FACULDADE DE DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO PROCESUAL CIVIL II
DOCENTE: LUIZ SOUZA CUNHA
DISCENTE: EMILSON GONDIM MEDEIROS
Tema 01. TEORIA GERAL Princípios que regem as provas. Conceito. Classificação.
Meios e fontes de prova. Destinatário da prova. Objeto da prova. A
disciplina constitucional. Ônus da prova. DA PROVA.
Imediatidade
Logo, podemos afirmar que é o juiz quem deve, pessoalmente, conduzir todo
o procedimento de colheita de provas e de direção dos trabalhos realizados
em audiência de instrução ou perícia, pois, assim procedendo, será obrigado
a se envolver no âmago da lide, tomando contato direto com as tentativas de
demonstração pelas partes dos fatos que constituem os pontos
controvertidos da demanda, fugindo um pouco da sua posição, em regra, de
inércia.
Oralidade
É certo que o ato de ouvir testemunhas e partes pelo juiz da causa, denomi-
nado depoimento, será formalizado por escrito em documento juntado aos
autos ou de forma digital, tratando-se de processo eletrônico (art. 417 do
CPC).
Por fim, por uma questão lógica, se o magistrado é quem deve conduzir o
procedimento de colheita de provas e direção dos trabalhos realizados em
audiência e perícia, deve ser o juiz, que especificamente se envolveu nesse
trabalho, o responsável pela resolução da lide, em decorrência do princípio
da identidade física; e não outro, por mais capacitado que seja, na medida
em que aquele, por certo, é quem terá melhores condições de aplicar a ju-
risdição da forma mais justa possível, já que conduziu todo o procedimento
probatório.
Colaboração
Segundo Freddie Didier Jr. (2016), a noção de prova está presente em todas as
manifestações da vida humana e transcende o campo do Direito. É, entre os assuntos
da dogmática processual, aquele que exige do aplicador e do estudioso maior volume
de noções de outras áreas do conhecimento. Assim, qualquer decisão humana,
qualquer que seja o ambiente em que seja proferida (em um baile de carnaval, em um
shopping center ou em um processo jurisdicional), é resultado de um convencimento
produzido a partir do exame de diversas circunstâncias (de fato ou não); é baseada em
diversos elementos de prova.
Sem embargo de ser um ato de vontade é, sem dúvida, a sentença que decide a lide.
Ela é resultante de uma operação lógica em que a convicção do juiz, decorre da
compreensão do fato, que se apresenta como uma das premissas. A decisão, em
conseqüência da aplicação da lei aos fatos, é a conclusão lógica do silogismo.
Objetivamente, portanto, a sentença apresenta-se como uma operação do
intelecto, um juízo lógico da razão. Diz, o julgado, a vontade concreta da lei no
caso controvertido da lide. A lei, como é sabido, tem sentido abstrato geral. É a
sua característica. Por isso, para a sua vontade existir, indispensável se apresenta a
sua incidência sobre fatos, surgindo daí o direito subjetivo da parte, direito
personalizado, objeto da decisão.
Diante disso, leciona João Mendes Júnior, com autoridade, que: “para fazer justiça,
é preciso aplicar a lei ao fato”.
No processo de cognição, o juiz parte do exame dos fatos relevantes da causa (certos
uns, incertos outros, controvertidos alguns) formando a sua convicção diante do conjunto das
provas produzidas nos autos. O seu primeiro cuidado situa-se no exame das provas
trazidas pelas partes ao processo, para formar o seu ente de razão e aplicar a norma do
direito objetivo, dizendo do direito e deferindo ou negando o pedido do acionante.
Contudo, quanto ao direito emergente das leis que o sistematiza, presume-se seja do
conhecimento do juiz, tanto pela sua condição de órgão administrador da justiça, como
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por ser, o direito refletido nas leis, certo e público. Por isso, em regra, não cabe à
parte o ônus de provar a existência e a vigência da lei em que apóia a sua pretensão
(fundamento legal). Na causa de pedir poderá a parte indicar, apenas, a norma
aplicável ao caso controvertido, buscando convencer o magistrado de sua boa
adequação e perfeita incidência à relação jurídica questionada, respaldando-se, para
convencer, nas lições dos doutores e na jurisprudência dos tribunais superiores, além
dos seus próprios argumentos e fundamentos jurídicos e legais, concomitantemente
com a narrativa dos fatos.
Por outro lado, o juiz não pode escusar-se de julgar alegando desconhecimento da lei,
ou mesmo quando esta se apresentar omissa, obscura, contraditória ou dúbia, como
bem afirma o art. 140, do Código de Processo Civil, verbis:
Parágrafo único – O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei”.
“Conceito
[...]
Enquanto o processo de execução é voltado para a satisfação do direito do
credor e atua sobre bens, o processo de conhecimento tem como objeto as
provas dos fatos alegados pelos litigantes, de cuja apreciação o juiz deverá
definir a solução jurídica para o litígio estabelecido entre as partes.
De tal sorte, às partes não basta simplesmente alegar os fatos. ‘Para que a
sentença declare o direito, isto é, para que a relação de direito litigiosa
fique definitivamente garantida pela regra do direito correspondente,
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preciso é, antes de tudo, que o juiz se certifique da verdade do fato
alegado’, o que se dá por meio das provas.
Há, por isso, dois sentidos em que se pode conceituar a prova no processo:
(a) um objetivo, isto é, como o instrumento ou meio hábil, para demonstrar a
existência de um fato (os documentos, as testemunhas, a perícia etc.);
(b) e outro subjetivo, que é a certeza (estado psíquico) originada quanto ao
fato, em virtude da produção do instrumento probatório. Aparece a
prova, assim, como convicção formada no espírito do julgador em torno
do fato demonstrado.
Nas lições de Gonçalves (2017, p. 477), “Provas são os meios utilizados para
formar o convencimento do juiz a respeito de fatos controvertidos que
tenham relevância para o processo”.
CLASSIFICAÇÃO
São vários os critérios adotados, pela doutrina, na classificação das provas. Tomemos
uma classificação, partindo dos critérios admitidos por vários outros juristas e adotados
por Moacyr Amaral Santos:
(mantida pela atualidade do pensamento jurídico)
. direta { . histórica
. Quanto ao objeto
(fato probando)
. indireta { . critica
. Testemunho
. pessoal . Confissão
. Escritura de Testamento
Classificação das Provas . Quanto ao seu sujeito
(origem da prova)
QUANTO AO OBJETO – o objeto da prova é o fato jurídico que deve ser provado pela
parte, ou por quem intervenha ou se oponha no processo, ou a este seja chamado. O
mesmo que dizer: “objeto da prova é o fato por provar-se.”
A prova é indireta quando ela não se refere ao próprio fato jurídico que se quer
provar (objeto da prova), “mas sim a outro, do qual, por trabalho de raciocínio,
se chega àquele...”. Exemplos: a prova pericial, ou testemunhal, que se faz para
determinar o posicionamento em que os veículos ficaram, após o acidente. Isto em
relação às vias de trafego e aos sinais de transito no local; e, nas ações demarcatórias,
os sinais de cercas ou rumos antigos que demarcavam a área de terra.
Em outras palavras,
A prova material é aquela que diz respeito a qualquer materialidade que confirme o
fato probando. Exemplos: os exames periciais, com os laudos conseqüentes; o
instrumento do crime; o corpo delito, etc.
Casuais
Quanto a preparação
Pré-constituídas
DESTINATÁRIO DA PROVA
OBJETO DA PROVA
Observação preliminar
A DISCIPLINA CONSTITUCIONAL
A regra geral é a de que o ônus da prova cabe a quem alega. Isto não é diferente nas
demandas cujo procedimento se lastreia no CPC. Todavia, modernamente, cabe ao juiz
eventualmente o ônus da prova consoante nos ensina Ada Pellegrini e seus Pares:
“A distribuição do ônus da prova repousa principalmente na premissa
de que, visando a vitória na causa, cabe à parte desenvolver perante o
juiz e ao longo do procedimento uma atividade capaz de criar em seu
espírito a convicção de julgar favoravelmente - e daí o encargo, que
as partes têm no processo, não só de alegar, como também de provar
(encargo = ônus).
O Código de Processo Penal, por seu art. 156, estabelece que a prova
de alegação incumbirá a quem a fizer, mas o juiz poderá, no curso da
instrução ou antes de proferir sentença, determinar, de-ofício,
diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. Além disso, não
pode ter aplicação rigorosa o critério que atribui ao demandado todo
o ônus de provar os fatos extintivos ou impeditivos (no processo civil,
art. 333 – atual 373 - , inc. II, CPC). Assim, p. ex., a simples
plausibilidade da alegação de uma justificativa penal (legítima
defesa, estado de necessidade etc.) é insuficiente para que o juiz a
aceite como provada.
Theodoro Júnior, Humberto. Curso de direito processual civil – 59. ed. rev.,
atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2018.