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PARTE GERAL
SUMÁRIO
Unidade VI – Concursos
Capítulo 1 – Concurso de pessoas e societário
Capítulo 2 – Concurso de crimes
CAPÍTULO VI
CULPABILIDADE
Introdução:
“Deve ser concebida como reprovação, mais precisamente, como juízo de reprovação
pessoal que recai sobre o autor, por ter agido de forma contrária ao Direito, quando podia
ter atuado em conformidade com a vontade da ordem jurídica.” (Sanzo Brodt)
• Livre-arbítrio ou determinismo:
- Livre-arbítrio prega que o homem é moralmente livre para fazer suas escolhas. É a
responsabilidade moral do indivíduo
- Determinismo aduz que o homem não é dotado desse poder soberano de escolha,
mas sim que fatores internos e externos podem influenciá-lo na prática da infração penal.
“O homem é produto do meio” – Rousseau.
TEORIAS DA CULPABILIDADE:
- Elementos da culpabilidade:
– Imputabilidade
– Potencial consciência da ilicitude
– Exigibilidade de conduta diversa
1. Imputabilidade
- Capacidade de culpabilidade
- A imputabilidade é a regra, a inimputabilidade a exceção.
- Constituída de dois elementos:
* Intelectual (entender) – capacidade de entender o caráter ilícito do fato. Noção dos
efeitos da ação no mundo social.
* Volitivo (comportar / vontade de praticar) – capacidade de determinar-se de acordo
com esse entendimento. Ter condições de avaliar o motivo que o impele à ação, e o valor
inibitório da ameaça penal.
- Hipóteses de inimputabilidade do agente:
a) Voluntária:
- Actio libera in causa: “são os casos em que alguém é causador, por ação ou omissão,
de algum resultado punível, tendo se colocado naquele estado, ou propositadamente, com
a intenção de produzir o evento lesivo, ou sem essa intenção, mas com previsão da
possibilidade do resultado, ou, ainda, quando a podia ou devia prever.” (Narcélio de
Queiroz).
I - Voluntária em sentido estrito
- Quando o agente, por vontade, faz ingestão de bebidas alcoólicas com a finalidade
de se embriagar.
- Atenção: Embriaguez preordenada: agravante previsto no art. 61, II, L do CP.
II - Voluntária culposa
- Deixa de observar o cuidado, e ingere quantidade suficiente que o coloca em estado
de embriaguez. Embriaga-se sem que fosse a sua intenção colocar-se neste estado.
b) Involuntária:
I - Completa
- § 1º do inciso II do art. 28 = art. 26 – isenção de pena do agente. Homem cai em
barril de cachaça e comete crime.
- Equipara-se ao art. 45 da 11.343/06. Boa noite cinderela.
II – Incompleta
- § 2º do inciso II do art. 28.
- Equipara-se ao art. 46 da Lei 11.343/06
* Espécies:
a) direto / b) indireto / c) mandamental
a) Erro de proibição direto: o agente, por erro inevitável, realiza uma conduta
proibida, ou por desconhecer a norma proibitiva, ou por conhecê-la mal, ou por não
compreender o seu verdadeiro âmbito de incidência.
Ex.: Holandês que fuma maconha no Brasil. Gringo que sai pelado nas ruas em
tempos de carnaval.
Ex.2: Caçador que caça capivaras para seu sustento mesmo depois do advento da
Lei 9.605/98 (condutas lesivas ao meio ambiente).
b) Erro de proibição indireto: Ocorre quando o agente conhece o conteúdo da
proibição da norma, porém pensa que sua conduta está acobertada por uma causa exclusão
da antijuridicidade. O autor erra sobre a existência ou os limites da proposição permissiva.
c) A ordem tem que ser cumprida dentro dos limites que lhe foram determinados.
Se extrapolar os limites, o agente não poderá ser beneficiado com a causa de exclusão da
culpabilidade.
- Exemplos: Atirador de elite atira após ordem de seu superior e mata antigo
desafeto do superior sem saber quem era o executado.
- Ex.: 2: Art. 315, CP. Trata-se de crime próprio. Somente pode praticá-lo o agente
público que tenha atribuição legal para ordenar a geração de despesas. Ressalva Cezar
Roberto Bitencourt: “Não abrange, ao contrário do previsto no art. 359-A, quem apenas
realiza, isto é, quem cumpre ou executa a ordem expedida pelo sujeito ativo próprio, o
‘ordenador de despesas’. Nesse caso, à evidência, o funcionário que executa a ordem
deverá ter sua conduta examinada à luz do art. 22, segunda parte, do CP, ou seja, à luz do
princípio da obediência hierárquica”.
4. Coculpabiliade:
* Conceito: Serve para apontar e evidenciar a parcela de responsabilidade que
deve ser atribuída à sociedade quando da prática de determinadas infrações penais pelos
seus “supostos cidadãos”. Quando tais pessoas praticam crimes, devemos apurar e dividir
essa responsabilidade com a sociedade.
* Fundamento: O reconhecimento da coculpabilidade é importante instrumento
na identificação da inadimplência do Estado no cumprimento de sua obrigação de
promover o bem comum, além de reconhecer, no plano concreto um direito fundamental
do cidadão. (art. 5º, § 2º, da CF/88).
Ex.: Mendigos que fazem sexo em baixo da ponte por não terem outro local para
praticar. Praticam o delito de ato obsceno?
- Pode ser aplicada uma atenuante genérica, prevista no art. 66, CP.