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CONCURSO DE PESSOAS
1. Requisitos:
a) Pluralidade de agentes e de condutas;
b) Relevância causal de cada conduta;
c) Liame subjetivo entre os agentes;
d) Identidade de infração penal.
3. Autoria:
3.1 – Conceito de autor: As definições de autor e partícipe não foram definidas
pelo código penal e ficaram a cargo da doutrina (sistema diferenciador), por isto, este
tema é não é pacífico.
a) Conceito restritivo de autor (teoria objetiva da participação): Autor seria
somente aquele que praticasse a conduta descrita no núcleo do tipo penal. Todos os
demais que colaborassem, mas que não realizassem a ação descrita no verbo, seriam
partícipe.
Ex.: A e B vão furtar a casa de C. A fica na porta da casa, enquanto B furta o
objeto. Como B praticou a ação, ele responde como autor e A como partícipe.
Esta teoria encontrou sérias dificuldades no que diz respeito à autoria mediata
(utilizar interposta pessoa para a infração).
Ex.: Médico da seringa envenenada a enfermeira inocente e mata antigo desafeto.
Neste caso ele não poderia ser considerado autor do crime.
- E o autor intelectual?
Contudo, a teoria do domínio do fato foi efetivamente desenhada pela pena de Claus
Roxin, que, no seio de uma visão funcionalista (o que significa enxergar o direito penal a
partir de sua função), trouxe uma nova roupagem ao instituto. Roxin (2000, p. 151)
enxergava que o elemento diferenciador entre autor e partícipe estaria no domínio da
ação, sendo, pois, autor aquele que assume o protagonismo da realização típica – logo,
autor é aquele que pratica os elementos do tipo dependendo apenas de si e de seu atuar.
Porém, além dessa hipótese, Roxin vislumbrou outras duas possibilidades de se “dominar
o fato”.
Uma delas está no domínio da vontade (ROXIN, 2000, p. 166-167), situação na qual o
autor da conduta não a pratica de mão própria, mas, sim, por meio da utilização de outro
sujeito, que atua em erro ou em estado de não culpabilidade, sendo o típico caso do
“homem de trás”.
Enquanto a outra forma, também conhecida como domínio funcional do fato (ROXIN,
2000, p. 307-398), consiste em verdadeira divisão de tarefas entre os diversos
protagonistas da ação típica. Em suma, diversas pessoas possuem o mesmo objetivo em
comum, a realização da ação típica, mas, para alcançá-lo, dividem a execução da ação em
tarefas, competindo a cada um uma fração essencial do todo – tanto que a não execução
de uma delas pode impossibilitar a consecução do objetivo comum –, sendo os
participantes da empreitada considerados coautores do delito.
Com essa construção, Claus Roxin apresentou um conceito restritivo de autor e, de certa
forma, limitou e muito o alcance do conceito unitário de autoria, pelo qual autor é todo
mundo que tenha, de alguma forma, contribuído ao delito dando causa ao mesmo (teoria
causal).
3.2. Demais conceituações:
3.2.1. Coautoria (baseado no princípio da divisão de tarefas)
Conceito: A coautoria é autoria; sua particularidade consiste em que o domínio
do fato unitário é comum a várias pessoas. Coautor é quem, possuindo as qualidades
pessoais de autor, é portador da decisão comum a respeito do fato e em virtude disso toma
parte na execução do delito.
- São aqueles que têm o domínio funcional dos fatos, dentro do conceito de divisão
de tarefas. Serão coautores todos aqueles que tiverem uma participação importante e
necessária ao cometimento da infração. Com essa ideia é possível perceber a
fragmentação operacional.
b) Autoria incerta: Sabe-se quais são os possíveis autores, mas não consegue
concluir, com certeza quem foi o produtor do resultado.
Exemplo acima.
c) Autoria desconhecida: É quando não se faz ideia de quem teria causado ou ao
menos tentado praticar a infração penal. Não se pode imputar o fato a qualquer pessoa
por não saber quem foi o autor do delito.
4. Participação:
4.1. Conceito: São aqueles que exercem papeis secundários na prática da infração
penal. Atuam como coadjuvantes da história, enquanto o autor atua como protagonista.
- O partícipe é aquele que contribui para o delito alheio, sem realizar a figura
típica, nem tampouco comandar a ação.
- É preciso optar por uma das quatro teorias para saber quando aquele que exerce
papel secundário se torna um partícipe:
a) Teoria da acessoriedade mínima
b) Teoria da acessoriedade limitada
c) Teoria da acessoriedade máxima
d) Teoria da hiperacessoriedade
b) Elementares: São dados essenciais à figura típica, sem os quais ou ocorre uma
atipicidade absoluta (indiferente penal), ou uma atipicidade relativa (desclassificação).
Ex.: A é funcionário público, e junto de B, que tem consciência da condição de
A, roubam um computador da repartição de onde A trabalha. – Art. 312, CP. Ambos
responderão por peculato-furto.
Sendo uma elementar, de acordo com a parte final do art. 30 do CP, será estendida
ao coparticipante que responderá pelo mesmo crime do agente típico.
- A polêmica do concurso de pessoas no infanticídio!
- Conhecimento da circunstância elementar por parte do coautor ou
partícipe: é indispensável que o concorrente tenha noção da condição ou da circunstância
de caráter pessoal do comparsa do delito, pois, do contrário, não se poderá beneficiar do
disposto no art. 30. Assim, caso uma pessoa não saiba que está prestando auxílio a um
funcionário público para apropriar-se de bens móveis pertencentes ao Estado (peculato
para o funcionário – art. 312, CP), responderá por furto.
- Crime de mão própria: Para a sua caracterização é preciso que o sujeito ativo
no tipo penal, pratique a conduta pessoalmente. Tem natureza personalíssima.
Ex.: Falso testemunho (art. 342, CP) – somente a própria testemunha.
Ex.2: Deserção (art. 187 do CPM) – somente o próprio militar.
- Perguntas:
- É possível falar em autoria mediata nos chamados crimes de mão própria?
Como regra geral, não! No entanto há a exceção no caso em que há falso
testemunho praticado mediante coação irresistível (art. 22, CP).
- É possível falar em coautoria em crimes de mão própria?
Como regra geral, também não! Por se tratar de infração personalíssima, não há
que se falar em divisão de tarefas. Porém também há uma exceção: Pode ser atribuído ao
advogado a coautoria por crimes de falso testemunho. (Posicionamentos do STJ e do
STF).
a) Participação sucessiva:
É possível. Tem que haver relevância na instigação subsequente, senão não poderá
o partícipe ser punido. Tem que haver nexo de causalidade.
Ex.: A induz B a matar C. Sem saber do precedente, D induz B a matar C.