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RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

Conceito
• Regra de ouro. Art. 246. Antes da
• Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao
escolha, não poderá o devedor alegar
menos, pelo gênero e pela quantidade. perda ou deterioração da coisa, ainda que
• CPC, arts. 811 a 813. por força maior ou caso fortuito.
• A expressão coisa incerta indica que a • O genêro nunca parece

obrigação tem objeto indeterminado, mas • Na coisa incerta a coisa não parece, não
não totalmente, porque deve ser está individualizado. Assim o devedor não
indicada, pelo gênero e quantidade. pode alegar a perda.
• É a coisa indeterminada, mas • A determinação da qualidade da coisa
determinável. Falta apenas determinar sua incerta se faz pela escolha. Feita esta, e
qualidade.. cientificado o credor, acaba a incerteza, e
• Ex.: Encomenda de um carro na a coisa torna-se certa.
concessionária no catálogo é uma coisa • Ex.: O veículo chegou no pátio, o

incerta, porque pode ser qualquer um vendedor me chama para recebe-la, eu


dos milhares que estão sendo produzidos vendo que está tudo certo, a coisa ficou
no pátio.. individualizada, virou coisa certa.
• Alguém rouba a cegonha e todos os • É indispensável, nas obrigações de dar
carros são destruídos. – aplicação do art. coisa incerta, a indicação, de que fala o
246, CC. texto.
• Art. 245, CC. Cientificado da escolha o

credor, vigorará o disposto na Seção


antecedente..

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• Concentração: para que a obrigação se mesmo a pior. Caso contrário, escolha

concentre em determinada coisa, é não haverá.

necessário que ela se exteriorize pela • Podem as partes convencionar que a

entrega, pelo depósito em pagamento. escolha competirá à terceiro.

• Com a concentração passa-se de um Gênero Limitado e Ilimitado


momento de instabilidade e indefinição
• Art. 246, CC. Antes da escolha, não
para outro, mais determinado.
poderá o devedor alegar perda ou
• A quem compete o direito de escolha?
deterioração da coisa, ainda que por
• Art. 244, CC segunda parte: mas não
força maior ou caso fortuito.
poderá dar a coisa pior, nem será • Gênero limitado: comprei um livro com a
obrigado a prestar a melhor.
tiragem de 10.000 unidades. Se o depósito
• O devedor “não poderá dar a coisa pior,
pega fogo e todos os livros foram
nem será obrigado a prestar a melhor”.
queimados.
Deve guardar o meio-termo da melhor e
• A obrigação de dar coisa incerta vai ser
da pior qualidade.
resolvida, pois o bem pareceu e o
• Ex.: Se alguém, se obrigar a entregar
gênero era limitado..
uma saca de café a outrem, não se
tendo convencionado a qualidade, deverá
o devedor entregar uma saca de
qualidade média. Se existirem três
qualidades, A, B e C, entregará uma saca
de café tipo B. Nada impede, porém, que Conceito
opte por entregar, em vez de saca de • A obrigação de fazer abrange o serviço
qualidade intermediária, a de melhor humano em geral. Tem que ser lícita e
qualidade. Apenas não pode ser obrigado possível.
a fazê-lo. • Essa prestação pode ser:
• Se, no entanto, da coisa a ser entregue
• Manual: serviços de jardinagem;
só existirem duas qualidades, poderá o
• Intelectual: serviços jurídicos;
devedor entregar qualquer delas, até

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• produção de resultado: pintura de um pintura? O Romero Brito. Se eu levo o

quadro, escultura. quadro para um especialista e verifica-se

• Art. 249. Se o fato puder ser executado que a mesma não foi feita pelo Romero
Brito, a obrigação não foi cumprida, pois
por terceiro, será livre ao credor mandá-
não foi à pessoa que eu escolhi.
lo executar à custa do devedor, havendo
• Neste caso, houve houve o
recusa ou mora deste, sem prejuízo da
inadimplemento da obrigação.
indenização cabível.
• Obrigação interpessoal: qualquer pessoa
• Parágrafo único. Em caso de urgência,
pode fazer.
pode o credor, independentemente de
• Ex.: eu quero uma réplica do Romero
autorização judicial, executar ou mandar
executar o fato, sendo depois ressarcido. Brito, não importa quem pinte desde que

• Pode ser uma obrigação especificada ou seja a réplica.

personalíssima (intuitu personae). • Se não der por algum motivo para

• Personalíssima: cláusula expressa em cumprir a obrigação – regras do art. 248

contrato, especificando quem irá fazer o • Ex.: o pintor Romero Brito faleceu –
serviço. • Art. 248. Se a prestação do fato tornar-
• Ex.: Contratei um serviço de fotografia
se impossível sem culpa do devedor,
onde tem 5 fotógrafos. Se eu especificar resolver-se-á a obrigação; se por culpa
os fotógrafos A e B, não poderá ser dele, responderá por perdas e danos.
outro profissional a fazer o serviço. • Resolve-se a obrigação, sem perdas e
• Nesse caso, se a obrigação não foi danos.
cumprida por certa e determinada • Se houver culpa do devedor: indenização
pessoa, gera perdas e danos, como por perdas e danos.
preceitua o art. 247, CC. • A obrigação está atrasada e mesmo
• Art. 247. Incorre na obrigação de assim eu tenho interesse no serviço: não
indenizar perdas e danos o devedor que cabe indenização.
recusar a prestação a ele só imposta, ou • Ex.: uma empresa se compromete a
só por ele exeqüível.. fazer uma manutenção de um
• Encomendo uma pintura do pintor equipamento no hospital. Se a empresa
Romero Brito, nova. Quem deve fazer a
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não foi no dia marcado, houve prejuízo pode exigir dele que o desfaça, sob pena
ao hospital.. de se desfazer à sua custa, ressarcindo o
• Negativação indevida: perdas e danos, culpado perdas e danos.
feriu o direito da personalidade. • Se você realiza o ato que não podia

praticar, tem que desfazer sem pedir


perdas e danos – como a construção do
prédio.
• Com culpa: se for o ato de falar um

segredo, cabe perdas e danos.


• Sem culpa: só resolve a obrigação.
• A obrigação de não fazer, ou negativa,

impõe ao devedor um dever de • Art. 250. Extingue-se a obrigação de não

abstenção: o de não praticar o ato que fazer, desde que, sem culpa do devedor,
poderia livremente fazer, se não se se lhe torne impossível abster-se do ato,
houvesse obrigado. que se obrigou a não praticar.
• Abstenção: elemento fundamental, ou • Parágrafo único. Em caso de urgência,

seja, a não realização de alguma coisa poderá o credor desfazer ou mandar


voluntariamente. desfazer, independentemente de
• Na obrigação de não fazer eu vou autorização judicial, sem prejuízo do
descumprir a obrigação por não fazer ressarcimento devido.
atos. • Algumas situações a realização daquele

• Exs.: serviço causar algo sério, pede-se uma

• Convenção: não poder construir prédio ação judicial.

acima de determinada altura. • Regras processuais no CPC de não fazer:

• Não divulgação de dados: ator que não arts. 822 e 823, CPC..
pode dar spoiler, dar informações.
• A obrigação de não fazer é descumprida

quando a pessoa vai lá e faz.


• Pode ter duas facetas

• Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a

cuja abstenção se obrigara, o credor


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• A obrigação assumida pela seguradora

de, em caso de sinistro, dar outro carro


ao segurado ou mandar reparar o veículo
danificado, como este preferir.
• Quem tem o direito de escolha? Segundo
Noções Gerais
o CC, cabe ao devedor.
• Havendo pluralidade de prestação, a
• Art. 252. Nas obrigações alternativas, a
obrigação é complexa ou composta e se
escolha cabe ao devedor, se outra coisa
desdobra, nas seguintes modalidades:
não se estipulou.
obrigações cumulativas, obrigações
• Nesse caso, cabe a seguradora o direito
alternativas e obrigações facultativas.
de escolha.
Obrigações Cumulativa ou conjuntiva:
Concentração
• Soma mais de um objeto. Tenho mais de
• A partir da concentração, a obrigação se
dois objetos e são ligadas pela conjunção
torna definida e certa.
“e”. Pluralidades de prestações e todas

devem ser cumpridas. Impossibilidade das prestações

• Ex.: obrigação de entregar um veículo e • Art. 253,CC. Se uma das duas prestações

um animal, não puder ser objeto de obrigação ou se


tornada inexequível, subsistirá o débito
Compostas Alternativas (disjuntivas)
quanto à outra.
• Sempre dois objetos ligados pela
• Prevê-se, nesse caso, a hipótese da
conjunção “ou”, podendo haver duas ou
impossibilidade originária, ou da
mais opções. impossibilidade superveniente, de uma das
• Obrigação alternativa é a que prestações, por causa não imputável a
compreende dois ou mais objetos e nenhuma das partes. Cuida-se de
extingue-se com a prestação de apenas impossibilidade material, decorrente, por
um. exemplo, do fato de não mais se fabricar
• Ex.: José obrigou-se a entregar a João o
uma das coisas que o devedor se
veículo ou um animal. obrigou a entregar, ou de uma delas ser
um imóvel que foi desapropriado.

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• A obrigação, nesse caso, concentra-se “extinguir-se-á a obrigação”, por falta de


automaticamente, independentemente da objeto, sem ônus para este (CC, art. 256).
vontade das partes, na prestação • Às vezes essas obrigações são periódicas

remanescente, deixando de ser complexa e não conseguem ser cumpridas..


para se tornar simples. • Ex.: o produtor vai fornecer todo mês para o
• Se a impossibilidade é jurídica, por ilícito credor 1 tonelada de maçã ou 1 tonelada de
um dos objetos (praticar um crime, p. laranja. Não posso pagar parte do serviço. Ex.:

ex.), toda a obrigação fica contaminada de meia tonelada de maçã e meia tonelada de
laranja.
nulidade, sendo inexigíveis ambas as
• § 1º Não pode o devedor obrigar o credor a
prestações. Se uma delas, desde o
receber parte em uma prestação e parte em
momento da celebração da avença, não
outra.
puder ser cumprida em razão de
• Quando uma das prestações não puder ser
impossibilidade física, será alternativa
objeto da obrigação manterá o outro objeto
apenas na aparência, constituindo, na restante a obrigação de entregar, ou seja, se a
verdade, uma obrigação simples. obrigação envolvia um computador ou uma
• Quando a impossibilidade de uma das impressora caso o computador venha a sofrer

prestações é superveniente e inexiste danos extremos a obrigação se tornara de dar


uma impressora.
culpa do devedor, dá-se a concentração
• Se existir culpa ao devedor e este não puder
da dívida na outra, ou nas outras. Assim,
entregar nenhum dos objetos nos casos em
por exemplo, se alguém se obriga a que não compete ao credor a escolha o
entregar um veículo ou um animal, e devedor se obrigara a pagar o valor do último
este último vem a morrer depois de objeto destruído.

atingido por um raio, concentra-se o • E se uma das obrigações se torna impossível de


cumprir?
débito no veículo. Mesmo que o
Temos que analisar duas situações:
perecimento decorra de culpa do
1. Se houve culpa
devedor, competindo a ele a escolha,
2. Se não houve culpa.
poderá concentrá-la na prestação
remanescente.
• Se a impossibilidade for de todas as

prestações, sem culpa do devedor,

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RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

• Art. 253. Se uma das duas prestações não seu valor, mais as perdas e danos. No exemplo
supra, pode alegar, por exemplo, que não tem
puder ser objeto de obrigação ou se tornada
onde guardar o animal, se este for o
inexequível, subsistirá o débito quanto à outra.
remanescente, e exigir o valor do veículo que
• Quando a escolha couber ao devedor e ocorrer
pereceu, mais perdas e danos.
à perda de um dos objetos, caberá ao credor à
opção de exigir o outro objeto ou exigir o valor
daquele que se perdeu.
• Se o devedor com culpa perder todas as

prestações, caberá ao credor exigir o valor de


qualquer dos objetos e perdas e danos. Se
houver culpa do devedor, cabendo-lhe a escolha,
ficará obrigado “a pagar o valor da que por • Os doutrinadores mencionam uma espécie sui
último se impossibilitou, mais as perdas e danos generis de obrigação alternativa, a que
que o caso determinar” (CC, art. 254) denominam facultativa ou com faculdade
• Se todas as prestações se tornarem alternativa.
impossíveis sem culpa do devedor, a • Trata-se de obrigação simples, em que é devida
uma única prestação, ficando, porém, facultado
obrigação será resolvida.
ao devedor, e só a ele, exonerar-se mediante o
• Devedor não teve culpa: teve uma praga e
cumprimento de prestação diversa e
dizimou todas as laranjeiras. O credor fica com o predeterminada.
objeto que sobrou. Se adiantado qualquer valor,
• Objeto da prestação é determinado: o devedor
deve ser restituído ao dono.
não deve outra coisa, o credor outra coisa não
• Com culpa: o credor continua podendo pode pedir; mas, por uma derrogação1 ao rigor
exercer seu direito de escolha, ou então ele da obrigação, pode o devedor pagar coisa
quer a obrigação que pereceu mais perdas e diversa daquela que constitui objeto da dívida.
danos. • Ex.:
• Se somente uma das prestações se tornar
• Art. 1234, CC. Então quem encontra coisa
impossível por culpa do devedor, cabendo ao
perdida deve restitui-la ao dono, e o dono fica
credor a escolha, terá este direito de exigir ou a
obrigado a recompensar quem encontrou; mas
prestação subsistente ou o valor da outra, com
o dono pode, ao invés de pagar a recompensa,
perdas e danos (CC, art. 255).
abandonar a coisa, e aí quem encontrou poderá
• Neste caso, o credor não é obrigado a ficar
ficar com ela; pagar a recompensa é a
com o objeto remanescente, pois a escolha era
prestação principal do devedor, já abandonar a
sua. Pode dizer que pretendia escolher
justamente o que pereceu, optando por exigir 1
ELIMINAÇÃO
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RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III
coisa é prestação acessória do seu dono. O
abandono da coisa não é obrigação, mas
faculdade do seu dono. Ao invés de pagar a
recompensa, tem o devedor a faculdade de dar
a coisa ao credor.
• Facultativa: sempre o devedor pode adotar

uma segunda postura, nunca o credor.

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RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

• Relembrando:
ativo ou passivo, ou mesmo em ambos,
• Art. 87. Bens divisíveis são os que se passando a existir tantas obrigações
podem fracionar sem alteração na sua distintas quantas as pessoas dos
substância, diminuição considerável de devedores ou dos credores. Nesse caso,
valor, ou prejuízo do uso a que se cada credor só pode exigir a sua quota e
destinam. (obrigação de pagar em cada devedor só responde pela parte
dinheiro). respectiva (art. 257, CC).
• Ex.: se eu tenho que entregar R$100,00 e
Multiplicidade de Sujeitos
tenho dois credores, desses R$100,00,
• A classificação em divisível ou indivisível
João e Maria são credores de R$100,00,
só oferece interesse jurídico havendo
eu fraciono essa obrigação em duas e
pluralidade de credores ou devedores.
pago R$50,00 para João e R$50,00 para
• O interesse jurídico resulta da
a Maria.
necessidade de fracionar-se o objeto da
• Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis
prestação para ser distribuído entre os
podem tornar-se indivisíveis por credores ou para que cada um dos
determinação da lei ou por vontade das devedores possa prestar uma parte
partes. desse objeto.
• Ex.: Quem deve um cavalo não pode dar
Obrigações Divisíveis
o animal em partes.
• São aquelas em que a prestação tem
• Conceito
por objeto uma coisa ou fato suscetível
• As obrigações divisíveis indivisíveis são
de divisão (interpretação contrario sensu
compostas pela multiplicidade de sujeitos,
do art. 258, do Código Civil). Ou seja, a
ou seja, 1 credor + vários devedores; 1
obrigação é divisível quando é possível ao
devedor + vários credores ou vários
devedor executá-la por partes.
credores + vários devedores. Nelas há
um desdobramento de pessoas no polo

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RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

Características econômica, ou dada à razão


determinante do negócio jurídico. Logo, a
• Credores e devedores só podem exigir
obrigação é indivisível quando não é
ou devem pagar a sua própria quota.
possível ao devedor executá-la por
a) Cada um dos credores só tem direito
partes, nem os credores poderão
de exigir sua fração no crédito;
receber por partes.
b) Cada um dos devedores só tem de
Espécies de Indivisibilidade
pagar a própria quota no débito;
c) Se o devedor solver integralmente a a) Natural: a obrigação é indivisível por

dívida a um só dos vários credores, não natureza quando o objeto da prestação

se desobrigará com relação aos demais não pode ser fracionado sem prejuízo da

concredores; sua substância ou do seu valor. São

d) O credor que recusar o recebimento assim, naturalmente indivisíveis as


obrigações de entregar um animal, um
de sua quota, por pretender solução
relógio, um documento, dentre outros.
integral, pode ser constituído em mora;
• Diminuição Considerável do Valor: o atual
e) a insolvência de um dos codevedores
Código introduziu, na indivisibilidade dos
não aumentará a quota dos demais;
bens, o critério da diminuição
f) a suspensão da prescrição, especial a
considerável do valor, que pode ocorrer,
um dos devedores, não aproveita aos
por exemplo, na hipótese de dez pessoas
demais (art. 201, CC);
herdarem um brilhante de cinquenta
g) a interrupção da prescrição por um
quilates, que, sem dúvida, vale muito mais
dos credores não beneficia os outros; do que dez brilhantes de cinco quilates.
operada contra um dos devedores, não • b) Legal: nessas hipóteses, embora o
prejudica os demais (art. 204, Código
objeto seja naturalmente divisível, a
Civil).
indivisibilidade da prestação decorre da lei.
Obrigações Indivisíveis – CC, art. 258 O Estado, algumas vezes, em atenção ao
• A obrigação é indivisível quando a interesse público ou social, impede a
prestação tem por objeto uma coisa ou divisão da coisa, como sucede com
um fato não suscetíveis de divisão, por dívidas de alimentos, áreas rurais de
sua natureza, por motivo de ordem dimensões inferiores ao módulo regional,
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RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

pequenos lotes urbanos, bem como credores, cada credor receberá uma
certos direitos reais, como a servidão, o saca.
penhor, a hipoteca etc. • Ex.: vamos supor que cada pessoa jogue

• c) Por vontade das partes (convenção): a R$10,00 em um bolão e aquele que


indivisibilidade resulta de estipulação ou ganhar vai receber o valor integral da
convenção das partes (indivisibilidade aposta, aí 10 pessoas apostaram, você
subjetiva). São obrigações cuja prestação tem R$100,00, tecnicamente cada um dos
é perfeitamente fracionável, sem apostadores que perder tem que pagar a
prejuízo da sua substância ou do seu sua cota de R$10,00. É uma obrigação
valor, mas em que as partes, de comum que foi criada, uma obrigação divisível,
acordo, afastam a possibilidade de então aquele que ganha exige aí a cota
cumprimento parcial. A intenção das dos que perderam, pode ter aí 2
partes, nesses casos, mostra-se decisiva, vencedores e 8 perdedores, pode ter 1
para a conversão da obrigação em vencedor e 9 perdedores, enfim,
indivisível. depende aí como foram feitas as regras.
• Ex.: Jogo de seis cadeiras raras. A pessoa • Obrigação Indivisível: haverá distinção

antes de falecer, deixa em testamento entre a hipótese de serem vários os


que essas cadeiras não podem ser devedores e de serem dois ou mais
separadas. credores.

Efeitos Pluralidade de Devedores – art. 259,CC

• Obrigação Divisível: presumem-se • Cada um dos devedores será obrigado

dividida em tantas obrigações, iguais e pela dívida toda, haja vista que a

distintas, quantos os credores, ou prestação não pode ser efetuada por

devedores (art. 257, CC). Cada devedor partes..

só deve a sua quota-parte. A insolvência • Quando nós temos mais de uma pessoa

de um não aumentará a quota dos devendo um objeto indivisível, devendo

demais. Havendo vários credores e um só um animal, devendo um carro, por

devedor, cada credor receberá somente exemplo.

a sua parte. Assim, se alguém se obriga a • Nesse caso, o que acontece?

entregar duas sacas de café a dois


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RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

• Excepcionalmente, cada um dos acontece nesse cenário? “B” vai se sub-


devedores vai acabar obrigado pela rogar (assumir uma postura distinta, é
entrega da divida inteira. quando você transmite uma obrigação a
• Exemplo: Se “A” e “B” fosse devedores outra pessoa) no direito do credor. Nesse

de uma obrigação divisível, cada um só caso é a transmissão de um direito para

teria que pagar 50% da obrigação, mas uma outra pessoa, aquela obrigação

agora “A” e “B” são devedores de um original foi extinta, agora o “B” se tornou

cavalo, consequentemente ou “A” ou “B” o credor, se tornou o credor da cota que

vai ter que fazer a entrega integral “A” deveria pagar.

daquele cavalo. Vamos supor que “B” • Então se o cavalo esta avaliado em mais

para adimplir a obrigação, ele não pode ou menos R$ 5.000,00 , “B” entregou o

virar para o credor e falar que o cavalo cavalo inteiro para o credor deles, agora

vale R$ 5.000,00 e que ele vai dar “B” vai fazer o que n[os chamamos de

R$2.500,00. O credor não é obrigado a ação regressiva ou de utilizar a via de

receber nada diferente, então o que ele regresso para que ele cobre de “A” a

quer é receber aquele cavalo. parte dele, ele se sub-roga na condição

• Então só tem um jeito de extinguir essa de credor e se torna credor de 50% do

relação, entregando o cavalo para o cavalo, nesse exemplo, se torna credor

credor. de R$2.500,00 da parte de “A” e ele pode

• Vamos supor que “B” faz a entrega, ele exigir esse valor de “A” porque é a cota

entregou o cavalo inteiro e “A” não parte dele.

entregou nada. Nessa questão o que a) Sub-rogação: transmissão de uma

aconteceu? Aconteceu a extinção da obrigação para outra pessoa. O devedor


obrigação, aquela obrigação de entregar que paga a dívida sub-roga-se no direito
um cavalo para o credor foi extinta, do credor em relação aos outros
então “A” e “B” não são mais devedores coobrigados (parágrafo único do art. 259,
desse credor. CC).
• Só que tem uma peculiaridade, “B” O devedor, sub-rogado nos direitos do
cumpriu essa obrigação sozinho e a credor, não pode pretender na via de
obrigação não era só dele, a obrigação regresso, nada além da soma que tiver
também era de “A”. Então o que desembolsado para desobrigar os outros
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RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

devedores, deduzida a quota que lhe o escolhido e interpelado pelo pagamento


compete (art. 350, CC). da prestação única ou integral, ou o
• Ação Regressiva: meio de cobrança da credor tem que interpelar todos eles,

quota-parte dos demais devedores. para validamente exigir o cumprimento”.

• b) Resolução em Perdas e Danos (art. 259, Pluralidade de Credores – art. 260,CC


parágrafo único e artigo 263, ambos do • Em regra, o pagamento deve ser
Código Civil): a obrigatoriedade pelo todo oferecido a todos conjuntamente. Nada

é meramente de fato na relação de obsta, todavia, que se exonere o devedor

obrigação indivisível, tendente a pagando a dívida integralmente a um dos

desaparecer se a prestação se resolver credores, desde que autorizado pelos

em perdas e danos (art. 263, do Código demais, ou que, na falta dessa

Civil), diversamente do que ocorre com a autorização, dê esse credor caução de

obrigação solidária, que conserva a sua ratificação dos demais credores (art. 260,

natureza em ocorrendo o mesmo I e II, CC).

fenômeno. • Art. 260. Se a pluralidade for dos

• Art. 259. Se, havendo dois ou mais credores, poderá cada um destes exigir a

devedores, a prestação não for divisível, dívida inteira; mas o devedor ou

cada um será obrigado pela dívida toda. devedores se desobrigarão, pagando:


• I - a todos conjuntamente;
Parágrafo único. O devedor, que paga a
dívida, sub-roga-se no direito do credor II - a um, dando este caução de

em relação aos outros coobrigados. ratificação dos outros credores.

• Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a


a) Caução de Ratificação dos outros

obrigação que se resolver em perdas e Credores: garantia de que os outros

danos. credores estão chancelando o


• “Nos casos de obrigação indivisível com pagamento a apenas um dos credores.
pluralidade passiva, como a prestação não b) Documento de Quitação: tendo cada
pode ser efetuada por partes, duas credor o direito de exigir do devedor a
soluções se apresentam em seu regime: execução da obrigação por inteiro, tem,
ou o credor pode exigir o cumprimento em consequência, qualidade para lhe dar,
de cada um dos devedores, respondendo
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RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

igualmente, pelo toda uma quitação, que poderão exigir o objeto da prestação se
será oponível aos outros credores, para não pagarem a vantagem obtida pelos
com os quais ficará liberado tanto quanto devedores, ou seja, o valor da quota do
como aquele a quem fez o pagamento credor que a perdoou.
total. • Exemplo: Se a dívida é dar um animal

• c) Pagamento aos demais Credores (art. que vale R$3.000,00 a 3 (três) credores, e
261,CC): efetuado o pagamento a um só um deles faz a remição da dívida (quota

dos credores, torna-se evidente que de R$1.000,00); os outros 2 (dois) somente

recebeu não só a sua parte na dívida, poderão exigir a entrega daquele se

como as dos demais credores, assim, pagarem R$1.000,00 ao devedor. Pois se

deverá repassar aos demais credores, não o fizerem locupletar-se-ão com o

em dinheiro ou em espécie, as partes alheio. A parte do credor que perdoou a

que lhes cabem, sob pena de dívida deve, portanto, ser oportunamente

enriquecimento sem causa. descontada.

• Art. 261. Se um só dos credores receber • “Não é absoluta a regra do desconto da

quota do credor remitente, sem restrição


a prestação por inteiro, a cada um dos
alguma, pois a sua aplicação supõe uma
outros assistirá o direito de exigir dele em
vantagem efetiva, da qual se aproveitam
dinheiro a parte que lhe caiba no total.
os outros credores. Se, porém, não
• Se o reembolso não puder ser efetuado
existe benefício real, ou seja, se os
in natura, em virtude da natureza da
demais credores nada lucraram a mais do
prestação, far-se-á em dinheiro, por
que obteriam se não houvesse a
estimação. Na falta de estipulação em
remissão, nada há para descontar ou
contrário, presumem-se iguais as quotas
embolsar. Ex.: servidão”.
dos credores e dos devedores, na
• Art. 262. Se um dos credores remitir a
indivisibilidade ativa e passiva.
• d) Remissão (perdão) da Dívida – art. dívida, a obrigação não ficará extinta para
com os outros; mas estes só a poderão
262,CC: se um dos credores remitir
exigir, descontada a quota do credor
(perdoar) a dívida, não ocorrerá a
remitente.
extinção da obrigação com relação aos
demais credores. Estes, entretanto, não
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RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

• Parágrafo único. O mesmo critério se dessa responsabilidade os demais, não

observará no caso de transação, culpados (art. 263, §2º, Código Civil), que,

novação, compensação ou confusão. no entanto, responderão pelo pagamento


de suas quotas. Exonerados apenas das
Perda da Indivisibilidade – art. 263,
perdas e danos, não do pagamento de
CC
suas quotas.
• Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a
• c) Culpa de todos os devedores: todos
obrigação que se resolver em perdas e
sofrerão as consequências, respondendo
danos.
pelas perdas e danos. A solução apontada
• § 1°. Se, para efeito do disposto neste
pela doutrina majoritária é a da divisão
artigo, houver culpa de todos os pro rata, ou seja, impossível a execução
devedores, responderão todos por partes por ação ou omissão voluntária,
iguais. negligência, imprudência ou imperícia de
• § 2°. Se for de um só a culpa, ficarão todos os devedores, responderão todos
exonerados os outros, respondendo só por partes iguais.
esse pelas perdas e danos.
Soluções possíveis (em negrito a
a) Perdas e Danos: representação em adotada)
dinheiro. A obrigação que se resolver 1. Pela solidariedade: é a teoria
em perdas e danos passam a ser propugnada por alguns: tornada
representada por importância em impossível a execução por um fato
dinheiro, que é divisível. No lugar do positivo cometido de concerto comum
objeto desaparecido o devedor entregará por todos os devedores, cada um deles é
seu equivalente em dinheiro, mais perdas solidariamente obrigado à reparação do
e danos, estas também em dinheiro (art. dano por inteiro como coautor de fato
234, Código Civil). O objeto transformado ilícito.
em dinheiro pode agora ser dividido. 2. Pela Pro Rata: teoria de maior
• Culpa pessoal: se a culpa for imputável a
expressão. Tornada impossível a
apenas um dos devedores, somente ele execução por ação ou omissão
ficará responsável pelo pagamento das voluntária, negligência ou imprudência de
perdas e danos, ficando exonerados

15
RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

todos os devedores, responderão todos inteiro da obrigação. Cumprida por este a


por partes iguais. exigência, liberados estarão todos os
d) Incapacidade (art. 105, CC): se o objeto demais devedores ante o credor comum

da obrigação é indivisível, o defeito do (art. 275, Código Civil).

ato quanto a uma das partes se propaga • Se algum dos devedores for ou se tornar

às demais e o ato não subsiste em ponto insolvente, quem sofre prejuízo de tal

algum. fato não é o credor, como sucede na

Art. 105. A incapacidade relativa de uma obrigação conjunta, mas o outro


devedor, que pode ser chamado a solver
das partes não pode ser invocada pela
a dívida por inteiro.
outra em benefício próprio, nem
• Na solidariedade não faz diferença se o
aproveita aos cointeressados capazes,
objeto é divisível ou não.
salvo se, neste caso, for indivisível o
• Art. 264.. Há solidariedade, quando na
objeto do direito ou da obrigação
comum. mesma obrigação concorre mais de um
credor, ou mais de um devedor, cada um
com direito, ou obrigado, à dívida toda.

Natureza Jurídica

• Meio de assegurar o cumprimento da

obrigação, reforçando-a e estimulando o


pagamento do débito.
• Washington de Barros Monteiro: “a
Conceito
solidariedade é importante garantia para a
• Na obrigação solidária há multiplicidade de
tutela do crédito, não se podendo negar
credores e/ou devedores, tendo cada sua analogia com a fiança, com a qual,
credor direito à totalidade da prestação, entretanto, não se confunde”.
como se fosse credor único, ou estando
Diferenças entre Solidariedade e
cada devedor obrigado pela dívida toda,
Indivisibilidade
como se fosse o único devedor.
• Desse modo, o credor poderá exigir de • Semelhança: a solidariedade assemelha-se

qualquer codevedor o cumprimento por à indivisibilidade por um único aspecto:

16
RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

em ambos os casos, o credor pode exigir advém da lei ou do contrato, mas recai
de um só dos devedores o pagamento sobre as pessoas.
da totalidade do objeto devido. • Obrigação Indivisível: tem índole
• Diferenças: objetiva: resulta da natureza da coisa, que
a) Pagamento: constitui objeto da prestação.

• Devedor solidário: pode ser compelido a Princípios


pagar, sozinho, a dívida inteira, por ser a) Inexistência da solidariedade
devedor do todo.
presumida (art. 265,CC): não se admite
• Obrigações Indivisíveis: o codevedor só
responsabilidade solidária fora da lei ou do
deve a sua quota-parte. Pode ser
contrato. Por importar agravamento da
compelido ao pagamento da totalidade do
responsabilidade dos devedores, que
objeto somente porque é impossível
passarão a ser obrigados ao pagamento
fracioná-
fracioná-lo.
total, deve ser expressa.
b) Conversão em perdas e danos:
• Se não houver menção explícita no
• Obrigação Indivisível: perde a qualidade título, acerca da solidariedade, será
de indivisível a obrigação que se obrigação divisível ou indivisível,
converter em perdas e danos (art. 263, dependendo da natureza do objeto.
CC). • Não se exigem palavras sacramentais

• Obrigação Solidária: mesmo que a para instituição da solidariedade. O

obrigação venha a se converter em essencial é que resulte de manifestação

perdas e danos, continuará indivisível seu inequívoca das partes. São comuns e

objeto no sentido de que não se dividirá admitidas expressões como “obrigando-se

entre todos os devedores, porque a as partes in solidum”, “por inteiro”, “pelo

solidariedade decorre da lei ou da todo”, “solidariamente” etc.

vontade das partes e independe da • Art. 265. A solidariedade não se presume;

divisibilidade ou indivisibilidade do objeto. resulta da lei ou da vontade das partes.


c) Natureza: (ou a lei fala pra gente que é uma

• Obrigação solidária: a solidariedade se


obrigação solidária, ou não é.)
• Exemplos (lei):
caracteriza por sua feição subjetiva. Ela

17
RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

• Art. 942, parágrafo único “Os bens do solidária, reputando-se nunca ter havido

responsável pela ofensa ou violação do obrigação relativamente a esse corréu

direito de outrem ficam sujeitos à (art. 125, CC).

reparação do dano causado; e, se a • Art. 266. A obrigação solidária pode ser

ofensa tiver mais de um autor, todos pura e simples para um dos cocredores
responderão solidariamente pela ou codevedores, e condicional, ou a
reparação”. prazo, ou pagável em lugar diferente,
• Art. 932, Código Civil. para o outro.

• b) Possibilidade de modalidades diferentes Espécies


(art. 266, CC): não é incompatível com a • Solidariedade Ativa

natureza jurídica da solidariedade a • Solidariedade Passiva

possibilidade de estipulá-la como • Solidariedade Recíproca ou Mista


condicional ou a prazo para um dos (CREDORES E DEVEDORES).
cocredores ou codevedores, e pura e
simples para o outro. Assim, o codevedor
condicional não pode ser demandado
senão depois da ocorrência do evento
futuro e incerto, e o devedor solidário
Conceito
puro e simples somente poderá reclamar
• É a relação jurídica entre credores de
o reembolso do codevedor condicional se
uma só obrigação e o devedor comum,
ocorrer a condição.
em virtude da qual cada um tem o direito
• A unidade objetiva não impede a
de exigir deste o cumprimento da
multiplicidade de vínculos obrigacionais
prestação por inteiro. Pagando o débito a
distintos, com qualidades diferentes.
qualquer um dos cocredores, o devedor
• Havendo implemento da condição, nasce
se exonera da obrigação.
o direito do credor, retroativamente.
• O devedor libera-se pagando a qualquer
Iguala-se, então, a situação do devedor
dos credores que, por sua vez, pagará
ou do credor à dos outros corréus. Se a
aos demais a quota de cada um..
condição se frustrar, o devedor será
totalmente excluído da obrigação

18
RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

• É raro encontrar-se hoje um caso de levantamento, exigindo a participação de


solidariedade ativa no mundo dos todos.
negócios, por oferecer alguns O Supremo Tribunal Federal já decidiu,
inconvenientes: o credor que recebe contudo, que, falecendo um dos titulares
pode tornar-se insolvente; pode, ainda, de conta bancária conjunta, pode o outro
não pagar aos consortes as quotas de ou um dos outros “levantar o depósito a
cada um. título de credor exclusivo e direito, e não
• Impossibilidade de voltar atrás: a título de sucessor e comproprietário”.

estabelecida a solidariedade, não podem • O Superior Tribunal de Justiça entende

os credores voltar atrás; nenhum deles que: “A solidariedade decorrente da

poderá, unilateralmente, a pretexto de abertura de conta bancária conjunta é

que se arrependeu, ou de que o solidariedade ativa, pois cada um dos

codevedor se tornou suspeito e perdeu titulares está autorizado a movimentar

sua confiança, revogar ou suprimir a livremente a conta; são, pois, credores

solidariedade. Só a conjunção de todas as solidários perante o banco. Todavia, ainda

vontades, sem exclusão de uma sequer, que marido e mulher, os cotitulares não

proporcionará semelhante resultado. são devedores solidários perante o

• Exemplo: portador de cheque emitido por qualquer


um deles sem suficiente provisão de
a) Conta Bancária de Dois Titulares: cada
fundos”.
correntista pode sacar todo o dinheiro
b) Cofres de Segurança locados pelos
depositado. Em regra, os titulares são
bancos, quando permitida sua utilização e
marido e mulher, mas às vezes são pai e
abertura a qualquer dos interessados,
filho ou membros de uma sociedade.
individualmente.
Todos podem movimentar livremente a
referida conta, conjunta ou Características
separadamente. Cada correntista credor a) Possibilidade de exigir a dívida por
pode, individualmente, sacar todo o
inteiro (art. 267, CC)
numerário depositado, sem que o banco,
devedor na condição de depositário,
possa recusar-se a permitir o

19
RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

• Art. 267. Cada um dos credores solidários cobrança, como se depreende do verbo

tem direito a exigir do devedor o demandar.

cumprimento da prestação por inteiro. • Se todos os credores ajuizarem

b) Pagamento a qualquer um dos conjuntamente a demanda, não terá


havido concentração e o devedor
credores. Até ajuizamento de demanda
conservará sua liberdade de escolha. O
(art. 268,CC).
pagamento será, contudo, do todo. Pelo
• Art. 268. Enquanto alguns dos credores mesmo fundamento, o devedor será
solidários não demandarem o devedor reintegrado no direito de opção, se o
comum, a qualquer daqueles poderá este credor que ajuizou a demanda dela
pagar. desistir, ou se for extinta sem exame do
• Enquanto não houver cobrança judicial, o mérito.
devedor poderá pagar a qualquer dos c) Falecimento do Credor Solidário (art.
credores à sua escolha. Cessará, todavia, 270,CC).
esse direito de escolha, na hipótese de
• Art. 270. Se um dos credores solidários
um ou de alguns deles ajuizarem ação de
falecer deixando herdeiros, cada um
cobrança. Em tal hipótese, “pelo chamado
destes só terá direito a exigir e receber a
princípio da prevenção, bastante parecido
quota do crédito que corresponder ao
com o que vige no direito processual, o
seu quinhão hereditário, salvo se a
devedor só se libera pagando ao próprio
obrigação for indivisível.
credor que tomou a iniciativa. Não se
d) Conversão em Perdas e Danos (art.
exonerará, porém, se vier a pagar a
qualquer outro concredor, arriscando-se, 271,CC): mantém a solidariedade.

se o fizer, a pagar duas vezes”. • Art. 271. Convertendo-se a prestação em


• Não basta a ocorrência de tratativas ou perdas e danos, subsiste, para todos os
de tentativa amigável de cobrança da efeitos, a solidariedade.
dívida, feita por um ou por alguns • e) Perdão da Dívida (art. 272,CC):
credores, para eliminar o direito de
• Art. 272. O credor que tiver remitido a
escolha pertencente ao devedor. Este só
dívida ou recebido o pagamento
aparece com o ajuizamento da ação de

20
RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

responderá aos outros pela parte que em partes ou quotas que se presumem
lhes caiba. iguais até prova em contrário, tanto que
f) Exceções Pessoais (art. 273,CC): o credor que tiver remitido a dívida ou

• Art. 273. A um dos credores solidários recebido o pagamento responderá aos


outros pela parte que lhes caiba, como
não pode o devedor opor as exceções
proclama o dispositivo supratranscrito.
pessoais oponíveis aos outros.
• Os cocredores podem tornar efetiva a
• Julgamento (art. 274,CC):
divisão do benefício pelo exercício do
• Art. 274. O julgamento contrário a um
direito de regresso, direto e imediato
dos credores solidários não atinge os contra o resgatante do crédito solidário,
demais, mas o julgamento favorável sendo tal direito uma das características
aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção fundamentais das obrigações solidárias,
pessoal que o devedor tenha direito de como consequência dos princípios sob
invocar em relação a qualquer deles. que está disciplinada a solidariedade no
Extinção da Obrigação (art. 269,CC) Código Civil. Se outra coisa não constar
do título da obrigação, far-se-á a partilha
• Art. 269. O pagamento feito a um dos
em partes iguais. Nada impede, porém,
credores solidários extingue a dívida até
que se convencione, no referido título, a
o montante do que foi pago.
diversidade de quinhões.
• Extinção do crédito para todos;

• Extinção no montante em que foi pago;

• Vale o pagamento direto ou indireto

(compensação, remissão).

Direito de Regresso (art. 272,CC)

• Art. 272. O credor que tiver remitido a


Conceito
dívida ou recebido o pagamento
• É a “relação obrigacional, oriunda da lei
responderá aos outros pela parte que
ou da vontade das partes, com
lhes caiba.
multiplicidade de devedores, sendo que
• A principal característica das relações
cada um responde in totum et totaliter
internas entre cocredores solidários
consiste no fato de o crédito se dividir
21
RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

pelo cumprimento da prestação, como quota ou pedir que sejam convencidos os


se fosse o único devedor. coobrigados.
• Ao contrário da solidariedade ativa, a • II) Chamamento ao Processo (art. 130 e
passiva é muito comum em nosso seguintes NCPC): o devedor demandado
ordenamento, admitindo alguns países a pela prestação integral pode chamar os
presunção da solidariedade. outros ao processo, com fundamento
• É a relação jurídica consistente na nos artigos 130 e seguintes do Novo
concorrência de dois ou mais devedores, Código de Processo Civil, não só para
cada um com dever de prestar a dívida que o auxiliem na defesa, mas também
toda. para que a eventual sentença
• A solidariedade pode ser estipulada na condenatória valha como coisa julgada
convenção, como segurança para defesa por ocasião do exercício do direito de
de crédito. regresso contra os codevedores. Mesmo
• Exemplo: se forem vários os codevedores
• Características condenados, poderá o credor mover a

• a) POSSIBILIDADE DE EXIGIR A DÍVIDA execução contra apenas um deles,


conforme o seu interesse, penhorando-
POR INTEIRO DE QUALQUER DEVEDOR,
lhe os bens.
INDIVIDUALMENTE (art. 275, CC): o
• Art. 275. O credor tem direito a exigir e
credor pode, à sua vontade, escolher
qualquer um dos devedores e pedir-lhes receber de um ou de alguns dos

toda a prestação. devedores, parcial ou totalmente, a dívida

• Pode exigir de um só devedor, ou pode comum; se o pagamento tiver sido

demandar contra todos. parcial, todos os demais devedores

• Se demandar contra um só, não vai continuam obrigados solidariamente pelo

significar que renunciou da solidariedade. resto.

• I) Efeito: O devedor escolhido fica • Parágrafo único. Não importará renúncia

obrigado pessoalmente pela totalidade, da solidariedade a propositura de ação

não podendo invocar o benefício da pelo credor contra um ou alguns dos

divisão, pretendendo pagar só a sua devedores.

22
RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

• b) O PAGAMENTO DE UM SÓ LIBERA • Art. 279. Impossibilitando-se a prestação

TODOS OS DEMAIS DEVEDORES por culpa de um dos devedores


(interpretação do art. 277, Código Civil). solidários, subsiste para todo o encargo
• c) PAGAMENTO PARCIAL E REMISSÃO de pagar o equivalente; mas pelas perdas

– POSSIBILIDADE DE CONTINUAR e danos só responde o culpado.

AGINDO, ATÉ VER COMPLETA A • IMPOSSIBILIDADE DECORRENTE DE

EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO (art. 277, FORTUITO: resolve-se a obrigação sem


Código Civil): se o credor, agindo contra ônus para qualquer das partes.
um devedor, não obtiver resultado, ou • IMPOSSIBILIDADE DECORRENTE DE
obtiver resultado parcial, pode depois agir
CULPA OU DOLO: todos os codevedores
contra os demais devedores, até
são responsáveis perante o credor pelo
completar a execução da prestação.
equivalente em dinheiro do animal. O
• O pagamento parcial naturalmente reduz
culpado, porém, e só ele, responde pelas
o crédito. Sendo assim, o credor só pode
perdas e danos.
cobrar do que pagou, ou dos outros
• Tratando-se de culpa pessoal, não pode
devedores, o saldo remanescente. Essa
a sanção civil ultrapassar a pessoa do
redução da prestação afeta a relação
próprio negligente ou imprudente,
jurídica externa entre credores e
considerando-se que ninguém pode ser
devedores.
responsabilizado por culpa alheia. Desse
• O dispositivo em estudo pretende obstar
modo, somente o culpado arcará com os
um enriquecimento indevido do credor,
ônus das perdas e danos.
que ocorreria se ainda lhe fosse permitido
• d) FALECIMENTO DO DEVEDOR
cobrar a dívida inteira.
• d) IMPOSSIBILIDADE DA PRESTAÇÃO SOLIDÁRIO (art. 276, CC)

COM CULPA DE UM DOS DEVEDORES • Art. 276. Se um dos devedores solidários

(art. 270, CC): todos os coobrigados falecer deixando herdeiros, nenhum


continuam responsáveis pelo pagamento destes será obrigado a pagar senão a
do equivalente da obrigação, entretanto, quota que corresponder ao seu quinhão
somente o culpado responderá por hereditário, salvo se a obrigação for
perdas e danos. indivisível; mas todos reunidos serão

23
RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

considerados como um devedor solidário dos devedores solidários e o credor, não


em relação aos demais devedores. poderá agravar a posição dos outros
• Se um dos credores solidários falecer sem consentimento destes.
deixando herdeiros, fracionar-se-á a • Ninguém pode ser obrigado a mais do

obrigação e cada um destes só poderá que consentiu ou desejou. Pode-se inferir,


exigir e receber a quota do crédito que igualmente, do dispositivo transcrito, que
corresponder ao seu quinhão hereditário, não se comunicam os atos prejudiciais
salvo se indivisível. praticados pelo codevedor, mas apenas
• Na solidariedade passiva, “morto o os favoráveis.
devedor solidário, também com • Exemplo: se um dos devedores estipula
herdeiros, divide-se o débito e cada um com o credor, à revelia dos demais,
só responde pela quota respectiva, salvo cláusula penal, taxa de juros mais elevada
se a obrigação for igualmente indivisível. ou outra vantagem, tal estipulação será
Mas, neste último caso, por ficção legal, pessoal, restrita exclusivamente ao
os herdeiros reunidos são considerados próprio estipulante, não podendo afetar a
como um só devedor solidário, em situação dos demais codevedores, alheios
relação aos demais codevedores”. à nova estipulação.
• Logo, sendo os herdeiros acionados • Para que um aditamento contratual,
coletivamente (reunidos, afirma o artigo acordado entre um dos devedores e o
276 do Código Civil) solidários são, ainda credor, obrigue solidariamente aos
que já se tenha verificado a partilha, devedores solidários, impõe-se que nele
porque representam um dos devedores hajam consentido.
solidários. • Exceção (art. 204, §1º, Código Civil): a
• e) CLÁUSULA, CONDIÇÃO OU
interrupção da prescrição, operada
OBRIGAÇÃO ADICIONAL (art. 278, contra um dos codevedores, estende-se
Código Civil): as estipulações adicionais aos demais, havendo, assim, comunicação
mais gravosas aos codevedores solidários dos efeitos interruptivos.
é ineficaz, se delas não anuíram. • f) RESPONSABILIDADE PELOS JUROS
• Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou
(art. 280, Código Civil): na relação com o
obrigação adicional, estipulada entre um credor, todos os devedores responderão

24
RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

pelos juros de mora, visto que estes • Parágrafo único. Se o credor exonerar
possuem natureza acessória da obrigação da solidariedade um ou mais devedores,
principal, sendo dela inseparáveis. subsistirá a dos demais.
Entretanto, na via regressa, ou seja, no • Como a solidariedade constitui benefício
acerto final, só o culpado acabará arcando instituído em favor do credor, pode dele
com as consequências do pagamento abrir mão, ainda que se trate de vínculo
dos juros de mora. resultante da lei.
• Distingue-se das perdas e danos, pois • Renúncia absoluta: efetivada em prol de
nelas, de imediato, só o culpado responde.
todos os coobrigados. Neste caso, não
• Art. 280. Todos os devedores
haverá mais solidariedade passiva, pois
respondem pelos juros da mora, ainda cada coobrigado passará a dever pro
que a ação tenha sido proposta somente rata, isto é, a responder somente por sua
contra um; mas o culpado responde aos quota.
outros pela obrigação acrescida. • Trata-se de hipótese bastante rara. A

Renúncia da Solidariedade obrigação torna-se conjunta, pois os


devedores, que eram solidários,
• Observação: a renúncia ao benefício da
responsáveis, cada um de per si pela
solidariedade distingue-se da remissão da
dívida inteira, passam à condição de
dívida. Com efeito, o credor que apenas
devedores de obrigações únicas, distintas
renuncia a solidariedade continua sendo
e separadas, sujeitos às regras comuns.
credor, embora sem a vantagem de
• Renúncia Relativa: é aquela operada em
poder reclamar de um dos devedores a
proveito de um, ou de alguns devedores
prestação por inteiro, ao passo que
apenas. Ocorre quando o credor dispensa
aquele que remite o débito abre mão de
da solidariedade somente um ou outro
seu crédito, liberando o devedor da
devedor, conservando-a, todavia, quanto
obrigação.
aos demais. Assim procedendo, o credor
• Art. 282. O credor pode renunciar à
divide a obrigação em duas partes: uma
solidariedade em favor de um, de alguns
pela qual responde o devedor favorecido,
ou de todos os devedores.
correspondente somente à sua quota; e

25
RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

a outra, a que se acham solidariamente • b) Pressupostos da ação regressiva:


sujeitos os outros. satisfação da dívida por inteiro: o
• Os não exonerados permanecem na
pagamento direto, ou indireto, extingue a
mesma situação de devedores solidários.
dívida e libera todos os devedores para
Contudo, o credor não poderá acioná-los
com o credor. A simples exibição do
se não abatendo no débito a parte
título pelo devedor autoriza o regresso, à
correspondente aos devedores cuja
vista do disposto no art. 324 do Código
obrigação deixou de ser solidária.
Civil.
• Renúncia Expressa: resulta de declaração
Obrigações de Trato Sucessivo
verbal ou escrita, posto não solene, em
• Admite-se, nas obrigações de trato
que o credor abre mão do benefício.
sucessivo, o direito de regresso ao
• Renúncia Tácita: decorre de
devedor que pagou as partes vencidas,
circunstâncias explícitas, que revelem de
pois satisfez toda a dívida cujo
modo inequívoco a intenção de arredar a
pagamento podia ser reclamado. Admite-
solidariedade, como quando permite o
se o mesmo direito a quem fez o
credor que o solvens pague apenas a sua
pagamento parcial, estando a dívida
quota, dando-lhe quitação, sem ressalva
vencida.
de exigir o restante.
Insolvência de um dos Codevedores
Direito de Regresso
Solidários – art. 284,CC
• O acerto entre os codevedores se faz
Art. 284. No caso de rateio entre os co-
por meio da ação regressiva.
devedores, contribuirão também os
• a) Quotas: presumem-se iguais. Nada
exonerados da solidariedade pelo credor,
impede, contudo, que sejam desiguais,
pela parte que na obrigação incumbia ao
pois a referida presunção é apenas
insolvente.
relativa. Incumbe ao devedor, que
• É direito dos coobrigados repartir, entre
pretende receber mais, o ônus da prova
todos, inclusive o devedor exonerado da
da desigualdade nas quotas, da mesma
solidariedade pelo credor, a parte do
forma que compete tal encargo ao
insolvente. Pode o credor romper o
devedor acionado, que pretende pagar
vínculo da solidariedade em relação ao
menos (art. 373, II, CPC/2015).
26
RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

seu crédito, mas não pode dispor do


direito alheio.
• Exemplo:

• Para melhor compreensão, ilustra-se: O

credor de “A”, “B”, “C” e “D”, pela quantia


de R$ 360.000,00, renunciou à
solidariedade em prol do primeiro (“A”),
que lhe pagou a sua parte,
correspondente a R$ 90.000,00.
Posteriormente, “D” caiu em estado de
insolvência, ficando impossibilitado de
contribuir para o pagamento da dívida,
tendo “B” efetuado sozinho o pagamento
de R$ 270.000,00 restantes. Nesse caso,
“B”, como titular do direito de regresso,
poderá exigir de “C” a soma de R$
120.000,00 (R$90.000,00 da sua quota + R$
30.000,00 de participação na cota do
insolvente), de “A” (exonerado da
solidariedade) R$ 30.000,00 (participação
na quota do insolvente), ficando ele
próprio desfalcado, também, de R$
120.000,00 (R$90.000,00 da sua quota inicial
+ R$ 30.000,00 de sua participação na
cota do insolvente).

27
RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

• Da mesma forma que é possível a


outrem seus direitos na relação
transmissão de direitos patrimoniais sobre
obrigacional.
bens, é possível a transmissão de
• Ex.: Petrônio me deve R$ 100,00. Digo a
obrigações. Um credor pode transferir
seu direito sobre um crédito, assim como Petrônio que ao invés de me pagar, que
um devedor pode transmitir sua ele pague a Josefa. Eu combino com
obrigação sobre um débito. Josefa e não preciso perguntar ao
• Pagamento é a principal forma de se Petrônio se ele aceita ou não.
extinguir uma obrigação. • Personagens:

• Três formas de transmitir uma obrigação: • Cedente: eu


1. Cessão de crédito: credor transfere a • Cessionária: Josefa
outrem seus direitos na relação
Espécies de Cessão de Crédito
obrigacional;
2. Assunção de dívida: o devedor • Gratuita: eu cedo sem receber nada em

transfere a outrem a sua posição na troca - como se eu fizesse uma doação

relação jurídica, sem novar, ou seja, sem • Onerosa: eu cedo recebendo algo em

acarretar a criação de obrigação nova e troca – ex.: instituições financeiras que


a extinção da anterior; pegam dívidas de banco – ex.: pego um
3. Cessão de contrato ou cessão de posição
empréstimo com o banco e ele me
contratual: é a transferência da posição cobra por meio de terceiro.
(ativa ou passiva) em um contrato, a um • Se o crédito for cedido a mais de um

terceiro, com todos os direitos e deveres. cessionário, dividir-se-á em dois,


independentes um do outro.
Conceito de Cessão de Crédito
• Art. 290. A cessão do crédito não tem
• Cessão de crédito é negócio jurídico
eficácia em relação ao devedor, senão
bilateral, pelo qual o credor transfere a
quando a este notificada; mas por

28
RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

notificado se tem o devedor que, em • Banco não pode forjar contratos, agir de

escrito público ou particular, se declarou má-fé. A origem tem que ser lícita e
ciente da cessão feita. existente.
• Não precisa haver concordância, basta • Pro soluto (não me responsabilizo) Art.
que seja comunicado ao devedor.. 295. Na cessão por título oneroso, o
• Pode ser feito de forma verbal.
cedente, ainda que não se responsabilize,
• Para que tenha validade com terceiros
fica responsável ao cessionário pela
precisa ser formal.
existência do crédito ao tempo em que
• A lei pode fazer transcrição – pensão
lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe
alimentícia.
cabe nas cessões por título gratuito, se
• Pode acontecer de forma: convencional,
tiver procedido de má-fé.
legal, judicial. – origem dessa cessão. • Pro solvendo (me responsabilizo) Art.
• A cessão de crédito pode ser ainda pro 286. O credor pode ceder o seu crédito,
soluto e pro solvendo.
se a isso não se opuser a natureza da
• Pro soluto: o cedente apenas garante a
obrigação, a lei, ou a convenção com o
existência do crédito, sem responder, devedor; a cláusula proibitiva da cessão
pela solvência do devedor. não poderá ser oposta ao cessionário de
• Devedor solvente: tenho uma dívida de 20 boa-fé, se não constar do instrumento da
mil reais e parei de pagar a mesma. Eu obrigação.
tenho um carro de 50 mil reais. Tem
como adimplir com minhas obrigações,
pois, eu possuo bens. Assim, sou solvente.
• Pro solvendo: cedente obriga-se a pagar

se o devedor cedido for insolvente. O


Conceito
cedente assume o risco da insolvência do
• Negócio jurídico pelo qual o devedor
devedor.
transfere a outrem sua posição na
• Devedor insolvente: quando não tenho
relação jurídica.
bens suficientes para pagar minha dívida.
• Terceiro vai se tornar devedor.

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RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

• Se eu trocar o devedor o credor tem devedor primitivo, exceto se o terceiro


que saber. que assumiu sua dívida era insolvente e o
• Ex.: Comprei um carro financiado Fico credor o ignorava.

desempregada e não tenho como pagar. • Assunção cumulativa: alguém assumindo

Transfiro a dívida para um terceiro – para entrar ao seu lado como novo
tenho que pedir autorização ao banco devedor, diante anuência do credor.
para fazer a transferência.
• Quem o banco vai acionar se a dívida

não for paga, se o contrato foi feito


Conceito
verbalmente? Eu.
• É uma construção doutrinária, também
• Importante: Na assunção de dívida, o
chamada de posição contratual.
credor tem que concordar, anuir, precisa
• Consiste na transferência da inteira
da autorização expressa da financeira.
posição ativa e passiva do conjunto de
• Comuniquei ao banco e o banco não
direitos e obrigações de que é titular uma
respondeu nem que sim nem que não
pessoa., derivados de um contrato bilateral
(regras do parágrafo único)
já ultimado, mas de execução ainda não
• Parágrafo único. Qualquer das partes
concluída
pode assinar prazo ao credor para que • Ex.: contrato de locação. Um contrato de
consinta na assunção da dívida,
4 anos, no qual o inquilino ficou apenas
interpretando-se o seu silêncio como
dois anos e disse que não tem como
recusa.
ficar mais e pagar a multa contratual. O
• Personagens:
inquilino da uma sugestão, colocando
• Credor: outro locador no seu lugar para finalizar
• Devedor primitivo: primeiro devedor esses dois anos.

• Assuntor: novo devedor • É um caso de cessão de contrato e têm

que ter o consentimento do locador.


• Assunção liberatória: se houver integral
• Cedem todas as obrigações e direitos.
sucessão no débito, pela substituição do
devedor na relação obrigacional pelo
expromitente, ficando exonerado o

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RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

• Personagens: se o credor se opuser, dos meios

• Cedente: aquele que realiza a cessão a conducentes à exoneração do devedor.


• O principal interessado na solução da
outrem.
dívida, a quem compete o dever de
• Cessionário: a pessoa que recebe o
pagá-la, é o devedor.
direito do credor
• Pagamento efetuado por terceiro não
• Cedido: devedor
interessado:
Do Pagamento • Parágrafo único. Igual direito cabe ao
• Conceito: é o ato jurídico formal, unilateral terceiro não interessado, se o fizer em
que corresponde a execução voluntária nome e à conta do devedor, salvo
e exata por parte do devedor da oposição deste.
prestação devida ao credor no tempo, • Terceiro interessado: é aquele que de
modo e lugar do título constitutivo. uma forma ou de outra se obriga
• Pagamento é um ato jurídico formal: é a (fiador, coobrigado, herdeiro, outro credor
prova do pagamento (quitação por meio do devedor, adquirente de imóvel
de recibo) hipotecado).
• .Exato: quando no dia e lugar determinado, • Art. 304: conseqüência: sub-rogação do

o devedor vai lá e cumpre essa solvens em todos os direitos do


obrigação combinada. accipiens. Não cabe recusa do credor
• Voluntário: não foi pago de forma em receber, se houver recusa faz-se
forçada. a consignação em pagamento
• A obrigação pode ser de dar, fazer e (depósito judicial).
não fazer. • Terceiro não interessado: é aquele que

→ Tempo: qual dia; não está vinculado à relação obrigacional

→ Lugar: que foi firmado. embora possa ter de ordem moral.


• Ex.: Eu devo ao banco uma quantia de R$
De quem deve pagar – Condições
5.000,00 e meu pai, vai lá e paga minha
subjetivas
dívida (é como se fosse uma doação).
• Art. 304. Qualquer interessado na

extinção da dívida pode pagá-la, usando,


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RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

• Terceiro não interessado que paga em • Credor putativo: é aquele que parece ser

nome do devedor: terceiro não o credor mais não é.

interessado que paga em nome do • Ex.: um imóvel que se encontrava em

devedor: não se sub-roga; não cabe uma imobiliária, em que a mesma


recusa do credor, mas do devedor recebeu o valor do aluguel, sendo que o
cabe; tem direito a reembolso. O proprietário do imóvel já tinha retirado da
terceiro não interessado poderá pagar mesma, mas a imobiliária não comunicou
o débito, salvo oposição do devedor ao devedor. Nesse caso, o pagamento é
alegando inconveniência por exemplo, válido, desde que, seja provada a boa-fé.
desde que anterior ao pagamento e
Da prova do pagamento
provada por meio lícito.
• O pagamento não se presume, tem que
• Ex.: o administrador do imóvel locado
ser provado.
que pagar aluguéis pelo locatário, o
• Quitação: é a declaração unilateral escrita,
pai que paga dívida em nome do
emitida pelo credor, de que a prestação
filho.
foi efetuada e o devedor fica liberado. É a
• Ex.: o fiador de imóvel locado em que o
declaração escrita a que se dá o nome
devedor não paga os aluguéis. O fiador se
de recibo.
sub-roga pagando a dívida e assume a
• Se o credor se recusar, a fornecer
posição de credor. O devedor deve
recibo, o devedor pode legitimamente
agora ao fiador e não ao locador do
reter o objeto da prestação e consigná-
imóvel.
lo.
• Se o pagamento de terceiro acontecer
Onde pagar? Do lugar do pagamento
sem o conhecimento ou com oposição
do devedor, não caberá o reembolso. • Regra: domicílio do devedor.

• Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no


A quem se deve pagar
domicílio do devedor, salvo se as partes
• Em regra: ao credor ou representante do
convencionarem diversamente, ou se o
mesmo.
contrário resultar da lei, da natureza da
• Observar para quem eu vou pagar, pois
obrigação ou das circunstâncias.
quem paga errado paga duas vezes.

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RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

• Quisíveis: obrigações pagas no domicílio • Função da imputação: é o credor

do devedor. O credor procura o devedor receber parte do que lhe é devido. Ele
para receber. não é obrigado a receber em partes.
• Portáveis: obrigações pagas no domicílio

do credor. O devedor procura o credor • Quem pode imputar?

para pagar. → 1° devedor (art. 352);


• Entrega do objeto da obrigação em → 2° credor (art. 353);
endereço diferente: paga duas vezes. → 3° lei (art. 354 e 355).

Do tempo do pagamento

• Devo uma conta com vencimento em 28

de outubro. É essa a data que deve ser


paga. O dia tem 24 horas o pagamento
pode ser efetuado até o último minuto
desse dia.
Conceito

• O pagamento é um dever do devedor e

esse deve ter meios para pagar essa


dívida.
• O pagamento em consignação consiste

no depósito, pelo devedor, da coisa


Conceito devida, com o objetivo de liberar-se da

• É a faculdade de escolher dentre várias obrigação.

prestações de coisa fungível, devidas • Consiste no depósito judicial ou

ao mesmo credor pelo devedor, qual extrajudicial da quantia ou coisa devida. A

dos débitos irá satisfazer. consignação deverá ser feita nos moldes

• Só poderá referir-se a dívidas líquidas e do estabelecido no contrato.

vencidas. • Ex.: se for um animal, o juiz determinará

que ele ficará em consignação em


tal local, cuja manutenção será

33
RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

realizada pelo devedor que poderá • IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva

cobrar do credor por mora creditícia. legitimamente receber o objeto do


• Partes: consignante e consignatário. pagamento;

• Objeto: obrigação de dar → Ex.: Josefa faleceu e deixou três

• Art. 334. Considera-se pagamento, e herdeiros. Eu não sei a quem


pagar.
extingue a obrigação, o depósito judicial
• V - se pender litígio sobre o objeto do
ou em estabelecimento bancário da coisa
pagamento.
devida, nos casos e forma legais.
→ Ex.: cobrança de quebra de
• Hipóteses: poderá haver consignação toda
fidelidade, sendo que eu não fiz.
vez que o devedor não possa efetuar o
• Requisitos: consignação = pagamento
pagamento válido, ou seja, toda vez que
quiser pagar e não conseguir por fato (objeto + modo + tempo) – art. 336.

alheio à sua vontade. • Subjetivos: capacidade do devedor

• Art. 335. A consignação tem lugar: (rol (pagar) e do credor (receber).

taxativo) • Objetivos: o objeto (móveis ou imóveis)

• I - se o credor não puder, ou, sem justa do depósito deve ser líquido e certo.
causa, recusar receber o pagamento, ou • Tempo: vencimento.
dar quitação na devida forma; • Art. 336. Para que a consignação tenha
→ se o credor não puder: por está
força de pagamento, será mister
em coma no hospital.
concorram, em relação às pessoas, ao
→ Sem justa causa recusar: por valor
objeto, modo e tempo, todos os
menor ou para ganhar juros.
requisitos sem os quais não é válido o
• II - se o credor não for, nem mandar
pagamento.
receber a coisa no lugar, tempo e
• Lugar: foro de pagamento.
condição devidos;
• Art. 337. O depósito requerer-se-á no
• III - se o credor for incapaz de receber,

for desconhecido, declarado ausente, ou lugar do pagamento, cessando, tanto que

residir em lugar incerto ou de acesso se efetue, para o depositante, os juros da

perigoso ou difícil; dívida e os riscos, salvo se for julgado


improcedente.

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RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

• Conceito: é a transferência da qualidade • Dação = dar alguma coisa; não confundir

de credor para aquele que paga a com doação.


obrigação de outrem ou empresta o • Art. 356. O credor pode consentir em

necessário para isso. receber prestação diversa da que lhe é


• Ex.: fiador devida.
• A deve 100,00 a B. C faz o pagamento. C • Ocorre quando o credor consente em

passa ter a condição de credor C é o receber coisa que não era dinheiro, em

terceiro sub-rogado. substituição à coisa devida (faz uma


transação).
Espécies:
• Ex.: devo um livro a Maria e pergunto a
• Legal (art. 346):
ela se aceita receber em troca R$100,00.
• Ex.: o credor que paga a dívida do
• A coisa entregue:
devedor comum.
→ Se for mais cara: cabe restituição
• Convencional (art. 347): depende do
de diferença;
acordo de vontade, deve ser expressa.
→ Mais barata: há a quitação.
• Art. 349. A sub-rogação transfere ao
• Nunca com imposição ao credor – deve
novo credor todos os direitos, ações,
depender do consentimento.
privilégios e garantias do primitivo, em
relação à dívida, contra o devedor
principal e os fiadores.

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RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

• Novação: é quando as partes criam uma • Ocorre pra extinguir ao mesmo tempo

realizada entre pessoas e devedoras que


nova obrigação para extinguir uma antiga.
serão credoras e devedoras de você.
É a constituição de obrigação nova, em
• Ex.: eu Roberta peguei 500,00 com minha
substituição a outra que fica extinta.
• Ex.: Tenho dois empréstimos diferentes e vizinha. Um tempo depois, minha vizinha
colide com meu carro me devendo
peço ao banco que junte os dois,
500,00 pelo conserto do mesmo.
fazendo uma nova renegociação,
• Como se faz? Compensando a dívida.
extinguindo a obrigação anterior.
• Art.368. Extingue-se a minha obrigação e
• Espécies (art. 360):
a dela.
• Novação objetiva: quando o elemento se
• Ex.: seguro de um veículo. Perda total do
refere ao objeto. O devedor contrai com
meu veículo fica em 17.000,00 e eu devo
o credor nova dívida para extinguir a
à seguradora R$ 2.000,00 de prêmio. O
primeira.
que a seguradora faz?
• Novação subjetiva: quando, em virtude de
• A compensação até se extinguir. Pra
obrigação nova, outro credor é
compensar, à divida tem que ser líquida e
substituído ao antigo, ficando o devedor
vencida.
quite com este.
• Não cabe a compensação:
• Observação: desconto para pagamento
• Esbulho; furto; roubo; comodato;
antecipado, não é novação.
depósito; alimentos.
• Esbulho: invasão à posse.

• Alimentos: o filho não pode compensar

dívida com o pai, com os alimentos que


recebe dele.

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RESUMO N2 - NOTA 1 – DIREITO CIVIL III

• É a reunião em uma única pessoa e


na mesma relação jurídica, da
qualidade de credor e devedor.
• Remissão = perdão de dívida.
• Vai ser extinta, pois, não tem como ser
• Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo
credor e devedor.
devedor, extingue a obrigação, mas sem
• Moro na casa do meu pai e pago aluguel
prejuízo de terceiro.
pra ele. Ele falece e eu sou a única
• Não confundir com Penal
herdeira. Acontece que essa obrigação
• Ex.: Devo um dinheiro a Joana e ela diz
será extinta.
• Art. 384. Cessando a confusão, para logo que não quer receber mais.
• O devedor deve concordar. Se o
se restabelece, com todos os seus
devedor insistir o credor deve aceitar.
acessórios, a obrigação anterior.
• Essa remissão pode ser total ou parcial.
• Se essa confusão é cessada a obrigação
• Pode ser dado por escrito (ideal)
volta a existir.
• Tácito: realizamos um ato que denota
• Ex.: Eu não sabia e aparece um filho do
perdão da dívida.
meu pai. Eu agora devo a ele 50%.
• Só quem é solvente pode fazer isso.
• Acabou a confusão, essa dívida ressurge
• A pessoa insolvente não pode perdoar,
e eu pago a ele a metade do valor do
senão caracteriza a fraude contra
aluguel..
credores.

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