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Victória Álvares
Direito Penal IV
CRIMES EM ESPÉCIE
a. HOMICÍDIO
Direito Penal IV - Prof Orlando Faccini Neto | 2021/1 - ERE
Victória Álvares
Episódio muito traumático na vida das famílias, fora as consequências óbvias para a
própria vítima, que perde o direito de viver uma série de experiências, uma trajetória
própria. Decisão egoísta de quando o outro deve deixar de viver.
O homicídio é um crime material (crime que exige resultado para a sua
consumação). O tipo penal descreve conduta e resultado, exigindo a produção do
resultado. É considerado crime comum, haja vista que crime próprio pressupõe uma
condição especial do sujeito ativo (como corrupção passiva). Crime de forma livre, pois
se pode praticar de várias formas (afogamento, tiro, envenenamento). Crime
instantâneo, que se consuma no momento definido do tempo. Crime de dano, pois
implica em lesão ao interesse tutelado pela norma. Crime que admite a tentativa
(crime não se consuma por vontade alheia ao agente; quanto mais perto da consumação,
menos se reduz a pena). Crime comissivo, que se consuma mediante um agir positivo,
um fazer; no entanto, pode acontecer do homicídio ser praticado por omissão, nos casos
em que o omitente tem o dever normativo de atuar (crime comissivo por omissão/crime
omissivo impuro/crime omissivo impróprio).
- Lei 9.434/97: constitui morte, para o efeito de transplante de órgãos, a interrupção
das funções encefálicas/cerebrais.
- Se alguém tenta matar alguém e essa pessoa fica em coma, ela responde por
tentativa de homicídio. Caso a pessoa posteriormente morra, há várias implicações
processuais.
O art. 121 considera o dolo, mesmo que o tipo penal também possibilite o
homicídio culposo. Há o dolo direto, em que há intenção de matar, e o dolo eventual,
em que se assume o risco de causar a morte (ex: engenheiro que projeta prédio que cai e
morrem várias pessoas, pessoa que vai atirar em maçã na cabeça de alguém, mas acerta
ela)
Objeto material -> pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa: pessoa
vitimada.
Objeto jurídico -> interesse protegido pela norma: vida humana.
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO
HOMICÍDIO QUALIFICADO
SUBJETIVAS:
Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe:
matador contratado para executar uma pessoa, mediante pagamento ou promessa
qualquer de retorno.
Motivo torpe: motivo repulsivo, vil, que sinaliza especial perversidade do agente,
como aquelas situações que dizem respeito à disputa de território em tráfico de drogas.
Vingança pode ser motivo torpe, mas é preciso ter cuidado, como quando alguém decepa o
braço de alguém e esse alguém se vinga matando-o (isso pode ser tanto qualificadora como
privilegiadora).
Motivo fútil: motivo banal, pequeno. Exemplo: matei ele pois me devia R$ 2,00.
Feminicídio
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Forma de homicídio qualificado que ocorre quando o crime é praticado contra a
mulher, por razões da condição do sexo feminino, que envolve situações de violência
doméstica e familiar ou menosprezo à mulher. Nem toda morte de mulher enseja
homicídio.
A pena do feminicídio é mais grave do que a do homicídio simples na medida em
que o sujeito que o pratica está demonstrando com a sua prática uma espécie de visão de
mundo com a qual não podemos compactuar. Visão definida como uma espécie de
superioridade masculina, algo como subalternidade da mulher, que no fundo é tratada
como objeto, cuja destruição fica à livre vontade do sujeito. Visão de mundo que se
expressa na conduta.
Por que uma mulher que mata o marido não recebe o mesmo tratamento? O
princípio da igualdade pressupõe o tratamento dos iguais como iguais e dos desiguais
como desiguais. Nesse sentido, o histórico da violência contra a mulher sempre se
apresentou tendo a mulher em posição de desfavorecimento. Assim, a proteção penal
conferida à mulher deve ser mais densa, abrangente do que a conferida ao homem.
HOMICÍDIO CULPOSO
Trata-se de tipo penal aberto. São praticados de três formas: imprudência (agir
descumprindo o dever de cuidado, fazer o que não se deve), negligência (deixar de fazer
aquilo que o cuidado exigia) e imperícia (diz respeito ao exercício mal realizado de uma
conduta profissional, relacionado a conhecimentos específicos).
Exemplos: sujeito que deixa a arma em cima da mesa e o filho pega e atira, ou está
limpando a arma e sem querer atira, sujeito que deixa o veneno em algum lugar e alguém o
toma.
Homicídio culposo na direção está previsto na parte especial, tem outra pena.
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§ 5º: perdão judicial, como no caso do pai matar culposamente seu filho, limpando a
arma. É como se sua pena já fossem as consequências de sua própria atitude. Ou se está
dirigindo o carro, bate, o carona morre e o motorista fica tetraplégico.
b. SUICÍDIO
É um crime comum, qualquer pessoa pode realizá-lo. É crime formal, pois sua
prática não exige resultado, isto é, mesmo que a pessoa não se suicide, quem praticou
responde pelo crime. É crime comissivo, exigindo um atuar. É crime de forma livre,
podendo ser praticado por meio palavras, gestos incentivadores, cartas, etc.
Em alguns países a participação no suicídio não é punida, como por exemplo na
Alemanha. O suicídio não é um ato criminoso (nem no Brasil), então como iremos punir a
participação nele? Para eles é uma questão puramente normativa e dogmática, não moral.
Isto é, essa punição deriva da teoria do concurso de agentes, em que a participação é
sempre acessória do fato principal. Se o fato principal não é criminoso, não há como a
participação ser.
c. INFANTICÍDIO
Foi uma opção legislativa criar um tipo penal específico, e não como um tipo penal
qualificado de homicídio.
“Homicídio” cometido pela mãe contra seu filho nascente ou recém nascido, sob a
influência do estado puerperal.
Antes do parto: aborto.
Durante o parto ou logo após: infanticídio.
Depois do “logo após”: homicídio.
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Crime próprio, pois exige uma qualidade especial do sujeito ativo. Crime
material, pois exige resultado (morte do filho), e admite tentativa.
Estado puerperal alude a uma espécie de desajuste, conturbação em nível
psicológico, que se apresenta para algumas mulheres em consequência do parto. Pode ser
um misto de aspectos biológicos (hormonais, por exemplo) e emocionais (o novo que se
apresenta). Não exige prova pericial para que seja afirmado. É quase como afirmar que
se a mulher mata o filho durante o parto ou logo após, será configurado o
estado puerperal.
Esse estado, em alguns casos, pode se estender por alguns dias, de modo que ainda
se configuraria infanticídio.
Participação ou coautoria: Se a mãe comete com a ajuda do pai, ele responde por
qual crime? A doutrina diz que também por infanticídio, por força do artigo 30 do CP, por
ser elementar do tipo penal o fato de ser mãe uma dos autores.
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo
quando elementares do crime.
d. ABORTO
e. LESÃO CORPORAL
A referência à saúde no tipo penal é relevante para casos por exemplo relacionados
à contaminação por alguma doença. Não é integridade corporal apenas por aquilo que é
visível.
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No cometimento de homicídios, também se comete a lesão corporal. Porém, se
responde apenas pelo crime mais grave em razão do princípio da consunção. A lesão é
um “caminho” para o homicídio.
f. CRIMES DE PERIGO
Nos crimes de dano efetivamente há uma lesão do bem jurídico. Nos crimes de
perigo há uma probabilidade de dano ao bem jurídico.
CRIMES DE PERIGO CONCRETO: Aqueles em que se exige a prova da
probabilidade do dano/perigo. Ex: crime de dirigir sem carteira, precisa provar que estava
fazendo manobras perigosas, furando sinaleiras etc.
CRIMES DE PERIGO ABSTRATO: A probabilidade de dano é presumida, não é
necessário provar que houve risco real no caso concreto. Ex: direção alcoolizado.
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CRIME DE PERIGO INDIVIDUAL: Exposição de número determinado/
definido de pessoas ao perigo.
CRIME DE PERIGO COLETIVO: Exposição de número indeterminado/
indefinido de pessoas ao perigo. A coletividade é ameaçada.
Crime próprio, pois exige uma especial qualidade do sujeito ativo, isto é, ter a
guarda, vigilância ou a autoridade do incapaz. Há pessoas que tem o dever de cuidar de
outras.
a. CALÚNIA
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Nesse sentido, destaca-se que a imputação deve ser falsa e deve aludir a um crime
(contravenção penal não consubstancia calúnia, mas será difamação).
Fora isso, diz respeito a fatos, não a adjetivações. Por exemplo, “genocida”,
“estelionatário” não é calúnia.
Exemplo: “João matou Carlos ontem.” Se for mentira, é calúnia.
Pessoas jurídicas podem ser vítimas de calúnia.
É punível a calúnia contra os mortos, em razão da proteção de suas imagens.
Animus injuriandi vel diffamandi: a intenção de ofender.
A calúnia se consuma quando chega a conhecimento de terceiro.
Quando alguém é acusado de calúnia, um dos modos de se defender pode ser por
meio da chamada EXCEÇÃO DA VERDADE. É meio de defesa indireto (direto seria
dizer “é mentira, eu não falei isso que fulano está dizendo”), em que o acusado tenta provar
o que ele disse sobre a suposta vítima. Isto é, se ciclano falou que fulano roubou algo,
tenta-se provar que ele roubou mesmo.
Obs: é comum haver queixas-crime por calúnia no meio político. Nesse caso, se
houver exceção da verdade contra alguém que tem foro privilegiado, esta terá de ser
julgada pelo órgão competente para julgar aquela pessoa. Aqui a exceção da verdade surge
como algo prejudicial (que tem de ser resolvido antes do julgamento principal), então o
tribunal superior antes vai analisá-la, e depois o processo principal volta para a primeira
instância.
Quando não poderei entrar com a exceção da verdade?
● Quando a pessoa que caluniei já foi absolvida pelo fato que a imputei. Ex: digo que
fulano roubou algo sendo que ele já foi absolvido desse crime.
● Se a pessoa for alguém elencada no art. 141.
● Se não tiver havido condenação da pessoa nos casos de crimes de ação penal
privada.
b. DIFAMAÇÃO
Imputação de um fato ofensivo à reputação. Logo, esse fato não é crime, e ainda,
pouco importa se esse fato é falso ou não. Basta que ele desacredite publicamente a vítima.
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c. INJÚRIA
a. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
É crime subsidiário, pois há crimes mais graves que se apresentam e afastam o
constrangimento ilegal.
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Demanda intervenção física e prenúncio de um mal sério (grave ameaça).
Basicamente é o crime de obrigar alguém a fazer algo que o outro não quer
fazer.
Crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa), crime de forma livre,
crime material (pois exige resultado), crime comissivo.
Exemplo: alguém aponta uma arma dizendo “dá três pulinhos” ou diz para ficar
parado 5h, se não vai agredi-lo. Não pode ser obrigado a fazer algo ilegal nem impedido de
fazer o que a lei permite (caminhar, se mexer). Violação à liberdade individual.
b. AMEAÇA
Prenúncio de um mal grave à outrem. Alude a um fato futuro. Para perfectibilizar-se
deve ser verossímil (ex: “vou te mandar para a lua” não é).
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Aparece muito em relações familiares e de vizinhança, nesse sentido, é necessária
representação.
e. TRÁFICO DE PESSOAS
Acontece muito para levar pessoas para outras localidades a fim de serem
exploradas, como no caso de prostituição.
a. VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO
O domicílio é protegido constitucionalmente:
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b. VIOLAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA
a. FURTO
Subtrair é desapossar. O sujeito passivo é quem detenha a posse ou propriedade,
ainda que ilegítima.
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FURTO PRIVILEGIADO
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar
somente a pena de multa.
Se o sujeito não for reincidente, ainda que com mal antecedentes.
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FURTO QUALIFICADO
I - Há alguns obstáculos que pertencem à própria coisa. Hoje em dia entende-se
que tanto no caso de quebra de vidro do carro para furto de objeto em seu interior, quanto
no caso da quebra para furto do veículo, o criminoso responde por furto qualificado, em
razão da destruição de obstáculo.
II - Não se pressupõe abuso de confiança em qualquer relação
patrão-funcionário. Se o funcionário recém entrou no emprego, não há confiança,
diferentemente daqueles em que a pessoa é funcionária há algum tempo,desfrutando dessa
relação de confiança.
Fraude é engano. Exemplo: em uma festa, você entrega a chave do carro para o
suposto guardador, que não é de verdade, e ele furta o veículo.
Escalada: esforço incomum. Pular um muro.
Destreza: espécie de habilidade especial, como passar por buraco estreito.
§ 6º: Abigeato.
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b. ROUBO
Possui particularidades que distinguem esse crime do furto, quais sejam a grave
ameaça (prenúncio de um mal, que não implica numa intervenção física direta), a
violência (que incide sobre a integridade corporal da vítima) ou qualquer outro meio
que reduza a possibilidade de resistência da vítima (por exemplo, dopar alguém;
violência indireta).
c. EXTORSÃO
d. DANO
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DANO QUALIFICADO
Já não é mais da competência do JECrim.
Prejuízo considerável: critério jurisprudencial.
Vandalismo em patrimônio público entra aqui. Em alguns casos, rebelião em
presídio também.
Frequente discussão sobre pichação, em tese possível falar em dano.
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e. APROPRIAÇÃO INDÉBITA
O sujeito detém licitamente a coisa, mas por não devolvê-la comete o
crime. Exemplo: alugar um livro da biblioteca e não devolver.
f. ESTELIONATO
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Origem na palavra estélio, que significa lagarto que apresenta partes mutáveis e
cambiantes, que muda conforme o ambiente que está (camufla).
Crime instantâneo, mas em algumas vezes pode ser permanente, como
nas hipóteses de pagamento de prestações ou no estelionato previdenciário (exemplo de
quando alguém obtém vantagem previdenciária forjando situação de doença/para se
aposentar).
Artifício é astúcia, esperteza.
Ardil é armadilha, cilada, construção de situação que não corresponde ao real.
A capacidade de criar-se novos meios de fraude é inesgotável, por isso a lei deixa
abertura.
Súmula 17 STJ: a falsidade documental é absorvida pelo estelionato
quando a sua potencialidade lesiva se esgota no próprio estelionato. Exemplo:
uso de cheque com assinatura falsificada, em que a falsidade do documento não é utilizada
para a prática de outros crimes.
● Golpe do bilhete premiado.
● Determinados trabalhos espirituais. Exemplo da pessoa que é convencida a
queimar o seu dinheiro mas na hora da queima tem seu saco de dinheiro trocado
por de papel sem que perceba.
Torpeza bilateral: quando vítima e acusado estão mal intencionados, ou na seara
da ilegalidade. Em geral, aceita-se que não há estelionato. Exemplo: fulano compra
maconha de ciclano, mas quando vai abrir o pacote é mato. Ou a contratação de um falso
matador.
A reparação do dano não afasta o estelionato depois da sua consumação. Serve
meramente para uma redução de pena, não excluindo a imputação do delito.
ESTELIONATO PRIVILEGIADO: § 1º
g. RECEPTAÇÃO
Espécie de crime sucessivo, pois necessariamente vem depois de outro crime
patrimonial. Crime de formulação típica alternativa, ou seja, há vários verbos no
tipo penal, mas se o sujeito realizar mais de um, ele responde por apenas um crime.
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Para a configuração da receptação não é necessário que o crime anterior tenha sido
julgado e que alguém tenha sido condenado.
Mesmo que o autor do furto/roubo seja menor de idade, há a receptação (art. 108
CP). O autor do crime patrimonial não responde pela receptação.
Elemento subjetivo: dolo direto. O sujeito tem de saber que a coisa é produto
de crime.
O dinheiro recebido pela venda do produto do crime é proveito do crime, não objeto
da receptação.
RECEPTAÇÃO QUALIFICADA
Crime próprio, exige a qualidade especial do autor, de ser comerciante ou
industrial.
Mesmo que seja comércio irregular ou clandestino, há equiparação à atividade
comercial.
RECEPTAÇÃO CULPOSA
Dever de analisar as características e circunstâncias da venda para saber se a coisa é
produto do crime ou não.
Competência do JECrim.
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a. ESTUPRO
Em 2009, em razão de uma CPI, houve a unificação no mesmo tipo penal do crime
de estupro e de atentado violento ao pudor. Isso fez com que muitos presos fossem soltos.
Hoje o entendimento majoritário é de que em caso de estupro com sexo vaginal e
anal, conta apenas como um crime.
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Conjunção carnal: introdução do pênis na vagina.
Comporta tentativa. A depender da situação, o estupro terá se consumado já com os
atos inicialmente cometidos.
Não se há de cobrar da vítima um grau de resistência que a torne heroína. Ela não
tem qualquer responsabilidade.
Não é indispensável o exame de corpo de delito, mesmo pois o agressor pode
constrangê-la a realizar o ato por vontade própria.
Trata-se de crime em que a produção probatória é muito escassa. Comumente é a
palavra da vítima X do réu.
§ 2º: morte preterdolosa. Quando a vítima morre em decorrência de lesões do
estupro. É diferente de estuprar e depois matar, que seria a prática de dois crimes.
c. IMPORTUNAÇÃO SEXUAL
d. ASSÉDIO SEXUAL
Se exige uma posição de superioridade e ascendência. Se o sujeito pode
demitir ou prejudicar, entra nesse tipo penal.
Direito Penal IV - Prof Orlando Faccini Neto | 2021/1 - ERE
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e. ESTUPRO DE VULNERÁVEL
Hoje já se entende que a vulnerabilidade é presumida.
Erro de tipo: falsa interpretação da realidade justificada pelas circunstâncias no
concernente à idade da vítima, ele não é responsabilizado. Exemplo: se a vítima diz ter
mais de 14 anos ou a situação fizer o autor ter bastante convicção disso.
Nesse caso, exclui-se o dolo. Se o erro for escusável ou desculpável, o sujeito não
responde por nada. Se não for escusável ou desculpável, o sujeito responde pela
modalidade culposa. No entanto, para estupro não há modalidade culposa.
Em situações em que a vulnerabilidade se dá pela idade, é mais fácil a análise. Mas
há casos em que se alega erro de tipo pela vítima não conseguir oferecer resistência em
razão da ingestão de álcool ou drogas (quando o autor acha que a vítima estava bem).
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f. LENOCÍNIO
Prestação de apoio e incentivo a vida voluptuosa de outra pessoa dela tirando
proveito. É a conduta do cafetão, que se aproveita da prostituição alheia.
A prostituição não é crime, mas a sua exploração é.
Art. 227 e 228.
a. INCÊNDIO
Crime de perigo concreto, de modo que se exige comprovação do perigo.
Perigo de incêndio não é crime, mas o perigo causado pelo incêndio é.
Sujeito ativo pode ser qualquer um e o sujeito passivo é a coletividade. É o que
alguns autores chamam de crime vago, não sendo necessário especificar o sujeito
passivo.
O elemento subjetivo é o dolo de perigo, que é a vontade de gerar um risco não
tolerado a terceiros.
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Victória Álvares
Crime formal, portanto, não exige dano para consumar-se, basta a situação de
perigo.
Art. 173 CPP: exige prova pericial para comprovar o incêndio.
Corromper é estragar.
Adulterar é deformar.
Falsificar é reproduzir por imitação.
Alterar é modificar.
Tipo penal alternativo/crime de formulação típica alternativa, de modo
que se o sujeito realizar vários dos verbos do tipo responde apenas por um crime.
d. CHARLATANISMO
Nesse caso, mesmo um médico de verdade pode responder por esse delito. Em
regra, o sujeito sabe que o meio que está propondo não possui eficácia. Diz-se que o
charlatão é o estelionatário da medicina.
e. CURANDEIRISMO
a. INCITAÇÃO AO CRIME
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É necessário que haja a incitação a um crime específico. Ex: “vamos quebrar aquela
loja”, crime de dano.
Diferente é a incitação feita a uma pessoa só, específica, caso em que se o crime
ocorre, a pessoa é partícipe, na forma do art. 29 do CP.
c. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA
c. FALSIFICAÇÃO IDEOLÓGICA
A falsidade material recai sobre a forma, aspecto físico do documento. Ao passo que
a falsidade ideológica diz respeito ao conteúdo intelectual do documento.
Não exige e nem há como realizar perícia.
Omitir é deixar de inserir ou não mencionar.
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Inserir é colocar ou introduzir.
Fazer inserir é proporcionar que se introduza.
O elemento subjetivo é o dolo.
f. FALSA IDENTIDADE
Crime comum com foragidos da justiça.
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Súmula 502 STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade
policial é típica, ainda que em alegada autodefesa.
a. PECULATO
Crimes funcionais são como se fossem a soma de outros crimes mais a condição
funcional.
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Aqui, o apropriar-se assemelha-se à apropriação indébita, mas a violação do
dever funcional agrava o delito e justifica a pena maior.
● Peculato apropriação
● Peculato desvio
● Peculato furto / peculato impróprio: § 1º
● Peculato culposo: é quase como uma participação culposa em crime
doloso.
b. CONCUSSÃO
Exigir no sentido de ordenar, no sentido impositivo. Difere de solicitar (como é na
corrupção). Não é espécie de acerto, mas sim imposição. É a “extorsão realizada por
funcionário público”.
Crime formal, ou seja, o tipo penal descreve conduta e resultado, e consuma-se
apenas com a prática da conduta.
A vantagem deve necessariamente possuir conteúdo econômico/de valor? A
jurisprudência aparentemente entende que não. No caso de vantagem sexual ou
comportamental, ainda se aplica.
Flagrante é quando o crime está acontecendo ou acabou de ocorrer. No ensejo da
entrega da vantagem exigida, não tem-se o crime sendo cometido, mas sim o exaurimento
do crime, que não autoriza a prisão em flagrante.
Exemplo: juiz de direito exige que o réu lhe dê uma caixa de cerveja, se não ele “vai
ver o que vai acontecer”.
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c. CORRUPÇÃO PASSIVA
Com o passar do tempo, uma certa elite empresarial, política e econômica passou a
inserir-se no direito penal muito em razão desse crime.
Funcionário público responde a esse crime. Não necessariamente surge a
bilateralidade da corrupção ativa e passiva, caso o funcionário não aceite.
Para a prática deste delito, não se exige que o funcionário direcione-se à
prática do chamado ato de ofício (aquele inerente às atribuições do
funcionário). Portanto, é corrupção passiva a chamada compra de boas relações.
Exemplo: particular que entrega ao juiz uma caixa de vinhos, “a nada”. Caso o funcionário
aceite, tem-se a corrupção passiva, mas não a ativa, pois esta exige ato de ofício como
elemento típico.
Crime formal.
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d. PREVARICAÇÃO
Não cumprimento das obrigações de ofício, movido o agente por interesse ou
sentimento pessoal. Não é algo externo.
Disposição afetiva, não econômica.
Crime de menor potencial ofensivo.
a. RESISTÊNCIA
b. DESOBEDIÊNCIA
c. DESACATO
d. CORRUPÇÃO ATIVA
Crime formal, portanto, não exige resultado. Não é necessário que o funcionário
público aceite.
Só ocorre quando o oferecimento de vantagem é direcionado à prática
de um ato de ofício do funcionário. Exemplo: se alguém dá dinheiro a um estagiário
para que ele dê x sentença em um processo, o estagiário responde por corrupção passiva,
mas a pessoa não responde por corrupção ativa, dado que prolatar a sentença é ato de
ofício do juiz, não do estagiário.
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Vantagens posteriores ao ato não são crimes. Exemplo: funcionário público concede
alvará que a pessoa queria. A pessoa fica feliz e lhe dá uma caixa de vinhos. Não é
corrupção ativa, mas pode gerar improbidade administrativa (não é crime, mas há
sanções).
Discussão doutrinária sobre as situações em que o funcionário público solicita a
vantagem, tendo iniciativa. Discussão acerca dos verbos contidos no tipo penal, visto que
não consta o verbo “dar”. Alguns dizem que ele está contido no “oferecer”, outros que há a
participação do particular no crime de corrupção passiva do agente.
e. DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA
g. AUTO-ACUSAÇÃO FALSA
Crime próprio, crime de mão própria (exige ser cometido pela própria
testemunha).
O fato falso deve ser juridicamente relevante enquanto prova. Exemplo: mentir que
estava chovendo.
A falsidade é mensurável mediante um critério subjetivo: importa a sintonia para
com o que o agente efetivamente captou e compreendeu. Exemplo: se fulano realmente
matou ciclano, mas o depoente estava em casa na ocasião e não viu nada, não pode narrar
isso no testemunho.
Não há crime de falso testemunho para aqueles que não possuem o compromisso de
dizer a verdade, como o pai, a mãe do réu, conforme o CPC.
Há quem diga que não há prisão em flagrante, pois o sujeito ainda pode se retratar,
conforme o §2º.
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i. EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES
j. FAVORECIMENTO PESSOAL
k. FAVORECIMENTO REAL