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ATOS PROCESSUAIS

1) Revisão de TGP

Conceito de processo: Conjunto de atos processuais realizados de


forma coordenada para a efetiva prestação jurisdicional. - É uma receita
de bolo, cada ato é um passo da receita.

- Principais atos (GUIA BÁSICO DO PROCESSO)

❖ INICIAL
❖ CITAÇÃO ( Eu aviso o réu para ele se defender, dou um prazo para isso - Objetivo:
Garantir o contraditório)
❖ Audiência de conciliação/mediação
❖ Contestação
❖ Réplica
❖ Audiência
❖ Sentença (depois da sentença entram os recursos contra a sentença)

- OBS: Nem todo ato será necessário. Se por exemplo, as partes


informarem que não tem interesse em resolver de forma amigável,
pula-se para a próxima etapa (contestação)
- Isso advém da ideia de eficiência no processo, e de economia. Só
realizo os atos que são estritamente necessários, pq o processo
precisa ser célere, precisa ser a melhor solução possível.

Conceito de atos processuais: Informalmente, ato é cada


movimentação,cada etapa de um processo.

2.) As diferentes definições de atos processuais

2.1) De acordo com o sujeito (Chiovenda):

Atos são ações voluntárias realizadas pelos sujeitos do processo (quem está
na relação angular) e que tem como consequência a constituição, a
conservação, o desenvolvimento, a modificação ou a extinção de uma relação
processual.

Problemas:
1- E as manifestações realizadas por sujeitos que não fazem parte da
relação processual ?? (Caso dos peritos, testemunhas, etc)

2- Esses atos dos auxiliares do juízo (testemunha, perito) também não


são atos de direito material. O que eles seriam, então? Chiovenda não
esclarece.

2.2) De acordo com a sede do ato (Salvatore Satta):

Ato processual é tudo aquilo que é realizado dentro de um processo, são os atos
realizados em sequência que integram a própria relação jurídica processual. O que é
realizado fora do processo, é ato material.

Problemas:

Ex.: quando cláusula de contrato de direito material prevê eleição de


foro, há produção de efeitos materiais. Mas ela não é ato processual,
por não integrar o processo. O compromisso arbitral é exemplo de
mesma qualidade.

2.3) De acordo com a finalidade processual (Giovanni Leone, Frederico


Marques e Pontes de Miranda:
Ato processual é tudo aquilo que é realizado para fins de criar algum efeito no
processo (mesmo que ocorra fora dele) - Logo, o compromisso arbitral é um ato
processual, pois cria efeito na arbitragem.

- Esse é o critério positivado no CPC. art 200

Problema: Vai contra a definição de processo. Se o ato não


precisa estar dentro do processo, como pode o processo ser um
conjunto de atos encadeados ? (Crítica de Calmon)

3) Características dos atos processuais.

3.1) Os atos são a manifestação da vontade humana

- Ideia que os atos manifestam o desejo das partes e possuem


validade por si só, não precisam de justificativa ou de uma análise
minuciosa.

3.2) Possuem efeito imediato

Os atos são a manifestação da vontade das partes em um processo.


Por conta disso, não precisam ser homologados pelo juiz para ocorrer.
A própria parte faz o ato, e prossegue com o processo, faz ele
acontecer.
Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de
vontade produzem imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos
processuais.

Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos após homologação judicial.

OBS: Questão de desistir da ação.

- Se o autor quiser desistir da ação após a contestação, precisa ser com


o aval do réu. - artigo 485 do CPC e 200 parágrafo único

EX: Petição conjunta pedindo a suspensão do feito para realizar acordo.


Juiz vai lá e homologa o pedido.

- Em recursos: NÃO precisa dessa autorização. O despacho só


declara que a parte desistiu do recurso. (art.998 do CPC)

3.3) Não são revistos

- Como eles manifestam a vontade das partes, eles não podem ser
revistos. Exceto se apresentarem vício (dolo ou má-fé)
- Ex: parte não querendo pagar os honorários da parte vencedora, fica
eternamente recorrendo.
- Ex: caso dos precatórios - faço um acordo com o fisco de pagar por fora,
para furar a fila. (STJ)

Art. 142. Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu se serviram


do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei, o juiz
proferirá decisão que impeça os objetivos das partes, aplicando,
de ofício, as penalidades da litigância de má-fé.

Art. 258. A parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente a
ocorrência das circunstâncias autorizadoras para sua realização, incorrerá em
multa de 5 (cinco) vezes o salário-mínimo. Parágrafo único. A multa reverterá em
benefício do citando.

Art. 657. A partilha amigável, lavrada em instrumento público,


reduzida a termo nos autos do inventário ou constante de
escrito particular homologado pelo juiz, pode ser anulada por
dolo, coação, erro essencial ou intervenção de incapaz,
observado o disposto no § 4º do art. 966.

OBS: Essa revisão dos atos apresenta um prazo, não pode ser após a
preclusão. - Exceção art. 966 do CPC, inciso III

3.4) Liberdade das formas (só possuem forma


específica se a lei dizer)

- Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de forma determinada, salvo quando a
lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe
preencham a finalidade essencial.

- OBS: Os atos, mesmo que realizados de forma equivocada, podem ser


mantidos, se atingiram a sua finalidade - Princípio da instrumentalidade
das formas/ pas de nullité sans grief. (STJ)

- Ideia de conservar os atos para economizar tempo e recursos. O


processo precisa ser eficiente, econômico e trazer a melhor solução
possível. (Entra tanto o princípio da eficiência, como o da razoável
duração do processo)

Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se,
realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade.

EX: Citação pelo porteiro, o porteiro recebeu a citação no lugar da parte. Assinou por ela e
avisou que ela foi citada. A parte apareceu no tribunal, foi se defender. – Entra em
conservação dos atos processuais e instrumentalidade das formas.

- Só não entraria, se o porteiro não avisasse a parte. Nesse caso, haveria prejuízo e o ato
seria inválido -Isso já é aceito pela jurisprudência em ações de condomínio.

4) Anulação dos atos processuais.


- Como dito anteriormente, os atos só podem ser anulados se
apresentarem algum vício de forma a perder sua eficácia e atrapalhar
o resultado do processo. Ex: atos realizados com dolo ou má-fé.

- Há dois tipos de nulidades nos atos: as absolutas e as relativas.

3.3) Nulidade absoluta

- É a mais grave, ocorre quando há uma ofensa tanto à lei


quanto aos princípios do texto constitucional (ampla defesa,
contraditório, publicidade, motivação das decisões judiciais,
juiz natural etc)
- Por conta disso, a nulidade é declarada de ofício e o ato e
TUDO que derivou dele é anulado.

Ex: Juiz ao proferir o despacho determinando a penhora do réu, se


confundiu e ordenou a penhora do autor. Após isso, o cartório fez o
bloqueio da conta para penhora. Ao perceber o erro, o juiz deve revogar
o ato de ofício e anular tudo !!

Ex: Art. 377. [...] § 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a


incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias
enumeradas neste artigo. § 6º A ausência de alegação da existência de
convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica
aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.

OBS: A anulação do ato deve ser justificada, o juiz precisa apontar quais
atos serão anulados e seus efeitos.

Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e ordenará as
providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou retificados.

§ 1º O ato não será repetido nem sua falta será suprida quando não prejudicar a parte.
§ 2º Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação da
nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta.

3.4) Nulidade relativa

- Ocorre quando há uma ofensa à lei. Aqui, cabe à parte


sinalizar o erro e solicitar a anulação do ato. Ex: Art. 393. A
confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro de fato ou
de coação. Parágrafo único. A legitimidade para a ação prevista no caput é
exclusiva do confitente e pode ser transferida a seus herdeiros se ele falecer
após a propositura.

- Pontos importantes !

1) A parte deve anular o ato na primeira parte que puder se


pronunciar.

Art. 278. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber
à parte falar nos autos, sob pena de preclusão.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput às nulidades que o juiz deva decretar
de ofício, nem prevalece a preclusão provando a parte legítimo impedimento.

Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando:

I - relativas a direito ou a fato superveniente;

II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;

III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau
de jurisdição.

Ex: Julia perde um andamento e não vê um ato inválido passados 3 meses. O


escritório poderá então recorrer ?? R: NÃO - CAI EM PRECLUSÃO. Entra
aqui a convalidação subjetiva.
OBS: A parte que deu causa à nulidade não pode pedir a nulidade
do ato causado por ela mesma. - Postura contraditória e VENIRE
CONTRA FACTUM PRÓPRIO (FERE A BOA-FÉ)

Art. 276. Quando a lei prescrever determinada forma sob pena de nulidade, a decretação desta
não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa.

OBS: Princípio da nulidade algibeira. Ocorre quando a parte observa o vício, e não faz
nada, guarda ele e só se pronuncia depois. PERDE O DIREITO DE ANULAR O ATO - STJ:
PRINCÍPIO DA NULIDADE ALGIBEIRA: PARTES DEVEM AGIR DE BOA-FÉ, NÃO PODE
ALEGAR A PRÓPRIA TORPEZA QUANDO CONVENIENTE (VENIRE CONTRA FACTUM
PROPRIUM)

2) Os atos que forem independentes não serão anulados.

Art. 281.Anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito todos os


subsequentes que dele dependam, todavia, a nulidade de uma parte do
ato não prejudicará as outras que dela sejam independentes.

3) Questão do mérito, se for favorável a parte. Ele se mantém - Ideia de


economizar no processo.

Art. 282, § 2º Quando puder decidir o mérito a favor da parte


a quem aproveite a decretação da nulidade, o juiz não a
pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta.

NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL

1) Conceito: O negócio jurídico processual é ‘[…] o fato jurídico voluntário, em


cujo suporte fático se reconhece ao sujeito o poder de regular, dentro dos
limites fixados no próprio ordenamento jurídico, certas situações processuais
ou alterar o procedimento’.
Deriva da ideia das partes terem liberdade no processo, fazer valer a própria vontade.
Por conta disso, se AMBAS as partes quiserem, elas podem organizar o curso do
processo e acordar os prazos. Elas decidem o litígio da forma que achar melhor
(aqui é a mesma ideia da arbitragem e da mediação - a vontade das partes é
soberana - É como se fosse um contrato, elas agem como quiser) - Ex:
calendarização.

CPC: Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam


autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes
estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às
especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus,
poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o
processo.

Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará


a validade das convenções previstas neste artigo,
recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou
de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma
parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.

2) Quem pode fazer negócio jurídico processual ?

- MP: “Enunciado 253 do FPPC: “O Ministério Público pode celebrar


- negócio processual quando atua como parte.”

- Fazenda: “A Fazenda Pública pode celebrar


- negócio jurídico processual.”

- Qualquer um com plena capacidade (art.190 e 191 do CPC), desde que as partes
sejam iguais. Se forem partes muito desiguais, essa pretensão é afastada e o
negócio é considerado inválido . Ideia que não haveria julgamento justo (a parte mais
forte pode influenciar tanto o julgamento e influenciar as escolhas da parte mais
fraca) - STJ

3) Características dos negócios processuais

- Não dependem de homologação judicial - Enunciado 133 do FFPC: “Salvo


nos casos expressamente previstos em lei, os negócios processuais do art.
190 não dependem de homologação judicial.”

OBS: Negócio não precisa de homologação, mas Convenção Processual


precisa ! FPPC: “A homologação, pelo juiz, da convenção processual, quando
prevista em lei, corresponde a uma condição de eficácia do negócio.”

- Pode ocorrer em JECS


- FPPC: “O negócio processual celebrado ao tempo do CPC-1973 é aplicável após o
início da vigência do CPC-2015.”

- 3. São requisitos do negócio jurídico processual: a) versar a causa sobre


direitos que admitam autocomposição; b) serem partes plenamente
capazes; c) limitar-se aos ônus, poderes, faculdades e deveres processuais
das partes; d) tratar de situação jurídica individualizada e concreta.

4) Coisas que podem ser acordadas pelas partes

- Delimitar questões de fato e de direito - art 357, par.2

- Liquidação por arbitramento (art.509, inciso I)

- Prazos do processo (Calendarização)- Obs: não pode submeter o juiz a prazos, Ex:
não pode exigir a decisão em 15 dias. (artigo 191)

- FPPC: “São admissíveis os seguintes negócios, dentre outros: acordo para


realização de sustentação oral, acordo para ampliação do tempo de sustentação
oral, julgamento antecipado do mérito convencional, convenção sobre prova, redução
de prazos processuais”

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