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DIREITO
PENAL
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4º SEMESTRE
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2021.2
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PROFESSOR: LUIZ QUIRINO ANTUNES GAGO
EMAIL: professorluizquirino@gmail.com
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PLANO DE ENSINO
Professor Especialista Luiz Quirino Antunes Gago
1) Do Furto;
APOSTILA 1 DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL - 4° SEMESTRE
2) Do Roubo;
3) Da extorsão;
5) Da extorsão indireta;
6) Da Usurpação;
7) Do dano;
8) Da apropriação indébita;
10) Da receptação;
1) Do Estupro;
3) Da Importunação sexual;
4) Do Assédio Sexual;
8) Tráfico de pessoas;
9) Disposições gerais.
O patrimônio abrange:
c) os direitos obrigacionais;
d) a posse.
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado
durante o repouso noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa
furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção,
diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra
que tenha valor econômico.
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é
cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou
destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
APOSTILA 1 DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL - 4° SEMESTRE
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se
houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se
o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou
informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a
violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa
malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. (Incluído pela
Lei nº 14.155, de 2021)
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a
relevância do resultado gravoso: (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é
praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território
nacional; (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado
contra idoso ou vulnerável. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de
veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para
o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração
for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido
em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se
a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta
ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou
emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
Objeto Material: A tutela penal no delito de furto tem por objeto material
a coisa móvel.
As coisas de uso comum, como a luz, o ar, a água do mar ou dos rios, em
princípio, também não podem ser objeto material desse delito, salvo se
houver a possibilidade de seu destacamento e aproveitamento de forma
individual.
Móvel: É tudo aquilo que pode ser transportado de um local para outro,
sem separação destrutiva do solo. Os animais e os semoventes estão
sujeitos à apropriação por terceiros.
• Elemento Normativo:
FURTO
Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que
por breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
TENTATIVA
Exemplos:
CONCURSO DE CRIMES
FURTO DE USO
Assim, o furto seria um fato típico, mas não ilícito. Dificuldades financeiras,
desemprego, situação de penúria, por si só, não caracterizam essa
descriminante. É necessário o preenchimento dos requisitos do art. 24 do
CP (atualidade do perigo, involuntariedade, inevitabilidade por outro modo
APOSTILA 1 DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL - 4° SEMESTRE
e inexigibilidade de sacrifício do direito ameaçado). O furto deve ser um
recurso inevitável, uma ação in extremis.
Sim. O bem pode ter valor econômico (troca) ou um valor de uso (sentimental).
Só será aplicável o princípio da insignificância em relação ao valor de troca
(econômico).
(STF – HC/84.687)
(Exercício arbitrário das próprias razões). Ou seja, recai neste delito, aquele que
subtrai coisa alheia para se pagar ou ressarcir de prejuízos.
Art. 312. Apropriar-se o funcionário público Art. 155. Subtrair, para si ou para
de dinheiro, valor ou qualquer outro bem outrem, coisa alheia móvel:
móvel, público ou particular, de que tem a
posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em
proveito próprio ou alheio:
Observação: Ladrão que rouba ou furta ladrão responde pelo delito praticado.
REQUISITOS:
OBSERVAÇÕES
Tabela comparativa:
“Gato” Alteração do sistema de medição
O agente desvia a energia elétrica de sua O agente altera o sistema de medição,
fonte natural por meio de ligação mediante fraude, para que aponte resultado
clandestina, sem passar pelo medidor. menor do que o real consumo.
Trata-se de FURTO. Trata-se de ESTELIONATO.
No furto, a fraude tem por objetivo diminuir A fraude tem por finalidade fazer com que a
a vigilância da vítima e possibilitar a vítima incida em erro e voluntariamente
subtração da coisa (inversão da posse). entregue o objeto ao agente criminoso,
O bem é retirado sem que a vítima perceba baseada em uma falsa percepção da
que está sendo despojada de sua posse. realidade.
A concessionária não sabe que está A concessionária sabe que está fornecendo
fornecendo energia elétrica para aquele energia elétrica para aquele consumidor, mas
indivíduo. Ele está desviando (subtraindo) a a fraude faz com que ela não perceba que ele
energia da rede. está pagando menos do que deveria.
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=> Água. Possibilidade de aplicação do mesmo entendimento.
Observação: o STJ vem entendendo que “Se a coisa visada vale menos que o
obstáculo rompido não incide a qualificadora”.
Observação: haverá necessidade de exame pericial (não poderá ser suprido pela
via testemunhal).
O art. 171 do CPP exige perícia no obstáculo para constatar os danos (vestígios)
nele deixados, por isto é pacífico o entendimento de que a qualificadora só existe
se o obstáculo for de algum modo qualificado.
Por isto, quem consegue somente remover o obstáculo sem danificá-lo responde
por furto simples como, por exemplo, desparafusar o obstáculo.
Como o texto legal não faz distinção a qualificadora se aplica quer o dano recaia
em obstáculo pacífico como, por exemplo, porta, janela, cofre, cadeado, corrente,
etc., quer recaia no obstáculo ativo como, por exemplo, câmera de segurança,
alarme sonoro, cerca eletrificada, etc.
A conclusão acima acaba gerando uma injustiça porque quando o agente arromba
o carro para furtar objetos de seu interior o furto é qualificado (se levasse o carro
inteiro o furto seria simples).
Comentários:
Em um shopping há varias lojas, pela noite o vigia que toma conta de todas
as lojas, subtrai roupas de uma delas. Responde o vigia pela agravante?
Resposta: Não. Pois inexiste vinculação do vigia com a vítima (dono da loja
furtada).
STJ. 5ª Turma. REsp 1.478.648-PR, Rel. para acórdão Min. Newton Trisotto
(desembargador convocado do TJ/SC), julgado em 16/12/2014 (Info 554).
Exemplos:
1. Fraude para desviar a atenção da vítima e, com isso, permitir que o comparsa
subtraia bens da loja sem ser percebido;
4. Fraude para o ladrão conseguir ter acesso ao local do furto (exemplo: colocar
uniforme falso de empresas prestadoras de serviços)
Por sua vez, se o agente clona o cartão ou sorrateiramente faz uma troca de
cartões próximo ao caixa eletrônico e depois faz saques não autorizados, o crime é
o de furto porque o dinheiro foi tirado da conta da vítima - não foi por ela
entregue.
É todo instrumento, com ou sem forma de chave utilizada como dispositivo para
abrir fechadura. São as “mixas”, grampos, gazuas, chave falsificada. Cartão de
hotel. Estará configurada a qualificadora quando a chave for utilizada para a
subtração, no sentido de alcançar a coisa. (STJ – REsp. 284.385).
A ligação direta consistente na junção de fios sobre o painel para dar a partida não
é considerada chave falsa, por não envolver a fechadura ou o local próprio para
ignição do veículo.
Objetivo
O objetivo declarado desse novo parágrafo foi o de punir com mais rigor os furtos
realizados em caixas eletrônicos localizados em agências bancárias ou em
estabelecimentos comerciais (ex: drogarias, postos de gasolina etc.).
Isso porque tem sido cada vez mais comum que grupos criminosos, durante a noite,
explodam caixas eletrônicos para dali retirar o dinheiro depositado.
Dessa forma, o objetivo da lei foi o de, em tese, punir mais severamente o réu.
Com a previsão específica do art. 155, § 4º-A não se pode mais falar em concurso
porque seria bis in idem. Logo, por mais absurdo que pareça, a Lei 13.654/2018
melhorou a situação penal dos indivíduos que praticam ou que praticaram furto a
bancos mediante explosão dos caixas eletrônicos.
Vale ressaltar, inclusive, que os réus que, antes da Lei nº 13.654/2018, foram
condenados por furto qualificado (art. 155, § 4º, I) em concurso formal com explosão
majorada (art. 251, § 2º) poderão pedir a redução da pena imposta, nos termos do
art. 2º, parágrafo único do CP:
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se
aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado.
O que é explosivo?
Explosivo é a substância ou artefato que possa produzir uma explosão, detonação,
propulsão ou efeito pirotécnico.
Para ser considerado artefato explosivo, é necessário que ele seja capaz de gerar
alguma destruição. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. REsp 1627028/SP, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 21/02/2017 (Info 599).
A Lei nº 14.155/2021 promoveu duas alterações no art. 155, que trata sobre
furto:
Depois da Lei nº 14.155/2021: passou a existir um tipo penal específico para tratar
sobre essa hipótese. Trata-se do art. 155, § 4º-B, do CP:
Inciso I
A pena é aumentada em razão de o fato representar, de algum modo, uma ameaça à
soberania nacional. Além disso, essa circunstância acarreta uma maior dificuldade na
identificação e eventual responsabilização penal dos envolvidos, justificando uma
maior reprimenda.
Inciso II
Idoso: o conceito de idoso no Brasil é dado pelo art. 1º da Lei nº 10.741/2003.
Assim, idoso é a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos.
Vulnerável: como não foi dado um conceito específico, deve-se utilizar a definição do
art. 217-A, caput e § 1º, do CP. Desse modo, podem ser considerados vulneráveis:
a) a pessoa menor de 14 anos;
O juiz, no momento da dosimetria, deverá definir qual é a fração de aumento que será
imposta (1/3, 1/2, 2/3 etc.). Essa escolha deverá ser fundamentada e levará em
consideração a “relevância do resultado gravoso”. Assim, por exemplo, se o idoso teve
um prejuízo patrimonial muito elevado, o magistrado poderá utilizar essa
circunstância para impor um aumento no patamar de 2/3.
Elemento subjetivo
Para que o autor responda pelas causas de aumento de pena é indispensável que
exista dolo (consciência e vontade), ou seja, é necessário que o agente saiba que, no
caso concreto, está sendo utilizado um servidor mantido no exterior ou que a vítima
seja idosa ou vulnerável.
“Note-se, por fim, que a majoração da pena pressupõe a ciência das circunstâncias
referidas no § 4º-C. O autor da subtração deve ter conhecimento de que sua conduta
se vale de conexão internacional. Ou deve saber que a vítima é idosa ou vulnerável, o
que nem sempre ocorrerá, em razão das circunstâncias dos crimes cibernéticos, nos
quais muitas vezes o criminoso não tem nenhum contato – nem mesmo remoto – com
sua vítima.” (CUNHA, Rogério Sanches. Lei 14.155/21 e os crimes de fraude digital:
primeiras impressões e reflexos no CP e no CPP. Disponível em
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2021/05/28/lei-14-15521-e-os-
crimes-de-fraude-digital-primeiras-impressoes-e-reflexos-no-cp-e-no-cpp/)
b) Que o agente consiga cruzar a divisa com outro Estado ou a fronteira com outro
país (este requisito decorre da forma como está redigido o dispositivo). Se o
agente furta um veículo (USANDO CHAVE FALSA) a fim de levá-lo para outro
Estado, mas algumas horas depois é preso antes de cruzar a divisa, temos furto
consumado, porém sem a qualificadora do §5º, porque o réu não cruzou a divisa,
o que é um resultado exigido pela lei para a configuração da qualificadora. Deve-
se salientar que, neste caso, o furtador tinha usado uma chave falsa e, por isso,
deverá ser reconhecida a qualificadora da chave falsa. Por outro lado, se o ladrão
conseguisse cruzar a divisa, nasceria a qualificadora do §5º, que, por ter pena
maior, torna inócua e inaplicável a qualificadora da chave falsa.
NOÇÕES GERAIS
Espécies de semoventes:
Abigeato
O § 6º do art. 155 pune mais gravosamente o abigeato, que é o nome
dado pela doutrina para o furto de gado.
Importante destacar que o abigeato abrange não apenas o furto de
bovinos, mas também de outros animais domesticáveis, como caprinos,
suínos etc.
O agente que pratica abigeato é chamado de abigeator.
Não se pode confundir o abigeato com o abacto, que consiste no roubo de
bovinos, ou seja, na subtração mediante violência.
Aqui o agente é punido por furtar uma substância explosiva ou acessório que,
conjunta ou isoladamente, possibilite sua fabricação, montagem ou emprego. Ex:
sujeito que furta uma banana de dinamite.