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AGRAVO DE INSTRUMENTO
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Egrégia Câmara,
Eminentes Desembargadores.
1. TEMPESTIVIDADE
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“Grupo de fato é aquele integrado por sociedades relacionadas tão somente por meio de participação
acionária, sem que haja entre elas uma organização formal ou obrigacional” (EIZIRIK, Nelson. Lei das
S/A comentada. Quatier Latin, vol. III, p. 515)
2
“Art. 265. A sociedade controladora e suas controladas podem constituir, nos termos deste Capítulo,
grupo de sociedades, mediante convenção pela qual se obriguem a combinar recursos ou esforços para a
realização dos respectivos objetos, ou a participar de atividades ou empreendimentos comuns.”
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(i) o art. 50, 1º, do Código Civil, uma vez que se verifica um nítido
desvio de finalidade e confusão patrimonial decorrente do
esvaziamento patrimonial da Executada Rossi, que faz uso de
uma espécie de engenharia societária para movimentar o seu
dinheiro em contas bancárias titularizadas por outras
sociedades do seu grupo econômico de modo a evitar que seus
ativos sejam encontrados por seus credores, frustrando o
cumprimento de ordens judiciais que objetivam a satisfação das
execuções movidas contra a Executada Rossi; e
(ii) o art. 28, §5º, do CDC, tendo em vista que a ausência de bens
penhoráveis se mostra como um obstáculo ao ressarcimento do
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(i) deve ser declarada nula por ser citra petita, não tendo
apreciado a principal causa de pedir da Família Agravante:
criação de uma arquitetura societária e financeira para fraudar
credores e frustrar ordens judiciais;
(ii) deve ser declarada nula por ter gerado cerceamento de defesa,
pois não facultou às partes a produção de provas e imputou o
ônus da prova contra a família consumidora diretamente na
(iv) deve ser reformada, tendo em vista que o IDPJ de origem não
sofre qualquer reflexo do pedido de recuperação judicial da
Executada Rossi, devendo, portanto, prosseguir para atingir o
patrimônio dos acionistas da Executada Rossi, nos termos da
jurisprudência consolidada do Eg. STJ.
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24. Por outro lado, apesar de ser incontroverso nos autos que a
Família Agravante é composta por consumidores hipossuficientes, a r. decisão
agravada em nenhum momento se manifestou sobre a incidência da Teoria
Menor da desconsideração da personalidade jurídica, ignorando por completo
os argumentos lançados pela Família Agravante no sentido de que deve ser
dispensada a comprovação de confusão patrimonial e de desvio de finalidade
(embora estejam longamente comprovadas), exigindo apenas que a
personalidade jurídica das Executadas se mostre como “obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores”, consoante determina
o §5º do art. 28 do CDC.
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“Ao tempo em que se entendia o contraditório como algo tão somente atinente
às partes e, portanto, em sentido fraco, afirmava-se que o dever de motivação
das decisões judiciais não poderia ter como parâmetro para aferição de
correção a atividade desenvolvida pelas partes em juízo. Bastava ao órgão
jurisdicional, para ter considerada como motivada sua decisão, demonstrar quais
as razões que fundavam o dispositivo. Bastava a não contradição entre as
proposições constantes da sentença. Partia-se de um critério intrínseco para
aferição da completude do dever de motivação. (...) Ocorre que entendimento
dessa ordem encontra-se em total descompasso com a nova visão a respeito do
direito ao contraditório. Se contraditório significa direito de influir, é pouco
mais do que evidente que tem de ter como contrapartida dever de debate –
dever de consulta, de diálogo, inerente à estrutura cooperativa do processo.
Como é de facílima intuição, não é possível aferir se a influência foi efetiva
se não há dever judicial de rebate aos fundamentos levantados pelas partes.
A motivação da decisão no Estado Constitucional, para que seja
considerada completa e constitucionalmente adequada, requer em sua
articulação mínima, em síntese: (i) a enunciação das escolhas desenvolvidas
pelo órgão judicial para, (i.i) individualização das normas aplicáveis; (i.ii)
acertamento das alegações de fato; (i.iii) qualificação jurídica do suporte
fático; (i.iv) consequências jurídicas decorrentes da qualificação jurídica do
fato; (ii) o contexto dos nexos de implicação e coerência entre tais
enunciados; e (iii) a justificação dos enunciados com base em critérios que
evidenciam ter a escolha do juiz ter sido racionalmente correta.
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33. Todavia, nada impede que essa Col. Câmara, caso entenda que
haja elementos suficientes nos autos, analise diretamente o mérito do IDPJ de
origem para determinar a desconsideração da personalidade jurídica das
executadas, aplicando ao presente agravo de instrumento, por analogia, a
teoria da causa madura contida no art. 1.013, §3º, I a IV, do CPC, atendendo-
se aos princípios da economia e celeridade processuais, bem como da razoável
duração do processo.
3
MARINONI, Luiz Guilherme. Novo curso de processo civil. Novo curso de processo civil [livro
eletrônico]: teoria do processo civil, volume 1. 2ª ed. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p.
458/459.
4
STJ, 1ª Turma, Resp 690.919, rel. Min. Teori Zavascki, j. 16.2.2006, deram provimento, v.u., DJU
6.3.2006, p. 190). No mesmo sentido, STJ, 2ª Turma, Resp 678.277, rel. Min. Eliana Calmon, j. 2.2.2006,
deram provimento, v.u., DJU 6.3.2006, p. 323.
5
STJ, 2ª T, REsp 794305/RS, Rel. Min. Humberto Martins, j. 06.02.07, DJ 14.02.07, p. 213.
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“A aplicação da teoria da desconsideração, descrita no art. 50 do Código Civil, prescinde da
demonstração de insolvência da pessoa jurídica”
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“7. A inexistência ou não localização de bens da pessoa jurídica não é condição para a instauração do
procedimento que objetiva a desconsideração, por não ser sequer requisito para aquela declaração, já que
imprescindível a demonstração específica da prática objetiva de desvio de finalidade ou de confusão
patrimonial.” (...) (REsp 1729554/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 08/05/2018, DJe 06/06/2018).
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“Nos termos do art. 835, § 1º, do Novo CPC, a penhora em dinheiro é prioritária, podendo o Juiz alterar
a ordem da penhora nas demais hipóteses de acordo as circunstâncias do caso concreto. A redação do
dispositivo não é das mais felizes porque prioritário é sinônimo de preferencial, mas, ao prever a
possibilidade de alteração da ordem somente nas outras hipóteses, o objetivo do legislador é
evidente: a preferência pela penhora do dinheiro é absoluta, prevalecendo em toda e qualquer
execução, independentemente das particularidades do caso concreto. A regra deve ser elogiada,
porque evita que juízes se valham do termo ‘preferencialmente’ consagrado no artigo ora comentado para
admitirem penhora de outros bens quando possível a penhora do dinheiro. É natural que o dinheiro seja
sempre o primeiro bem da ordem de qualquer penhora, porque é o que mais facilmente proporciona a
satisfação ao exequente. Penhorado o dinheiro, o processo executivo não precisará passar pela fase
procedimental de expropriação do bem penhorado, em regra, uma fase complexa, difícil e demorada.
Tendo sido penhorado dinheiro, basta entregá-lo ao exequente, dispensada a prática de qualquer outro ato
processual, o que obviamente facilita o procedimento de satisfação, isso sem falar nas dificuldades
materiais encontradas para transformar outros bens penhorados em dinheiro, o que naturalmente não
ocorre quando o próprio objeto da penhora já é o dinheiro. “Registre-se que a regra criada pelo art. 835, §
1º, do Novo CPC contraria entendimento consagrado em súmula pelo Superior Tribunal de Justiça, que
considera execução civil, a penhora de dinheiro na ordem de nomeação de bens não tem caráter absoluto
(Súmula 417/STJ). Passará a tê-lo por imposição legal.” (Daniel Amorim Assumpção Neves. Novo
Código de Processo Civil Comentado. Juspodivm, 2016, art. 835, item 2)
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“Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o
cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.”
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“O ponto de partida é este: cada instrumento, cada realidade deve ser sempre estudada em dois perfis,
quais sejam, os perfis da estrutura da realidade e da função do instrumento do Direito. Quanto ao perfil da
estrutura da realidade, este é mais individualmente considerável. Vejamos o caso do contrato, uma
estrutura bilateral (duas partes elaboram um contrato). Mas a pergunta mais importante não é feita para
saber a estrutura do instituto, mas sim a sua função. Para que ele serve? Por que é ele aplicado a esta
realidade? Qual a sua razão justificativa? Qual a sua função? A estrutura e a função indicam a natureza
dos instrumentos jurídicos. Tal premissa nos consente saber melhor em relação de uma forma, o que é o
formalismo jurídico, a saber, a atitude de aplicação do Direito de forma exacerbada, excessiva em relação
à estrutura e em relação à função da letra da lei posta, relativa ao espírito e à substância da lei, dos
interesses protegidos pelo formalismo da lei.” (PERLINGIERI, Pietro. Normas constitucionais nas
relações privadas. Civilistica.com. Rio de Janeiro, a. 8, n. 1, 2019, p. 7. Disponível
em: http://civilistica.com/normas-constitucionais-nas-relacoes-privadas/. Acessado em 20.08.2022)
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“O restante das normas jurídicas não é só legislação que se move segundo preceitos da Carta Magna,
mas também englobam valores em si, valores que devem ser conformes aos da lei maior. As normas
constitucionais não são apenas normas de interpretação das normas ordinárias, como também elas
próprias são parâmetros de seu entendimento e de sua aplicação, princípios de que o juiz não deve se
esquivar, pois, se o fizer, ferirá letalmente o princípio da legalidade (principalmente a legalidade
constitucional). Assim, podemos aplicar tranquilamente as normas constitucionais junto às normas de
caráter ordinário, por exemplo, em função do artigo x, e por aí vai. A norma constitucional é assim
(concreta). Todas as cláusulas legais contidas na legislação ordinária (diligência, boa-fé, e tantas outras)
não serão aplicadas se não tiverem valores conformes aos valores fundamentais insertos na Carta Magna.”
(PERLINGIERI, Pietro. Normas constitucionais nas relações privadas. Civilistica.com. Rio de Janeiro, a.
8, n. 1, 2019, p. 7. Disponível em: http://civilistica.com/normas-constitucionais-nas-relacoes-privadas/.
Acessado em 20.08.2022)
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“A ROSSI RESIDENCIAL S.A. (B3: RSID3) (“Rossi” ou “Companhia”) informa que
recebeu, nesta data, comunicado de seu acionista BPS Capital Participações Societárias
S.A. (“BPS”) informando que, em 04 de abril de 2022, sua participação acionária na
Companhia atingiu 2.844.648 (dois milhões, oitocentas e quarenta e quatro mil, seiscentas e
quarenta e oito) ações ordinárias, representando 14,22% do total de ações da Companhia” (Cf. Aviso ao
Mercado de 05.04.2022 – fls. 2570/2572 dos autos de origem – doc. 11)
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(...)
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PENNA, Paulo Eduardo. Controle Minoritário no Direito Brasileiro. In: CRISTOFARO, Pedro Paulo;
MACHADO FILHO, Caio (coords.). Direito Empresarial: Estudos Contemporâneos – Grupo de Direito
Empresarial da PUC-Rio. Rio de Janeiro: Quartier Latin, 2017. Disponível em:
https://www.novotny.com.br/publicacoes/controle-minoritario-no-direito-
brasileiro#:~:text=O%20controle%20minorit%C3%A1rio%2C%20em%20que,ainda%20relativamente%
20recente%20no%20Brasil. Acessado em 29.08.2022.
13
“Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas
vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que:
a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas
deliberações da assembléia-geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia; e
b) usa efetivamente o seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos
órgãos da companhia.”
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PENNA, Paulo Eduardo. Controle Minoritário no Direito Brasileiro. In: CRISTOFARO, Pedro Paulo;
MACHADO FILHO, Caio (coords.). Direito Empresarial: Estudos Contemporâneos – Grupo de Direito
Empresarial da PUC-Rio. Rio de Janeiro: Quartier Latin, 2017. Disponível em:
https://www.novotny.com.br/publicacoes/controle-minoritario-no-direito-
brasileiro#:~:text=O%20controle%20minorit%C3%A1rio%2C%20em%20que,ainda%20relativamente%
20recente%20no%20Brasil. Acessado em 29.08.2022.
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Idem, Ibdem.
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Idem, Ibdem.
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AGRAVO INTERNO EM CONFLITO DE COMPETÊNCIA -
RECUPERAÇÃO JUDICIAL - EXECUÇÃO TRABALHISTA -
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA - CONSTRIÇÃO
DE BENS DOS SÓCIOS - INEXISTÊNCIA DE CONFLITO - SÚMULA
480/STJ.
1. Não configura conflito de competência, em regra, a constrição de bens
dos sócios da empresa em recuperação judicial, à qual foi aplicada, na
Justiça Especializada, a desconsideração da personalidade jurídica.
Precedentes.
2. Agravo interno desprovido.
(AgInt no CC n. 155.358/SP, relator Ministro Marco Buzzi, Segunda Seção,
julgado em 23/5/2018, DJe de 30/5/2018.)
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CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL.
EXECUÇÃO TRABALHISTA. DESCONSIDERAÇÃO DA
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“Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados,
instituidores ou administradores.”
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S. 480/STJ: “O juízo da recuperação judicial não é competente para decidir
sobre a constrição de bens não abrangidos pelo plano de recuperação da
empresa.”
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A propósito:
"AGRAVO REGIMENTAL EM CONFLITO DE COMPETÊNCIA -
RECUPERAÇÃO JUDICIAL - DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA - CONSTRIÇÃO DE BENS DOS
SÓCIOS - RECURSO NÃO PROVIDO. I. Não configura conflito de
competência a constrição de bens dos sócios da empresa em
recuperação judicial, à qual foi aplicada, na Justiça Especializada, a
desconsideração da personalidade jurídica. Precedentes. II. Agravo
regimental a que se nega provimento." (AgRg no CC 121.636/SP, Rel.
Ministro MARCO BUZZI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27/6/2012,
DJe de 1º/8/2012)
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Por fim, vale lembrar que o instituto da recuperação judicial não tem como
objetivo preservar ou proteger os sócios da sociedade empresária ou o
patrimônio e as atividades de outras sociedades empresárias além daquela
ou daquelas diretamente envolvidas na recuperação. Nesse sentido:
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6. CONCLUSÃO E PEDIDOS
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