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EXMO.

SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO


TRIBUNAL FEDERAL

PARTIDO POLÍTICO BETA, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no


CNPJ sob o n.º XXX, com sede na rua XXX, n.º XXX, bairro XXX, cidade XXX,
vem, por seu advogado infra assinado XXX, com escritório na rua XXX, n.º
XXX, bairro XXX, na cidade XXX, vem respeitosamente perante V. Exa., para
fins do art. 77, V, do CPC, propor a presente ARGUIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, com fundamento no
art. 102, §1º, da CRFB/88 e art. 1º e 5º, da Lei n.º 9.882/99, em face da Lei
Municipal n.º 123/2018, originária do poder legislativo do município ALFA, pelos
fundamentos que serão apresentados:

I – DA LEGITIMIDADE ATIVA

Por força do que disõe o art. 103, VIII, da CRFB/88, art. 2º, I, da Lei
9.882/99 combinado com o art. 2º, VIII, da Lei 9.868/99, o autor é legitimado
ativo para propor a presente ação, por possuir representação no Congresso
Nacional.

II – DOS FATOS

No ano de 2018, foi sancionada a Lei n.º 123/2018, aprovada pela


Câmara Municipal do Município Alfa. A lei foi criada em virtude do alto índice de
imigrantes que o município recera, por ser área de fronteira do território
brasileiro. Em razão desse fluxo, ocorreu um aumento exponencial da
população em situação de rua, os serviços públicos básicos tiveram a sua
capacidade operacional saturada e verificou-se um grande aumento nos
índices de criminalidade. Diante disso, a nova lei vedou o ingresso de novos
imigrantes por prazo determinado e fixou o limite máximo para a população
flutuante, além de citar novas regras de contratação de imigrantes.
Ao tomar conhecimento da entrada em vigor da Lei nº 123/2018, o
Partido Político Beta, que somente conta com representantes na Câmara dos
Deputados, entendeu que ela seria dissonante de comandos estruturais da
Constituição da República Federativa do Brasil, submetendo os imigrantes a
uma situação vexatória. Não bastasse isso, a aplicação da Lei nº 123/2018, ao
conferir prioridade para os nacionais nas relações de trabalho, acirrara os
ânimos no Município Alfa, que passou a ser palco de conflitos diários.

III- DO PRECEITO FUNDAMENTAL VIOLADO

A Lei Municipal n.º 123/2018 violou a Constituição Federal de 1988,


quando legislou sobre a emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão
de estrangeiros (art. 22, XV, CRFB/88), sobre o Direito do Trabalho (art.
22,I,CRFB/88), quando restringiu os direitos sociais do trabalho (art. 6º,
CRFB/88) e transgrediu preceitos fundamentais da Constituição no que se
refere à dignidade da pessoa humana (art. 5º, caput, CRFB/88).
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes.

IV – DA SUBSIDIARIEDADE DA ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE


PRECEITO FUNDAMENTAL

A arguição de descumprimento de preceito fundamental é revestida de


subsidiariedade, sendo que apenas será admitida quando não houver qualquer
outro meio eficaz de sanar a lesividade apresentada, como dispõe o art. 4º, §
1º, Lei n.º 9.882/99, é o que ocorre no presente caso.
§ 1º Não será admitida argüição de descumprimento de preceito fundamental
quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade.
A Lei Municipal nº 123/2018, violou vários preceitos fundamentais da
Constituição, como a submissão dos imigrantes a situações humilhantes, o que
dá ensejo ao cabimento da presente ação.
V – DA MEDIDA LIMINAR

O art. 102, § 1º, CRFB, cumulado com o art. 5º, Lei n.º 9.882/99,
autorizam o deferimento de medida liminar, com o fim de garantir, de modo
antecipado e temporário, a eficácia de futura decisão a ser proferida por este
Tribunal.
Art. 5º O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus
membros, poderá deferir pedido de medida liminar na argüição de
descumprimento de preceito fundamental.
§ 3º A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais
suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou
de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da
argüição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da
coisa julgada.
O presente caso comporta adequação ao permissivo, de forma que a
PLAUSIBILIDADE DO DIREITO, fumus boni iuris, reside na clara violação do
preceito fundamental, conforme demonstrado (provas anexas).
A URGÊNCIA, está no risco de dano irreparável no caso da manutenção
da Lei Municipal nº 123/2018, até o julgamento final desta ação, visto que a
referida lei colocará a vida dos imigrantes em risco, pois, como apontado, ao
limitar o trabalho, os estrangeiros não poderão manter sua subsistência. E,
poderá também, acarretar a submissão dos imigrantes a situação vexatória e a
ocorrência de conflitos diários no Município Alfa.

VI – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

a) A Concessão da MEDIDA DE LIMINAR, com fundamento no art. 5º, Lei


n.º 9.882/99, para que suspenda a eficácia Lei Municipal nº 123/2018;
b) A intimação do Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da
República; para que, querendo, se manifestem no prazo comum de 5
(cinco) dias sobre a medida liminar pleiteada.
c) A Intimação às autoridades responsáveis pela prática do ato
questionado, no prazo de 10 (dez) dias, para que se manifeste acerca
do mérito, nos termos do art. 6º da Lei n.º 9.882/99.
d) Intimação do Procurador-Geral da República para que, no prazo de 5
(cinco) dias, emita seu parecer, nos termos do art. 7º, parágrado único,
Lei nº 9.882/99.
e) A Procedência da arguição de descumprimento de preceito fundamental
para que seja reconhecida a inconstitucionalidade da Lei nº 123/2018;
Essa petição é apresentada em duas vias, além de instrumento de
procuração, cópias da Lei Municipal n.º 123/2018 e dos documentos e provas
pré-constituídas, conforme art. 3º, parágrafo único, Lei 9.882/99.
Dá-se a causa o valor de R$ 5.000,00 para efeitos procedimentais.

Termos em que,

Pede deferimento.

Local… e data...

Advogado...

OAB nº...

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