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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JOAO RICARDO DE MARTIN DOS REIS, protocolado em 07/02/2020 às 17:35 , sob o número 10050744120208260576.
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1005074-41.2020.8.26.0576 e código 4F32BB0.
DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP

SILUX INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE TINTAS


LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº 08.653.132/0001-24,
situada na Estrada Vicinal Schmidt, s/nº, Km 5, Vila Toninho, São José do Rio Preto,
SP., CEP nº 15010-970, por seus advogados abaixo assinados, conforme instrumento de
mandato anexo, vem, com respeito e acatamento, à presença de Vossa Excelência,
ajuizar a presente

AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES – DANO MATERIAL

em face da CIELO S.A, pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ sob o n.º 01.027.058/0001-91, com sede localizada na Alameda Xingu,
nº 512, andar 21 ao 31, Bairro Alphaville Industrial, CEP 06455-030, na cidade de
Barueri/SP, consubstanciada nas razões de fato e fundamentos de direito a seguir
aduzidos.

Avenida Romeu Strazzi, 325 – Sala 722 | Sinibaldi | CEP 15084-010 | São José do Rio Preto/SP
Fone 17 3301.1480 | www.reisepezzotti.com.br
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I – DOS FATOS

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A requerente é uma empresa que atua no ramo industrial e
comercial de tintas, vernizes e solventes, com uma extensa carteira de clientes fidelizados
e forte reputação no mercado.

No início de junho de 2018, o senhor Luiz Rosa Araújo


dirigiu-se à loja localizada no endereço Estrada Vicinal Joao Parise, nº 3500, bairro
Chácara Jockey Club, em São José do Rio Preto/SP, onde foi feito seu cadastramento,
inclusive com rigoroso levantamento de documentação, tendo deixado a loja com uma
lista de produtos, afirmando que entraria em contato posteriormente para informar quais
produtos desejava adquirir.

Em 28/06/2018, o cliente entrou em contato por telefone


via “WhatsApp”, solicitando uma série de produtos e informando a necessidade de
realizar a compra online, por morar em outra cidade. Assim concretizou-se a venda no
valor de R$ 21.900,00 (vinte e um mil e novecentos reais), conforme Nota Fiscal anexa,
ocasião em que foi solicitado um número de cartão de crédito ao cliente para efetivar a
cobrança.

Contudo, neste primeiro momento, a compra foi rejeitada,


tendo em vista que o cartão apresentado pelo cliente era bandeira American Express e o
sistema só admite cartões bandeiras Mastercard ou Visa para transações online.

Assim, o cliente enviou outro cartão de crédito, desta vez


um Mastercard (documento anexo), de modo que foi efetuada a venda parcelada COM
AUTORIZAÇÃO DA CIELO, ora requerida, conforme demonstra o “Relatório
de vendas digitadas”, documento anexo, emitido pela ré.

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A partir da autorização do pagamento, a requerente liberou

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a produção do material requisitado, o qual ficou pronto em 05/07/2018, sendo que,
mais uma vez, consultou a CIELO para ter certeza de que o pagamento estava
autorizado e, como o resultado continuava positivo, avisou ao cliente que sua
mercadoria estava pronta para retirada, tendo àquele então enviado um caminhão para
retirada do produto.

Ressalta-se que a requerente aguardou do dia


28/06/2018 ao dia 06/07/2018 para liberar a mercadoria ao cliente e, neste
período, A COMPRA ESTAVA APROVADA PELA CIELO, SEM QUALQUER
RESTRIÇÃO.

Ocorre que, em 11/07/2018, ou seja, 13 (treze) dias após a


transação, a requerida enviou um e-mail à requerente com o título “Solicitação de
documento de apoio - Outros Segmentos - Case: 18313019”, informando que a venda,
realizada em 28/06/2018, referente ao cartão do Sr (a) Ivany Y de Medeiros, não tinha
sido reconhecida pelo portador e, portanto, solicitou uma série de documentos para
que ficasse comprovada a correta realização da transação. Vejamos o e-mail:

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Deste modo, em 16 de julho de 2018, a requerente respondeu ao

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e-mail acima descrito, encaminhando à requerida todos os documentos solicitados e
informações do ocorrido de quando realizada a venda. Todavia, não obteve resposta
alguma.

Após a resposta via e-mail, no relatório de recebimentos


detalhados, verificou-se que, sem qualquer ciência ou anuência da autora, fora
descontado da conta do Banco Bradesco S.A, Agência 02825, Conta 000011399, o
valor de R$21.177,30 (vinte e um mil, cento e setenta e sete reais e trinta
centavos), referente à compra autorizada em 28/06/2018 (TID-Identificação da
transação 10292945587E1C13RBPB):

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Assim, conforme denota-se dos fatos supra explanados, do valor
total da compra e venda (R$ 21.900,00) a requerida estornou da conta da requerente
de forma indevida o montante de R$ 21.177,30 (vinte e um mil cento e setenta e
sete reais e trinta centavos). Reiteramos que o estorno foi indevido uma vez que,
conforme e-mail enviado em 16/07/2018, foram seguidas todas as regras contratuais
referentes à venda pelo cartão de crédito Cielo.

Inconformada, a autora enviou uma notificação extrajudicial à


CIELO, requerendo explicações sobre o indeferimento da transação referente à venda
efetuada no caso descrito, bem como solicitando a entrega do contrato firmado entre
autora e ré, referente ao código de estabelecimento nº 1029294558 (documento anexo),
entretanto a ré quedou-se silente.

Portanto, diante do esgotamento das vias extrajudiciais para


solução da celeuma assentada, recorre a requerente ao sistema judiciário para que tenha
garantido seu direito, como será demonstrado a seguir.

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II – DO DIREITO

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2.1. DA APLICAÇÃO DO CDC E DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Nos termos do art. 2º e 3º, §2º do Código de Defesa do


Consumidor (Lei nº 8.078/1990), é nítida a relação de consumo entre as partes, haja
vista que a requerente é cliente e utiliza os serviços da requerida, empresa de serviços
financeiros, responsável pela captura, transmissão e liquidação financeira de transações
com cartões de crédito e débito:

“Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que


adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário
final.”

“Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública


ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
(...)
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado
de consumo, mediante remuneração, inclusive as de
natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.”
(G.N.)

Ademais, a relação em testilha sofre a incidência do Código


de Defesa do Consumidor, conforme entendimento sumular do Superior Tribunal de
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Justiça, que orienta em seu enunciado 297 que “O Código de Defesa do Consumidor

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é aplicável às instituições financeiras”.

Assim sendo, as cláusulas contratuais firmadas entre as


partes devem ser interpretadas de modo a preservar e restabelecer, se necessário, o
equilíbrio contratual em uma situação que, normalmente, pesa em desfavor do
consumidor, por ser notadamente a parte hipossuficiente do negócio jurídico.

O art. 6º do referido Diploma legal relaciona como direitos


básicos do consumidor, entre outros, a proteção contra métodos comerciais coercitivos
ou desleais, bem como a garantia da informação adequada e clara sobre os diferentes
produtos e serviços, assim como os riscos que apresentam. Além disso, o inciso VIII do
referido artigo preconiza:

“Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:


[...]
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com
a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo
civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias
de experiências.”

A inversão do ônus da prova é uma facilitação dos direitos


do consumidor e se justifica como uma norma dentre tantas outras previstas no CDC
para garantir o equilíbrio da relação de consumo, em face de reconhecida vulnerabilidade
do consumidor.

A legislação consumerista garante a prerrogativa de que o


consumidor, hipossuficiente e mais vulnerável na relação contratual, tenha o benefício

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de que não seja ele o responsável por produzir as provas, trazendo assim, esta tutela, o

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equilíbrio entre as partes.

De mais a mais, a inversão do ônus da prova é um direito


básico do consumidor e as demais normas que o protege não ofendem de maneira
alguma a isonomia das partes. Ao contrário, é um instrumento processual com vistas a
impedir o desequilíbrio da relação jurídica, sendo um direito conferido ao consumidor,
para facilitar a sua defesa no processo.

Portanto, tendo em vista que resta nitidamente caracterizada


a relação de consumo entre as partes, as normas consumeristas devem ser aplicadas à
presente lide, bem como ser deferida a inversão do ônus da prova.

2.2. DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA REQUERIDA E DO DEVER


DE RESSARCIR

De início, insta salientar que até o presente momento a


requerente não sabe afirmar qual foi o motivo do estorno praticado pela ré, tendo em
vista seu silêncio, conforme previamente relatado.

O que se sabe, sem sombra de dúvidas – inclusive é o que


demonstra a documentação ora acostada – é que a requerente realizou uma venda com
toda a cautela de praxe, com a certeza de que a transação fora autorizada pela CIELO e,
mesmo após a requerida ter iniciado um processo interno de contestação de venda,
respondeu prontamente à demanda, enviando toda a documentação solicitada no prazo.

Deste modo, considerando a conduta impecável da autora,


esta não pode ser responsabilizada por algo que não teve culpa e nem sequer sabe o

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motivo pelo qual foi penalizada. Seja qual for a razão pela qual a requerida tenha

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realizado o estorno injusto – o que, repita-se, não se sabe até então – certamente a culpa
não foi da autora, uma vez que agiu corretamente nas suas transações e com o aval da
CIELO.

Assim, se houve, por parte do cliente, qualquer tipo de


fraude, a pessoa física ou jurídica que recebeu o pagamento de boa-fé não pode
ser responsabilizada pelo crime do qual foi vítima e tampouco arcar
financeiramente com o prejuízo, como aconteceu no caso em liça.

As instituições financeiras como a CIELO, por sua vez, são


os agentes responsáveis pela prestação de serviços de processamento de pagamentos.
Sendo assim, por praticarem atividade de alto risco profissional, têm o dever de utilizar
de todos os instrumentos de defesa contra este tipo de golpe, persistindo, assim, sua
responsabilidade por eventuais danos decorrentes de sua atividade.

Os noticiários informam quase que diariamente as várias


artimanhas utilizadas pela bandidagem, driblando todo o sistema de segurança bancário,
sendo que o fato de ocorrer fraude, como no caso em discussão, não afasta o nexo de
causalidade, uma vez que se trata de risco inerente à própria atividade que desenvolve,
devendo cercar-se de todos os cuidados para não causar prejuízos a terceiro.

As instituições financeiras bem sabem disso, tanto é assim


que foi desenvolvida a teoria da responsabilidade do risco da atividade financeira e
bancária e não se pode olvidar, por outro lado, que RESPONDEM
OBJETIVAMENTE perante os seus clientes e terceiros.

No caso dos autos, a requerida, ao autorizar o pagamento


e assim o manter por pelo menos 13 dias, assumiu a responsabilidade de reparar os

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danos que decorram da falha de segurança, como o caso de adulteração e fraude em

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cartões de crédito.

Assim, resta comprovado que a autorização do pagamento e


a consumação do ato delituoso praticado por terceiros ocorreu em razão da evidente
conduta negligente da CIELO, que não observou o cuidado necessário de adotar
procedimentos cada vez mais seguros para evitar este tipo de ação, permitindo que
pessoas inescrupulosas realizem pagamentos com aparente legalidade.

Afinal, a autora jamais teria liberado a produção do


material requisitado se a CIELO não tivesse autorizado o pagamento; e mais,
jamais teria liberado a mercadoria para a retirada, dias após, se a autorização não
estivesse mantida.

Ademais, a requerida, além de simplesmente ignorar a


comprovação de idoneidade de conduta da requerente e negar-se a prestar explicações,
recusou-se a ressarcir a autora, mesmo tendo pleno conhecimento de sua
responsabilidade objetiva, gerando danos à requerente, que teve que arcar com a
produção de produtos sem que, contudo, recebesse para tal.

Os prejuízos causados por terceiros que realizam


pagamentos com cartões de crédito clonados devem ser suportados pelo prestador de
serviço responsável pelo processamento do pagamento, posto que inerentes à sua
atividade comercial. Por essa razão, não se verifica, na hipótese, culpa exclusiva da
requerente ou fato de terceiro.

Este inclusive é o entendimento da súmula 479 do Superior


Tribunal de Justiça:

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“Súmula 479: As instituições financeiras respondem

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objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno
relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no
âmbito de operações bancárias."

E, neste sentido, inúmeros são os julgados deste Tribunal,


envolvendo a requerida, senão vejamos (atentar para a atualidade dos julgados):

“Apelação - Ação de ressarcimento – Procedência -


Alegação da autora de que firmou contrato com a ré para
repasse de recebíveis de cartão de crédito, tendo sido
estornado valor que lhe era devido após
aprovação prévia e entrega dos produtos ao
destinatário – Condenação da ré a indenização
pelos danos materiais decorrentes da ausência
de repasse dos valores das vendas realizadas
pela empresa autora pela Internet, após a
autorização da CIELO – Cabimento - Operadora que
não comprova ter a vendedora concorrido para a prática das
fraudes - Risco do negócio inerente a sua atividade -
Procedência da ação mantida - Recurso da ré improvido.”
(g.n.)
(TJSP; Apelação Cível 1066830-92.2018.8.26.0100; Relator
(a): Thiago de Siqueira; Órgão Julgador: 14ª Câmara de
Direito Privado; Foro Central Cível - 41ª Vara Cível; Data
do Julgamento: 30/09/2019; Data de Registro:
30/09/2019)

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“Ação declaratória c.c. indenização por danos materiais e

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morais – contrato de credenciamento ao sistema
CIELO - estabelecimento comercial que
efetuou vendas após autorização da ré –
inadmissível recusa em repassar os valores das
operações – não comprovada conduta
negligente por parte da autora, tampouco
participação em fraude – risco do negócio
inerente à atividade da requerida, que inclusive
é remunerada com um percentual das vendas -
demanda parcialmente procedente – recurso improvido.”
(g.n.)
(TJSP; Apelação Cível 1018850-86.2017.8.26.0100; Relator
(a): Jovino de Sylos; Órgão Julgador: 16ª Câmara de Direito
Privado; Foro Central Cível - 43ª Vara CÍvel; Data do
Julgamento: 27/11/2018; Data de Registro: 28/11/2018)

“Apelação. Ação de restituição de valores c.c. danos morais.


"Contrato de Credenciamento ao Sistema
Cielo". Os serviços prestados pela ré são empregados
como meio de fomentar a atividade comercial exercida pela
autora. Adesão da autora ao sistema da "Cielo". Vendas
autorizadas. Operação não reconhecida pelo
titular do cartão. Não transferência do dinheiro
ao lojista. Inadmissibilidade. Negligência da
autora pela fraude não comprovada. Risco da
operadora. Majoração dos honorários advocatícios, em
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consonância com o art. 85, § 11º, do CPC. Recurso

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desprovido.” (g.n.)
(TJSP; Apelação Cível 1072585-97.2018.8.26.0100; Relator
(a): Pedro Kodama; Órgão Julgador: 37ª Câmara de Direito
Privado; Foro Central Cível - 8ª Vara Cível; Data do
Julgamento: 23/07/2019; Data de Registro: 13/09/2019)

“CERCEAMENTO DE DEFESA – Inocorrência – Ré


pretendia a expedição de ofício ao Banco emissor do cartão
de crédito utilizado na transação - Ré foi intimada para
especificar as provas que pretendia produzir, mas ficou
inerte – Preclusão – Preliminar rejeitada. AÇÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM
RESTITUIÇÃO DE VALOR – Contrato – Empresa-
Autora credenciada ao sistema Cielo – Pretensão da
Autora de recebimento de valor referente à
venda realizada via internet, retido pela ré por
constatação de fraude – Ausência de prova de
eventual ocorrência de fraude e de falta de
cautela por parte da Autora ao realizar a
transação – Compra autorizada pela Autora após
solicitação dos dados cadastrais da adquirente e por ela
autorizados mediante assinatura, carimbo e reconhecimento
de firma da proposta comercial, além dos dados do cartão –
Ré que não se desincumbiu do ônus da prova que lhe cabia
– Cláusula contratual que permite o "chargeback" é nula de
pleno direito – Ré que deve assumir os riscos da sua

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atividade – Retenção do pagamento indevida – Sentença

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mantida – Recurso improvido.” (g.n.)
(TJSP; Apelação Cível 1031700-41.2018.8.26.0100; Relator
(a): Denise Andréa Martins Retamero; Órgão Julgador: 24ª
Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 15ª Vara
Cível; Data do Julgamento: 27/08/2019; Data de
Registro: 27/08/2019)

Assim, por tratar-se de relação de consumo, constatado o


defeito na prestação do serviço em virtude de negligência, a responsabilização é objetiva
e a indenização é medida que se impõe, não havendo que se falar em responsabilidade
por fato de terceiro ou culpa exclusiva da vítima.

Portanto, deve ser aplicada a teoria da Responsabilidade


Objetiva, devendo a requerida ser condenada ao pagamento de R$ 21.177,30 (vinte e um
mil, cento e setenta e sete reais e trinta centavos), a título de danos materiais, nos termos
da fundamentação.

III – DOS PEDIDOS

Diante do exposto acima, requer-se:

A) A Citação da requerida para, querendo, apresentarem resposta, sob pena de revelia


e confissão; sendo que desde já o requerente manifesta o desinteresse pela
audiência de conciliação nos moldes do art. 319, VII, do CPC;

B) Seja determinada, para reger as partes, o disposto no Código de defesa do


consumidor (relação de consumo), bem como a inversão do ônus da prova em
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fls. 16

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JOAO RICARDO DE MARTIN DOS REIS, protocolado em 07/02/2020 às 17:35 , sob o número 10050744120208260576.
favor da requerente, tendo em vista a hipossuficiência do consumidor em face ao

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1005074-41.2020.8.26.0576 e código 4F32BB0.
fornecedor, já que todas a provas possíveis ao seu alcance já foram juntadas nestes
autos;

C) Seja julgado procedente o pedido de indenização por dano material no valor de


R$ 21.177,30 (vinte e um mil, cento e setenta e sete reais e trinta centavos), com
aplicação de juros de mora e correção monetária da data do estorno indevido
realizado;

D) Condenação da requerida ao pagamento de custas e honorários advocatícios no


importe de 20% (vinte por cento) do valor atualizado da causa.

E) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito,


especialmente pela produção de prova documental, testemunhal, e através
depoimentos das partes e perícias.

Por fim, que todas as intimações dos presentes autos sejam


feitas em nome de FÁBIO DOS SANTOS PEZZOTTI, inscrito na OAB/SP 336.787 e
JOÃO RICARDO DE MARTIN DOS REIS, inscrito na OAB/SP 336.787, com
escritório profissional na Avenida Romeu Strazzi, nº 325, Sala 722 - Sinibaldi, CEP:
15084-010, nesta cidade de São José do Rio Preto/SP, sob pena de nulidade.

Dá-se à causa o valor de R$ 21.177,30 (vinte e um mil,


cento e setenta e sete reais e trinta centavos).

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OAB/SP. 212.762
JOÃO RICARDO DE M. DOS REIS
Nestes termos,
Pede deferimento.

17 / 17
Fone 17 3301.1480 | www.reisepezzotti.com.br
São José do Rio Preto, 3 de fevereiro de 2020.

OAB/SP 199.967

Avenida Romeu Strazzi, 325 – Sala 722 | Sinibaldi | CEP 15084-010 | São José do Rio Preto/SP
FABIO DOS SANTOS PEZZOTTI
fls. 17

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