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MATERIAL DE APOIO IV

PROFª. PRISCILA GARCIA

AÇÃO PENAL

CONCEITO - É o direito de pedir ao Estado – Juiz a tutela jurisdicional


relacionada ao caso concreto. O Estado trouxe para si a função de
resolver os problemas.

CONDIÇÕES DA AÇÃO = CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE


O direito de ação deve ser exercido de maneira regular. Condições para
o exercício regular do direito de ação.

As condições genéricas da ação penal são:


a) possibilidade jurídica do pedido - o pedido formulado deve
encontrar amparo no ordenamento jurídico.
Ex: oferecimento da denúncia pela prática de crime a um menor de
idade visualiza que o pedido de pena privativa de liberdade é
impossível.

b) legitimidade para agir = “legitimatio ad causam”- é a pertinência


subjetiva da ação. (Quem é que pode ingressar a peça acusatória).
Quem tem legitimidade para o pólo ativo, vai depender da ação penal.
Na ação penal pública de acordo com o art.129, I da CF será o MP, em
se tratando de uma ação penal de iniciativa privada, quem ocupa o pólo
ativo será o ofendido ou seu representante legal.
No pólo passivo é o provável autor do fato delituoso, com mais de 18
anos.

Diante da ilegitimidade do ofendido caberia ao juiz rejeitar a peça


acusatória (art.395, II do CPP. “A denúncia ou queixa será rejeitada
faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação
penal.”)

Outro exemplo, estagiária ofereceu denúncia contra a testemunha.


Percebe-se claramente que essa pessoa não tem legitimidade, deverá
rejeitar a peça acusatória ou extinguir o processo sem julgamento do
mérito.
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PERG.:O que é legitimação ordinária e extraordinária no processo


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penal?
Legitimação ordinária é quando alguém age em nome próprio na
defesa de interesse próprio. Ex: motociclista vítima de acidente
causado por um motorista.

Legitimação extraordinária ou substituição processual é quando


alguém age em nome próprio em interesse alheio.
“Art.18 do CPC ninguém poderá pleitear em nome próprio direito alheio,
salvo quando autorizado por lei.”

PERG.: Quais são as hipóteses de legitimação extraordinária no


processo penal?
1º- ação penal privada: o direito de punir pertence ao Estado, que
outorga ao ofendido a legitimidade para ingressar em juízo.
O ofendido pode perdoar o autor do fato, até o trânsito em julgado,
depois o Estado vai exercer o direito de punir.

2º- ação civil “ex delicto”: quando proposta pelo MP em favor de


vítima pobre (art.68 do CPP).
“Quando o titular do direito do dano for pobre a execução da sentença
condenatória ou ação civil será promovida a seu requerimento pelo
Ministério Público.”

O que é legitimação ativa concorrente?


Mais de uma parte está legalmente autorizada a agir. Quem ajuizar
primeiro afasta a legitimidade do outro.

Há exemplos no processo penal brasileiro?


1º - ação penal privada subsidiária da pública: depois de decorrido o
prazo do MP, tanto a vítima pode oferecer queixa subsidiária, quanto o
MP pode oferecer denúncia.

2º- casos de sucessão processual: morte do ofendido, o direito se


transmite ao cônjuge/ companheiro, ascendente, descendente ou irmão
(CADI).
Art.31 do CPP. “No caso de morte ou quando declarado ausente, o
direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge,
ascendente descendente ou irmão.”

c) interesse de agir – não tem muita relevância no processo penal.


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Subdivide-se em necessidade, adequação e utilidade (trinômio).


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Necessidade – no processo penal a necessidade é presumida, pois não
há pena sem processo, salvo nas hipóteses dos juizados (acordo de
transação penal com o MP).

Adequação - também não tem relevância no processo penal, pois a


adequação se resume a uma ação penal condenatória com pedido de
aplicação de sanção penal.

Utilidade – o autor deve demonstrar a eficácia da atividade jurisdicional


para satisfazer seu interesse.

Condição da ação própria do processo penal:


d) justa causa – expressão que tem vários significados no direito.
Como condição da ação, é um lastro probatório mínimo
indispensável para o início de processo penal.
Para instaurar um processo criminal contra alguém, é necessária a
existência de prova da materialidade e de indícios de autoria.
Lastro mínimo de prova que deve fornecer arrimo à acusação, tendo em
vista que a simples instauração de processo penal, já atinge o chamado
status dignitatis do imputado.
Tal arrimo de prova nos é fornecido pelo IP ou pelas peças de
informações que devem acompanhar a acusação penal.

Para as condições gerais da ação penal são:


a)Prática de um fato aparentemente criminoso
b)Punibilidade concreta
c)Legitimidade para agir
d) justa causa

CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DA AÇÃO PENAL

São condições que deverão ser implementadas apenas em relação a


alguns processos.

a) Representação do ofendido;
b) Requisição do Ministro da Justiça (crime contra a honra do
Presidente da República);
c) Laudo pericial nos crimes contra a propriedade imaterial: art.525
do CPP, só pode dar início ao processo se estiver o laudo.
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d) Laudo preliminar de constatação da natureza da droga: porte,


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tráfico, até mesmo parar a prisão precisa desse laudo.


e) Qualidade de militar no crime de deserção.

CONDIÇÃO DE PROSSEGUIBILIDADE

Condição de procedibilidade X condição de prosseguibilidade.


CONDIÇÃO DE CONDIÇÃO DE
PROCEDIBILIDADE PROSSEGUIBILIDADE
É condição da ação, é uma O processo já está em andamento.
condição necessária para o início
do processo. A condição é necessária para que
o processo possa prosseguir.
O processo ainda não começou, e
precisa dessa condição para que o
processo comece.

Lesão corporal leve e culposa


Com o advento da Lei 9.099/95 a lesão corporal leve e culposa
passaram a ser de espécie de ação penal pública condicionada a
representação.
“Art.88 da Lei 9.099/95. Além das hipóteses do CP e legislação penal
dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões
corporais leves e lesões culposas.”

A Lei 9.99/95, no art.91 diz que nos casos que a lei exigir
representação para a propositura ação penal pública, o ofendido ou seu
representante legal será intimado para representar o autor do delito.
Desta forma, os crimes de lesão corporal leve e culposa estão na regra.
“Art.91 da Lei 9.099/95. Nos casos que esta lei passa a exigir
representação para a propositura da ação penal publica o ofendido ou
seu representante legal será intimado para oferece-la no prazo de 30
dias.

Na Lei dos Juizados, a representação tem a seguinte natureza jurídica:


para os processos que ainda não estavam em andamento, pelos crimes
de lesão leve e lesão culposa, a representação funcionou como
condição de procedibilidade. Para os processos que já estavam em
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andamento a representação funcionou como uma condição de


prosseguibilidade (art.91).
Processos criminais em andamento pelo crime de estupro com
violência real.
Tiveram alterações os crimes sexuais, a lei 12.015/09 provocou
alterações.
Antes da lei 12.015/09 estupro com violência real (instrumento para
vencer a resistência da vítima) a espécie de ação penal pública era
incondicionada, de acordo com a Súmula 608 do STF: “no crime de
estupro praticado mediante violência real a ação penal é publica
incondicionada.”

Depois da Lei 12.015/09, data da vigência 07 de agosto de 2009 houve


uma alteração em relação a essa matéria, o art.225 diz que vai
depender de representação.
“Nos crimes definidos nos capítulos I e II procede-se mediante ação
penal pública condicionada representação.
Parágrafo único: procede-se, entretanto, mediante ação incondicionada,
se a vítima é menor de idade 18 anos.”

PERG.:É necessária representação para os processos que já estavam


em andamento com violência real?
Duas correntes:
1ª corrente – (Rogério Sanches, LFG) ao contrário da Lei dos Juizados
(art.91), a Lei 12.015/09 silenciou acerca da necessidade do
oferecimento de representação para os processos que já estavam em
andamento. Portanto, a representação não é uma condição de
prosseguibilidade.

2ª corrente – (Guilherme de Souza Nucci) a representação passou a ser


uma condição de prosseguibilidade para os processos penais que
estavam em andamento quando entrou em vigor a lei 12.015/09 em
relação ao crime de estupro com violência real.
O juiz deverá intimar a vítima para que esta demonstre sua vontade de
representar o acusado. Caso não haja a representação, na teoria o juiz
teria que julgar extinta punibilidade do acusado. No entanto, na prática o
juiz pegará qualquer atitude da vítima, para validar essa representação.

CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS


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AÇÃO PENAL PÚBLICA


Titular é o MP, art.129, I da CF. A peça acusatória é a denúncia.
Dentro de ação penal pública têm as seguintes espécies: pública
incondicionada, pública condicionada e pública subsidiária da
pública.

OBS.: Ação penal quando o crime for praticado em detrimento do


patrimônio ou interesses da União, Estado e Município – a ação
será sempre pública (art. 24, §2º, do CPP).

Ação pública incondicionada – o MP não depende do implemento de


condição. É a regra.

Ação pública condicionada – depende do implemento de condição


específica de procedibilidade. A grande tendência é usar essa espécie,
os delitos mais recentes vêm adotando essa espécie. Essa espécie
consegue conjugar a vontade da vítima e a ação do MP.
A Posteriori – probabilidade de todos os crimes sem violência, serem
ações condicionadas a representação.

Ação pública subsidiária da pública – teria duas modalidades, são as


seguintes:

Art.2º, §2º do decreto lei 201/67: o PGR assume as atribuições do


promotor estadual diante da inércia desse último. O promotor estadual
não fazendo nada, passa para o procurador geral da União.
Para a doutrina esse dispositivo não foi recepcionado pela CF/88, pois
atenta a autonomia dos Ministérios Públicos estaduais.
Não há hierarquia entre Ministério Público estadual e da União, estão
lado a lado.

Art.357, §3º e §4º do Código Eleitoral: as atribuições passam para o


Procurador Regional. Dispositivo válido.

AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA


Titular é o ofendido ou seu representante legal.
A peca acusatória é a queixa crime.

As espécies de ação penal pública de iniciativa privada são:


a) personalíssima – somente o ofendido pode oferecer queixa crime.
Não há sucessão processual.
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Ex: antes de 2005, adultério, não existe mais “Abolitio criminis”


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Ex: art.236 do CP induzimento a erro essencial e ocultação de
impedimento, em seu parágrafo único diz que depende do contraente
enganado propor a queixa crime.

b)exclusivamente privada – é a regra em relação a ação penal de


iniciativa privada. Há sucessão processual.

c)privada subsidiária da pública – cabível diante da inércia do MP.

O art.100 até 106 do CP classifica as ações penais.

Art.100. A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a


declara privativa do ofendido.
§1º. A ação pública é promovida pelo MP, dependendo, quando a
lei exige, de representação do ofendido ou da requisição do Ministro da
Justiça.
§2º. A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do
ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.
§3º. A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de
ação pública, se o MP não oferecer denúncia no prazo legal.
§4º. No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado
ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de
prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendentes, descendentes ou
irmão.

PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL

AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL PRIVADA


Inércia da Jurisdição Inér cia da Jurisdição
“Ne bis in idem” “Ne bis in idem”
Intranscendência Intranscendência
Obrigatoriedade Oportunidade/ Conveniência
Indisponibilidade Disponibilidade
Divisibilidade Indivisibilidade

1- INÉRCIA DA JURISDIÇÃO
Ao juiz não é dado iniciar o processo de ofício, em virtude da adoção do
sistema acusatório. O papel do juiz é permanecer parado, aguardando
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ser provocado. Esse princípio deriva do art.129, I da CF. a CF separa as


funções institucionais do MP este deve promover a ação penal.
***Não confundir com concessão de habeas corpus de ofício,
previsão no art.654, §2º do CPP, em que o juiz ou tribunal tomando
conhecimento do constrangimento ilegal que o acusado está sofrendo
em face de seu direito de locomoção pode conceder o HC.

“Art.654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa,


em seu favor ou de outrem, bem como Ministério Público.
§2º. Os juízes e tribunais têm competência para expedir de oficio ordem
de hábeas corpus, quando no curso do processo verificarem que
alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação legal.”

2 – “NE BIS IN IDEM”


O princípio “ne bis in idem” tem previsão na Convenção Americana, no
art.8º, §4º, Pacto San José da Costa Rica.
No direito material quer dizer que ninguém pode ser punido duas vezes
pelo mesmo fato delituoso. No direito processual ninguém pode ser
processado duas vezes pela mesma imputação.

3- INTRANSCENDÊNCIA
A ação penal só pode ser proposta em face do provável autor do delito.
Responsabilidade pessoal.

4- OBRIGATORIEDADE OU LEGALIDADE PROCESSUAL


Presentes as condições da ação penal e havendo lastro probatório
suficiente, o MP é obrigado a oferecer denúncia. Não há
discricionariedade para o oferecimento da denúncia.
De acordo com a doutrina tem previsão expressa no art.24 do CPP.
“Art.24. Nos crimes de ação penal pública será promovida por
denúncia do MP, mas dependerá, quando a lei exigir, de requisição do
Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver
qualidade para representa-lo.”

A doutrina diz que o princípio da obrigatoriedade há exceções, como:


1ª) transação penal – acordo entre MP e o autor do delito, será imposta
ao autor uma pena restritiva de direitos ou pena de multa.
Para a doutrina na transação penal o princípio da obrigatoriedade é
mitigado ou ainda chamado de discricionariedade regrada, pois o
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promotor vai conceder a transação, mas não tem ampla liberdade, pois
deve obedecer a lei 9.099/95.
2ª) termo de ajustamento de conduta nos crimes ambientais – a
celebração desse termo não impede o oferecimento de denúncia caso
haja a reiteração da conduta delituosa. (HC 92.921/STF)

3ª) Acordo de Leniência conhecido como Acordo de Brandura ou Doçura


– é uma espécie de delação premiada em crimes contra a ordem
econômica. Previsão legal nos art.35-B e 34- C da Lei 8.884/94.

4ª) Parcelamento do débito tributário (art.9ºda Lei 10.684/03) - a


prescrição e o processo ficam suspensos, se o processo ainda não
começou o MP não pode oferecer denúncia.

5- OPORTUNIDADE OU CONVENIÊNCIA
Mediante critérios próprios de oportunidade ou conveniência, o ofendido
pode optar pelo oferecimento ou não da queixa crime.
Se o ofendido não tem interesse em oferecer queixa crime poderá fazê-
lo da seguinte forma: decadência ou renúncia do direito de queixa.

6- INDISPONIBILIDADE
É um desdobramento do Princípio da Obrigatoriedade. O MP não pode
desistir da ação penal pública e nem de recurso que haja interposto.
O promotor pode até pedir a absolvição, mas não pode desistir do
processo. Previsão nos arts. 42 e 576 do CPP.

Exceção:
Art.89 da Lei 9.099/95 - Suspensão condicional do processo, quando o
crime tiver pena mínima igual ou inferior a 1 ano, o autor do delito faz
um acordo com o promotor e terá de cumprir certas condições e ao final
do prazo estará extinta a punibilidade.
Cabe para qualquer delito, mesmo que não seja da competência do
Juizado, como por exemplo, o furto simples.

7 – DISPONIBILIDADE
É um desdobramento do Princípio da Oportunidade. O querelante pode
dispor do processo. Ele pode até mesmo não dar início ao processo.
Instrumentos para dispor do processo em andamento:
- perdão do ofendido que depende de sua aceitação;
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- perempção ou
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- desistência da ação.
8 – INDIVISIBILIDADE
O processo de um obriga ao processo de todos, ou seja, a vítima não é
obrigada a processar ninguém, mas se quiser terá de processar todos
os supostos autores do delito. Previsão no art.48 do CPP.

9 – DIVISIBILIDADE
O MP pode denunciar alguns co-réus, sem prejuízo do prosseguimento
das investigações em relação aos outros.
(REsp 388.473)

AÇÃO PENAL DOS CRIMES CONTRA A HONRA


Em regra, a espécie de ação penal é de iniciativa privada.

Quais são as exceções a essa regra?


1ª) contra a honra do Presidente da República ou do chefe de governo
estrangeiro – condicionada a requisição do Ministro da Justiça.

2ª) contra a honra do servidor público em razão de suas funções – a


legitimação é alternativa, se o ofendido oferecer representação ao MP,
estará preclusa a opção pela ação penal de iniciativa privada, por outro
lado, enquanto não oferecida a representação, a única opção possível é
a ação penal privada. Súmula 714 do STF.

3ª) injúria real, previsão no art. 140, §2º do CP – é quando o acusado


ofende a dignidade da pessoa com violência ou vias de fato. Para saber
qual será a espécie de ação penal deve saber como foi praticada a
injuria real, se praticada mediante vias de fato, a ação penal será de
iniciativa privada, e se praticada mediante lesão corporal leve será
condicionada a representação do ofendido.

4ª) injúria racial ou preconceituosa, previsão no art.140, §3º – ofende a


honra utilizando elementos referentes à raça, etnia, cor, religião, origem
ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.
O art. sofreu alterações, antes da Lei 12.033/09 era de iniciativa privada,
agora é condicionada a representação.
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Obs: Não confundir injúria racial/preconceituosa com o delito de racismo


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(Lei 7.716/89), que é uma oposição indistinta toda uma raça, cor, etnia,
religião ou procedência nacional. É difícil de ser comprovado. O crime
de racismo é pública incondicionada.

“Art.145 do CP. Nos crimes previstos neste Capítulo somente se


procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art.140, §2º, da
violência resulta lesão corporal.”

AÇÃO PENAL NOS CRIMES AMBIENTAIS


É pública incondicionada.

O MP pode oferecer denúncia contra pessoa jurídica?


De acordo com a teoria da dupla imputação é possível o oferecimento
de denúncia em face de pessoa jurídica, desde que haja a imputação
simultânea a pessoa física que atue em seu nome ou benefício.

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

ANTES DA LEI 12.015/09 DEPOIS DA LEI 12.015/09


Regra: privada Regra: condicionada a
Exceções: representação.
1)vítima pobre – condicionada a Exceções:
representação, mesmo que 1) contra menor de 18 anos
houvesse Defensoria na comarca. (art.217- A) – incondicionada.

2) abuso de poder familiar – 2) pessoa vulnerável –


incondicionada. incondicionada.

3) emprego de violência real – 3) vítima pobre – condicionada.


incondicionada, de acordo com a
Súmula 608 do STF. 4) emprego de violência real –
condicionada.
4) violência resultar lesão corporal
grave/ morte – incondicionada; 5) violência resultar lesão corporal
grave/ morte – incondicionada.
5) violência presumida – privada.
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O que é pessoa vulnerável?


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Menor de 14 anos, débil mental - é a antiga violência presumida.


**** A nova lei não fala nada sobre a vítima pobre, emprego de violência
real e resultar lesão corporal/ morte.
Nos dois primeiros casos, pela ausência deverá ser aplicada a regra, ou
seja, condicionada a representação da vítima.
Já no crime sexual que resultar lesão corporal grave ou morte, a
doutrina vem entendendo que o estupro é um crime e a violência será
outro crime, portanto, haverá crime complexo, devendo aplicar o art.101
do CP, que será espécie de ação penal publica incondicionada.

AÇÃO PENAL NO CRIME DE LESÃO CORPORAL LEVE PRATICADA


COM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER - Lei
11.340/06

***O delito de lesão corporal leve, uma briga no bar, qual é a espécie de
ação penal?
É crime de ação pública condicionada a representação, por força da Lei
dos Juizados, art.88, 9.099/95.

***E se a lesão corporal leve for violência doméstica contra a mulher?


A Lei 11.340/06 traz uma antinomia entre o art.16 e art.41 (em uma
mesma lei, há artigos contraditórios).
Art.16. Nas ações penais condicionadas a representação da ofendida de
que trata esta lei, só será admitida a renuncia a representação perante o
juiz, audiência...”

Art.41. Aos crimes praticados com violência domestica contra a mulher,


independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei. 9.099/95 de
26 de setembro de 19995.”
Inicialmente prevalecia no STJ, o entendimento que a ação penal seria
pública incondicionada, por força do art.41 da Lei Maria da Penha.
Posteriormente, no entanto, acabou prevalecendo que a ação penal é
pública condicionada a representação, possibilitando a reconciliação do
casal.

REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO
CONCEITO:
Representação é a manifestação da vontade da vítima ou de seu
representante legal no sentido de quem tem interesse na persecução
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penal do fato delituoso.


Vigora o princípio da oportunidade ou conveniência.
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Os tribunais entendem que não é necessário formalismo na hora da
representação.

NATUREZA JURÍDICA:
Em regra, é uma condição específica de procedibilidade.
Exemplos:
- lesão corporal leve;
- crimes sexuais;

Em relação aos processos que já estão em andamento: é condição de


prosseguibilidade.

DIRECIONAMENTO DA REPRESENTAÇÃO:
A quem deve ser encaminhada essa peça?
De acordo com o art.39 do CPP, o direcionamento pode ser feito ao juiz,
MP ou autoridade policial.
“Art.39 do CPP. O direito de representação poderá ser exercido
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais mediante
declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público
ou à autoridade policial.”

PRAZO PARA O OFERECIMENTO DA REPRESENTAÇÃO:


Prazo decadencial de 6 meses.
É prazo penal ou processual?
A contagem do prazo é feita de acordo com o art.10 do CP, ou seja,
prazo penal.

Prazo penal: começa a contar o dia do início.


Prazo processual: prorrogação no final de semana, vai para o dia útil
subseqüente.

Em regra, o prazo decadencial começa a fluir a partir do conhecimento


da autoria.

“Art.38 do CPP. Salvo disposição em contrario, o ofendido, ou seu


representante legal, decairá do direito de queixa ou de representação,
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se não o exercer entro do prazo de seis meses, contado do dia em que


vier a saber quem é o autor do crime, ou no caso do art.29, do dia em
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que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.”


LEGITIMIDADE PARA O OFERECIMENTO DA REPRESENTAÇÃO OU
DA QUEIXA CRIME:

a) pessoa com 18 anos ou mais;

b) vítima menor de 18 anos será seu representante legal;

*Representante legal no Processo Penal é qualquer pessoa que de


alguma forma seja responsável pelo menor.

*Colidência de interesses: diz no art.33 do CPP que deve buscar a


nomeação de um curador especial nomeado de ofício ou requerimento
do MP, juiz, quando houver colidência.

***O curador é obrigado a oferecer queixa?


Prevalece que o curador não é obrigado a oferecer queixa, o próprio
art.33 diz “poderá”, analisa se convém ou não.

c) vítima com menos de 18 anos casada;


Apesar de ter sido emancipada pelo casamento, não dá a ela o direito
de exercer queixa ou representação.
Duas possibilidades: nomeação de curador especial ou esperar
completar 18 anos.

d) morte da vítima
Acontecerá a sucessão processual, o direito da vítima será transmitido
aos seus parentes, de acordo com os arts.24, §1º e 31, ambos do CPP.
Os sucessores são transmitidos ao CADI (cônjuge, ascendente,
descendente e irmão).
Essa ordem é preferencial.

RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO
Retratar-se significa voltar atrás.
A retratação da representação é perfeitamente possível, desde que
ocorra até o oferecimento da peça acusatória.
“Art.25 do CPP. A representação será irretratável, depois de oferecida a
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denúncia.”
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* É possível retratação da retratação da representação?


Prevalece na doutrina o entendimento que é possível, desde que dentro
do prazo decadencial.

* Art.16 da Lei Maria da Penha. “Nas ações penais públicas


condicionadas a representação da ofendida de que trata esta Lei, só
será admitida a renúncia à representação perante o juiz em audiência
especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da
denúncia e ouvido o MP.”
O art.16 usa a expressão renúncia de maneira equivocada, pois na
verdade refere-se à retratação, na medida em que o direito de
representação já havia sido exercido.
Na Lei Maria da Penha essa retratação pode ocorrer até o recebimento
da denúncia.

AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA


Tem previsão constitucional. Art. 5º, LIX da CF, “será admitida ação
privada nos crimes de ação pública se esta não for intentada no prazo
legal.” Só é cabível diante da inércia do MP.
Em regra, só é possível o ajuizamento de queixa subsidiária quando o
delito possuir uma vítima determinada.

Há dois casos em que a própria lei prevê o ajuizamento de ação penal


subsidiária:

1º)O CDC prevê a possibilidade do PROCON e das associações de


defesa dos direitos dos consumidores ajuizarem queixa, (art.80 e 82, III
e IV, ambos do CDC).

2º) Lei 11.101/05 Lei de Falências no art.184.


“Os crimes previstos nesta lei são de ação pública incondicionada.
Parágrafo único. Qualquer credor habilitado e o administrador judicial.”

PODERES DO MP
- O MP pode repudiar a queixa, hipótese que é obrigado a oferecer
denúncia substitutiva.
Pode acontecer isso, mesmo que a queixa esteja em perfeitas
condições, mas terá a obrigação de fazer a denúncia substitutiva,
porque poderia dar idéia de que o MP não quer nenhuma conseqüência.
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- O MP pode aditar a queixa seja para incluir circunstâncias de tempo e


lugar, ou co-autores, ou ainda fatos delituosos.
- se o querelante for negligente, o MP reassume a ação como parte
principal = Ação penal indireta.

“Art.29 CPP - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se
esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao MP aditar a queixa...”

PRAZO PARA O OFERECIMENTO DA QUEIXA SUBSIDIÁRIA


Também é prazo de 6 meses, contados a partir da inércia do MP.
Primeiramente precisa a inércia do MP, para depois começar a contar o
prazo decadencial.

PRAZO PARA OFERECIMENTO DA DENÚNCIA PELO MP

- Oferecimento da denúncia, no caso em que o MP dispensa o IP.- 15


dias (art. 39 §5º CPP)
- Oferecimento da denúncia (réu preso) – 5 dias – contado da data que
o MP recebe os autos do IP (art. 46 CPP).
- Oferecimento da denúncia (réu solto ou afiançado) – 15 dias (art.
46).
O MP deve aditar a denúncia ou queixa, quando encerrada a instrução
probatória, se entender caber nova definição jurídica do fato em
consequência de prova existente nos autos de elemento ou
circunstância da infração penal não contida na acusação – em 5 dias
(art. 384 CPP).

REQUISITOS DA PEÇA ACUSATÓRIA


Os requisitos constam no art.41 do CPP. “A denuncia ou queixa conterá
a exposição do fato criminoso, com todas as circunstancias, a
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa
identificá-lo a classificação......”

1) exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias;


Expor significa narrar o fato delituoso descrevendo: o que ocorreu,
onde ocorreu, como foi praticado, por quem e contra quem foi
praticado.
Denúncia é apenas a narrativa do fato delituoso.
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**** Em crimes culposos, deve o MP descrever em que consistiu a


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imprudência, negligência ou imperícia.


Se o fato não é narrado com todas as suas circunstancias, inviabiliza o
exercício de direito de defesa, causando a inépcia da peça acusatória.
Para a jurisprudência a inépcia só pode ser argüida até o momento da
sentença, sob pena de preclusão, pois se não foi argüida antes, o
acusado já conseguiu se defender.

***Pode oferecer denúncia sem fazer menção ao local do crime?


Se o promotor sabe onde é o local do crime, vai ter que
obrigatoriamente menciona-lo. Não sabendo o local do delito, só
mencionará o que souber. É elemento acidental.

A doutrina faz distinção entre elementos essenciais e elementos


acidentais da peça acusatória.

Elementos essenciais: é aquele que deve constar de toda e


qualquer peça acusatória, pois é necessário para identificar a conduta
do agente com o fato típico.
Não constando esses elementos, a conseqüência será causa de
nulidade absoluta, pois infringe o princípio da ampla defesa.

Elementos acidentais: são aqueles ligados a circunstâncias de


tempo e espaço, cuja ausência nem sempre afeta o exercício do direito
de defesa.
Tendo conhecimento, deve constar na denúncia. Caso o promotor não
saiba, deve mencionar na denúncia isso. Eventual vício a nulidade será
relativa.

***O que vem a ser denúncia genérica?


É aquela que não indica de maneira individualizada a conduta de
cada um dos acusados. Quando tem mais de um acusado, deve
constar na denúncia a conduta de cada um deles individualmente.
É possível individualizar a conduta de cada um dos acusados, mas
acabou não fazendo, inviabiliza o exercício do direito de defesa. O
STF não aceita. (HC 85.327 STF)

2) identificação do acusado;
17

A qualificação do acusado; em regra o acusado será citado


pessoalmente.
Página
Não tendo a qualificação do acusado, pode oferecer denúncia se
valendo de esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo. Se
não tiver todos os dados do acusado, esclarecimentos aos quais pode
identificá-lo.

“Art.41 do CPP. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato


criminoso com todas as suas circunstâncias a qualificação do acusado
ou esclarecimentos ....”

3) Classificação do crime;
Não se trata de requisito obrigatório, no processo penal o acusado se
defende dos fatos que lhe são imputados, pouco importando a
classificação formulada.

EMENDATIO LIBELLI
Ocorre quando o juiz sem modificar a descrição do fato contido na
peça acusatória dá a ele classificação diversa, mesmo que tenha que
aplicar pena mais grave.

MUTATIO LIBELLI
Previsão no art.384 do CPP. Ocorre quando durante a instrução
processual, surge prova de circunstância ou elementar não contida
na peça acusatória. Nesse caso a fim de se preservar contraditório e a
ampla defesa, o MP deve aditar a peça acusatória, ouvindo-se a
defesa em seguida.

EMENDATIO LIBELLI - Art. 383 do MUTATIO LIBELLI – art. 384 do CPP


CPP
Não há alteração em relação ao Durante o curso da instrução
fato delituoso, limitando-se o juiz a
processual, surge uma elementar ou
modificar a classificação
circunstância não contida na peça
formulada na peça acusatória, acusatória. Nessa hipótese, a fim de
ainda que tenha que aplicar pena se evitar violação aos princípios da
mais grave. ampla defesa e da correlação entre
acusação e sentença, deve o MP
aditar a inicial acusatória, ouvindo-
18

se a defesa no prazo de 5 dias.


Página

Ex.: narra a subtração mediante Ex.: narra uma subtração como


fraude (1 a 4) e classifica como indicava os elementos do IP (art. 155).
estelionato (2 a 8). Na instrução, a vítima narra que houve
o uso de violência (ocorreu em
verdade art. 157). A violência não está
contida na denúncia.

Pode o juiz condenar com base na


elementar não descrita na inicial
acusatória? Pode o juiz condenar o
acusado agora pelo crime de roubo?
Não pode causar surpresa ao
acusado. Antes de condenar por
roubo, o MP deve fazer o aditamento
para imputar ao acusado o crime de
roubo. Depois disso será ouvida a
defesa e em seguida o juiz poderá
condenar por roubo.

4) Rol de testemunhas;
Deve constar da peça acusatória quando necessário, sob de
preclusão.
Com base no princípio da busca da verdade é possível que o juiz ouça
as testemunhas como testemunhas do juízo.

O número de testemunhas varia de acordo com o procedimento.


Procedimento comum ordinário = 8
Procedimento comum sumário = 5
Procedimento comum sumaríssimo (Juizado) = 3

5) peça acusatória redigida em português;


O processo tem natureza pública, não podendo, portanto, ser
denunciado em outra língua a não ser em português. Deve ser ainda de
maneira concisa.

6) peça acusatória deve ser subscrita pelo promotor ou pelo


advogado do querelante.

Os requisitos até agora estudados eram comuns da denúncia e da


queixa.
19

Este se refere apenas a queixa crime: * Procuração na queixa crime:


Página

Deve ser com poderes especiais, a fim de se evitar que o advogado


responda por denunciação caluniosa.
Dessa procuração deve constar o nome do querelado; a menção do
fato criminoso, basta citar a classificação do delito.

“Art.44 do CPP. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes
especiais devendo contar do instrumento do mandato o nome do
querelante e a menção do fato criminoso, salvo...”

PRAZO O OFERECIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA


O CPP só faz menção ao prazo da denúncia, não menciona sobre a
queixa.

PRESO SOLTO
CPP 5 15
TRÁFICO 10 10
CÓDIGO ELEITORAL 10 10
ABUSO DE 48 hrs 48 hrs
AUTORIDADE
CPPM 5 15
ECONOMIA 2 2
POPULAR (Lei nº.
1.521/51)

Consequências da perda do prazo:

- passa a ser cabível a ação penal privada subsidiária da pública.

- em se tratando de acusado preso, caso o excesso seja abusivo a


prisão deve ser objeto de relaxamento, sem prejuízo da
continuidade do processo.

DENÚNCIA ALTERNATIVA
Ocorre quando vários fatos delituosos são imputados de maneira
alternativa ao agente. Não é admitida pela doutrina, pois essa
alternatividade prejudica o exercício do direito de defesa.
20

2 espécies:
Página

1)IMPUTAÇÃO ALTERNATIVA ORIGINÁRIA: Na peça acusatória fatos


delituosos são imputados ao agente de forma alternativa. Ex.: A praticou
furto ou receptação. Essa imputação alternativa originária não pode ser
feita, por violar o p. da ampla defesa.

2)IMPUTAÇÃO ALTERNATIVA SUPERVENIENTE: Ocorre nas


hipóteses de mutatio libelli, quando o MP adita a peça acusatória.
Art. 384, §4º, do CPP - Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar
até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na
sentença, adstrito aos termos do aditamento. (Redação dada pele lei nº.
11.719).

Antes da lei nº. 11.719, entendia-se que nessa hipótese, o juiz poderia
condenar tanto pelo descrito na inicial (originária), como pelo que consta
do aditamento. Antes dessa lei, entendia-se que o acusado poderia ser
condenado tanto pela imputação originária quanto pela imputação
superveniente.
Com a nova redação do art. 384 do CPP o juiz fica vinculado aos
termos do aditamento, afastando-se assim a imputação alternativa.

REJEIÇÃO DA PEÇA ACUSATÓRIA

Art.395 do CPP. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:

a) Inépcia da peça acusatória: não observância dos requisitos


obrigatórios do art.41 do CPP.
b) Quando faltar pressuposto processual ou condição para o
exercício da ação penal - Apesar de o CPP não indicar quais são
os pressupostos processuais, a doutrina (MIRABETTE) os divide
em 02 grupos, a saber:
b.1) Pressupostos de existência –
São pressupostos de existência:
I- Demanda - A demanda no processo penal é
veiculada pela peça acusatória;
II- Juízo Competente e Imparcial;
III- Partes com capacidade para estar em juízo.

b.2) Pressupostos processuais de validade –


Estes pressupostos estão ligados à originalidade da demanda. São
21

pressupostos de validade:
I- Inexistência de litispendência;
Página

II- Inexistência de coisa julgada.


c) Quando faltar Justa Causa para o exercício da ação penal
- Trata-se de ausência de lastro probatório.
- Atualmente, “rejeição” é sinônimo de “não recebimento” da peça
acusatória.

Recurso cabível contra a rejeição:


CPP – RESE (art.581, I).
Lei dos Juizados – apelação (art.82 Lei nº. 9.099/95).

Interposto o RESE pela acusação, o acusado deve ser intimado para


apresentar contrarrazões. Diante de sua inércia aí sim, o juiz poderá
nomear defensor dativo.

Súmula 707 STF. Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado


para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição.....”

RECEBIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA


De acordo com a jurisprudência, o recebimento não precisa ser
fundamentado, salvo quando o procedimento previr defesa preliminar.
Existe em apenas alguns procedimentos:
1 - crimes funcionais afiançáveis;
2 – drogas;
3 - Juizados Especiais Criminais;
5 - ação de improbidade.

A defesa preliminar é apresentada entre o oferecimento e o


recebimento da denúncia, o acusado tem a oportunidade de ser
ouvido antes do recebimento da denúncia.

Momento do recebimento da peça acusatória:

A lei prevê em dois momentos: arts.396 e 399, ambos do CPP.

O STJ diz que o momento é do art.396, ou seja, deve ser recebida


logo após o seu oferecimento, desde que não seja caso de rejeição.
22

(1º julgado HC 138.089)


Página

Essa decisão de recebimento, em rega é irrecorrível.


Exceções:
Impetrar hc objetivando o trancamento do processo é uma medida
excepcional, somente sendo possível nos casos de:
1) manifesta atipicidade;
2) presença de causa extintiva da punibilidade e
3)ausência de justa causa.
O juiz de 1ª instância será a autoridade coatora.

CAUSAS EXTINTIVAS DA PUNIBILIDADE

***Só se aplicam como causas extintivas da punibilidade na ação penal


privada personalíssima e exclusivamente privada. A subsidiária da
pública não.

- RENÚNCIA: é o ato unilateral do ofendido ou de seu representante


legal abrindo mão do direito de ação penal privada. Está ligada ao
princípio da oportunidade ou conveniência. Renúncia não depende de
aceitação. Se manifesta antes do início do processo. Por conta do
princípio da indivisibilidade, renúncia concedida a um, se estende aos
demais coautores.

Duas espécies de renúncia:


Expressa: feita através de uma declaração inequívoca do ofendido.
Tácita: estará presente com a prática incompatível da vontade de
processar.

Renúncia não admite retratação, de acordo com a doutrina.


Quando existir mais de uma vítima, a renúncia feita por uma delas,
não prejudica o direito das demais.

PERDÃO - é o ato pelo qual o querelante desiste de prosseguir com


o processo, perdoando o autor do delito, com a consequente extinção
da punibilidade caso o perdão seja aceito. Ato bilateral, porque vai
depender de aceitação. Está relacionado ao princípio da
disponibilidade da ação penal privada. O perdão é dado durante o
processo, pode ser concedido até o trânsito em julgado da
sentença condenatória, de acordo com o art.106, §2º do CPP. Por
conta do princípio da indivisibilidade, perdão concedido a um dos co-
23

autores estende aos demais, mas desde que haja aceitação. Perdão
concedido de maneira expressa ou de maneira tácita. A aceitação do
Página

perdão também pode ser expressa como também pode ser tácita.
O querelante resolveu perdoar o querelado, este será intimado para
dizer se aceita o perdão, o seu silêncio entende ser aceitação
tácita, de acordo com o art.58 do CPP.
Perdão do ofendido de modo algum se confunde com o perdão judicial
(homicídio culposo – art.121, §5ºdo CP, concedido pelo juiz).

PEREMPÇÃO: é a perda do direito de prosseguir no exercício da


ação penal exclusivamente privada ou personalíssima em virtude
da desídia do querelante. Uma punição dada ao querelante relapso.

Perempção X decadência

Decadência é a perda do direito de dar início ao processo em crimes de


ação penal privada, em virtude do não exercício do direito no prazo
legal.
Perempção o processo já está em andamento.
A perempção não gera a extinção da punibilidade na ação penal privada
subsidiaria da pública, porque na ausência do querelante, o MP
reassume a ação, chamada ação penal indireta.

Hipóteses de perempção, previstas no art.60 do CPP:

ART. 60 CPP – Nos casos em que somente se procede mediante


queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:

I – quando iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento


do processo durante 30 dias seguidos;
Prevalece que o querelante deve ser intimado para avisá-lo de sua
inércia.

II – quando falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade,


não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo
de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo,
ressalvado o disposto no art. 36.
Tem doutrinador que defende que o CADI (sucessão) deve ser intimado,
mas outros dizem que o decurso do prazo é automático, caso não
compareçam a juízo.
24
Página
III- quando o querelante deixar de comparece, sem motivo justificado, a
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de
formular o pedido de condenação nas alegações finais.
No procedimento dos crimes contra a honra, há uma audiência de
conciliação, a ausência do querelante não é causa de perempção é
como se ele não quisesse conciliar somente.

4 - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem


deixar sucessor.

25
Página

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