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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF


Ciclos Método

MATERIAL DE VESPÉRA – RETA FINAL MPF

Fala, pessoal. Tudo bem? Esse material é um carinho da nossa equipe Ciclos, para fazer companhia a vocês nessas
24h que antecedem a prova. Aqui mora um pequeno retrato dos nossos materiais da RETA FINAL MPF, com foco total
nessa prova de banca própria que adora cobrar uns assuntos bem diferentes!

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Bons estudos.

Obs: material de distribuição gratuita. Proibida a venda para qualquer finalidade.

DIREITO CONSTITUCIONAL E METODOLOGIA JURÍDICA ......................................................................................... 3


PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS....................................................................................... 14
DIREITO ELEITORAL ............................................................................................................................................... 30
DIREITO ADMINISTRATIVO.................................................................................................................................... 39
DIREITO AMBIENTAL ............................................................................................................................................. 47
DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO ..................................................................................................................... 51
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO .................................................................................................... 61
DIREITO ECONÔMICO E DIREITO DO CONSUMIDOR ............................................................................................ 68
DIREITO CIVIL ........................................................................................................................................................ 73
DIREITO PROCESSUAL CIVIL .................................................................................................................................. 80
DIREITO PENAL ...................................................................................................................................................... 87

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DIREITO PROCESSUAL PENAL .............................................................................................................................. 101

DIREITO CONSTITUCIONAL E METODOLOGIA JURÍDICA

O neoconstitucionalismo é uma visão contemporânea, pós 2ª Guerra Mundial, com nova perspectiva em relação
ao constitucionalismo, também chamado de constitucionalismo pós-moderno, ou, ainda, pós-positivismo. Busca
não apenas atrelar o constitucionalismo à ideia de limitação do poder político, mas dar eficácia a Constituição,
deixando de ser percebida como um texto de caráter meramente retórico e passando a ser mais efetivo. Tem
como uma de suas marcas a concretização das prestações materiais prometidas pela sociedade, servindo como
ferramenta para a implantação de um Estado Democrático Social de Direito.

Em resumo, suas principais ideias são:


➔ Formação do Estado Constitucional de Direito;
➔ Reconhecimento da força normativa da Constituição;
➔ Constituição no centro do ordenamento jurídico;

NEOCONSTITUCIONALISMO:
CONSTITUIÇÃO
Centro do sistema
Norma jurídica – imperatividade e superioridade
Carga valorativa – axiológica – dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais
Eficácia irradiante em relação aos Poderes e mesmo aos particulares
Garantia de condições dignas mínimas

MARCOS FUNDAMENTAIS DO NEOCONSTITUCIONALISMO


- Estado Constitucional de Direito
HISTÓRICO - Documentos a partir da Segunda Guerra Mundial
- Redemocratização
- Pós-positivismo
FILOSÓFICO - Direitos Fundamentais
- Direito – Ética
- Força normativa (Konrad Hesse)
TEÓRICO - Supremacia da Constituição (constitucionalização dos direitos fundamentais)
- Nova dogmática da interpretação constitucional.

#OLHAOGANHO
TEORIAS SOBRE A NATUREZA JURÍDICA DA “INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO”
É apenas um dos instrumentos hermenêuticos disponíveis ao intérprete,
PRINCÍPIO INTERPRETATIVO. não estando necessariamente relacionada à atividade de controle de
constitucionalidade.
TÉCNICA DECISÓRIA DE É apenas um método de fiscalização da constitucionalidade, não método
CONTROLE DE de interpretação, pois busca discernir o sentido necessário e possível para
CONSTITUCIONALIDADE. adequar o preceito à força conformadora da constituição.

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Pode ser utilizado tanto para interpretar os atos normativos


PRINCÍPIO INTERPRETATIVO E
infraconstitucionais em geral quanto para decidir processos em que se
TÉCNICA DE DECISÃO DE
discute a constitucionalidade de normas.
CONTROLE.
Doutrina majoritária no Brasil.
PRINCÍPIO INTERPRETATIVO É norma de hermenêutica, quando utilizada no controle concreto de
OU TÉCNICA DE DECISÃO, A constitucionalidade; e é técnica decisória, quando empregada no controle
DEPENDER DO TIPO DE abstrato de constitucionalidade.
CONTROLE. - Posição que parece ser a atual do STF.

#SUPERGANCHO
SENTENÇAS INTERMEDIÁRIAS
Nestas, há um alargamento da abrangência do texto
SENTENÇA
SENTENÇAS NORMATIVAS legal em virtude da criação de uma regra pela própria
NORMATIVA ADITIVA.
(também chamadas de decisão.
manipulativas) SENTENÇA O tribunal adiciona um princípio deixando a criação
Nessas espécies de NORMATIVA ADITIVA da regra pelo legislador.
decisões normativas, o DE PRINCÍPIOS.
Tribunal empreende a O tribunal declara a inconstitucionalidade de uma
criação de uma norma SENTENÇA norma na parte em que contém uma prescrição em
geral e vinculante. NORMATIVA vez de outra ou profere uma decisão que implica em
Podem ser: SUBSTITUTIVA. substituição de uma disciplina contida no preceito
constitucional.
A declaração de inconstitucionalidade não se faz
SENTENÇA acompanhar da extirpação da norma do
TRANSITIVA SEM ordenamento jurídico, se houver possibilidade de se
EFEITO ABLATIVO: criar uma situação jurídica insuportável ou de grave
perigo orçamentário.
SENTENÇAS TRANSITIVAS Nesse caso, a decisão declara a inconstitucionalidade
SENTENÇA
OU TRANSACIONAIS com possibilidade de extirpar a norma ou seus efeitos
TRANSITIVA COM
Nelas há uma espécie de do ordenamento jurídico, mas efetua a modulação
EFEITO ABLATIVO:
transação com temporal dos efeitos da decisão.
supremacia da Trata-se de declarar a constitucionalidade da norma
Constituição. Podem SENTENÇA assentando um apelo ao legislador para que este
ser divididas em: TRANSITIVA adote as providências necessárias, fazendo com que
APELATIVA. a situação venha a se adequar, com mudança de
fatos, aos parâmetros constitucionais.
SENTENÇA Nesse tipo de decisão há um prenúncio de uma
TRANSITIVA DE mudança de orientação jurisprudencial que não será
AVISO: aplicado ao caso em análise.

DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS:

Direito fundamental como norma cogente e irradiante, como norte e limite considerando-
se o direito de forma abstrata.
DIMENSÃO
Reflexos importantes:
OBJETIVA
- Eficácia irradiante da CF.
- Imposição ao Estado do dever de proteção dos direitos fundamentais

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- Definição de limites de interpretação e de aplicação de normas, com procedimentos


formais que respeitem os direitos materiais.
DIMENSÃO Direito fundamental dentro de uma relação jurídica, considerando-se um titular e um
SUBJETIVA destinatário, de forma concreta.

A irradiação dos direitos fundamentais deve ocorrer primordialmente através da


intermediação legislativa. Todavia, na ausência de lei, os direitos fundamentais
TEORIA poderiam ser aplicados diretamente.
INTEGRADORA

Toda violação de direitos, mesmo entre particulares, deve ser imputada ao Estado. Se
o Estado não evita que essas transgressões ocorram, então as permite, devendo por
TEORIA DA isso ser responsabilizado. Desse modo, as violações aos direitos fundamentais por
CONVERGÊNCIA atores privados devem ser atribuídas ao Poder Público, porque, nessas situações, é
ESTATISTA ele quem decai do seu dever geral em proteger os direitos fundamentais.

#APOSTACICLOS Os órgãos do SISBIN somente podem fornecer informações à ABIN quando comprovado o
interesse público e mediante decisão motivada para controle de legalidade pelo Poder Judiciário
O parágrafo único do art. 4º da Lei 9.883/99 prevê que os órgãos que compõem o SISBIN deverão fornecer
informações para a ABIN: Art. 4º (...) Parágrafo único. Os órgãos componentes do Sistema Brasileiro de
Inteligência fornecerão à ABIN, nos termos e condições a serem aprovados mediante ato presidencial, para fins
de integração, dados e conhecimentos específicos relacionados com a defesa das instituições e dos interesses
nacionais.
O Plenário do STF afirmou que esse dispositivo é constitucional desde que seja interpretado com base em
quatro critérios definidos pela Corte. Assim, o STF conferiu interpretação conforme à Constituição Federal ao
parágrafo único do art. 4º da Lei 9.883/99, para estabelecer que:
a) os órgãos componentes do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) somente podem fornecer dados e
conhecimentos específicos à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) quando comprovado o interesse público
da medida, afastada qualquer possibilidade de esses dados atenderem interesses pessoais ou privados;
b) toda e qualquer decisão que solicitar os dados deverá ser devidamente motivada para eventual controle de
legalidade pelo Poder Judiciário;
c) mesmo quando presente o interesse público, os dados referentes a comunicações telefônicas ou dados
sujeitos à reserva de jurisdição não podem ser compartilhados na forma do dispositivo em razão daquela
limitação, decorrente do respeito aos direitos fundamentais; e
d) nas hipóteses cabíveis de fornecimento de informações e dados à Abin, é imprescindível procedimento
formalmente instaurado e existência de sistemas eletrônicos de segurança e registro de acesso, inclusive para
efeito de responsabilização, em caso de eventuais omissões, desvios ou abusos.
STF. Plenário. ADI 6529/DF, Rel. Min. Carmen Lúcia, julgado em 8/10/2021 (Info 1033).

#APOSTACICLOS STF determinou, como tutela provisória incidental na ADPF, que a União adote providências
para assegurar a vida, a saúde e a segurança de povos indígenas
Cabível o deferimento de tutela provisória incidental em arguição de descumprimento de preceito
fundamental para adoção de todas as providências indispensáveis para assegurar a vida, a saúde e a segurança
de povos indígenas vítimas de ilícitos e problemas de saúde decorrentes da presença de invasores de suas

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terras, em situação agravada pelo curso da pandemia ocasionada pelo novo coronavírus (Covid-19).
STF. Plenário. ADPF 709 TPI-Ref/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/6/2021 (Info 1022).

#APOSTACICLOS É inconstitucional lei estadual que obriga que as escolas e bibliotecas públicas tenham um
exemplar da Bíblia. A imposição legal de manutenção de exemplares de Bíblias em escolas e bibliotecas públicas
estaduais configura contrariedade à laicidade estatal e à liberdade religiosa consagrada pela Constituição da
República de 1988. STF. Plenário. ADI 5258/AM, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 12/4/2021 (Info 1012).

#APOSTACICLOS. O que se entende por aviso prévio para os fins do direito de reunião do art. 5º, XVI, da CF/88?
O art. 5º, XVI, da CF/88 prevê o direito de reunião nos seguintes termos: XVI - todos podem reunir-se
pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não
frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à
autoridade competente; Qual é o sentido de “prévio aviso” mencionado pelo dispositivo constitucional? O STF
fixou a seguinte tese: A exigência constitucional de aviso prévio relativamente ao direito de reunião é satisfeita
com a veiculação de informação que permita ao poder público zelar para que seu exercício se dê de forma
pacífica ou para que não frustre outra reunião no mesmo local. STF. Plenário. RE 806339/SE, Rel. Min. Marco
Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 14/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 855) (Info
1003).

HIPÓTESES DE INTERVENÇÃO FEDERAL:

INTERVENÇÃO
HIPÓTESES PROCEDIMENTO
A União poderá intervir nos O Presidente da República, ao perceber a ocorrência de alguma
Estados/DF se essa medida for dessas hipóteses, deverá decretar a intervenção, mesmo que não
necessária para: tenha sido solicitada por ninguém.
1) manter a integridade nacional. Em outras palavras, a intervenção será decretada de ofício (de
2) repelir invasão estrangeira ou de forma espontânea). O Presidente decreta a intervenção por meio
uma unidade da Federação em de um Decreto Presidencial, o qual deverá trazer as regras sobre a
outra. intervenção (amplitude, prazo, condições). No Decreto, o
3) pôr termo (acabar) a grave Presidente poderá nomear um interventor para administrar o
comprometimento da ordem Estado, caso entenda necessário.
pública. O Decreto deverá ser submetido à apreciação do Congresso
4) reorganizar as finanças do Nacional, no prazo de 24 horas. A doutrina chama isso de “controle
Estado/DF caso ele tenha: político” da intervenção. Se o Congresso não estiver funcionando,
a) suspendido o pagamento da o Presidente do Senado deverá fazer uma convocação
dívida fundada por mais de dois extraordinária.
anos consecutivos, salvo motivo de Antes de decretar a intervenção, o Presidente consultará o
força maior; Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, sendo tais
b) deixado de entregar aos manifestações apenas opinativas (não vinculantes).
Municípios as receitas tributárias,
dentro dos prazos estabelecidos em
lei.
5) A União poderá intervir no Se o Poder Executivo ou Legislativo estadual que estiver sendo
Estado/DF para garantir o livre coagido/impedido, deverá solicitar (“pedir”) ao Presidente da
exercício de qualquer dos Poderes República que intervenha no Estado. Se o Poder Judiciário estiver
nas unidades da Federação. sendo coagido/impedido, deve solicitar providências ao STF. Se o

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STF concordar com o pedido, irá requisitar do Presidente da


República a intervenção (a requisição é vinculante).
O Decreto de intervenção também será submetido à apreciação do
CN, no prazo de 24 horas.
A decretação da intervenção dependerá de requisição do STF, do
STJ ou do TSE.
Assim, o STF, o STJ ou o TSE, a depender de qual ordem/decisão
judicial esteja sendo descumprida, irá requisitar do Presidente da
República a intervenção federal. Assim, p. ex., se a decisão do TSE é
que foi descumprida, o Presidente desta Corte irá requisitar a
intervenção ao Presidente da República.
E se o Estado/DF estiver descumprindo uma decisão de juiz ou
6) A União poderá intervir no Tribunal de 2ª instância? Nesse caso, o Tribunal local deverá fazer
Estado/DF para prover (garantir) a uma representação ao Tribunal Superior competente (STF, STJ ou
execução de ordem ou decisão TSE) solicitando a intervenção. Se o Tribunal Superior concordar, ele
judicial que esteja sendo irá requisitar ao Presidente da República a intervenção.
desrespeitada. Para saber qual o Tribunal Superior será competente deverá ser
analisada a matéria discutida e para quem seria dirigido o eventual
recurso. Ex.1: caberá ao STJ o exame da intervenção federal nos
casos em que a matéria é infraconstitucional (legislação federal) e
o possível recurso deva ser encaminhado ao STJ. Ex.2: se a questão
for constitucional, o pedido de intervenção será julgado pelo STF.
Obs.: NÃO é necessária a apreciação pelo CN tendo em vista que a
intervenção foi determinada pelo Poder Judiciário em julgamento
de ação judicial.
7) A União poderá intervir no A decretação da intervenção dependerá de provimento (decisão
Estado/DF para prover (garantir) a julgando procedente), pelo STF, de representação do Procurador-
execução de lei federal que esteja Geral da República. Assim, verificando a ocorrência de uma dessas
sendo desrespeitada. duas hipóteses, o PGR deverá propor uma representação de
8) A União poderá intervir no inconstitucionalidade interventiva (ação direta de
Estado/DF para assegurar a inconstitucionalidade interventiva) junto ao STF.
observância dos princípios Se o STF julgar a ação procedente, deverá levar ao conhecimento
constitucionais sensíveis, que são os do Presidente da República para que este, no prazo improrrogável
seguintes: de até 15 dias, tome as seguintes providências:
a) forma republicana, sistema a) expeça decreto de intervenção;
representativo e regime b) nomeie, nesse mesmo decreto, o interventor (se couber). Vale
democrático; ressaltar que nem sempre haverá a nomeação de interventor. O
b) direitos da pessoa humana; procedimento está previsto na Lei nº 12.562/2011.
c) autonomia municipal; Obs. 1: a decretação da intervenção é vinculada, cabendo ao
d) prestação de contas da Presidente a mera formalização da decisão tomada pelo STF.
administração pública, direta e Obs. 2: o decreto deve limitar-se a suspender a execução do ato
indireta. impugnado, se essa medida for suficiente para o restabelecimento
e) aplicação do mínimo exigido da da normalidade.
receita resultante de impostos Obs. 3: NÃO é necessário que a intervenção seja apreciada pelo
estaduais, compreendida a Congresso Nacional.
proveniente de transferências, na
manutenção e desenvolvimento do

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ensino (25%) e nas ações e serviços


públicos de saúde.

#DICA PARA MEMORIZAR:

Princípios Constitucionais Sensíveis: FARDA SP


Forma republicana,
Autonomia municipal;
Regime democrático;
Direitos da pessoa humana;
Aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde."
Sistema representativo
Prestação de contas da administração pública, direta e indireta

A LEI É CONSTITUCIONAL OU INCONSTITUCIONAL?!


#DEOLHO NA TABELA:

Lei estadual que concede aos professores das redes públicas estadual e
municipais de ensino o benefício da meia-entrada nos estabelecimentos de lazer
e entretenimento (Info 1050).
É CONSTITUCIONAL Lei estadual pode obrigar empresas de TV por assinatura e estabelecimentos
comerciais de venda a fornecerem atendimento telefônico gratuito aos clientes.
(Info)
É constitucional norma estadual que determine que as prestadoras de serviço
telefônico são obrigadas a fornecer, sob pena de multa, os dados pessoais dos
usuários de terminais utilizados para passar trotes aos serviços de emergência.
(Info 1036).
É constitucional lei estadual que obriga as empresas prestadoras de serviços de
internet móvel e banda larga na modalidade pós-paga a apresentarem, na fatura
mensal, gráficos sobre o registro médio diário de entrega da velocidade de
recebimento e envio de dados pela rede mundial de computadores.
(Info 1033).
Lei estadual que imponha aos prestadores privados de serviços de ensino e de
telefonia celular a obrigação de estender o benefício de novas promoções aos
clientes preexistentes. (Info 1058)
Lei estadual que estabeleça obrigações referentes a serviço de assistência médico-
hospitalar que interferem nas relações contratuais estabelecidas entre as
É INCONSTITUCIONAL operadoras de planos de saúde e seus usuários. (Info 1053)
Lei estadual que fixe a obrigatoriedade de divulgação diária de fotos de crianças
desaparecidas em noticiários de TV e em jornais de estado-membro. (Info 1048)

A concessão de porte de arma a procuradores estaduais, por lei estadual, é


incompatível com a Constituição Federal. (Info 1045).

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É inconstitucional lei estadual que vede a inscrição em cadastro de proteção ao


crédito de usuário inadimplente dos serviços de abastecimento de água e
esgotamento sanitário. (Info 1043).
É inconstitucional lei estadual que legitime ocupações em solo urbano de área de
preservação permanente (APP) fora das situações previstas em normas gerais
editadas pela União (Info 1042)
É inconstitucional lei estadual que veda o corte do fornecimento de água e luz, em
determinados dias, pelas empresas concessionárias, por falta de pagamento. (Info
1036) *há julgado em sentido contrário, considerando a pandemia.
É inconstitucional a lei estadual que concede porte de arma aos agentes de
segurança socioeducativos. Compete privativamente à União autorizar e fiscalizar
a produção e o comércio de material bélico, bem como legislar sobre matéria
penal. (ADI 5.359)
É inconstitucional lei estadual que disponha sobre o horário de verão pois usurpa
competência da União para organizar e manter os serviços oficiais de geografia,
geologia e cartografia em âmbito nacional, vide art. 21, XV da CF. (ADI 158)

#APOSTACICLOS: JULGADOS RELEVANTES SOBRE MEDIDA PROVISÓRIA:


Conforme entendimento consolidado da Corte, os requisitos constitucionais legitimadores da edição de medidas
provisórias, vertidos nos conceitos jurídicos indeterminados de "relevância" e "urgência" (art. 62 da CF), apenas
em caráter excepcional se submetem ao crivo do Poder Judiciário, por força da regra da separação de poderes
(art. 2º da CF) (ADI 4.029)

O STF admite a possibilidade de controle judicial dos pressupostos de relevância e urgência para a edição de
medidas provisórias. No entanto, “o escrutínio a ser feito pelo Judiciário neste particular é de domínio estrito,
justificando-se a invalidação da iniciativa presidencial apenas quando atestada a inexistência cabal desses
requisitos” (RE 592.377).

Inexistindo comprovação da ausência de urgência, não há espaço para atuação do Poder Judiciário no controle
dos requisitos de edição de medida provisória pelo chefe do Poder Executivo. STF. Plenário. ADI 5599/DF, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 23/10/2020 (Info 996).

É inconstitucional medida provisória ou lei decorrente da conversão de medida provisória, cujo conteúdo
normativo caracterize a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória anterior rejeitada, de
eficácia exaurida por decurso do prazo ou que ainda não tenha sido apreciada pelo Congresso Nacional dentro
do prazo estabelecido pela Constituição Federal”. (ADI 5709, ADI 5716, ADI 5717, ADI 5727)

COMPOSIÇÃO DOS TRIBUNAIS E INGRESSO NA MAGISTRATURA:

#ATENÇÃO NOVIDADE - EC 122: A Emenda Constitucional (EC122) aumenta o limite de idade para indicação de
ministros de tribunais superiores e juízes de segunda instância. O limite passa dos atuais 65 para 70 anos de
idade.

#DEOLHONAJURIS: É inconstitucional lei ordinária que fixa idades mínima e máxima para ingresso na
magistratura: É inconstitucional norma estadual que estabelece limites etários para ingresso na magistratura.
Normas estaduais (sejam leis ou normas da Constituição Estadual), que disponham sobre o ingresso na carreira

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da magistratura violam o art. 93, caput, inciso I da CF, por usurpar iniciativa legislativa privativa do STF. STF.
Plenário. ADI 6794/CE, ADI 6795/MS e ADI 6796/RO, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 24/9/21 (Info 1031).

#SAINDODOFORNO #APOSTACICLOS: Controle jurisdicional das decisões do CNJ pelo STF.


Como regra geral, o controle dos atos do CNJ pelo STF somente se justifica nas hipóteses de:
(I) inobservância do devido processo legal;
(II) exorbitância das competências do CNJ e
(III) injuridicidade ou manifesta irrazoabilidade do ato impugnado.
STF. 1 Turma. MS-AgR 38.172/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 06/06/2022.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

#DEOLHONAJURIS:
#APOSTACICLOS A procuradoria jurídica estadual ou municipal possui legitimidade para interpor recurso em
face de acórdão de tribunal de justiça proferido em representação de inconstitucionalidade.
Prevaleceu o entendimento de que a ausência de assinatura do chefe do Poder Executivo na petição recursal
não constitui óbice para a análise do recurso, sendo suficiente que a peça seja subscrita pelo procurador, que
também detém legitimidade recursal em ações de controle de constitucionalidade. ARE 873804 AgR-segundo-
ED-EDv-AgR/RJ, relatora Min. Cármen Lúcia, julgado em 13.10.2022. (Info 1072 - STF)

ABSTRATIVIZAÇÃO DO CONTROLE DIFUSO:

A teoria da abstrativização do controle difuso preconiza que, se o Plenário do STF decidir a constitucionalidade
ou inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, ainda que em controle difuso, essa decisão terá os
mesmos efeitos do controle concentrado, ou seja, eficácia erga omnes e vinculante.

Para essa corrente, o art. 52, X, da CF/88 sofreu uma mutação constitucional e, portanto, deve ser
reinterpretado. Dessa forma, o papel do Senado, atualmente, é apenas o de dar publicidade à decisão do STF.
Em outras palavras, a decisão do STF, mesmo em controle difuso, já é dotada de efeitos erga omnes e o Senado
apenas confere publicidade a ela.

MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL:

Pode-se precisar o conceito de mutação constitucional como o conjunto de alterações materiais do texto
constitucional, produzidas pela atuação do poder constituinte difuso, sem vulnerar a letra expressa da Lex
Legum, atingindo, portanto, tão somente o significado, o sentido ou o alcance de suas disposições.

Canotilho descreve este fenômeno como sendo "a revisão informal do compromisso político formalmente
plasmado na Constituição sem alteração do texto constitucional. Em termos incisivos: muda o sentido sem
mudar o texto".

As mutações, como um processo difuso e informal de alteração da Constituição, manifestam-se das mais
diversas formas. Entende-se que mais de um mecanismo pode deflagrar a ocorrência das mutações, as quais
conduzem à atualização do texto normativo. A doutrina não é pacífica no tocante à classificação das mutações
constitucionais.
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Uadi Lammêgo Bulos, cria a seguinte classificação: a) as mutações constitucionais operadas em virtude da
interpretação constitucional, nas suas diversas modalidades e métodos; b) as mutações decorrentes das práticas
constitucionais; c) as mutações através da construção constitucional; d) as mutações constitucionais que
contrariam a Constituição, é dizer, as mutações inconstitucionais.

Já para Luís Roberto Barroso, a mutação constitucional pode ocorrer, basicamente, de três formas: por mudança
na interpretação constitucional, pela atuação do legislador e por via de costume.

REFORMA CONSTITUCIONAL MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL


Processo formal Processo informal
Há alteração do significado e sentido interpretativo
O texto constitucional é alterado por meio de emendas do texto, já que este permanece inalterado. Há
constitucionais. uma mudança na realidade fática que provoca a
mudança de entendimento jurídico sobre o tema.

CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE.

É a verificação da compatibilidade das leis e atos normativos com os tratados internacionais com força
supralegal. A Emenda Constitucional no 45/04, que acrescentou o § 3 o ao art. 5 o da Constituição, trouxe a
possibilidade de os tratados internacionais de direitos humanos serem aprovados com um quórum qualificado,
a fim de passarem (desde que ratificados e em vigor no plano internacional) de um status materialmente
constitucional para a condição (formal) de tratados “equivalentes às emendas constitucionais”.

Tal acréscimo constitucional trouxe ao direito brasileiro um novo tipo de controle à produção normativa
doméstica, até então desconhecido: o controle de convencionalidade das leis. Com isso, as leis internas estariam
sujeitas a um DUPLO PROCESSO DE COMPATIBILIZAÇÃO VERTICAL, devendo obedecer aos comandos previstos
na Carta Constitucional, bem como aos previstos em tratados internacionais de direitos humanos regularmente
incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro.

ESPÉCIES CONSTITUCIONAIS DE DESAPROPRIAÇÃO:

A CF prevê, pelo menos, quatro hipóteses de desapropriação que você deve saber:

#FIQUEATENTO

i. O art. 5º, XXIV, diz que a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade
pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos
previstos na Constituição.

ii. O art. 182 prevê que é facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no
plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou
não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: parcelamento ou
edificação compulsórios; imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo

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Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados
o valor real da indenização e os juros legais.

iii. O art. 184, caput, trata de outra hipótese de desapropriação com caráter sancionatório, que é a
desapropriação rural de imóveis destinados à reforma agrária, sendo que, nesses casos, o expropriante é
exclusivamente a União.

iv. Por sua vez, o art. 243 estabelece a desapropriação confiscatória não assegura ao proprietário qualquer
direito à indenização. Segundo esse dispositivo, as propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País
onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo, na
forma da lei, serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem
qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

FORMAS DE ATUAÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA:

Formas de o estado atuar na área econômica.

ATUAÇÃO DIRETA: o Estado exerce a função de agente econômico. É o estado empresário. Isso poderá ocorrer
por meio de:

a) monopólio: Estado absorve a prestação do serviço ou o fornecimento de bens;


b) participação: Estado funciona concorrendo com os demais agentes econômicos. Ex.: banco público;

ATUAÇÃO INDIRETA: o Estado fomenta ou desestimula determinadas práticas. Poderá ocorrer de várias formas:

a) indução: quer dizer que o Estado vai direcionar como o agente econômico vai atuar, incentivando
determinadas atividades e desestimulando outras;
b) fiscalização: o Estado atua de forma indireta quando fiscaliza as atividades da iniciativa privada. É o exercício
do poder de polícia, aplicando sanções, restringindo certas atividades etc.;
c) planejamento: o Estado identifica necessidades no presente e no futuro, demandando programas a longo
prazo. Com base nisso, é feito o plano para orientar a atuação do agente econômico.

#SELIGANATABELA:
INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO INTERVENÇÃO SOBRE O DOMÍNIO ECONÔMICO
- Estado como agente econômico: intervenção por - Estado como regulador da atividade econômica:
absorção (monopólio) ou intervenção por intervenção por direção (comando da atividade) ou
participação (concorrência); intervenção por indução (incentivo).

OBRIGATORIEDADE DA VACINAÇÃO:

#DEOLHONAJURIS: #APOSTACICLOS: O STF julgou parcialmente procedente ADI, para conferir interpretação
conforme à Constituição ao art. 3º, III, “d”, da Lei nº 13.979/2020. Ao fazer isso, o STF disse que o Poder Público
pode determinar aos cidadãos que se submetam, compulsoriamente, à vacinação contra a Covid-19, prevista na
Lei nº 13.979/2020. O Estado pode impor aos cidadãos que recusem a vacinação as medidas restritivas previstas
em lei (multa, impedimento de frequentar determinados lugares, fazer matrícula em escola), mas não pode

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fazer a imunização à força. Também ficou definido que os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios
têm autonomia para realizar campanhas locais de vacinação.

A tese fixada foi a seguinte:

(A) A vacinação compulsória não significa vacinação forçada, por exigir sempre o consentimento do usuário,
podendo, contudo, ser implementada por meio de medidas indiretas, as quais compreendem, dentre outras, a
restrição ao exercício de certas atividades ou à frequência de determinados lugares, desde que previstas em lei,
ou dela decorrentes, e
(i) tenham como base evidências científicas e análises estratégicas pertinentes,
(ii) venham acompanhadas de ampla informação sobre a eficácia, segurança e contraindicações dos
imunizantes,
(iii) respeitem a dignidade humana e os direitos fundamentais das pessoas;
(iv) atendam aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade, e
(v) sejam as vacinas distribuídas universal e gratuitamente; e
(B) tais medidas, com as limitações acima expostas, podem ser implementadas tanto pela União como pelos
Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitadas as respectivas esferas de competência. STF. Plenário. ADI
6586, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 17/12/2020. (Info 1003).

SELEÇÃO JULGADOS RELACIONADOS À PANDEMIA E EMERGÊNCIA SANITÁRIA:

#DEOLHONAJURIS: É vedada a utilização, ainda que em caráter excepcional, de recursos vinculados ao Fundeb
para ações de combate à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Ainda que se reconheça a gravidade da
pandemia da Covid-19 e os seus impactos na economia e nas finanças públicas, nada justifica o emprego de
verba constitucionalmente vinculada à manutenção e desenvolvimento do ensino básico para fins diversos da
que ela se destina. STF. Plenário. ADI 6490/PI, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 18/2/2022 (Info 1044).

A União deve prestar suporte técnico e apoio financeiro para a expansão da rede de UTI’s nos estados durante
o período de emergência sanitária. STF. Plenário. ACO 3473/DF, ACO 3474/SP, ACO 3475/DF, ACO 3478/PI e ACO
3483/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 10/11/2021 (Info 1037).

A súbita modificação da sistemática de distribuição dos imunizantes contra Covid-19 pela União — com abrupta
redução do número de doses — evidencia a possibilidade de frustração do planejamento sanitário estabelecido
pelos entes federados. STF. Plenário. ACO 3518 MC-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
14/9/2021 (Info 1029).

Cabível o deferimento de tutela provisória incidental em arguição de descumprimento de preceito fundamental


para adoção de todas as providências indispensáveis para assegurar a vida, a saúde e a segurança de povos
indígenas vítimas de ilícitos e problemas de saúde decorrentes da presença de invasores de suas terras, em
situação agravada pelo curso da pandemia ocasionada pelo novo coronavírus (Covid-19). STF. Plenário. ADPF
709 TPI-Ref/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/6/2021 (Info 1022).

É compatível com a Constituição Federal a imposição de restrições à realização de cultos, missas e demais
atividades religiosas presenciais de caráter coletivo como medida de contenção do avanço da pandemia da
Covid-19. STF. Plenário. ADPF 811/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 8/4/2021 (Info 1012).

A decisão de promover a imunização contra a Covid-19 em adolescentes acima de 12 anos, observadas as


evidências científicas e análises estratégicas pertinentes, insere-se na competência dos estados, do Distrito

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Federal e dos municípios. STF. Plenário. ADPF 756 TPI-oitava-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado
em 8/10/2021 (Info 1033).

São constitucionais as normas estaduais, editadas em razão da pandemia causada pelo novo coronavírus, pelas
quais veiculados a proibição de suspensão do fornecimento do serviço de energia elétrica, o modo de cobrança,
a forma de pagamentos dos débitos e a exigibilidade de multa e juros moratórios. STF. Plenário. ADI 6432/RR,
Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7/4/2021 (Info 1012).

Em condições de recrudescimento da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), não é constitucionalmente


aceitável qualquer retrocesso nas políticas públicas de saúde, como a que resulta em decréscimo no número de
leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) habilitados (custeados) pela União. STF. Plenário. ACO 3473 MC-
Ref/DF, ACO 3474 TP-Ref/SP, ACO 3475 TP-Ref/DF, ACO 3478 MC-Ref/PI e ACO 3483 TP-Ref/DF, Rel. Min. Rosa
Weber, julgado em 7/4/2021 (Info 1012).

É necessária a manutenção da divulgação integral dos dados epidemiológicos relativos à pandemia da Covid-19.
A interrupção abrupta da coleta e divulgação de importantes dados epidemiológicos, imprescindíveis para a
análise da série histórica de evolução da pandemia (Covid-19), caracteriza ofensa a preceitos fundamentais da
Constituição Federal, nomeadamente o acesso à informação, os princípios da publicidade e da transparência da
Administração Pública e o direito à saúde. STF. Plenário. ADPF 690/DF, ADPF 691/DF e ADPF 692 /DF, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgados em 13/03/2021 (Info 1009).

PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS

#TABELALOVERS:

1ª DIMENSÃO 2ª DIMENSÃO 3ª DIMENSÃO


Direitos Civis e Políticos Direitos Econômicos sociais e Direitos Difuso
Culturais
Liberdade Igualdade Fraternidade e solidariedade
Revolução Francesa e Industrial Constituição Mexicana (1917), Pós Guerra
Constituição de Weimar

#TABELALOVERS:

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS


Todos os seres humanos, independentemente de sua condição racial,
UNIVERSALIDADE política, religiosa e de gênero, merecem a proteção das regras de direitos
humanos.
Basta a mera qualidade de ser humano para que ocorra a incidência dos
INERÊNCIA
direitos (direitos inerentes à condição humana).
Representam um complexo único e indivisível de proteção, não havendo
INDIVISIBILIDADE
hierarquia entre suas dimensões
O ser humano tem direito à proteção dos direitos humanos
TRANSNACIONALIDADE
independentemente do local onde esteja.
Os direitos humanos são interligados, não sendo possível garantir a
INTERDEPENDÊNCIA
proteção de uma dimensão sem observar as demais.
HISTORICIDADE Sua definição se dá ao longo do tempo e da história.
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Segundo Alexy, são direitos abstratos, pois sua significação, no caso


ABSTRAÇÃO concreto, pode ocorrer após uma longa disputa, apesar de todos sermos
detentores de um direito
INALIENABILIDADE Não podem ser cedidos ou transferidos pelos seus titulares.
Implica o reconhecimento de que os direitos humanos não se perdem pela
IMPRESCRITIBILIDADE
passagem do tempo.
Impossibilidade de o próprio ser humano renunciar a sua condição humana
e permitir a violação desses direitos. Apesar de não se admitir a elimina
IRRENUNCIABILIDADE ação ou disposição dos direitos humanos em abstrato, seu exercício pode
ser facultativo, sujeito inclusive à negociação ou mesmo prazo fatal para
seu exercício.
PROIBIÇÃO DO RETROCESSO/ Consiste na vedação da eliminação da concretização já alcançada na
EFEITO CLIQUET proteção de algum direito, admitindo-se somente acréscimos.

#OLHAOGANCHO: Caso do Arremesso de Anões: Na França, na década de 90, havia uma prática na qual anões
eram jogados, arremessados como diversão em casas noturnas. O governo francês proibiu tais eventos com
base no artigo 3º da Convenção Europeia para a proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades
Fundamentais. Por sua vez, o sindicado daqueles trabalhadores que faziam esse tipo de trabalho apresentou
argumentos no sentido de que essa prática não violaria a dignidade da pessoa humana, ela, na verdade,
devolveria a dignidade, pois muitas vezes, em razão da condição de ser anão, aquelas pessoas não conseguiam
trabalho digno, não conseguiam dar sustento às suas famílias e isso era possível com o trabalho do arremesso
de anões.

A Corte Francesa entendeu que aquela prática violava a dignidade da pessoa humana e que os serviços comuns
deveriam ser oferecidos a todas as pessoas, independentemente de suas condições, sendo a dignidade da
pessoa humana irrenunciável.

José Afonso da Silva entende que o termo “direitos fundamentais” se justifica, na medida em que se refere a
princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia de cada ordenamento jurídico. André
Ramos Tavares, por sua vez, ressalta que o termo também se aproxima da noção de direitos naturais, no sentido
de que a natureza humana seria a portadora de certos direitos fundamentais. Já Ingo Sarlet ressalta que o termo
“direitos fundamentais” aplica-se aos direitos reconhecidos na esfera do direito constitucional positivo de um
Estado. Para ele, são os direitos tidos como mais importantes em uma comunidade, e que serão inscritos nas
constituições como fundamentos do Estado. Já o termo “direitos humanos” é utilizado em documentos de
Direito Internacional, pois se refere às posições jurídicas reconhecidas ao ser humano como tal,
independentemente de sua vinculação com determinada ordem constitucional.

Segundo Rafael Barreto, ontologicamente, não é possível diferenciar direitos humanos de direito fundamentais
vez que ambos os direitos materializam a dignidade da pessoa humana. É possível diferenciá-los no plano da
positivação, sendo os direitos humanos positivados em documentos internacionais e os direitos fundamentais
positivados na ordem jurídica interna de cada Estado.

EFICÁCIA VERTICAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: Consiste na aplicação dos direitos fundamentais às
relações entre particulares e o Estado. É a eficácia clássica.

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EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS (eficácia privada ou externa): Com o desenvolvimento
dos direitos fundamentais, percebeu-se que a opressão e a violência contra o indivíduo vêm também de
entidades privadas. Consiste na aplicação dos direitos fundamentais às relações entre particulares.

EFICÁCIA DIAGONAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: Consiste na aplicação dos direitos fundamentais à relação
entre particulares, nas quais existe um desequilíbrio fático, a exemplo da relação trabalhista.

EFICÁCIA INDIRETA OU MEDIATA: os direitos fundamentais são aplicados de maneira reflexa, tanto em uma
dimensão proibitiva e voltada para o legislador, que não poderá editar lei que viole direitos fundamentais, como
positiva, voltada para que o legislador implemente os direitos fundamentais, ponderando quais devam ser
aplicados às relações privadas.

EFICÁCIA DIRETA OU IMEDIATA: alguns direitos fundamentais podem ser aplicados às relações privadas sem
que haja a necessidade de “intermediação legislativa” para a sua concretização.

TEORIA DA INEFICÁCIA HORIZONTAL E DOUTRINA DA “STATE ACTION”: Não aceita a eficácia horizontal. De
acordo com essa concepção, os direitos fundamentais se aplicam apenas às relações entre particulares e o
Estado. Seus fundamentos básicos são: liberalismo (ideia de que o Estado não deve intervir nas relações
privadas), autonomia privada e, no caso dos EUA, o texto constitucional (feito há mais de 200 anos, quando não
se cogitava falar em eficácia horizontal).

Contudo, em alguns casos, os norte-americanos aplicam a Doutrina da “State Action”, que tenta contornar essa
proibição, ao equiparar certos atos privados a atos estatais, com a finalidade de permitir que os direitos
fundamentais possam ser aplicados a situações ocorridas nas relações entre particulares. Caso de Company
Town – proibiu que as testemunhas de Jeová fizessem manifestações religiosas dentro da empresa.

TEORIA INTEGRADORA: A irradiação dos direitos fundamentais deve ocorrer primordialmente através da
intermediação legislativa. Todavia, na ausência de lei, os direitos fundamentais poderiam ser aplicados
diretamente.

TEORIA DA CONVERGÊNCIA ESTATISTA: Toda violação de direitos, mesmo entre particulares, deve ser imputada
ao Estado. Se o Estado não evita que essas transgressões ocorram, então as permite, devendo por isso ser
responsabilizado. Desse modo, as violações aos direitos fundamentais por atores privados devem ser atribuídas
ao Poder Público, porque, nessas situações, é ele quem decai do seu dever geral em proteger os direitos
fundamentais.
1) O parâmetro de confronto no controle de convencionalidade internacional é a
norma internacional; seu objeto é toda norma interna, não importando a sua
Diferenças entre o hierarquia nacional, podendo mesmo ser oriunda do Poder Constituinte Originário.
controle de No controle nacional, há limite ao objeto de controle, uma vez que não se analisam
convencionalidade as normas do PCO.
internacional e
nacional: 2) No controle de convencionalidade nacional, a hierarquia do tratado-parâmetro
depende do próprio direito nacional, que estabelece o estatuto dos tratados
internacionais. No controle de convencionalidade internacional, o tratado de
direitos humanos é sempre a norma paramétrica superior.

#DETABELAÉMAISFÁCIL #RESUMO #APOSTACICLOS

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É o tratado que criou a Organização das Nações Unidas, também chamado de


Carta da ONU, formada em 1945, em São Francisco (Decreto 19.841/1945).

Ela não consagra direitos, nem cria órgãos específicos para a sua proteção.

A proteção dos direitos humanos é prevista como objetivos da Assembleia Geral


a) CARTA DAS
e do Conselho Econômico e Social.
NAÇÕES UNIDAS
Obs.: não havendo ainda um tribunal internacional de direitos humanos, nada
impede que a Corte Internacional de Justiça, principal órgão judiciário do Sistema
das Nações Unidas, também examine questões dessa natureza.

Mas se ligue: somente Estados acionam e são julgados pela CIJ.

Proclamada em 1948, por meio de resolução da Assembleia Geral da ONU, a


declaração NÃO É UM TRATADO, mas sim mera resolução, de caráter
recomendatório, não vinculante.

MUITA ATENÇÃO: segundo PORTELA, na atualidade é majoritário o entendimento


de que os dispositivos consagrados na Declaração são juridicamente vinculantes,
visto que os preceitos contidos em seu texto já foram positivados em tratados
posteriores e no Direito interno de muitos Estados.

Seu prestígio faz com que suas normas sejam consideradas materialmente regras
costumeiras, preceitos de soft law, princípios gerais do Direito ou princípios gerais
do Direito Internacional.

b) DECLARAÇÃO i. A declaração não é exaustiva, permitindo outros direitos;


UNIVERSAL DOS ii. Fundamenta-se no princípio de que todos nascem iguais em dignidade e
DIREITOS direitos;
iii. Orienta-se pelos princípios da UNIVERSALIDADE, IGUALDADE E NÃO-
HUMANOS
DISCRIMINAÇÃO;
iv. Não trata da pena de morte.
v. Os direitos humanos não podem ser exercidos contrariamente aos
objetivos e princípios das Nações Unidas, pelo que o exercício de direitos
não pode justificar a violação de direitos de outrem (art. 29, III);
vi. Consagra:
• DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS:
o Direito à vida, liberdade e segurança (art. 3º), mas SEM REGULAR
A PENA DE MORTE, que ficou a cargo de instrumentos
posteriores;
o Liberdade de pensamento, consciência, religião, opinião e
expressão, reunião e associação pacíficas.
o Integridade pessoal, vedação da tortura, direito de asilo;
o Direito a uma nacionalidade e a não ser arbitrariamente privado
de sua nacionalidade;

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o Direito de PROPRIEDADE, de não ser privado arbitrariamente da


sua propriedade (art. 17), direito AUTORAL;
o Direitos POLÍTICOS: direito de tomar parte no governo de seu
país;

• DIREITOS SOCIAIS:
o Direito de FAMÍLIA (art. 14), de contrair matrimônio;
o Direito DO TRABALHO: proibição da escravidão, da servidão, do
tráfico de escravos, direito ao trabalho, a condições justas e
favoráveis, à proteção contra o desemprego, igual remuneração,
justa e satisfatória, de organizar sindicatos, repouso, lazer,
limitação razoável das horas de trabalho, férias remuneradas etc.
(art. 23 e 24);
o Direito a um padrão de vida capaz de assegurar o bem-estar,
saúde, alimentação vestuário etc.
o Proteção à maternidade;
o Direito à livre participação na vida cultural da comunidade.
Ao final, consagra a PRIMAZIA DA NORMA MAIS FAVORÁVEL.

Obs.1: a declaração não avança no sentido de estabelecer órgãos específicos.

Obs.2: posteriormente, dois tratados diferentes foram criados para


complementar, que veremos abaixo.

Foi assinado em 1966 (Decreto 592/1992). Possui preceitos JURIDICAMENTE


VINCULANTES (ao contrário da Declaração Universal). Consagra:

i. Direito à autodeterminação dos povos (art. 1º) NADA AUTORIZA


QUALQUER AÇÃO QUE POSSA AFETAR A INTEGRIDADE TERRITORIAL OU A
UNIDADE NACIONAL DE ESTADO JÁ EXISTENTE;
ii. O comprometimento do Estado em garantir a todos os indivíduos que se
encontrem em seu território os direitos reconhecidos no Pacto;
iii. Igualdade entre todas as pessoas perante a lei (art. 26);
c) PACTO iv. Igualdade entre homens e mulheres;
v. Proteção às minorias étnicas, religiosas ou linguísticas;
INTERNACIONAL
vi. Direito à vida;
SOBRE DIREITOS vii. Para os Estados que recorram à pena de morte, o Pacto determina sua
CIVIS E POLÍTICOS imposição apenas nos casos de CRIMES MAIS GRAVES;
viii. Proibição de tortura e vedação da imposição de uma pessoa a experiências
médicas ou científicas (art. 7º);
ix. Proibição de trabalhos forçados;
x. A prisão deve ocorrer apenas pelos motivos e dentro dos procedimentos
estabelecidos em lei. A pessoa presa deverá ser informada desde logo dos
motivos de sua prisão e conduzida sem demora à autoridade habilitada por
lei;
xi. Proibição da prisão por mero descumprimento de contrato (art. 11);
xii. Os presos provisórios devem ter tratamento distinto, bem como os presos
mais jovens;

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xiii. Direito de ir e vir, livremente circular e sair de qualquer país, bem como de
não ser impedido de entrar no Estado de sua nacionalidade;
xiv. Liberdade religiosa, de expressão etc. A liberdade de expressão pode ser
limitada por lei, com vista a assegurar outros direitos, bem como proteger
a segurança nacional, a saúde ou a moral públicas;
xv. Direito de reunião pacífica e livre associação;
xvi. Direitos PROCESSUAIS: Igualdade das partes no processo; Independência a
imparcialidade dos julgadores; Publicidade; Devido processo legal; Direito
à assistência de um intérprete; Presunção de inocência; Direito a não depor
contra si mesmo ou de se confessar culpado; Julgamento célere;
Indenização por erro judiciário; Vedação do bis in idem; DIREITO AO
RECURSO À INSTÂNCIA SUPERIOR; anterioridade da lei penal (salvo para
beneficiar).
xvii. Direitos da CRIANÇA: direito ao nome, a uma nacionalidade, de ser
registrada após o seu nascimento etc.
xviii. Direitos de proteção e reconhecimento da pessoa jurídica (art. 16),
proteção à família e ao casamento (art. 23), acesso aos serviços públicos
(art. 25);
xix. Direitos dos ESTRANGEIROS: direito contra a expulsão arbitrária (art. 13);
xx. O seu art. 4º criar a possibilidade de DERROGAÇÃO TEMPORÁRIA DE
CERTOS DIREITOS EM SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS QUE SEJAM
PROCLAMADAS OFICIALMENTE COMO TAL (ESTADO DE SÍTIO ETC.). Tal
derrogação não pode ser incompatível com as demais obrigações impostas
aos Estados pelo DIP, devendo ser respeitado um núcleo básico, composto
por:
o Proteção à vida e limitação à pena de morte (art. 6º);
o Proibição de tortura e tratamentos desumanos, cruéis ou
degradantes (art. 7º);
o Proibição da escravidão, servidão ou tráfico de escravos (art. 8º);
o Anterioridade da norma e irretroatividade da lei penal maléfica;
o Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica (art. 16);
o Liberdade de pensamento, consciência e religião (art. 18).
xxi. PRIMAZIA DA NORMA MAIS FAVORÁVEL
Foi firmado em 1966 e promulgado Pelo Decreto 591/1992.

Determina que os direitos sociais e culturais deverão ser exercidos sem


d) PACTO discriminação. Todavia, os países em desenvolvimento poderão determinar em
INTERNACIONAL que medida garantirão os direitos reconhecidos no Pacto aos estrangeiros (art. 2,
DOS DIREITOS parágrafos 2º e 3º).
ECONÔMICOS,
Consagra, dentre outros:
SOCIAIS E
CULTURAIS i. Direito ao trabalho;
ii. Condições de emprego justas e favoráveis, com igual oportunidade de
promoção a categoria superior;
iii. Descanso, lazer, limitação das horas de trabalho, alimentação, vestimenta
e moradia adequadas;

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iv. Proteção contra a fome, através de métodos de produção, conservação e


distribuição de alimentos e educação nutricional;
v. Liberdade sindical;
vi. Direito de GREVE (art. 8, parágrafo 1º, “d”) , Mas atente: a liberdade
sindical pelos membros da administração pública ou forças armadas e
policiais poderá ser restringido.
vii. Proteção especial às mulheres e crianças, principalmente as mães;
viii. Diminuição da mortalidade infantil, prevenção ao tratamento de doenças;
ix. EDUCAÇÃO:
o Educação PRIMÁRIA Obrigatória e gratuita;
o Educação SECUNDÁRIA e a TÉCNICO-PROFISSIONAL Deverão
ser generalizadas e tornar-se acessíveis a todos, com a
implementação progressiva do ensino gratuito.
x. Autodeterminação dos povos (art. 1º);
xi. Proteção à família e ao livre consentimento no ato de contrair matrimônio
(art. 10);
xii. Direitos culturais e liberdade de criação;
xiii. PRIMAZIA DA NORMA MAIS FAVORÁVEL
Firmada em 1948 (Decreto 30.822/52), logo após a II Guerra Mundial.
e) Convenção para
a Prevenção e a São puníveis não só o genocídio, como também o ACORDO, O INCITAMENTO, A
Repressão do Crime TENTATIVA E A CUMPLICIDADE NO ATO (art. 3).
de Genocídio
#IMPORTANTE: GENOCÍDIO NÃO É CRIME POLÍTICO!

Firmada pelo Brasil em 1966 (Decreto 65.810/1969), tendo por objetivo o


combate à discriminação racial, sob os princípios da:

o UNIVERSALIDADE;
o IGUALDADE;
f) Convenção o NÃO-DISCRIMINAÇÃO.
Internacional sobre A discriminação racial não inclui apenas a discriminação por motivo de raça, mas
a Eliminação de também pela cor, descendência ou origem étnica ou nacional (art. 1º).
todas as formas de
Obs.: não configuram discriminação racial as distinções, exclusões, restrições e
Discriminação
preferências entre cidadãos e não cidadãos, estabelecidas pelos Estados. Da
Racial
mesma forma, as políticas de ações afirmativas são possíveis.

Pela Convenção, os Estados são obrigados a combater a propaganda e as


organizações que se inspirem em ideias ou teorias baseadas na superioridade de
uma raça ou de um grupo étnico (art. 4º).

Firmada em 1979, promulgada pelo Decreto 86.460/84, visa a conferir maior peso
g) Convenção sobre político e jurídico à proteção da dignidade da mulher, com a adoção pelos Estados
Eliminação de de medidas especiais (INCLUSIVE DE CARÁTER TEMPORÁRIO) destinadas a
Todas as Formas de acelerar a igualdade de fato entre o homem e a mulher.

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Discriminação Além disso, os Estados devem combater o tráfico e a exploração da mulher (Art.
contra a Mulher 6).

Por fim, consagra a proibição da discriminação por motivo de casamento,


consagrando ainda o direito da mulher ao acesso a serviços médicos que atendam
às peculiaridades da condição feminina.

Foi celebrada em 1984.

Para fins de Convenção, a tortura consiste no “ato pelo qual dores ou sofrimentos
agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de
obter, dela ou de terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato
que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de
intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo
baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou
sofrimentos são infligidos POR UM FUNCIONÁRIO PÚBLICO ou outra pessoa no
exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento
ou aquiescência”.

h) Convenção De acordo com a Convenção, NENHUMA CIRCUNSTÂNCIA EXCEPCIONAL PODERÁ


contra a Tortura e SER INVOCADA PARA JUSTIFICAR A TORTURA, como a ameaça ou o estado de
outros Tratamentos guerra, instabilidade política etc. Determina, ainda que:
ou Penas Cruéis,
Desumanos ou o Os Estados são competentes para prender indivíduos que se encontrem
Degradantes em seus territórios (extraterritorialidade) e que tenham cometido atos de
tortura em outros Estados e, caso não os extraditem, são também
competentes para processá-los e julgá-los;
o Os Estados deverão cooperar no combate do problema, inclusive por
meio do fornecimento de provas de atos de tortura (art. 9);
o A EXTRADIÇÃO, EXPULSÃO OU DEPORTAÇÃO PARA O ESTADO ONDE
EXISTA RISCO DE QUE A PESSOA POSSA SOFRER TORTURA SÃO ATOS
INADMITIDOS pela Convenção (art. 3). Por outro lado, a tortura é
entendida como crime extraditável em qualquer tratado (art. 8);
o Nenhuma declaração prestada sob tortura poderá ser invocada como
prova em qualquer processo, salvo contra uma pessoa acusada de tortura
como prova de que a declaração foi prestada (art. 15);
o O Estado deve assegurar o direito de a vítima de tortura apresentar
queixa a respeito perante as autoridades competentes, tomando as
medidas cabíveis para protegê-la contra qualquer intimidação.
i) Convenção sobre Foi firmada em 1989 (Decreto 99.710/90). Orienta-se pelo princípio de que a
os Direitos da criança necessita de proteção especial, em razão de sua falta de maturidade física
Criança e e mental.
Protocolos
Facultativos Para fins da convenção, CRIANÇA É TODO INDIVÍDUO MENOR DE 18 ANOS, SALVO
SE, DE ACORDO COM A LEI APLICÁVEL À CRIANÇA, A MAIORIDADE SEJA

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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

ALCANÇADA ANTES (ART. 1º). Nesse sentido, a Convenção não distingue crianças
de adolescentes. Assegura que:

o As crianças são titulares de direitos sem distinção de qualquer espécie,


inclusive por conta de fatores como impedimentos físicos, nascimento
ou qualquer outra condição de seus pais, representantes legais ou
familiares (art. 2);
o A criança tem direito à vida (art. 6) e, logo ao nascer, ao nome, à
nacionalidade e ao registro civil (art. 7);
o O Estado deve conferir proteção especial às crianças. No entanto, a
tarefa deve considerar os direitos e deveres que os pais, os
responsáveis e a família como um todo continuam a ter na educação
dos filhos (art. 5);
o Toda criança tem direito de conhecer seus pais e de ser cuidada por
eles. A responsabilidade dos pais é primordial (art. 18);
o Nenhuma criança deve ser separada dos pais. No entanto, essa
separação pode ocorrer, em caso de maus tratos ou de descuido por
parte de seus genitores, ou quando estes vivem separados, e uma
decisão deva ser tomada a respeito do local da residência do menor;
o A criança privada de seu ambiente familiar faz jus à proteção estatal;
o Direito à liberdade de expressão das crianças, com liberdade de
buscar, receber e transmitir informações e ideias de todos os tipos,
independentemente de fronteiras, de forma oral, escrita ou impressa;
o Liberdade de pensamento, consciência e de crença, de associação e
reunião pacíficas e à privacidade.
o Direito de condições satisfatórias de saúde, com atenção especial às
portadoras de necessidades especiais;
o Direito à educação, que deve ser OBRIGATÓRIA NO NÍVEL PRIMÁRIO.
o Dever dos Estados de combater o tráfico de crianças para o exterior
(art. 11); os maus tratos físicos ou mentais; a exploração, inclusive
sexual (art. 19 e 34), incluindo a participação de menores de 18 anos
em espetáculos ou na produção de materiais pornográficos;
exploração econômica (art. 32);
o Necessidade de os Estados estabelecerem a jornada e condições de
trabalho para as crianças, vedado o trabalho perigoso ou que interfira
na sua educação, ou que seja nocivo à saúde;
o Vedação do tráfico de crianças (art. 35) e o envolvimento de crianças
em conflitos armados MENORES DE 15 ANOS NÃO PODERÃO SE
ENVOLVER EM HOSTILIDADES QUE ENVOLVEM OS CONFLITOS
ARMADOS (art. 38);
o A adoção é regulada pela Convenção (art. 21), devendo atender aos
maiores interesses da criança e ser concedida apenas pelas
autoridades competentes. A adoção por estrangeiros é permitida, mas
apenas após esgotadas as alternativas internas, não devendo envolver
benefícios financeiros;
Obs.1: a Convenção estabelecer que CABE AOS ESTADOS DEFINIREM UMA IDADE
MÍNIMA DA IMPUTABILIDADE PENAL.

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Firmada em 2000, parte da necessidade de proteção da criança contra toda forma


de exploração e de atos prejudiciais a seu desenvolvimento saudável.

j) Protocolo Parte também do princípio de que a abordagem da questão deve ser HOLÍSTICA.
Facultativo à As medidas previstas no Protocolo incluem:
Convenção sobre os
Direitos da Criança • Recursos à cooperação internacional;
referente à Venda • Assistência e recuperação de vítimas (art. 4-12);
de Crianças, à • O Protocolo Facultativo sobre os Direitos das Crianças relativo aos
Prostituição Infantil Envolvimento de Crianças em CONFLITOS ARMADOS foi firmado em 2000.
Ele determina que os Estados devem proteger os menores de 18 anos
e à Pornografia
contra o impacto de guerra. Os Estados também devem,
Infantil de 2000 progressivamente, elevar a idade mínima de recrutamento, que
atualmente é de 15 anos, exigência que não se aplica a escolas operadas
ou controladas pelas forças armadas dos Estados Partes (art. 3), como
colégios militares. A norma também se aplica aos grupos armados
distintos das forças armadas de um Estado (art. 4).
l) Regras Mínimas
da ONU para
Administração da
Justiça da Infância e
Juventude (REGRAS No campo específico da proteção da criança e do adolescente, a comunidade
DE BEIJING), Regras internacional vem demonstrando crescente preocupação com a situação dos
Mínimas da ONU menores de 18 anos. Os principais documentos são:
para a proteção dos
i. Regras Mínimas da ONU para a Administração da Justiça da Infância e
Jovens Privados de
Juventude (Regras de BEIJING) Resolução 40/33, de 1985;
Liberdade ii. Regras mínimas da ONU para Proteção dos Jovens Privados de Liberdade
(DIRETRIZES DE Resolução 45/113, de 1990;
RIADE) e Diretrizes iii. Diretrizes das Nações Unidas para Prevenção da Delinquência Juvenil
das Nações Unidas (Diretrizes de Riade) Resolução 45/112, de 1990.
para a Prevenção
da Delinquência
Juvenil

Firmada em 1993, por ocasião da Conferência Mundial sobre Direitos Humanos.


Seu objetivo é reafirmar os princípios da proteção da dignidade da pessoa humana
m) Declaração e e atualizá-los ao novo quadro internacional.
Programa de Ação
de Viena (1993) Tecnicamente, a Declaração de Viena NÃO É UM TRATADO, consistindo apenas
num documento de caráter político. Assim, suas normas não são vinculantes (são
soft law).

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Destaca-se a preocupação com questões de caráter geral, como a paz e o bem-


estar, e temas específicos, como a discriminação e a violência contra as mulheres
e a situação dos indígenas.

A Declaração salienta que os direitos humanos são “direitos naturais”, de todos


os seres humanos, e que sua natureza universal está “fora de questão” (art. 1º).

#SELIGA: O DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS POSICIONA-SE


OFICIALMENTE PELO UNIVERSALISMO, EM DETRIMENTO DO RELATIVISMO.

De acordo com o art. 5º, os direitos humanos são indivisíveis, interdependentes e


inter-relacionados, devendo ser tratados pela comunidade internacional de forma
justa e equitativa.

Além disso, a soberania nacional não foi excluída da ordem internacional, mas
apenas limitadas. Assim, AS VIOLAÇÕES A DIREITOS HUMANOS EM UM ESTADO
DEVEM SER OBJETO DE AÇÃO POR MEIO OU COM A ANUÊNCIA DA ONU OU DE
OUTRO ORGANISMO LEGITIMADO PARA TAL, e nunca por iniciativa unilateral.

A Declaração reconhece que a extrema pobreza inibe o pleno e efetivo exercício


dos direitos humanos. Além disso, manifesta preocupação com o manejo ilícito de
substâncias e de resíduos tóxicos.

Por fim, reitera que é dever prioritário dos Estados ELIMINAR TODAS AS FORMAS
DE RACISMO E DISCRIMINAÇÃO RACIAL.

As regras sobre tratamento de presos estão em vários diplomas internacionais:

1º - DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Por ela, os presos não poderão ser submetidos a tortura, nem a tratamento ou
castigo cruel, desumano ou degradante (art. 5), regra repetida pelo Pacto dos
Direitos Civis e Políticos (art. 7), que amplia o marco legal da proteção do recluso.
n) Regras Mínimas
das Nações Unidas 2º - PACTO DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS
para o Tratamento Consagra que:
de Presos
i. A privação de liberdade não pode ocorrer arbitrariamente;
ii. O preso deve ser informado das razões da prisão e notificado, sem demora,
das acusações;
iii. O preso deverá ser conduzido, sem demora, à presença da autoridade
judicial, com direito a ser julgado em prazo razoável ou de ser posto em
liberdade;
iv. A prisão preventiva deve ser excepcional;
v. O preso tem direito a recorrer ao tribunal;

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vi. O regime penitenciário terá como objetivo principal a reforma e a


reabilitação moral dos detentos;
vii. O preso poderá ser obrigado a trabalhar, sem que isso configure trabalho
forçado (art. 8, “c”, par. 1).
3º - REGRAS MÍNIMAS PARA O TRATAMENTO DE RECLUSOS (Res. de 1955,
atualizada em 1957)

Objetiva estabelecer normas gerais de uma organização penitenciária compatível


com a dignidade humana e os padrões internacionais mínimos relativos ao
tratamento de reclusos. Consagra que:

i. Regra geral, os presos não podem ser tratados de maneira discriminatória;


ii. São detidos separadamente: mulheres e homens; presos preventivos e
condenados; reclusos do foro civil e do foro criminal; jovens e adultos;
iii. No momento da admissão, cada recluso deve receber informação escrita
ou oral (se analfabeto) sobre o regime aplicável aos detentos da sua
categoria, as regras disciplinares do estabelecimento e os meios
autorizados para obter informações e formular queixas;
iv. Idealmente, salvo circunstâncias excepcionais, as celas não devem ser
ocupadas por mais de um recluso;
v. Os reclusos devem ter contato com o mundo exterior;
vi. Nenhum recluso pode ser punido sem ter sido informado da infração de
que é acusado e sem que lhe seja dada uma oportunidade adequada de
defesa;
vii. Todo menor de dezoito anos privado de sua liberdade terá direito a manter
contato com sua família, por meio de correspondência ou de visitas, salvo
em circunstâncias excepcionais. Terá, por fim, direito a assistência jurídica.
Foi assinado em 2000. Seu objetivo é promover a cooperação internacional para
prevenir e combater o tráfico de pessoas, especialmente mulheres e crianças,
o) Protocolo de prevenindo e combatendo o tráfico de pessoas, com especial atenção às mulheres
Prevenção, e às crianças; proteger e ajudar as vítimas do tráfico, com respeito pleno aos seus
Supressão e direitos humanos; e promovendo a cooperação entre os Estados Partes com a
Punição do Tráfico finalidade de atingir tais objetivos.
de Pessoas,
especialmente A expressão “tráfico de pessoas” abrange o recrutamento, transporte,
Mulheres e transferência, alojamento ou acolhimento de pessoas por meio de artifícios com
Crianças, a ameaça ou o uso da força, a coação em geral, o rapto, a fraude, o engano, o
complementar à abuso de autoridade, a situação de vulnerabilidade, ou, ainda, a entrega ou
Convenção das aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma
Nações Unidas pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração.
contra o Crime Cabe destacar que o CONSENTIMENTO DA VÍTIMA É IRRELEVANTE CASO
Organizado QUALQUER DOS MEIOS TENHA SIDO EMPREGADO.
Transnacional
Também serão considerados ilícitos a TENTATIVA de tráfico, a CUMPLICIDADE e a
ORGANIZAÇÃO ou INSTRUÇÃO de ações de tráfico de pessoas (art. 5).

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Os Estados deverão tomar medidas para prevenir o tráfico de pessoas,


especialmente mulheres e crianças, o que incluirá o intercâmbio de informações
entre autoridades competentes, mediante a assistência e proteção às vítimas de
tráfico de pessoas (inclusive proteção da privacidade e da identidade das vítimas
de tráfico de pessoas); medidas que permitam a recuperação física, psicológica e
social das vítimas de tráfico de pessoas; segurança física das vítimas de tráfico de
pessoas; viabilização da possibilidade de, no sistema jurídico, as vítimas obterem
indenização por danos sofridos; medidas que permitam às vítimas de tráfico
permanecerem no território do Estado Parte a título temporário ou permanente.

*#NOVIDADELEGISLATIVA: Em 06 de outubro de 2016, foi editada, no Brasil, a Lei


13.344/2016, que dispõe sobre prevenção e repressão ao tráfico interno e
internacional de pessoas e sobre medidas de atenção às vítimas; altera a Lei no
6.815, de 19 de agosto de 1980 (Estatuto do Estrangeiro), o Decreto-Lei no 3.689,
de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e o Decreto-Lei no 2.848, de
7 de dezembro de 1940 (Código Penal); e revoga art. 231 e art. 231-A do Decreto-
Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal).

O Brasil é parte da Convenção de Nova Iorque e de seu Protocolo Facultativo,


assinados pelo Estado brasileiro em 2007. (Decreto 6.949/2009).

Os tratados em apreço são os primeiros atos internacionais que se revestem do


status de emenda constitucional no Brasil.

A Convenção visa a promover, a proteger e a assegurar o exercício pleno e


equitativo dos direitos humanos por todas as pessoas portadoras de deficiência e
a fomentar o respeito pela dignidade que lhes é inerente (art. 1º), tratando-as em
p) Convenção
condições de igualdade, de modo a corrigir as desvantagens sociais.
Internacional sobre
os Direitos das Entende-se por deficiência as pessoas que têm impedimentos de longo prazo de
Pessoas com natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com
Deficiência e seu diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade
Protocolo em igualdades de condições com as demais pessoas.
Facultativo
Os princípios da Convenção de Nova Iorque estão em seu art. 3, quais sejam:

a) Respeito pela dignidade inerente a todos os portadores de deficiência;


b) Autonomia individual, inclusive a liberdade de fazer as próprias escolhas;
c) A independência das pessoas;
d) A não-discriminação;
e) A plena e efetiva participação e inclusão na sociedade;
f) O respeito pela diferença e pela aceitação das pessoas com deficiência
como parte da diversidade humana e da humanidade;
g) Acessibilidade;
26
REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
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h) Igualdade entre a mulher e o homem;


i) Respeito pelo desenvolvimento das capacidades das crianças.
Os deficientes são titulares dos mesmos direitos de qualquer outro ser humano,
como o direito de não serem discriminados, a proteção especial das mulheres e
das crianças com deficiência, o direito à vida, liberdade, acesso à justiça,
prevenção contra exploração etc.

Além disso, a Convenção tutela questões específicas dos portadores de


deficiência, tais como:

• Conscientização em relação à situação dessas pessoas (art. 8);


• Acessibilidade (art. 9);
• Vida independente e inclusão na comunidade (art. 19);
• Mobilidade pessoal (art. 20);
• Habilitação e reabilitação (art. 26);
• Educação, saúde, trabalho etc.
O Sistema de Proteção Internacional dos Direitos Humanos no âmbito global tem
se importado bastante com a situação das comunidades tradicionais, que incluem,
no Brasil, os povos indígenas.

Tal atitude parte da noção de universalidade dos direitos humanos, partindo do


art. 27 do Pacto dos Direitos Civis e Políticos, que dispõe: “Nos estados em que
haja minorias étnicas, religiosas ou linguísticas, as pessoas pertencentes a essas
minorias não poderão ser privadas do direito de ter, conjuntamente com outros
membros de seu grupo, sua própria vida cultural, de professar e praticar sua
própria religião e usar sua própria língua.”.

Destacam-se:
q) Direitos humanos
i. DECLARAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DOS POVOS
e comunidades INDÍGENAS (RES. 1/2 DO CONSELHO DOS DIREITOS HUMANOS DA ONU DE
tradicionais 2006 E RES. 61/295, DE 2007, DA ASSEMBLEIA GERALD A ONU) Como
mera declaração que é, NÃO TEM CARÁTER VINCULANTE.
Dispõe que os povos indígenas têm os mesmos direitos de todos os demais
grupos humanos. Entretanto, fundamenta-se também na noção de que tais
povos devem ser respeitados em suas particularidades.
Os povos indígenas têm direito à AUTODETERMINAÇÃO, pelo qual
“determinam livremente sua condição política e buscam livremente seu
desenvolvimento econômico, social e cultural” e “têm direito à
AUTONOMIA ou ao AUTOGOVERNO nas questões relacionadas a seus
assuntos internos e locais, assim como a disporem dos meios para financiar
suas funções autônomas” (arts 3-5).
A Declaração consagra também o direito a “manter e desenvolver seus
sistemas ou instituições políticas, econômicas e sociais” e a “determinar e
elaborar prioridades e estratégias para o exercício do seu direito ao
desenvolvimento” (art. 20).

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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
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Os povos indígenas têm “direito à VIDA, à INTEGRIDADE física e mental, à


LIBERDADE e à SEGURANÇA pessoal” e não poderão ser submetidos a atos
de genocídio, violência, transferência forçada de crianças para outro grupo
ou assimilação forçada, privação de terras ou remoção compulsória das
áreas onde habitam e destruição de sua cultura, dentre outros (arts. 7, 8 e
10).
Os artigos 11 a 16, 24, 25, 33 e 34 consagram o direito de preservar sua
CULTURA, TRADIÇÕES, COSTUMES e práticas religiosas, incluindo o direito
a conservar locais e bens de relevância cultural.
Os povos indígenas também têm o direito de estabelecer e controlar seus
sistemas e instituições educativos, que ofereçam educação em seus
próprios idiomas, em consonância com seus métodos culturais de ensino e
de aprendizagem.
Também têm o direito de desfrutar plenamente de todos os direitos
estabelecidos no direito trabalhista internacional e nacional aplicável (art.
17).
O direito à TERRA é regulado pelos artigos 26 a 28 e 32. Por esses
dispositivos, restou consagrado que “os povos indígenas têm direito às
terras, territórios e recursos que possuem e ocupam tradicionalmente ou
que tenham de outra forma utilizado ou adquirido”. Assim, devem os
Estados estabelecer procedimentos de reconhecimento das terras
indígenas.
Por fim, têm direito à REPARAÇÃO PELAS TERRAS, TERRITÓRIOS E
RECURSOS QUE POSSUÍAM TRADICIONALMENTE OU DE OUTRA FORMA
OCUPAVAM E TENHAM SIDO CONFISCADOS OU TOMADOS.
Os ovos indígenas não podem ser privados ou removidos à força de suas
terras.
A proteção do MEIO AMBIENTE e PATRIMÔNIO CULTURAL encontra
previsão nos artigos 29 a 31. Dentre os direitos elencados, está consagrada
a proibição de atividades militares, salvo no interesse público ou
livremente decididas com os povos interessados, ou por estas solicitadas.
No que concerne às atividades culturais, os povos indígenas têm o direito
de manter, controlar, proteger e desenvolver seu patrimônio cultural, seus
conhecimentos tradicionais, suas expressões culturais tradicionais e as
manifestações de suas ciências, tecnologias e culturas, compreendidos os
recursos humanos e genéticos, os medicamentos, o conhecimento das
propriedades da fauna e da flora, as tradições orais, as literaturas, os
desenhos, esportes e jogos tradicionais e as artes visuais interpretativas.
ii. CONVENÇÃO 169 DA OIT 1SOBRE POVOS INDÍGENAS E TRIBAIS
Firmada em 1989, a Convenção 169 da OIT versa sobre os direitos das
comunidades tradicionais em geral, incluindo direitos relacionados ao
universo laboral, com teor muito semelhante ao da Declaração das Nações
Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.
Atente: o Direito Internacional do Trabalho, embora enfatize o universo
laboral, se preocupa com a melhoria da vida humana como um todo.

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A convenção é regida pelo PRINCÍPIO DA NÃO-DISCRIMINAÇÃO, segundo o


qual “os povos indígenas e tribais deverão gozar plenamente dos direitos
humanos e liberdades fundamentais, sem obstáculos nem discriminação”
(art. 3).
A Convenção visa a promover a maior participação possível das
comunidades tradicionais nas decisões acerca de seus destinos,
determinando o seu envolvimento em qualquer iniciativa referente a
políticas de seu interesse. Objetiva também fortalecer as comunidades
tradicionais, conferindo-lhes o direito a determinar suas próprias
prioridades no tocante aos respectivos processos de desenvolvimento
(arts. 6 e 7).
As comunidades tradicionais têm direito “a conservar seus costumes e
instituições próprias, INCLUSIVE MÉTODOS AOS QUAIS OS POVOS
INTERESSADOS RECORREM TRADICIONALMENTE PARA A REPRESSÃO DOS
DELITOS cometidos pelos seus membros”, desde que não sejam
“incompatíveis com os direitos fundamentais”.
Se ligue: as comunidades tradicionais PODEM MANTER SEUS MÉTODOS DE
REPRESSÃO AOS DELITOS, desde que compatíveis com os direitos
fundamentais.
Os Estados deverão reconhecer aos povos interessados os direitos de
propriedade e de posse sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
além de tomar providências para salvaguardar o direito dos povos
interessados de utilizar terras que não estejam exclusivamente ocupadas
por eles, mas às quais, tradicionalmente, tenham tido acesso para suas
atividades tradicionais e de subsistência.
Em caso de pertencer ao Estado a prioridade dos minérios ou dos recursos
do subsolo, ou de ter direitos sobre, ou de ter direitos sobre outros
recursos, existentes nas terras, os governos deverão estabelecer ou manter
procedimentos com vistas a consultar os povos interessados. Além disso,
os povos interessados deverão participar sempre que possível dos
benefícios que essas atividades produzam.
Os povos indígenas e tribais não deverão ser transladados das terras que
ocupam. Todavia, se a saída for necessária, tal providência deve decorrer
do consentimento livre dos integrantes dessas comunidades. Nesse caso,
deverá ser providenciado o retorno tão logo possível. Quando isso não for
viável, os povos interessados deverão idealmente receber terras cuja
qualidade e estatuto jurídico sejam pelo menos iguais.
Por fim, os Estados deverão adotar medidas, inclusive por meio de lei
adequada, para impedir “toda intrusão não autorizada nas terras dos povos
interessados” ou “todo uso não autorizado das mesmas por pessoas alheias
a eles”.
Além disso, deverão adotar medidas especiais para garantir aos
trabalhadores proteção eficaz em matéria de contratação e condições de
emprego, inclusive com programas de formação profissional que atendam
às necessidades especiais dos povos, com ênfase no artesanato, indústria
rural e comunitária, atividades tradicionais etc.
Por fim, a Convenção 169 se preocupa com questões relativas à saúde e à
seguridade social (arts. 24 e 25), à educação, à cooperação entre

29
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comunidades tradicionais e à administração de programas


governamentais.

DIREITO ELEITORAL

ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA ELEITORAL:


#FOCANATABELA:
TABELA COMPARATIVA
TSE TRE
COMPOSIÇÃO: para o TSE a CF fala em NO COMPOSIÇÃO: tanto a CF quanto o CE
MÍNIMO 7 MEMBROS. mencionam 7 MEMBROS. Contudo, prevê o CE
que o número de membros poderá ser elevado
até 9 MEMBROS.
INTEGRANTES: INTEGRANTES:
• 3 MIN STF • 2 DES TJ
• 2 MIN STJ • 2 JUÍZES TJ
• 2 ADVOGADOS • 1 DES TRF
• 2 ADVOGADOS
Membros advogados são nomeados pelo Presidente da República, embora no TSE sejam indicados
pelo STF e no TRE sejam indicados pelo TJ.
PRESIDÊNCIA e VICE: O TSE escolhe entre os PRESIDÊNCIA E VICE: O TRE escolhe entre os Des.
Ministros do STF. do TJ.
LIMITAÇÃO DE PARENTESCO ENTRE MEMBROS: LIMITAÇÃO DE PARENTES ENTRE MEMBROS: até
até 4º grau 4º grau
CORREGEDOR: Ministro do STJ CORREGEDOR: previsto em Regimento Interno.
COMPETÊNCIAS MAIS IMPORTANTES COMPETÊNCIA MAIS IMPORTANTES
• Cassação de registro de partidos políticos e dos • Cassação de diretórios estaduais e municipais
diretórios nacionais; de partidos políticos;
• Cassação do registro de candidatos à Presidência • Cassação de registro de candidatos à
e Vice-Presidência. Governador, vice-Governador, Membro do
• Responder a consultas formuladas por Congresso Nacional (Senadores e Deputados
autoridades com jurisdição federal ou órgão Federais), e membros das Assembleias
nacional de partido. Legislativas (Deputados Estaduais).
• Aprovar a divisão dos Estados em zonas • Responder a consultas formuladas por
eleitorais ou a criação de novas zonas autoridade política ou partido político.
• Dividir a respectiva circunscrição em
zonas eleitorais, submetendo essa divisão, assim
como a criação de novas zonas, à aprovação do
Tribunal Superior.

JUIZ ELEITORAL: Os juízes eleitorais são órgãos de primeiro grau da Justiça Eleitoral que exercem a
jurisdição perante uma zona eleitoral. Os cargos são ocupados por magistrados estaduais.
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Na hipótese de existir, em uma determinada comarca, mais de um juiz, o cargo eleitoral será ocupado por
um deles, por designação do TRE, de acordo com o critério da antiguidade. Esses juízes exercerão a
jurisdição dentro do espaço geográfico da zona eleitoral.

Competência dos juízes eleitorais:


Art. 35. Compete aos juízes:
I - cumprir e fazer cumprir as decisões e determinações do Tribunal Superior e do Regional;
II - processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, ressalvada a competência
originária do Tribunal Superior e dos Tribunais Regionais;
III - decidir habeas corpus e mandado de segurança, em matéria eleitoral, desde que essa competência não
esteja atribuída privativamente a instância superior.
IV - fazer as diligências que julgar necessárias a ordem e presteza do serviço eleitoral;
V - tomar conhecimento das reclamações que lhe forem feitas verbalmente ou por escrito, reduzindo-as a
termo, e determinando as providências que cada caso exigir;
VI - indicar, para aprovação do Tribunal Regional, a serventia de justiça que deve ter o anexo da escrivania
eleitoral;(Revogado pela Lei nº 8.868, de 1994)
VIII - dirigir os processos eleitorais e determinar a inscrição e a exclusão de eleitores;
IX- expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor;
X - dividir a zona em seções eleitorais;
XI mandar organizar, em ordem alfabética, relação dos eleitores de cada seção, para remessa a mesa
receptora, juntamente com a pasta das folhas individuais de votação;
XII - ordenar o registro e cassação do registro dos candidatos aos cargos eletivos municiais e comunicá-los ao
Tribunal Regional;
XIII - designar, até 60 (sessenta) dias antes das eleições os locais das seções;
XIV - nomear, 60 (sessenta) dias antes da eleição, em audiência pública anunciada com pelo menos 5 (cinco)
dias de antecedência, os membros das mesas receptoras;
XV - instruir os membros das mesas receptoras sobre as suas funções;
XVI - providenciar para a solução das ocorrências que se verificarem nas mesas receptoras;
XVII - tomar todas as providências ao seu alcance para evitar os atos viciosos das eleições;
XVIII -fornecer aos que não votaram por motivo justificado e aos não alistados, por dispensados do
alistamento, um certificado que os isente das sanções legais;
XIX - comunicar, até às 12 horas do dia seguinte a realização da eleição, ao Tribunal Regional e aos delegados
de partidos credenciados, o número de eleitores que votarem em cada uma das seções da zona sob sua
jurisdição, bem como o total de votantes da zona.

#DEOLHONAJURIS#DIZERODIREITO#STF: Compete à Justiça Eleitoral julgar os crimes eleitorais e os comuns


que lhes forem conexos. Cabe à Justiça Eleitoral analisar, caso a caso, a existência de conexão de delitos
comunsaos delitos eleitorais e, em não havendo, remeter os casos à Justiça competente. STF. Plenário. Inq
4435 AgR- quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13 e 14/3/2019 (Info 933).

COMPETÊNCIAS DO PROCURADOR GERAL ELEITORAL

31
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• Assistir às sessões, manifestando-se quando entender necessário ou quando solicitado;


• Exercer e promover a ação pública;
• Oficiar nos recursos encaminhados ao TSE;
• Defender a jurisdição do Tribunal e representar pela observância da legislação eleitoral;
• Requisitar diligências, certidões e esclarecimentos;
• Expedir instruções destinadas ao membros que atuarem perante os TREs;
• Acompanhar o Corregedor Geral quando solicitados (pessoalmente ou por intermédio de
procuradordesignado).

DIREITO POLÍTICO: DIREITO FUNDAMENTAL?

Denominam-se direitos políticos ou cívicos as prerrogativas e os deveres inerentes à cidadania. Englobam o


direito de participar direta ou indiretamente do governo, da organização e do funcionamento do Estado.

E é considerado um direito fundamental de primeira geração ou dimensão.

Lembrar que: os direitos políticos formam estruturalmente a base do regime democrático e que o direito de
votar e ser votado é, antes de tudo, um direito político fundamental porque nele se assenta a garantia da
preservação de todos os demais direitos fundamentais.

DIREITOS POLÍTICOS E DIREITOS HUMANOS

ARTIGO 252

Todo cidadão terá o direito e a possibilidade, sem qualquer das formas de discriminação mencionadas no artigo
2 e sem restrições infundadas:

a) de participar da condução dos assuntos públicos, diretamente ou por meio de representantes livremente
escolhidos;

b) de votar e de ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realizadas por sufrágio universal e igualitário e por
voto secreto, que garantam a manifestação da vontade dos eleitores;

c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções públicas de seu país.

Direito político é, nas palavras de Alexandre de Moraes, o conjunto de regras que disciplina as formas de atuação
da soberania popular.

SUFRÁGIO E VOTO

Ambos derivam do conceito de soberania popular. O sufrágio nada mais é do que o direito subjetivo de
participação do cidadão nas decisões políticas concernentes ao Estado. Já o voto é o instrumento pelo qual se
perfectibiliza ativamente referida participação.

2
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos
32
REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
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SUFRÁGIO é o direito à participação na formação da vontade do Estado.

O SUFRÁGIO é universal!

VOTO é o exercício deste direito

O VOTO é direito secreto e com igual valor para todos!

DIREITOS POLÍTICOS DE GRUPOS VULNERÁVEIS #APOSTACICLOS

RESOLUÇÃO N° 23.659/21:

DIREITOS DA PESSOA INDÍGENA

Art. 13. É direito fundamental da pessoa indígena ter considerados, na prestação de serviços eleitorais, sua
organização social, seus costumes e suas línguas, crenças e tradições.
§ 1º O disposto no caput não exclui a aplicação, às pessoas indígenas, das normas constitucionais, legais e
regulamentares que impõem obrigações eleitorais e delimitam o exercício dos direitos políticos.
§ 2º No tratamento de dados das pessoas indígenas, não serão feitas distinções entre "integradas" e "não
integradas", "aldeadas" e "não aldeadas", ou qualquer outra que não seja autoatribuída pelos próprios grupos
étnico-raciais.
§ 3º Não se exigirá a fluência na língua portuguesa para fins de alistamento, assegurando-se a cidadãos e
cidadãs indígenas, o uso de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.
§ 4º A pessoa indígena ficará dispensada da comprovação do domicílio eleitoral quando o atendimento prestado
pela Justiça Eleitoral ocorrer dentro dos limites das terras em que habita ou quando for notória a vinculação de
sua comunidade a esse território.
§ 5º É assegurado à pessoa indígena indicar, no prazo estipulado pela Justiça Eleitoral para cada pleito, local de
votação, diverso daquele em que está sua seção de origem, no qual prefere exercer o voto, desde que dentro dos
limites da circunscrição da eleição.
§ 6º O previsto neste artigo aplica-se, no que for compatível, a quilombolas e integrantes de comunidades
remanescentes.

DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Art. 14. É direito fundamental da pessoa com deficiência, inclusive a que for declarada relativamente incapaz
para a prática de atos da vida civil, estiver excepcionalmente sob curatela ou tiver optado pela tomada de
decisão apoiada, a implementação de medidas destinadas a promover seu alistamento e o exercício de seus
direitos políticos em igualdade de condições com as demais pessoas.

§ 1º A implementação de medidas a que se refere o caput deste artigo será realizada de forma gradativa, a partir
de estudos e projetos conduzidos pela Justiça Eleitoral, que poderão decorrer de convênios com entidades
especializadas ou outras formas de colaboração da sociedade civil.

33
REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

§ 2º É assegurado à pessoa com deficiência:


I - escolher, no ato de alistamento, transferência ou revisão, local de votação que permita sua vinculação a seção
eleitoral com acessibilidade, dentro da zona eleitoral;
II - indicar, no prazo estipulado pela Justiça Eleitoral para cada pleito, local de votação, diverso daquele em que
está sua seção de origem, no qual prefere exercer o voto, desde que dentro dos limites da circunscrição do pleito;
e
III - ser auxiliada, no ato de votar, por pessoa de sua escolha, ainda que não o tenha requerido antecipadamente
ao juízo eleitoral.
§ 3º É vedada a criação de seções eleitorais exclusivas para pessoas com deficiência.
§ 4º A Justiça Eleitoral não processará solicitação de suspensão de direitos políticos amparada em deficiência,
em decisão judicial que declare incapacidade civil ou em documento que ateste afastamento laboral por invalidez
ou fato semelhante.
§ 5º Na comunicação das informações relativas aos serviços e procedimentos de que trata esta Resolução, será
assegurada a acessibilidade, na forma da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência e dos protocolos
técnicos aplicáveis.

Art. 15. Não estará sujeita às sanções legais decorrentes da ausência de alistamento e do não exercício do voto
a pessoa com deficiência para quem seja impossível ou demasiadamente oneroso o cumprimento daquelas
obrigações eleitorais.
§ 1º A pessoa nas condições do caput deste artigo poderá, pessoalmente ou por meio de curador /curadora,
apoiador/apoiadora ou procurador/procuradora devidamente constituído(a) por instrumento público ou
particular, requerer:
a) a expedição da certidão prevista no inciso VII do art. 3º desta Resolução, com prazo de validade
indeterminado, se ainda não houver se alistado eleitora; ou
b) caso já possua inscrição eleitoral, o lançamento da informação no Cadastro Eleitoral, mediante comando
próprio que a isentará da sanção por ausência às urnas ou aos trabalhos eleitorais.
§ 2º O requerimento a que se refere o parágrafo precedente deverá ser dirigido ao juízo eleitoral, acompanhado
de autodeclaração da deficiência ou documentação comprobatória.
§ 3º Na avaliação da impossibilidade ou da onerosidade para o exercício das obrigações eleitorais, serão
consideradas, também, a situação socioeconômica da pessoa requerente e as barreiras de qualquer natureza
que dificultam ou impedem o seu alistamento ou direito ao voto.
§ 4º A providência a que se refere a alínea b do § 1º deste artigo inativará a situação de eventual registro por
ausência às urnas ou aos trabalhos eleitorais, desde que esta decorra da situação descrita no caput.
§ 5º O disposto neste artigo não constitui exceção ao alistamento eleitoral obrigatório e não exclui o gozo de
direitos políticos que dele decorram, cabendo ao tribunal regional eleitoral, sempre que possível, viabilizar o
atendimento em domicílio para fins de alistamento, nos termos do art. 46 desta Resolução.
§ 6º A Justiça Eleitoral empreenderá esforços para garantir a acessibilidade nos cartórios eleitorais e postos de
atendimento, ainda que por meio de acordo ou convênio com o Município ou Estado

DIREITOS DA PESSOA TRANSGÊNERA

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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

Art. 16. É direito fundamental da pessoa transgênera, preservados os dados do registro civil, fazer constar do
Cadastro Eleitoral seu nome social e sua identidade de gênero.
§ 1º Considera-se nome social a designação pela qual a pessoa transgênera se identifica e é socialmente
reconhecida.
§ 2º Considera-se identidade de gênero a atitude individual que diz respeito à forma como cada pessoa se
percebe e se relaciona com as representações sociais de masculinidade e feminilidade e como isso se traduz em
sua prática social, sem guardar necessária relação com o sexo biológico atribuído no nascimento.
§ 3º É vedada a inclusão de alcunhas ou apelidos no campo destinado ao nome social no Cadastro Eleitoral.
§ 4º A Justiça Eleitoral não divulgará o nome civil da pessoa quando for ela identificada por nome social constante
do Cadastro Eleitoral, salvo:
I - as hipóteses em que for legalmente exigido o compartilhamento do dado; ou
II - para atendimento de solicitação formulada pelo(a) titular dos dados.
§ 5º O disposto no § 4º deste artigo não impede a inclusão do nome civil em batimentos, relatórios e documentos
utilizados pela Justiça Eleitoral, quando justificada a necessidade.

BRASILEIRO RESIDENTE NO EXTERIOR


Art. 17. A pessoa brasileira nata ou naturalizada, residente no exterior, que tenha requerido alistamento ou
transferência para zona eleitoral do exterior até 150 dias antes do pleito, poderá votar nas eleições para
presidente e vice-presidente da República.
§ 1º O cadastro eleitoral de pessoas brasileiras residentes no exterior ficará sob a responsabilidade do juízo da
zona eleitoral do exterior, situada no Distrito Federal.
§ 2º As operações do cadastro relativas a pessoas brasileiras residentes no exterior e o serviço eleitoral a elas
prestados serão regulados em resolução própria.

FUNDO PARTIDÁRIO – NOVIDADE LEGISLATIVA (EC 117/2022)


A Emenda Constitucional 117 de 5 de abril de 2022, alterou o art. 17 da CF/88 para impor aos partidos
políticos a aplicação de recursos do fundo partidário na promoção e difusão da participação política das
mulheres, bem como a aplicação de recursos desse fundo e do Fundo Especial de Financiamento de
Campanha e a divisão do tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão no percentual mínimo de
30% (trinta por cento) para candidaturas femininas.

#NOVIDADELEGISLATIVA #SAINDODOFORNO #APOSTACICLOS


A LEI Nº 14.291/22 alterou a lei dos Partidos Políticos e protagonizou GRANDES MUDANÇAS na letra da lei
referente a PROPAGANDA PARTIDÁRIA GRATUITA NO RÁDIO E NA TELEVISÃO:
Art. 44, XI - no custeio de impulsionamento, para conteúdos contratados diretamente com provedor de
aplicação de internet com sede e foro no País, incluída a priorização paga de conteúdos resultantes de
aplicações de busca na internet, inclusive plataforma de compartilhamento de vídeos e redes sociais,
mediante o pagamento por meio de boleto bancário, de depósito identificado ou de transferência eletrônica
diretamente para conta do provedor, proibido, nos anos de eleição, no período desde o início do prazo das
convenções partidárias até a data do pleito.

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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

“Art. 50-A. A propaganda partidária gratuita mediante transmissão no rádio e na televisão será realizada
entre as 19h30 (dezenove horas e trinta minutos) e as 22h30 (vinte e duas horas e trinta minutos), em âmbito
nacional e estadual, por iniciativa e sob a responsabilidade dos respectivos órgãos de direção partidária.
§ 1º As transmissões serão em bloco, em cadeia nacional ou estadual, por meio de inserções de 30 (trinta)
segundos, no intervalo da programação normal das emissoras.
§ 2º O órgão partidário respectivo apresentará à Justiça Eleitoral requerimento da fixação das datas de
formação das cadeias nacional e estaduais.
§ 3º A formação das cadeias nacional e estaduais será autorizada respectivamente pelo Tribunal Superior
Eleitoral e pelos Tribunais Regionais Eleitorais, que farão a necessária requisição dos horários às emissoras
de rádio e de televisão.
§ 4º A critério do órgão partidário nacional, as inserções em redes nacionais poderão veicular conteúdo
regionalizado, com comunicação prévia ao Tribunal Superior Eleitoral.
§ 5º Se houver coincidência de data, a Justiça Eleitoral dará prioridade ao partido político que apresentou o
requerimento primeiro.
§ 6º As inserções serão entregues às emissoras com a antecedência mínima acordada e em mídia com
tecnologia compatível com a da emissora recebedora.
§ 7º As inserções a serem feitas na programação das emissoras serão determinadas:
I - pelo Tribunal Superior Eleitoral, quando solicitadas por órgão de direção nacional de partido político;
II - pelo Tribunal Regional Eleitoral, quando solicitadas por órgão de direção estadual de partido político.
§ 8º Em cada rede somente serão autorizadas até 10 (dez) inserções de 30 (trinta) segundos por dia.
§ 9º As inserções deverão ser veiculadas pelas emissoras de rádio e de televisão no horário estabelecido no
caput, divididas proporcionalmente dentro dos intervalos comerciais no decorrer das 3 (três) horas de
veiculação, da seguinte forma:
I - na primeira hora de veiculação, no máximo 3 (três) inserções;
II - na segunda hora de veiculação, no máximo 3 (três) inserções;
III - na terceira hora de veiculação, no máximo 4 (quatro) inserções.
§ 10. É vedada a veiculação de inserções sequenciais, observado obrigatoriamente o intervalo mínimo de 10
(dez) minutos entre cada veiculação.
§ 11. As inserções serão veiculadas da seguinte forma:
I - as nacionais: nas terças-feiras, quintas-feiras e sábados;
II - as estaduais: nas segundas-feiras, quartas-feiras e sextas-feiras.”

“Art. 50-B. O partido político com estatuto registrado no Tribunal Superior Eleitoral poderá divulgar
propaganda partidária gratuita mediante transmissão no rádio e na televisão, por meio exclusivo de
inserções, para:
I - difundir os programas partidários;
II - transmitir mensagens aos filiados sobre a execução do programa partidário, os eventos com este
relacionados e as atividades congressuais do partido;
III - divulgar a posição do partido em relação a temas políticos e ações da sociedade civil;
IV - incentivar a filiação partidária e esclarecer o papel dos partidos na democracia brasileira;
V - promover e difundir a participação política das mulheres, dos jovens e dos negros.

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Ciclos Método

§ 1º Os partidos políticos que tenham cumprido as condições estabelecidas no § 3º do art. 17 da Constituição


Federal terão assegurado o direito de acesso gratuito ao rádio e à televisão, na proporção de sua bancada
eleita em cada eleição geral, nos seguintes termos:
I - o partido que tenha eleito acima de 20 (vinte) Deputados Federais terá assegurado o direito à utilização
do tempo total de 20 (vinte) minutos por semestre para inserções de 30 (trinta) segundos nas redes nacionais,
e de igual tempo nas emissoras estaduais;
II - o partido que tenha eleito entre 10 (dez) e 20 (vinte) Deputados Federais terá assegurado o direito à
utilização do tempo total de 10 (dez) minutos por semestre para inserções de 30 (trinta) segundos nas redes
nacionais, e de igual tempo nas emissoras estaduais;
III - o partido que tenha eleito até 9 (nove) Deputados Federais terá assegurado o direito à utilização do tempo
total de 5 (cinco) minutos por semestre para inserções de 30 (trinta) segundos nas redes nacionais, e de igual
tempo nas redes estaduais.
§ 2º Do tempo total disponível para o partido político, no mínimo 30% (trinta por cento) deverão ser
destinados à promoção e à difusão da participação política das mulheres.
§ 3º Nos anos de eleições, as inserções somente serão veiculadas no primeiro semestre.
§ 4º Ficam vedadas nas inserções:
I - a participação de pessoas não filiadas ao partido responsável pelo programa;
II - a divulgação de propaganda de candidatos a cargos eletivos e a defesa de interesses pessoais ou de outros
partidos, bem como toda forma de propaganda eleitoral;
III - a utilização de imagens ou de cenas incorretas ou incompletas, de efeitos ou de quaisquer outros recursos
que distorçam ou falseiem os fatos ou a sua comunicação;
IV - a utilização de matérias que possam ser comprovadas como falsas (fake news);
V - a prática de atos que resultem em qualquer tipo de preconceito racial, de gênero ou de local de origem;
VI - a prática de atos que incitem a violência.
§ 5º Tratando-se de propaganda partidária no rádio e na televisão, o partido político que descumprir o
disposto neste artigo será punido com a cassação do tempo equivalente a 2 (duas) a 5 (cinco) vezes o tempo
da inserção ilícita, no semestre seguinte.
§ 6º A representação, que poderá ser oferecida por partido político ou pelo Ministério Público Eleitoral, será
julgada pelo Tribunal Superior Eleitoral quando se tratar de inserções nacionais e pelos Tribunais Regionais
Eleitorais quando se tratar de inserções transmitidas nos Estados correspondentes.
§ 7º O prazo para o oferecimento da representação prevista no § 6º deste artigo encerra-se no último dia do
semestre em que for veiculado o programa impugnado ou, se este tiver sido transmitido nos últimos 30
(trinta) dias desse período, até o 15º (décimo quinto) dia do semestre seguinte.
§ 8º Da decisão do Tribunal Regional Eleitoral que julgar procedente a representação, cassando o direito de
transmissão de propaganda partidária, caberá recurso para o Tribunal Superior Eleitoral, que será recebido
com efeito suspensivo.”

“Art. 50-C. Para agilizar os procedimentos, condições especiais podem ser pactuadas diretamente entre as
emissoras de rádio e de televisão e os órgãos de direção do partido, obedecidos os limites estabelecidos nesta
Lei, dando-se conhecimento ao Tribunal Eleitoral da respectiva jurisdição.”

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Ciclos Método

“Art. 50-D. A propaganda partidária no rádio e na televisão fica restrita aos horários gratuitos disciplinados
nesta Lei, com proibição de propaganda paga.”

“Art. 50-E. (VETADO).”

CONDUTAS VEDADAS: #APOSTACICLOS


Art. 73. Lei de eleições: São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas
tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:
I - Ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis
pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e
dos Municípios, ressalvada a realização de convenção partidária.
Vale destacar que não se enquadra na vedação do citado inciso I o uso, em campanha, de transporte oficial
pelo presidente da república; nem o uso de residências oficiais, pelos candidatos à reeleição para os cargos
de presidente e vice-presidente da república, governador e vice-governador dos estados e DF ou prefeito e
vice-prefeito, para a realização de reuniões ou contatos pertinentes à campanha, desde que não tenham
caráter de ato público.
II - Usar materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas Legislativas, que excedam as
prerrogativas consignadas nos regimentos e normas dos órgãos que integram.
III - ceder servidor público ou empregado da administração direta ou indireta federal, estadual ou
municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de campanha eleitoral de candidato,
partido político ou coligação, durante o horário de expediente normal, salvo se o servidor ou empregado
estiver licenciado.
IV - Fazer ou permitir uso promocional em favor de candidato, partido político ou coligação, de distribuição
gratuita de bens e serviços de caráter social custeados ou subvencionados pelo Poder Público.
O TSE tem firmado jurisprudência no sentido de que a legislação eleitoral não proíbe a prestação de serviço
social custeado ou subvencionado pelo poder público durante o período eleitoral (três meses que antecedem
a eleição), mas sim o seu uso para fins promocionais de candidato, partido ou coligação.
Em consonância do citado inciso IV do artigo 73, é válido destacar o disposto nos §§ 10 e 11 do mesmo artigo,
os quais, respectivamente, estabelecem que "no ano em que se realizar eleição, fica proibida a distribuição
gratuita de bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública, exceto nos casos de calamidade
pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária
no exercício anterior, casos em que o Ministério Público poderá promover o acompanhamento de sua
execução financeira e administrativa" e que "nos anos eleitorais, os programas sociais de que trata o § 10
não poderão ser executados por entidade nominalmente vinculada a candidato ou por esse mantida".
V - nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa causa, suprimir ou readaptar
vantagens ou por outros meios dificultar ou impedir o exercício funcional e, ainda, ex officio, remover,
transferir ou exonerar servidor público, na circunscrição do pleito, nos três meses que o antecedem e até a
posse dos eleitos, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados:
a) a nomeação ou exoneração de cargos em comissão e designação ou dispensa de funções de confiança
(qualquer poder, ou seja, Legislativo e também Executivo).
b) a nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos Tribunais ou Conselhos de Contas
e dos órgãos da Presidência da República;

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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

c) a nomeação dos aprovados em concursos públicos homologados até o início daquele prazo (qualquer
poder, ou seja, Legislativo e também Executivo).
d) a nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao funcionamento inadiável de serviços públicos
essenciais, com prévia e expressa autorização do Chefe do Poder Executivo;
e) a transferência ou remoção ex officio de militares, policiais civis e de agentes penitenciários;
VI - nos três meses que antecedem o pleito:
a) realizar transferência voluntária de recursos da União aos Estados e Municípios, e dos Estados aos
Municípios, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados os recursos destinados a cumprir obrigação
formal preexistente para execução de obra ou serviço em andamento e com cronograma prefixado, e os
destinados a atender situações de emergência e de calamidade pública;
b) com exceção da propaganda de produtos e serviços que tenham concorrência no mercado, autorizar
publicidade institucional dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos federais,
estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta, salvo em caso de grave e
urgente necessidade pública, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral;
c) fazer pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, fora do horário eleitoral gratuito, salvo quando, a
critério da Justiça Eleitoral, tratar-se de matéria urgente, relevante e característica das funções de governo;
VII - empenhar, no primeiro semestre do ano de eleição, despesas com publicidade dos órgãos públicos
federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta, que excedam a
6 (seis) vezes a média mensal dos valores empenhados e não cancelados nos 3 (três) últimos anos que
antecedem o pleito; (Redação dada pela Lei nº 14.356, de 2022) #NOVIDADELEGISLATIVA
#APOSTACICLOS
VIII - fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos servidores públicos que exceda a
recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleição, a partir do início do prazo
estabelecido no art. 7º desta Lei e até a posse dos eleitos.
Considera-se revisão geral da remuneração dos servidores o aumento concedido em razão do poder aquisitivo
da moeda e que não tem por objetivo corrigir situações de injustiça ou de necessidade de revalorização
profissional de carreiras específica.

DIREITO ADMINISTRATIVO

#NÃOCONFUNDA #NAPONTADALÍNGUA

Administração Pública subjetiva: órgãos, entes e agentes.


Administração Pública objetiva: atividade administrativa.
Administração Pública extroversa: relação entre Administração e particular.
Administração Pública introversa: relação interna da Administração.

DESCENTRALIZAÇÃO x DESCONCENTRAÇÃO (Ricardo Alexandre, 2020) #APOSTACICLOS


DESCONCENTRAÇÃO (administrativa) DESCENTRALIZAÇÃO (política)
Distribuição INTERNA de competências pela Estado transfere a EXECUÇÃO de determinadas
Administração Direta ou Indireta, dentro da MESMA atividades a particulares ou pessoas jurídicas
PESSOA JURÍDICA. Cria órgãos dentro da mesma públicas/privadas da Administração Indireta.
estrutura de poder. Ex: Ministérios, secretarias.
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Ciclos Método

Há hierarquia, estando os órgãos criados Inexiste relação hierárquica entre quem transfere e
subordinados à pessoa jurídica. quem recebe as atribuições.
Viabiliza a especialização de determinadas funções Por meio de concessão ou permissão de serviços
dentro da estrutura da pessoa jurídica. públicos

Os conselhos profissionais têm poder de polícia para fiscalizar as profissões regulamentadas, inclusive no que
concerne à cobrança de anuidades e à aplicação de sanções.
REsp 1773387/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 11/12/2018, DJe
11/03/2019 #APOSTACICLOS

#DEOLHONAJURIS #APOSTACICLOS #VAICAIR


Os recursos públicos vinculados ao orçamento de estatais prestadoras de serviço público essencial, em regime
não concorrencial e sem intuito lucrativo primário não podem ser bloqueados ou sequestrados por decisão
judicial para pagamento de suas dívidas, em virtude do disposto no art. 100 da CF/1988, e dos princípios da
legalidade orçamentária (art. 167, VI, da CF), da separação dos poderes (arts. 2°, 60, § 4°, III, da CF) e da eficiência
da administração pública (art. 37, caput, da CF). (ADPF 616/BA, relator Min. Roberto Barroso, julgamento virtual
finalizado em 21.5.2021).

O teto constitucional remuneratório não incide sobre os salários pagos por empresas públicas e sociedades de
economia mista, e suas subsidiárias, que não recebam recursos da Fazenda Pública. (ADI 6584/DF, relator Min.
Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 21.5.2021).

É aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público próprio do
Estado e de natureza não concorrencial. STF. Plenário. ADPF 387/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
23/3/2017 (Info 858).

É desnecessária, em regra, lei específica para inclusão de sociedade de economia mista ou de empresa pública
em programa de desestatização. (ADI 6241, Relator(a): CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 08/02/2021,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-054 DIVULG 19-03-2021 PUBLIC 22-03-2021)

É desnecessária a autorização legislativa expressa para a criação de subsidiárias quando houver autorização
legislativa da criação de empresa pública ou sociedade de economia mista e nesta constar permissão genérica
da possibilidade de criação de subsidiárias. Assim, não se exige lei específica para autorizar a criação de
subsidiária. É dispensável a autorização legislativa para a alienação de controle acionário de empresas
subsidiárias. STF. Plenário. ADPF 794/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/5/2021 (Info 1018).

O regime de licitação e contratação previsto na Lei 8.666/1993 é inaplicável às sociedades de economia mista
que explorem atividade econômica própria das empresas privadas, concorrendo, portanto, no mercado. RE
441280/RS, relator Min. Dias Tofolli, julgamento virtual finalizado em 6.3.2021.

As empresas públicas e as sociedades de economia mista delegatárias de serviços públicos essenciais, que não
distribuam lucros a acionistas privados nem ofereçam risco ao equilíbrio concorrencial, são beneficiárias da
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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

imunidade tributária recíproca prevista no artigo 150, VI, a, da Constituição Federal, independentemente de
cobrança de tarifa como contraprestação do serviço. RE 1320054. Órgão julgador: Tribunal Pleno. Relator(a):
MINISTRO PRESIDENTE. Julgamento: 06/05/2021. Publicação: 14/05/2021.

DECISÃO COORDENADA: #NOVIDADELEGISLATIVA


Art. 49-A. No âmbito da Administração Pública federal, as decisões administrativas que exijam a participação de
3 (três) ou mais setores, órgãos ou entidades poderão ser tomadas mediante decisão coordenada, sempre que:
I - for justificável pela relevância da matéria; e
II - houver discordância que prejudique a celeridade do processo administrativo decisório.
§ 1º Para os fins desta Lei, considera-se decisão coordenada a instância de natureza interinstitucional ou
intersetorial que atua de forma compartilhada com a finalidade de simplificar o processo administrativo
mediante participação concomitante de todas as autoridades e agentes decisórios e dos responsáveis pela
instrução técnico-jurídica, observada a natureza do objeto e a compatibilidade do procedimento e de sua
formalização com a legislação pertinente. (...)
§ 6º Não se aplica a decisão coordenada aos processos administrativos:
I - de licitação;
II - relacionados ao poder sancionador; ou
III - em que estejam envolvidas autoridades de Poderes distintos.

#APOSTACICLOS #SAINDODOFORNO
A decisão que determina exclusão de elementos probatórios obtidos mediante o acesso ao e-mail funcional
de servidor investigado não contamina a legalidade da utilização de provas produzidas de forma
independente por comissão disciplinar de PAD, em observância à teoria da fonte independente e da
descoberta inevitável da prova. AgRg na Rcl 42.292-DF, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado
do TRF 1ª Região), Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 24/08/2022, DJe 26/08/2022.

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

#DEOLHONAJURIS #APOSTACICLOS #SAINDODOFORNO


Incide a Lei 14.230/2021 em relação aos atos de improbidade administrativa culposos praticados na
vigência da Lei 8.429/1992, desde que não exista condenação transitada em julgado, cabendo ao juízo
competente o exame da ocorrência de eventual dolo por parte do agente.
ARE 843989/PR, relator Min. Alexandre de Moraes, julgamento finalizado em 18.8.2022 (INF 1065)

ELEMENTOS DE CONFIGURAÇÃO DO ATO DE IMPROBIDADE


SUJEITO ATIVO DO CONDUTA DOLO SUJEITO PASSIVO DO ATO
ATO
I) Agentes públicos; Prática de conduta DOLO ESPECÍFICO, I) Poderes Executivo,
II) Particular, pessoa prevista no arts. 9, 10 ou consubstanciado na Legislativo e Judiciário da
física ou jurídica, que 11 (que importam especial finalidade União, dos Estados, dos

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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

celebra com a enriquecimento ilícito; de agir (com objetivo Municípios e do Distrito


administração que causam prejuízo ao específico de obter Federal; II) Entidades da
pública convênio, erário; e que atentam resultado ilícito Administração indireta
contrato de repasse, contra os princípios da tipificado na LIA). (todos); III) Entidade
contrato de gestão, Administração Pública. privada que receba
termo de parceria, subvenção, benefício ou
termo de incentivo, fiscal ou
cooperação ou creditício, de entes
ajuste públicos ou
administrativo governamentais;
equivalente, no que
se refere a recursos
de origem pública;
III) Terceiros que
induziram ou
concorreram
dolosamente para a
prática do ato;

#IMPORTANTE #APOSTACICLOS #SAINDODOFORNO


A partir do advento da Lei 14.230/2021 (nova Lei de Improbidade Administrativa – LIA) — cuja publicação
e entrada em vigor ocorreu em 26.10.2021 —, deixou de existir, no ordenamento jurídico, a tipificação para
atos culposos de improbidade administrativa.
“É necessária a comprovação de responsabilidade subjetiva para a tipificação dos atos de improbidade
administrativa, exigindo-se — nos artigos 9º, 10 e 11 da LIA — a presença do elemento subjetivo — DOLO; 2)
A norma benéfica da Lei 14.230/2021 — revogação da modalidade culposa do ato de improbidade
administrativa —, é IRRETROATIVA, em virtude do artigo 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal, não tendo
incidência em relação à eficácia da coisa julgada; nem tampouco durante o processo de execução das penas
e seus incidentes; 3) A nova Lei 14.230/2021 aplica-se aos atos de improbidade administrativa culposos
praticados na vigência do texto anterior da lei, porém sem condenação transitada em julgado, em virtude da
revogação expressa do texto anterior; devendo o juízo competente analisar eventual dolo por parte do
agente; 4) O novo regime prescricional previsto na Lei 14.230/2021 é IRRETROATIVO, aplicando-se os novos
marcos temporais a partir da publicação da lei.”
ARE 843989/PR, relator Min. Alexandre de Moraes, julgamento finalizado em 18.8.2022 (INF 1065)
NÃO ESQUEÇAM! NÃO HÁ MAIS PREVISÃO DE ATO DE IMPROBIDADE CULPOSO!

#DEOLHONAJURIS STF: Os agentes políticos, com exceção do Presidente da República, encontram-se


sujeitos a duplo regime sancionatório, de modo que se submetem tanto à responsabilização civil pelos
atos de improbidade administrativa quanto à responsabilização político-administrativa por crimes de
responsabilidade (Pet 3240, AgR/DF, julgamento em 10.5.2018, Informativo 901).

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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

STJ: A Corte Especial do STJ, no julgamento da Rcl 2.790/SC, pacificou o entendimento de que os agentes
políticos podem ser processados por seus atos pela Lei de Improbidade Administrativa (8.429/92),
ressalvado apenas o Presidente da República (AgRg no AREsp 46.546/MA).
(...)No entanto, o particular não pode ser responsabilizado isoladamente por improbidade administrativa.
Somente poderá fazer parte do polo passivo da ação em litisconsórcio passivo com o agente público que
praticou o ato ímprobo (REsp 1.171.017-PA. Informativo 535).

ESPÉCIES DE ATO DE IMPROBIDADE APÓS A NOVA LEI #APOSTACICLOS


ANTES DA NOVA LEI DEPOIS DA NOVA LEI
A topografia era: Art. 9º = atos que importam em Art. 9º = atos que importam em enriquecimento
enriquecimento ilícito. ilícito.
Art. 10 = Atos que causam prejuízo ao erário. Art. 10 = Atos que causam prejuízo ao erário.
Art. 10-A = Atos decorrentes de concessão ou Art. 10-A = Atos decorrentes de concessão ou
aplicação indevida de benefício financeiro ou aplicação indevida de benefício financeiro ou
tributário (inserido pela LC 157/2016). tributário
Art. 11 = Atos que atentam contra os princípios Art. 11 = Atos que atentam contra os princípios da
da Administração Pública. Administração Pública.

#IMPORTANTE O art. 10-A foi revogado formalmente,


mas as hipóteses previstas ali foram transferidas para
o inciso XXII do art. 10.

#DEOLHONAJURIS #APOSTACICLOS #SAINDODOFORNO


Os entes públicos que sofreram prejuízos em razão de atos de improbidade também estão autorizados, de
forma concorrente com o Ministério Público (MP), a propor ação e a celebrar acordos de não persecução civil
em relação a esses atos ADI 3943; RE 208790 e RE 409356. ADI 7042/DF, relator Min. Alexandre de Moraes,
julgamento finalizado em 31.8.2022

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

#APOSTACICLOS As cláusulas exorbitantes estão previstas no art. 58 da Lei 8.666/93 e no art. 104 da Lei
14.133/21.

Lei 8.666/93 Lei 14.133/21


Art. 58. O regime jurídico dos contratos Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído
administrativos instituído por esta Lei confere à por esta Lei confere à Administração, em relação
Administração, em relação a eles, a prerrogativa a eles, as prerrogativas de:
de:
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público,
adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado;
respeitados os direitos do contratado;

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Ciclos Método

II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos II - extingui-los, unilateralmente, nos casos


especificados no inciso I do art. 79 desta Lei; especificados nesta Lei;

III - fiscalizar-lhes a execução; III - fiscalizar sua execução;

IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total
ou parcial do ajuste; ou parcial do ajuste;

V - nos casos de serviços essenciais, ocupar V - ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e
provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e utilizar pessoal e serviços vinculados ao objeto do
serviços vinculados ao objeto do contrato, na contrato nas hipóteses de:
hipótese da necessidade de acautelar apuração
administrativa de faltas contratuais pelo a) risco à prestação de serviços essenciais;
contratado, bem como na hipótese de rescisão do
contrato administrativo. b) necessidade de acautelar apuração administrativa
de faltas contratuais pelo contratado, inclusive
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e após extinção do contrato.
monetárias dos contratos administrativos não
poderão ser alteradas sem prévia concordância do § 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias
contratado. dos contratos não poderão ser alteradas sem
prévia concordância do contratado.
§ 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas
econômico-financeiras do contrato deverão ser § 2º Na hipótese prevista no inciso I do caput deste
revistas para que se mantenha o equilíbrio artigo, as cláusulas econômico-financeiras do
contratual. contrato deverão ser revistas para que se
mantenha o equilíbrio contratual.

#DEOLHONAJURIS #SAINDODOFORNO
A queda de arrecadação fiscal de município contratante advinda da redução do preço do barril de petróleo no
mercado internacional não constitui motivo suficiente para redução da contraprestação devida à concessionária
de serviços públicos se essa contraprestação não estiver vinculada contratualmente à variação do preço do
petróleo. AgInt na SLS 2.779-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, Corte
Especial, por maioria, julgado em 01/06/2022, DJe 16/08/2022. (Info 748)

LICITAÇÕES

VIGÊNCIA, REVOGAÇÕES E REGIME DE TRANSIÇÃO DA LEI 14.133/2021


VIGÊNCIA: A nova lei de licitações e contratos entrou em vigor na data de sua publicação. Não houve vacatio
legis, em razão da previsão expressa (Art. 194. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.)
REVOGAÇÃO LEGAIS: I) IMEDIATAS: Abordadas pelo art. 190 trata da revogação de leis e dispositivos legais:
Art. 193. Revogam-se: I – os arts. 89 a 108 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, na data de publicação
desta Lei; II – a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, a Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, e os arts.
1º a 47-A da Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011, após decorridos 2 (dois) anos da publicação oficial
desta Lei.

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Ciclos Método

Isto é, os arts. 89 a 108 da lei 8.666/93 foram imediatamente revogados, e pontue-se que todos são relativos às
disposições penais e processuais penais.
II) FUTURAS (A PARTIR DE DE 01/04/2023): Mais especificamente no prazo de DOIS ANOS após a publicação da
nova lei: As leis 8.666/93, 10.520/2002 (lei do pregão) e 12.462/2011 (lei do RDC) – em suas integralidades.
Portanto, durante esses dois anos, teremos dois regimes licitatórios em plena vigência no país, podendo o
administrador optar por qual regime jurídico pretende realizar os procedimentos licitatórios e as
contratações, DEVENDO SINALIZAR CLARAMENTE A ESCOLHA QUANDO DA PUBLICAÇÃO DO EDITAL. Duas
considerações importantes:
I) É VEDADA A COMBINAÇÃO DOS DOIS REGIMES.
II) A escolha do regime licitatório implica que este também será aplicado ao contrato decorrente.
Art. 191 Até o decurso do prazo de que trata o inciso II do caput do art. 193, a Administração poderá optar
por licitar de acordo com esta Lei ou de acordo com as leis citadas no referido inciso, e a opção escolhida
deverá ser indicada expressamente no edital ou no aviso ou instrumento de contratação direta, vedada a
aplicação combinada desta Lei com as citadas no referido inciso.
Parágrafo único. Na hipótese do caput deste artigo, se a Administração optar por licitar de acordo com as
leis citadas no inciso II do caput do art. 193 desta Lei, o contrato respectivo será regido pelas regras nelas
previstas durante toda a sua vigência.

INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA

São os seguintes os meios de intervenção do Estado na propriedade privada, tradicionalmente


enumerados pela doutrina: servidão administrativa; requisição; ocupação temporária; limitação
administrativa; tombamento; desapropriação.

#SELIGANATABELA
Limitação Administrativa Limitações administrativas são determinações de caráter
geral, por meio das quais o poder público impõe a proprietários
indeterminados obrigações de fazer (obrigações positivas), ou
obrigações de deixar de fazer alguma coisa (obrigações negativas,
ou de não fazer ou de permitir), com a finalidade de assegurar que
a propriedade atenda a sua função social.
Na lição de Hely Lopes, “limitação administrativa é toda
imposição geral, gratuita, unilateral e de ordem pública
condicionadora do exercício de direitos ou de atividades
particulares às exigências do bem-estar social”.
Ocupação Temporária Ocupação temporária é a forma de intervenção pela qual o
Poder Público usa transitoriamente imóveis privados, como meio de
apoio à execução de obras e serviços públicos.
Requisição Requisição é o instrumento de intervenção estatal mediante
o qual, em situação de perigo público iminente, o Estado utiliza bens
móveis, imóveis ou serviços particulares com indenização ulterior,
se houver dano.

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Ciclos Método

#APOSTACICLOS #SAINDODOFORNO
Requisição administrativa de bens ou serviços públicos -A
requisição administrativa “para atendimento de necessidades
coletivas, urgentes e transitórias, decorrentes de situações de
perigo iminente, de calamidade pública ou de irrupção de
epidemias” — prevista na Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde
(Lei 8.080/1990) — não recai sobre bens e/ou serviços públicos de
outro ente federativo. (INFO 1059, STF)
Servidão Servidão administrativa é o direito real público que autoriza
o Poder Público a usar da propriedade imóvel para permitir a
execução de obras e serviços de interesse coletivo.
São três, portanto, as características fundamentais do
instituto servidão administrativa: ônus real, incidente sobre um bem
particular (imóvel alheio), com a finalidade de permitir uma
utilização pública.
Tombamento Tombamento é a modalidade de intervenção na
propriedade por meio da qual o Poder Público procura proteger o
patrimônio cultural brasileiro.

SERVIÇOS PÚBLICOS

#DEOLHONOJURIS #SAINDODOFORNO
Afronta o princípio da separação dos Poderes a anulação judicial de cláusula de contrato de concessão firmado
por Agência Reguladora e prestadora de serviço de telefonia que, em observância aos marcos regulatórios
estabelecidos pelo Legislador, autoriza a incidência de reajuste de alguns itens tarifários em percentual
superior ao do índice inflacionário fixado, quando este não é superado pela média ponderada de todos os
itens.
STF. Plenário. RE 1059819/PE, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 18/2/2022 (Repercussão Geral – Tema 991) (Info 1044).

Com base nesse entendimento, ao concluir a apreciação do Tema 991 da repercussão geral, o Plenário, por
maioria, deu provimento ao recurso extraordinário para, reformando o acórdão do TRF, julgar improcedente
ação civil pública, mantendo válido o acréscimo de 9% no reajuste individual dos itens tarifários acima do Índice
Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), constante na cláusula 11.1 do contrato de concessão.

#APOSTACICLOS: SERVIÇO PÚBLICO ADEQUADO Um serviço público adequado satisfaz:

- Condições de regularidade;

- Continuidade;

- Eficiência;

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Ciclos Método

- Segurança;

- Atualidade;

- Generalidade;

- Cortesia na prestação;

- Modicidade das Tarifas.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA

São constitucionais o compartilhamento, mediante convênio, com estados, Distrito Federal ou municípios, da
execução de atividades e serviços públicos federais essenciais, e a adoção de procedimentos simplificados
para a garantia de sua continuidade em situações de greve, paralisação ou operação de retardamento
promovidas por servidores públicos federais. (INFO 1046, STF) #APOSTACICLOS #SAINDODOFORNO

DIREITO AMBIENTAL

#SAINDODOFORNO #APOSTACICLOS

ATENÇÃO!!!! É inconstitucional a Resolução CONAMA 500/2020; por outro lado, é constitucional a Resolução
CONAMA 499/2020

Caso concreto: o CONAMA editou a Resolução nº 500/2020, que revogou as Resoluções 284/2001, 302/2002 e
303/2002. Os atos normativos revogados dispunham, respectivamente, sobre: (i) o licenciamento de
empreendimentos de irrigação, (ii) os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de
reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno e (iii) os parâmetros, definições e limites de Áreas de
Preservação Permanente. O CONAMA também editou a Resolução nº 499/2020 tratando sobre “licenciamento
da atividade de coprocessamento de resíduos em fornos rotativos de produção de clínquer”. A Resolução
CONAMA 500/2020, ao revogar normas de proteção ambiental na seara hídrica, implicou evidente retrocesso
na proteção e defesa dos direitos fundamentais à vida, à saúde e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
pois revela autêntica situação de degradação de ecossistemas essenciais à preservação da vida sadia,
comprometimento da integridade de processos ecológicos essenciais e perda de biodiversidade, assim como o
recrudescimento da supressão de cobertura vegetal em áreas legalmente protegidas. Por essa razão, é
inconstitucional. A Resolução CONAMA 499/2020, ao disciplinar condições, critérios, procedimentos e limites a
serem observados no licenciamento de fornos rotativos de produção de clínquer para a atividade de
coprocessamento de resíduos, atendeu não apenas à exigência de estudo prévio de impacto ambiental para a
instalação de atividade potencialmente causadora de degradação do meio ambiente, como também à obrigação
imposta ao Poder Público de controlar o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para
a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente. Além disso, sua disciplina guarda consonância com a Lei nº

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12.305/2020, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, muito bem observando os critérios de
razoabilidade e proporcionalidade nela positivados como princípios setoriais. STF. Plenário. ADPF 748/DF, Rel.
Min. Rosa Weber, julgado em 20/5/2022 (Info 1055).

REGIME JURÍDICO DOS RECURSOS MINERAIS

DOMÍNIO EMINENTE DOMÍNIO PATRIMONIAL


É a prerrogativa decorrente da soberania ou da O domínio patrimonial é uma segunda categoria
autonomia federativa que autoriza o Estado a de bens que diz respeito ao domínio direto e
intervir, de forma branda (ex.: limitações, a plena e imediata disposição de inúmeros
servidões etc.) ou drástica (ex.: bens, móveis e imóveis, como se fora de sua
desapropriação), em todos os bens que estão propriedade. É também regido pelo Direito
localizados em seu território, com o objetivo Administrativo. Tem relação com o direito de
de implementar a função social da propriedade propriedade exercido pelo Estado sobre os
e os direitos fundamentais. O domínio bens de sua titularidade.
eminente é exercido sobre todo e qualquer
tipo de bem que esteja situado no respectivo
território do ente Federado, a saber:
a) bens públicos;
b) bens privados; e
c) res nullius ou bens adéspotas (bens de
ninguém).

POVOS INDÍGENAS E MEIO AMBIENTE

#DEOLHONAJURIS #APOSTACICLOS O art. 68 do ADCT estabelece que “aos remanescentes das comunidades
dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado
emitir-lhes os títulos respectivos.”
Em 2003, foi editado o Decreto nº 4.887, com o objetivo de regulamentar o procedimento para identificação
reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades
dos quilombos
O STF entendeu que este Decreto não invadiu esfera reservada à lei O objetivo do Decreto foi tão somente o de
regular o comportamento do Estado na implementação do comando constitucional previsto no art. 68 do ADCT.
Houve o mero exercício do poder regulamentar da Administração, nos limites estabelecidos pelo art. 84, VI da
Constituição
O art. 2º, caput e § 1º do Decreto nº 4.887/2003 prevê como deve ser o critério utilizado pelo Poder Público
para a identificação dos quilombolas O critério escolhido foi o da auto atribuição (autodefinição O STF entendeu
que a escolha do critério desse critério não foi arbitrária, não sendo contrária à Constituição
O art. 2º, §§ 2º e 3º, do Decreto preconiza que, na identificação, medição e demarcação das terras dos
quilombolas devem ser levados em consideração critérios de territorialidade indicados pelos remanescentes das
comunidades dos quilombos O STF afirmou que essa previsão é constitucional. Isso porque o que o Decreto está
garantindo é apenas que as comunidades envolvidas sejam ouvidas, não significando que a demarcação será
feita exclusivamente com base nos critérios indicados pelos quilombolas
O art. 13 do Decreto, por sua vez, estabelece que o INCRA poderá realizar a desapropriação de determinadas
áreas caso os territórios ocupados por remanescentes das comunidades dos quilombos estejam situados em
locais pertencentes a particulares O STF reputou válida essa previsão tendo em vista que em nenhum momento
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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

a Constituição afirma que são nulos ou extintos os títulos eventualmente incidentes sobre as terras ocupadas
por remanescentes das comunidades dos quilombos. Assim o art. 68 do ADCT, apesar de reconhecer um direito
aos quilombolas, não invalida os títulos de propriedade eventualmente existentes de modo que para que haja a
regularização do registro em favor das comunidades quilombolas, exige-se a realização do procedimento de
desapropriação.
Por fim ao STF não acolheu a tese de que somente poderiam ser consideradas terras de quilombolas aqueles
que estivessem sendo ocupadas por essas comunidades na data da promulgação da CF/88 (05/10/1988 Em
outras palavras, mesmo que, na data da promulgação da CF/88 a terra não mais estivesse sendo ocupada pelas
comunidades quilombolas, é possível em tese, que seja garantido o direito previsto no art. 68 do ADCT.
STF. Plenário. ADI 3239/DF, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgado em 8/2/2018
(Info 890).

#OLHAOGANCHO: TEORIA DO INDIGENATO X TEORIA DO FATO INDÍGENA

Teoria do Indigenato: a posse das terras indígenas pelos índios deve ser considerada imemorial. Tem como
fonte um direito congênito e primário e não decorrente pela simples posse ou ocupação da área pleiteada. A
própria condição de índio legitima a posse territorial, sem qualquer necessidade de maiores formalidades. O
Indigenato é direito fundamental dos índios, pois privilegia o passado e a ancestralidade, além da relação
espiritual dos índios com suas terras. Esta teoria é adotada pela jurisprudência da Corte IDH. Para parte da
doutrina, esta teoria foi adotada pela CRFB no art. 231, na medida em que estipula, de forma implícita, um
direito dominial primário e congênito-anterior e oponível a qualquer ocupação superveniente.

UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL

UNIDADE OBJETIVO DOMÍNIO


Área extensa, em geral, com certo grau de ocupação
humana, dotada de atributos abióticos, bióticos,
estéticos ou culturais especialmente importantes para a
Área de proteção qualidade de vida e o bem-estar das populações Público ou
ambiental - APA humanas, e tem como objetivos básicos proteger a privado.
diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação
e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos
naturais.
Área de pequena extensão, em regra, com pouca ou
nenhuma ocupação humana, com características
naturais extraordinárias, ou que abriga exemplares raros
Área de relevante
da biota regional e tem como objetivo manter os Público ou
interesse ecológico -
ecossistemas naturais de importância regional ou local e privado.
ARIE
regular o uso admissível dessas áreas, de modo a
compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da
natureza.
Área com cobertura florestal de espécies
predominantemente nativas e tem como objetivo básico
Floresta Nacional -
o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a Público.
FLONA
pesquisa científica, com ênfase em métodos para
exploração sustentável de florestas nativas.

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Ciclos Método

Área utilizada por populações extrativistas tradicionais,


cuja subsistência baseia-se no extrativismo e,
Reserva Extrativista - complementarmente, na agricultura de subsistência e na
Público.
RESEX criação de animais de pequeno porte. Objetiva proteger
os meios de vida dessas populações e assegurar o uso
sustentável dos recursos naturais da unidade.
Área natural com populações animais de espécies
nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou
Reserva de Fauna -
migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos Público.
REFAU
sobre o manejo econômico sustentável de recursos
faunísticos.
Área natural que abriga populações tradicionais, cuja
existência baseia-se em sistemas sustentáveis de
Reserva de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao
desenvolvimento longo de gerações e adaptados às condições ecológicas Público.
sustentável - RDS locais e que desempenham um papel fundamental na
proteção da natureza e na manutenção da diversidade
biológica.
Reserva particular do
É uma área privada, gravada com perpetuidade, com o
patrimônio natural – Privado.
objetivo de conservar a diversidade biológica.
RPPN

#NÃOCONFUNDA
Precisa ser registrada no Cadastro Ambiental Rural -
Reserva Legal (RL)
CAR
Não precisa ser registrada no Cadastro Ambiental
Área de Preservação Permanente (APP)
Rural - CAR

LICENÇA AMBIENTAL

#APOSTACICLOS #SAINDODOFORNO É inconstitucional a concessão automática de licença ambiental para


funcionamento de empresas que exerçam atividades classificadas como de risco médio!!!!! (INFO 1052, STF).

#DEOLHONAJURIS É inconstitucional a concessão automática de licença ambiental no sistema responsável pela


integração (Redesim) para o funcionamento de empresas que exerçam atividades de risco médio nos termos da
classificação estabelecida em ato do Poder Público. O licenciamento ambiental dispõe de base constitucional e
não pode ser suprimido, ainda que de forma indireta, por lei. Também não pode ser simplificado a ponto de ser
esvaziado, salvo se a norma que o excepcionar apresentar outro instrumento apto a assegurar a proteção ao
meio ambiente com igual ou maior qualidade. Nesse contexto, a simplificação do procedimento pelo argumento
da desburocratização e desenvolvimento econômico, com controle apenas posterior, configura retrocesso
inconstitucional, pois afasta os princípios da prevenção e da precaução ambiental. A automaticidade, por sua
vez, contraria norma específica sobre o licenciamento ambiental, segundo a qual as atividades econômicas
potencial ou efetivamente causadoras de impacto ambiental estão sujeitas ao controle estatal. Não possui
fundamento constitucional válido a vedação da coleta adicional, pelos órgãos competentes, de dados que não
tenham sido disponibilizados na Redesim previamente ou no ato do protocolo do pedido de licenciamento. STF.
Plenário. ADI 6808/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 28/4/2022 (Info 1052).

POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA DE BARRAGENS


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#APOSTACICLOS Por meio da Lei nº 12.334/2010, a União aprovou a Política Nacional de Segurança de Barragens
– PNSB – destinadas à acumulação de água para quaisquer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à
acumulação de resíduos industriais, bem como criou o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de
Barragens.

Conceito de barragem: qualquer estrutura em um curso permanente ou temporário de água para fins de
contenção ou acumulação de substâncias líquidas ou de misturas de líquidos e sólidos, compreendendo o
barramento e as estruturas associadas.

As barragens deverão ser classificadas pelo Poder Público por categoria de risco, por dano potencial associado,
e pelo seu volume, com base em critérios gerais estabelecidos pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

#IMPORTANTE #APOSTACICLOS
ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO: O Decreto Federal n.º4.297, de 10/07/02, regulamenta o disposto na
Lei Federal n.º6.938/81, ao estabelecer critérios para o Zoneamento Ecológico-Econômico no Brasil:

Art. 2 - O ZEE, instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de


planos, obras e atividades públicas e privadas, estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados
a assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo
o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população.

Art.3 Parágrafo único. O ZEE, na distribuição espacial das atividades econômicas, levará em conta a importância
ecológica, as limitações e as fragilidades dos ecossistemas, estabelecendo vedações, restrições e alternativas de
exploração do território e determinando, quando for o caso, inclusive a relocalização de atividades
incompatíveis com suas diretrizes gerais.

DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO

ORÇAMENTO IMPOSITIVO #APOSTACICLOS

Em que pesem as divergências doutrinárias, tem sido aceito majoritariamente que o orçamento, como não cria
gastos, mas apenas os autoriza, é meramente autorizativo e não impositivo. Podendo-se afirmar, assim, que a
lei orçamentária é uma lei temporária, especial e ordinária. Cumpre registrar que há aspectos impositivos no
orçamento, advindos de normas pré-orçamentárias, o que mitiga a sua natureza como apenas autorizativo. A
defesa do orçamento autorizativo tem sido a cada dia reduzida e, pelas últimas emendas constitucionais (EC n.
86/2015, EC n. 100/19, EC n. 102/2019 e EC n. 105/2019), pode-se dizer que uma nova concepção de orçamento
tem sido instituída no país. Agora, há fortes argumentos para se defender o orçamento como norma
impositiva.

RECEITAS CORRENTES
Receita Tributária
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Impostos
Taxas
Contribuições de Melhoria
Receita Patrimonial
Receitas Imobiliárias
Receitas de Valores Mobiliários
Participações e Dividendos
Outras Receitas Patrimoniais
Receita Industrial
Receita de Serviços Industriais
Outras Receitas Industriais
Transferências Correntes
Receitas Diversas
Multas
Cobrança da Dívida Ativa
Outras Receitas Diversas

RECEITAS DE CAPITAL
provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas + Superávit* do
orçamento corrente
Operações de Crédito.
Alienação de Bens Móveis e Imóveis.
Amortização de Empréstimos Concedidos.
Transferências de Capital.
Outras Receitas de Capital

#DEOLHONAJURIS AINDA QUE SOB O ARGUMENTO DA PANDEMIA DA COVID-19, NÃO PODE SER ATENDIDO
PEDIDO FEITO POR GOVERNADOR DO ESTADO PARA QUE SEJAM AFASTADAS AS LIMITAÇÕES DA LEI DE
RESPONSABILIDADE FISCAL REFERENTES A EXECUÇÃO DE GASTOS PÚBLICOS CONTINUADOS
Os limites da despesa total com pessoal e as vedações à concessão de vantagens, reajustes e aumentos
remuneratórios previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal somente podem ser afastados quando a despesa for
de caráter temporário, com vigência e efeitos restritos à duração da calamidade pública, e com propósito
exclusivo de enfrentar tal calamidade e suas consequências sociais e econômicas.
STF. Plenário. ADI 6394/AC, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/11/2020 (Info 1000).

#DEOLHONAJURIS #SAINDODOFORNO É INCONSTITUCIONAL O BLOQUEIO OU SEQUESTRO DE VERBA


PÚBLICA, POR DECISÕES JUDICIAIS, DE EMPRESA ESTATAL PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO EM REGIME
NÃO CONCORRENCIAL E SEM INTUITO LUCRATIVO PRIMÁRIO
Os recursos públicos vinculados ao orçamento de estatais prestadoras de serviço público essencial, em regime
não concorrencial e sem intuito lucrativo primário, não podem ser bloqueados ou sequestrados por decisão
judicial para pagamento de suas dívidas, em virtude do disposto no art. 100 da CF/1988, e dos princípios da
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legalidade orçamentária (art. 167, VI, da CF), da separação dos poderes (arts. 2°, 60, § 4°, III, da CF) e da eficiência
da administração pública (art. 37, caput, da CF).
STF. Plenário. ADPF 616/BA, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 21/5/2021 (Info 1018).

QUADRO COMPARATIVO DOS CRÉDITOS ADICIONAIS


SUPLEMENTAR ESPECIAL EXTRAORDINÁRIO
FINALIDADE Reforço de dotação Não há finalidade Atender a despesas
existente na LOA específica: para imprevisíveis e
categorias de urgentes
programação não
previstas na LOA
AUTORIZAÇÃO Prévia, podendo ser Prévia, em lei especial Sem necessidade
LEGISLATIVA incluída na LOA ou em prévia.
lei especial
FORMA DE ABERTURA Decreto, após Decreto, após MP (União) ou
autorização legislativa. autorização legislativa. Decreto, com imediata
remessa ao legislativo.
RECURSOS Indicação obrigatória Indicação obrigatória Facultativa a indicação
VALOR/ LIMITE Obrigatório, indicado Obrigatório, indicado Obrigatório, indicado
na lei que autoriza e no na lei que autoriza e no na MP ou decreto
decreto de abertura. decreto de abertura.
VIGÊNCIA Sempre no exercício Em princípio, no Em princípio, no
financeiro em que foi exercício financeiro em exercício financeiro em
aberto. que foi aberto que foi aberto
PRORROGAÇÃO Não permitida. Quando autorizado nos Quando autorizado nos
últimos 4 meses últimos 4 meses

LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

A LRF estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. Os
dispositivos da Lei 4320/1964, a qual estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle
dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, continuam regendo o
ciclo orçamentário, contudo, não tratam de responsabilidade na gestão fiscal. O que a LRF aborda são alguns
pontos do art. 165 da CF/1988, por exemplo, quando acrescenta funções à LOA e à LDO, porém ela não é
disciplina INTEGRALMENTE todo o § 9º do art. 165, tampouco revogou a Lei 4.320/1964.

EMBASAMENTO CONSTITUCIONAL: Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo e pensionistas da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.
(...)

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Art. 250. Com o objetivo de assegurar recursos para o pagamento dos benefícios concedidos pelo regime geral
de previdência social, em adição aos recursos de sua arrecadação, a União poderá constituir fundo integrado por
bens, direitos e ativos de qualquer natureza, mediante lei que disporá sobre a natureza e administração desse
fundo.
Destaque-se que a LRF traz parcialmente o conteúdo dos incisos I e II do parágrafo 9º do art. 165: § 9º
- Cabe à lei complementar: I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a
organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual; II - estabelecer
normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como condições para a
instituição e funcionamento de fundos. (...)

OBJETIVOS: Art. 1º (...) § 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em
que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o
cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange
a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e
mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em
Restos a Pagar. #IMPORTANTE #ABREOVADE

ABRANGÊNCIA DA LEI: As disposições da LRF obrigam a todos os entes federativos: União, os estados, o Distrito
Federal e os municípios. Nas referências à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios, estão
compreendidos o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de Contas, o Poder
Judiciário e o Ministério Público; assim como as respectivas Administrações diretas, fundos, autarquias,
fundações e empresas estatais dependentes. Quanto aos Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de
Contas da União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de Contas dos Municípios.

#OLHAOGANCHO O QUE É UMA EMPRESA ESTATAL DEPENDENTE?


É uma sociedade cuja maioria do capital social com direito a voto pertence, direta ou indiretamente, a
ente da Federação. Em outras palavras é uma empresa controlada, que recebe do ente controlador recursos
financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no
último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária. Desse modo, empresas
dependentes recebem recursos do Estado para se manter, portanto não se sustentam sozinhas. Existem
para suprir alguma falha de mercado em que a iniciativa privada não quis ou não conseguiu êxito e é
relevante para a sociedade. Exemplos: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Empraba), Empresa
Brasil de Comunicação (EBC). Por esses motivos possuem controle total do Estado, seguem a LRF e fazem
parte do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social.
De outro lado, a empresa estatal não dependente é autossustentável e não faz parte do campo de
aplicação da LRF. No entanto, seus investimentos integram a LOA, por se tratar de dinheiro público. Isso
ocorre para que a empresa tenha liberdade de atuação e, ao mesmo tempo, o Poder Público tenha controle
sobre os investimentos dela. A título de esclarecimento, a Petrobras é uma Sociedade de Economia Mista
não dependente e por isso, o Estado deve deter o poder para influenciar onde ela aplicará seus
investimentos e a população deve ter conhecimento, por ela compor o Orçamento de Investimentos.

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DEFINIÇÃO DE “RECEITA CORRENTE LÍQUIDA” Tathiane Piscitelli (2018): corresponde ao somatório das
receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências
correntes e outras receitas também correntes, deduzidos: I) União: os valores transferidos aos estados e
municípios por determinação constitucional ou legal, e as contribuições mencionadas na alínea “a” do inciso I e
no inciso II do art. 195 (relacionadas à seguridade social) e no art. 239 da CF/1988 (PIS, PASEP); II) Nos estados:
as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional. III) No DF, no Amapá e em Roraima:
recursos transferidos pela União decorrentes da competência da própria União para organizar e manter o Poder
Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios;
organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do DF, bem como prestar
assistência financeira ao DF para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio; e, ainda, despesas
da União com servidores dos ex-territórios do Amapá e de Roraima. IV) Na União, nos estados e nos municípios:
a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas
provenientes da compensação financeira citada no § 9º do art. 201 da CF/1988 (compensação entre os diversos
sistemas previdenciários).
Serão computados, no cálculo da receita corrente líquida, os valores pagos e recebidos em decorrência
da Lei Complementar nº 87/1996 (Lei Kandir), e do fundo previsto pelo art. 60 do ADCT (Fundeb).

#IMPORTANTE Entenda que o conceito de Receita Corrente Líquida tem a função precípua de separar as
receitas disponíveis a cada um dos entes daquelas que eles não têm autonomia para gerenciar. Afinal, do
que nada adiantaria fazer cálculos e determinar percentuais em cima de receitas brutas, se na verdade não
estão totalmente disponíveis aos entes? A apuração da receita corrente líquida, sua evolução, assim como
a previsão de seu desempenho até o final do exercício constarão de um demonstrativo que acompanhará o
Relatório Resumido da Execução Orçamentária. Por exemplo, se formos calcular a RCL do mês de julho de
2020, para divulgação em agosto, devemos somar a RCL do nosso mês de referência (julho/2020) e nos 11
anteriores (junho/2020 a agosto/2019).

GERAÇÃO DE DESPESA PÚBLICA

PREVISÃO LEGAL: #ABREOVADE


Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesa
ou assunção de obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17.
Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será
acompanhado de: I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e
nos dois subsequentes; II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária
e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes
orçamentárias. § 1o Para os fins desta Lei Complementar, considera-se: I - adequada com a lei orçamentária
anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de
forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de
trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício; II - compatível com o plano
plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades
e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições. § 2o A estimativa de que trata
o inciso I do caput será acompanhada das premissas e metodologia de cálculo utilizadas. § 3o Ressalva-se do

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disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes
orçamentárias. § 4o As normas do caput constituem condição prévia para: I - empenho e licitação de serviços,
fornecimento de bens ou execução de obras; II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3o do
art. 182 da Constituição.

CONCEITO: Se refere ao aumento de despesa por meio de criação, expansão ou aperfeiçoamento de


ação governamental, severamente regrado pela lei que determinar que a geração de despesas ou assunção de
obrigações que não atendam ao disposto nos Arts. 16 e 17 não serão autorizadas, por serem irregulares e lesivas
ao patrimônio público. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento
da despesa será acompanhado de: I – estimativa, com as premissas e metodologia de cálculo utilizadas, do
impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes; e II –
declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a LOA e
compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.

TERMOS TRAZIDOS PELOS ARTIGOS DA LRF: I) “Adequada com a LOA”: despesa objeto de dotação específica e
suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que, somadas todas as despesas da mesma
espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites
estabelecidos para o exercício.
II) “Compatível com PPA e LDO”: a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas
previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições. Ressalva-se dessas determinações a
despesa considerada irrelevante, de acordo com o que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias, conforme
parágrafo 3°.

LIMITES AO ENDIVIDAMENTO: Art. 30. No prazo de noventa dias após a publicação desta Lei Complementar, o
Presidente da República submeterá ao: I - Senado Federal: proposta de limites globais para o montante da dívida
consolidada da União, Estados e Municípios, cumprindo o que estabelece o inciso VI do art. 52 da Constituição,
bem como de limites e condições relativos aos incisos VII, VIII e IX do mesmo artigo; II - Congresso Nacional:
projeto de lei que estabeleça limites para o montante da dívida mobiliária federal a que se refere o inciso XIV do
art. 48 da Constituição, acompanhado da demonstração de sua adequação aos limites fixados para a dívida
consolidada da União, atendido o disposto no inciso I do § 1o deste artigo.§ 1o As propostas referidas nos incisos
I e II do caput e suas alterações conterão: I - demonstração de que os limites e condições guardam coerência com
as normas estabelecidas nesta Lei Complementar e com os objetivos da política fiscal; II - estimativas do impacto
da aplicação dos limites a cada uma das três esferas de governo; III - razões de eventual proposição de limites
diferenciados por esfera de governo; IV - metodologia de apuração dos resultados primário e nominal. § 2o As
propostas mencionadas nos incisos I e II do caput também poderão ser apresentadas em termos de dívida líquida,
evidenciando a forma e a metodologia de sua apuração. § 3o Os limites de que tratam os incisos I e II do caput
serão fixados em percentual da receita corrente líquida para cada esfera de governo e aplicados igualmente a
todos os entes da Federação que a integrem, constituindo, para cada um deles, limites máximos. § 4o Para fins
de verificação do atendimento do limite, a apuração do montante da dívida consolidada será efetuada ao final
de cada quadrimestre. § 5o No prazo previsto no art. 5o, o Presidente da República enviará ao Senado Federal
ou ao Congresso Nacional, conforme o caso, proposta de manutenção ou alteração dos limites e condições
previstos nos incisos I e II do caput. § 6o Sempre que alterados os fundamentos das propostas de que trata este

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artigo, em razão de instabilidade econômica ou alterações nas políticas monetária ou cambial, o Presidente da
República poderá encaminhar ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional solicitação de revisão dos limites. §
7o Os precatórios judiciais não pagos durante a execução do orçamento em que houverem sido incluídos
integram a dívida consolidada, para fins de aplicação dos limites.
Assim, percebe-se que são fixados em percentual da receita corrente líquida para cada esfera de
governo e aplicados igualmente a todos os entes da Federação que a integrem, constituindo, para cada um
deles, limites máximos. Para fins de verificação do limite, a apuração do montante da dívida consolidada será
efetuada ao final de cada quadrimestre.
#OLHAAEXCEÇÃO Municípios com população inferior a 50 mil habitantes, que podem usufruir de regra
especiais de aplicação das determinações constantes na LRF, entre as quais se inclui a apuração semestral dos
limites da dívida consolidada. Destaque-se que a mesma exceção ocorre na apuração das despesas com pessoal.
As Resoluções do Senado 40/2001, 43/2001 e 48/2007 dispõem sobre os limites dos entes em relação à
Receita Corrente Líquida:
#WELOVETABELAS
DÍVIDA CONTRATAÇÃO CONCESSÃO PAGAMENTO CONTRATAÇÕES
CONSOLIDADA DE OPERAÇÕES DE GARANTIAS DOS SERVIÇOS DE OPERAÇÕES
DE CRÉDITO DA DÍVIDA POR ARO
UNIÃO Sem limites 60% 60% Sem limites Sem limites
ESTADOS/DF 200% 16% 22% 11,5% 7%
MUNICÍPIOS 120% 16% 22% 11,5% 7%

#DEOLHONAJURIS #APOSTACICLOS A revogação de benefício fiscal deverá obedecer ao princípio da


anterioridade tributária
Aplica-se o princípio da anterioridade tributária, geral e nonagesimal, nas hipóteses de redução ou de supressão
de benefícios ou de incentivos fiscais, haja vista que tais situações configuram majoração indireta de tributos
(STF. Plenário. RE 564225 AgR-EDv-AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/11/2019).

Não incide imposto de renda (IR) sobre o preço recebido em virtude de cessão com deságio de precatório. REsp
1.785.762-RJ, Rel. Min. Francisco Falcão, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 27/08/2022, DJe
29/09/2022. (Info 751 - STJ) #APOSTACICLOS #SAINDODOFORNO

#DIFERENCIE:
IMUNIDADE Dispensa constitucional do dever de pagar o tributo.
Também chamada de hipótese de não incidência constitucionalmente qualificada.
Dispensa legal do dever de pagar o tributo.
ISENÇÃO Há quem diga que é um favor legal ou hipótese normativa de dispensa legalmente
qualificada.
Ao contrário da imunidade e da isenção, a não incidência está fora do campo da
tributação. Isso porque o legislador não classificou aquele fato da vida como um
NÃO INCIDÊNCIA fato jurídico.
Exemplo: Paga-se IPVA, se o contribuinte é proprietário de um veículo automotor.
Se o contribuinte tiver uma bicicleta, não haverá incidência da HI do IPVA.
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ALÍQUOTA ZERO A dispensa do tributo se justifica pelo simples fato da alíquota não ter valor algum
(zero). BC x ZERO = ZERO.
Trata-se do perdão concedido pelo Fisco, sendo uma hipótese de extinção do
REMISSÃO crédito tributário.

#DEOLHONASÚMULA #APOSTACICLOS:
Súmula vinculante 52-STF: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente
a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da CF, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas
atividades para as quais tais entidades foram constituídas.

Súmula 612-STJ: O certificado de entidade beneficente de assistência social (CEBAS), no prazo de sua validade,
possui natureza declaratória para fins tributários, retroagindo seus efeitos à data em que demonstrado o
cumprimento dos requisitos estabelecidos por lei complementar para a fruição da imunidade. STJ. 1ª Seção.
Aprovada em 09/05/2018, DJe 14/05/2018 (Info 624).

Súmula 730-STF: A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo
art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não
houver contribuição dos beneficiários.

#DEOLHONASÚMULA #APOSTACICLOS
Súmula vinculante 57: A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se à importação e
comercialização, no mercado interno, do livro eletrônico (e-book) e dos suportes exclusivamente utilizados para
fixá-los, como leitores de livros eletrônicos (e-readers), ainda que possuam funcionalidades acessórias. STF.
Plenário. Aprovada em 15/04/2020.

Súmula 657-STF: A imunidade prevista no art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal abrange os filmes e papeis
fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.

#JÁCAIU/TRF22018 A contribuição ao SEBRAE é qualificada, pelo Supremo Tribunal Federal, como tendo
natureza de contribuição de intervenção no domínio econômico — CIDE, e não como contribuição social de
interesse de categorias profissionais e econômicas. (certo)

#ATENÇÃO: O §1º do art. 149 faculta aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a instituição de
contribuições, cobráveis de seus funcionários, para o custeio, em benefício destes, de sistema previdenciário.
Essas exações participam da natureza das contribuições sociais, destinadas à seguridade social, embora atuem
no âmbito restrito do funcionalismo público dos Estados, DF e Municípios.

#SELIGA: Por força do art. 195, § 4º, da CF, a criação de novas fontes de custeio da seguridade deve
obedecer aos seguintes condicionamentos:
a) competência exclusiva da União;
b) necessidade de lei complementar;
c) vedação de edição de medida provisória para tal finalidade;

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d) o tributo deve ser não cumulativo;


e) não pode ter fato gerador ou base de cálculo já utilizados para arrecadação de outra contribuição já
existente.

Norma Geral Antielisão: Autoriza o fisco/autoridade administrativa a desconsiderar qualquer prática cujo
objetivo seja pagar menos tributos (ou não pagar).
ATENÇÃO! NÃO HÁ a necessidade de prévia ordem judicial para que se opere a desconsideração do negócio
praticado para dissimular o fato gerador.

CTN. Art. 116. (...) Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos
praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos
constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ORDINÁRIA.

#DEOLHONAJURIS #SAINDODOFORNO
O parágrafo único do art. 116 do CTN, incluído pela LC 104/2001, é constitucional
A previsão contida no parágrafo único do art. 116 do CTN não viola o texto constitucional.
Esse dispositivo não ofende os princípios constitucionais da legalidade, da estrita legalidade e da tipicidade
tributária, e da separação dos Poderes.
Em verdade, ele confere máxima efetividade a esses preceitos, objetivando, primordialmente, combater a
evasão fiscal, sem que isso represente permissão para a autoridade fiscal de cobrar tributo por analogia ou fora
das hipóteses descritas em lei, mediante interpretação econômica.
O dispositivo apenas viabiliza que a autoridade tributária aplique base de cálculo e alíquota a uma hipótese de
incidência estabelecida em lei e que tenha efetivamente se realizado.
STF. Plenário. ADI 2446/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 8/4/2022 (Info 1050).
O que é Drawback? #APOSTACICLOS
Drawback é a importação de mercadorias para posterior exportação com fins comerciais e abrange os tributos
incidentes na importação. Sua previsão está no art. 78 do DL 37/66
Nas palavras do Min. João Otávio de Noronha, "drawback" é a operação mediante a qual o contribuinte, para
fazer jus a incentivos fiscais, importa mercadoria com o compromisso de exportá-la após o beneficiamento. (STJ
REsp 385634/BA).
Com a maestria de quem conhece muito sobre o assunto, a Min. Regina Helena Costa explica, de forma mais
técnica, em que consiste o drawback:
"O drawback constitui um regime aduaneiro especial, que pode apresentar-se em três modalidades - isenção,
suspensão e restituição de tributos - e é classificado como incentivo à exportação, nos termos dos arts. 1º,
I, da Lei nº 8.402/92 e 383, caput, do Decreto nº 6.759/09. O incentivo consubstancia-se na desoneração
do processo de produção o que acaba tornando a subsequente mercadoria nacional mais competitiva no
mercado global." (STJ REsp 1313705/PR).
Exemplo: uma indústria de automóveis importa matérias-primas, fabrica carros no Brasil e os revende para o
exterior.
Para o Brasil, isso é algo produtivo, considerando que favorece a balança comercial, já que houve o ingresso de
uma mercadoria que será em seguida reenviada para o exterior com um valor maior em razão do melhoramento

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do produto (agregou-se valor à mercadoria que será exportada). Com isso, em tese, mais divisas ficam no país,
gerando aqui emprego e renda.
Diante desse cenário, o país incentiva a referida operação, concedendo benefícios fiscais para o contribuinte
que se compromete a realizar o drawback.

Modalidades
Existem três modalidades de drawback:
a) isenção: consiste na concessão de isenção dos tributos que incidem na importação das mercadorias que serão
utilizadas na industrialização do produto a ser exportado.
b) suspensão: é a suspensão dos tributos incidentes na importação de mercadoria a ser utilizada na
industrialização de produto que deve ser exportado. As obrigações tributárias ficam suspensas por determinado
prazo e, caso não ocorra a comprovação das exportações nos termos e condições previstos na legislação, os
tributos suspensos deverão ser recolhidos com os devidos acréscimos legais.
c) restituição: é a devolução, em forma de créditos, do valor dos tributos pagos na importação de insumo
importado utilizado em produto exportado.

Drawback: ato complexo


O argumento do STJ para que a certidão negativa seja exigida somente uma vez está no fato de que o drawback é
uma operação única que, no entanto, se divide em três momentos distintos: a) quando a mercadoria ingressa
no território nacional; b) quando a mercadoria, no País, sofre o beneficiamento; e c) quando a mercadoria
beneficiada vai ser reexportada (REsp 240.322/RS). Assim, o drawback é um ato complexo, que se forma a partir
da conjugação dessas três fases, não sendo lícito exigir-se a certidão negativa em cada uma de suas etapas.
Outra razão invocada pelo STJ está na redação do art. 60 da Lei nº 9.069/95. Isso porque o referido dispositivo
afirma que a comprovação, pelo contribuinte, da quitação de tributos federais deve ocorrer no momento da
“concessão ou reconhecimento” de qualquer incentivo ou benefício fiscal. Dessa forma, a certidão é exigida em
um momento ou no outro. E não nos dois. Assim, quando o Fisco aceitou o compromisso do contribuinte de
fazer o drawback, ele já concedeu o benefício, exigindo, para tanto, a certidão negativa. Logo, não é devida nova
exigência no momento do desembaraço.

No drawback-suspensão, o termo inicial para fins de multa e juros moratórios será o 31º dia do
inadimplemento do compromisso de exportar, ou seja, quando escoado o prazo da suspensão.
A multa moratória na hipótese de descumprimento, pelo contribuinte beneficiário, da obrigação de exportar no
regime especial de drawback em sua modalidade suspensão, somente ocorrerá após o trigésimo dia do
inadimplemento.
STJ. 1ª Seção. EREsp 1580304-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 16/09/2021 (Info 710).

EXECUÇÃO FISCAL

#APOSTACICLOS #DEOLHONAJURIS O concurso de preferência entre os entes federados na cobrança judicial


dos créditos tributários e não tributários, previsto no parágrafo único do art. 187 da Lei nº 5.172/66 (Código
Tributário Nacional) e no parágrafo único do art. 29 da Lei nº 6.830/80 (Lei de Execuções Fiscais), não foi
recepcionado pela Constituição Federal de 1988. A Súmula 563 do STF foi cancelada. O entendimento contido

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na Súmula 497 do STJ está superado. STF. Plenário. ADPF 357/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 24/6/2021
(Info 1023).

#DEOLHONAJURIS Art. 116 (…) Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou
negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a
natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem
estabelecidos em lei ordinária.
A previsão contida no parágrafo único do art. 116 do CTN não viola o texto constitucional.
Esse dispositivo não ofende os princípios constitucionais da legalidade, da estrita legalidade e da tipicidade
tributária, e da separação dos Poderes.
Em verdade, ele confere máxima efetividade a esses preceitos, objetivando, primordialmente, combater a
evasão fiscal, sem que isso represente permissão para a autoridade fiscal de cobrar tributo por analogia ou fora
das hipóteses descritas em lei, mediante interpretação econômica.
O dispositivo apenas viabiliza que a autoridade tributária aplique base de cálculo e alíquota a uma hipótese de
incidência estabelecida em lei e que tenha efetivamente se realizado.
STF. Plenário. ADI 2446/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 8/4/2022 (Info 1050).

#DEOLHONAJURIS #JURISRECENTE #APOSTACICLOS O art. 782, §3º, do CPC é aplicável às execuções fiscais,
devendo o magistrado deferir o requerimento de inclusão do nome do executado em cadastros de
inadimplentes, preferencialmente pelo sistema SERASAJUD, independentemente do esgotamento prévio de
outras medidas executivas, salvo se vislumbrar alguma dúvida razoável à existência do direito ao crédito previsto
na Certidão de Dívida Ativa - CDA. STJ. 1ª Seção. REsp 1807180/PR, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
24/02/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1026) (Info 686).

O redirecionamento da execução fiscal, quando fundado na dissolução irregular da pessoa jurídica executada
ou na presunção de sua ocorrência, pode ser autorizado contra o sócio ou o terceiro não sócio, com poderes de
administração na data em que configurada ou presumida a dissolução irregular, ainda que não tenha exercido
poderes de gerência quando ocorrido o fato gerador do tributo não adimplido, conforme art. 135, III, do CTN.
(INFO 738, STJ) #APOSTACICLOS #SAINDODOFORNO

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO

#PRALEVARPRAPROVA O que ocorre quando um tratado é celebrado contrariamente em relação ao costume?


Mesmo não existindo hierarquia entre eles, o tratado pode revogar o costume. E o costume pode revogar
tratado? O costume pode revogar o tratado na prática, mas tecnicamente não, porque o tratado é uma norma
escrita, que para ser revogado precisa de outra norma escrita. No caso específico, o tratado não será mais
utilizado porque está em DESUSO.

#PRALEVARPRAPROVA Por não haver hierarquia entre as fontes, podem ser aplicados os métodos tradicionais
de solução de conflitos sobre a matéria (critério cronológico, da especialidade etc.)? Sim, tais critérios também
podem ser utilizados em caso de conflitos entre costumes, os quais podem se dar entre dois costumes gerais,
dois costumes regionais ou entre um costume geral e um costume regional. Nos dois primeiros casos o costume
posterior (lex posterior) prevalece sobre o anterior e, no segundo, o costume regional (lex specialis) prevalece
sobre o geral.
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#APOSTACICLOS Apesar de os atos unilaterais dos Estados serem aplicados pela CIJ como FONTES DE DIP, ELES
NÃO CONSTAM NO ROL DO ART. 38 DO ESTATUTO DA CIJ.

#APOSTACICLOS Os atos unilaterais emanados dos Estados têm o condão de criar obrigações jurídicas para as
partes, e não simplesmente morais.

#APOSTACICLOS O Conselho de Segurança da ONU é o único órgão com poder de tomar decisões efetivamente
mandatórias, as quais os membros das Nações Unidas têm que acatar e fielmente executar, nos termos do art.
25 da Carta da ONU (“Os Membros das Nações Unidas concordam em aceitar e executar as decisões do Conselho
de Segurança, de acordo com a presente Carta”). As resoluções relativas a questões internas também são
obrigatórias. Os demais órgãos da ONU formulam recomendações, que não têm cunho vinculante.

#APOSTACICLOS O rol das normas de jus cogens não é expressamente definido. A definição é fruto de um
processo histórico, político e social, dentro da qual a sociedade internacional reconhece em certos valores maior
importância para a coexistência entre seus membros. Ex.: normas que tratam de direitos humanos, proteção do
meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável, paz e proibição do uso da força, segurança
internacionais, autodeterminação dos povos.

#DETABELAÉMAISFÁCIL #APOSTACICLOS

Obrigação ERGA PARTES Obrigação ERGA OMNES JUS COGENS


É aquela prevista num É aquela que está além dos Consistem no
tratado específico de Direitos tratados. É uma obrigação reconhecimento da
Humanos, de sorte que que tem, como eixo, menos qualidade de superioridade
somente as partes envolvidas os vínculos da obrigação de suas normas. Está prevista
têm legitimidade para entre as partes e mais o expressamente no art. 53 da
defender eventual violação conteúdo voltado à Convenção de Viena sobre
às obrigações assumidas. preservação de valores Tratados, que dispõe que “é
essenciais da comunidade nulo um tratado que, no
internacional como um todo. momento de sua conclusão,
Com efeito, as obrigações conflite com uma norma
erga omnes assumem uma imperativa de Direito
faceta processual, no sentido Internacional geral. Para os
de se permitir que os Estados fins da presente Convenção,
pleiteiem em favor dessas uma norma imperativa de
obrigações, mesmo sem Direito Internacional é uma
possuir nenhum interesse norma aceita pela
material envolvido, mas comunidade internacional
somente tendo um interesse dos Estados como um todo,
jurídico em preservar a como norma da qual
integridade de tais nenhuma derrogação é
obrigações. permitida e que só pode ser
modificada por norma
ulterior de Direito
Internacional geral da mesma
natureza.

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SOFT LAW: Trata-se de uma nova modalidade normativa, de caráter mais flexível, tendo a capacidade de
oferecer soluções mais rápidas para os problemas das relações sociais. Em suma, soft law é considerado um
conjunto de regras cujo VALOR NORMATIVO SERIA LIMITADO, seja porque os instrumentos que as contêm
não seriam juridicamente obrigatórios, seja porque as disposições em causa, ainda que figurando em um
instrumento constringente, não criariam obrigações de direito positivo ou não criariam senão obrigações
pouco constringentes.

#APOSTACICLOS #ATENÇÃO: O que se entende por “princípios gerais do Direito das nações civilizadas”?
Primeira acepção: Essa expressão é ainda fruto do direito internacional clássico. Por quê? O art. 38 do Estatuto
da Corte Internacional de Justiça é de 1946, porém, não houve consenso entre os Estados na época e eles
utilizaram o mesmo estatuto da Corte permanente de justiça internacional, que por sua vez é de 1920 e com
forte influência da visão colonialista e da superioridade europeia. Então, não foi difícil utilizarmos a mesma
expressão de 1920, em que pese hoje se reconhecer que todos os estados são civilizados. Esses princípios gerais
do Direito nas nações civilizadas são enunciados comuns aos mais diversos estados. Quais são esses princípios
gerais? Por exemplo, o ônus da prova. Utiliza-se muito os princípios gerais das nações na área processual. A
Corte interamericana de Direitos humanos, quando teve que analisar os primeiros casos, descobriu que não
havia nenhuma previsão de ônus da prova na convenção americana de Direitos humanos, então, teve que usar
os princípios gerais do Direito das nações civilizadas.

#PERGUNTINHABOADEPROVA O que se entende por doutrina Monroe e doutrina de Drago? Não se pode
estudar o problema da intervenção sem fazer menção à DOUTRINA MONROE, exposta por James Monroe, então
presidente dos EUA, em 1823. Tal doutrina baseava-se em três premissas: a) o continente americano não
poderia ser objeto de futuras ocupações (ou seja, de futuras pretensões colonialistas) por parte de nenhuma
potência europeia; b) os EUA não deveriam intervir nos assuntos de competência exclusiva dos países europeus;
c) os Estados americanos não aceitariam qualquer forma de ingerência que, originando-se em qualquer país
europeu, atingisse os assuntos internos daqueles Estados. Tal doutrina, que consistia na prática efetiva da não-
intervenção, foi distorcida pelo presidente Theodor Roosevelt para praticar várias intervenções nos países
latino-americanos, sob o pretexto de evitar ingerências indevidas dos países europeus no continente americano,
justificando tal conduta no direito que os EUA teriam de intervir nos outros países americanos sempre que
suspeitassem que um colapso pudesse ameaçar a vida e a propriedade de cidadãos estadunidenses.

Já a DOUTRINA DE DRAGO pugna contra o emprego da força armada por um ou mais Estados com o objetivo
de obrigar outros Estados a pagar dívidas. Também contribui para a defesa da América Latina. Nasceu do
protesto de Luís Maria Drago (Ministro das Relações Exteriores da Argentina) contra o bloqueio e o bombardeio
dos portos venezuelanos por embarcações alemãs, inglesas e italianas, em ação militar que tinha o intuito de
forçar a Venezuela a pagar dívidas que tinha com esses 3 países. A doutrina em apreço pretende evitar que a
cobrança do débito ocorra por meio de violência evitar que a cobrança do débito ocorra por meio de violência,
contrariando princípios do DI, como a solução pacífica das controvérsias e a proibição do emprego da força.

O pensamento de Drago foi acolhido pelos Estados participantes da Conferência de Paz de Haia (1907) e
consagrado dentro de um dos tratados celebrados na ocasião, a “Convenção Porter”. Esta CONVENÇÃO PORTER
mitigou os efeitos da Doutrina Drago, defendendo a possibilidade do emprego da força armada contra um
Estado para a cobrança de dívidas que este tenha com o Estado atacante, seus aliados ou cidadãos em duas
hipóteses:

a) Quando o Estado devedor não aceitar a arbitragem para solucionar a querela referente ao débito;

b) Quando tendo aceitado a arbitragem, se recuse a cumprir o laudo arbitral.

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Ciclos Método

Portela entende que a Convenção Porter se encontra derrogada, por chocar-se contra princípios
posteriormente consagrados na Carta das Nações Unidas, que vedam totalmente o emprego da força nas
relações internacionais, salvo em caso de LEGÍTIMA DEFESA individual ou coletiva contra agressão externa ou
de ação militar determinada pela própria ONU, por meio de seu Conselho de Segurança.

O aparecimento dos Estados é o resultado de processos históricos. Todavia, o DIP pode influenciar o surgimento
de um Estado, como, por exemplo, o princípio da autodeterminação dos povos contribuiu para a descolonização
da África e Ásia na segunda metade do século XX; a criação do Estado de Israel.

RECONHECIMENTO DE ESTADO X RECONHECIMENTO DE GOVERNO #APOSTACICLOS Não se pode confundir


reconhecimento de Estado com reconhecimento de Governo. Este último é o ato pelo qual se admite o novo
governo de outro Estado como representante deste nas relações internacionais. Não se aplica a trocas de
Governo processadas dentro dos trâmites estabelecidos pela norma do País, mas apenas a casos de rupturas na
ordem constitucional.

O reconhecimento de governo não altera o reconhecimento de Estado anterior. Entretanto, terá impacto nas
relações internacionais do Estado, já que aquele governo não será reconhecido como representante do Estado
na sociedade internacional, não tendo, portanto, capacidade para praticar atos em nome do Estado e não
gozando das prerrogativas inerentes às autoridades estrangeiras.

Também é ato unilateral, discricionário, irrevogável e incondicionado. Entretanto, está vinculado ao


compromisso do governo com as principais normas de DIP e, em muitos casos, ao restabelecimento da
normalidade institucional e do regime democrático.

São duas as principais teorias relativas ao reconhecimento de governo:

Doutrina TOBAR Doutrina ESTRADA


O reconhecimento de governos só deve ser O reconhecimento (ou não) de um governo configura
concedido após a constatação de que estes intervenção indevida em assuntos internos de outros entes
contam com APOIO POPULAR (legítima estatais (desrespeito à SOBERANIA).
ascensão).
Não se reconhece o Governo, reconhece-se somente Estados,
sendo o Governo elemento interno do Estado. Logo, se o
Estado está insatisfeito com a mudança de governo, deve
simplesmente romper relações diplomáticas.

#ATENÇÃO #APOSTACICLOS APESAR DA INVIOLABILIDADE, AS EMBAIXADAS NÃO SÃO PARTE DO TERRITÓRIO


DOS PAÍSES QUE REPRESENTAM (entendimento do STF). Também não fazem parte do território do Estado que
representam as embarcações e aeronaves militares onde quer que se encontrem e as embarcações e aeronaves
civis em áreas internacionais, os artefatos especiais e as bases militares embora o ente estatal também exerça
sua jurisdição sobre tais equipamentos.

O que se entende por europeização de sistema interamericano? Inicialmente, importante destacar que,
atualmente, existem três sistemas regionais em funcionamento: o europeu, o interamericano e o africano. A
coexistência destes sistemas de proteção fez surgir o que a doutrina chamou de “Europeização” do Sistema
Interamericano e a “Interamericanização´´ do Sistema Europeu.

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Ciclos Método

Em breve síntese, estes fenômenos consistem no diálogo entre as cortes e enriquecem os julgamentos
proferidos pelos sistemas regionais. Segundo Flávia Piovesan, “O resultado é a transformação dos sistemas
regionais por meio da inovação jurisprudencial e do fortalecimento da capacidade de responder a desafios
concernentes a violações de direitos, propiciando proteção mais efetiva aos direitos das vítimas.” Assim, ante a
ausência de jurisprudência anterior em um dos sistemas de proteção, busca-se precedentes provenientes de
outro sistema, com o escopo de se manter a posição internacional adotada pelos demais órgãos regionais e, por
conseguinte, obter uma jurisprudência unitária globalmente. A Europeização do Sistema Interamericano,
portanto, consiste na utilização de alguns julgamentos da Corte Europeia de Direitos Humanos pela Corte
Interamericana de Direitos Humanos em algum dos seus julgamentos.

PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS

#APOSTACICLOS Também conhecido como Pacto Social, foi firmado em 1966 e promulgado pelo Decreto 591
de 06/07/1992. Visa a promover e proteger os direitos econômicos, sociais e culturais, que também deverão ser
objeto da atenção dos Estados, os quais deverão progressivamente assegurar seu gozo, por esforços próprios
ou pela cooperação internacional, com o auxílio de todos os meios apropriados nos planos econômicos e
técnicos e até o Máximo de seus recursos disponíveis.

Consagra o direito ao trabalho, cujo gozo dependerá, porém, de medidas estatais voltadas a promover o
desenvolvimento econômico e a formação técnica e profissional. Também, o direito à previdência social, a
liberdade sindical, direito à alimentação, vestimenta e moradia adequadas, direito à saúde.

A RESPONSABILIDADE OBJETIVA POSSUI CARÁTER EXCEPCIONAL EM DIP.

Dois requisitos: PREVISÃO EM CONVENÇÃO + ATIVIDADE DE RISCO. Atualmente, existem tratados prevendo a
responsabilidade objetiva dos Estados nas áreas de meio ambiente, atividades nucleares e atividades espaciais,
podendo ser citadas: a) Convenção sobre responsabilidade civil por danos nucleares (Viena, 1963); b) Convenção
sobre responsabilidade civil no domínio da energia nuclear (Paris, 1960); c) Declaração de Princípios Legais
concernentes às atividades do Estado na exploração e uso do espaço exterior (AGNU-1963); d) tratado para a
exploração do espaço (ONU, 1967).

#APOSTACICLOS Para André de Carvalho Ramos, há espaço para falar-se em uma responsabilidade absoluta,
consistindo naquela em que não permite alegação de excludentes. Mesmo que na ocorrência de força maior
ou caso fortuito, o Estado tem de reparar. É muito rara. Somente é aceita nos casos extremamente perigosos.
Ex.: a Convenção sobre Responsabilidade Internacional por Danos Causados por Objetos Espaciais, da qual o
Brasil é parte. Assim, um Estado lançador será responsável absoluto pelo pagamento de indenização por danos
causados por seus objetos espaciais na superfície da Terra ou a aeronaves em voo. Essa Convenção é um
exemplo de aplicação excepcional da responsabilidade objetiva no âmbito do DIP.

#DETABELAÉMAISFÁCIL #APOSTACICLOS

Responsabilidade Responsabilidade Delito internacional Crime internacional


convencional delituosa
Quando tem a sua Surge da violação de É todo fato É a violação de uma
origem na violação de uma norma internacionalmente obrigação internacional
um tratado consuetudinária, de ilícito que não seja crime para a salvaguarda de
internacional. um costume internacional. No caso interesses fundamentais da
internacional. de crime, a relação de comunidade internacional,

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Ciclos Método

responsabilidade se e a sua violação é


estabelece com todos os considerada crime (ex.:
Estados, enquanto no genocídio, apartheid,
caso de delito só com o agressão, escravidão). É
Estado lesado. ligado à ideia de jus cogens.
Segundo Karl Zemaneck,
nem toda violação do jus
cogens é crime
internacional, mas todo
crime internacional é
violação do jus cogens. É de
se destacar que vários
Estados se opõem à
responsabilidade penal do
Estado (França, Israel,
Alemanha).

GREENING

O que se entende por “greening” (esverdeamento)? Ocorre quando se tenta proteger direitos humanos de
cunho ambiental nos sistemas regionais de direitos humanos, que são sistemas aptos - em princípio - a receber
queixas e petições que contenham denúncias de violação de direitos civis e políticos. O caso Belo Monte acaba
por tutelar, ainda que de forma indireta ou por “ricochete”, interesses ambientais. Por isso, a doutrina diz que,
no caso Belo Monte, houve um verdadeiro “esverdeamento do direito à vida” ou ainda um “esverdeamento
do direito à integridade física das comunidades indígenas”.

#APOSTACICLOS Os princípios que orientam as atividades do TPI estão previstos nos artigos 10 a 13 e 20 a 33
do Estatuto de Roma. Vejamos eles:

A princípio, o TPI pode examinar apenas atos cometidos nos Estados-partes do Estatuto de Roma ou praticados
por seus nacionais. Todavia, o TPI poderá atuar também contra atos cometidos no território de Estados não-
membros, desde que estes ente estatais aceitem sua competência;
O TPI pode estender sua competência para atos cometidos em Estados não-membros do Estatuto de Roma
independentemente do consentimento destes, desde que haja representação do Conselho de Segurança da
ONU (competência de alcance universal);

Obs.: O TPI pode atuar nos casos a partir das seguintes situações:

a. Estado Parte denúncia ao Procurador uma situação com indícios de crimes de competência do
TPI;

b. Conselho de Segurança denúncia ao Procurador;

c. Procurador dá início ao inquérito, com autorização do juízo de instrução.

TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

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O Tribunal Penal Internacional é uma corte permanente e independente que julga pessoas acusadas de crimes
do mais sério interesse internacional, como genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra. Ela se
baseia num Estatuto do qual fazem parte 106 países. É uma corte de última instância. Ele não agirá se um caso
foi ou estiver sendo investigado ou julgado por um sistema jurídico nacional, a não ser que os procedimentos
desse país não forem genuínos, como no caso de terem caráter meramente formal, a fim de proteger o acusado
de sua possível responsabilidade jurídica. Além disso, o TPI só julga casos que ele considerar extremamente
graves. Em todas as suas atividades, o TPI observa os mais altos padrões de julgamento justo, e suas atividades
são estabelecidas pelo Estatuto de Roma.

#APOSTACICLOS O Tribunal pode exercer jurisdição sobre genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de
guerra. Estes crimes estão definidos em detalhes no Estatuto de Roma. O Tribunal possui jurisdição sobre os
indivíduos acusados destes crimes (e não sobre seus Estados, como no caso da CIJ). Isto inclui aqueles
diretamente responsáveis por cometer os crimes, como também aqueles que tiverem responsabilidade indireta,
por auxiliar ou ser cúmplice do crime. Este último grupo inclui também oficiais do Exército ou outros
comandantes cuja responsabilidade é definida pelo Estatuto.

#DEOLHONANOMENCLATURA O Estatuto de Roma usa a palavra entrega (surrender) para não haver confusão
com a extradição (extradition). Quando é expedido um mandado de prisão e entrega, os Estados devem então
capturar essa pessoa e entregá-la ao TPI. Não é extraditar, porque a pessoa não será encaminhada para um
julgamento para outro Estado soberano, mas sim para julgamento perante um Tribunal internacional. Essa
diferenciação foi absolutamente proposital, como indica o art. 102 do Estatuto.

#APOSTACICLOS #ATENÇÃO Em relação às decisões proferidas pelo TPI, acolhe-se o posicionamento no sentido
de que não são decisões judiciais estrangeiras, de modo que não precisa haver concessão de exequatur ou
homologação pelo Superior Tribunal de Justiça apara que tenham eficácia na ordem jurídica nacional. São atos
de uma organização internacional ao qual o Brasil se submeteu, e que por isso devem ser prontamente cumprias.

#APOSTACICLOS A extradição é um procedimento de cooperação internacional entre Estados, de natureza


compulsória, baseado em tratado ou promessa de reciprocidade, mediante o qual se pretende a captura e a
rendição de uma pessoa foragida, para que se sujeite a uma investigação criminal, responda a um processo
penal ou se submeta a execução de uma pena privativa de liberdade no território do Estado requerente.
Já a entrega é um procedimento de cooperação dos Estados-membros do Estatuto de Roma com o Tribunal
Penal Internacional (TPI), também conhecido como International Criminal Court (ICC).

COOPERAÇÃO COM OS ESTADOS

#APOSTACICLOS A cooperação dos Estados condiciona a efetividade do procedimento judicial do Tribunal Penal
Internacional, sendo para ele uma necessidade. A obrigação de cooperar de um Estado perante o Tribunal
concretiza a aspiração a uma justiça penal internacional e, dessa forma, deve ser conciliada com a realidade da
sociedade internacional.

A obrigação de cooperar não é homogênea: seus elementos variam em função da origem da jurisdição, do
aspecto da cooperação e do destinatário da obrigação levada em conta. Os termos e as condutas de cooperação
requeridas podem variar de acordo com a origem da jurisdição do Tribunal Penal Internacional sobre um caso.
Essa jurisdição pode derivar de um tratado internacional (um acordo de jurisdição “ad hoc” entre um Estado e
o Tribunal) de uma resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (determinando ao

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Tribunal a tarefa de investigar uma situação em que haja a grave suspeita da ocorrência de um dos crimes sob
sua competência) ou do próprio Estatuto de Roma, quando se trate do exercício da jurisdição complementar em
um Estado Parte.

COOPERAÇÃO LEGISLATIVA Refere-se à relação vertical entre o Tribunal e a


Estado Parte, dizendo respeito à obrigação deste em
prever em sua ordem jurídica norma que
regulamente as formas de cooperação previstas no
Estatuto de Roma. Dentro do Capítulo IX do Estatuto,
a cooperação legislativa encontra-se presente de
forma específica no Artigo 88.
COOPERAÇÃO EXECUTÓRIA Refere-se ao cumprimento das penas impostas pelo
Tribunal nos Estados que aceitaram receber os
indivíduos condenados, chamados de Estados de
detenção. A cooperação executória é objeto do
Capítulo X do Estatuto de Roma.
COOPERAÇÃO ADMINISTRATIVA JUDICIAL A cooperação administrativa judicial, por sua vez, diz
respeito à relação entre o Tribunal e o Estado Parte
no interesse de uma investigação ou do andamento
de um processo, incluindo a entrega de pessoas ao
Tribunal, a prisão preventiva de um indivíduo ou a
realização de outras formas de cooperação. É
tratada de forma específica nos artigos do Capítulo
IX do Estatuto de Roma.

DIREITO ECONÔMICO E DIREITO DO CONSUMIDOR

DIREITO ECONÔMICO

CONCEITO DE DIREITO ECONÔMICO

O Direito Econômico cuida das normas de intervenção do Estado no domínio econômico, estabelecendo políticas
específicas, coibindo condutas e prevendo as formas de fiscalização, regulação e participação do Estado na
atividade.

O conceito não é unânime na doutrina, mas em uma definição única e preliminar tem-se o Direito Econômico
como a reunião das normas que regulam a estrutura (Ordem Econômica) e as relações entre os agentes
econômicos na realização da atividade econômica.

Economicidade: significa utilização do raciocínio econômico nas decisões jurídicas.

São sujeitos do Direito Econômico:

• Estado – interventor direito ou regulamentador;


• Indivíduos – atuação direita ou como consumidor
• Coletividade – sujeitos indetermináveis ou indeterminados de direitos difusos, coletivos e homogêneos;
• Empresas – agentes econômicos ou consumidoras
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• Órgãos internacionais ou comunitários.

Características do Direito Econômico:

• SINGULARIDADE: O Direito Econômico é particular para cada país, pois dependerá da política econômica
adotada em cada localidade.
• MOBILIDADE OU MUTABILIDADE: A política econômica é dinâmica, por isso o Direito Econômico está
em constante mudanças, a fim de se adequar.
• MALEABILIDADE: O Direito Econômico precisa de mecanismos céleres, em razão das constantes
mudanças.
• FLEXIBILIDADE: O Direito Econômico possui normas abertas, as quais são interpretadas de acordo com
a política econômica do momento.

#DEOLHONANOMENCLATURA: Trade-offs = Em suas escolhas as pessoas podem optar por gastar mais em
alguma coisa, o que impossibilitará a aquisição de uma série de outras. Em razão da impossibilidade de
satisfação de todas as necessidades, bem como da produção de todos os bens, os agentes econômicos que
participam da atividade econômica devem decidir o que produzir e o que consumir, e tal decisão poderá ser
livre, sendo os próprios agentes econômicos (mercado) os principais controladores da oferta de produtos e sua
demanda, ou coordenada por algum ente que centralize todas ou somente parte das decisões econômicas a
serem tomadas.

#ESQUEMINHA
Normatização
Agente
Fiscalização
Normativo Determinante para
e Regulador Incentivo o setor público

Atuação do Planejamento Indicativo para o


Estado no setor privado
Domínio
Econômico Atividades econômicas importantes
Agente para a segurança nacional
Executor

Atividades econômicas de
relevante interesse coletivo

DISCIPLINA DA CONCORRÊNCIA EMPRESARIAL

As práticas competitivas podem ser consideradas como ilícitas quando houver violação aos seguintes ditames:

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Tutela do
mercado
competitivo

Normas contra o Normas contra a Normas de tutela


abuso do poder deslealdade do livre mercado
econômico competitiva internacional

#DEOLHONANOMENCLATURA:

Poder Econômico: A depender do desenvolvimento da atividade econômica, um agente pode adquirir o poder
de intervir na conduta de outros agentes, o que se denomina de poder econômico. O poder se caracteriza como
a possibilidade de um agente econômico impor decisões que influenciam em determinado mercado.

Mercado Relevante: possui importância na verificação do poder econômico e, consequentemente, das possíveis
infrações à ordem econômica. Para a apreciação do mercado relevante, deverão ser levados em consideração o
produto e a dimensão geográfica. Primeiramente, deverá verificar-se o produto e a sua substitutibilidade. Na
esfera territorial, deve-se apurar onde aquele produto ou serviço é vendido ou prestado, determinando-se quais
são as empresas que concorrem com aquele determinado produto, naquele determinado local, em um período
temporal determinado.

#GOLDENTIPS

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ATOS DE CONCENTRAÇÃO

CARACTERIZAÇÃO DOS ATOS DE CONCENTRAÇÃO

Passaremos agora a analisar justamente a atuação preventiva contra o abuso do poder econômico,
especialmente quanto ao procedimento do controle preventivo de atos de concentração de empresas. Quando
os atos e contratos que possam limitar ou prejudicar a livre concorrência, eles deverão ser submetidos à
apreciação do Cade. A autarquia federal fará um confronto dos efeitos ao mercado resultantes do ato de
concentração, podendo autorizar, ou não, os atos de concentração.

#FALADOUTRINADOR: De acordo com Del Masso3, “Na apreciação do ato é importante que o órgão verifique o
impacto competitivo que o ato de concentração ocasionará; para tanto, é essencial a determinação do mercado
relevante em que as empresas que atua no mesmo mercado considerado. Nesse momento, é oportuna a
medição da concentração do mercado, antes e depois de a concentração realizar-se. Entretanto, os dados de
participação das empresas e da concentração do mercado apenas devem ser considerados como ponto de
partida para a análise do impacto competitivo de um ato de concentração”.

#DEOLHONANOMENCLATURA #APOSTACICLOS

GUN JUMPING: Entende-se por gun jumping a consumação de atos de concentração econômica antes da
decisão final da autoridade antitruste. Tal instituto possui previsão no art. 88, parágrafo primeiro da Lei 12.529
de 2011 que determina exatamente o controle prévio dos atos de concentração. Ademais, o art. 88, §3º desta
Lei obriga as partes a absterem-se de concluir o ato de concentração antes de finalizada a análise prévia do
CADE, sob pena de possível declaração de nulidade da operação, imposição de multa pecuniária em valores que
variam entre R$ 60.000,00 e R$ 60.000.000,00 – a depender da condição econômica dos envolvidos, dolo, má-
fé e do potencial anticompetitivo da operação, entre outros – e a possibilidade de abertura de processo
administrativo contra as partes envolvidas. Assim, devem ser preservadas até a decisão final da operação as
condições de concorrência entre as empresas envolvidas (artigo 88, §4º da LDC). Nessa toada, podem
caracterizar o gun jumping a troca de informações concorrencialmente sensíveis; a definição de cláusulas
contratuais que impliquem uma integração prematura; e a condução de certas atividades que caracterizem a
efetiva consumação de ao menos parte da operação.

ATENÇÃO: O QUE É LENIÊNCIA-PLUS? É o instituto previsto no §7º do art. 86. Pode ocorrer de a empresa ou
pessoa física não ter habilitado a proposta de leniência no curso do inquérito ou processo administrativo, mas
propor, até o julgamento desse processo, outro acordo, relativo a outra infração administrativa, de que o CADE
não tenha conhecimento. Nesse caso, se celebrado o acordo, terá extinta a punibilidade administrativa e
eventualmente a criminal.

#DEOLHONAJURIS
Limites do sigilo nos acordos de leniência
O sigilo nos processos administrativos de acordo de leniência celebrado com o CADE, bem como o dos
documentos que os instruem, no que tange a pretensões privadas de responsabilização civil por danos
decorrentes da eventual formação de cartel, deve ser preservado até a prolação de acórdão pelo Tribunal
Administrativo. O sigilo do acordo de leniência celebrado com o CADE não pode ser oposto ao Poder Judiciário
para fins de acesso aos documentos que instruem o respectivo procedimento administrativo. STJ. 3ª Turma.

3 DEL MASSO, Fabiano. Direito Econômico Esquematizado. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015. P. 249.
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REsp 1.554.986-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 8/3/2016 (Info 580). STJ. 3ª Turma. EDcl no REsp
1554986/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 20/02/2018.

DIREITO DO CONSUMIDOR

VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR

Sobre a vulnerabilidade que caracteriza o consumidor, aquela possui várias faces, podendo resultar em várias
espécies:

a) Vulnerabilidade fática: é a situação de desproporcionalidade frente aos fornecedores. O fornecedor


estuda os hábitos e características de vida, impulsionando o consumidor - o que o torna mais suscetível
e faticamente mais vulnerável.
b) Vulnerabilidade técnica: ocorre quando o consumidor não possui expertise adequada para discutir com
o fornecedor aspectos técnicos.
c) Vulnerabilidade econômica: apresenta-se no cenário econômico mundial como a necessidade de
aquisição de marcas para sustentar status, etc.
d) Vulnerabilidade informacional: diz respeito ao déficit informacional que o consumidor possui em
relação ao serviço ou produto comercializado.

#SAINDODOFORNO #ATENÇÃOMÁXIMA:
STJ entendeu ser taxativo, em regra, o rol de procedimentos e eventos estabelecido pela Agência
Nacional de Saúde (ANS), definindo as seguintes teses:
1. O rol de procedimentos e eventos em saúde suplementar é, em regra, taxativo;
2. A operadora de plano ou seguro de saúde não é obrigada a arcar com tratamento não constante do
rol da ANS se existe, para a cura do paciente, outro procedimento eficaz, efetivo e seguro já incorporado
ao rol;
3. É possível a contratação de cobertura ampliada ou a negociação de aditivo contratual para a
cobertura de procedimento extra rol;
4. Não havendo substituto terapêutico ou esgotados os procedimentos do rol da ANS, pode haver, a
título excepcional, a cobertura do tratamento indicado pelo médico ou odontólogo assistente, desde
que (i) não tenha sido indeferido expressamente, pela ANS, a incorporação do procedimento ao rol da
saúde suplementar; (ii) haja comprovação da eficácia do tratamento à luz da medicina baseada em
evidências; (iii) haja recomendações de órgãos técnicos de renome nacionais (como Conitec e Natjus) e
estrangeiros; e (iv) seja realizado, quando possível, o diálogo interinstitucional do magistrado com entes
ou pessoas com expertise técnica na área da saúde, incluída a Comissão de Atualização do Rol de
Procedimentos e Eventos em Saúde Suplementar, sem deslocamento da competência do julgamento do
feito para a Justiça Federal, ante a ilegitimidade passiva ad causam da ANS.
#NOVIDADELEGISLATIVA Contudo, em 21/09/2022, foi publicada a Lei nº 14.454/22, que superou o
entendimento do STJ, em verdadeiro BACKLASH. Vamos dar uma olhada na lei:
Art. 1º Esta Lei altera a Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998, que dispõe sobre os planos privados de
assistência à saúde, para estabelecer critérios que permitam a cobertura de exames ou tratamentos de
saúde que não estão incluídos no rol de procedimentos e eventos em saúde suplementar.
Art. 2º A Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998, passa a vigorar com as seguintes alterações:

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“Art. 1º Submetem-se às disposições desta Lei as pessoas jurídicas de direito privado que operam planos
de assistência à saúde, sem prejuízo do cumprimento da legislação específica que rege a sua atividade
e, simultaneamente, das disposições da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do
Consumidor), adotando-se, para fins de aplicação das normas aqui estabelecidas, as seguintes
definições:...........................................................................................................” (NR)
“Art. 10. .............................................................................................................................
§ 4º A amplitude das coberturas no âmbito da saúde suplementar, inclusive de transplantes e de
procedimentos de alta complexidade, será estabelecida em norma editada pela ANS, que publicará rol
de procedimentos e eventos em saúde suplementar, atualizado a cada
incorporação......................................................................................................................
§ 12. O rol de procedimentos e eventos em saúde suplementar, atualizado pela ANS a cada nova
incorporação, constitui a referência básica para os planos privados de assistência à saúde contratados a
partir de 1º de janeiro de 1999 e para os contratos adaptados a esta Lei e fixa as diretrizes de atenção à
saúde.
§ 13. Em caso de tratamento ou procedimento prescrito por médico ou odontólogo assistente que não
estejam previstos no rol referido no § 12 deste artigo, a cobertura deverá ser autorizada pela operadora
de planos de assistência à saúde, desde que:
I -exista comprovação da eficácia, à luz das ciências da saúde, baseada em evidências científicas e plano
terapêutico; ou
II -existam recomendações pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único
de Saúde (Conitec), ou exista recomendação de, no mínimo, 1 (um) órgão de avaliação de tecnologias
em saúde que tenha renome internacional, desde que sejam aprovadas também para seus nacionais.”
(NR)
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

DIREITO CIVIL

Questão: O embrião in vitro é uma pessoa para o direito?


R. “O embrião referido na Lei de Biossegurança (‘in vitro’ apenas) não é uma vida a caminho de outra vida
virginalmente nova, porquanto lhe faltam possibilidades de ganhar as primeiras terminações nervosas, sem
as quais o ser humano não tem factibilidade como projeto de vida autônoma e irrepetível. O direito
infraconstitucional protege por modo variado cada etapa do desenvolvimento biológico do ser humano. Os
momentos da vida humana anteriores ao nascimento devem ser objeto de proteção pelo direito comum. O
embrião préimplanto é um bem a ser protegido, mas não uma pessoa no sentido biográfico a que se refere a
Constituição” (STF, ADI 3.510/DF, Tribunal Pleno, j. 29.05.2008).

#SEMPRECAI:
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

ATENÇÃO #NOVIDADELEGISLATIVA
ALTERAÇÃO NA LEI DE REGISTROS PÚBLICOS:
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Art. 57. A alteração posterior de sobrenomes poderá ser requerida pessoalmente perante o oficial de registro
civil, com a apresentação de certidões e de documentos necessários, e será averbada nos assentos de
nascimento e casamento, independentemente de autorização judicial, a fim de: (Redação dada pela Lei nº
14.382, de 2022) I - inclusão de sobrenomes familiares; (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022) II - inclusão ou
exclusão de sobrenome do cônjuge, na constância do casamento; (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022) III -
exclusão de sobrenome do ex-cônjuge, após a dissolução da sociedade conjugal, por qualquer de suas causas;
(Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022) IV - inclusão e exclusão de sobrenomes em razão de alteração das relações
de filiação, inclusive para os descendentes, cônjuge ou companheiro da pessoa que teve seu estado alterado.
(Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
§ 1º Poderá, também, ser averbado, nos mesmos termos, o nome abreviado, usado como firma comercial
registrada ou em qualquer atividade profissional. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975).
§ 2º Os conviventes em união estável devidamente registrada no registro civil de pessoas naturais poderão
requerer a inclusão de sobrenome de seu companheiro, a qualquer tempo, bem como alterar seus sobrenomes
nas mesmas hipóteses previstas para as pessoas casadas. (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022) § 3º
(Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022)
§ 3º-A O retorno ao nome de solteiro ou de solteira do companheiro ou da companheira será realizado por meio
da averbação da extinção de união estável em seu registro. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022) § 4º
(Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022) § 5º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.382, de
2022) § 6º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022)
§ 7o Quando a alteração de nome for concedida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente de
colaboração com a apuração de crime, o juiz competente determinará que haja a averbação no registro de
origem de menção da existência de sentença concessiva da alteração, sem a averbação do nome alterado, que
somente poderá ser procedida mediante determinação posterior, que levará em consideração a cessação da
coação ou ameaça que deu causa à alteração. (Incluído pela Lei nº 9.807, de 1999)
§ 8º O enteado ou a enteada, se houver motivo justificável, poderá requerer ao oficial de registro civil que, nos
registros de nascimento e de casamento, seja averbado o nome de família de seu padrasto ou de sua madrasta,
desde que haja expressa concordância destes, sem prejuízo de seus sobrenomes de família. (Redação dada pela
Lei nº 14.382, de 2022)

#NOVIDADELEGISLATIVA Art. 56. A pessoa registrada poderá, após ter atingido a maioridade civil, requerer
pessoalmente e imotivadamente a alteração de seu prenome, independentemente de decisão judicial, e a
alteração será averbada e publicada em meio eletrônico. (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022)

TEORIAS QUE DISCUTEM A NATUREZA JURÍDICA DA PESSOA JURÍDICA:


Embora subsistam teorias que negam a existência da pessoa jurídica (teorias negativistas), não aceitando possa
uma associação formada por um grupo de indivíduos ter personalidade próprias, outras, em maior número
(teorias afirmativistas), procuram explicar esse fenômeno pelo qual um grupo de pessoas passa a constituir uma
unidade orgânica, com individualidade própria reconhecida pelo Estado e distinta das pessoas que a compõem.

TEORIA DA FICÇÃO TEORIA DA REALIDADE SOCIAL TEORIA DA REALIDADE TÉCNICA


OBJETIVA

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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

Pessoas jurídicas são uma ficção, Pessoas jurídicas têm existência De acordo com doutrina
uma abstração, uma invenção que social, que são organismos majoritária: o Código Civil de 2002
só tem existência no âmbito das autônomos reais com atuação adotou essa teoria.
ideias, mas não existente própria no meio social. reconhecendo a atuação social da
socialmente. pessoa jurídica, sendo que sua
personalidade é originária de uma
técnica jurídica.

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

#ATENÇÃO #NOVIDADELEGISLATIVA
Art. 206-A. A prescrição intercorrente observará o mesmo prazo de prescrição da pretensão, observadas as
causas de impedimento, de suspensão e de interrupção da prescrição previstas neste Código e observado o
disposto no art. 921 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil. (Redação dada
pela Lei nº 14.382, de 2022)

#IMPORTANTE
#SAINDODOFORNO: A interrupção da prescrição ocorre somente uma única vez para a mesma relação jurídica,
isto é, independentemente de seu fundamento. Em suma: não é possível a interrupção do prazo prescricional
em razão do ajuizamento de ação declaratória de inexigibilidade dos débitos pelo devedor quando já tiver havido
anterior interrupção do prazo prescricional pelo protesto das duplicatas. STJ. 3ª Turma. REsp 1963067-MS, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/02/2022 (Info 727).

USUCAPIÃO

RESUMO – MODALIDADE DE USUCAPIÃO


- Comum - Posse ad usucapionem por 10 anos - Justo título. Ex. contrato,
compromisso de compra e venda. - Boa fé subjetiva (art. 1.201) se o possuidor
ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
USUCAPIÃO ORDINÁRIA - Por posse trabalho - Requisito material - Destinação positiva dada à coisa:
ART. 1242, CC moradia ou realização de investimentos de interesse social e econômico
Não importa o tamanho relevante - Prazo cai para 5 anos - Requisito formal: aquisição onerosa que foi
do imóvel cancelada. Ex.: compromisso de compra e venda que foi registrado e foi
cancelado. Esse requisito regra o chamado usucapião tabular. O legislador
exigiu um justo título especial, que consiste no título que já esteve registrado
em nome do possuidor. Obs. doutrina majoritária exige os dois requisitos.
USUCAPIÃO - Comum - Posse ad usucapionem por 15 anos - A boa-fé e o justo título
EXTRAORDINÁRIA ART. presumem-se de forma absoluta.
1238, CC - Por posse trabalho - Estabelecimento da moradia ou realização de
Não importa o tamanho investimentos de caráter produtivo - NÃO PRECISA de boa-fé nem de justo título
do imóvel - Prazo cai para 10 anos

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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

USUCAPIÃO - NÃO SÃO EXIGIDOS O JUSTO TÍTULO E A BOA-FÉ. - Imóvel rural até 50 hectares
CONSTITUCIONAL - Posse ad usucapionem por 5 anos - Utilização do imóvel para subsistência ou
ESPECIAL RURAL trabalho pelo possuidor ou sua família (moradia) - Não pode ser proprietário de
(USUCAPIÃO AGRÁRIA outro imóvel rural ou urbano
OU PRO LABORE) ART.
191, CAPUT CF, ART. 1239
CC
USUCAPIÃO - Urbana individual - Área urbana não superior a 250m². - Posse ad usucapionem
CONSTITUCIONAL OU por 5 anos - Imóvel destinado para moradia do possuidor ou de sua família -
ESPECIAL URBANA Não pode ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural. - Só pode ser
(URBANA INDIVIDUAL OU reconhecido uma vez (é requisito apenas da usucapião urbana)
PRO MISERO) ART. 183
CF, ART. 1240 CC E ART.
9º ESTATUTO DA CIDADE.
- É na vara cível e não na de família. - Posse ad usucapionem por 2 anos - Posse
direta. Enunciado 502 – não necessariamente é a posse direita do art. 1197.
Para dar compatibilidade ao fato do artigo permitir a moradia da família. -
USUCAPIÃO ESPECIAL
Imóvel urbano até 250m². - Imóvel em copropriedade ou em condomínio com
URBANA POR
o cônjuge ou companheiro. Obs. qualquer forma de família. Enunciado 500 da
ABANDONO DO LAR ART.
JDC. - Abandono do lar. Obs.: basta ser separação de fato. - Utilizar para
1240-A, CC
moradia ou de sua família (crítica – exige posse direita e fala que pode ser
família) - Não pode ser proprietário de imóvel urbano ou rural - Somente uma
vez
- Área urbana – área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a
250m² por possuidor - Posse ad usucapionem por 5 anos - Núcleos urbanos
USUCAPIÃO ESPECIAL informais - Moradia - Não pode ser proprietário de outro imóvel urbano ou
URBANA COLETIVA ART. rural. - Não exige justo título e boa fé. - Rito sumário
10 DO ESTATUTO DA A nova redação legal não exige que os possuidores sejam de baixa renda e que
CIDADE não seja possível a identificação da área de cada possuidor.
O §1º do art. 10 do Estatuto permite expressamente a accessio possessionis
para essa modalidade de usucapião.
O proprietário pode ser privado da coisa se: - um considerável número de
pessoas - estiver por mais de 5 anos - na posse ininterrupta e de boa-fé - de
extensa área - e nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente,
obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico
relevante. Neste caso, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário;
RURAL COLETIVA (art.
pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome
1.228, §§ e 4º e 5º do CC)
dos possuidores. Alguns doutrinadores, especialmente civilistas, afirmam que
esse instituto tem natureza jurídica de “usucapião”. Outros autores, no
entanto, sustentam que se trata de uma hipótese de “desapropriação”,
considerando a posição topográfica (o § 3º do art. 1.228 está tratando sobre
desapropriação) e o fato de se exigir pagamento de indenização.
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Ciclos Método

Requisitos: a) posse da terra por índio (integrado ou não) b) por 10 anos


consecutivos c) devendo ocupar como se fosse próprio trecho de terra inferior
INDÍGENA (art. 33 do
a 50 hectares Não é possível a usucapião indígena de: • terras do domínio da
Estatuto do Índio)
União; • terras ocupadas por grupos tribais; • áreas reservadas segundo o
Estatuto do Índio; • terras de propriedade coletiva de grupo tribal
Trata-se da possibilidade de o réu, em uma ação de invalidade de registro
TABULAR público, alegar a usucapião em seu favor. O juiz, na mesma sentença que
(CONVALESCENÇA reconhece a invalidade do registro, declara a ocorrência de usucapião,
REGISTRAL) (art. 214, § concedendo ao réu a propriedade do bem. A usucapião tabular tem relação
5º, da Lei 6.015/73) com a usucapião ordinária do art. 1.242, parágrafo único, porque exige do
possuidor justo título e boa-fé
O art. 68 do ADCT da CF/88 confere proteção especial aos territórios ocupados
pelos remanescentes quilombolas: Art. 68. Aos remanescentes das
comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é
RECONHECIDA A PROPRIEDADE DEFINITIVA, devendo o Estado emitir-lhes os
títulos respectivos. O que são as terras dos quilombolas? São as áreas ocupadas
pelos remanescentes das comunidades dos quilombos e utilizadas por este
grupo social para a sua reprodução física, social, econômica e cultural. O que
são remanescentes das comunidades dos quilombos? Existe uma grande
discussão antropológica sobre isso, mas, de maneira bem simples, os grupos
DE QUILOMBOLAS (art.
que hoje são considerados remanescentes de comunidades de quilombos são
68 do ADCT)
agrupamentos humanos de afrodescendentes que se formaram durante o
sistema escravocrata ou logo após a sua extinção. Alguns doutrinadores
afirmam que esse instituto teria natureza jurídica de “usucapião”. Essa,
contudo, não é a posição que prevalece, considerando que o fundamento
jurídico para esse direito de propriedade não é a posse mansa, pacífica e por
determinado prazo. A fonte desse direito é uma decisão do legislador
constituinte. A previsão do art. 68 do ADCT foi uma forma que o constituinte
encontrou de homenagear “o papel protagonizado pelos quilombolas na
resistência ao injusto regime escravista” (Min. Rosa Weber).

ADMINISTRAÇÃO DO CONDOMÍNIO – ALTERAÇÃO 2022

#NOVIDADELEGISLATIVA
Art. 1.353. Em segunda convocação, a assembleia poderá deliberar por maioria dos votos dos presentes, salvo
quando exigido quorum especial.
§ 1º Quando a deliberação exigir quórum especial previsto em lei ou em convenção e ele não for atingido, a
assembleia poderá, por decisão da maioria dos presentes, autorizar o presidente a converter a reunião em sessão
permanente, desde que cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
I - sejam indicadas a data e a hora da sessão em seguimento, que não poderá ultrapassar 60 (sessenta) dias, e
identificadas as deliberações pretendidas, em razão do quórum especial não atingido; (Incluído pela Lei nº
14.309, de 2022)
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II - fiquem expressamente convocados os presentes e sejam obrigatoriamente convocadas as unidades ausentes,


na forma prevista em convenção; (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
III - seja lavrada ata parcial, relativa ao segmento presencial da reunião da assembleia, da qual deverão constar
as transcrições circunstanciadas de todos os argumentos até então apresentados relativos à ordem do dia, que
deverá ser remetida aos condôminos ausentes; (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
IV - seja dada continuidade às deliberações no dia e na hora designados, e seja a ata correspondente lavrada em
seguimento à que estava parcialmente redigida, com a consolidação de todas as deliberações. (Incluído pela
Lei nº 14.309, de 2022)
§ 2º Os votos consignados na primeira sessão ficarão registrados, sem que haja necessidade de comparecimento
dos condôminos para sua confirmação, os quais poderão, se estiverem presentes no encontro seguinte, requerer
a alteração do seu voto até o desfecho da deliberação pretendida. (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
§ 3º A sessão permanente poderá ser prorrogada tantas vezes quantas necessárias, desde que a assembleia seja
concluída no prazo total de 90 (noventa) dias, contado da data de sua abertura inicial. (Incluído pela Lei nº
14.309, de 2022)

Art. 1.354. A assembleia não poderá deliberar se todos os condôminos não forem convocados para a reunião.

Art. 1.354-A. A convocação, a realização e a deliberação de quaisquer modalidades de assembleia poderão dar-
se de forma eletrônica, desde que: (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
I - tal possibilidade não seja vedada na convenção de condomínio; (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
II - sejam preservados aos condôminos os direitos de voz, de debate e de voto. (Incluído pela Lei nº 14.309, de
2022)
§ 1º Do instrumento de convocação deverá constar que a assembleia será realizada por meio eletrônico, bem
como as instruções sobre acesso, manifestação e forma de coleta de votos dos condôminos. (Incluído pela Lei
nº 14.309, de 2022)
§ 2º A administração do condomínio não poderá ser responsabilizada por problemas decorrentes dos
equipamentos de informática ou da conexão à internet dos condôminos ou de seus representantes nem por
quaisquer outras situações que não estejam sob o seu controle. (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
§ 3º Somente após a somatória de todos os votos e a sua divulgação será lavrada a respectiva ata, também
eletrônica, e encerrada a assembleia geral. (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
§ 4º A assembleia eletrônica deverá obedecer aos preceitos de instalação, de funcionamento e de encerramento
previstos no edital de convocação e poderá ser realizada de forma híbrida, com a presença física e virtual de
condôminos concomitantemente no mesmo ato. (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
§ 5º Normas complementares relativas às assembleias eletrônicas poderão ser previstas no regimento interno
do condomínio e definidas mediante aprovação da maioria simples dos presentes em assembleia convocada para
essa finalidade. (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
§ 6º Os documentos pertinentes à ordem do dia poderão ser disponibilizados de forma física ou eletrônica aos
participantes. (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (LEI Nº 8.069/1990).

#POLÊMICA #VAIQUECAI?

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Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o
nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 1 o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, que
apresentará relatório à autoridade judiciária, considerando inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional
e puerperal. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 2 o De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá determinar o encaminhamento da gestante ou mãe,
mediante sua expressa concordância, à rede pública de saúde e assistência social para atendimento
especializado. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 3 o A busca à família extensa, conforme definida nos termos do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará
o prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual período. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 4 o Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de não existir outro representante da família extensa
apto a receber a guarda, a autoridade judiciária competente deverá decretar a extinção do poder familiar e
determinar a colocação da criança sob a guarda provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou de entidade
que desenvolva programa de acolhimento familiar ou institucional. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 5 o Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de ambos os genitores, se houver pai registral ou pai
indicado, deve ser manifestada na audiência a que se refere o § 1 o do art. 166 desta Lei, garantido o sigilo sobre
a entrega. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 6º Na hipótese de não comparecerem à audiência nem o genitor nem representante da família extensa para
confirmar a intenção de exercer o poder familiar ou a guarda, a autoridade judiciária suspenderá o poder familiar
da mãe, e a criança será colocada sob a guarda provisória de quem esteja habilitado a adotá-la. (Incluído pela
Lei nº 13.509, de 2017)
§ 7 o Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 (quinze) dias para propor a ação de adoção, contado do
dia seguinte à data do término do estágio de convivência. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 8 o Na hipótese de desistência pelos genitores - manifestada em audiência ou perante a equipe
interprofissional - da entrega da criança após o nascimento, a criança será mantida com os genitores, e será
determinado pela Justiça da Infância e da Juventude o acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento e
oitenta) dias. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 9 o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nascimento, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei. (Incluído
pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 10. Serão cadastrados para adoção recém-nascidos e crianças acolhidas não procuradas por suas famílias no
prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir do dia do acolhimento. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)

NOÇÕES GERAIS DE CONTRATOS INTELIGENTES, BLOCKCHAIN E ALGORITMOS

Contratos inteligentes são negócios jurídicos celebrados em forma de codificação digital dotados de
autoexecutoriedade e normalmente hospedados em blockchain.

O contrato inteligente com tecnologia blockchain é uma programação autoexecutável que não admite
interrupção, reversão, violação, cessação, suspensão ou parada.

Blockchain é um livro-razão compartilhado e distribuído, no qual as transações são registradas e vinculadas


digitalmente para que forneçam todo o histórico ou proveniência de um ativo. Uma transação é adicionada ao

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blockchain somente depois de ter sido validada usando um protocolo de consenso, o que garante que é a única
versão da verdade. Cada registro é, também, criptografado para fornecer uma camada extra de segurança. Diz-
se que o blockchain é "imutável" porque os registros não podem ser alterados e transparente porque todos os
participantes de uma negociação têm acesso à mesma versão da verdade4.

De forma resumida, as suas principais características são a (a) forma puramente eletrônica, (b) elevada certeza,
(c) natureza condicional das operações, (d) inviolabilidade e (e) a autoexecutoriedade, com a consequente
dispensa de intermediários para a sua garantia ou cumprimento5.

A autoexecutoriedade decorre do fato de os contratos inteligentes permitirem o adimplemento forçado de uma


obrigação de forma automatizada, dispensando qualquer ação por parte dos contratantes. Essa característica
reduz drasticamente os riscos do negócio.

Contudo, os artefatos tecnológicos não são neutros e podem refletir as escolhas e visões de seus
desenvolvedores, ainda que de maneira não intencional. Desta forma, como seria possível prever ou direcionar
os efeitos de uma tecnologia que independe de ações das partes para sua efetiva execução?

Outro parâmetro preocupante, refere-se à compatibilização da blockchain e a proteção de dados pessoais, pois
ainda que exista objetivos comuns entre elas, no sentido de devolver aos indivíduos a propriedade e gestão
sobre os seus dados e de assegurar modos transparentes de operação; a tecnologia é projetada para ser
imutável, ou seja, não há possibilidade que seus registros sejam eliminados ou retificados, não se apaga uma
informação registrada anteriormente, é possível apenas anexar uma nova.6

Esta impossibilidade de eliminação/retificação de dados dentro da blockchain, implicaria na direta violação de


direitos contidos em quase todas as leis de proteção de dados vigentes no mundo, incluindo a legislação
brasileira (Lei Geral de Proteção de Dados Lei nº 13.709/2018).

#SAINDODOFORNO
A determinação para que os provedores de busca na internet procedam a desvinculação do nome de
determinada pessoa, sem qualquer outro termo empregado, com fato desabonador a seu respeito dos
resultados de pesquisa não se confunde com o direito ao esquecimento, objeto da tese de repercussão geral
786/STF. Processo em segredo judicial, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por maioria, julgado
em 21/06/2022, DJe 30/06/2022.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

#ATENÇÃO:

4
https://www.tecmundo.com.br/software/176575-contratos-inteligentes-blockchain.htm
5
As características apresentadas são próximas daquelas sistematizadas por Savelyev (cf. SAVELYEV, Alexander. Contract
law 2.0: ‘Smart’ contracts as the beginning of the end of classic contract law. Information & Communications Technology
Law, 26, 2017, p. 124-128).
6
https://www.conjur.com.br/2022-abr-14/gabriela-alcantara-blockchain-contratos-inteligentes
80
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Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será
proposta ação oriunda de direitos e obrigações.
§ 1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a
determinado negócio jurídico.
§ 2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.
§ 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz,
que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu.
§ 4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de
preclusão.

#ATENÇÃO #MUDANÇADEENTENDIMENTO O STF conferia interpretação restritiva ao art. 102, I, “r”, da CF/88
e afirmava que ele (STF) somente seria competente para julgar as ações em que o próprio CNJ ou CNMP
figurassem no polo passivo. Seria o caso de mandados de segurança, habeas corpus e habeas data contra os
Conselhos. No caso de serem propostas ações ordinárias para impugnar atos do CNJ e CNMP, a competência
seria da Justiça Federal de 1ª instância, com base no art. 109, I, da CF/88. Houve, no entanto, mudança de
entendimento. O que prevalece agora é o seguinte: Nos termos do artigo 102, inciso I, alínea ‘r’, da Constituição
Federal, é competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal processar e julgar originariamente todas as
decisões do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público proferidas nos exercício
de suas competências constitucionais respectivamente previstas nos artigos 103-B, parágrafo 4º, e 130-A,
parágrafo 2º, da Constituição Federal. (STF. Plenário. ADI 4412, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
18/11/2020.)

#NÃOCONFUNDA
TUTELA ANTECIPADA TUTELA CAUTELAR
Só no processo de conhecimento. Qualquer processo (conhecimento e
execução/cumprimento de sentença)
É satisfativa - gera satisfação fática antes do fim do É garantidora ou assecuratória: visa garantir a
processo - permitindo à parte usufruir de efeitos utilidade ou a efetividade do processo.
práticos do provável provimento final.
Exige risco de dano à parte. Exige risco de dano ao processo (efetividade ou
utilidade)
É medida de apoio à parte. É medida de apoio ao processo
Segundo a doutrina, baseada em interpretação Poder geral de cautela: no processo o juiz pode/deve
sistemática, exige requerimento da parte, ou seja, determinar qualquer medida para garantir a utilidade
não pode ser concedida de ofício. do processo.
Pressuposto específico: exige-se a reversibilidade Em decorrência do poder geral de cautela, pode ser
fática da medida – não pode ser irreversível – é a concedida de ofício e admite-se medidas cautelares
possibilidade de voltar as partes ao Estado anterior atípicas. Obs.: o poder geral de cautela do juiz era
(art. 300, §3º, do CPC/151). Esse requisito pode ser melhor regrado no CPC/1973, mas, a rigor, nem
superado com base no princípio da precisa de regramento porque decorre do próprio
proporcionalidade quando a medida é irreversível e o poder-dever de prestar jurisdição. No CPC/15 a

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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

dano que se pretende evitar também o é. Exemplo: doutrina aponta o art. 297, caput para se referir ao
cirurgia versus risco de morte. poder geral de cautela do juiz, embora o dispositivo
apenas trate da “efetivação da tutela provisória”.

#DIVERGÊNCIA “RECURSO” CABÍVEL PARA EVITAR A ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE?

O CPC/2015 inovou na ordem jurídica ao trazer, além das hipóteses até então previstas no CPC/1973, a
possibilidade de concessão de tutela antecipada requerida em caráter antecedente, a teor do que dispõe o seu
art. 303. Uma das grandes novidades trazidas pelo novo CPC a respeito do tema é a possibilidade de estabilização
da tutela antecipada requerida em caráter antecedente, instituto inspirado no référé do Direito francês, que
serve para abarcar aquelas situações em que ambas as partes se contentam com a simples tutela antecipada,
não havendo necessidade, portanto, de se prosseguir com o processo até uma decisão final (sentença), nos
termos do que estabelece o art. 304, §§ 1º a 6º, do CPC/2015. Assim, segundo o art. 304, não havendo recurso
contra a decisão que deferiu a tutela antecipada requerida em caráter antecedente, a referida decisão será
estabilizada e o processo será extinto, sem resolução de mérito. No prazo de 2 anos, porém, contado da ciência
da decisão que extinguiu o processo, as partes poderão pleitear, perante o mesmo Juízo que proferiu a decisão,
a revisão, reforma ou invalidação da tutela antecipada estabilizada, devendo se valer de ação autônoma para
esse fim.

Divergência: Como interpretar a palavra “recurso” prevista no art. 304 do CPC? Em outras palavras, a mera
contestação é suficiente para impedir a estabilização?

Para a 3ª Turma do STJ: SIM. A leitura que deve ser feita do dispositivo legal, tomando como base uma
interpretação sistemática e teleológica do instituto, é que a estabilização somente ocorrerá se não houver
qualquer tipo de impugnação pela parte contrária, sob pena de se estimular a interposição de agravos de
instrumento, sobrecarregando desnecessariamente os Tribunais, além do ajuizamento da ação autônoma,
prevista no art. 304, § 2º, do CPC/2015, a fim de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada.
No caso concreto analisado pelo STJ, a empresa ré não interpôs agravo de instrumento contra a decisão que
deferiu o pedido de antecipação dos efeitos da tutela requerida em caráter antecedente, mas apresentou
contestação, na qual pleiteou, inclusive, a revogação da tutela provisória concedida. Diante disso, o Tribunal
considerou que não houve a estabilização da tutela antecipada, devendo, por isso, o feito prosseguir
normalmente até a prolação da sentença. A ideia central do instituto é que, após a concessão da tutela
antecipada em caráter antecedente, nem o autor nem o réu tenham interesse no prosseguimento do feito, isto
é, não queiram uma decisão com cognição exauriente do Poder Judiciário, apta a produzir coisa julgada material.
Por essa razão, é que, apesar de o caput do art. 304 do CPC/2015 falar em “recurso”, a leitura que deve ser feita
do dispositivo legal, tomando como base uma interpretação sistemática e teleológica do instituto, é que a
estabilização somente ocorrerá se não houver qualquer tipo de impugnação pela parte contrária. Logo, a
interpretação da palavra “recurso” deve ser de maneira sistemática e teleológica, de modo que há requisitos
cumulativos para o cabimento da estabilização da tutela deferida em caráter antecedente: i) a não interposição
de agravo de instrumento; e ii) a não apresentação de contestação. STJ. 3ª Turma. REsp 1760966-SP, Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 04/12/2018 (Info 639).

82
REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

Para a 1ª Turma do STJ: NÃO. A não utilização da via própria – agravo de instrumento – para a impugnação da
decisão mediante a qual deferida a antecipação da tutela em caráter antecedente, tornaria preclusa a
possibilidade de revisão, excepcionando a utilização da ação autônoma prevista no art. 304, § 2º, do CPC/2015.
Desconsiderou-se o argumento de que a estabilidade apenas seria alcançada caso não houvesse nenhuma
resistência (ex: apresentação de contestação), pois caracterizaria o alargamento da hipótese prevista na lei,
podendo acarretar um esvaziamento do instituto da estabilização e a inobservância da preclusão. Isso porque,
embora a apresentação de contestação tenha o condão de demonstrar a resistência em relação à tutela
exauriente (mérito do processo principal), tal ato processual não se revelaria capaz de evitar que a decisão
proferida em cognição sumária seja alcançada pela preclusão, considerando que os meios de defesa da parte ré
estão arrolados na lei, cada qual com sua finalidade específica, não se revelando coerente a utilização de meio
processual diverso para evitar a estabilização, porque os institutos envolvidos – agravo de instrumento e
contestação – são inconfundíveis. Ademais, a interpretação ampliada da palavra “recurso” caracterizaria
indevida extrapolação da função jurisdicional, já que durante a tramitação legislativa do Novo CPC, houve
modificação de uma impugnação mais genérica por um termo mais restritivo. Assim, deve-se fazer uma
interpretação restritiva da palavra “recurso”, não podendo a mera contestação impedir os efeitos da
estabilização. STJ. 1ª Turma. REsp 1797365-RS, Red. acórdão Min(a). Regina Helena Costa, julgado em
03/10/2019 (Info 658).

AÇÕES POSSESSÓRIAS

Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e
outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados.
§ 1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação
pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se,
ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da
Defensoria Pública.
§ 2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma
vez, citando-se por edital os que não forem encontrados.
§ 3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1º e dos
respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da
publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios.

Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:


I - condenação em perdas e danos;
II - indenização dos frutos.
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para:
I - evitar nova turbação ou esbulho;
II - cumprir-se a tutela provisória ou final.

AÇÃO DE Deverá ser proposta pela pessoa que sofreu um esbulho, ou seja, perdeu a posse.
REINTEGRAÇÃO DE
POSSE

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Ciclos Método

AÇÃO DE Proposta quando a pessoa está sofrendo uma turbação, isto é, quando estão sendo
MANUTENÇÃO DE praticados contra ela atos materiais concretos de agressão à posse, sem que ela
POSSE tenha sido ainda desapossada integralmente.
INTERDITO Ajuizada quando a pessoa estiver sofrendo ameaças de efetiva ofensa à posse, sem
PROIBITÓRIO que tenha havido, contudo, um ato material concreto.

NOMENCLATURAS IMPORTANTES:

SÚMULA → É o enunciado normativo (texto) da ratio decidendi (norma geral) de uma jurisprudência dominante,
que é a reiteração de um precedente.

JURISPRUDÊNCIA → É a reiteração dos precedentes. Há casos, no Brasil, em que precedentes possuem eficácia
normativa, mesmo que não tenham gerado jurisprudência.

STARE DECISIS → Tratar os casos iguais de forma igual (treat like cases alike)

PRECEDENTES → Os precedentes não são equivalentes às decisões judiciais. São as razões generalizáveis, que
podem ser identificados a partir das decisões judiciais. Têm como matéria-prima a decisão. O precedente
trabalha essencialmente sobre fatos jurídicos relevantes que compõem o caso examinado pela jurisdição. São
sempre obrigatórios e vinculantes e emanam apenas das Cortes Supremas. Os precedentes não são apenas
formais e quantitativos, são também materiais e qualitativos. Os artigos 926 e seguintes, do NCPC fornecem
apenas pistas – algumas delas falsas – a respeito de como os precedentes devem ser tratados dentro da ordem
jurídica. Por exemplo, acaso um julgamento de recursos repetitivos não contenha razões determinantes e
suficientes claramente identificáveis, não formará precedente, nada obstante oriundo da forma indicada pelo
novo Código.

RATIO DECIDENDI → É o próprio precedente, constituindo uma generalização das razões adotadas como passos
necessários e suficientes para decidir um caso ou as questões de um caso pelo juiz. A ratio é uma razão
necessária e suficiente para resolver uma questão relevante constante no caso.

OBTER DICTUM → Algo dito de passagem. É aquilo que é dito durante um julgamento ou consta em uma decisão
sem referência ao caso ou que concerne ao caso, mas não constitui proposição.

DISTINGUISHING → Técnica de confronto, interpretação e aplicação do precedente. Com efeito, ocorrendo


vinculação do julgador a precedentes, é preciso ter em mira que o método da comparação é fundamental:
análise dos elementos objetivos da demanda, verificando os elementos das demandas antecedentes.

OVERRULING → Técnica usada quando um precedente perde sua força e é substituído por outro. Essa
substituição pode ser expressa (express overruling) ou tácita (implied overruling). A forma tácita, todavia, não é
admitida no Brasil, vez que o NCPC exige fundamentação adequada e específica para a superação de uma
determinada orientação jurisprudencial (art. 927, §4º, NCPC).
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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

PROSPECTIVE OVERRULING → A eficácia da superação do precedente só se realiza para o futuro.

OVERRIDING → Reescrita. Funciona como redefinição do âmbito de incidência do precedente

AGRAVO INTERNO

#DEOLHONAJURIS: Nos termos do art. 1.030, § 2º, do Código de Processo Civil, contra a decisão que nega
seguimento ao recurso extraordinário, observando a sistemática da repercussão geral, cabe agravo interno e
não agravo em recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal. Assim, pacificou-se nos Tribunais
Superiores o entendimento de que a interposição do recurso incorreto contra a decisão que nega seguimento
ao recurso extraordinário configura erro grosseiro, impedindo a aplicação do princípio da fungibilidade. STJ.
Corte Especial. ARE-RE-EDcl-AgInt-AREsp 939.065/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, DJE 18/12/2020. STF. 1ª Turma. HC
154737/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/06/2020.

#SAINDODOFORNO: Fica inviabilizado o conhecimento de matéria suscitada somente nos embargos de


declaração ou no agravo interno interpostos perante o STJ, sem prévia impugnação no Recurso Especial, por se
tratar de indevida inovação recursal. STJ. 4 Turma. AgInt EDcl-REsp 1.970.005-SP, Rel. Min. Raul Araújo, DJE
26/05/2022.

#ATENÇÃO:
É vedado, em embargos de declaração, ampliar as questões veiculadas no recurso para incluir teses que não
foram anteriormente suscitadas, ainda que se trate de matéria de ordem pública, por configurar inovação
recursal e revelar falta de prequestionamento, pois o cabimento dessa espécie recursal restringe-se às hipóteses
em que existe vício no julgado. STJ. 5 Turma. AgRg no AREsp n. 2.075.781/SP, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, DJe
de 16/5/2022. #SAINDODOFORNO

COISA JULGADA NAS AÇÕES COLETIVAS

A coisa julgada na ação coletiva possui uma série de especificidades em relação à coisa julgada que se forma nas
ações individuais.

D. INDIVIDUAIS
SENTENÇA DIREITOS DIFUSOS DIREITOS COLETIVOS
HOMOGÊNEOS

Coisa Julgada Ultra


PROCEDENTE Coisa Julgada erga omnes Coisa Julgada erga omnes
Partes

Coisa Julgada erga omnes. Coisa Julgada Ultra Impede Nova Ação
Impede nova Ação Partes. Coletiva.
IMPROCEDENTE
Coletiva. Impede nova Ação Lesado pode propor ação
Admite ação individual Coletiva individual se não

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Ciclos Método

admite ação individual participou da ação


coletiva.

Impede Nova Ação


Não faz coisa julgada
Não faz coisa julgada erga Coletiva.
ultra partes.
IMPROCEDENTE POR omnes. Lesado pode propor ação
Qualquer legitimado
FALTA DE PROVAS Qualquer legitimado pode individual se não
pode propor nova ação
propor nova ação coletiva. participou da ação
coletiva.
coletiva

MODELO EXPERIMENTALISTA E MEDIDAS ESTRUTURANTES (STRUCTURAL INJUNCTIONS E ESPECIFIC


PERFORMANCE)

Com referência no modelo processual da common law, autores como Sérgio Arenhart, Hermes Zaneti Jr., Fredie
Didier Jr. e Edilson Vitorelli destacam a reconfiguração do Judiciário na resolução de conflitos coletivos, com
uma atuação voltada a um modelo mais participativo e resolutivo. Cuida-se do modelo experimentalista de
reparação, pelo que o juiz deixa de lado sua centralidade no processo, desenvolvendo um programa de
resolução do conflito (aproximação com o processo de falência), com decisões mais flexíveis e provisórias,
abrindo espaço para audiências públicas e amicus curiae (arts. 138, 927, 983, 1.038 do NCPC).

As chamadas decisões estruturais ou estruturantes são medidas judiciais voltadas para a tutela específica da
obrigação, aplicada sobretudo nos casos em que se busca:

a) implantar uma reforma estrutural em uma instituição ou órgão, de modo a concretizar direitos
fundamentais;
b) realizar uma política pública;
c) resolver litígios coletivos complexos (com diversos interesses sociais, todos dignos de tutela – litígios de
difusão irradiada).

CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS E ESPECÍFICAS DOS PROCESSOS ESTRUTURAIS:

O processo estrutural é um processo coletivo no qual se pretende, pela atuação jurisdicional, a reorganização
de uma estrutura burocrática, pública ou privada, que causa, fomenta ou viabiliza a ocorrência de uma violação
pelo modo como funciona, originando um litígio estrutural.

ESSENCIALMENTE, O PROCESSO ESTRUTURAL TEM COMO DESAFIOS:

a) a apreensão das características do litígio, em toda a sua complexidade e conflituosidade, permitindo


que os diferentes grupos de interesses sejam ouvidos;
b) a elaboração de um plano de alteração do funcionamento da instituição, cujo objetivo é fazer com que
ela deixe de se comportar da maneira reputada indesejável;
c) a implementação desse plano, de modo compulsório ou negociado;
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d) a avaliação dos resultados da implementação, de forma a garantir o resultado social pretendido no início
do processo, que é a correção da violação e a obtenção de condições que impeçam sua reiteração futura;
e) a reelaboração do plano, a partir dos resultados avaliados, no intuito de abordar aspectos inicialmente
não percebidos ou minorar efeitos colaterais imprevistos; e,
f) a implementação do plano revisto, que reinicia o ciclo, o qual se perpetua indefinidamente, até que o
litígio seja solucionado, com a obtenção do resultado social desejado, que é a reorganização da
estrutura. (VITORELLI, Edilson. Levando os conceitos a sério: processo estrutural, processo coletivo,
processo estratégico e suas diferenças. Revista de Processo: RePro, ano 43, vol. 284, São Paulo: Revista
dos Tribunais, out. 2018, p. 348).

DIREITO PENAL

CONCEITO DE DIREITO PENAL


ASPECTO Direito Penal é o conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos
FORMAL/ESTÁTICO como infrações penais, define os seus agentes e fixa sanções a serem-lhes aplicadas.
O Direito Penal refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis ou
ASPECTO
danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria
MATERIAL
conservação e progresso da sociedade.
O Direito Penal é mais um instrumento de controle social, visando assegurar a
necessária disciplina para a harmônica convivência dos membros da sociedade.
Aprofundando o enfoque sociológico
- A manutenção da paz social demanda a existência de normas destinadas a estabelecer
diretrizes.
- Quando violadas as regras de conduta, surge para o Estado o dever de aplicar sanções
(civis ou penais).
ASPECTO
#ATENÇÃO: Nessa tarefa de controle social atuam vários ramos do direito, como o
SOCIOLÓGICO/
Direito Civil, Direito Administrativo, etc. O Direito Penal é apenas um dos ramos do
DINÂMICO
controle social.
- Quando a conduta atenta contra bens jurídicos especialmente tutelados, merece
reação mais severa por parte do Estado, valendo-se do Direito Penal.
#IMPORTANTE: O que diferencia a norma penal das demais é a espécie de
consequência jurídica, ou seja, pena privativa de liberdade (PPL).
- O Direito Penal é norteado pelo princípio da intervenção mínima, só atuando quando
os outros ramos do direito falham.

PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O FATO

Art. 5º, II, C.F. – “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei;”
Art. 5º, XXXIX, C.F. – “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal;”
PRINCÍPIO DA Art. 1º, C.P. - “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
LEGALIDADE cominação legal.”
DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:
a) não há crime ou pena sem lei (MP não pode criar crime, nem cominar pena)
b) não há crime ou pena sem lei anterior (princípio da anterioridade)
c) não há crime ou pena sem lei escrita (proíbe costume incriminador)
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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
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d) não há crime ou pena sem lei estrita (proíbe-se a utilização da analogia para criar
tipo incriminador - analogia in malam partem).
e) não há crime ou pena sem lei certa (Princípio da Taxatividade ou da
determinação; Proibição de criação de tipos penais vagos e indeterminados)
f) não há crime ou pena sem lei necessária (desdobramento lógico do princípio da
intervenção mínima)

#GOLDENTIPS7 O art. 1º do CP afirma que não há crime ou pena sem lei anterior.
Perceba que não há referência às contravenções penais ou às medidas de
segurança. Por conta disso, será que as contravenções penais e as medidas de
segurança não estão asseguradas pelo princípio da legalidade (leia-se: reserva legal
+ anterioridade)? De fato, medida de segurança não está assegurada expressamente
pelo princípio da legalidade, mas não é o entendimento que prevalece. Quando o
art. 1º do CP dispõe que não há crime sem lei anterior, leia-se crime e contravenção
sem lei anterior; quando diz que não há pena sem prévia cominação, leia-se pena
ou medida de segurança sem prévia cominação legal. Portanto, medida de
segurança está sim assegurada pelo princípio da legalidade (reserva legal +
anterioridade). Por isso que o art. 3º do Código Penal Militar não foi recepcionado,
em parte, pela CF/88. O art. 3º do CPM atrelou medida de segurança à lei, mas não
atrelou a anterioridade, mas não o fez.

O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias, isto é, fatos.


ATENÇÃO! Veda-se o Direito Penal do autor: consistente na punição do indivíduo
baseada em seus pensamentos, desejos e estilo de vida.
PRINCÍPIO DA
Conclusão: O Direito Penal Brasileiro segue Direito Penal do Fato.
EXTERIORIZAÇÃO OU
Resquícios de direito penal do autor no direito brasileiro: Até 2009, mendicância
MATERIALIZAÇÃO
era crime. Vadiagem é contravenção penal.
DO FATO
ATENÇÃO: Identifica-se a aplicação do direito penal do autor em detrimento ao
direito penal do fato: fixação da pena, regime de cumprimento da pena e espécies
de sanção.
Exige que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
Somente condutas que causem lesão (efetiva/potencial) a bem jurídico, relevante e
de terceiro, podem estar sujeitas ao Direito Penal.
-CRIME DE DANO: ocorre efetiva lesão ao bem jurídico. Ex: homicídio.
Princípio da
-CRIME DE PERIGO: basta risco de lesão ao bem jurídico. Ex.: embriaguez ao
OFENSIVIDADE/
volante; porte de arma.
LESIVIDADE
a) Perigo abstrato: o risco de lesão é absolutamente presumido por lei.
b) Perigo concreto: De vítima determinada: o risco deve ser demonstrado indicando
pessoa certa em perigo. De vítima difusa: o risco deve ser demonstrado dispensando
vítima determinada.

DIREITO PENAL DE EMERGÊNCIA E DIREITO PENAL SIMBÓLICO.

Direito penal de emergência: é o direito penal criado a partir de uma situação atípica. O legislador cria normas
de repressão porque há uma anormalidade social que exige uma resposta legal extraordinária.

7
As #GOLDENTIPS foram inseridas pelo Setor de Revisão.
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Busca-se, com a produção legislativa, devolver ao seio da sociedade uma sensação de tranquilidade. A criação
de norma que recrudesce o tratamento já existente é legislação de emergência. Todavia, vale ressaltar que o
direito penal de emergência é campo fértil para um direito penal meramente simbólico.

Direito penal simbólico: é o direito penal que vai ao encontro dos anseios populares, pois o legislador atua
pensando na opinião pública para devolver à sociedade uma ilusória sensação de tranquilidade. Não se tem a
norma cumprindo sua função (prevenção de crimes exercida pela lei - função inibitória), razão pela qual o direito
penal será apenas simbólico.

POLÍTICAS CRIMINAIS E POLÍTICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA: TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS

O EFICIENTISMO PENAL COMO DIREITO PENAL MÁXIMO

O Eficientismo (ou direito penal máximo) está incluso em um grande grupo denominado "políticas criminais
autoritárias", antigarantistas, assim denominadas por desvalorizarem, em maior ou menor intensidade, o
princípio da legalidade estrita ou um de seus corolários. Essa política busca dar uma eficácia absoluta ao Direito
Penal, sendo que a certeza que ela pretende obter reside em que nenhum culpado fique impune. Fruto de uma
orientação criminológica positivista, pleiteia a máxima efetividade do controle social, sendo máxima, também,
a imunidade a comportamentos ilícitos, mas que são funcionais para o sistema. Este modelo, de índole
autoritária, possui como elementos:

a) substancialismo penal – parte de uma concepção ontológica de crime, desvalorizando o valor do princípio da
legalidade pela intromissão de conceitos morais e pela maior necessidade de punição;
b) decisionismo processual – juízo e pena irrogada o são por critérios potestativos, de verificabilidade inferior à
política minimalista.

A maior representação do Eficientismo na sociedade atual está no Movimento da Lei e da Ordem. Oriundo dos
Estados Unidos da América, na década de 70, está em pleno funcionamento, com suas penas extremamente
rígidas em regime fechado, aplicações desproporcionais, desprezo por direitos e garantias materiais e adjetivas
de Direito, e utilização de práticas não-ortodoxas demonstrativas do desdém ao princípio da dignidade da
pessoa humana.

MACROCRIMINALIDADE

#FIQUEDEOLHO:

MICROCRIMINALIDADE: envolve os crimes normalmente mais violentos, é a criminalidade de rua, envolvendo


os crimes patrimoniais, como roubo, extorsão mediante sequestro, furtos, crimes contra a dignidade sexual e
principalmente crimes contra a vida e integridade física. Normalmente a microcriminalidade também pode ser
chamada de crimes do colarinho azul, termo usado em contraponto aos colarinhos brancos.

MACROCRIMINALIDADE: ou crimes do colarinho branco ou ainda as cifras douradas são os famigerados crimes
financeiros, aqueles perpetrados por organizações criminosas, as organizações enraizadas dentro dos órgãos
públicos principalmente nos altos escalões, normalmente não usam da violência para agir, mas as vezes fazem
uso de violência principalmente para queimar arquivos, ou seja, aniquilarem aqueles que podem os delatar.8

8
https://jus.com.br/artigos/40810/macro-e-microcriminalidade-as-cores-do-direito-penal ACESSADO EM 29.05.2022.
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#ATENÇÃO #NOVIDADE: CONFISCO ALARGADO

Os efeitos extrapenais específicos estão previstos nos arts. 91-A (inovação da Lei n.º 13.964/2019) e 92 do CP.
O confisco alargado não é cabível em qualquer condenação, sendo submetido a alguns pressupostos necessários
que delimitam seu cabimento:

a. Condenação por crime com pena máxima superior a seis anos;


b. Incompatibilidade do patrimônio com a renda líquida do agente

#ENUNCIADO

JDPP 15 Para fins de aplicação do art. 91-A do Código Penal, cabe ao Ministério Público, e não à Defesa, a
comprovação de incompatibilidade entre o patrimônio e os rendimentos lícitos do réu.

PRESCRIÇÃO – NOVIDADES

#ATENÇÃO: Novas Causas impeditivas da prescrição incluídas no art. 116 pelo Pacote Anticrime:

Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do
crime;
II - Enquanto o agente cumpre pena no exterior; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis;
e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - Enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o
tempo em que o condenado está preso por outro motivo.

#NÃOCONFUNDA

CONCUSSÃO Funcionário público exige vantagem indevida.


CORRUPÇÃO Funcionário público solicita, recebe ou aceita vantagem indevida.
PASSIVA
CORRUPÇÃO Particular oferece ou promete vantagem indevida a funcionário público.
ATIVA
O agente viola o dever funcional para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, de
PREVARICAÇÃO
modo que não envolve um terceiro corruptor

#NÃOCONFUNDA2

PATROCINAR, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração


ADVOCACIA
pública, valendo-se da qualidade de funcionário. Crime praticado por funcionário público
ADMINISTRATIVA
contra a administração em geral
SOLICITAR, EXIGIR, COBRAR ou OBTER, para si ou para outrem, vantagem ou promessa
TRÁFICO DE
de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício
INFLUÊNCIA
da função. Crime praticado por particular contra a administração em geral

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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

SOLICITAR ou RECEBER dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz,


EXPLORAÇÃO DE
jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete
PRESTÍGIO
ou testemunha. Crime contra a administração da justiça

DESCAMINHO #APOSTACICLOS

#VAMOSDECP
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou
pelo consumo de mercadoria
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem:
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio,
no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu
clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina
no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem;
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de
documentos que sabe serem falsos.
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou
clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.

#ALERTA: DESCAMINHO E CONTRABANDO (Art. 334 e 334-A)

CONTRABANDO DESCAMINHO
Tipificado no art. 334-A do CP. Tipificado no art. 334 do CP.
Consiste em “importar ou exportar mercadoria Consiste em “iludir, no todo ou em parte, o
proibida”. pagamento de direito ou imposto devido pela
entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria”
Corresponde à conduta de importar ou exportar Corresponde à entrada ou à saída de produtos
mercadoria PROIBIDA. PERMITIDOS, todavia elidindo o pagamento do
imposto devido.
Obs.: essa proibição pode ser absoluta ou relativa.
É a fraude utilizada para iludir o pagamento de
impostos relacionados com a importação ou
exportação de produtos.
NÃO é uma espécie de crime tributário. É uma espécie de crime tributário.
Bem jurídico: a moralidade administrativa, a saúde e Bem jurídico protegido: interesse do Estado na
a segurança pública. O bem juridicamente tutelado arrecadação dos tributos.
vai além do mero valor pecuniário do imposto elidido,
alcançando também o interesse estatal de impedir a Além disso, alguns autores apontam que este crime
entrada e a comercialização de produtos proibidos também protege o controle estatal das importações
em território nacional. e das exportações.
É INAPLICÁVEL o princípio da insignificância. APLICA-SE o princípio da insignificância se o valor do
tributo cujo pagamento foi iludido não superar R$ 20
mil (posição majoritária).
91
REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

Exceção: contrabando de pequena quantidade de


medicamento para uso próprio (STJ EDcl no AgRg no
REsp 1708371/PR).
NÃO admite suspensão condicional do processo (a Admite suspensão condicional do processo (a pena é
pena é de 2 a 5 anos). de 1 a 4 anos).

CRIMES DE LAVAGEM OU OCULTAÇÃO DE BENS, DIREITOS E VALORES.

FASE DO DELITO DE LAVAGEM


FASE DESCRIÇÃO EXEMPLOS
Aplicação no mercado formal,
mediante depósito em banco, troca
Separação física do dinheiro dos por moeda estrangeira, remessa ao
autores do crime. exterior através de mulas,
1ª COLOCAÇÃO (PLACEMENT)
É antecedida pela captação e transferência eletrônica ou física
concentração do dinheiro. para paraísos fiscais, importação
subfaturada; aquisição de imóveis;
obras de arte; joias; etc.
Nessa fase, multiplicam-se as
transações anteriores, através de
muitas empresas e contas, de modo
2ª OCULTAÇÃO
que se perca a trilha do dinheiro Várias transferências por cabo (wire
OU
(paper trail), constituindo-se na transfer) ou sucessivos
DISSIMULAÇÃO
lavagem propriamente dita, que empréstimos.
(LAYERING)
tem por objetivo fazer com que não
se possa identificar a origem ilícita
dos valores ou bens9.
O dinheiro é empregado em Compra de uma empresa já
negócios lícitos, ilícitos ou compra existente e em funcionamento,
de bens, dificultando ainda mais a aquisição de um empreendimento
3ª INTEGRAÇÃO (INTEGRATION
investigação, já que o criminoso imobiliário, simulação de obtenção
OU RECYCLING)
assume ares de respeitável em pagamento por serviços de
investidor, atuando conforme as difícil mensuração, como
regras do sistema. consultoria, por exemplo.

DISCURSO DE ÓDIO VS. IMUNIDADE PARLAMENTAR

Palestra proferida por Bolsonaro com críticas aos quilombolas e estrangeiros não configurou racismo. O então
Deputado Federal Jair Bolsonaro proferiu palestra no auditório de determinado clube e ali fez críticas e
comentários negativos a respeito dos quilombolas e também de povos estrangeiros. No trecho mais
questionado de sua palestra, ele afirmou: “Eu fui em um quilombola em El Dourado Paulista. Olha, o
afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador eles
servem mais. Mais de um bilhão de reais por ano gastado com eles. Recebem cesta básica e mais material em
implementos agrícolas. Você vai em El Dourado Paulista, você compra arame farpado, você compra enxada, pá,
picareta por metade do preço vendido em outra cidade vizinha. Por quê? Porque eles revendem tudo baratinho

92
REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

lá. Não querem nada com nada.” O STF entendeu que a conduta de Bolsonaro não configurou o crime de racismo
(art. 20 da Lei nº 7.716/89).
As palavras por ele proferidas estão dentro da liberdade de expressão prevista no art. 5º, IV, da CF/88, além de
também estarem cobertas pela imunidade parlamentar (art. 53 da CF/88). O objetivo de seu discurso não foi o
de repressão, dominação, supressão ou eliminação dos quilombolas ou dos estrangeiros. O pronunciamento do
parlamentar estava vinculado ao contexto de demarcação e proveito econômico das terras e configuram
manifestação política que não extrapola os limites da liberdade de expressão.
Além disso, as manifestações de Bolsonaro estavam relacionadas com a sua função de parlamentar. Inclusive, o
convite para a palestra se deu em razão do exercício do cargo de Deputado Federal a fim de dar a sua visão
geopolítica e econômica do País.
Assim, havia uma vinculação das manifestações apresentadas na palestra com os pronunciamentos do
parlamentar na Câmara dos Deputados, de sorte que incide a imunidade parlamentar. STF. 1ª Turma. Inq
4694/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018 (Info 915).

DISCURSO DE ÓDIO VS. LIBERDADE RELIGIOSA

A incitação de ódio público feita por líder religioso contra outras religiões pode configurar o crime de racismo.
A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus seguidores não está protegida pela
cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão. Assim, é possível, a depender do caso concreto,
que um líder religioso seja condenado pelo crime de racismo (art. 20, §2º, da Lei nº 7.716/89) por ter proferido
discursos de ódio público contra outras denominações religiosas e seus seguidores. STF. 2ª Turma. RHC
146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/3/2018 (Info 893).

#NÃOCONFUNDA: DISCURSO DE ÓDIO vs. PROSELITISMO RELIGIOSO


Determinado padre escreveu um livro, voltado ao público da Igreja Católica, no qual ele faz críticas ao espiritismo
e a religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé.
O Ministério Público da Bahia ofereceu denúncia contra ele pela prática do art. 20, § 2º da Lei nº 7.716/89 (Lei
do racismo).
No caso concreto, o STF entendeu que não houve o crime.
A CF/88 garante o direito à liberdade religiosa. Um dos aspectos da liberdade religiosa é o direito que o indivíduo
possui de não apenas escolher qual religião irá seguir, mas também o de fazer proselitismo religioso.
PROSELITISMO RELIGIOSO significa empreender esforços para convencer outras pessoas a também se
converterem à sua religião.
Desse modo, a prática do proselitismo, ainda que feita por meio de comparações entre as religiões (dizendo que
uma é melhor que a outra) não configura, por si só, crime de racismo.
Só haverá racismo se o discurso dessa religião supostamente superior for de dominação, opressão, restrição de
direitos ou violação da dignidade humana das pessoas integrantes dos demais grupos. Por outro lado, se essa
religião supostamente superior pregar que tem o dever de ajudar os "inferiores" para que estes alcancem um
nível mais alto de bem-estar e de salvação espiritual e, neste caso não haverá conduta criminosa.
Na situação concreta, o STF entendeu que o réu apenas fez comparações entre as religiões, procurando
demonstrar que a sua deveria prevalecer e que não houve tentativa de subjugar os adeptos do espiritismo.
Pregar um discurso de que as religiões são desiguais e de que uma é inferior à outra não configura, por si, o
elemento típico do art. 20 da Lei nº 7.716/89. Para haver o crime, seria indispensável que tivesse ficado
demonstrado o especial fim de supressão ou redução da dignidade do diferente, elemento que confere sentido
à discriminação que atua como verbo núcleo do tipo.
STF. 1ª Turma. RHC 134682/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/11/2016 (Info 849).

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ASPECTOS RELATIVOS À REPRESSÃO PENAL CONTIDAS EM CONVENÇÕES INTERNACIONAIS SOBRE


CORRUPÇÃO, ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS, TRÁFICO DE PESSOAS, TRÁFICO DE ARMAS, TERRORISMO E
ESCRAVIDÃO.

Convenção das Nações Unidas contra a CORRUPÇÃO de 2003 (MÉRIDA)

Capítulo III
Penalização e aplicação da lei

Artigo 15
Suborno de funcionários públicos nacionais

Cada Estado Parte adotará as medidas legislativas e de outras índoles que sejam necessárias para qualificar
como delito, quando cometidos intencionalmente:

a) A promessa, o oferecimento ou a concessão a um funcionário público, de forma direta ou indireta, de um


benefício indevido que redunde em seu próprio proveito ou no de outra pessoa ou entidade com o fim de que
tal funcionário atue ou se abstenha de atuar no cumprimento de suas funções oficiais;

b) A solicitação ou aceitação por um funcionário público, de forma direta ou indireta, de um benefício indevido
que redunde em seu próprio proveito ou no de outra pessoa ou entidade com o fim de que tal funcionário atue
ou se abstenha de atuar no cumprimento de suas funções oficiais.

Artigo 16

Suborno de funcionários públicos estrangeiros e de funcionários de organizações internacionais públicas

1. Cada Estado Parte adotará as medidas legislativas e de outras índoles que sejam necessárias para qualificar
como delito, quando cometido intencionalmente, a promessa, oferecimento ou a concessão, de forma direta
ou indireta, a um funcionário público estrangeiro ou a um funcionário de organização internacional pública, de
um benefício indevido que redunde em seu próprio proveito ou no de outra pessoa ou entidade com o fim de
que tal funcionário atue ou se abstenha de atuar no exercício de suas funções oficiais para obter ou manter
alguma transação comercial ou outro benefício indevido em relação com a realização de atividades comerciais
internacionais.

2. Cada Estado Parte considerará a possibilidade de adotar medidas legislativas e de outras índoles que sejam
necessárias para qualificar como delito, quando cometido intencionalmente, a solicitação ou aceitação por um
funcionário público estrangeiro ou funcionário de organização internacional pública, de forma direta ou indireta,
de um benefício indevido que redunde em proveito próprio ou no de outra pessoa ou entidade, com o fim de
que tal funcionário atue ou se abstenha de atuar no exercício de suas funções oficiais.

Artigo 17

Malversação ou peculato, apropriação indébita ou outras formas de desvio de bens por um funcionário público

Cada Estado Parte adotará as medidas legislativas e de outras índoles que sejam necessárias para qualificar
como delito, quando cometido intencionalmente, a malversação ou o peculato, a apropriação indébita ou outras

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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

formas de desvio de bens, fundos ou títulos públicos ou privados ou qualquer outra coisa de valor que se tenham
confiado ao funcionário em virtude de seu cargo.

Artigo 18

Tráfico de influências

Cada Estado Parte considerará a possibilidade de adotar as medidas legislativas e de outras índoles que sejam
necessárias para qualificar como delito, quando cometido intencionalmente:

a) A promessa, o oferecimento ou a concessão a um funcionário público ou a qualquer outra pessoa, de forma


direta ou indireta, de um benefício indevido com o fim de que o funcionário público ou a pessoa abuse de sua
influência real ou suposta para obter de uma administração ou autoridade do Estado Parte um benefício
indevido que redunde em proveito do instigador original do ato ou de qualquer outra pessoa;

b) A solicitação ou aceitação por um funcionário público ou qualquer outra pessoa, de forma direta ou indireta,
de um benefício indevido que redunde em seu proveito próprio ou no de outra pessoa com o fim de que o
funcionário público ou a pessoa abuse de sua influência real ou suposta para obter de uma administração ou
autoridade do Estado Parte um benefício indevido.

Artigo 19

Abuso de funções

Cada Estado Parte considerará a possibilidade de adotar as medidas legislativas e de outras índoles que sejam
necessárias para qualificar como delito, quando cometido intencionalmente, o abuso de funções ou do cargo,
ou seja, a realização ou omissão de um ato, em violação à lei, por parte de um funcionário público no exercício
de suas funções, com o fim de obter um benefício indevido para si mesmo ou para outra pessoa ou entidade.

Artigo 20

Enriquecimento ilícito

Com sujeição a sua constituição e aos princípios fundamentais de seu ordenamento jurídico, cada Estado Parte
considerará a possibilidade de adotar as medidas legislativas e de outras índoles que sejam necessárias para
qualificar como delito, quando cometido intencionalmente, o enriquecimento ilícito, ou seja, o incremento
significativo do patrimônio de um funcionário público relativos aos seus ingressos legítimos que não podem ser
razoavelmente justificados por ele.

Artigo 21

Suborno no setor privado

Cada Estado Parte considerará a possibilidade de adotar medidas legislativas e de outras índoles que sejam
necessárias para qualificar como delito, quando cometido intencionalmente no curso de atividades econômicas,
financeiras ou comerciais:

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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
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a) A promessa, o oferecimento ou a concessão, de forma direta ou indireta, a uma pessoa que dirija uma
entidade do setor privado ou cumpra qualquer função nela, de um benefício indevido que redunde em seu
próprio proveito ou no de outra pessoa, com o fim de que, faltando ao dever inerente às suas funções, atue ou
se abstenha de atuar;

b) A solicitação ou aceitação, de forma direta ou indireta, por uma pessoa que dirija uma entidade do setor
privado ou cumpra qualquer função nela, de um benefício indevido que redunde em seu próprio proveito ou no
de outra pessoa, com o fim de que, faltando ao dever inerente às suas funções, atue ou se abstenha de atuar.

Artigo 22

Malversação ou peculato de bens no setor privado

Cada Estado Parte considerará a possibilidade de adotar medidas legislativas e de outras índoles que sejam
necessárias para qualificar como delito, quando cometido intencionalmente no curso de atividades econômicas,
financeiras ou comerciais, a malversação ou peculato, por uma pessoa que dirija uma entidade do setor privado
ou cumpra qualquer função nela, de quaisquer bens, fundos ou títulos privados ou de qualquer outra coisa de
valor que se tenha confiado a essa pessoa por razão de seu cargo.

Artigo 23

Lavagem de produto de delito

1. Cada Estado Parte adotará, em conformidade com os princípios fundamentais de sua legislação interna, as
medidas legislativas e de outras índoles que sejam necessárias para qualificar como delito, quando cometido
intencionalmente:

a) i) A conversão ou a transferência de bens, sabendo-se que esses bens são produtos de delito, com o propósito
de ocultar ou dissimular a origem ilícita dos bens e ajudar a qualquer pessoa envolvida na prática do delito com
o objetivo de afastar as conseqüências jurídicas de seus atos;
ii) A ocultação ou dissimulação da verdadeira natureza, origem, situação, disposição, movimentação ou da
propriedade de bens o do legítimo direito a estes, sabendo-se que tais bens são produtos de delito;

b) Com sujeição aos conceitos básicos de seu ordenamento jurídico: i) A aquisição, possessão ou utilização de
bens, sabendo-se, no momento de sua receptação, de que se tratam de produto de delito; ii) A participação na
prática de quaisquer dos delitos qualificados de acordo com o presente Artigo, assim como a associação e a
confabulação para cometê-los, a tentativa de cometê-los e a ajuda, incitação, facilitação e o assessoramento
com vistas à sua prática.

2. Para os fins de aplicação ou colocação em prática do parágrafo 1 do presente Artigo:

a) Cada Estado Parte velará por aplicar o parágrafo 1 do presente Artigo à gama mais ampla possível de delitos
determinantes;

b) Cada Estado Parte incluirá como delitos determinantes, como mínimo, uma ampla gama de delitos
qualificados de acordo com a presente Convenção;

96
REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

c) Aos efeitos do item "b)" supra, entre os delitos determinantes se incluirão os delitos cometidos tanto dentro
como fora da jurisdição do Estado Parte interessado. Não obstante, os delitos cometidos fora da jurisdição de
um Estado Parte constituirão delito determinante sempre e quando o ato correspondente seja delito de acordo
com a legislação interna do Estado em que se tenha cometido e constitui-se assim mesmo delito de acordo com
a legislação interna do Estado Parte que aplique ou ponha em prática o presente Artigo se o delito houvesse
sido cometido ali;

d) Cada Estado Parte proporcionará ao Secretário Geral das Nações Unidas uma cópia de suas leis destinadas a
dar aplicação ao presente Artigo e de qualquer emenda posterior que se atenha a tais leis;

e) Se assim requererem os princípios fundamentais da legislação interna de um Estado Parte, poderá dispor-se
que os delitos enunciados no parágrafo 1 do presente Artigo não se apliquem às pessoas que tenham cometido
o delito determinante.

Artigo 24

Encobrimento

Sem prejuízo do disposto no Artigo 23 da presente Convenção, cada Estado Parte considerará a possibilidade de
adotar as medidas legislativas e de outra índole que sejam necessárias para qualificar o delito, quando cometido
intencionalmente após a prática de quaisquer dos delitos qualificados de acordo com a presente Convenção
mas sem haver participados deles, o encobrimento ou a retenção contínua de bens sabendo-se que tais bens
são produtos de quaisquer dos delitos qualificados de acordo com a presente Convenção.

Artigo 25

Obstrução da justiça

Cada Estado Parte adotará as medidas legislativas e de outras índoles que sejam necessárias para qualificar
como delito, quando cometidos intencionalmente:

a) O uso da força física, ameaças ou intimidação, ou a promessa, o oferecimento ou a concessão de um benefício


indevido para induzir uma pessoa a prestar falso testemunho ou a atrapalhar a prestação de testemunho ou a
apartação de provas em processos relacionados com a prática dos delitos qualificados de acordo com essa
Convenção;

b) O uso da força física, ameaças ou intimidação para atrapalhar o cumprimento das funções oficiais de um
funcionário da justiça ou dos serviços encarregados de fazer cumprir-se a lei em relação com a prática dos delitos
qualificados de acordo com a presente Convenção. Nada do previsto no presente Artigo menosprezará a
legislação interna dos Estados Partes que disponham de legislação que proteja a outras categorias de
funcionários públicos.

Artigo 26

Responsabilidade das pessoas jurídicas

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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
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1. Cada Estado Parte adotará as medidas que sejam necessárias, em consonância com seus princípios jurídicos,
a fim de estabelecer a responsabilidade de pessoas jurídicas por sua participação nos delitos qualificados de
acordo com a presente Convenção.

2. Sujeito aos princípios jurídicos do Estado Parte, a responsabilidade das pessoas jurídicas poderá ser de índole
penal, civil ou administrativa.

3. Tal responsabilidade existirá sem prejuízo à responsabilidade penal que incumba às pessoas físicas que
tenham cometido os delitos.

4. Cada Estado Parte velará em particular para que se imponham sanções penais ou não-penais eficazes,
proporcionadas e dissuasivas, incluídas sanções monetárias, às pessoas jurídicas consideradas responsáveis de
acordo com o presente Artigo.

Artigo 27

Participação ou tentativa

1. Cada Estado Parte adotará as medidas legislativas e de outras índoles que sejam necessárias para qualificar
como delito, em conformidade com sua legislação interna, qualquer forma de participação, seja ela como
cúmplice, colaborador ou instigador, em um delito qualificado de acordo com a presente Convenção.

2. Cada Estado Parte poderá adotar as medidas legislativas e de outras índoles que sejam necessárias para
qualificar como delito, em conformidade com sua legislação interna, toda tentativa de cometer um delito
qualificado de acordo com a presente Convenção.

3. Cada Estado Parte poderá adotar as medidas legislativas e de outras índoles que sejam necessárias para
qualificar como delito, em conformidade com sua legislação interna, a preparação com vistas a cometer um
delito qualificado de acordo com a presente Convenção.

Artigo 28

Conhecimento, intenção e propósito como elementos de um delito

O conhecimento, a intenção ou o propósito que se requerem como elementos de um delito qualificado de


acordo com a presente Convenção poderão inferir-se de circunstâncias fáticas objetivas.

Artigo 29

Prescrição

Cada Estado Parte estabelecerá, quando proceder, de acordo com sua legislação interna, um prazo de prescrição
amplo para iniciar processos por quaisquer dos delitos qualificados de acordo com a presente Convenção e
estabelecerá um prazo maior ou interromperá a prescrição quando o presumido delinquente tenha evadido da
administração da justiça.

Convenção das Nações Unidas CONTRA O CRIME ORGANIZADO TRANSNACIONAL – 2000 (Convenção de
PALERMO)

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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
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Artigo 5

Criminalização da participação em um grupo criminoso organizado

1. Cada Estado Parte adotará as medidas legislativas ou outras que sejam necessárias para caracterizar como
infração penal, quando praticado intencionalmente:

a) Um dos atos seguintes, ou ambos, enquanto infrações penais distintas das que impliquem a tentativa ou a
consumação da atividade criminosa:

i) O entendimento com uma ou mais pessoas para a prática de uma infração grave, com uma intenção direta ou
indiretamente relacionada com a obtenção de um benefício econômico ou outro benefício material e, quando
assim prescrever o direito interno, envolvendo um ato praticado por um dos participantes para concretizar o
que foi acordado ou envolvendo a participação de um grupo criminoso organizado;

ii) A conduta de qualquer pessoa que, conhecendo a finalidade e a atividade criminosa geral de um grupo
criminoso organizado, ou a sua intenção de cometer as infrações em questão, participe ativamente em:

a. Atividades ilícitas do grupo criminoso organizado;

b. Outras atividades do grupo criminoso organizado, sabendo que a sua participação contribuirá para a
finalidade criminosa acima referida;

b) O ato de organizar, dirigir, ajudar, incitar, facilitar ou aconselhar a prática de uma infração grave que envolva
a participação de um grupo criminoso organizado.

2. O conhecimento, a intenção, a finalidade, a motivação ou o acordo a que se refere o parágrafo 1 do presente


Artigo poderão inferir-se de circunstâncias factuais objetivas.

3. Os Estados Partes cujo direito interno condicione a incriminação pelas infrações referidas no inciso i) da alínea
a) do parágrafo 1 do presente Artigo ao envolvimento de um grupo criminoso organizado diligenciarão no
sentido de que o seu direito interno abranja todas as infrações graves que envolvam a participação de grupos
criminosos organizados. Estes Estados Partes, assim como os Estados Partes cujo direito interno condicione a
incriminação pelas infrações definidas no inciso i) da alínea a) do parágrafo 1 do presente Artigo à prática de um
ato concertado, informarão deste fato o Secretário Geral da Organização das Nações Unidas, no momento da
assinatura ou do depósito do seu instrumento de ratificação, aceitação, aprovação ou adesão à presente
Convenção.

Artigo 6

Criminalização da lavagem do produto do crime

1. Cada Estado Parte adotará, em conformidade com os princípios fundamentais do seu direito interno, as
medidas legislativas ou outras que sejam necessárias para caracterizar como infração penal, quando praticada
intencionalmente:

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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
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a) i) A conversão ou transferência de bens, quando quem o faz tem conhecimento de que esses bens são produto
do crime, com o propósito de ocultar ou dissimular a origem ilícita dos bens ou ajudar qualquer pessoa envolvida
na prática da infração principal a furtar-se às conseqüências jurídicas dos seus atos;

ii) A ocultação ou dissimulação da verdadeira natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou


propriedade de bens ou direitos a eles relativos, sabendo o seu autor que os ditos bens são produto do crime;

b) e, sob reserva dos conceitos fundamentais do seu ordenamento jurídico:

i) A aquisição, posse ou utilização de bens, sabendo aquele que os adquire, possui ou utiliza, no momento da
recepção, que são produto do crime;

ii) A participação na prática de uma das infrações enunciadas no presente Artigo, assim como qualquer forma
de associação, acordo, tentativa ou cumplicidade, pela prestação de assistência, ajuda ou aconselhamento no
sentido da sua prática.

2. Para efeitos da aplicação do parágrafo 1 do presente Artigo:

a) Cada Estado Parte procurará aplicar o parágrafo 1 do presente Artigo à mais ampla gama possível de infrações
principais;

b) Cada Estado Parte considerará como infrações principais todas as infrações graves, na acepção do Artigo 2 da
presente Convenção, e as infrações enunciadas nos seus Artigos 5, 8 e 23. Os Estados Partes cuja legislação
estabeleça uma lista de infrações principais específicas incluirá entre estas, pelo menos, uma gama completa de
infrações relacionadas com grupos criminosos organizados;

c) Para efeitos da alínea b), as infrações principais incluirão as infrações cometidas tanto dentro como fora da
jurisdição do Estado Parte interessado. No entanto, as infrações cometidas fora da jurisdição de um Estado Parte
só constituirão infração principal quando o ato correspondente constitua infração penal à luz do direito interno
do Estado em que tenha sido praticado e constitua infração penal à luz do direito interno do Estado Parte que
aplique o presente Artigo se o crime aí tivesse sido cometido;

d) Cada Estado Parte fornecerá ao Secretário Geral das Nações Unidas uma cópia ou descrição das suas leis
destinadas a dar aplicação ao presente Artigo e de qualquer alteração posterior;

e) Se assim o exigirem os princípios fundamentais do direito interno de um Estado Parte, poderá estabelecer-se
que as infrações enunciadas no parágrafo 1 do presente Artigo não sejam aplicáveis às pessoas que tenham
cometido a infração principal;

f) O conhecimento, a intenção ou a motivação, enquanto elementos constitutivos de uma infração enunciada


no parágrafo 1 do presente Artigo, poderão inferir-se de circunstâncias fatuais objetivas.

Artigo 8

Criminalização da corrupção

1. Cada Estado Parte adotará as medidas legislativas e outras que sejam necessárias para caracterizar como
infrações penais os seguintes atos, quando intencionalmente cometidos:

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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

a) Prometer, oferecer ou conceder a um agente público, direta ou indiretamente, um benefício indevido, em


seu proveito próprio ou de outra pessoa ou entidade, a fim de praticar ou se abster de praticar um ato no
desempenho das suas funções oficiais;

b) Por um agente público, pedir ou aceitar, direta ou indiretamente, um benefício indevido, para si ou para outra
pessoa ou entidade, a fim de praticar ou se abster de praticar um ato no desempenho das suas funções oficiais.

2. Cada Estado Parte considerará a possibilidade de adotar as medidas legislativas ou outras que sejam
necessárias para conferir o caracter de infração penal aos atos enunciados no parágrafo 1 do presente Artigo
que envolvam um agente público estrangeiro ou um funcionário internacional. Do mesmo modo, cada Estado
Parte considerará a possibilidade de conferir o caracter de infração penal a outras formas de corrupção.

3. Cada Estado Parte adotará igualmente as medidas necessárias para conferir o caráter de infração penal à
cumplicidade na prática de uma infração enunciada no presente Artigo.

4. Para efeitos do parágrafo 1 do presente Artigo e do Artigo 9, a expressão "agente público" designa, além do
funcionário público, qualquer pessoa que preste um serviço público, tal como a expressão é definida no direito
interno e aplicada no direito penal do Estado Parte onde a pessoa em questão exerce as suas funções.

Artigo 10

Responsabilidade das pessoas jurídicas

1. Cada Estado Parte adotará as medidas necessárias, em conformidade com o seu ordenamento jurídico, para
responsabilizar pessoas jurídicas que participem em infrações graves envolvendo um grupo criminoso
organizado e que cometam as infrações enunciadas nos Artigos 5, 6, 8 e 23 da presente Convenção.

2. No respeito pelo ordenamento jurídico do Estado Parte, a responsabilidade das pessoas jurídicas poderá ser
penal, civil ou administrativa.

3. A responsabilidade das pessoas jurídicas não obstará à responsabilidade penal das pessoas físicas que tenham
cometido as infrações.

4. Cada Estado Parte diligenciará, em especial, no sentido de que as pessoas jurídicas consideradas responsáveis
em conformidade com o presente Artigo sejam objeto de sanções eficazes, proporcionais e acautelatórias, de
natureza penal e não penal, incluindo sanções pecuniárias.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

INQUÉRITO POLICIAL

#NÃOESQUECE Pelo princípio da presunção de inocência, a investigação de pessoa em inquérito policial


NÃO pode agravar a pena-base (Súmula 444 STJ).

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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

Inquérito Ministerial – PIC (Procedimento Investigativo Criminal): Segundo o STF, o STJ e a doutrina
amplamente majoritária, o Ministério Público poderá conduzir investigação criminal que conviverá
harmonicamente com o inquérito policial, sem que exista usurpação de função. Promotor que investiga não é
suspeito ou impedido de atuar na fase processual (Súmula 234 STJ - A participação de membro do Ministério
Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da
denúncia.).

#NEVERFORGET:
✓ O advogado pode tomar apontamentos e copiar os autos, de forma física ou digital.
✓ O acesso independe de procuração. Todavia, sendo decretado segredo de justiça (sigilo judicial), o
acesso é mantido, mas a procuração passa a ser necessária.
✓ A súmula deixa claro que o direito do defensor está atrelado aos elementos já documentados nos autos
do inquérito, pois não haveria sentido o advogado ter acesso a uma diligência em andamento, cujo sigilo
é imprescindível para sua eficácia

#ATENÇÃO A NOVA REDAÇÃO DO ARTIGO 28 ESTÁ COM EFICÁCIA SUSPENSA, PORTANTO, NA PRÁTICA AINDA
É FEITO O PROCEDIMENTO DO ANTERIOR ARTIGO 28!

#RESUMEAÊPROF
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO
ANTES DO PACOTE ANTICRIME -> ato complexo (promotor + juiz)
DEPOIS DO PACOTE ANTICRIME -> ato composto (só no âmbito do ministério público)

#DEOLHONAJURIS
Inexistindo a demonstração do mínimo vínculo entre o acusado e o delito a ele imputado, impossibilitado está
o exercício do contraditório e da ampla defesa. Caso adaptado: o MP denunciou 19 pessoas por diversos crimes
contra a administração pública, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Dentre as pessoas denunciadas
estavam João e sua filha Carla. João seria o líder da organização criminosa e teria praticado, dentre outros
delitos, peculato, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Carla também foi denunciada, mas apenas por lavagem
de dinheiro. Segundo a denúncia, uma das empreiteiras beneficiadas com o esquema, teria reformado a casa
de Carla. Em nenhum momento, contudo, é descrita qual teria sido a conduta praticada por Carla ou se ela
realmente saberia da origem ilícita dos recursos. Para o STJ, a partir do exame da denúncia, não se consegue
inferir que a conduta supostamente praticada pela denunciada efetivamente tenha contribuído para o êxito da
empreitada criminosa. Contra ela é imputada a prática de ocultação de valores oriundos de suposta prática
ilícita. Ocorre que, diferentemente dos demais acusados, não resta claro da denúncia que delito antecedente
teria a acusada cometido. STJ. 6ª Turma. RHC 154162-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 22/03/2022
(Info 730). #Importante #APOSTACICLOS

ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL

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REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
Ciclos Método

CONCEITO10: NEGÓCIO JURÍDICO DE NATUREZA EXTRAJUDICIAL, necessariamente homologado pelo juízo


competente – pelo menos em regra, pelo juiz das garantias (CPP, art. 3º-B, inciso XVII, incluído pela Lei n.
13.964/19) –, celebrado entre o Ministério Público e o autor do fato delituoso – devidamente assistido por seu
defensor –, que confessa formal e circunstanciadamente a prática do delito, sujeitando-se ao cumprimento de
certas condições não privativas de liberdade, em troca do compromisso do Parquet de não perseguir
judicialmente o caso penal extraído da investigação penal, leia-se, não oferecer denúncia, declarando-se a
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE caso a avença seja integralmente cumprida

REQUISITOS - ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL


a) Não há motivos para o arquivamento da investigação;
b) O investigado confessou formal e circunstancialmente a prática de infração penal;
c) A infração penal foi praticada sem violência ou grave ameaça;
d) A infração possui pena mínima inferior a 4 anos (para aferição da pena mínima cominada ao delito, serão
consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto);
e) O acordo é uma medida necessária e suficiente para a reprovação e prevenção do crime.

HIPÓTESES DE NÃO APLICAÇÃO DO ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL:


a) Se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei.
b) Se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual,
reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas.
c) Ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não
persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo.
d) Nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões
da condição de sexo feminino, em favor do agressor.

#ENUNCIADOS:
JDPP 28 Recomenda-se a realização de práticas restaurativas nos acordos de não persecução penal, observada
a principiologia das Resoluções n. 225 do CNJ e 118/2014 do CNMP.

JDPP 32 A proposta de acordo de não persecução penal representa um poder-dever do Ministério Público, com
exclusividade, desde que cumpridos os requisitos do art. 28-A do CPP, cuja recusa deve ser fundamentada, para
propiciar o controle previsto no §14 do mesmo artigo.

NÃO CONSTITUI DIREITO SUBJETIVO DO INVESTIGADO: Cuidando-se de faculdade do Parquet, a partir da


ponderação da discricionariedade da propositura do acordo, mitigada pela devida observância do cumprimento
dos requisitos legais, não cabe ao Poder Judiciário determinar ao Ministério Público que oferte o acordo de não
persecução penal. (STJ, RHC n. 161.251/PR, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em
10/5/2022, DJe de 16/5/2022.)

#ATENÇÃO: LIMITAÇÃO TEMPORAL DO ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL


#DEOLHONAJURIS O acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei nº
13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. A Lei nº 13.964/2019 (“Pacote Anticrime”) inseriu o art. 28-A

10
(LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8. Ed. Juspodivm. 2020, p. 274)
103
REVISÃO DE VÉSPERA | MPF
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ao CPP, criando, no ordenamento jurídico pátrio, o instituto do acordo de não persecução penal (ANPP). A Lei
nº 13.964/2019, no ponto em que institui o ANPP, é considerada lei penal de natureza híbrida, admitindo
conformação entre a retroatividade penal benéfica e o tempus regit actum. O ANPP se esgota na etapa pré-
processual, sobretudo porque a consequência da sua recusa, sua não homologação ou seu descumprimento é
inaugurar a fase de oferecimento e de recebimento da denúncia. O recebimento da denúncia encerra a etapa
pré-processual, devendo ser considerados válidos os atos praticados em conformidade com a lei então vigente.
Dessa forma, a retroatividade penal benéfica incide para permitir que o ANPP seja viabilizado a fatos anteriores
à Lei nº 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. Assim, mostra-se impossível realizar o ANPP quando
já recebida a denúncia em data anterior à entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019. STJ. 5ª Turma. HC 607.003-
SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/11/2020 (Info 683). STF. 1ª Turma. HC 191464 AgR,
Rel. Roberto Barroso, julgado em 11/11/2020.
O Poder Judiciário não pode impor ao Ministério Público a obrigação de ofertar acordo de não persecução penal
(ANPP). Não cabe ao Poder Judiciário, que não detém atribuição para participar de negociações na seara
investigatória, impor ao MP a celebração de acordos.” (STF. 2ª Turma. HC 194677/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 11/5/2021. Info 1017)

CONTROLE JURISDICIONAL:
O juiz pode adotar 3 posturas diante do ANPP:
1. Homologar o ANPP, devolvendo os autos ao MP para que inicie sua execução perante o juízo de execução
penal (§6º);
2. Considerando inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo de não persecução
penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta do acordo, com
concordância do investigado e seu defensor (§5º.).
3. Recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quando não for realizada a
adequação anteriormente mencionada (§8º.)

OBSERVAÇÕES FINAIS:
➢ O magistrado não pode intervir na redação final do ANPP.
➢ Caso o magistrado recuse a homologação do ANPP, cabe RESE (Recurso em Sentido Estrito), com fulcro no
artigo 581, XXV do CPP.
➢ Caso o MP, injustificadamente, recuse o oferecimento do ANPP e o investigado tiver interesse, poderá
requerer a remessa dos autos para o órgão superior do MP (PGJ Ou Câmara de Coordenação e Revisão), com
fulcro no art. 28-A, §14.
➢ De acordo com o artigo 28-A, cumprido integralmente o ANPP, o juízo competente decretará a EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE.
➢ Conforme o Art. 116, IV do CP, não corre a prescrição da pretensão punitiva enquanto não cumprido ou não
rescindido o acordo de não persecução penal.

PROVAS

#SAINDODOFORNO A coleta de material genético prevista no art. 9º-A da Lei de Execução Penal não ofende
o princípio da não autoincriminação. É entendimento assente no STJ de que o art. 9º-A da Lei de Execução Penal
expressamente prevê que os condenados por crimes praticados, dolosamente, com violência de natureza grave
contra pessoa serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração do
DNA. No caso dos autos, o paciente cumpre pena por lesão corporal no âmbito doméstico, cárcere privado e
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estupro, estando contemplado pelo que reza a lei. O Tribunal de origem concluiu pela possibilidade da coleta de
material biológico para extração do perfil genético e sua inclusão em banco de dados estatal, não implicando
em ofensa ao princípio da não autoincriminação. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 675.408/MG, Rel. Min. João Otávio
de Noronha, julgado em 22/02/2022. #IMPORTANTE

CADEIA DE CUSTÓDIA

O Pacote Anticrime alterou o CPP e trouxe o procedimento que deve ser observado para a colheita e guarda dos
vestígios do crime. Havendo o seu descumprimento, ocorre a quebra da cadeia de custódia, a qual pode ensejar
a inutilização da prova.

#DEOLHONOCONCEITO:
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e
documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua
posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com procedimentos policiais
ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção da prova
pericial fica responsável por sua preservação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à
infração penal.

#SAINDODOFORNO: A alegação de que não há nexo causal entre os elementos angariados no inquérito policial
e a denúncia oferecida não caracteriza quebra da cadeia de custódia, cuja configuração pressupõe
irregularidades no procedimento de colheita e conservação da prova. STJ. 5ª Turma. HC 712.608/SP, Rel. Min.
Ribeiro Dantas, julgado em 5/04/2022.

#SAINDODOFORNO: A percepção de nervosismo do averiguado por parte de agentes públicos é dotada de


excesso de subjetivismo e, por isso, não é suficiente para caracterizar a fundada suspeita para fins de busca
pessoal, medida invasiva que exige mais do que mera desconfiança fundada em elementos intuitivos. À falta
de dados concretos indicativos de fundada suspeita, deve ser considerada nula a busca pessoal amparada na
impressão de nervosismo do Acusado por parte dos agentes públicos. STJ. 6ª Turma. REsp n. 1.961.459/SP,
relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, DJe de 8/4/2022. #APOSTACICLOS #SAINDODOFORNO

INFILTRAÇÃO VIRTUAL DE AGENTES

Art. 10-A. SERÁ ADMITIDA a ação de agentes de polícia INFILTRADOS VIRTUAIS, obedecidos os requisitos
do caput do art. 10, na internet, com o fim de investigar os crimes previstos nesta Lei e a eles conexos, praticados
por organizações criminosas, desde que demonstrada sua necessidade e indicados o alcance das tarefas dos
policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais
que permitam a identificação dessas pessoas. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Para efeitos do disposto nesta Lei, consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

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I - dados de conexão: informações referentes a hora, data, início, término, duração, endereço de Protocolo de
Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - dados cadastrais: informações referentes a nome e endereço de assinante ou de usuário registrado ou
autenticado para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou código de acesso tenha sido
atribuído no momento da conexão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o
Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art. 1º desta Lei e se as provas
não puderem ser produzidas por outros meios disponíveis. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações,
mediante ordem judicial fundamentada e desde que o total não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja
comprovada sua necessidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º Findo o prazo previsto no § 4º deste artigo, o relatório circunstanciado, juntamente com todos os atos
eletrônicos praticados durante a operação, deverão ser registrados, gravados, armazenados e apresentados ao
juiz competente, que imediatamente cientificará o Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 6º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério
Público e o juiz competente poderão requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de
infiltração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 7º É nula a prova obtida sem a observância do disposto neste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

PRINCÍPIO DO PREJUÍZO (PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF)


De acordo com esse princípio, não se decreta a nulidade relativa e não se declara a nulidade absoluta sem que
haja prejuízo para qualquer das partes (pas de nullité sans grief), devendo isso ser demonstrado pela parte
interessada.
#SELIGA: No caso da nulidade absoluta, o prejuízo deve ser demonstrado?
1ª Corrente: A nulidade absoluta gera prejuízo presumido às partes, não sendo necessário sua demonstração.
Essa presunção, porém, não é absoluta, mas sim relativa, o que significa que admite prova em contrário.
2ª Corrente: O princípio geral de que não se declara a nulidade do ato se dele não houver resultado prejuízo
para as partes – pas de nullité sans grief – alcança tanto as nulidades relativas como as absolutas. Neste
contexto, não se pode falar na existência de uma presunção de prejuízo, impondo-se, em qualquer caso, a devida
comprovação. Trata-se da posição adotada pelo STF e pelo STJ.
Princípio da instrumentalidade das formas
Em regra, são três os sistemas segundo os quais pode ser imposta a sanção de nulidade:
a) Sistema da legalidade das formas, formalista ou da indeclinabilidade das formas: todos os vícios acarretam
a nulidade do ato processual;
b) Sistema da legalidade das formas mitigado: nesse caso, o ato será considerado nulo apenas se a lei assim o
declarar, ou seja, ainda que o ato processual seja praticado em desacordo com o modelo típico, caso não seja
prescrita a nulidade, o ato será considerado válido;
c) Sistema da instrumentalidade das formas: as irregularidades devem ser distinguidas conforme sua gravidade,
não se declarando a nulidade do ato se sua finalidade foi atingida e não houve prejuízo às partes.
Antigamente, adotava-se os dois primeiros sistemas supracitados, reconhecendo-se a nulidade sempre que o
ato processual fosse praticado em desacordo com o modelo legal, ou quando a lei assim o declarasse.

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Contudo, atualmente utiliza-se o sistema da instrumentalidade das formas, pois o modelo previsto em lei não é
um fim em si mesmo, mas visa proteger algum interesse ou atingir determinada finalidade. Em razão disso, antes
de ser decretada a ineficácia do ato processual praticado em desacordo com o modelo típico, há de se verificar
se o interesse foi protegido ou se a finalidade do ato processual foi atingida. Em caso positivo, não há motivo
para se decretar a nulidade do ato processual.
Princípio da eficácia dos atos processuais
Segundo Calmon de Passos, os atos nulos continuam a produzir efeitos enquanto não houver a declaração de
invalidade do ato.
Princípio da causalidade ou consequencialidade ou contaminação ou da extensão ou efeito expansivo
Segundo esse princípio, a nulidade de um ato provoca a invalidação dos atos que lhe forem consequência ou
decorrência.
Por outro lado, caso não haja qualquer relação de causalidade entre o ato anulado e os demais atos processuais,
a eficácia destes deve ser preservada (princípio da conservação dos atos processuais). Nesse sentido, fala-se,
então, em nulidade originária (aquela do próprio ato) e nulidade derivada (aquela que recai sobre os atos
dependentes daquele ato nulo).
Princípio da conservação dos atos processuais (confinamento da nulidade)
Em razão desse princípio, deve ser preservada a validade dos atos processuais que não dependam de ato
anterior declarado inválido.
Princípio do interesse
Nenhuma nulidade pode ser arguida por inobservância de formalidade que só interesse a parte contrária. Esse
princípio só se aplica em relação às nulidades relativas, pois somente nestas o reconhecimento da invalidade
depende de arguição do interessado. Nas absolutas, o vício atinge o próprio interesse público, razão pela qual
deve ser reconhecido pelo juiz, independentemente de provocação.
Assim, se a irregularidade resulta da preterição de formalidade instituída para garantia de uma determinada
parte, somente esta poderá invocar a nulidade, não sendo possível a outra fazê-lo por simples capricho.
Princípio da convalidação
Aplicável somente às nulidades relativas, em virtude do princípio da convalidação, também conhecido como
princípio do aproveitamento ou da proteção, não se declara a nulidade quando for possível suprir o defeito ou
se não for arguida em tempo oportuno.

RECURSOS

#RESUMEAÍPROF
Prezando pelo devido processo legal, pelo contraditório e ampla defesa, existe o duplo grau de
jurisdição. Em outras palavras, a parte que se ver insatisfeita com a decisão judicial tem o direito de recorrer,
para reformar, invalidar, integrar ou esclarecer o pronunciamento judicial.
Na Teoria Geral dos Recursos é importante saber sobre a produção dos efeitos:
➔ Efeito Obstativo = a interposição do recurso tem o condão de impedir a geração da
preclusão temporal, com o consequente trânsito em julgado.
➔ Efeito Devolutivo = transferência do conhecimento da matéria impugnada ao órgão
jurisdicional, objetivando a reforma, a invalidação, a integração ou o esclarecimento da decisão
impugnada.

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➔ Efeito Suspensivo = impossibilidade de a decisão impugnada produzir seus efeitos


regulares enquanto não houver a apreciação do recurso interposto.
➔ Efeito Regressivo/Iterativo/Diferido = devolução da matéria impugnada para fins de
reexame ao mesmo órgão jurisdicional que prolatou a decisão recorrida, isto é, ao próprio juízo a
quo.
➔ Efeito Extensivo = possibilidade de se estender o resultado favorável do recurso
interposto por um dos acusados aos outros que não tenham recorrido.
➔ Efeito Substitutivo = O julgamento do recurso substitui a decisão recorrida, salvo se o
recurso não for recebido.
➔ Efeito Translativo = devolve à instância superior o conhecimento integral da causa.

EXTRADIÇÃO, DEPORTAÇÃO E EXPULSÃO

DEPORTAÇÃO - Ato discricionário.


(IRREGULARIDADE) - Órgão competente: Departamento da Polícia Federal (do Ministério da Justiça).
- O MP remete sentença condenatória ao Ministério da Justiça em 30 dias após o
trânsito em julgado.
- Há PROCESSO ADMINISTRATIVO no Ministério da Justiça, mas cabe ao PRESIDENTE
DA REPÚBLICA resolver sobre a discricionariedade da expulsão por DECRETO
(conveniência e a oportunidade).
EXPULSÃO
- Cabe pedido de reconsideração no prazo de 10 dias após a publicação do decreto,
(ATOS NOCIVOS
com efeito suspensivo. Exceção: expulsão fundada em infração contra a segurança
AOS INTERESSES
nacional, a ordem política ou social e a economia popular, assim como nos casos de
NACIONAIS)
comércio, posse ou facilitação de uso indevido de substância entorpecente ou que
determine dependência física ou psíquica, ou de desrespeito à proibição
especialmente prevista em lei para estrangeiro (não será admitido o pedido de
reconsideração, o inquérito é sumário e não excederá 15 dias – o inquérito torna-se,
verdadeiramente, inquisitivo).

Deportação Expulsão Extradição


Depende de pedido do Estado
Ato de ofício Ato de ofício interessado, feito por via
diplomática
Prazo da prisão do estrangeiro
Deportação Expulsão Extradição
Até o julgamento final pelo STF
60 dias prorrogáveis 90 dias prorrogáveis
(prisão cautelar)

O Brasil não deverá deferir pedido de extradição se o delito praticado pelo extraditando estiver prescrito
segundo as leis brasileiras, considerando que deverá ser respeitado o requisito da dupla punibilidade (art. 77,
VI, do Estatuto do Estrangeiro). O fato de o Estado requerente ter qualificado os delitos imputados ao
extraditando como de lesa-humanidade não torna tais crimes imprescritíveis no Brasil. Isso porque: 1) o Brasil
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não subscreveu a Convenção sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos Crimes contra a
Humanidade, nem aderiu a ela; 2) apenas a lei interna pode dispor sobre prescritibilidade ou imprescritibilidade
de crimes no Brasil. STF. Plenário. Ext 1362/DF, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Teori Zavascki, julgado
em 9/11/2016 (Info 846).

O agente não pode responder à ação penal no Brasil se já foi processado criminalmente, pelos mesmos fatos,
em um Estado estrangeiro.
O art. 5º do Código Penal afirma que a lei brasileira se aplica ao crime cometido no território nacional, mas
ressalva aquilo que for previsto em “convenções, tratados e regras de direito internacional”. A Convenção
Americana de Direitos Humanos (CADH) e o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (PIDCP) proíbem de
forma expressa a dupla persecução penal pelos mesmos fatos. Desse modo, o art. 8º do CP deve ser lido em
conformidade com os preceitos convencionais e a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos
(CIDH), vedando-se a dupla persecução penal por idênticos fatos. Vale, por fim, fazer um importante alerta: a
proibição de dupla persecução penal em âmbito internacional deve ser ponderada com a soberania dos Estados
e com as obrigações processuais positivas impostas pela CIDH. Isso significa que, se ficar demonstrado que o
Estado que “processou” o autor do fato violou os deveres de investigação e de persecução efetiva, o julgamento
realizado no país estrangeiro pode ser considerado ilegítimo. Portanto, se houver a devida comprovação de que
o julgamento em outro país sobre os mesmos fatos não se realizou de modo justo e legítimo, desrespeitando
obrigações processuais positivas, a vedação de dupla persecução pode ser eventualmente ponderada para
complementação em persecução interna. STF. 2ª Turma. HC 171118/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
12/11/2019 (Info 959).

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