Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ANDRÉ MOTA
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
MENSAGEM INICIAL
André Mota.
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
NOÇÕES DE JURISDIÇÃO
2. CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO
a) Inércia e impulso oficial: o artigo 2º, CPC, aponta que o processo começa
por iniciativa da parte, consagrando, desse modo, o princípio da inércia, o qual fora
visto na aula anterior, e que tem como objetivo preservar a imparcialidade do julgador.
A segunda parte do mesmo dispositivo diz que o processo se desenvolve por impulso
oficial. Assim, uma vez proposta a ação, o judiciário passará a realizar,
automaticamente, todos os atos necessários ao processamento da causa, até a
resolução do litígio.
Presenciei, certa vez, situação na qual havia sido proposta uma demanda por
um cidadão que estava sendo perturbado, quase que diariamente, pelo ruído de som,
projetado por uma casa de eventos. Analisando os autos, o juiz, ao invés de adotar as
providências cabíveis, proferiu sentença, extinguindo o processo sem resolução de
mérito, indicando ao autor que procurasse os órgãos administrativos para que os
mesmos tomassem as providências necessárias à cessação dos barulhos. A conduta
do magistrado demonstrou claramente que o mesmo havia “declinando” da função de
julgar e reparar o direito lesado.
Urge ressaltar que, ainda que não haja preceito legal que discipline a relação
posta em juízo, o juiz deverá se valer da analogia, dos costumes e dos princípios
gerais (artigo 4º da Lei da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro- LINDB).
ATENÇÃO!
O fato da lei atribuir, em alguns casos, tratamento diferenciado a certas
pessoas, não fere o princípio em estudo. Por exemplo, é perfeitamente possível
conceder prazo em dobropara todas as manifestações processuais quando a parte for
oministério público, fazenda pública ou defensoria pública (arts. 180, 183 e 186, CPC).
Lembre-se de que a igualdade “real” consiste em atribuir tratamento igual aos iguais
e tratamento desigual aos desiguais, na medida de suas desigualdades.
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
COMPETÊNCIA
1. Definição
estando na qualidade de ré, poderão ser aforadas na seção judiciária em que for
domiciliado o autor, naquela em que tiver ocorrido o ato ou fato que deu origem à
demanda ou onde esteja situada a coisa, ou ainda, no distrito federal.
ATENÇÃO!
Em se tratando de ação de investigação de paternidade cumulada com
alimentos, a competência será da regra especial, ou seja, foro do domicílio do
alimentando (Súmula 1, STJ).
1
Por falar em juizados especiais cíveis, caso você seja profissional e necessite
de atualização na prática jurídica, indico que conheça o nosso curso “A Advocacia
nos Juizados Especiais Cíveis” constante em nossa plataforma.
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
ATENÇÃO!
A sociedade ou associação sem personalidade jurídica não poderá opor a
irregularidade de sua constituição quando demandada. (art. 75, § 2o, CPC).
ATENÇÃO!
Não confunda capacidade de ser parte com legitimidade ad causam. A
capacidade de ser parte é vista diretamente, com objetividade (quem pode e quem
não pode ser parte num processo!) ao passo que a legitimidade ad causam (uma
das condições da ação) se refere à titularidade (legitimidade) do direito lesado: tem
legitimidade ativa quem teve o direito violado e tem legitimidade passiva quem violou
o direito.
Então, exemplificando, Maria pode ter a capacidade de ser parte (pois é
pessoa física), mas não ter legitimidade para propor uma dada ação, pois não fora
ela quem teve o direito violado.
sobre o bem disputado, motivo pelo qual haverá a necessidade de sua participação
ou autorização. Esta regra processual só não será aplicada se o regime do casamento
for o da separação de bens (art. 73, CPC). Ressalte-se que o consentimento pode
ser suprido judicialmente quando for negado por um dos cônjuges sem justo motivo,
ou quando lhe seja impossível concedê-lo.
Por outro lado, ambos os cônjuges deverão ser citados (figurarão como réus)
nas ações que versem sobre direito reais imobiliários ou nos casos de composse ou
de atos por ambos praticados.
Preocupado com a defesa dos interesses dos incapazes, o legislador criou o
instituto da representação, que nada mais é do que a defesa em juízo, em nome
alheio, de interesse alheio.
Assim, os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores
ou curadores (artigo 71, CPC). Numa ação de alimentos proposta contra o pai, por
exemplo, o incapaz será o autor (pois o direito é seu!), mas, como não poderá estar
em juízo, deverá ser representado por sua genitora. Perceba que a mãe estará na
qualidade de representante, pois estará em nome alheio (pois a criança é quem
figurará como autora da ação), defendendo interesse alheio (interesse da criança).
Ainda dentro da temática da representação, é necessário ficar atento à
representação do artigo 75 do CPC. É que, nele, o legislador listou uma série de
entes com os seus respectivos representantes judiciais, ativos ou passivos.
Isto quer dizer que todas as pessoas e entes que estão listados no
mencionado artigo terão a capacidade de ser parte (pois poderão ser autores ou
réus), mas para terem a capacidade de estar em juízo necessitarão estar
representados pelos sujeitos que lá figuram, senão vejamos: a)a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Territórios,pela Advocacia-Geral da União, diretamente ao
mediante órgão vinculado; b) o Município, por seu prefeito, procurador ou associação
de representação de municípios, quando quando expressamente autorizada; c) a
massa falida, pelo administrador judicial; d) a herança jacente ou vacante, por seu
curador; e) o espólio, pelo inventariante; f) as pessoas jurídicas, por quem os
respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores; g) IX -
a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem
personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens;
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
→Capacidade postulatória:
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
A) Assistência
B) Chamamento ao processo
com vistas a fomentar diversas atividades de interesse social e, como forma de gerar
vínculos próprios, adota-se o princípio da autonomia patrimonial, de modo que a sua
personalidade não se confunde com a personalidade das pessoas naturais que as
integram.
Ocorre que, muitas vezes, dita proteção acaba por servir de “escudo” para o
desvio de finalidade e outras práticas escusas.
Neste diapasão, foi necessário criar um instrumento efetivo para combate a estes
abusos, de modo que o mesmo servisse para atingir os bens de seus sócios
integrantes: é a desconsideração da personalidade jurídica, prevista no artigo 50 do
Código Civil bem como pela Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor).
O CPC de 2015, em seus artigos 133 a 137 trata dos aspectos processuais do
referido instituto. Vejamos:
DO JUIZ
a) Poderes-deveres
B) Responsabilidades
C) Atuação processual
III- inércia: o juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe
defeso conhecer de questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa
da parte (art. 141, CPC).
IV- simulação: convencendo-se, pelas circunstâncias da causa, de que autor
e réu se serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim proibido
por lei, o juiz proferirá sentença que obste aos objetivos das partes e ainda poderá
aplicar, de ofício, as penalidades por litigância de má-fé. É o que determina o artigo
142, CPC. Imagine, por exemplo, que marido e mulher utilizaram do processo para
simular uma separação com partilha de bens, com o intuito de fraudar credores.
Percebendo a simulação, deverá o juiz extinguir o feito sem resolução de mérito.
V- impulso oficial: caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte,
determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências
inúteis ou meramente protelatórias (art. 370, CPC). A jurisdição necessita de
provocação da parte apenas para instaurar e não para resolver a relação processual.
Isto quer dizer que, uma vez provocado, o juiz passará a atuar por impulso oficial, ou
seja, “por dever do cargo”.
VI-princípio da livre convicção motivada (persuasão racional): o juiz
apreciará a provaconstante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver
produzido, e indicará na decisão os motivos que lhe formaram o convencimento.
Em outros termos, significa dizer que o juiz é “livre” para formar o seu
convencimento com base no meio de prova constante dos autos (testemunhal,
pericial, documental, etc.), mas, na decisão, ele deverá informar quais foram essas
razões, ou seja, deverá dar publicidade ao raciocínio que utilizou para chegar àquela
conclusão. Essa “publicidade” serve para que a parte inconformada possa conhecer
do raciocínio empregado pelo juiz na decisão e, por consequência, possa “combatê-
la” por meiodo recurso cabível.
VII- identidade física do juiz: por esta regra, o juiz, titular ou substituto, que
concluir a audiência julgará a lide. A regra é de fácil assimilação: se o juiz colheu toda
a prova, esteve “cara a cara” com as partes e testemunhas, ninguém estará tão apto
a emitir a decisão senão ele próprio.
Interessante que a regra da identidade física do juiz, presente no artigo 132
do CPC/73 não foi repetida no CPC de 2015. Porém a mesma não foi abolida.
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
3. Responsabilidade
DA ADVOCACIA PÚBLICA
Por fim, assim como ocorre com o juiz e membro do Ministério Público, o membro
da Advocacia Pública será civil e regressivamente responsável quando agir com dolo
ou fraude no exercício de suas funções.
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
ATOS PROCESSUAIS
Assim como ocorre com os atos jurídicos em geral, os atos processuais são
ações voltadas à produção de feitos jurídicos. Aqui, todavia, o objetivo é produzi-los
no âmbito da relação jurídica processual (endoprocessual).
1. Forma
2. Publicidade
ATENÇÃO!
Os atos processuais realizados pelas partes produzem efeitos de imediato,
independentemente de homologação judicial. Significa dizer que se, por exemplo, o
recorrente renuncia expressamente ao direito de recorrer (ato de disposição), não
pode ele, posteriormente, “voltar atrás” e querer interpor o recurso, pois o ato
processual de renúncia produziu instantaneamente os seus efeitos.
Mas, atenção! A regra cima possui exceção: ela diz respeito à desistência da
ação(art. 200, parágrafo único, CPC). A desistência da ação somente produzirá efeitos
depois de homologada pelo juiz. Assim, por exemplo, se o autor apresentar petição
na qual desiste da ação, enquanto esta não for homologada pelo juiz, poderá ele
“voltar atrás” e dar seguimento ao feito.
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
CITAÇÃO
1. Definição
2. Modalidades
A citação ficta, por sua vez, é aquela em que há uma mera presunção ou
ficção de que o destinatário tomou conhecimento. Aqui se incluem as citações por
hora certa (feita quando há suspeita de ocultação do réu que fora procurado por duas
vezes) e por edital (réu incerto ou que reside em local incerto ou não sabido). Nestas
situações, não se tem a certeza de que o réu tomou conhecimento (pois inexiste
qualquer elemento “real” que afirme sua ciência), mas há tão somente uma presunção
criada pela lei.
3. Efeitos
4. Proibições
6. Citação x Intimação
PRAZOS PROCESSUAIS
1. Definição
Sabe-se que o direito não protege os que dormem. Assim, faz-se mister a
fixação de lapso temporal no qual deva ser o ato processual realizado, tudo com o fito
de evitar com que o processo se eternize.
Prazo processual é o lapso temporal no qual o ato processual deva ser
praticado.
2. Classificação
→ judiciais: são aqueles fixados pelo juiz. Quando a lei não estipular o prazo,
o juiz o fixará, atentando a complexidade do ato (ex: a lei não menciona qual o prazo
para a entrega do laudo pericial, deixando para que o juiz fixe).
Ressalte-se que, não havendo prazo legal ou judicial, o ato a cargo da parte
deverá ser realizado em 5 (cinco) dias (artigo 218 § 3o, CPC).
ATENÇÃO!
Duas observações precisam ser feitas.
3. Contagem
ATENÇÃO!
Lembre-se de que certos sujeitos possuem a prerrogativa de prazos mais
“elastecidos”. Assim:
O Ministério Público e as pessoas jurídicas de direito público disporão
de prazo dobrado para manifestação nos autos (artigos 180 e 183, CPC); Quando os
litisconsortes tiverem diferentes procuradores, de diferentes escritórios de
advocacia, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e,
de modo geral, para falar nos autos (art. 229, CPC); a defensoria pública também
terá todos os prazos contados em dobro (art. 186, CPC).
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
DA TUTELA PROVISÓRIA
Existem situações, por outro lado, em que a urgência vai mais além,
justificando a entrega imediata do próprio objeto da relação litigiosa, sob pena de
perecimento do direito postulado pela parte: são os casos de tutela de urgência de
natureza antecipada.
Imagine, por exemplo, que o plano de saúde negasse autorização de cirurgia
a determinado paciente, levando-o a ajuizar ação de obrigação de fazer. Sendo a
cirurgia de urgência, não poderia o autor esperar todo o transcorrer da relação
processual para só ao final poder submeter-se a intervenção cirúrgica. Assim, seria
necessária providência de urgência que possibilite o gozo imediato do próprio objeto
do litígio (no caso, a obrigação de fazer).
Dentro de uma perspectiva do amplo acesso, o objetivo da jurisdição é
conceder a solução justa, ou seja, apta a produzir efeitos que restabeleça, em efetivo,
a ordem jurídica abalada.
O CPC de 2015 tratou das tutelas de urgência (de natureza cautelar e
antecipada) em sua parte Geral, Livro V.
A) Considerações gerais
B) Requisitos
C) Características
D) Distinção
Na petição inicial, o autor terá de indicar o valor da causa, que deve levar em
consideração o pedido de tutela final.
Vale salientar que o aditamento dar-se-á nos mesmos autos, sem incidência de
novas custas processuais.
Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar
ou invalidar a tutela antecipada estabilizada.A tutela antecipada conservará seus
efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada por decisão de mérito proferida
na ação ajuizada.
Para instruir a petição inicial da ação, qualquer das partes poderá requerer o
desarquivamento dos autos em que foi concedida a medida, devendo a demanda ser
distribuída por dependência perante o juízo em que a tutela antecipada foi concedida.
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos
respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar,
proferida em ação ajuizada por uma das partes.
→ Petição inicial:a petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar
em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do
direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.
→ Citação: o réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido
e indicar as provas que pretende produzir.
Vale ressaltar que o pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o
pedido de tutela cautelar (art. 308, § 1o, CPC).
TUTELA DE EVIDÊNCIA
Ocorre, todavia, que existem situações onde o direito da parte é tão evidente que
seria injusto fazê-la esperar por todo o trâmite processual para que a mesma viesse
gozar o bem da vida.
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos
constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar
dúvida razoável: caso a petição inicial esteja devidamente instruída com prova
suficiente dos fatos constitutivos do autor, e o réu não apresente prova que seja capaz
de colocar o magistrado diante de dúvida razoável, poderá haver o deferimento da
tutela de evidência.
A) FORMAÇÃO
ATENÇÃO!
Estabelecidas as regras, podemos estabelecer o seguinte esquema de
fixação:
B) SUSPENSÃO
C) EXTINÇÃO
emenda da petição inicial em 5 (cinco) dias. V- quando o autor não emendar a petição
inicial nos casos legais
por três vezes, der causa à extinção do processo mediante abandono; a litispendência
ocorrerá quando o autor ajuizar ação que se encontra em curso; outrossim, haverá
coisa julgada quando se ajuizar ação anteriormente julgada e da qual não caiba mais
recurso.
→ quando verificada a ausência de legitimidade ou interesse processual:
as condições da ação também são matéria de ordem pública e que, se não estiverem
presentes, ocasionam a extinção do processo sem resolução de mérito. A respeitos
das condições da ação, confira as considerações feitas na parte II, capítulo únicodesta
obra.
→ pela convenção de arbitragem: é fato impeditivo que, se presente,
provoca a extinção processual. Se duas pessoas, ao celebrarem determinado negócio
jurídico, estipularam que um árbitro ou câmara arbitral resolveria eventual conflito, não
pode uma delas, uma vez instalada a controvérsia, dirigir-se ao judiciário em virtude
de fato impeditivo existente (convenção de arbitragem). Caso isso ocorra, o réu
poderá, na contestação, alegar a existência de convenção de arbitragem, pedindo a
extinção do processo sem resolução de mérito (artigo 337, X, CPC).
→ quando o autor desistir da ação: aqui, três nuances são muito
importantes e precisam ser verificadas: A primeira, no sentido de que desistência da
ação (modalidade de extinção do processo sem resolução do mérito) não se confunde
com renúncia ao direito em que se funda a ação (modalidade de extinção do processo
com resolução de mérito).
A segunda, é que, apresentada a contestação, o autor não poderá, sem o
consentimento do réu, desistir da ação(artigo 485, § 4o, CPC). É que o réu também
tem direito à tutela jurisdicional e pode ter interesse em dar continuidade ao processo,
a fim de ver o mérito sendo julgado. Ademais, como a extinção por desistência
ocasiona a extinção sem resolução de mérito, o réu poderia ficar com o receio de que
a parte autora mais tarde ajuizasse nova demanda.
A terceira, é que a desistência da ação pode ser apresentada até a sentença
(art. 485, § 5o, CPC). Depois de proferida a sentença, não há como haver a
desistência, uma vez que a demanda já fora julgada.
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
PROCEDIMENTO COMUM
1. PETIÇÃO INICIAL
A) Requisitos
Para que produza efeitos, é necessário que a mesma atenda aos requisitos
legais, previstos nos artigos 319 e 320 do CPC:
Ressalte-se que, caso não disponha das informações relativas à qualificação das
partes, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
sua obtenção. Ademais, a petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta
dessas informações, for possível a citação do réu.
B) Pedido
ocorre, por exemplo, com a ação movida contra companhia aérea para o cumprimento
de obrigação de fazer (entrega de mala extraviada) ou pagamento do correspondente
em perdas e danos.
#alternativa: quando a obrigação puder ser satisfeita por mais de uma forma.
É o que ocorre com ação ajuizada contra uma casa de eventos que perturba vizinho.
Formulam-se dois pedidos: que a ré seja condenada a se abster de produzir barulhos
a partir de determinado horário ou que proceda com a instalação de acústica que
impeça a proliferação dos ruídos. O ponto marcante e que diferencia a cumulação
subsidiária da cumulação alternativa é que, aqui, não há ordem de prioridade entre
os pedidos. Na cumulação alternativa, o que o autor busca é a realização da
obrigação, não importando como.
O segundo aspecto importante, relativamente ao pedido, é o que ele deve ser
certo e determinado.
A certeza diz respeito à natureza do pedido (o que é devido ao autor, ou seja,
o andebeatur), podendo ser obrigação de pagar quantia, fazer, não fazer ou entrega
de coisa.
Assim, se o autor ajuizar ação requerendo ressarcimento pelos danos
materiais sofridos, não poderá receber indenização por danos morais, ainda que o
magistrado perceba um constrangimento de ordem moral, uma vez que tal pleito não
foi formulado.
Porém, existem situações onde, ainda que a parte não formule dado pedido,
este será atendido, por ser o mesmo mera decorrência da sucumbência. É o que
chamamos de pedido implícito, tal como ocorre com a condenação da parte
sucumbente ao pagamento das custas processuais, honorários advocatícios e juros
legais, os quais serão deferidos ainda não formulados.
Além de certo, deverá o pedido ser determinado, de modo que deve o autor
especificar o montantedo pedido (o quanto devido, ou seja, o quantum debeatur).
Assim, em uma ação ajuizada, além do autor indicar a natureza do seu pedido
(indenização por danos materiais, por exemplo), é necessário que ele informe,
também, o quanto lhe é devido (quantum debeatur).
O legislador possibilita, excepcionalmente, que o autor formule o chamado
“pedido genérico”. Significa dizer que existem situações em que, embora seja possível
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
ao autor informar o que lhe é devido (andebeatur), não tem ele condições de apontar
o quanto lhe é devido (quantum debeatur). É permitido formular pedido genérico nos
seguintes casos:
#nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os
bens demandados: ações universais são aquelas em que se demandam uma
universalidade ou “coletividades” de bens ou direitos. É o que ocorre com o filho que
ajuíza ação de petição de herança, mas não tem conhecimento da totalidade dos bens
existentes no patrimônio do autor da herança. Ele faz um pedido certo, dizendo o que
lhe é devido (herança), mas o pedido não é determinado, pois ele não tem condições
de determinar o quanto a que tem direito.
#quando não for possível determinar, de modo definitivo, as
consequências do ato ou do fato ilícito: é possível que as consequências de um
ato ilícito causado ao autor ainda não tenha cessado quando do ajuizamento da ação.
É o que ocorre com alguém que, ao ajuizar ação de indenização por danos materiais,
ainda está em processo de recuperação (pagando diárias hospitalares, fisioterapias,
medicamentos, etc.). Neste caso, apesar de apontar na inicial o andebeatur, ou seja,
o que lhe é devido (indenização por danos materiais), não tem o autor como apontar
o quantum debeatur, ou seja, o quanto devido, haja vista que as consequências
danosas ainda não cessaram.
#quando a determinação do valor da condenação depender de ato que
deva ser praticado pelo réu: é possível, também, que o quantum debeatur dependa
de ato a ser praticado pelo réu. Exemplo comumente citado é o da ação de prestação
de contas. Se João, que mantém parceria em dado negócio com Marcos, deixa de
prestar contas do apurado, impedindo que o mesmo tenha sua participação real nos
lucros, Marcos poderá ajuizar ação de prestação de contas. Ocorre que o valor devido
ao autor dependerá de ato a ser praticado pelo réu (a prestação das contas).
Além do pedido que é objeto da ação, é possível que a parte autora deseje
apresentar outros requerimentos subjacentes.
1.060/50, desde que a parte não possua suficiência de recursos para pagas as custas
processuais e honorários advocatícios.
Mas, surge uma dúvida entre os(as) advogados(as): onde devo elaborar esse
requerimento específico de gratuidade ou tramitação prioritária: Como um tópico
“preliminar” na petição inicial ou nos fundamentos jurídicos do pedido?
Bem, antes de mais nada, é bom ressaltar que não existe previsão legal para
“preliminar” em petição inicial, sendo este um compartimento específico da
contestação (art. 337, CPC). Por isso, a forma adequada é proceder com o
requerimento no tópico voltado para os fundamentos jurídicos do pedido (denominado
por alguns como “do direito”). Este tópico é destinado não apenas para a exposição
do direito litigioso (objeto da lide), como também para direitos subjacentes, a serem
pleiteados pela parte, tais como a gratuidade e tramitação prioritária.
O problema é que, tradicionalmente, os advogados sempre se utilizaram de
uma “preliminar” na petição inicial, tendo em vista que essa seria uma forma de
chamar a atenção do magistrado, a fim de que o mesmo pudesse, mediante sumária
leitura, constatar de imediato o requerimento. Isso tem sido feito até nos dias de hoje.
Ocorre que, com o advento do processo judicial eletrônico (PJE), é possível à
parte, ao cadastrar a petição inicial no sistema, selecionar o item desejado (gratuidade
ou tramitação prioritária). Assim, como hoje isso já é possível, não existe mais a
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
2. ADMISSIBILIDADE
A) Emenda
B) Indeferimento
I - for inepta: Considera-se inepta a petição inicial quando lhe faltar pedido ou
causa de pedir; o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que
se permite o pedido genérico; da narração dos fatos não decorrer logicamente a
conclusão ou quando a petiçãocontiver pedidos incompatíveis entre si.
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321: conforme vimos na aula
10 deste curso começando do zero, estes artigos referem-se ao descumprimento de
providências emanadas do juiz, a saber: a) dever que tem o advogado de informar, no
prazo de cinco dias, o endereço, seu número de inscrição na OAB e o nome da
sociedade de advogados da qual participa, para o recebimento de intimações, caso
não tenha feito na petição inicial; b) dever de emendar a petição inicial, no prazo de
15 dias, quando existentes vícios que possam ser corrigidos.
4. POSTURAS DO RÉU
Uma vez citado, o réu poderá contestar ou, simplesmente, deixar transcorrer o
prazo de defesa sem oferecer qualquer resistência.
A) Inércia
→ julgamento antecipado do mérito (artigo 355, II, CPC): como o réu não
apresentou a contestação, os fatos afirmados pelo autor se tornaram incontroversos.
Sendo assim, não haverá necessidade de produção de provas (pois só se prova aquilo
que é controvertido!), podendo o juiz, por consequência, julgar antecipadamente
omérito.
Quanto aos efeitos materiais, se o réu não contestar a ação, será considerado
revel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor. Como
os fatos narrados na petição inicial não encontraram resistência pela parte adversária,
os mesmos se tornaram incontroversos e, portanto, presumidos como verdadeiros.
Existem situações, entretanto, em que não ocorrerão os efeitos materiais da
revelia. Em outras palavras, é possível que o réu seja revel, mas o juiz não possa
presumir como verdadeiros os fatos afirmados na inicial. As hipóteses estão previstas
no artigo 345, CPC e para entendê-las é necessário seguir um simples raciocínio
lógico, senão vejamos:
→havendo pluralidade de réus, um deles contestar a ação: se uma
demanda é proposta contra mais de um réu, basta que um deles apresente a
contestação para que os fatos narrados na inicial se tornem controvertidos. Imagine,
por exemplo, que Maria propõe ação de indenização em face de um médico e de uma
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
B) Contestação
→ coisa julgada: Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida
por decisão transitada em julgado.
Nada obsta que, no prazo de 15 (quinze) dias, o autor possa optar por alterar a
petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.
Por outro lado, NO MÉRITO, incumbe ao réu alegar toda a matéria de defesa,
expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e
especificando as provas que pretende produzir.
Será direta quando o réu negar os fatos. (ex: empresa ré que, em ação de
indenização, nega que alarme da loja fora equivocadamente acionado quando o autor
estava saindo) ou negar seus efeitos jurídicos (ex: no exemplo citado, a ré poderia
apenas dizer que, embora o alarme tivesse sido acionado, o fato não constituiria
motivo para surgimento de dano moral).
A defesa será indireta quando o réu, embora não negue as afirmações feitas
na petição inicial, apresenta outros fatos que são extintivos, modificativos ou
impeditivos do direito do autor. Imagine, por exemplo, uma ação de cobrança de dívida
proposta por Maria em face de João. Este poderia apresentar defesa
indiretaconfirmando a celebração de dívida com o autor, mas alegando fatos novos,
no sentido de que a dívida já fora paga (fato extintivo), fora paga pela metade (fato
modificativo) ou que já prescreveu (fato impeditivo).Considerando que, com a defesa
indireta o réu traz fatos novos, é necessário que o autor seja intimado para se
pronunciar sobre eles por meiodo instrumento denominado réplica ou impugnação à
contestação (artigo 350, CPC).
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
Existem situações em que o réu alega ter pretensão em face do autor e essa
pretensão está justamente relacionada aos fatos trazidos na ação originariamente
intentada. Assim, por uma questão de economia processual, poderá o réu, em vez de
propor ação em separado, demandar contra o autor no mesmo processo em que fora
demandado. Isto se faz por meio do instrumento de reconvenção. O legislador
estabeleceu a sua utilização com o intuito de evitar a proliferação de ações com
pedidos ou causa de pedir semelhantes.A reconvenção será apresentada na própria
contestação, no compartimento destinado ao mérito.
Ultrapassada a fase de resposta pelo réu, o juiz passa a ter uma “visão
panorâmica” da relação processual: já conhece a tese trazida pelo autor e a antítese
trazida pelo réu. Caberá, agora, ao mesmo estabelecer a síntese. Mas, antes de dar
seguimento ao processo, talvez seja necessário resolver algumas questões
“pendentes”. São as chamadas “providências preliminares”. Nesta fase poderão ser
adotadas as seguintes condutas:
B) Da Réplica
A) Da Extinção do Processo
Aqui, diz-se que a extinção se dará de forma “anormal” porque o “normal” é que
o processo seja extinto quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido.
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
Aqui o processo já está “maduro” para julgamento, não havendo que se falar em
necessidade de instrução. Na primeira hipótese, o feito está pronto para ser julgado
porque a matéria é de direito ou, sendo de fato, não há necessidade de produção de
outros meios de prova. Já na segunda hipótese (revelia), o julgamento antecipado é
possível, uma vez que os fatos são incontroversos, dada a presunção de veracidade.
É mister salientar que a decisão proferida que julgar parcialmente o mérito será
impugnável por agravo de instrumento.
Caso tenha sido determinada a produção de prova pericial, o juiz deverá nomear
o perito e, se possível, estabelecer, desde logo, calendário para sua realização.
III - as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu, que serão inquiridas.
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
II - se não puder comparecer, por motivo justificado, qualquer pessoa que dela
deva necessariamente participar;
III - por atraso injustificado de seu início em tempo superior a 30 (trinta) minutos
do horário marcado.
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
A) Considerações iniciais
1. Considerações gerais
2. Procedimento
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
AÇÕES POSSESSÓRIAS
1. Considerações iniciais
Verificamos que uma ação pode seguir um rito (procedimento) comum, que é
a regra geral. Mas também constatamos que existem ações as quais a lei estabeleceu
um rito especial, justamente com o objetivo de tutelar o direito material nela veiculado.
-> Ação possessória de rito comum: quando não intentada a ação dentro de ano e
dia. Saliente-se que a aplicação do rito comum não faz perder o caráter possessório
da ação (artigo 558, parágrafo único, CPC).
-> Ação possessória de rito especial: quando a posse tiver sido molestada dentro
de ano e dia. O prazo conta-se a partir da turbação ou esbulho praticado. Intentada a
ação no prazo aludido, o rito será o capitulado nos artigos 554 e seguintes do CPC.
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
3. Espécies
4. Procedimento
em perdas e danos, cominação de pena (uma multa, por exemplo) para o caso de
nova turbação ou novo esbulho, além de desfazimento de construção ou
plantação realizada em detrimento da posse.
Isto quer dizer, por exemplo, que, se o poder público estiver realizando uma
obra pública, por mais que o dono do imóvel vizinho alegue que está sendo turbado
em sua posse, haverá presunção (até prova em contrário) de que a obra está sendo
realizada em conformidade com a lei, motivo pelo qual o juiz não poderá conceder a
liminar sem, antes, ouvir o representante da respectiva pessoa jurídica.
EMBARGOS DE TERCEIRO
1. Definição
2. Finalidade e fundamento
3. Legitimidade
Parte legítima para figurar como autor da ação é o terceiro, sendo entendido,
por exclusão, como aquele que não ocupa um dos polos da relação jurídica
processual.
Frise-se que a legislação equipara a terceiro a pessoa que, não obstante
ostente a qualidade de parte, venha a defender bens que não poderiam ter sido
atingidos pela constrição judicial. Seja em virtude do título em que o possua, seja
pela qualidade em que o possua.
Atento a isso, o legislador considerou como terceiros, outorgando-lhes
legitimidade, os seguintes sujeitos: I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a
posse de bens próprios ou de sua meação, ressalvada a possibilidade de penhora de
bem imóvel, nos termos do artigo 843, CPC; II - o adquirente de bens cuja constrição
decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à
execução; III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de
desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte; IV - o
credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de
garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios
respectivos.
Legitimado passivo é aquele que figura como credor no processo principal
(autor/exequente/requerente), justificando-se pelo fato de que a constrição só foi
realizada em virtude de provocação inicial do demandante, já que fora este que
propunha a ação;
Nada obsta, entretanto, que venha o devedor figurar como réu, juntamente
com o demandante, acaso tenha sido ele o indicador do bem objeto da constrição
(artigo 677,§ 4o, CPC). Neste caso estaríamos diante de um litisconsórcio
passivonecessário, haja vista que a desconstituição da constrição poderia acarretar
prejuízos ao exequente, bem assim para o réu-executado, já que estaria este último
sujeito a sofrer nova constrição. Ressalte-se, entretanto, que, a teor da Súmula 303
do STJ, a condenação nas custas processuais e honorários advocatícios ficará a
cargo da parte que deu causa à ilegítima constrição (indicou o bem).
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
5. Procedimento
Os embargos são uma ação especial autônoma, a qual dá origem a um
processo incidente, distribuído por dependência perante o juízo que determinou a
constrição. O procedimento segue às seguintes regras:
→ Competência: é competente o mesmo juízo que ordenou a apreensão do
bem, mediante a expedição do mandado de constrição. Assim, embora realizado o ato
de constrição por intermédio do juízo deprecado, este apenas será competente se
tiver ordenado o ato em questão (art. 676, CPC).
→ Petição Inicial: deverá obedecer aos requisitos gerais do artigo 319
combinados com os específicos do artigo 677 do CPC, os quais exigem: a) prova
sumária da posse; b) prova da constrição, c) qualidade de terceiro; d)
documentos e rol de testemunhas.
→ Da Liminar: julgando suficientemente provada a posse, o juiz deferirá
liminarmente os embargos e ordenará a expedição de mandado de manutenção ou
de restituição em favor do embargante, que só receberá os bens depois de prestar
caução de os devolver com seus rendimentos, caso sejam afinal declarados
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
OPOSIÇÃO
1. Aplicação
2. Distinção
3. Procedimento
→ Petição inicial: o opoente deduzirá o pedido em observação aos requisitos
exigidos para propositura da ação. Destarte, o mesmo deverá atentar para as
formalidades do artigo 319 do CPC
→ Citação:Distribuída a oposição por dependência, serão os opostos citados,
na pessoa de seus respectivos advogados, para contestar o pedido no prazo comum
de 15 (quinze) dias.Ressalte-se que, se um dos opostos reconhecer a procedência do
pedido, contra o outro prosseguirá o opoente.
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
AÇÕES DE FAMÍLIA
1. Procedimento
→ Petição inicial: A petição inicial atenderá aos requisitos gerais previstos nos
artigos 319, CPC.
alíneas “a”, “b” e “c”, CPC). Em se tratando de ação movida por vítima de violência
doméstica e familiar, nos termos da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), deverá
a mesma ser proposta no foro do seu domicílio. É o que dispõe o artigo 53, I, “d”, com
redação dada pela Lei nº 13.894/2019.
AÇÃO MONITÓRIA
1. Breve digressão
O procedimento monitório, hoje previsto nos artigos 700 a 702, CPC, resulta
da fusão de atos típicos de cognição e de execução e é informado pela técnica da
inversão do contraditório. Nele, a cognição é fundada em prova documental
apresentada pelo autor, de modo a permitir, de imediato, a emissão de um
mandado dirigido ao réu contendo comando para pagar soma em dinheiro,
entregar bem móvel ou imóvel ou cumprir com obrigação de fazer ou não fazer.
2. Definição
É a ação, de rito especial, que tem por objetivo atribuir força executiva a
documento desprovido de tal caráter, para a consequente satisfação do direito do
credor, mediante o pagamento de soma em dinheiro, entrega de bem móvel ou imóvel
ou cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.
3. Procedimento
→ Petição Inicial: além dos requisitos gerais do artigo 319, CPC, a petição
deverá vir acompanhada de prova escrita (documento em sentido estrito), de modo a
permitir a cognição superficial típica deste procedimento. Vê-se que o modelo estrito
de documento (escrito) adotado pelo legislador afasta outras espécies de
documentação em sentido amplo, a exemplo de fotografias ou filmagens que
comprovam ter o credor prestado dado serviço ao devedor. Têm sido considerados
instrumentos hábeis à instrução da ação monitória: um cheque prescrito (Súmula 299,
STJ), uma nota promissória sem força executiva, contrato particular sem assinatura
de testemunhas, contrato de abertura de crédito em conta corrente (Súmula 247, STJ),
etc.
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
ATENÇÃO!
Duas observações devem aqui ser consignadas:
Em primeiro lugar, nada impede a apresentação de reconvenção no
procedimento monitório, consoante os termos do artigo 702, § 6 o, CPC.
A segunda observação é no sentido de que cabe ação Monitória em face da
Fazenda Pública. Embora surgissem vozes no sentido de não vislumbrar a
possibilidade, ante a normatividade dos precatórios, hoje o posicionamento é uniforme
no sentido de permitir a monitória em face da Fazenda Pública, como processo de
formação abreviado do título judicial. Isto quer dizer que a especialidade vai até a
formação do título, de modo a respeitar, posteriormente o preceituado para a
execução contra a fazenda pública. O CPC de 2015, seguiu esta trilha, ao permitir o
manejo da monitória em face da fazenda pública (artigo 700, § 6o, CPC).
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
Por derradeiro, cabe apontar que o juiz condenará o autor de ação monitória
proposta indevidamente e de má-fé ao pagamento, em favor do réu, de multa de até
dez por cento sobre o valor da causa. Da mesma forma, o juiz condenará o réu que
de má-fé opuser embargos à ação monitória ao pagamento de multa de até dez por
cento sobre o valor atribuído à causa, em favor do autor.
AÇÃO DE INTERDIÇÃO
1. Considerações iniciais
2. Legitimidade
3. Procedimento
1. Considerações iniciais
2. Definição
Vê-se, assim, que não apenas o credor tem o direito de receber, como também
o devedor tem o direito de pagar, exatamente para evitar os efeitos da mora (juros,
correção monetária, multa, etc.)
3. Espécies de Consignação
4. A Ação Judicial
→Petição inicial: além dos requisitos gerais do artigo 319, CPC, a peça inicial
deverá obedecer algumas particularidades deste procedimento.
Em primeiro lugar, acaso se trate de ação posterior à tentativa de consignação
extrajudicial, deverá a mesma conter cópia do comprovante de depósito bem como da
correspondência demonstradora da recusa.
Ademais, deverá a mesma conter os seguintes requisitos especiais:
#requerimento do depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado
no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese de ter sido
feito o prévio depósito extrajudicial.
# a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer resposta: a
peculiaridade da ação tem por efeito que o requerimento da citação do réu seja feito
em se considerando a postura que ele pode adotar em relação ao pedido formulado.
O réu na ação de consignação pode levantar a quantia ou coisa oferecida, o que
equivale ao reconhecimento da procedência do pedido, ou pode contestar o pedido.
→Intimação para o depósito: recebida a inicial, não sendo caso de
indeferimento, o autor será intimado para providenciar, no prazo de 5 (cinco) dias, o
depósito da quantia ou coisa devida. O depósito, aqui, consiste em condição de
procedibilidade, de modo que o processo será extinto sem resolução de mérito, acaso
não seja ultimado.
→Citação do consignado: a citação do consignado será feita pelo correio, a
menos que o autor requeira a citação por Oficial de Justiça ou que seja a hipótese de
que a citação seja necessariamente por edital.
→Contestação do réu: as regras que regem a defesa na ação de
consignação em pagamento não tratam a matéria de forma completa. A defesa será
apresentada no prazo de 15 (quinze) dias. Na contestação, o réu pode alegar todas
as matérias de defesa contra o processo (preliminares) e, no mérito, ele pode alegar
quaisquer das matérias do artigo 544, CPC (I- que não houve recusa ou mora em
receber a quantia ou coisa devida; II- que a recusa foi justa; III- o depósito não se
efetuou no prazo ou no lugar do pagamento; IV - o depósito não é integral).
Se o réu alegar que o depósito não fora integral, a lei permite ao autor efetuar
a complementação do depósito inicial, no prazo de dez dias. Essa complementação
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
não será possível, entretanto, se o não cumprimento integral da obrigação for prevista
contratualmente como causa da rescisão do contrato que gerou a obrigação de pagar.
→Levantamento da quantia depositada sem prejuízo da defesa: com a
alteração promovida pela Lei nº 8.951/94, o réu na ação de consignação passou a
poder levantar o depósito feito pelo autor sem prejuízo de sua defesa. Antes da lei, o
réu só poderia levantar o depósito ao final, o que acabava permitindo que a ação de
consignação fosse utilizada como uma ameaça ao credor, em especial em questões
de locação. O CPC de 2015 manteve a sistemática, de modo que o credor pode
levantar, de imediato, o depósito da parcela incontroversa (artigo 545, § 1o).
→Instrução: na consignação temos, via de regra, a desnecessidade de
audiência de instrução porque, na maioria dos casos, a matéria veiculada é de direito
ou, sendo de direito e de fato, os fatos são comprovados por documentos. Havendo
necessidade de prova em audiência, far-se-á como de costume, ou seja, é possível a
produção de todas as provas que o direito admite.
→Extinção da obrigação e a continuidade do processo: quando a Ação de
consignação tiver por fundamento dúvida sobre quem deva receber, comparecendo
ao processo mais de um interessado, o juiz resolverá a consignação, dizendo de sua
procedência ou não, e o processo passará a correr segundo o rito comum para que o
juiz decida quanto a quem deva ficar com o depósito.
→Julgamento da causa: A sentença possui natureza declaratória. O artigo
545 § 2º, CPC revela, todavia, uma peculiaridade. Ele permite ao juiz proferir uma
sentença de conteúdo condenatório em favor do réu (credor), em uma alteração
substancial do papel das partes no processo. Diz o mencionado artigo que a sentença
que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível, o
montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe o
cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária.
a) Princípio do título: não haverá execução sem um título que lhe corresponda.
O órgão jurisdicional não poderá autorizar o início da execução sem que haja um título
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
executivo, seja ele judicial ou extrajudicial. É por isso que o artigo 783 do CPC aponta
que “a execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação
certa, líquida e exigível.”
a) Título executivo
seja porque ela não está sujeita a termo ou condição, seja porque estes já foram
demonstrados.
Os títulos podem ser judiciais ou extrajudiciais.
Os títulos judiciais estão previstos no artigo 515 do CPC e consistem em
provimentos jurisdicionais, ou equivalentes, que contêm a determinação a uma das
partes de prestar algo à outra. Já analisamos a execução de sentença (fase de
cumprimento de sentença) neste nosso Curso Começando do Zero.
Por outro lado, os títulos extrajudiciais, previstos no artigo 784 do CPC, são
documentos, públicos ou particulares, que consubstanciam uma relação jurídica de
crédito e de débito e que recebem força executiva mediante expressa previsão legal.
São eles:
→ títulos de crédito: a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a
debênture e o cheque.
→ A escritura pública ou outro documento público assinado pelo
devedor.
→O documento particular assinado pelo devedor e por duas
testemunhas: diversamente da escritura pública ou documento público, aqui existe a
necessidade da presença de duas testemunhas ao ato jurídico, haja vista a natureza
particular do documento. É comum visualizar a espécie em questão na chamada
confissão de dívida, a teor do consubstanciado na Súmula 300, STJ.
→O instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela
Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores: muito comum vislumbrar
o instrumento em tela, no âmbito do MP, quando da celebração do Termo de
Ajustamento de Conduta. A Lei nº 11.737/08 outorgou legitimidade, também, à
defensoria pública para efetuar transação de alimentos que envolvam idosos (antes
só pertencia ao MP). É certo que a legitimidade para referendar as transações
relativas aos alimentos deve ser ampla, envolvendo, inclusive, àquelas concernentes
a outras pessoas;
→os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem
como os de seguro de vida.
→O crédito decorrente de foro e laudêmio: os créditos em questão surgem
do instituto da Enfiteuse. Pode ser definida como sendo o direito real que autoriza uma
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
→todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva: o inciso em tela demonstra que as hipóteses arroladas no artigo são
meramente exemplificativas (numerusapertus), de modo que o legislador, em outros
diplomas legislativos, poderá atribuir força executiva a certos documentos, a exemplo
do que ocorre com artigo 5º, § 6º da Lei nº 7.347/85, que trata do termo de ajustamento
de conduta firmado junto aos entes legitimados para a ação civil pública (União,
estados, municípios, autarquias, fundações, empresas públicas, sociedade de
economia mista, MP, Defensoria Pública, Associação).
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
b) Inadimplemento
Para que se torne viável a execução, é mister, além da presença do título, que
tenha havido a violação da norma jurídica, consistente na não satisfação espontânea
da obrigação nele consubstanciada. É por isso que o legislador afirma que “O credor
não poderá iniciar a execução ou nela prosseguir se o devedor cumprir a obrigação...”
(artigo 788, CPC).
A simples verificação, no título, de que ocorreu o vencimento é prova suficiente
do inadimplemento e consequente desencadeamento da atividade executiva.
Neste diapasão, incumbe ao devedor o ônus de provar a quitação da dívida,
mediante defesa em impugnação ao cumprimento de sentença (se a execução for de
título judicial) ou embargos à execução (se a execução for de título extrajudicial).
ATENÇÃO!
Aponte-se que, à luz da jurisprudência pacificada no STJ, o conceito de
impenhorabilidade do bem de família abrange também o imóvel pertencente a
pessoas solteiras, separadas ou viúvas (Súmula 364).
O conceito de bem de família não alcança a vaga de garagem autônoma
que tenha matrícula própria no registro de imóveis, consoante Súmula 449, STJ. É
que, neste caso, a unidade constitui-se em unidade independente e, por
consequência, poderá ser objeto de relações jurídicas autônomas (cessão, locação,
venda, etc.), não se confundindo com o principal.
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
ATENÇÃO!
A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil,
fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza. Mas existem situações em que
o bem de família poderá ser penhorado, senão vejamos:
# pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção
ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função
do respectivo contrato;
# pelo credor de pensão alimentícia;
# - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições
devidas em função do imóvel familiar;
# para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo
casal ou pela entidade familiar;
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
# por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença
penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
# por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.
A execução por quantia certa tem por objetivo expropriar bens do devedor a
fim de satisfazer o direito do credor, consubstanciado no título executivo judicial ou
extrajudicial.
Conforme exposto neste curso Começando do Zero em Processo Civil, os
procedimentos executivos possuem algumas diferenças, conforme se baseiem em
título judicial ou extrajudicial, especialmente quanto à forma de defesa do devedor.
O cumprimento de sentença já foi objeto de estudo.
Agora, cabe-nos deter na disciplina jurídica que norteia o procedimento
executivo das obrigações para pagamento de quantia certa.
A ação de execução de título extrajudicial segue, basicamente, o seguinte
esquema procedimental:
1. Propositura da ação
2. Admissibilidade
3. Citação
O executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias, contado
da citação. Do mandado de citação constarão, também, a ordem de penhora e a
avaliação a serem cumpridas pelo oficial de justiça tão logo verificado o não
pagamento no prazo assinalado, de tudo lavrando-se auto, com intimação do
executado.
Se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos bens
quantos bastem para garantir a execução. Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação
do arresto, o oficial de justiça procurará o executado 2 (duas) vezes em dias distintos
e, havendo suspeita de ocultação, realizará a citação com hora certa, certificando
pormenorizadamente o ocorrido. Incumbe ao exequente requerer a citação por edital,
uma vez frustradas a pessoal e a com hora certa.
4. Posturas do devedor
5. Continuidade da execução
ATENÇÃO!
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
6. Ferramentas executivas
Sabemos que o devedor responde com todos os seus bens para o pagamento
de suas dívidas, na conformidade do artigo 591 do CPC de 1973 e, agora, do artigo
789 do CPC em vigor. Mas, ao longo dos anos, a prática demonstrou que aludida regra
foi de difícil efetividade, na medida em que o executado sempre se utilizou de uma
série de expedientes capazes de culminar na frustração da execução.
a) SISBAJUD
b) RENAJUD
c) SERASAJUD
d) SNIPER
este se der de modo presencial, hipótese em que serão indicados o local, o dia e a
hora de sua realização; V - a indicação de local, dia e hora de segundo leilão
presencial, para a hipótese de não haver interessado no primeiro; VI - menção da
existência de ônus, recurso ou processo pendente sobre os bens a serem leiloados.
A arrematação constará de auto que será lavrado de imediato e poderá
abranger bens penhorados em mais de uma execução, nele mencionadas as
condições nas quais foi alienado o bem.
A ordem de entrega do bem móvel ou a carta de arrematação do bem imóvel,
com o respectivo mandado de imissão na posse, será expedida depois de efetuado o
depósito ou prestadas as garantias pelo arrematante, bem como realizado o
pagamento da comissão do leiloeiro e das demais despesas da execução.
A carta de arrematação conterá a descrição do imóvel, com remissão à sua
matrícula ou individuação e aos seus registros, a cópia do auto de arrematação e a
prova de pagamento do imposto de transmissão, além da indicação da existência de
eventual ônus real ou gravame.
DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE
Cabe, desde logo, ressaltar que existem três espécies de prescrição no processo
civil:
Esta última (prescrição intercorrente) é a que nos interessa, pois somente ela foi
objeto de mudança pela lei 14.195/2021.
Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano sem que seja localizado o executado
ou que sejam encontrados bens penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos
autos. Ressalte-se queos autos serão desarquivados para prosseguimento da
execução se a qualquer tempo forem encontrados bens penhoráveis.
ou de bens penhoráveis, e será suspensa, por uma única vez, pelo prazo máximo
de um ano, que é exatamente o período de suspensão do processo, conforme
afirmado acima.
Bem, para “compensar” está má-notícia trazida para o credor, § 4º- A, acrescido
ao artigo 921 do CPC, passou a apontar que a efetiva citação(caso se trate de
execução de título extrajudicial), intimação do devedor(caso se trate de cumprimento
de sentença) ou constrição de bens penhoráveis INTERROMPE o prazo de prescrição
(ou seja, irá “zerar” novamente), que não corre pelo tempo necessário à citação e à
intimação do devedor, bem como para as formalidades da constrição patrimonial, se
necessária, desde que o credor cumpra os prazos previstos na lei processual ou
fixados pelo juiz.
1. Considerações iniciais
2. Conceito
3. Fundamentos
4. Pressupostos de admissibilidade
A) Tempestividade
Deve ser ele interposto no prazo previsto em lei. À exceção dos embargos de
declaração, que possuem prazo de 5 (cinco) dias, todas as demais espécies recursais
previstas no CPC têm o prazo de 15 (quinze) dias, consoante o disposto no artigo
1.003, § 5o.
O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados,
a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério
Público são intimados da decisão. Tais sujeitos considerar-se-ão intimados em
audiência quando nesta for proferida a decisão.
No prazo para interposição de recurso, a petição será protocolada em cartório
ou conforme as normas de organização judiciária, ressalvado o disposto em regra
especial.
Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será
considerada como data de interposição a data de postagem.
Havendo feriado local, o recorrente comprovará a ocorrência no ato de
interposição do recurso.
É mister ressaltar que a interposição do recurso prematuro (apresentado
antes da publicação da decisão a que se pretende impugnar) será considerado
tempestivo. É que o artigo 218, § 4o do CPC aponta que será considerado tempestivo
o ato praticado antes do termo inicial do prazo.
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
B) Preparo
ATENÇÃO!
O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o
recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na
pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de
deserção (art. 1.007, § 4o, CPC).
Tal situação ocorre, por exemplo, quando as guias de recolhimento das custas
acostadas aos autos estão ilegíveis. Assim, ao invés de julgar o recurso
imediatamente deserto, será dada a oportunidade para a parte efetuar o preparo pelo
valor dobrado.
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
C) Legitimidade
D) Interesse
E) Regularidade formal
A apreciação do recurso não será feita caso exista algum fato que a impeça.
Neste contexto, existem dois fatos impeditivos que merecem destaque: a desistência
e renúncia.
A desistência (artigo 998, CPC) é ato unilateral do recorrente o qual impede
a apreciação de recurso anteriormente interposto, independente da anuência da parte
contrária (ao contrário do que ocorre com a desistência da ação, após apresentada a
contestação). Pode ser requerido, desde que não se tenha, ainda, realizado o
julgamento. Pode ser manifestada por petição avulsa, ou mesmo verbalmente,
durante a sustentação oral.
Outrossim, a renúncia se dá antes mesmo de uma possível interposição do
instrumento recursal cabível. Pode ser emitida de forma tácita (quando praticado ato
incompatível com o direito de recorrer, a exemplo do devedor que, no prazo do recurso
cumpre espontaneamente com o decidido ou, simplesmente, deixa transcorrer o prazo
recursal sem o aviamento do recurso) ou expressa, quando aviada petição
manifestando o desinteresse em atacar o comando judicial que lhe causou gravame.
ATENÇÃO!
Vale ressaltar que a renúncia pode ser total ou parcial, de modo que a parte
pode limitar o desejo de recorrer de forma principal, mantendo, no entanto a
possibilidade de recorrer adesivamente. Não havendo especificação, a renúncia
atingirá o direito de recorrer como um todo.
5. Efeitos
Por fim, o recurso terá efeito expansivo quando o seu resultado atingir
matéria não impugnada (dito “expansivo objetivo”. Ex: recorre-se quanto à sentença
que condenou a indenização por danos materiais e o resultado do recurso inverte a
condenação em honorários advocatícios) ou pessoa que não tenha recorrido (dito
“expansivo subjetivo”. Ex: apenas um litisconsorte recorre e o resultado beneficia
quem não haja recorrido).
APELAÇÃO
1. Definição
2. Objeto
3. Formalidades
O recurso de apelação obedecerá às seguintes formalidades:
4. Efeitos
ATENÇÃO!
5. Processamento
Até que seja julgado, o recurso de apelação percorre um caminho que vai
desde o juízo de primeiro grau até o de segundo (tribunal). Assim, o percurso é
desenvolvido da seguinte forma:
ATENÇÃO!
Caso a apelação seja interposta contra sentença que indeferiu a petição inicial
(artigo331, CPC) ou julgou a improcedência liminar (artigo 332,§ 3o CPC), é possível
que, apresentado o recurso, o magistrado venha exercer seu juízo de retratação, no
prazo de 5 (cinco) dias.
AGRAVO DE INSTRUMENTO
Existe uma série de comandos judiciais que, embora não ponham fim à
relação processual (não sejam sentenças), acabam por criar gravame ou
inconveniente a uma das partes, contra a qual o decisório foi emitido.
Contra tais pronunciamentosserá cabível a interposição do recurso de agravo
de instrumento.
1. Definição
2. Objeto
3. Formalidades e Processamento
1. Aplicação
2. Pressupostos
3. Instauração
4. Publicidade
5. Procedimento
AÇÃO RESCISÓRIA
1. Definição
2. Natureza jurídica
3. Objeto da rescisão
4. Hipóteses de cabimento
5. Legitimidade
6. Prazo
ATENÇÃO!
Se fundada a ação na descoberta de prova da qual o autor ignorava, o
termo inicial do prazo será a data de descoberta da prova nova, observado o prazo
máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida
no processo.
Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo começa a
contar, para o terceiro prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio no
processo, a partir do momento em que têm ciência da simulação ou da colusão.
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
7. Procedimento
→Petição inicial: além dos requisitos gerais dos artigos 319 e 320, CPC,
deverá a mesma conter a particularidade do depósito de caução prévia de 5% sobre
o valor da causa, que se converterá em multa, no caso da rescisória ser julgada, por
unanimidade, inadmissível ou improcedente. Eximem-se de tal exigência as pessoas
jurídicas de direito público, o Ministério Público, defensoria pública e os que gozam de
isenção legal.
Ressalte-se que o depósito prévio não será superior a 1.000 (mil) salários-
mínimos.
A petição apresentará o pedido de desconstituição da decisão proferida
(iudiciumrescindens) e, se positivo, o de novo julgamento da causa
(iudiciumrescissorium), salvo, neste último caso, quando o novo julgamento houver de
ser novamente realizado pelo juízo de primeiro grau (a exemplo da corrupção,
prevaricação ou concussão do juiz, impedimento, etc.). O valor da causa
corresponderá ao benefício econômico pretendido pelo autor, o qual poderá coincidir
ou não com o valor dado à ação originária.
É que, não obstante tenha sido atribuído um dado valor à causa originária,
fato é que o valor da condenação (ou execução) seja distinto, motivo pelo qual o
resultado da rescisória importaria em consequências financeiras naquele montante.
→Juízo de admissibilidade: verificada a obediência aos requisitos legais, o
relator determinará a citação do réu, a fim de responder aos termos da ação proposta.
→Resposta do réu: deverá ser apresentada no prazo fixado pelo relator,
variável entre 15 (quinze) e 30 (trinta) dias.
COMEÇANDO DO ZERO EM PROCESSO CIVIL
ANDRÉ MOTA
MENSAGEM FINAL
Abraço fraterno,
André Mota.