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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por RODOLFO GUILHERME LION e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo,

protocolado em 25/11/2020 às 17:59 , sob o número 22801869420208260000.


fls. 1
Rodolfo Guilherme Lion – Advogado – OAB MG 105.776.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR


PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
PAULO.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 2280186-94.2020.8.26.0000 e código 135976D6.
HENRIQUE COELHO MAGALHAES,
brasileiro, solteiro, empresário, CPF MF 123.917.027-01 e RG 20.712.604-6,
filho de João Machado Magalhães de Almeida e de Paula Maria Coelho
Magalhães de Almeida, residente e domiciliado na Rua Inglês de Souza, 404,
Jardim Botânico, Rio de Janeiro – RJ, CEP 22460-110, vem, respeitosamente,
perante Vossa Excelência, por seu advogado que esta subscreve, impetrar:

AGRAVO DE INSTRUMENTO

Em face de:

1) DAVI DACORSO SIERRA, solteiro,


empresário, nascido aos 20/09/2979, natural de Taubaté-SP, inscrito no CPF
MF sob o nº 280.460.328-83, portador da carteira de identidade nº 44.001.307
SSP SP, residente e domiciliado na Rodovia Álvaro Barbosa Lima Neto, 2.303,
Centro, Condomínio Bosque dos Pássaros, casa 05, Município de Tremembé –
SP, CEP 12120-000;

2) CRISTIANO SANTOS LADEIRA


MIRANDA, brasileiro, casado, empresário, inscrito no CPF MF sob o nº
158.555.878-86, portador da cédula de identidade nº 24.974.172-6 SSP/RJ,
residente e domiciliado na Travessa dos Ipês, 55, Condomínio Vale do Sol,
Município de Tremembé – SP, CEP 12120-000 e de

3) LEILA DACORSO SIERRA LADEIRA


MIRANDA, brasileira, casada, empresária, inscrita no CPF MF sob o nº
214.450.158-03, portadora da cédula de RG nº 43.517.320-0 SSP SP, residente
e domiciliada na Travessa dos Ipês, 55, Condomínio Vale do Sol, Município de
Tremembé – SP, CEP 12120-000.

Avenida Jonas Pezzo Costa, nº 1.147, Vila Nova, Itamonte – MG, CEP 37466-000.
email: rodolfo.adv.lion@hotmail.com
Fone: 35-33631897 Página 1
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Rodolfo Guilherme Lion – Advogado – OAB MG 105.776.

I – DA DISTRIBUIÇÃO POR PREVENÇÃO.

Este recurso deve ser distribuído por prevenção à 12ª


Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, órgão
responsável pela análise dos Agravos de Instrumento anteriormente impetrados

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pelos Agravados, em especial do Agravo de Instrumento n° 2190682-
14.2019.8.26.0000, recurso que será mencionado no bojo das razões recursais
que logo seguem.

O Desembargador Relator do recurso em testilha foi


o Excelentíssimo Senhor Doutor Cerqueira Leite.

II – DA DECISÃO RECORRIDA E RESPECTIVO CABIMENTO.

Recorre-se de decisão que denegou, nos autos do


processo 1002352-93.2016.8.26.0634, ação de execução de título extrajudicial
movida pelo agravante em face dos agravados, pedido formulado por este
recorrente para que fosse mantida a penhora de bem imóvel reconhecido como
bem de família, por se tratar de imóvel de luxo.

O presente recurso encontra cabimento típico no art.


1.015, par. único do NCPC (Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento
contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de
cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário ).

Cabe anotar que a decisão recorrida não encerrou o


processo de execução e que, portanto, é incabível o recurso de apelação, sendo
próprio o recurso de agravo de instrumento.

III – DO PRAZO RECURSAL.

A decisão recorrida foi disponibilizada no diário


oficial do Estado de São Paulo em 05/11/2020, considerando-se publicada em
06/11/2020, data a partir da qual fluiu o prazo recursal.

O termo ad quem para a respectiva interposição (15


dias úteis após a publicação, dias estes contados na forma processual – art. 219
NCPC) operar-se-á em 27 de novembro de 2020.

Eis o extrato da publicação:

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Considerando que este recurso foi interposto antes
do termo final, reputa-se ao mesmo a qualidade de tempestivo.

IV – DO PREPARO.

Segue em anexo comprovante de recolhimento do


preparo recursal.

V – DA FORMAÇÃO DO INSTRUMENTO.

O Instrumento é formado com as seguintes peças


extraídas do processo de origem:

1 – Guia de preparo recursal; 2 – Comprovante de


recolhimento do preparo recursal; 3 – Petição inicial emendada do processo de
origem – fls. 44 a 52 do processo de origem; 4 – Procuração emitida pelo
Agravante – fl. 02 do processo de origem; 5 – Documento de identificação do
agravante – fl. 03 a 04 do processo de origem; 6 – Comprova infrutífera
tentativa de penhora de valores via BacenJud – fl. 95 a 99 do processo de
origem; 7 – Petição que requer a penhora do bem imóvel matrícula 3403 e
respectiva certidão imobiliária – fls. 102 a 107; 8 – Decisão que deferiu o
pedido de penhora – fl. 109 do processo de origem; 9 – Mandado de penhora
certidão e auto de penhora – fls. 116 a 119 do processo de origem; 10 – Petição
de impugnação à penhora – fls. 120 a 126 do processo de origem; 11 –
Manifestação do exequente contra a impugnação à penhora – fl. 157 a 160 do
processo de origem; 12 – Decisão que deu causa ao agravo de instrumento nº
2190682-14.2019.8.26.0000 – fl. 238 a 240 do processo de origem; 13 – Auto
de arrematação – fl. 412 do processo de origem; 14 – Procuração emitida pelos
agravados – fl. 492 do processo de origem; 15 – AI nº 21900682-
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14.2019.8.26.0000 – Embargos de declaração e julgamento dos embargos – fls.


497 a 516 processo de origem; 16 – Petição que gerou a decisão ora agravada –
fls. 521 a 525 do processo de origem; 17 – Documento que comprova que o
Agravante está a passar por necessidade financeira – fl. 526 do processo de
origem; 18 – Decisão agravada – fl. 527 do processo de origem; 19 – Certidão

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de publicação da decisão recorrida – fl. 528 do processo de origem.

VI – DOS ADVOGADOS DAS PARTES.

O advogado do Agravante é Rodolfo Guilherme


Lion, inscrito na OAB SP 365.886, cujo endereço profissional situa-se na
Avenida Inspetor Jonas Pezzo Costa, n° 1147, Vila Nova, Itamonte – MG, CEP
37466-000.

Os Agravados Cristiano Santos Ladeira Miranda e


Leila Dacorso Sierra Ladeira Miranda são representados pela Cabral & Cunha
Sociedade de Advogados, localizada na Avenida Juscelino Kubitschek, n° 200,
Jd. Eulália, Taubaté – SP, CEP 12010-600, registrada na OAB SP sob o n°
14.818, inscrita no CNPJ n° 19.028.009/0001-39, cujos advogados
representantes são: Luiz Rodolfo Cabral (OAB SP 168.499) e Paulo Sérgio
Toledo (OAB SP 248.912).

Não se encontra procuração emitida por Davi


Dacorso Sierra nos autos do processo executivo, motivo pelo qual não se
informa advogado a militar em seu favor.

VII – PEDIDOS.

Por estarem preenchidos todos os requisitos de


admissibilidade do presente recurso, requer seja o mesmo conhecido e, no
mérito, provido, segundo os pedidos constantes das razões recursais que logo
seguem.

Requer seja dada vista às partes adversas, para que


apresentem contrarrazões recursais.

Itamonte, 25 de novembro de 2020.

Rodolfo Guilherme Lion - OAB SP 365.886

Avenida Jonas Pezzo Costa, nº 1.147, Vila Nova, Itamonte – MG, CEP 37466-000.
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RAZÕES DE AGRAVO DE INSTRUMENTO

COLENDA 12ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO DO TRIBUNAL DE

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JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

EMÉRITOS DESEMBARGADORES

I – DOS FATOS.

1 – O Agravante pretende, através do processo de


origem, execução de título extrajudicial n° 1002352-93.2016.8.26.0634, que
tramita pela 2ª Vara Cível da Comarca de Tremembé – SP, processo este
movido contra os agravados, o recebimento de crédito cujo valor remonta a
quantia de R$ 207.049,62.

2 – A qualidade de devedores dos Agravados é


inconteste.

3 – No curso da execução, ante a frustração da


tentativa de penhora de valores, foi pleiteada, pelo Agravante, a penhora do
seguinte bem imóvel:

Imóvel registrado sob matrícula 3.403, à ficha 01, Livro 02 do


RGI da Comarca de Tremembé – SP, cujas características são as
seguintes: Prédio nº 55 e seu respectivo terreno, constituído pelo
lote nº 23, da Quadra A, do loteamento denominado Colonial
Vale do Sol, situado no Bairro Água Quente, nesta cidade, de
forma irregular, fazendo frente para a Travessa dos Ipês, onde
mede 46,00m, contados a partir de 14,00m do término da curva
de concordância dos alinhamentos da Travessa dos Ipês com a
Avenida Perimetral dos Ipês, sendo os primeiros 19,50m em
linha reta e os restantes 9,00m mais 17,50m em curva interna e
externa; da frente aos fundos, pelo lado direito, mede em reta a
extensão de 65,50m, confrontando com os fundos dos lotes nº
21, 21ª e 22; pelo lado esquerdo mede, da frente aos fundos
36,00m, confrontando com o lote nº 24 e pelos fundos mede
30,00m, confrontando com os fundos do lote nº 29, encerrando a
área em 1.600,00 m².

4 – O pedido em testilha restou deferido e o bem ora


informado foi devidamente penhorado.

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5 – Referido imóvel foi avaliado em R$


1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais), avaliação contra a qual
nenhum dos agravados se posicionou.

6 – O Agravo Cristiano Santos Ladeira abordou, na

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peça de impugnação à penhora, que o bem penhorado era seu bem de família.

7 – Em contraposição, o Agravante, além de


sustentar que o bem penhorado não era bem de família, afirmou tratar-se de
bem luxuoso, de alto valor e que, também por esta razão, não recebe a proteção
de impenhorabilidade decorrente da lei 8009/90, art. 1°.

8 – O MM. Juízo da origem julgou improcedente a


impugnação à penhora apresentada pelo executado Cristiano Santos Ladeira,
sob o argumento de que o bem penhorado não era bem de família, o que deu
causa ao agravo de instrumento n° 2190682-14.2019.8.26.0000, analisado e
julgado pela 12ª Câmara de Direito Privado.

9 – Quando do julgamento do agravo de instrumento


n° 2190682-14.2019.8.26.0000, a 12ª Câmara de Direito Privado reformou a
decisão recorrida e reconheceu que o bem penhorado era bem de família e, em
princípio, impenhorável.

10 – Quando da prolação do julgamento do Agravo


de Instrumento n° 2190682-14.2019.8.26.0000, a 12ª Câmara de Direito
Privado deixou de analisar a tese de que o bem penhorado era de luxo e,
portanto, não protegido pelo art. 1° da Lei 8009/90, tese lançada em
contrarrazões pelo ora Agravante (Agravado nos autos daquele recurso), sob o
argumento de que tal tese deveria ser, antes e sob pena de supressão de
instância, objeto de análise pela instância primeira. Vejamos o que constou do
referido acórdão a tal respeito:

Atribuído efeito suspensivo parcial ao


recurso e sustada a lavratura de carta de arrematação para a
hipótese de praça positiva, o coexecutado opôs-se ao julgamento
virtual e o exequente contraminutou, informandoque o imóvel
foi arrematado pelo lance de R$ 900.000,00 e, em sendo imóvel
valioso, uma vez quitado o seu crédito, o que sobejar permite ao
coexecutado a compra de imóvel de menor valor para abrigar a
família.

(...)

O provimento ao recurso é de rigor e


outroenfoque que o exequente queira dar, argumentando que o
imóvel é de alto padrão e permite expropriação na qual o preço
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facultará a compra de outro com menos requinte para a moradia,


há de ser submetido ao escrutínio do juízo de primeiro grau,
assegurado o contraditório.

11 – A tese foi, então, suscitada pelo Agravante à

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primeira instância através da petição de fls. 521/525 do processo de origem. O
Douto Magistrado da origem optou, através da decisão recorrida (fls. 527), pela
impenhorabilidade do bem de família, ainda que se trate de bem luxuoso.

12 – Inconformado, o Agravante recorre para que se


tenha a reanálise do tema bem de família suntuoso, caro, cuja venda permita,
através do uso do troco, que o devedor adquira outro imóvel residencial e
mantenha sua dignidade sem criar uma hipótese de mendicância.

Em suma, é o relato dos fatos.

II – DAS RAZÕES DE REFORMA.

1 – Conforme se denota do auto de penhora e


avaliação devidamente lavrado pelo ilustre oficial de justiça cumpridor do
mandamus, o bem penhorado foi avaliado em R$ 1.500.000,00 (um milhão e
quinhentos mil reais). Instado a se manifestar sobre a penhora, o devedor não
apresentou um só reclame contra a avaliação.

2 – Levado a segundo leilão, o bem foi vendido por


R$ 900.000,00 (novecentos mil reais), o que geraria, se mantida a venda, o
retorno de quantia superior a R$ 600.000,00 ao executado, quantia suficiente
para que o mesmo, apesar da diminuição do luxo em que vive, adquira
residência condigna em qualquer lugar deste país.

3 – Tratando-se de bem de alto valor, luxuoso como


é o objeto da penhora realizada nestes autos, tem-se que a garantia de bem de
família não milita em favor do devedor, que deve perder o bem para que a
dívida reste paga, mormente porque o troco da venda judicial lhe garantirá
moradia digna e evitará um estado familiar de mendicância.

4 – O judiciário vem reformulando, com razão


plena, o entendimento de que bem de família luxuoso encontra proteção no art.
1° da Lei 8009/90.

5 – Vejamos, a título de exemplo, o recente


julgamento do Recurso Especial 1.351.571, situação em que o Ministro Luis
Felipe Salomão destacou o argumento em testilha e chegou, em seu voto, a
determinar a penhora de um bem família que havia sido avaliado entre R$

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470.000,00 e R$ 1.200.000,00, justamente por se tratar de imóvel de alto


padrão. Vejamos os significativos trechos do voto ora referido, in litteris:

4. No entanto, penso que é chegado o


momento de uma interpretação mais atualizada e consentânea

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com o momento evolutivo da sociedade brasileira. Com efeito, a
Lei n. 8.009/1990 - que dispõe sobre a impenhorabilidade do bem
de família, independentemente de ato de vontade do titular -,
surgiu no ordenamento jurídico como mais uma norma, dentre
outras que já existiam, tendente a ampliar a proteção do devedor,
por via direta ou indireta. De fato, esta proteção, por exemplo,
previsto no Código Civil, por meio da instituição voluntária de
bem de família, as cláusulas de inalienabilidade impostas em
testamentos e doações ou mesmo a impenhorabilidade processual
do art. 649 e 650 do CPC, surgiram por motivos de ordem moral e
social, com o escopo de garantir condições dignas de
sobrevivência para as famílias dos indivíduos em dificuldade
econômica, evitando que se chegasse "ao extremo ético de
condenar o devedor com sua família à fome, ao desabrigo e à
miséria". (CZAJKOWSKI, Rainer. A impenhorabilidade do bem de
família. 4. ed. rev., ampl. Curitiba: Juruá, 2001, p. 16). Para
Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald, "a natureza jurídica do bem
de família é de forma de afetação de bens a um destino especial,
qual seja assegurar a dignidade humana dos componentes do
núcleo familiar" (Curso de direito civil. v. 1. 11. ed. Salvador: Jus
Podivm, 2013, p. 545) O art. 1º da Lei n. 8.009/1990 informa que o
imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é
impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil,
comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída
pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários
e nele residam, salvo nas hipóteses previstas pela própria lei.

(...)

6. Destarte, a meu juízo, exsurge a


necessidade de mudança na forma de decidir as controvérsias
apresentadas a esta Corte, absolutamente justificável e, portanto,
viável. Novamente invocando as lúcidas ponderações de Cristiano
Farias e Nelson Rosenvald, assevero que "em se tratando, pois, de
bem imóvel de alto valor, é possível em casos concretos e
específicos, por ponderação de interesses, a sua penhora, de modo
à satisfação do credito, resguardando ao devedor um valor
mínimo, básico, necessário à aquisição de um imóvel de valor
médio para um padrão de vida digna" (Op. Cit. p. 562)
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5 – In casu, o imóvel penhorado, que é


significativamente mais valioso do que o penhorado nos autos do REsp
1.351.571, é de alto padrão e, portanto, a alegação de impenhorabilidade por
ser bem de família não é refúgio para que o devedor se furte ao cumprimento

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de sua obrigação. Para a salvaguarda da pobreza extrema e, quiçá, da
mendicância, basta que se determine uma reserva razoável do troco da venda e
que tal reserva seja capaz de viabilizar a aquisição de outro imóvel pelo
devedor, e que se fixe prazo razoável para a desocupação do bem alienado,
ajustando-se a situação ao princípio da dignidade humana. Certamente, a venda
do bem, in casu, não estará a vergastar a finalidade do art. 1° da L. 8009/90,
que é proteger a família da penúria e não privilegiar o luxo às custas do calote.

6 – Há que se dar destaque ao precioso entendimento


da própria E. 12ª Câmara de Direito Privado do Estado de São Paulo, Câmara,
inclusive, preventa para a hipótese dos autos, que, acertadamente, muito
contribui para a modificação do cenário protetivo despendido ao devedor
inadimplente que goza de injustificado conforto:

Cumprimento de sentença Penhora sobre imóvel Arguição de impenhorabilidade


sob a égide da Lei n. 8.009/90 Imóvel urbano que é a residência do devedor e da
unidade familiar Imóvel, no entanto, muito superior às necessidades essenciais e
ao endividamento do devedor Casa de alto padrão, com mais de 670,00m² de
área construída em terreno de mais de 1.460,00m², avaliado em R$ 2,84 milhões
Impenhorabilidade da Lei do Bem de Família cujo fim social é garantir a
moradia e não o conforto, o luxo e a suntuosidade ao devedor contumaz
Impenhorabilidade que recai sobre o que sobejar da venda do imóvel, a ser
empregado na compra, a critério do executado, de outra moradia mais modesta
Recurso do devedor desprovido, com ressalva. AGRV. Nº:.2074064-
83.2019.8.26.0000

7 – Em suma, tratando-se de bem imóvel de alto


padrão, não incide a proteção legal decorrente do art. 1° da Lei 8009/90,
podendo o bem ser penhorado e alienado judicialmente, desde que se garanta
reserva para que o devedor adquira outro imóvel residencial, menos luxuoso, é
claro, o que é plenamente justo.

8 – De todo injusto é o sistema que protege o calote


em benefício do devedor que, mesmo devendo, insiste em gozar do luxo (veja
que trata-se de casa com piscina e requintes mais) enquanto o credor encontra-
se afundado em necessidades financeiras (como é o caso).

9 – Não se pode perder de vista o fato de que o valor


da dívida é irrisório em relação ao valor de avaliação do bem penhorado.

III – PEDIDOS.

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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por RODOLFO GUILHERME LION e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 25/11/2020 às 17:59 , sob o número 22801869420208260000.
fls. 10
Rodolfo Guilherme Lion – Advogado – OAB MG 105.776.

Por todo o exposto, requer:

1 – Seja conhecido e provido este recurso, para que


reste reformada a r. decisão recorrida, proferindo-se nova decisão, para que
reste acolhida a tese de que o art. 1° da Lei 8009/90 não protege, por

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 2280186-94.2020.8.26.0000 e código 135976D6.
impenhorabilidade, bem de família de alto valor, um bem de luxo, como é o
bem de matrícula 3403, penhorado à pg. 116/119 do processo de origem,
preservando-se a constrição já realizada e permitindo-se que seja tal bem
levado a leilão judicial.

2 – Requer, outrossim, que, com o produto da venda


do bem penhorado, após a quitação do crédito objeto da execução, seja
realizada reserva suficiente para que o devedor adquira imóvel residencial.

3 – Por fim, requer seja apreciada, formalmente,


para fins de prequestionamento, o fato de que, em se tratando de bem de
família de alto padrão, não incide a proteção decorrente do art. 1° da Lei.
8009/90.

Termos em que, pede deferimento.

Itamonte, 25 de novembro de 2020.

Rodolfo Guilherme Lion – OAB SP 365.886

Avenida Jonas Pezzo Costa, nº 1.147, Vila Nova, Itamonte – MG, CEP 37466-000.
email: rodolfo.adv.lion@hotmail.com
Fone: 35-33631897 Página 10

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