de dolo e de culpa, a conduta inicial é
dolosa, mas sobreveio um resultado mais grave de 2ª) ATOS PREPARATÓRIOS: Todos aqueles anteriores
natureza culposa. São os chamados crimes agravados ao início da execução, mas dirigidos à sua realização
pelo resultado. (conatus remotus). O agente procura criar condições
para a realização da conduta delituosa idealizada.
Aqui, o agente queria pra car um crime doloso, Considera-se aqui a inexistência de risco relevante ou
menos grave, mas por culpa (imprudência, negligencia direito ao bem jurídico protegido tornando a
e imperícia) acaba produzindo um resultado mais intervenção penal abusiva e desnecessária. Também
grave. são, em regra, irrelevantes penais, mas
Há, no Código Penal, uma série de exemplos de crimes excepcionalmente admitem punição, quando
caracterizar po penal autônomo, como no caso da
preterdolosos. Contudo, apenas no crime de lesão
associação criminosa (art. 288 do CP).
corporal seguida de morte (art. 129, §3º) o código
declara expressamente o caráter preterdoloso.
3ª) EXECUÇÃO: Nesta fase a a tude já pode ser
punível, pois o agente já começou a execução do
crime. Quando o verbo da lei diz ''subtrair'' o agente
deve começar a ação para se enquadrar nessa
CRIME CONSUMADO, TENTADO e IMPOSSÍVEL: conduta, sendo assim somente no momento em que
ele es ver pra cando algum ato de subtração do
Art. 14 - Diz-se o crime: objeto alheio que estará nessa fase.
- Etapas do crime ou “iter criminis”: O crime passa A) Teoria da hos.lidade ao bem jurídico ou critério
por quatro fases: 1ª) cogitação; 2ª) preparação; 3ª) material: Atos executórios são aqueles que atacam o
execução; 4ª) consumação. A primeira cons tui a fase bem jurídico, criando-lhe uma situação concreta de
interna e as demais a fase externa. Alguns autores perigo. Ex: o agente se esconde atrás de uma moita
ainda acrescentam uma quinta fase, que seria a do esperando a ví ma passar para ataca-la.
exaurimento.
B) Teoria obje.vo-formal: Atos executórios são pra cados, mas este não acontece. Ex: o sujeito
aqueles que iniciam a realização do núcleo do po. dispara todos os ros da arma na cabeça da ví ma,
Exige tenha o autor concre zado efe vamente uma chuta seu rosto e pisa em seu peito, convencido de ter
parte da conduta Upica, penetrando no núcleo do a ngido o resultado, vai para casa, mas vem a saber
.po. Ex: em um homicídio, o sujeito, com golpes de que não a ngiu o resultado, pois a ví ma foi socorrida
punhal, inicia a conduta de “matar alguém”. e sobreviveu.
Na primeira parte do art. 15 do Código Penal, CP. Art. 16 - Nos crimes come dos SEM
encontramos a chamada desistência voluntária, ato violência ou grave ameaça à pessoa,
de desistência de se prosseguir na execução de um REPARADO o dano ou RESTITUÍDA a coisa,
crime. Ocorre quando autor de uma determinada ATÉ O RECEBIMENTO da denúncia ou da
ação, voluntariamente, interrompe a sua execução, o queixa, por ATO VOLUNTÁRIO do agente, a
que afasta a possibilidade de punição do crime fim. pena será REDUZIDA de um a dois terços.
(PONTE DE PRATA)
O erro de proibição ainda pode ser, Direto, Indireto e OBS: A adesão de vontade para o crime só pode
Mandamental: ocorrer até a consumação. Após consumado o delito
irá configurar crime autônomo, salvo se houve ajuste
- DIRETO: É o erro de proibição propriamente dito. O prévio. Ex: Favorecimento real, receptação etc.
agente desconhece o caráter ilícito do fato. Exemplo,
ao testemunhar um grave acidente de trânsito, Para o concurso de pessoas, é necessário verificar a
podendo prestar auxílio sem risco pessoal ou mesmo presença dos seguintes REQUISITOS CUMULATIVOS:
acionar as autoridades públicas, indivíduo decide nada
f) Pluralidade de agentes; b) Teoria UNITÁRIA (monista ou igualitária). Crime
g) Relevância causal das condutas; único para todos os concorrente. Todo aquele que
h) Liame subje vo entre os agentes; concorre para a produção do crime responde pelo
i) Iden dade de Infração penal. mesmo delito. Ex: "A" e "B" querem matar "C" . Na
hora da execução, "A" segura "C' e "B" dá as facadas.
Pela teoria monista, todos respondem por homícidio.
- REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS Teoria adotada pelo Cógido Penal.
OBS: Na realidade, a iden dade de infrações é uma AUTOR não é apenas quem desfere um golpe na
consequência direta da teoria monista. ví ma, como também aquele que a segura para que o
outro possa golpeá-la. Quem arromba a porta de uma
residência, juntamente com quem ali penetra, para
- TEORIAS DO CONCURSO DE PESSOAS: furtar objetos alheios, são autores do mesmo furto.
Cometem o mesmo roubo tanto aquele que exerce
atos de violência quanto aquele que subtrai os objetos
pertencentes a ví ma, desde que a ação delituosa concurso de pessoas.
tenha sido pra cada em conjunto.
- Assim, podemos afirmar que tem o controle final do
- TEORIAS PARA SE DEFINIR AUTORIA: fato:
Aquele que, por sua vontade, executa o
1) Obje.vo SUBJETIVA / UNITÁRIA: Não há dis nção núcleo do po (autor propriamente dito,
entre autor e parUcipe. Todo aquele que contribui de domínio da ação);
alguma forma para a produção do resultado é autor. Aquele que planeja o crime para ser
executado por outras pessoas (autor
2) Teoria OBJETIVA / DUALISTA: estabelece dis nção
intelectual);
entre autor e par cipe. Divide-se em:
Aquele que realiza uma parte necessária do
o Teoria Obje vo FORMAL: Autor é quem plano deli vo global, dividido em tarefas
realiza o núcleo do .po. ParUcipe é quem (funcional)
concorre sem realizar o núcleo do po. Aquele que se vale de um não culpável ou de
pessoas que age sem dolo ou culpa para
executar o po, chamado “homem de trás”
o Teoria Obje vo MATERIAL: Autor é quem (autor mediato).
contribui de forma mais efe.va para a
ocorrência do resultado, sem - Extensão da Teoria do Domínio do Fato.
necessariamente, pra car o núcleo do po. Só é aplicável aos crimes dolosos, sejam materiais,
ParUcipe é quem concorre de forma menos
sejam formais ou de mera conduta. Nos crimes
relevante.
culposos, inexiste dis nção entre autoria e
par cipação; é autor todo aquele, mediante qualquer
3) Teoria do DOMÍNIO DO FATO: Autor não é conduta, produz um resultado Upico, deixando de
necessariamente quem executa o crime, mas quem observar o cuidado obje vo necessário.
possui o domínio final sobre a ação. É autor quem
controla finalis camente o fato, decidindo sua forma
de execução, início, cessação e demais condições. Ex: - AUTORIA MEDIATA
José Dirceu no caso “Mensalão” – AP 470
Sujeito que, sem realizar diretamente a conduta Upica
ParRcipe será aquele que, embora colabore comete o crime por ato de interposta pessoa, u lizada
dolosamente para o alcance do resultado, não exerce como seu instrumento. Por exemplo, maior se u liza
domínio sobre a ação (Não decide nada sobre a de menor inimputável para prá ca de um delito.
execução, ou seja, não tem o controle final do fato).
A autoria mediata também ocorre quando, entre os
agentes, existe alguém que não pra ca o fato pelo
OBS: Para a maioria da doutrina o CP após a reforma menos de forma culposa, ou seja, quando alguém é
de 84 adotou a teoria OBJETIVO FORMAL. Então, para levado a erro do po essencial, pra cando atos que
o CP, quem executa o núcleo do po é autor, e quem ajudem na ocorrência do crime.
par cipa do crime sem executar o núcleo do po
ins gando, induzindo ou auxiliando é parUcipe. Importante salientar, que o autor mediato NÃO
realiza o núcleo do po, por isso é chamado de
Cons tui tese restri va, aplicando critério obje vo- “homem de trás”.
subje vo. Não é inteiramente obje va nem subje va.
É mista. Por isso, é denominada "obje va-subje va". Exemplo: "A", comerciante, quer matar "B". "C",
Além disso, exige apreciação, em face da descrição do empregada domés ca de "B", entra no comércio de
crime. "A" para comprar açúcar. "A", dolosamente, mistura
veneno no açúcar e entrega-o a "C" que não percebe
De notar, pois, que a teoria do domínio do fato não a mistura e coloca o produto no suco de "B", levando-
exclui a restri va (obje vo-formal). É um o a morre logo após ingerir o líquido.
complemento. Unem-se para dar solução adequada às
questões que se apresentam envolvendo autores Quem responde pela morte de "B"? Apenas "A" (autor
materiais e intelectuais, chefes de quadrilha, mediato). A pessoa induzida, neste caso, não poderá
sen nelas, aprendizes, motoristas, auxiliadores, ser denominada parUcipe, já que não teve o elemento
indutores, incen vadores etc. Sob rigor cienUfico, é subje vo para par cipar do ato delituoso. A ausência
mais um requisito da autoria que uma teoria do do vínculo psicológico exclui o concurso de pessoas.
- Casos de Autoria Mediata: exemplifica: Suponha que dois sujeitos, pretendendo
matar a ví ma a ros de revólver, postam-se de
a) o crime pra cado por doente mental ou menor de
emboscada, ignorando cada um o conhecimento do
idade mediante determinação de terceiro;
outro. Ambos a raram e a ví ma vem a falecer em
b) os crimes pra cados mediante coação irresisUvel consequência dos ferimentos produzidos pelos
ou obediência hierárquica; projéteis de uma das armas, não se sabendo qual.
Qual a solução? (...) 'Puni-los como autores de
c) o crime pra cado por quem esteja em erro de po tenta va de homicídio, abstraindo-se resultado, cuja
essencial provocado por terceiros; autoria não se operou'. As outras opções para este
OBS: Não pode exis r autoria mediata nos crimes de caso seriam: condenar os dois por homicídio. Errado,
mão própria nem os culposos. já que um dos dois seria condenado por um crime que
não cometeu. Absolver ambas também seria errado,
já que, pelo menos tenta va de homicídio os dois
- Autoria Colateral ou Imprópria pra caram.
- COOPARTICIPAÇÃO ou COOPERAÇÃO
- Tipos de Par.cipação DOLOSAMENTE DISTINTA (art. 29, § 2º, CP):
a) Par.cipação Moral: Ocorre quando se coloca na Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre
mente do executor o propósito criminoso ou, se já para o crime incide nas penas a este
exis a tal propósito, ele reforça ainda mais. Divide-se, cominadas, na medida de sua culpabilidade.
também, em duas formas: induzimento e ins gação. § 2º. Se algum dos concorrentes (coautor ou
parDcipe) quis par cipar de crime menos
Induzir: Quando se faz nascer na mente de grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa
outra pessoa uma intenção delituosa. pena será aumentada até metade, na
hipótese de ter sido previsível o resultado
Ins gar: É o ato de reforçar, es mular a mais grave.
preexistente resolução delituosa. Pode
ocorrer mediante reforço da resolução do a) se algum dos concorrentes quis par cipar de crime
executor cometer o delito, em promessa de menos grave a ele será aplicada a pena do crime
ajuda material ou moral após o crime. menos grave;
OBS: Não existe par cipação genérica. A incitação a b) se o crime ocorrido, diverso do combinado, era
pessoas indeterminadas gera a prá ca do po de previsível, a pena do crime menos grave é aumentada
incitação ao crime (art. 286 do CP). até metade;
Destaca-se que não se admite o auxílio posterior a Conclusão: Beltrano responde pelo art. 157 + 213.
consumação, salvo se ajustado previamente. Em Fulano, responderá pelo art. 157 se o estupro não era
suma, o auxílio deve ocorrer durante os atos previsível, entretanto, se o estupro era previsível vai
preparatórios ou executórios. responder pelo art. 157 + aumento de metade da
pena. Mas se o estupro foi previsto por Fulano, tendo
ele aceitado, vai responder pelo art. 157 + 213.
Art. 29, § 1º - Se a par cipação for de menor Crí.ca: É injusta, pois se o parUcipe induz outrem a
agir em legí ma defesa só o parUcipe responde.
importância, a pena pode ser diminuída de um
sexto a um terço.
2ª Teoria da acessoriedade MÉDIA / LIMITADA: para
É concurso de pessoas, ou seja, o agente responde punir o parUcipe, basta que o fato principal seja Upico
pelo crime pra cado pelo autor com a pena diminuída e ilícito (injusto penal). Ex: Fulano par cipa de fato
de um sexto a um terço. pra cado por menor. (PREVALECE)
TIPOS ou ESPÉCIES DE PENAS: LEP. Lei 7.210/84. Art. 31. O condenado à pena
priva va de liberdade está obrigado ao
A CRFB/88 em seu art. 5º, XLVI, enuncia, pelo menos, trabalho na medida de suas ap dões e
cincos penas PERMITIDAS no nosso ordenamento capacidade.
jurídico:
LEP. Lei 7.210/84. Art. 39. Cons tuem deveres
CF. Art. 5º, XLVI - a lei regulará a do condenado:
individualização da pena e adotará, entre
outras, as seguintes: V - execução do trabalho, das tarefas e das
a) privação ou restrição da liberdade; ordens recebidas;
b) perda de bens;
c) multa;
Na proibição a pena de banimento (d), devemos O estrangeiro é considerado irregular quando
atentar que este não se confunde com extradição, entra em território nacional sem o visto, ou
expulsão e deportação. com este expirado, e também quando ver
visto de turista e exerça a vidade labora va
a) Banimento: Também chamado de desterro é
remunerada. A deportação não requer
uma medida compulsória pela qual o apenado
inquérito ou sentença judicial para ser
perde o direito a nacionalidade de um país,
executada pelo órgão competente (Polícia
passando a ser um apátrida. Ocorre no caso do
Federal).
cidadão nacional que cometer crime cuja pena
é ser mandado embora do seu país de origem,
ou seja, é a proibição de residir no país de
O Código Penal, atento às vedações de ordem
origem e exercer seus direitos de cidadania. É
cons tucional, em seu art. 32, adotou a seguinte
vedada expressamente pela nossa cons tuição.
classificação para as sanções penais:
b) Extradição: É um ato de cooperação
CP. Art. 32 - As penas são:
internacional que consiste na entrega de uma
I - priva vas de liberdade;
pessoa, acusada ou condenada (foragido) por
II - restri vas de direitos;
um ou mais crimes, ao país que a reclama
III - de multa.
(requerente). É importante ressaltar
a extradição exige decretação ou condenação
de pena priva va de liberdade. São necessários Para as penas priva.vas de liberdade, previu o Código
requisitos para sua execução como a chamada Penal as sanções de reclusão e detenção (a Lei das
“dupla picidade” (o fato é crime também no Contravenções acrescentou a prisão simples).
Brasil), tratado entre os países, autorização do Para as penas restri.vas de direitos, um rol mais
STF e ordem expedida pelo Presidente da extenso, previsto no ar go 43, e a pecuniária, fixada
República. Não é cabível aos brasileiros natos pelo critério dos dias-multa.
nem aos estrangeiros por crimes polí cos ou de
opinião. CP. Art. 43. As penas restri vas de direitos são:
I - prestação pecuniária;
CF. Art. 5º. LI - nenhum brasileiro será II - perda de bens e valores;
extraditado, salvo o naturalizado, em caso de III - limitação de fim de semana.
crime comum, pra cado antes da IV - prestação de serviço à comunidade ou a
naturalização, ou de comprovado envolvimento en dades públicas;
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas V - interdição temporária de direitos;
afins, na forma da lei; VI - limitação de fim de semana.
LII - não será concedida extradição de
estrangeiro por crime polí co ou de opinião; Do art. 44 do CP podemos extrair as caracterís cas
fundamentais das penas restri vas de direitos
(previstas no CP): Subs.tu.vidade e Autonomia.
c) Expulsão: Aplica-se ao estrangeiro que atentar
contra a segurança nacional, a ordem polí ca
ou social, a tranquilidade ou moralidade pública CP. Art. 44. As penas restri vas de direitos são
e a economia popular, ou cujo procedimento o autônomas e subs tuem as priva vas de
torne nocivo à conveniência e aos interesses liberdade, quando:
nacionais. Diferentemente da extradição, se
funda em delitos pra cados dentro do território I – aplicada pena priva va de liberdade não
nacional. Uma vez expulso, o estrangeiro está superior a quatro anos e o crime não for
impedido de retornar ao nosso país, exceto se come do com violência ou grave ameaça à
revogada a Portaria que determinou a medida. pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada,
É vedada quando o estrangeiro ver cônjuge ou se o crime for culposo;
filho brasileiro que dependa de sua guarda (não II – o réu não for reincidente em crime doloso;
se aplica a adoção posterior ao fato que o
mo var). III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta
social e a personalidade do condenado, bem
d) Deportação: É a devolução compulsória, ao como os mo vos e as circunstâncias indicarem
Estado de sua nacionalidade ou procedência, de que essa subs tuição seja suficiente.
um estrangeiro que entra ou permanece
irregularmente no território nacional, caso este § 1º. (VETADO)
não se re re voluntariamente no prazo fixado.
§ 2º. Na condenação igual ou inferior a um ano, ou aberto, salvo necessidade de transferência a
a subs tuição pode ser feita por multa ou por regime fechado.
uma pena restri va de direitos; se superior a
um ano, a pena priva va de liberdade pode ser
subs tuída por uma pena restri va de direitos e APLICAÇÃO DA PENA
multa ou por duas restri vas de direitos. É a vidade exclusiva do Poder Judiciário (não admite
§ 3º. Se o condenado for reincidente, o juiz delegação), que consiste em fixá-la na sentença ou no
poderá aplicar a subs tuição, desde que, em acórdão, em quan dade determinada, depois de
face de condenação anterior, a medida seja respeitado o devido processo legal (contraditório,
socialmente recomendável e a reincidência não ampla defesa), àquele que se envolveu na prá ca de
se tenha operado em virtude da prá ca do uma infração penal.
mesmo crime.
PRESSUPOSTO: É a culpabilidade, e seus
§ 4º. A pena restri va de direitos converte-se elementos (imputabilidade, potencial consciência da
em priva va de liberdade quando ocorrer o ilicitude e exigibilidade de conduta diversa).
descumprimento injus ficado da restrição
imposta. No cálculo da pena priva va de SISTEMA ou CRITÉRIO: Em relação à pena priva va
liberdade a executar será deduzido o tempo de liberdade, o Brasil adota o sistema trifásico, nos
cumprido da pena restri va de direitos, termos do art. 68 do CP:
respeitado o saldo mínimo de trinta dias de
detenção ou reclusão. CP. Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se
§ 5º. Sobrevindo condenação a pena priva va ao critério do art. 59 deste Código; em seguida
de liberdade, por outro crime, o juiz da serão consideradas as circunstâncias atenuantes e
execução penal decidirá sobre a conversão, agravantes; por úl mo, as causas de diminuição e
podendo deixar de aplicá-la se for possível ao de aumento.
condenado cumprir a pena subs tu va
- 1ª FASE: pena-base: análises das circunstâncias
anterior. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
judiciais do art. 59, CP:
A pena de multa é de natureza pecuniária e o seu CP. Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos
cálculo é elaborado considerando-se o sistema de antecedentes, à conduta social, à personalidade do
dias-multa, que poderá variar entre um mínimo de 10 agente, aos mo vos, às circunstâncias e
(dez) ao máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias- conseqüências do crime, bem como ao
multa, sendo que o valor correspondente a cada dia- comportamento da ví ma, estabelecerá, conforme
multa será de 1/30 do valor do salário mínimo vigente seja necessário e suficiente para reprovação e
à época dos fatos até 5 (cinco) vezes esse valor. prevenção do crime:
Poderá o juiz, contudo, verificando a capacidade I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
econômica do réu, triplicar o valor do dia-multa, II - a quan dade de pena aplicável, dentro dos
segundo a norma con da no § 1º do art. 60 do Código limites previstos;
Penal. III - o regime inicial de cumprimento da pena
priva va de liberdade;
PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE:
IV - a subs tuição da pena priva va da liberdade
Pena Priva va de Liberdade é a modalidade de sanção aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
penal que re ra do condenado seu direito de
locomoção, em razão da prisão pro tempo Na fixação da pena-base, é preciso respeitar o
determinado. princípio da proporcionalidade. Todo crime possui
uma pena mínima e uma pena máxima, por exemplo,
As penas de reclusão e detenção são as duas espécies
6 anos a 20 anos. Quando todas as circunstâncias
de penas priva.vas de liberdade previstas para os
judiciais são favoráveis, o juiz aplica a pena-base no
crimes ao passo que a prisão simples é reservada às
mínimo legal. De outro lado, quando todas as
contravenções penais (art. 5º, I, Da LCP). O caput do
circunstâncias são desfavoráveis, irá aplicar a pena no
art. 33 do CP dispões sobre as diferenças entre
máximo legal. Nessa fase o juiz não poderá aplicar
detenção e reclusão:
pena menor que a mínima e maior que a máxima.
CP. Art. 33 - A pena de reclusão deve ser
cumprida em regime fechado, semi-aberto ou - Como visto, há no art. 59 do CP oito (08)
aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, circunstâncias judiciais / inominadas:
a) Culpabilidade (graus fixados pela j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou
proporcionalidade); qualquer calamidade pública, ou de desgraça
par cular do ofendido;
b) Antecedentes (condenações defini vas anteriores);
l) em estado de embriaguez preordenada.
c) Conduta social (no meio familiar, ambiente de
trabalho, relacionamentos e etc.); CP. Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação
d) Personalidade do agente (agressividade, ambição, ao agente que:
desones dade, insensibilidade etc.); I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou
dirige a a vidade dos demais agentes;
e) Mo vos do crime (razões que o levaram a pra car II - coage ou induz outrem à execução material do
a infração penal); crime;
f) Circunstância do crime (modus operandi, como III - ins ga ou determina a cometer o crime alguém
pos e meios u lizados, tempo, lugar etc.); sujeito à sua autoridade ou não punível em virtude de
condição ou qualidade pessoal; (esse ‘não punível’
g) Consequência do crime (Efeitos decorrentes do não significa não culpável! O fato deve ser Dpico,
crime para ví mas, familiares etc.); ilícito e culpável, mas em virtude de uma condição ou
h) Comportamento da ví ma (se a ví ma de algum qualidade pessoal não será punível, como nas escusas
modo contribuiu ou facilitou a ação). absolutórias ou imunidades penais de caráter pessoal
previstas no art. 181 do CP)
Sete (07) circunstâncias podem ser favoráveis ou IV - executa o crime, ou nele par cipa, mediante paga
desfavoráveis ao réu. Contudo, o comportamento da ou promessa de recompensa.
ví ma irá favorecer o réu ou será neutra, NUNCA irá
ser desfavorável.
b) Atenuantes genéricas: Previstas nos arts. 65 e 66
- 2ª FASE: atenuantes e agravantes: o juiz u liza as do CP, em rol exemplifica vo:
atenuantes e as agravantes, que podem ser genéricas
ou específicas. CP. Art. 65 - São circunstâncias que sempre ATENUAM
a pena:
a) Agravantes genéricas: Previstas no rol taxa vo dos I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do
arts. 61 e 62 do CP: fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da
sentença;
CP. Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam
a pena, quando não cons tuem ou qualificam o crime: II - o desconhecimento da lei;
I - a reincidência; III - ter o agente:
II - ter o agente come(do o crime:
a) por mo vo fú l ou torpe; a) come do o crime por mo vo de relevante valor
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, social ou moral;
a impunidade ou vantagem de outro crime; b) procurado, por sua espontânea vontade e com
c) à traição, de emboscada, ou mediante eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe
dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou as consequências, ou ter, antes do julgamento,
tornou impossível a defesa do ofendido; reparado o dano; (não se confunde com
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura arrependimento eficaz – em que EVITA A
ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia CONSUMAÇÃO do crime – nem com arrependimento
resultar perigo comum; posterior – neste a reparação é feita ATÉ O
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge RECEBIMENTO DA DENUNCIA OU QUEIXA, no caso em
(ver exceções dos crimes contra patrimônio: “escusas tela é feita depois, mas antes do julgamento).
absolutórias”);
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de c) come do o crime sob coação a que podia resis r,
relações domés cas, de coabitação ou de ou em cumprimento de ordem de autoridade superior,
hospitalidade, ou com violência contra a mulher na ou sob a influência de violenta emoção, provocada
forma da lei específica; por ato injusto da ví ma;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente d) confessado espontaneamente, perante a
a cargo, oUcio, ministério ou profissão; autoridade, a autoria do crime;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos,
e) come do o crime sob a influência de mul dão em
enfermo ou mulher grávida;
tumulto, se não o provocou.
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção
da autoridade;
CP. Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em os limites legais, ou seja, pode ser menor que a
razão de circunstância relevante, anterior ou posterior mínima e maior que a máxima, tendo em vista que
ao crime, embora não prevista expressamente em lei. olegislador expressamente indica o quanto da pena
(OBS: São as chamadas atenuantes inominadas. Aqui será diminuída ou aumentada. Ex: homicídio com
entra também a teoria da coculpabilidade de causa de diminuição de pena
Zaffaroni).
CP. Art. 121. § 1º Se o agente comete o crime
impelido por mo vo de relevante valor social ou
c) Agravantes e atenuantes específicas: previstas na moral, ou sob o domínio de violenta emoção,
parte especial do Código Penal e, sobretudo, na logo em seguida a injusta provocação da
legislação extravagante, sendo aplicáveis para crimes ví ma, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a
específicos. Ex: art. 298, CTB: um terço.
CP. Art. 69 - Quando o agente, mediante mais 2) CONCURSO FORMAL: Também chamado de
de uma ação ou omissão, pra ca dois ou mais “concurso ideal” é a espécie de concurso de crimes,
crimes, idên cos ou não, aplicam-se prevista no art. 70 do CP, que se verifica quando o
cumula vamente as penas priva vas de agente mediante uma única ação ou omissão pra.ca
liberdade em que haja incorrido. No caso de dois ou mais crimes idên cos ou não.
aplicação cumula va de penas de reclusão e de
detenção, executa-se primeiro aquela. CP. Art. 70 - Quando o agente, mediante uma
só ação ou omissão, pra ca dois ou mais
§ 1º - Na hipótese deste ar go, quando ao
crimes, idên cos ou não, aplica-se-lhe a mais
agente ver sido aplicada pena priva va de
grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente
liberdade, não suspensa, por um dos crimes,
uma delas, mas aumentada, em qualquer caso,
para os demais será incabível a subs tuição de
de um sexto até metade. As penas aplicam-se,
que trata o art. 44 deste Código.
entretanto, cumula vamente, se a ação ou
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restri vas omissão é dolosa e os crimes concorrentes
de direitos, o condenado cumprirá resultam de desígnios autônomos, consoante o
simultaneamente as que forem compaDveis disposto no ar go anterior.
entre si e sucessivamente as demais. Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a
No concurso material (também chamado de concurso que seria cabível pela regra do art. 69 deste
real) o juiz aplica cada uma das penas separadamente, Código.
- ESPÉCIES:
d) Concurso Formal Imperfeito ou Impróprio: a
a) Concurso Formal Homogêneo: Caracterizado pluralidade de resultados emana de desígnios
pela prá ca de crimes idên cos. Por exemplo, o autônomos. Por exemplo, agente que mata
agente, dirigindo de forma imprudente, mulher que sabia estar grávida, responderá por
atropela e mata duas pessoas. homicídio doloso e aborto provocado por
terceiros em dolo eventual, ou seja, existe dolo
b) Concurso Formal Heterogêneo: Os crimes do agente na produção de ambos os crimes.
pra cados pelo agente são diversos. Por Previsto na parte final do caput do art. 70.
exemplo, o agente, dirigindo de forma
imprudente, atropela, mata uma pessoa e fere
outra. CP. Art. 70 – (...)As penas aplicam-se,
entretanto, cumula vamente, se a ação ou
omissão é dolosa e os crimes concorrentes
c) Concurso Formal Perfeito ou Próprio: É aquele
resultam de desígnios autônomos, consoante o
em que não há desígnios autônomos (dolo
disposto no ar go anterior.
autônomo). Ou seja, a pluralidade de crimes
não emana da vontade do agente. Está previsto
na primeira parte do caput, do art. 70, foi criado A aplicação da pena segue o sistema do cumulo
para favorecer o réu. material. Logo, o juiz irá somar as penas de todos os
crimes pra cados pelo agente.
CP. Art. 70 - Quando o agente, mediante uma
só ação ou omissão, pra ca dois ou mais ATENÇÃO: A dis nção entre o concurso formal
crimes, idên cos ou não, aplica-se-lhe a mais próprio e o impróprio relaciona-se com o elemento
grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente subje vo do agente, ou seja, a existência ou não de
uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, desígnios autônomos.
de um sexto até metade (...).
A expressão “desígnios autônomos” refere-se a
qualquer forma de dolo, seja ele direto ou eventual.
Pode ocorrer nas seguintes situações: Vale dizer, o dolo eventual também representa o
endereçamento da vontade do agente, pois ele,
- Crimes culposos: o agente não quis nem assumiu o
embora vislumbrando a possibilidade de ocorrência
risco de cometer nenhum crime, mas os pra cou por
culpa. Ex.: um motorista causa culposamente um de um segundo resultado, não o desejando
acidente de trânsito e mata 10 pessoas. diretamente, mas admi ndo-o, aceita-o. Embora
tenha sido única a conduta, atuando o agente com
- Crime doloso e crime(s) culposo(s): o agente quis ou desígnios autônomos, sua ação criminosa será dirigida
finalis camente (dolosamente) à produção de todos
assumiu o risco de pra car apenas um único crime,
os resultados.
mas, além deste, pra cou outro ou outros crimes por
culpa. Ex.: o agente quis matar alguém, mas, além OBS: Nos termos do art. 70, parágrafo único, a pena
deste, causa a morte de outras três pessoas por culpa. do concurso formal próprio e do crime con nuado,
onde se aplica a exasperação, não poderá exceder a
- Crimes dolosos sem desígnios autônomos: o agente pena que seria cabível pela regra do ar go 69 do
quis pra car apenas um único crime. Seu propósito é Código Penal, ou seja, do cúmulo material. Trata-se do
único, mas, na realidade, pra cou mais de um delito chamado concurso material benéfico ou favorável.
no mesmo contexto lá co, tendo em vista a
diversidade das ví mas. Ex.: o agente, com intenção Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a
de pra car um único crime de roubo, invade a casa de que seria cabível pela regra do art. 69 deste
alguém e comete a subtração de pertences de várias Código.
pessoas que ali se encontravam. Aqui houve ví mas
diversas, com prejuízo psíquico e Csico para todas, Tanto o concurso formal perfeito quanto o crime
tendo sido violados patrimônios dis ntos. con nuado foram criados para favorecer o réu. Por
isso, quando o sistema da exasperação prejudica o
réu, o juiz deve aplicar o cumulo material.
Adota-se o sistema da exasperação. O juiz irá aplicar
apenas uma das penas, qualquer delas, se idên cas ou
Exemplo: o agente, com uma ação, pra cou dois
a mais grave, se diversas, aumentada de 1/6 até
crimes. A mais grave das penas foi fixada em 12 anos
metade.
de reclusão, ao passo que a outra em 1 ano de
detenção. Se aplicado o sistema da exasperação, a) Condições de Tempo: Os tribunais entendem
levando em consideração o aumento mínimo (1/6), a que entre um crime e outro não pode haver
pena será 14 de anos (12 anos + 1/6 de 12 anos). Se intervalo superior a 30 dias;
aplicarmos o sistema do cúmulo material, a pena será
de 13 anos. b) Lugar (Conexão Espacial): Os diversos crimes
parcelares devem ser pra cados na mesma
cidade ou, no máximo, em cidades conUguas,
3) CRIME CONTINUADO ou CONTINUIDADE limítrofes (próximas entre si);
DELITIVA: É a forma de concurso de crimes, prevista
no art. 71 do CP, que se verifica quando o agente, c) Maneira de Execução (Conexão Modal): Os
mediante mais de uma ação ou omissão pra ca dois crimes parcelares devem ter modo de execução
ou mais crimes da mesma espécie e, pela condição do semelhantes (modus operandi), não
lugar, tempo e maneira de execução, os demais são necessariamente idên co. Por exemplo, toda
havidos como con nuação do primeiro. sexta-feira um caixa de banco re ra
determinada quan a do caixa do seu colega.
CP. Art. 71 - Quando o agente, mediante mais
de uma ação ou omissão, pra ca dois ou mais OBS: Não há crime con nuado, por exemplo, entre
crimes da mesma espécie e, pelas condições de um furto mediante escalada (art. 155, § 4º, II, CP) e
tempo, lugar, maneira de execução e outras um furto com emprego de chave falsa (art. 155, § 4º,
semelhantes, devem os subseqüentes ser III, CP).
havidos como con nuação do primeiro, aplica-
se-lhe a pena de um só dos crimes, se idên cas,
ou a mais grave, se diversas, aumentada, em d) Outras semelhantes (Conexão Ocasional):
qualquer caso, de um sexto a dois terços. Refere-se às mesmas oportunidades ou
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra relações surgidas com o crime anterior, ou seja,
ví mas diferentes, come dos com violência ou o crime posterior foi pra cado em função da
grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, facilidade do crime anterior.
considerando a culpabilidade, os antecedentes,
a conduta social e a personalidade do agente, OBS: Não está expressamente prevista no CP, mas
bem como os mo vos e as circunstâncias, como há a previsão de “outras condições
aumentar a pena de um só dos crimes, se semelhantes”, entende-se que a lei faculta ao
idên cas, ou a mais grave, se diversas, até o magistrado exigir a inves gação de circunstâncias que
triplo, observadas as regras do parágrafo único se assemelham às enunciadas para caracterizar o
do art. 70 e do art. 75 deste Código. crime con nuado. Portanto, essa expressão genérica
tem a finalidade de abranger quaisquer outras
Exemplo: João planejou furtar uma caixa contendo 20 circunstâncias das quais se possa deduzir a idéia de
cartuchos de nta para impressora. Para que seu con nuidade deli va.
empregador (ví ma) não percebesse, subtraiu uma
unidade por semana. Na realidade, João pra cou 20
delitos de furto, mas, por uma ficção jurídica, - Unidade de Desígnios: De acordo com a Teoria
considera-se como um único crime. Responderá por Mista ou Obje.vo-Subje.va, além dos requisitos
furto qualificado pelo abuso de confiança (art. 155, § obje vos, elencados pelo art. 71 do CP (tempo, lugar,
4º, II, CP) com a pena aumentada de 1/6 a 2/3. meios de execução), o crime con nuado depende de
um requisito subje vo, qual seja: a unidade de
Essa modalidade de concurso de crimes é baseada na desígnios. Deve haver uma relação subje.va entre os
“Teoria da Ficção Jurídica”, segundo a qual o crime crimes. Inexistente essa ocorrerá “reiteração
con nuado é formado por vários crimes parcelares criminosa”, e não con nuidade criminosa.
que, para fins de aplicação da pena, deve ser
considerado como um único crime. É dizer, se o agente é uma pessoa que faz da prá ca
criminosa sua a vidade constante (criminoso
- Crimes da mesma espécie: São aqueles previstos no profissional), fica evidente que ele não queria pra car
mesmo po penal, e que apresentam a mesma apenas um crime (fracionado), mas sim todos eles,
estrutura jurídica. considerando que o crime se tornou sua profissão.
Desse modo, não se aplica o crime con nuado se
- Similitude de circunstâncias obje.vas: houver habitualidade criminosa (reiteração
criminosa).
quando a pena mínima cominada, seja pelo
somatório, seja pela incidência da majorante,
- ESPÉCIES DE CRIME CONTINUADO E DOSIMETRIA ultrapassar o limite de um (01) ano (Súmula 243 do
DA PENA: STJ). “Não se admite a suspensão condicional do
processo por crime con nuado, se a soma da pena
a) Crime Con.nuado Simples ou Comum: Quando mínima da infração mais grave com o aumento
as penas de todos os crimes são idên cas. Aqui, mínimo de um sexto for superior a um ano" (Súmula
o juiz irá pegar qualquer uma das penas e 723 do STF).
aumentará de um sexto a dois terços (causa de
aumento, incide na terceira fase de aplicação Lei 9099/95. Art. 89. Nos crimes em que a pena
da pena). Ex: vários furtos simples; mínima cominada for igual ou inferior a um
ano, abrangidas ou não por esta Lei, o
b) Crime Con.nuado Qualificado: Aqui as penas Ministério Público, ao oferecer a denúncia,
são dis ntas. O juiz irá u lizar a pena mais poderá propor a suspensão do processo, por
grave e irá aumentá-la de um sexto a dois dois a quatro anos, desde que o acusado não
terços (causa de aumento, incide na terceira esteja sendo processado ou não tenha sido
fase de aplicação da pena). Ex: furto simples condenado por outro crime, presentes os
com um furto qualificado. demais requisitos que autorizariam a suspensão
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
c) Crime Con.nuado Específico: Previsto no
parágrafo único do art. 71, CP:
Culpabilidade
Antecedentes
Conduta social
Personalidade
Mo vos e circunstâncias do crime